Você está na página 1de 105

DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO

AULA 08: CONTRATOS EM GERAL


Prof. Lauro Escobar

AULA 08

= CONTRATOS EM GERAL =

Professor Lauro Escobar

www.pontodosconcursos.com.br

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar

Aula 08
Dos Contratos em Geral

Itens específicos do edital publicado que serão abordados


nesta aula → CONTRATOS. Contratos em Geral. Preliminares e
formação dos contratos. Extinção.

Legislação a ser consultada → CÓDIGO CIVIL: Dos Contratos em


Geral (arts. 421 até 480): Disposições Gerais (arts. 421 até 471).
Extinção do Contrato (arts. 472 até 480).

Sumário
Introdução e conceito ........................................................................ 03
Elementos constitutivos ..................................................................... 04
Princípios fundamentais .................................................................... 06
Formação dos contratos ..................................................................... 13
Proposta ....................................................................................... 13
Aceitação ...................................................................................... 15
Momento da conclusão .................................................................. 16
Lugar da celebração ...................................................................... 18
Contrato preliminar ....................................................................... 18
Classificação geral dos contratos ....................................................... 19
Efeitos jurídicos da obrigatoriedade do contrato ................................. 27
Exceção de contrato não cumprido .................................................. 27

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 2


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Direito de retenção .......................................................................... 29
Revisão dos Contratos - Resolução por onerosidade excessiva ........ 29
Regra dos contratos gratuitos ......................................................... 32
Arras ou sinal .................................................................................. 32
Estipulação em favor de terceiro ..................................................... 34
Promessa de fato de terceiro ........................................................... 35
Vício redibitório .............................................................................. 36
Evicção ........................................................................................... 41
Contrato com pessoa a declarar ....................................................... 44
Extinção da relação contratual ........................................................... 45
Causas anteriores ou contemporâneas .......................................... 45
Causas supervenientes ................................................................. 46
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ....................................................... 48
Bibliografia Básica ............................................................................. 52
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) ...................................................... 53
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ...................................................... 70

INTRODUÇÃO E CONCEITO
Já vimos que o negócio jurídico pode ser unilateral ou bilateral. O negócio
jurídico unilateral é o que depende, para a sua formação, de apenas uma
vontade (ex.: renúncia, testamento, etc.). Já o negócio jurídico bilateral é o
que necessita, para a sua formação, de um encontro de vontades. As partes
acordam que devem se conduzir de determinado modo, uma em face da outra,
combinando seus interesses, constituindo, modificando ou extinguindo obrigações.

Portanto, contrato é o acordo de duas ou mais vontades que visa à


aquisição, resguardo, transformação, modificação ou extinção de relações
jurídicas de natureza patrimonial. É negócio jurídico bilateral ou plurilateral em
que as partem perseguem interesses patrimoniais lícitos. Costuma-se dizer
que “um contrato faz lei entre as partes”. No entanto as cláusulas contratuais não
podem contrariar normas de direito público ou impositivas, sob pena nulidade. A
doutrina costuma fornecer um conceito mais completo de contrato, afirmando
ser um “vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito correspondido pela
vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado pela segurança jurídica
em seu equilíbrio social”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 3


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Pelo conceito fornecido, percebemos que para que haja um contrato são
necessários dois polos: o ativo e o passivo. Mas, discute-se na doutrina a
existência do chamado autocontrato, que é o nome dado ao contrato em que a
mesma pessoa age, simultaneamente, revestida nas duas qualidades jurídicas
diferentes: ora por si, e ora representando um terceiro. Ex.: no mandato em
causa própria “A” confere poderes para “B” para vender seu apartamento, com
autorização para que “B” venda o imóvel para ele mesmo (“B”). Neste caso,
quando for feita a escritura, “B” intervirá, ora representando “A” (como
mandatário), ora em seu próprio nome (comprando o imóvel).
É interessante mencionar que a expressão “contrato” tanto pode ser usada
para designar o negócio jurídico bilateral, como também a própria formalização do
instrumento (seja ele público ou particular). Finalizando este tópico convém
lembrar (falaremos sobre isso melhor mais adiante) que vigora para os contratos
o princípio da liberdade das formas (art. 107, CC), mas excepcionalmente a forma
pode ser exigida como requisito de validade (art. 108, CC) ou para efeito de prova
(art. 227, CC).

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
Um contrato, sendo um negócio jurídico, tem como elementos essenciais:
agentes capazes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável,
consentimento válido e finalmente forma prescrita ou não defesa em lei. É
interessante acrescentar que muitos pensam que um contrato somente existe se
for escrito. No entanto, sem que percebamos, durante o dia celebramos vários
contratos. E a maioria deles é verbal. Quando tomamos um café na padaria,
quando tomamos uma condução para trabalhar etc. Já analisamos cada um dos
elementos acima na aula sobre fatos e atos jurídicos. Vamos ver agora, reforçando
o aprendizado, os elementos específicos, relativos ao contrato. São eles:
1. Existência de duas ou mais pessoas (naturais e/ou jurídicas).
2. Capacidade plena das partes para contratar. Se as partes não forem
capazes o contrato poderá ser nulo (absolutamente incapaz que não foi
representado) ou anulável (relativamente incapaz que não foi assistido).
3. Consentimento: vontades livres e isentas de vícios (erro, dolo, coação,
etc.). Lembrando que em um contrato as vontades correspondem a interesses
contrapostos (ex.: na compra e venda uma parte quer vender e a outra quer
comprar).
4. Objeto do contrato (prestação). Não confundir objeto com a coisa sobre a
qual incide a obrigação. O objeto é a atuação das partes no contrato. Ex.:
no contrato de compra e venda de um relógio, o objeto não é o relógio. O relógio
é a coisa sobre a qual a prestação se especializa. O objeto de quem compra é

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 4


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
pagar o preço e de quem vende entregar a coisa. A análise do objeto possui
algumas subdivisões:
a) Licitude: o objeto não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios da
ordem pública e aos bons costumes. Ex.: não posso contratar uma pessoa
para matar outra. Se o objeto for ilícito, o contrato será considerado nulo.
b) Possibilidade física e jurídica: temos a impossibilidade física quando
contratamos um mudo para cantar. Ocorre a impossibilidade jurídica quando
encontramos algum obstáculo no próprio ordenamento jurídico. A
inobservância deste preceito também gera nulidade absoluta do contrato.
c) Certo, determinado, ou, pelo menos, determinável: deve conter os
elementos necessários para que possa ser determinado, como gênero,
espécie, quantidade e características individuais. Se o objeto for
indeterminado, o contrato será considerado inválido.
d) Economicamente apreciável: deverá versar sobre o interesse capaz de
se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro.

5. Forma prescrita ou não defesa em lei. A regra é que a forma é livre.


Pode ser verbal, por meio de um simples gesto (ex.: em leilões de arte, basta
levantar um dedo para significar um lance), ou por um documento particular.
No entanto em algumas circunstâncias exigem-se maiores formalidades e
solenidades. Ex.: escritura de compra e venda de imóvel superior a certa
quantia. Este é o instrumento essencial para a validade do negócio jurídico (art.
109, CC). Quando a lei exigir que um contrato tenha uma determinada forma
especial é desta forma que ele deve ser feito (não pode ser feito de outra
maneira). Somente quando não se exigir uma forma especial é que ele pode ter
forma livre, apenas não utilizando alguma outra forma que seja expressamente
proibida pela lei. Daí dizer-se forma prescrita (determinada) ou não defesa
(proibida) em lei. Qualquer vício referente à forma torna o contrato nulo.

O casamento é um contrato? Existem várias teorias a respeito. A primeira


afirma que o casamento é instituto de direito público, portanto não é contrato.
Outra teoria diz que o casamento é de direito privado, mas é uma instituição e
não um contrato. A corrente mais forte no Brasil considera o casamento como um
contrato especial de direito de família. Isto porque seu elemento fundamental
é o consentimento das partes.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 5


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE (também chamado de princípio


do consensualismo ou da autonomia privada)
Inicialmente as pessoas têm liberdade para praticar um ato ou
simplesmente abster-se do mesmo não assumindo obrigações, pactuando ou não
um contrato. Ex.: tenho dois imóveis; resido em um deles; não sou obrigado a
alugar o outro; se eu quiser posso deixá-lo fechado. Além disso, decidindo realizar
um contrato, a pessoa tem liberdade de escolher quem será o outro contratante.
E, vencidas estas etapas os contratantes têm liberdade para estipular a espécie
contratual, mesmo que não prevista em lei (contrato inominado) e o conteúdo
das estipulações como melhor lhes convier. Em tese, pode-se contratar sobre o
que quiser. Mas é evidente que há muitas restrições para essa autonomia,
conforme veremos adiante (normas de ordem pública, função social do contrato,
bons costumes, revisão judicial, etc.). Vigora a máxima: “é lícito tudo o que não
for proibido”.

PRINCÍPIO DA OBSERVÂNCIA (ou supremacia) DAS NORMAS DE ORDEM


PÚBLICA
Trata-se de um limite do princípio anterior, pois a liberdade de contratar
encontra restrições inicialmente na própria lei, ou seja, na ordem pública, que
são as normas impositivas e que visam o interesse coletivo, tanto imperativas (de
ordenam algum comportamento), como proibitivas (que vedam alguma conduta),
além de princípios baseados na moral e nos bons costumes. Ex.: art. 426, CC:
“Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. A doutrina
chama isso de pacta corvina (acordo do corvo). Essa analogia se faz por causa
dos hábitos alimentares do corvo e o objeto do contrato (herança de pessoa
viva). O negócio jurídico com tal objeto indicaria o desejo de morte para aquele
de quem a sucessão se trata. Tal como os corvos, que esperam a morte de suas
vítimas para se alimentarem, os contratantes estariam somente aguardando o
falecimento da pessoa para se apossarem dos bens de sua herança, o que é
repudiado por nosso Direito. A doutrina entende que um contrato que versa sobre
a herança de pessoa viva tem objeto juridicamente impossível, gerando sua
ineficácia. Na realidade a expressão “não pode” deve ser compreendida como
causa de nulidade absoluta da disposição contratual).

PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DAS CONVENÇÕES (pacta sunt


servanda: os acordos devem ser cumpridos)
Como vimos, ninguém é obrigado a contratar. Mas se as partes assumiram
obrigações, devem cumprir fielmente o pactuado, sob pena de execução

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 6


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
patrimonial, pois ”o contrato faz lei entre as partes”. Em regra, o simples acordo
de duas ou mais vontades já é suficiente para gerar um contrato válido,
independentemente da entrega do objeto (princípio do consensualismo). E não
se pode alterar o seu conteúdo unilateralmente. Esse princípio possui dois
fundamentos: a) necessidade de segurança nos negócios; b) imutabilidade das
estipulações. Se o contrato não for cumprido, pode ocorrer a pena de execução
patrimonial contra o inadimplente (pessoa que não cumpriu as obrigações
contratuais), salvo algumas hipóteses excepcionais (ambas as partes resolvem
rescindi-lo voluntariamente, se houver previsão de arrependimento ou ocorrência
de caso fortuito ou força maior, etc.). Esse princípio vem sendo abrandado (sem
ter sido revogado), atenuando-se a força vinculante das convenções, ante o
equilíbrio contratual que deve prevalecer. Exemplo disso é a chamada teoria da
imprevisão, que veremos mais adiante.

PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA MATERIAL DAS PRESTAÇÕES  Impõe


que os direitos e deveres entre os contraentes devem guardar certo equilíbrio
entre si.

PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO


Em regra, um contrato vincula somente as partes que nele intervêm,
vinculando-as em seu conteúdo, não afetando terceiros e seu patrimônio. O
contrato tem efeito inter partes (e não erga omnes). Esse também não é um
princípio absoluto, pois vem sendo mitigado por meio da admissão de negócios
entre as partes que eventualmente podem atingir terceiros, alheios à relação inter
partes. Como exemplo no Direito Civil temos a “estipulação em favor de terceiros”
(que veremos mais adiante), onde pode haver o favorecimento de terceiros. No
Direito do Trabalho temos a convenção coletiva de trabalho, que é um acordo feito
pelo sindicato que pode beneficiar toda uma categoria.

PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA


Trata-se de princípio inserido pelo atual Código Civil. É uma cláusula geral
de natureza principiológica, que tem função ou finalidade limitativa da autonomia
privada, em respeito a valores constitucionalmente consagrados. A expressão
“boa-fé” deriva do latim "bona fide", que significa boa confiança, ou seja, a
convicção de alguém de estar agindo de acordo com a lei e a ética.
Podemos afirmar que a boa-fé objetiva é um PADRÃO ÉTICO DE
CONDUTA. O fundamento básico é o previsto no art. 422, CC: “Os contratantes
são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Assim, ainda que os interesses
das partes sejam antagônicos, devem elas agir com lealdade, probidade
(honestidade) e confiança recíprocas, com o dever de cuidado, cooperação,
informando o conteúdo do negócio e agindo com equidade e razoabilidade (usam-

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 7


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
se os termos transparência, veracidade, diligência e assistência). Impede-se,
assim, o exercício abusivo de direito por parte de algum dos contratantes. Um
outro exemplo da boa-fé objetiva é o estampado no art. 1.741, CC: Incumbe
ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito
deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.

Observação Pondera a doutrina que o princípio da boa-fé objetiva, além


de estar presente no momento da elaboração, conclusão e execução do
contrato, por uma interpretação extensiva ao art. 422, CC, deve ser observado
também nas fases pré e pós-contratual garantindo a validade de normas de
conduta implícitas. Além da função econômica de circulação de riquezas, serve,
também, de mecanismo para se atingir a justiça social, solidariedade, dignidade
da pessoa humana, que são objetivos primordiais de nossa sociedade,
estabelecidos na Constituição Federal. Nesse sentido é o Enunciado n° 25 da I
Jornada de Direito Civil do CJF: “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a
aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. A
responsabilidade pós-contratual, também chamada de culpa post pactum finitum
caracteriza-se pelo dever de responsabilização pelos danos advindos após a
extinção do contrato, independentemente do regular cumprimento da obrigação
principal. Exemplo: ainda que um sócio já tenha se retirado da sociedade, não
poderá utilizar dados sigilosos da empresa em que trabalhou numa eventual
contratação da empresa concorrente.

FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA


a) Função interpretativa da norma jurídica e da vontade das partes:
orienta o Juiz na interpretação do contrato. O juiz deve extrair eticidade do
contrato, privilegiando a lealdade e a honestidade entre as partes. Art. 113, CC:
“Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do
lugar de sua celebração”.
b) Função constitutiva de deveres anexos (laterais ou secundários) ou
de proteção: a boa-fé objetiva cria os chamados “deveres anexos implícitos” em
qualquer contrato. Isto é, além da obrigação de dar, fazer, ou não fazer, ainda
existem alguns deveres implícitos e invisíveis de proteção, que quando
descumpridos, podem gerar responsabilidade civil (art. 422, CC). Enunciado n°
24 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “Em virtude do princípio da boa-fé,
positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos
constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa” (ou seja,
responsabilidade objetiva). Ex.: dever de guarda dos automóveis nos
estacionamentos de supermercados, shoppings, etc.; dever do advogado em dar
ao seu cliente ciência do risco do processo; dever de sigilo ou confidencialidade
entre as partes do contrato; etc. O descumprimento desses deveres anexos
é denominado pela doutrina de violação positiva do contrato.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 8


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
c) Função de controle ou limitadora de direitos: a função de controle
da boa-fé visa evitar o abuso do direito subjetivo, limitando condutas e
práticas abusivas, reduzindo a autonomia (exercícios de direitos subjetivos) dos
contratantes e impedindo condutas contraditórias. É baseada no art. 187, CC:
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico e social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes”. Ao ser inserido em nosso ordenamento, o princípio da
boa-fé objetiva minimizou os efeitos da liberdade sem precedentes, relativizando
os efeitos a força obrigatória das convenções.
d) Função corretiva de eventuais desequilíbrios que vierem a
aparecer na relação jurídica. Exemplo: revisão (e até a resolução) contratual por
onerosidade excessiva, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis (arts. 478 e 479, CC).

FUNÇÕES REATIVAS DA BOA-FÉ OBJETIVA


Havendo violação ou ameaça de violação à norma segundo a qual todos
devem agir em consonância com a boa-fé objetiva, surgem situações em que
podem ser invocadas as chamadas figuras parcelares ou desdobramentos da
boa-fé objetiva. São elas: a) nemo potest venire contra factum proprium; b)
surrectio; c) supressio; e d) tu quoque. Vejamos.

NEMO POTEST VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM (proibição ao


comportamento contraditório). O comportamento de cada uma das partes
deve apresentar coerência de modo a não surpreender o outro contratante
com uma mudança repentina, acarretando, com isso, prejuízos inaceitáveis.
Ou seja, não é razoável que uma pessoa pratique determinado ato ou
conjunto de atos em determinado sentido e, mais adiante, adote conduta
diametralmente oposta. Ex.: se os contratantes estipularem que os
pagamentos de uma determinada prestação de trato sucessivo devem se dar
em determinado lugar e, apesar disto, o pagamento, com a aquiescência
tácita do credor, vier a ser reiteradamente feito em outro local, não poderá o
credor, de repente, recusar-se a receber com base no argumento de que o
pagamento deveria se dar no local contratualmente estipulado. Ou seja,
depois de criar uma certa expectativa em razão de uma conduta adotada (que
indicaria a continuidade desse comportamento), haveria quebra dos
princípios de lealdade e de confiança se vier a ser praticado ato contrário
ao previsto, com surpresa e prejuízo à outra parte. É o que estabelece o art.
330, CC: “o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir
renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”. O STJ já se
manifestou no sentido de reprovar o comportamento contraditório, por sua
flagrante afronta à boa-fé objetiva. A esse respeito o Enunciado n° 362,
da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “A vedação do comportamento

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 9


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da
confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil”. A doutrina
também costuma chamar essa figura de TEORIA DOS ATOS PRÓPRIOS.
Desta situação decorrem as duas próximas figuras: supressio e surrectio,
que são as duas faces da mesma moeda.

SUPRESSIO. Consiste na perda de um direito (supressão) pela falta de


seu exercício por razoável lapso temporal. Para usar o exemplo acima, seria
a hipótese em que o credor reiteradamente aceita receber a prestação em
local diverso do que foi contratado, sem fazer qualquer ressalva, e, com isso,
perde o direito de exigir que o devedor pague no local inicialmente eleito.

SURRECTIO. Se a supressio consiste na perda de um direito, a surrectio


corresponde ao surgimento de um direito exigível pelo outro sujeito da
mesma relação jurídica. Se de um lado o credor perdeu o direito de receber
os valores no local pactuado, por outro lado o devedor se tornou titular do
direito de pagar naquele local diverso, que a princípio fora não pactuado, mas
que foi tolerado por muito tempo pelo credor.

TU QUOQUE (até tu?). Deriva da célebre frase historicamente atribuída ao


grande general romano Caio Júlio César, ao constatar que foi traído por seu
próprio filho Brutus (“Tu quoque, Brutus, fili mi”). A aplicação do tu quoque
se dá nas situações em que em que uma das partes adota comportamento
oposto ao seu próprio, quando imputa ao outro, conduta contratual
inadequada, valendo-se assim de dois pesos e duas medidas, colocando a
outra parte em situação de injusta desvantagem. Em outras palavras: uma
parte do contrato quer exigir da outra parte um comportamento que ela
mesma não cumpriu ou negligenciou. Com isso, impede-se o ineditismo
indesejável, irrazoável e perturbador, causando um desequilíbrio nas relações
jurídicas. Ex.: um dos contratantes, antes de cumprir a sua parte no contrato,
exige o cumprimento da prestação do outro contratante (aprofundaremos o
tema no tópico exceção de contrato não cumprido).

Observação Atual
Uma figura que foi desenvolvida no direito norte-americano e ultimamente
vem ganhando adeptos no Brasil (inclusive do STJ) como decorrência do
princípio da boa-fé, é o chamado duty to mitigate the loss, ou seja, o dever
de mitigar (evitar o agravamento) do próprio prejuízo. Por este princípio o titular
de um direito (credor) deve, sempre que possível, atuar para minimizar a
extensão do dano, mitigando, assim, a gravidade da situação do devedor. O
exemplo clássico é o seguinte. Imagine que “A”, negligentemente, bateu o carro
em “B”. “A” sai para buscar ajuda. “B”, que é a vítima, fica esperando e percebe
que está saindo uma pequena chama do motor de seu carro. Nesse momento “B”

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 10


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
poderia perfeitamente apagar a chama, minimizando a extensão do dano. Mas,
em afronta ao princípio da boa-fé pensa: “quero mais é que o carro exploda, assim
eu receberei um novo”. Neste caso, se ficar demonstrado que o credor poderia ter
atuado para minimizar o dano evitável, não fará jus a um carro novo; apenas
receberá o valor correspondente à colisão inicial. Nesse sentido, observem o art.
771, CC: Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o
sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para
minorar-lhe as consequências.

Para complementar o tema é interessante mencionar e distinguir a boa-


fé subjetiva. Esta diz respeito a situações internas do agente; é um estado de
espírito (psicológico) do sujeito que realiza algo, sem ter noção do vício que o
inquina. Deriva da ignorância do agente a respeito de determinada
circunstância, ou seja, a pessoa realiza um determinado ato sem ter ciência de
eventual vício. Levam-se em conta os deveres de diligência que se espera de um
“homem médio”. O exemplo clássico da boa-fé subjetiva é o do possuidor
que desconhece o vício que macula a sua posse, previsto no art. 1.201, CC:
“É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede
a aquisição da coisa” (pessoa adquire um bem sem saber que o mesmo era
produto de furto). Outros exemplos: contagem de prazo para usucapião (arts.
1.238 e 1.242, CC), para aquisição de frutos (art. 1.214, CC) e benfeitorias (art.
1.219, CC), devedor que paga ao credor putativo, ignorando estar pagando à
pessoa errada (art. 309, CC), casamento putativo (art. 1.561, CC), onde a
pessoa se casa com outra que já era casada sem saber desse fato, etc.

Boa-fé Subjetiva Boa-fé Objetiva

É um estado de ânimo (psicológico), É uma regra de conduta de acordo


um fato. É a ignorância de um vício que com padrões sociais de ética, lisura,
macula determinado fato jurídico. honestidade e correção. Tem como
Exemplos clássicos: usada para objetivo não frustrar a legítima confiança
verificar a posse de boa ou má-fé (art. da outra parte. Exemplo: art. 422, CC:
1.201, CC) para aquisição da propriedade Os contratantes são obrigados a guardar,
por usucapião (arts. 1.238 e 1.242, CC), assim na conclusão do contrato, como
aos frutos e benfeitorias, ao credor em sua execução, os princípios de
putativo, casamento putativo, etc. probidade e boa-fé.

Deve-se analisar se a pessoa pensava Deve-se analisar se a pessoa


que agia de acordo com o Direito realmente agia de acordo com os
(examina-se se a pessoa tinha boas ou padrões de comportamento impostos
más intenções). pelo Direito.

Deve ser examinada internamente, ou Deve ser examinada externamente,


seja, de acordo com o sentimento da ou seja, não importa qual era o
pessoa (se sabia ou não que a conduta sentimento da pessoa, mas sim a sua
era correta). efetiva conduta.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 11


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO (art. 421, CC)
Trata-se de outra novidade introduzida pelo atual Código Civil.
Explicando: a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da
função social do contrato, que na prática é uma tentativa de se reduzir as
desigualdades substanciais entre os contratantes (equilíbrio contratual).
Compatibiliza-se as pretensões dos particulares com os anseios da coletividade,
ou seja, o contrato não pode ser mais visto somente pela ótica individualista, uma
vez que possui um sentido social para toda a comunidade. Há uma prevalência
do interesse coletivo sobre o individual dos contratantes. Na verdade, trata-
se de um dispositivo genérico que deve ser preenchido pelo Juiz dependendo de
uma hipótese concreta que lhe é apresentada. Leva-se em consideração a
presença de outros subprincípios tais como: a) Dignidade da Pessoa
Humana: decorrente da aplicação de dispositivos constitucionais no Direito Civil,
garantindo-se o direito de se viver sem intervenção ilegítima do Estado ou de
outros particulares; o ser humano é sujeito de direito e não objeto de direito. b)
Na Interpretação do Contrato, deve-se atender mais à intenção do que ao
sentido literal das disposições escritas. c) Justiça Contratual (arts. 317 e 478,
CC): protegida por institutos como o da onerosidade excessiva (para dar maior
equilíbrio às partes e ao contrato), estado de perigo, lesão, etc.
Tal princípio tem como funções básicas: a) abrandar autonomia da
vontade, a força obrigatória e a relatividade dos efeitos do contrato; b) coibir
cláusulas abusivas, gerando nulidade absoluta das mesmas; c) possibilitar,
sempre que possível, a conservação do contrato e o seu equilíbrio; d) possibilitar
a revisão do contrato quando o mesmo contiver alguma onerosidade excessiva.
Observem que não foi eliminada a autonomia contratual ou a sua
obrigatoriedade, mas apenas se atenuou ou foi reduzido o seu alcance
quando presentes interesses individuais. Considera-se violado o princípio da
função social dos contratos quando os efeitos externos do pacto prejudicarem
injustamente os interesses da sociedade ou de terceiros não ligados ao que foi
pactuado.
Portanto, a autonomia da vontade (ou autonomia privada) e a
obrigatoriedade contratual, princípios anteriormente quase que absolutos,
perderam muito a importância que tinham. Apesar do Direito Civil fazer parte do
Direito Privado, disciplinando a atividade dos particulares entre si, onde
prevalecem os interesses de ordem particulares, não podemos negar que também
neste ramo do Direito “sentimos a presença do Estado”. Em outras palavras:
identificamos muitas normas de Direito Público no Direito Civil. Podemos dizer que
atualmente há uma constante intervenção do Estado nas relações de Direito
Privado e até mesmo nos contratos. Justifica-se esta interferência, pois ao
contrário do que sustentava a ideologia do liberalismo, a desigualdade entre os
homens é um fato inegável e o Estado moderno deve agir para tentar buscar um

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 12


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
reequilíbrio de forças entre as pessoas, dando proteção jurídica à parte mais frágil
de uma relação, como os consumidores, inquilinos, empregados, devedores, etc.
Isto é chamado pela doutrina de Dirigismo Contratual. Relembre-se aqui a
inesquecível frase usada por Rui Barbosa em sua imortal Oração aos Moços: “A
regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais,
na medida em que se desigualam”.

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

Como vimos, o contrato é fonte de obrigações. Ele nasce da conjunção


entre duas ou mais vontades coincidentes e contrapostas. Portanto, para haver
um contrato, exige-se um mútuo consentimento: de um lado o proponente (ou
policitante) e de outro lado o aceitante (ou oblato). Proposta e aceitação são
elementos indispensáveis à formação dos contratos.

Negociações Preliminares – Fase Pré-Contratual


Antes de se estabelecer o acordo final, é possível que ocorram algumas
negociações preliminares, que são as sondagens, os estudos, as conversas
prévias e debates sobre os interesses de cada um, tendo em vista um contrato
futuro. É a chamada fase das tratativas (ou puntuação), sem que haja uma
vinculação jurídica entre os participantes, não se criando ainda obrigações (há
apenas uma expectativa de direito). Somente no momento em que ambas as
partes manifestam a sua concordância é que se formará o contrato, criando
obrigações. Afirma a doutrina que também nesta fase é obrigatória a
observância dos princípios da boa-fé e probidade estampados no art. 422,
CC (interpretação extensiva). Assim, se uma pessoa, após essa fase desiste de
contratar, pode haver responsabilidade civil (extracontratual, de natureza
objetiva), com eventual reparação de danos comprovados, pela violação da
boa-fé objetiva (uma vez que havia legítima expectativa de contratação e ruptura
de tratativas). Neste sentido é o já citado Enunciado 25 das Jornadas de Direito
Civil.
Os contratos possuem basicamente duas fases: 1) Proposta ou Oferta; 2)
Aceitação. A declaração inicial é a proposta, feita pelo proponente ou policitante.
A segunda é a aceitação feita pelo aceitante ou oblato. O vínculo contratual nasce
quando se integram a proposta e a aceitação, oportunidade em que as partes
concordam com as condições, preço e entrega da coisa ou do serviço. Vejamos
cada um desses itens.

1) PROPOSTA
Também é chamada de oferta, solicitação, policitação ou oblação. É a
manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, solicitando a
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 13
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
concordância da outra. Trata-se de declaração unilateral por parte do
proponente. A proposta é receptícia, ou seja, ela somente produz efeitos ao
ser recebida pela outra parte. A proposta deve ser séria, inequívoca, precisa e
completa para se revestir de força vinculante, já contendo todos os elementos
essenciais do negócio jurídico.

Regra: feita a proposta, vincula-se o proponente; caso ela não seja


mantida, obriga a perdas e danos.

Há duas espécies de proposta:


Entre ausentes: é a que não há possibilidade de aceitação direta e imediata;
ou seja, o contrato é celebrado em declarações intervaladas (ex.: carta
enviada para proposta e carta posterior respondendo com aceitação).
Entre presentes: é aquela em que as partes podem se comunicar direta e
simultaneamente, havendo possibilidade de aceitação imediata. Por este
motivo, os contratos celebrados por telefone, fax, etc., são reputados “entre
presentes”.

Atenção como se percebe, a noção de presença e ausência nada tem a ver


com distância ou espaço físico, mas sim com a possibilidade de aceitação
imediata.

Observação: há dúvida quanto aos contratos celebrados pela internet. A


posição majoritária da doutrina (e isso já caiu em alguns concursos) é no sentido
de que se trata de contrato entre ausentes, pois quando a proposta é enviada por
e-mail nem sempre a aceitação pode ser imediata. No entanto há a ressalva de
que quando ambos os usuários estiverem conectados em tempo real e estiverem
travando um contato direto e simultâneo, estaremos diante de um contrato entre
presentes, já que a contratação estará sendo realizada direta e imediatamente
pelas partes (ex.: skype, msn, etc.). Portanto, fiquem atentos com a que
questão foi redigida!!!

Regra: feita a proposta, vincula-se o proponente; caso a


proposta não seja mantida, obriga a perdas e danos.

Estabelece o art. 427, CC que a proposta de contrato obriga o proponente,


se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das
circunstâncias do caso. A proposta pode subsistir até mesmo depois da morte do
proponente antes da aceitação.
A força vinculante da proposta não é absoluta. Há exceções à
obrigatoriedade da proposta. Assim, nos termos do art. 428, CC, a proposta
deixa de obrigar, se:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 14


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
• O contrário não resultar dos termos da proposta. Ex.: cláusula expressa que
lhe retire a força vinculativa; ou seja, o próprio contrato possui uma cláusula
de não obrigatoriedade, etc.
• Feita sem prazo determinado a pessoa presente, não foi imediatamente
aceita. Ou seja, feita uma proposta entre presentes, a mesma deve ser
imediatamente aceita. Se não o for, a proposta já não vincula mais.
• Feita sem prazo a pessoa ausente (não foi possível a comunicação imediata
ou direta), deve-se aguardar um lapso de tempo suficiente para que a oferta
chegue ao destinatário e a resposta retorne ao conhecimento do proponente,
calculando-se o tempo conforme o meio de comunicação (ex.: cartas).
Ultrapassado este “prazo razoável”, também não vincula mais.
• Feita a pessoa ausente, com prazo determinado, não tiver sido expedida a
resposta dentro do prazo estipulado.
• Antes da proposta ou juntamente com ela, chegar ao conhecimento da outra
parte a retratação do proponente.

Observações
01) Proposta ou Oferta ao Público: é a propaganda de supermercados,
lojas de magazine, drogarias, etc. feitos em panfletos, folhetos, jornais, outdoors,
sites de vendas em internet, etc. Ela equivale a uma proposta normal de
contrato quando contém os requisitos essenciais do contrato, salvo se o contrário
resultar das circunstâncias ou dos usos. A oferta pode ser corrigida, revogada ou
cancelada pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade
na oferta realizada (art. 429 e seu parágrafo único, CC); são as famosas frases:
“enquanto durar nosso estoque”, “somente 100 unidades”, “oferta somente até o
dia X”, etc.
02) A morte ou a superveniente incapacidade (e interdição) do
proponente não retira a força vinculante da proposta; esta continua a vincular
seus herdeiros ou responsáveis pelas consequências jurídicas do negócio (salvo se
se tratar de um contrato personalíssimo).

2) ACEITAÇÃO
É a manifestação da vontade do destinatário (também chamado de oblato
ou aceitante), anuindo com a proposta e tornando o contrato definitivamente
concluído. Requisitos: a) não se exige obediência a determinada forma (salvo
nos contratos solenes), podendo ser expressa ou tácita; b) deve ser oportuna; c)
deve corresponder a uma adesão integral à oferta; d) deve ser coerente e
conclusiva.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 15


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Regras:
• Se o negócio for entre presentes, a proposta ou oferta pode estipular ou
não prazo para a aceitação. Se não contiver prazo a aceitação deverá ser
manifestada imediatamente. Se houver prazo deverá ser pronunciada até o
termo concedido.
• Se o contrato for entre ausentes, havendo um prazo determinado, a
aceitação deve chegar a tempo, isto é, dentro do prazo marcado. Se a
aceitação chegar após o prazo, sem culpa do aceitante (ex.: atraso no correio),
o proponente deverá avisar o aceitante, sob pena de responder por perdas e
danos, sobre a não conclusão do contrato, pois é possível que o aceitante
imagine que o contrato está perfeito e já comece a realizar despesas
necessárias ao cumprimento. Se o ofertante (ou policitante) não estipulou
qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro de tempo suficiente
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
• Aceitação fora do prazo, ou com adições, restrições, modificações, corresponde
a uma nova proposta (ou contraproposta: art. 431, CC). Ex.: pessoa oferece
R$ 20 mil pelo meu carro. Peço R$ 25 mil. Este meu pedido representa uma
nova proposta.
• A aceitação admite retratação ou arrependimento se, antes da aceitação ou
com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433, CC:
inexistência da aceitação).
• O silêncio (falta de resposta), por si só, não configura aceitação tácita
(em regra a aceitação deve ser expressa). No entanto há duas exceções: a)
quando se tratar de negócios em que não se costuma exigir a aceitação
expressa (art. 432, CC). Ex.: uma loja de calçados faz uma programação de
pedidos para o ano inteiro, com entregas mensais programadas; cria-se uma
praxe comercial; caso o comerciante queira interromper este ciclo, deverá
avisar ao fornecedor a recusa com antecedência; b) quando o proponente a
tiver dispensado.
• A aceitação tácita é admitida quando provém de atos do agente
incompatíveis com a decisão contrária. Ex.: se num contrato de doação de um
automóvel, o donatário, sem declarar que o aceita, toma posse do veículo,
obtém licença, emplaca-o e passa a utilizá-lo, entende-se que aceitou a
liberalidade, pois tal comportamento se mostra incompatível com a atitude de
quem recusa a doação.

MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO. Reputa-se concluído um


contrato:
Entre Presentes: momento da aceitação da proposta. Aqui a situação é
simples, pois estando as partes presentes, no instante que a proposta é aceita,

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 16


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
cruzam-se as vontades e o contrato começa a produzir seus efeitos. Vigora a
chamada teoria da recepção: as partes estarão vinculadas no mesmo
instante que o oblato aceitar a oferta.
Entre Ausentes (ex.: correspondência epistolar ou carta). Aqui a situação se
complica um pouco. Quando o negócio está concluído? No momento em que o
oblato escreve sua aceitação? No momento que ele expede a aceitação? Ou
somente no momento em que o ofertante toma conhecimento da aceitação?
Para responder isso precisamos entrar um pouco no plano doutrinário.
Inicialmente temos que esclarecer que há duas correntes (principais) sobre o
tema:
1) Teoria da Cognição (ou da informação): o contrato só se aperfeiçoa no
momento em que o policitante (ofertante) toma conhecimento da resposta
(aceitação).
2) Teoria da Declaração (ou da agnição): o contrato se aperfeiçoa com a
simples anuência do aceitante (dispensa-se que o proponente tome
conhecimento da resposta). Todavia aqui se formam três subteorias:
2.1) Subteoria da Declaração propriamente dita: o contrato se
aperfeiçoa no momento em que o aceitante escreve a carta, aceitando.
Embora isso seja lógico (pois é nesse instante que o consentimento é
externado) essa teoria não foi adotada por nenhuma legislação.
2.2) Subteoria da Expedição: não basta apenas formular a resposta;
é necessário enviá-la (expedi-la). Entende-se que nesse o momento
ocorreu o aperfeiçoamento do contrato, pois é nesse instante que o
aceitante perde o comando sobre a sua vontade, não podendo mais se
arrepender.
2.3) Subteoria da Recepção: não basta formular a resposta e enviá-
la; é necessário que a resposta chegue materialmente (não é necessário
que ele a leia) às mãos do policitante.
Sobre o tema, estabelece o art. 434, CC, que os contratos entre ausentes
tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida (teoria da expedição).
No entanto esta regra foi mitigada pelos incisos do art. 434, CC (I. no caso do
artigo antecedente (retratação); II. se o proponente se houver comprometido a
esperar resposta; III. se ela não chegar no prazo convencionado) e pelo art. 430,
CC (a aceitação chegou fora do prazo).

DIRETO AO PONTO. Teorias adotadas pelo nosso Código.

a) Entre Presentes → Teoria da Recepção (momento da aceitação da


proposta).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 17


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
b) Entre Ausentes: regra adotada pela corrente majoritária (admite
exceções) → Teoria da Agnição na forma da Subteoria da Expedição, ou
seja, no momento em que a aceitação é expedida (colocada no correio), real
ou virtual (e-mail). No entanto há ferrenhos defensores da Subteoria da
Recepção.

O núcleo do contrato é o consentimento.


Consentimento = Proposta + Aceitação.

LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO


O negócio jurídico reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto (art.
435, CC). Esta é uma regra dispositiva, isto é, as partes podem dispor de modo
diverso. Regra: o contrato é celebrado no lugar onde foi proposto. No entanto
admite-se previsão em contrário, desde que expressa no contrato. Devemos
lembrar que o art. 9°, §2° da LINDB, aplicável no direito internacional privado, a
obrigação resultante do contrato considerar-se-á constituída no lugar onde residir
o proponente. Seja como for, se a obrigação houver de ser cumprida no Brasil, a
competência será do Judiciário brasileiro, nos termos do art. 21, II, CPC/2015.

CONTRATO PRELIMINAR (arts. 462 a 466, CC)


Às vezes não é conveniente celebrar, desde logo, o contrato definitivo; assim
podem as partes firmar um contrato-promessa (pactum in contrahendo ou
contrato preliminar), sendo que as partes se comprometem a celebrar o contrato
definitivo posteriormente (o exemplo clássico é o compromisso irretratável de
compra e venda). Assim, pode-se afirmar que o objeto do contrato preliminar é
exatamente a celebração do contrato definitivo (trata-se de uma obrigação de
fazer). As partes se denominam promitentes (na compra e venda: promitente-
comprador e promitente-vendedor).

Atenção Não confundir esse contrato preliminar (pacto in contrahendo)


com as negociações preliminares (que vimos mais acima) que é somente uma fase
pré-contratual, ainda sem vínculo obrigacional.
O contrato preliminar é autônomo, devendo ser registrado e
presumindo-se irretratável (art. 463, CC). Há quem sustente que o registro é
somente uma condição de sua eficácia perante terceiros (eficácia de direito real,
dotando as partes de sequela e oponibilidade erga omnes), sendo que ainda que
não registrado já haveria eficácia obrigacional (restrita às partes). Nesse sentido
é o Enunciado 30 das Jornadas de Direito Civil do CJF. No entanto, na prática,
recomenda-se a realização do registro para que a tutela específica seja
efetivamente assegurada.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 18


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Se uma das partes desistir do negócio sem justa causa e não havendo
cláusula que permita o arrependimento, a outra parte poderá exigir-lhe,
coercitivamente, a celebração do contrato definitivo, sob pena de multa diária,
fixada no contrato ou pelo Juiz. Esgotado o prazo estipulado, o Juiz, a pedido do
interessado, poderá suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo
caráter definitivo ao contrato preliminar (adjudicação compulsória). No entanto
se a parte lesada pelo inadimplemento preferir (trata-se de uma opção do credor),
pode simplesmente considerar o contrato desfeito e requerer perdas e
danos (art. 465, CC).

Observações
01) O contrato preliminar deve conter todos os requisitos essenciais do
contrato principal a ser celebrado, exceto quanto à forma (art. 462, CC).
Ou seja, pode-se firmar um contrato de promessa de compra e venda de um
imóvel de alto valor por um instrumento particular, embora o contrato definitivo
somente possa ser feito por instrumento público (art. 108, CC).
02) Se o contrato se referir a um bem imóvel, exige-se a outorga
conjugal, nos termos dos art. 1.647, CC, sob pena de anulabilidade deste
contrato (art. 1.649, CC).

CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS CONTRATOS

A) QUANTO À NATUREZA DA OBRIGAÇÃO


Nesta classificação os contratos podem ser: unilaterais ou bilaterais;
onerosos ou gratuitos; comutativos ou aleatórios; paritários ou por adesão.
Vejamos.

1) CONTRATOS UNILATERAIS OU BILATERAIS


Já vimos que o negócio jurídico pode ser classificado em unilateral (ex.:
testamento) ou bilateral (ex.: contratos). Portanto podemos afirmar que o
contrato é sempre um negócio jurídico bilateral, uma vez que necessita da
participação de duas vontades para que fique perfeito. No entanto, o contrato
também pode ser classificado em unilateral ou bilateral.
● Contrato Unilateral: quando apenas um dos contratantes assume
obrigações em face do outro. É o que ocorre na doação pura e simples.
Inicialmente, por ser um contrato, temos duas vontades: a do doador (que irá
entregar o bem) e a do donatário (que irá receber o bem). Mas neste concurso de
vontades nascem obrigações apenas para o doador. O donatário, por sua vez
irá apenas auferir as vantagens. Outros exemplos: mútuo, comodato, etc. Os

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 19


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
contratos unilaterais, apesar de exigirem duas vontades, colocam só uma delas
na posição de devedora.
● Contrato Bilateral: os contratantes são simultânea e
reciprocamente credores e devedores uns dos outros, produzindo direitos e
obrigações para ambos. O contrato bilateral também é conhecido como
sinalagmático. A compra e venda é o exemplo clássico: o vendedor deve
entregar a coisa, mas por outro lado tem o direito ao preço; já o comprador deve
pagar o preço, mas, por outro lado tem o direito de receber o objeto que comprou.
Outros exemplos: troca, locação, etc.
Fala-se também em contratos plurilaterais, que são aqueles que
apresentam mais de duas partes (ex.: contratos de consórcio e de sociedade).

ATENÇÃO! CUIDADO! Vamos reforçar. Não devemos confundir


“negócio jurídico” (que por sua vez é uma espécie de ato jurídico) com “contrato”.
Este é um erro muito comum. Muitas vezes pergunto em sala de aula: Gostaria
que alguém me desse um exemplo de negócio jurídico unilateral... E o primeiro
exemplo que me costumam fornecer é a doação... Este exemplo está... errado!!
Quem assim respondeu confundiu negócio jurídico com contrato. Doação é um
contrato unilateral e não um negócio jurídico unilateral. Explicando melhor: no
negócio jurídico unilateral há apenas uma manifestação de vontade. Exemplo:
renúncia. Trata-se de ato jurídico unilateral, pois se eu renuncio a um crédito, a
outra parte não será consultada para que aceite ou não a minha renúncia. Eu
apenas renunciei a um direito de forma unilateral... e pronto. Nada mais é
necessário para que o ato (a renúncia) seja válido e produza os efeitos legais.
Observem que há a manifestação de vontade de apenas uma pessoa. O mesmo
ocorre com o testamento. Eu faço meu testamento. Ponto. Esse testamento já é
válido (lógico que as suas cláusulas somente serão cumpridas quando eu morrer).
Já a doação é exemplo de negócio jurídico bilateral. E por que isso? - Porque há
duas (daí bilateral) manifestações de vontade. Primeiro a do doador. É necessário
que uma pessoa queira doar o bem. Mas depois se consulta também o donatário,
que é a pessoa que irá receber o bem doado. Se essa pessoa não aceitar, não
houve a doação. O contrato não se aperfeiçoou. Havendo a aceitação da outra
parte o negócio está perfeito. Portanto a doação é um negócio jurídico bilateral.
Necessita de duas manifestações de vontade. No entanto os negócios jurídicos
bilaterais (contratos) se dividem em: unilaterais e bilaterais. E é isso que confunde
um pouco. Resumindo: a doação é um negócio jurídico bilateral (contrato). No
entanto é um contrato unilateral, pois apenas um dos contratantes (doador)
assume obrigações em face do outro (donatário). Apresento o seguinte
“esqueminha” para nunca mais esquecerem esta espécie de classificação.
A) Negócio jurídico unilateral: possui apenas uma manifestação de vontade
(ex.: renúncia, testamento, promessa de recompensa, etc.).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 20


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
B) Negócio jurídico bilateral: possui duas manifestações de vontade (ex.:
perdão, pois precisa ser aceito para produzir efeito; casamento; todos os
contratos; etc.). Já um contrato, por sua vez, se subdivide em:
• Contrato unilateral: duas manifestações de vontade, sendo que apenas
uma se obriga (ex.: doação pura e simples, comodato, mútuo gratuito,
etc.).
• Contrato bilateral: duas manifestações de vontade, havendo obrigações e
vantagens recíprocas (ex.: compra e venda, locação, etc.).

2) CONTRATOS ONEROSOS OU GRATUITOS


● Contratos Onerosos: trazem vantagens para ambos os contratantes,
pois estes sofrem um sacrifício patrimonial, correspondente a um proveito
desejado (ex.: locação – locatário paga aluguel, mas tem o direito de usar o bem;
já o locador recebe o dinheiro do aluguel, mas deve entregar a coisa para que seja
usada por outrem). Em outras palavras: ambas as partes assumem ônus e
obrigações recíprocas.
● Contratos Gratuitos (ou benéficos): oneram somente uma das partes,
proporcionando à outra uma vantagem, sem qualquer contraprestação (ex.:
doação pura e simples, depósito, comodato, etc.).
Importância da Distinção. Nos contratos gratuitos, como na doação, o doador
não responde pela evicção e nem pelos vícios redibitórios (falaremos sobre estes
temais mais adiante), salvo nas doações com encargos; já nos contratos onerosos
os contratantes respondem por ambos. Além disso, nos contratos gratuitos a
interpretação será sempre restritiva, sendo que se houver erro quanto à pessoa
ele será mais grave, situações que não ocorrem nos contratos onerosos.

Discussão Doutrinária Pergunta: na realidade o comodato é um


contrato bilateral (pois gera obrigações também para o comodante, como a
indenização em caso de danos causados ao comodatário) ou um contrato
unilateral, pois só gera obrigações para o comodatário (as eventuais obrigações
do comodante decorrem, não do comodato em si, mas sim de todo e qualquer
contrato)??
Resposta: parte da doutrina costuma chamar esta espécie de contrato de
bilateral imperfeito. Na realidade ele seria um contrato unilateral, mas que, por
uma circunstância ocorrida no curso da execução do contrato, geraria uma
obrigação para o contratante que não havia se comprometido. Assim, ele se
subordina inicialmente ao regime dos contratos unilaterais porque não há uma
contraprestação inicial (esta não nasce com o contrato). Ocorrendo um fato
eventual, posterior à formação do contrato (dano ocorrido na coisa), surgiria a
obrigação da outra parte em indenizar. Ocorre que para outra corrente não existe
a classificação de “contrato bilateral imperfeito”. O contrato nasce e morre

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 21


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
unilateral ou bilateral. O que pode variar é o contrato ser gratuito ou oneroso. O
bilateral é sempre oneroso. Já o unilateral pode ser gratuito (doação simples)
ou oneroso (doação com encargo, depósito remunerado, etc.). Assim, o fato de
haver uma retribuição ou algum dever não transforma a natureza do contrato.
Portanto o comodato seria um contrato unilateral. Em regra gratuito. Mas pode se
transformar em oneroso. Outro exemplo: mútuo sujeito a juros. O mútuo é um
empréstimo de coisa fungível (ex.: um saco de arroz, uma resma de papel, um
milheiro de tijolos, etc.). Se for empréstimo de dinheiro, além da obrigação de
restituir a quantia emprestada (contrato unilateral), geralmente deve-se pagar
juros (contrato oneroso). Portanto, segundo a doutrina, este caso seria um
exemplo de contrato que é ao mesmo tempo unilateral e oneroso.

3) CONTRATOS COMUTATIVOS OU ALEATÓRIOS


● Contrato Comutativo (ou pré-estimado): quando as prestações de
ambas as partes são conhecidas (certas e determinadas), guardando entre elas
relação de equivalência (senão exata, ao menos aproximada). Ex.: compra e
venda (como regra). A coisa a ser entregue por uma das partes e a quantia a ser
paga pela outra geralmente são conhecidas no momento da realização do contrato
e guardam uma relação de equivalência. Por serem as prestações conhecidas,
pode-se apreciar de imediato essa equivalência. Ou seja, eu sei o quanto eu
vou pagar pela coisa e sei qual o bem que me será entregue. E entre a prestação
e a contraprestação há uma equivalência.
● Contrato Aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes (ou
de ambas) não é conhecida com exatidão no momento da celebração do
contrato. Depende de uma álea (incerteza, risco). O contrato depende de um
risco futuro e incerto, capaz de provocar uma variação e, consequentemente,
um desequilíbrio entre as prestações, não se podendo antecipar exatamente o seu
montante.
Alguns contratos são aleatórios devido à sua natureza (ex.: rifa, bilhete de
loteria, o jogo e a aposta de uma forma geral, o seguro de vida, de um carro ou
uma casa, etc.), enquanto outros são acidentais, por terem por objeto coisa
incerta ou de valor incerto (ex.: contrato de garimpo, venda de colheita futura, ou
dos peixes que vierem na rede do pescador, etc.). O exemplo clássico é o
contrato de seguro de um carro. Eu sei o quanto eu vou pagar pelo seguro! Mas...
será que eu vou usá-lo algum dia? Quando? Qual o valor da indenização? Eu ainda
não tenho estas respostas. Portanto, uma das prestações não é conhecida de
antemão. Depende de um fato futuro e incerto. E pode haver uma não-
equivalência entre o valor que eu paguei e aquilo que eu receberei.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 22


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Os contratos aleatórios podem ser divididos em:
A) Coisas Futuras
1. Emptio spei (“venda da esperança”). Trata-se do art. 458, CC: um dos
contratantes assume o risco da existência da própria coisa, ajustando um preço,
que será devido integralmente, mesmo que nada se produza, sem que haja culpa
do alienante. Ex.: contrato um pescador dizendo que pago “X” por tudo que ele
pescar hoje... se ele pescar 100, 10, 1 quilo ou nada pescar, eu deverei para a ele
o preço “X” que combinamos. O pescador terá direito ao preço integral, ainda que
o objeto futuro não venha a existir (outros exemplos da doutrina: colheita de uma
fazenda, tesouros de um navio afundado, ninhada de uma cadela, etc.).
2. Emptio rei speratae (“venda de coisa esperada”). Trata-se do art. 459
e seu parágrafo único, CC: se o risco versar sobre a quantidade maior ou menor
da coisa esperada (e não da existência). Ex.: contrato um pescador dizendo que
compro tudo o que ele pescar e pago “X” pelo quilo de peixe. Neste caso o preço
poderá ser maior ou menor dependendo da quantidade peixe pescado. Aí está a
álea. Percebam que o risco contratado é parcial. E se nada for pescado não serei
obrigado a pagar importância alguma. E se a quantia foi paga com antecedência,
haverá a devolução da mesma.
Apenas para reforçar: a primeira situação (art. 458, CC) se refere ao risco da
coisa em si, à existência da coisa objeto do negócio; já a segunda situação (art.
459, CC) refere-se à maior ou menor quantidade da coisa e não sobre a existência
dela.
B) Coisas Existentes
O art. 460, CC trata do contrato sobre coisas já existentes, mas que estão
sujeitas ao risco de se perderem, danificarem ou, ainda, sofrerem depreciação.
Ex.: determinada mercadoria é vendida, mas a mesma será transportada de navio
até o seu destino final. O comprador então assume o risco de ela chegar ou não
ao seu destino; se o navio afundar a venda será válida e o vendedor terá direito
ao preço. Este dispositivo possui uma ressalva, pois a venda poderá ser anulada
se a pessoa sabia que o risco já havia sido consumado (ou seja, quando houve a
celebração do contrato a parte já sabia que o navio havia afundado).

4) CONTRATOS PARITÁRIOS OU DE ADESÃO


● Paritários: são aqueles em que ambos os interessados são colocados em
pé de igualdade e podem (ao menos em tese) discutir e negociar as cláusulas
contratuais, uma a uma, eliminando os pontos divergentes mediante transigência
mútua.
● de Adesão (ou por adesão): são aqueles em que a manifestação de
vontade de uma das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da outra.
Uma das partes elabora o contrato e a outra parte apenas adere às cláusulas já

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 23


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
estabelecidas, não sendo possível a discussão ou modificação dessas cláusulas.
Exemplo: contratos bancários. Quando você abre uma conta em um banco, o
contrato já está pronto. Ou você assina da maneira como ele foi elaborado ou o
contrato não sai. Será que alguém já ficou discutindo alguma cláusula de um
contrato de abertura de conta com um gerente de Banco? - Não!! Por isso é
considerado como um contrato de adesão. Outros exemplos: contrato de
transporte, convênio médico, seguro de vida ou de veículos, sistema financeiro de
habitação, etc. Partes envolvidas: proponente e aderente (que adere às
cláusulas apresentadas; é a parte mais fraca do contrato – não obrigatoriamente
a “mais pobre”). O art. 54, CDC admite expressamente esta espécie de contrato,
acrescentando que a eventual inserção de uma cláusula no formulário a pedido de
uma das partes não desfigura a natureza de adesão do contrato (esta cláusula
pode é considerada como “uma apertada margem reservada à negociação”).

O contrato de adesão deve ser sempre escrito com letras grandes e


legíveis. Portanto são proibidas as famosas “letrinhas miúdas” nesta espécie de contrato. Ele também não pode ser
impresso com redação confusa, utilizando terminologia vaga e ambígua, nem com
cláusulas desvantajosas para um dos contratantes. A cláusula que implicar
limitação ao direito do consumidor deverá ser redigida com destaque (letras
maiores), permitindo sua imediata e fácil compreensão. Nestes contratos os
contratantes não podem criar regras próprias de interpretação; ao contrário,
devem obedecer ao estabelecido nos arts. 423 e 424, CC (além das regras do
CDC). Vejamos. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas
ambíguas (que dão ensejo a várias interpretações) ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 424. Nos contratos
de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio (ex.: “caso o objeto
adquirido esteja com algum problema, o aderente abre mão de pedir a substituição
do produto”).

B) QUANTO À FORMA
Nesta classificação os contratos podem ser consensuais, solenes ou reais.
Vejamos.
● Contratos Consensuais (não solenes): são aqueles que se perfazem
pelo simples acordo ou consenso das partes (proposta e aceitação)
independentemente da entrega da coisa e da observância de uma forma
determinada e especial. Podem ser celebrados inclusive de forma tácita e verbal.
É a regra em nosso Direito, de acordo com o art. 107, CC: “A validade da
declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir”. Ex.: eu digo que quero vender meu relógio; uma pessoa
diz que quer comprá-lo. Pactuamos o preço da venda. Pronto. Em tese o contrato

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 24


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
de compra e venda do bem móvel já está celebrado. Daí para diante é cada um
cumprir o que ficou estabelecido.
● Contratos Solenes (formais): são aqueles em que a lei exige uma forma
especial. A falta desta formalidade levará à nulidade do negócio. Ex.: compra e
venda de bens imóveis (exige escritura pública e registro), fiança, seguro, etc.

● Contratos Reais: são os que para aperfeiçoamento exigem, além do


acordo de vontades, também a entrega efetiva da coisa, objeto do contrato.
Exemplo: o depósito somente será concretizado quando a coisa for realmente
entregue, depositada. Antes disso tem-se apenas uma promessa de contratar
e não um contrato perfeito e acabado. Outros exemplos: empréstimo (comodato
e mútuo), penhor, etc.

C) QUANTO À SUA DENOMINAÇÃO


Nesta classificação os contratos podem ser nominados ou inominados.
Vejamos.
● Nominados (ou típicos): são os contratos que têm denominação, previsão
e regulamentação previstas em lei (Código Civil ou leis especiais), formando
espécies contratuais legalmente definidas. Ex.: compra e venda, locação,
comodato, etc.
● Inominados (ou atípicos): são contratos criados pelas partes que não
correspondem a nenhum tipo contratual previsto em lei; não têm denominação ou
tipificação legal. Com isso, contempla-se maior amplitude na autonomia privada e
na liberdade contratual. Ex.: cessão de clientela, factoring, etc. O art. 425, CC
permite às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas no Código Civil. Obs.: embora aceita, alguns autores não gostam da
expressão “contratos inominados”, pois, muitas vezes, a espécie contratual possui
nome (é nominada), todavia, não se encontra regulamentada na lei (não possui
tipicidade legal).

D) QUANTO AO TEMPO DE EXECUÇÃO


Nesta classificação leva-se em consideração o momento em que os contratos
devem ser cumpridos. Eles podem ser de execução imediata, diferida ou de
execução continuada. Vejamos.
● Execução instantânea (ou imediata): são aqueles que se consumam em
um só ato, cumprindo-se imediatamente após sua celebração, mediante uma
única prestação; o nascimento e a execução do contrato ocorrem no mesmo
momento (ex.: compra e venda à vista).
● Execução diferida: também cumpridos em um só ato, mas em um
momento posterior à celebração do contrato (ex.: compra e venda à vista, mas
com a entrega da mercadoria em 30 dias).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 25


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
● Contratos de trato sucessivo (de execução continuada ou periódica):
são os que se prolongam no tempo, são cumpridos por meio de atos reiterados
(soluções periódicas), resolvendo-se em intervalos de tempo (regulares ou não).
Quando uma parcela é paga a obrigação está quitada. Mas neste instante inicia-
se a formação de outra prestação que deverá ser paga no fim do próximo período.
Ex.: prestação de serviços, fornecimento de mercadorias, etc. Observem a
locação: o pagamento do aluguel de um mês não libera o contratante, senão da
dívida relativa àquele período, de modo que o vínculo contratual perdura até o
final do prazo convencionado para o término do contrato.

E) QUANTO À PESSOA DO CONTRATANTE


Nesta classificação os contratos podem ser pessoais ou impessoais.
Vejamos.
● Pessoais (personalíssimos ou intuitu personae): são aqueles em que a
pessoa do contratante é considerada pelo outro como elemento determinante de
sua conclusão. Ex.: Desejo que o advogado “Y” me defenda no Tribunal do Júri.
Quero que o cirurgião “X” me opere. Quero comprar um quadro do famoso pintor
“Z”. Contrato um show com a banda “WW”. Somente o devedor pode realizar, não
se aceitando o cumprimento por terceiros. Se o devedor não honrar o contrato,
haverá perdas e danos; se ocorreu caso fortuito ou força maior estará
desobrigado.
● Impessoais: são os que a pessoa do contratante é juridicamente
indiferente para a conclusão do negócio. Contrato uma empresa para pintar minha
casa. Tanto faz que o serviço seja realizado pelo pintor “A” ou “B”. Exemplo comum
é a contração de “pessoal de limpeza ou manutenção” em realizado por uma
empresa terceirizada.

F) CONTRATOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS


Nesta classificação os contratos podem ser principais ou acessórios.
Vejamos.
● Principais: são os que existem por si, exercendo sua função e finalidade
independente de outro. Ex.: contrato de compra e venda, de locação, etc.
● Acessórios: são aqueles cuja existência supõe a do principal, pois visam
assegurar sua execução. Ex.: a fiança é contrato acessório, estabelecida para
garantir a locação, que é o principal; logo, a fiança não poderá existir sem a
locação. Lembrem-se da regra “o acessório acompanha o principal”. Havendo
nulidade no principal, esta atinge o acessório, que também será considerado nulo.
No entanto, havendo nulidade do acessório, esta atinge somente o acessório, não
contaminando o contrato principal.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 26


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar

EFEITOS JURÍDICOS DA OBRIGATORIEDADE


DOS CONTRATOS

O contrato válido estabelece um vínculo jurídico entre as partes,


sendo que, em princípio, é irretratável e inalterável unilateralmente. Ou seja,
depois de celebrado, como regra, uma das partes não pode simplesmente desistir
do cumprimento das obrigações, sob pena de execução ou responsabilidade por
perdas e danos. Ele só pode ser desfeito com o consentimento de ambas as partes,
ou se houver alguma cláusula expressa que permita a sua exoneração (direito de
arrependimento). Assim, o contrato deve ser observado como se fosse uma “lei
entre as partes”. Trata-se da aplicação do princípio pacta sunt servanda.

Depois de celebrado um contrato e assumidas as obrigações, passamos ao


cumprimento do seu conteúdo. Além disso, podem ocorrer diversos efeitos,
tais como: exceção de contrato não cumprido, direito de retenção, resolução por
onerosidade excessiva, arrependimento e pacto de arras ou sinal, estipulação de
favor de terceiro, promessa de fato de terceiro, vício redibitório, evicção e contrato
com pessoa a declarar. Vejamos cada um desses institutos.

A) EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (arts. 476/477, CC) – também


chamada de exceptio non adimpleti contractus.
Inicialmente é necessário esclarecer que este instituto não se aplica nos
contratos unilaterais (doação pura, comodato, etc.), uma vez que nestes não
há contraprestação para uma das partes.
Já nos contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) a regra é que nenhum dos
contratantes poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro (art. 476,
CC). Isso porque há uma dependência recíproca das prestações que, por serem
simultâneas, são exigíveis ao mesmo tempo (interdependência, reciprocidade e
simultaneidade). Num contrato as partes devem cumprir exatamente aquilo que
combinaram. Por isso uma das partes não pode exigir o cumprimento da obrigação
outra parte, se ela própria ainda não cumpriu com a sua parte, pois foi assim que
foi combinado desde o início no contrato. Assim, se uma das partes não cumpriu
com a sua obrigação a outra pode lhe opor em defesa essa exceção.
Exemplo: contratei um pintor para pintar toda minha casa. Acertamos um
determinado valor. E combinamos que o pagamento seria feito em duas etapas:
metade do valor seria entregue no início dos trabalhos e o restante somente após
o término do serviço. Eu cumpri a minha parte. Paguei ao pintor o valor referente
à metade do serviço e ele começou a pintar a casa. Após alguns dias o pintor exige
o pagamento da parcela restante. Ele está descumprindo o combinado. Somente
faria jus à parcela restante no final do serviço, mas está exigindo tudo agora. O

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 27


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
que eu diria ao pintor? – Só vou lhe pagar o restante após a conclusão do serviço;
cumpra a sua parte que depois eu cumpro com a minha, pois foi assim que nós
combinamos. Assim, para que eu não pague a segunda parcela antes do serviço
completo alego em minha defesa a exceção de contrato não cumprido.
A mesma regra é aplicada no caso de cumprimento incompleto, defeituoso
e inexato da prestação por um dos contraentes. Trata-se de uma variação da
regra anterior. Ex.: o pintor realmente executou a obra, mas não da forma que
nós combinamos (deixou de pintar alguns cômodos ou pintou com a cor errada ou
deixou buracos na parede, etc.). A doutrina chama isso de exceptio non rite
adimpleti contractus. Neste caso eu também posso me recusar a cumprir com
a minha obrigação (pagar o restante do dinheiro) até que a prestação (a pintura
da casa) seja realizada exatamente da forma como nós combinamos.

ATENÇÃO Excepcionalmente será permitido, a quem incumbe cumprir a


prestação em primeiro lugar, recusar-se ao seu cumprimento, até que a outra
parte satisfaça a prestação que lhe compete ou dê alguma garantia de que ela
será cumprida. No entanto, isso somente é admissível quando, depois de concluído
o contrato, sobrevier diminuição em seu patrimônio que comprometa ou
torne duvidosa a prestação a que se obrigou. Usando o mesmo exemplo
anterior: digamos que durante a execução do serviço (a pintura da casa), haja
uma diminuição do meu patrimônio e haja uma presunção de que eu não possa
cumprir com a minha parte na obrigação (pagar o restante da prestação). O pintor,
sabendo deste fato, poderia então pedir que eu pague primeiro (invertendo a
ordem no cumprimento da obrigação) ou poderia exigir, pelo menos, que eu
forneça uma garantia de que eu tenho dinheiro para pagar o combinado.
Chamamos isso de “garantia de solvabilidade”. Desta forma, para dar essa
garantia, eu coloco a quantia devida em uma “conta-poupança”, dando mostras
de que eu tenho o dinheiro e que o mesmo está disponível para o saque, assim
que o serviço for concluído. Procedendo desta forma eu provo que tenho condições
de honrar o meu compromisso.
Cláusula solve et repete  A “exceptio” não poderá ser arguida se houver
renúncia, impossibilidade da prestação ou se o contrato contiver a cláusula solve
et repete, que torne a exigibilidade da prestação imune a qualquer pretensão
contrária do devedor. Isto é, o contrato pode conter uma cláusula (na realidade
fazer isso é muito perigoso, pois a parte fica sem garantia) em que o contratante
renuncia, abre mão da exceptio. Isso quer dizer que a qualquer momento a outra
parte (no exemplo que demos, o pintor) pode exigir o pagamento integral, ainda
que ele não tenha cumprido com a sua parte no contrato. Na prática não se deve
pactuar esta cláusula (mas isso é possível, sem que seja considerado abusivo).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 28


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Rescisão  A parte lesada pelo inadimplemento (não cumprimento) da
obrigação pela outra parte pode pedir rescisão do contrato, acrescido de perdas e
danos.

B) DIREITO DE RETENÇÃO
É a permissão concedida pela norma ao credor de conservar em seu poder
coisa alheia, já que detém legitimamente, além do momento em que deveria
restituir, até o pagamento do que lhe é devido. Digamos que uma pessoa foi
possuidora de boa-fé de uma casa, durante quatro anos. Nesse tempo realizou
benfeitorias necessárias. No entanto o verdadeiro proprietário moveu uma ação
de reintegração de posse e acabou ganhando a ação. O possuidor, embora
estivesse de boa-fé, perdeu a ação; deve sair do imóvel. No entanto, tem o direito
de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias que realizou no imóvel. E se a
pessoa que ganhou a ação não quiser indenizar? Ora, enquanto o possuidor não
for indenizado pela benfeitoria necessária que realizou, ele tem o direito de reter
o imóvel até que seja ressarcido ou até o tempo calculado sobre o valor da
benfeitoria.
Devem estar presentes os seguintes requisitos: a) detenção da coisa
alheia; b) conservação dessa detenção; c) crédito líquido, certo e exigível do
retentor, em relação de conexidade com a coisa retida; d) inexistência de exclusão
legal ou convencional do direito de retenção (ex.: o art. 578, CC proíbe o locatário
de reter a coisa alugada, exceto na hipótese de benfeitoria necessária ou
benfeitoria útil, se feita com o consentimento do locador). Esse direito está
assegurado a todo possuidor de boa-fé que tem direito à indenização por
benfeitorias necessárias ou úteis (art. 1.219, CC).

C) REVISÃO DOS CONTRATOS – RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE


EXCESSIVA (arts. 478/480, CC)
Como já falamos, em princípio os contratos devem ser cumpridos
exatamente como foram estipulados (pacta sunt servanda). No entanto, a
obrigatoriedade das convenções não é absoluta. Admite-se, excepcionalmente,
a revisão judicial dos contratos de cumprimento a prazo ou em prestações
sucessivas, quando uma das partes vem a ser prejudicada sensivelmente por uma
alteração imprevista da conjuntura econômica. Notem que o Direito atual
prioriza o justo equilíbrio entre as partes de um contrato (função social do
contrato).
A finalidade é restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro entre os
contratantes, lastreada na chamada TEORIA DA IMPREVISÃO. Segundo ela,
somente permanece o vínculo obrigatório gerado pelo contrato enquanto ficar
inalterado o estado de fato vigente à época da estipulação. Por isso, é possível a
revisão ou até mesmo a rescisão do contrato, caso ocorram, no momento da

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 29


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
execução do contrato, fatos supervenientes e imprevisíveis,
desequilibrando a base econômica do negócio, impondo a uma das partes
uma onerosidade excessiva, ficando a parte liberada dos encargos originários.
Trata-se de uma medida de socialização do contrato (equidade), na medida em
que se permite o restabelecimento do equilíbrio negocial injustamente violado por
força de um acontecimento imprevisível, “humanizando-se a relação contratual”.
Esta cláusula implícita é conhecida pela expressão rebus sic stantibus
(tentando fazer uma tradução literal teríamos: “o mesmo estado das coisas”;
“estando assim as coisas”; “as coisas ficam como estão”). Esta expressão latina
costuma cair muito em concursos. A princípio, a tradução literal da expressão
parece dizer exatamente o contrário do que realmente se afirma. No entanto, o
termo corresponde somente a três palavras de uma expressão muito maior
(contractus qui habent tractum sucessivum et dependentiam de futuro rebus sic
stantibus intelliguntur), que defende a permanência do equilíbrio contratual
durante todo o período em que estiver vigorando e produzindo efeitos. Ou
seja, as partes pactuaram levando em consideração a situação de
fato existente no momento de sua celebração, podendo invocar a cláusula
como forma de rompimento caso mudanças substanciais ocorram de forma
extraordinária e imprevisíveis, que modificam o equilíbrio do acordo trazendo
desvantagem a uma das partes. Trata-se de uma flexibilização da força obrigatória
das convenções.
Atualmente o instituto se encontra previsto nos arts. 478 a 480, do CC. Art.
478, CC: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem
para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução (extinção) do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Art. 479, CC: A resolução
poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições
do contrato.
É importante reforçar que não é toda e qualquer alteração no estado
de fato originário que autoriza a revisão ou rescisão contratual (pois todo
contrato possui certo risco, chamado de álea contratual ordinária). A disposição
somente se aplica quando ocorrer um fato absolutamente imprevisível,
extraordinário e extracontratual (chamado de álea extraordinária) e, além
disso, ainda precisa ficar comprovado um enorme desequilíbrio contratual ou a
total impossibilidade de seu cumprimento. Costumo sempre dizer que um contrato
(especialmente os bilaterais) não foi feito para uma pessoa ficar rica e a outra
pobre. Deve haver um equilíbrio entre as partes. E quando este equilíbrio se
rompe de forma desproporcional, a lei permite a revisão de suas condições ou
simplesmente a extinção desse contrato. Exemplo: contrata-se uma obra, sendo
que no curso desta houve um plano econômico do governo que redundou num

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 30


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
aumento sensível no custo do material, aumento este totalmente imprevisível,
tornando a obra inviável pelo preço combinado. Para se tornar viável a extinção
ou a revisão do contrato por onerosidade excessiva, o Juiz, em cada caso, sempre
deve verificar a ocorrência dos seguintes elementos:
• Vigência de um contrato comutativo (as prestações são conhecidas e
equivalentes entre si) de execução continuada ou de trato sucessivo.
• Ocorrência de alteração das condições econômicas após a celebração do
contrato.
• Alteração da situação foi imprevisível e extraordinária.
• Desequilíbrio na base econômica do contrato, causando uma
onerosidade excessiva para uma das partes na execução do contrato, nas
condições originalmente estabelecidas.
A resolução por onerosidade excessiva é um instituto típico dos contratos
bilaterais (ou sinalagmáticos), como na compra e venda, dada a reciprocidade das
obrigações. Porém o art. 480, CC dispõe que se no contrato as obrigações
couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja
reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva.
Teoria da Imprevisão e os Contratos Aleatórios
A característica do contrato aleatório é justamente a imprevisão com relação
ao negócio levado a efeito pelas partes. Assim, o risco (alea) é o elemento
integrante e principal, que impulsiona os contratantes. Por esse motivo a doutrina
esclarece que a teoria da imprevisão não pode ser invocada nos contratos
aleatórios. No entanto, há quem sustente ser possível sua aplicação “desde que o
evento alterador da base contratual não se relacione com sua álea específica de
dúvidas, de incertezas. Se àquela álea estiver ligado, seu emprego será afastado”.

Direito do Consumidor. Para favorecer o consumidor, facilitando a aplicação da


teoria, o CDC não exigiu a imprevisibilidade do acontecimento. Art. 6°, V,
2ª parte, CDC: “a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que
as tornem excessivamente onerosas”. Além disso, o consumidor não necessita
provar a imprevisibilidade do evento.
Caso de não aplicação pelo STJ. Nos contratos agrícolas de venda para entrega
futura, o risco é inerente ao negócio. Nele não se cogita em imprevisão.

Diferença entre a Teoria da Imprevisão e a Lesão


Na teoria da imprevisão há um contrato válido que se desequilibra no curso
de sua execução, justificando sua revisão ou resolução. Ou seja, a primeira
diferença está no momento do desequilíbrio. Além disso, a lesão é um vício de

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 31


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
consentimento (art. 157, CC) que nasce com o próprio contrato sendo causa de
anulação (enquanto a teoria da imprevisão está no campo da eficácia, a lesão está
no campo da validade).

D) REGRAS APLICÁVEIS AOS CONTRATOS GRATUITOS


a) O Código Civil estabelece que os contratos gratuitos (oneram somente
uma das partes) devem ser interpretados restritivamente.
b) Em regra (ex.: doação pura), o doador não responde pela evicção, nem
pelos vícios redibitórios.
c) Os contratos gratuitos que reduzirem o alienante à condição de
insolvência (passivo maior que o ativo) podem ser anulados pelos credores
quirografários.

E) ARRAS OU SINAL (arts. 417/420, CC)


Arras ou Sinal é um adiantamento para indicar que as partes
chegaram a um acordo final e que o contrato está celebrado. Trata-se de
uma quantia em dinheiro ou outra coisa móvel, fungível (que pode ser substituída
por outra igual), entregue por um dos contratantes ao outro, como prova de
conclusão do contrato (confirmação do acordo entre as partes) e para
assegurar o cumprimento da obrigação, e, consequentemente, o não prejuízo
de uma das partes.
Características: a) pacto acessório (depende da existência de um contrato
principal); b) cabe apenas nos contratos bilaterais; c) exige-se a efetiva entrega
do bem (dinheiro ou outra coisa fungível); d) configura-se como princípio de
pagamento para confirmar o negócio e garantia para o seu cumprimento,
prevenindo a possibilidade de arrependimento pelo receio da pena.
Dadas as arras ou sinal, a questão que se põe é quanto à
possibilidade de arrependimento. Como já dissemos, um contrato foi feito para
ser cumprido (pacta sunt servanda). Mas às vezes um contrato pode conter uma
cláusula de arrependimento. Resumindo:
1) Se o arrependimento NÃO estiver previsto no contrato (você assina um
contrato e este nada prevê sobre a possibilidade de arrependimento):
• As arras são chamadas de confirmatórias (arts. 417/419, CC); é a regra
em nosso direito → não havendo estipulação em contrário as arras são
confirmatórias. Isto porque a regra é de que o contrato deve ser cumprido
da forma em que foi elaborado.
• Não é possível o arrependimento unilateral; o contrato torna-se
obrigatório, fazendo lei entre as partes.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 32


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
• As arras confirmam o contrato e antecipam parte do pagamento do
preço; o seu quantum será descontado do preço; a quantia entregue é tida
como adiantamento do preço.
• As arras determinam, previamente, as perdas e danos pelo não-
cumprimento das obrigações a que tem direito o contraente que não deu
causa ao inadimplemento. De acordo com o art. 418, CC, se a parte que
deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito,
retendo-as. Se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as
deu haver o contrato por desfeito e exigir sua devolução mais o equivalente,
com atualização monetária, juros e honorários de advogado.
• A parte inocente pode exigir uma indenização suplementar se provar que
sofreu um prejuízo maior. Nesse caso as arras seriam o mínimo do valor da
indenização. Mas como não há possibilidade de arrependimento, pode a
parte inocente optar por exigir a execução do contrato, acrescida das
perdas e danos, valendo as arras, novamente, como o mínimo da
indenização (art. 419, CC).
2) Se o arrependimento estiver previsto no contrato (você assina um
contrato e este prevê a possibilidade de arrependimento):
• As arras, neste caso, são chamadas de penitenciais (art. 420, CC), que é
a sua função secundária (a primária é a garantia do cumprimento da
obrigação), funcionando apenas como indenização (não se confunde com
a multa). A inclusão expressa desse tipo de arras no compromisso de compra
e venda de bem imóvel gera o direito potestativo de arrependimento na
avença. O contrato é resolúvel (pode ser extinto), atenuando-lhe a força
obrigatória (mais uma exceção ao princípio da obrigatoriedade dos
contratos). Desta forma, as arras, nesta hipótese agem para resguardar o
direito de arrependimento das partes, podendo a parte infratora optar
por liberar o seu valor à outra, ao invés de cumprir a obrigação. O objetivo
não é ressarcir eventuais prejuízos da parte afetada, mas sim representar
uma pequena punição pelo descumprimento da outra.
• Se quem deu as arras se arrepende do contrato, perde-as em benefício da
outra parte.
• Se quem se arrependeu foi a pessoa que as recebeu, ficará obrigado a
devolvê-las acrescido do equivalente (em outras palavras: quem recebeu as
arras deve devolvê-las em dobro). Isso porque se ela simplesmente
devolvesse o valor, estaria apenas restabelecendo a situação anterior, sem
nenhuma punição à parte que descumpriu a obrigação, daí porque a
devolução é em dobro.
• Nas arras penitenciais não haverá indenização suplementar. Ou seja,
se forem estipuladas as arras penitenciais, não se pode cumular isso com

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 33


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
nenhuma outra vantagem, mesmo que o prejuízo tenha sido superior que o
valor das arras. O contrato simplesmente se desfaz e perde-se o sinal ou o
mesmo é devolvido em dobro. Nada mais. Nada de perdas e danos, juros
compensatórios, correção monetária, etc. Vejam o que ficou estabelecido na
Súmula 412 do STF: “No compromisso de compra e venda com cláusula
de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua
restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a
título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do
processo”.

Cláusula Penal X Arras Penitenciais


Ambas são cláusulas acessórias e buscam garantir o adimplemento da
obrigação, prefixando o valor das perdas e danos. No entanto a cláusula penal (ou
multa contratual) tem finalidade coercitiva (para se evitar uma inadimplência
futura) e somente será exigível em caso de inadimplemento ou mora no
cumprimento do contrato. Já as arras penitenciais são pagas por antecipação,
sendo um adiantamento do preço, para garantia do cumprimento do contrato, mas
não possui um caráter coercitivo, pois permite o arrependimento. Além disso, o
valor da cláusula penal pode sofrer uma redução no caso de cumprimento parcial,
o que não se admite nas arras.

F) ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (arts. 433/438, CC)


Um dos princípios do contrato é que ele não pode prejudicar nem beneficiar
a terceiros, atingindo apenas as partes que nele intervieram (princípio da
relatividade). No entanto esse princípio não é absoluto, podendo favorecer
terceiros (nunca criando obrigações ou prejudicando).
Assim a estipulação em favor de terceiro é um contrato em que uma das
partes convenciona com outra certa vantagem patrimonial em proveito de terceiro
(alheio à formação do contrato).
Ex.: A (estipulante) compra uma casa de B (promitente ou devedor) para
que este a entregue para C (beneficiário). Importante notar que C não é parte do
contrato, no entanto é o favorecido pelo mesmo. Outro exemplo é o seguro de
vida, em que o segurado convenciona com a seguradora uma vantagem a ser paga
a um terceiro (beneficiário).
Há sempre três sujeitos: dois certos e um condicional. Vejamos:
a) Estipulante: o que cria o direito a favor do terceiro.
b) Promitente (devedor): o que se obriga perante o estipulante a realizar a
prestação em favor de terceiro.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 34


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
c) Beneficiário (terceiro): pessoa determinada ou determinável, em favor de
quem a prestação deve ser executada; ao contrário dos demais sujeitos este não
precisa ter capacidade para contratar.
Nesta espécie de contrato, tanto o que estipula a cláusula (estipulante)
como o terceiro (beneficiário) têm o direito de exigir do promitente o
cumprimento da obrigação. Os direitos e deveres oriundos da estipulação
surgem independentemente da aceitação do terceiro.
O estipulante pode se reservar no direito de substituir o terceiro, ainda que
sem a sua anuência ou do outro contratante. Tal substituição pode ser por ato
entre vivos ou por testamento. No entanto, em algumas hipóteses em que o
terceiro manifestou sua aceitação, não podem os contratantes realizar distrato ou
qualquer modificação da prestação sem seu consentimento. O estipulante pode
exonerar o promitente, desde que não haja cláusula que dê ao beneficiário o
direito de exigir a execução da promessa.

G) PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO (arts. 439/440, CC)


Trata-se de uma obrigação de fazer. Uma pessoa se obriga com outra a
obter prestação de fato de uma terceira pessoa, não participante direta do
negócio. O exemplo clássico é o que ocorre com um empresário de um cantor
famoso que se compromete, em nome do artista, na realização de um show. E se
o artista não realizar o show? Não se pode obrigar o artista a fazer este show
porque ele mesmo não se obrigou a nada. E como ficamos? O empresário que
prometeu (promitente) é quem arcará com o prejuízo, respondendo pelas perdas
e danos (salvo se houver caso fortuito ou força maior). Ora, quem mandou ele
prometer algo em nome de terceiro que não foi cumprido? Quem promete fato de
terceiro se responsabiliza pela promessa.
Sujeitos:
a) Promissário: é o credor (uma casa de espetáculos).
b) Promitente: é o que se obriga a obter prestação de fato (realização de um
show) de uma terceira pessoa (uma banda).
c) Terceiro: é o que irá realizar o fato (a banda que irá realizar o show).
A promessa pode se dar com ou sem o conhecimento ou consentimento do
terceiro. No entanto a promessa não vincula o terceiro. Neste caso o devedor
deverá obter o consentimento do terceiro, que irá executar a prestação final. Esse
instituto encerra duas obrigações de natureza distinta: a obrigação do
promitente devedor consubstancia obrigação de fazer, ao passo que a obrigação
do terceiro devedor pode ser de fazer, de não fazer ou de dar. Em ambos os casos
estamos diante de obrigações de resultado.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 35


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Se o terceiro consentir, executa-se a obrigação do devedor primário, que se
exonerará. Se o terceiro não cumprir, o devedor primário será inadimplente,
sujeitando-se às perdas e danos.
Tal responsabilidade não existirá se a prestação do terceiro não puder ser
levada a efeito por impossibilidade física ou jurídica. Além disso, se o terceiro for
o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e
desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a
recair sobre os seus bens. Exemplo: A contrata com B a venda de seu imóvel, se
comprometendo em conseguir a outorga uxória de C, sua esposa. Se esta não
consentir, o negócio não será concretizado e não haverá indenização por parte de
A.

H) VÍCIO REDIBITÓRIO (arts. 441/446, CC)


Nos contratos bilaterais em que há a transferência da posse, uma parte deve
garantir a outra que esta possa usufruir o bem conforme sua natureza e
destinação (contratos de compra e venda, locação, comodato, doação com
encargos, etc.). Não há necessidade de constar no contrato, pois a
responsabilidade decorre da lei.

Assim, vícios redibitórios são falhas ou defeitos ocultos (não aparentes)


existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornam
imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal
modo que o ato negocial não se realizaria se esses defeitos fossem
conhecidos, dando ao adquirente direito para redibir (anular, extinguir) o
contrato (devolvendo-se o dinheiro e a coisa defeituosa: art. 441, CC) ou para
obter abatimento no preço (art. 442, CC).

Redibir = tornar o negócio sem efeito, extinguir.

Exemplo: Comprei um cavalo puro sangue. No entanto, eu não sabia que o


mesmo era portador de uma doença. O cavalo vem a morrer poucos dias depois
da conclusão do negócio. Se eu, comprador do cavalo, soubesse do defeito oculto
(doença), evidentemente não teria realizado o negócio. No caso concreto o
vendedor também não sabia da doença preexistente. Assim, trata-se de uma
garantia para o comprador, sendo mais um dos efeitos dos contratos
bilaterais e comutativos, como na compra e venda, troca ou permuta.
Regras Importantes
01) Somente há vício redibitório nos contratos comutativos (compra e
venda) e nas doações onerosas (também chamadas de doações gravadas com
encargo, ou modais) em que o beneficiário, para receber o bem doado, assume
algum ônus ou contraprestação (art. 441, CC). Ex.: eu dou uma casa ao meu

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 36


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
irmão, desde que ele cuide de nossa tia, já idosa e doente. Observem que esse
exemplo não se trata de uma condição, pois o donatário já recebe desde o início
o bem doado, ainda que não cumpra o encargo; entretanto, descumprido o
encargo, pode o doador revogar a doação. Por outro lado, esse vício não se
configura nos contratos gratuitos. Ex.: doação pura e simples, em que o
beneficiário não pagou qualquer prestação, e, por isso, não tem do que reclamar
(art. 552, CC: O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito
às consequências da evicção ou do vício redibitório). Nesse caso, vale o
ditado: “em cavalo dado não se olha os dentes”.
02) O defeito (desconhecido pelo adquirente) já era existente no momento da
celebração e execução do contrato e subsiste na época do exercício da ação
própria.
03) O alienante (o vendedor) é sempre o responsável, mesmo alegando que
não conhecia o defeito (trata-se da responsabilidade objetiva = independente de
culpa), exceto se o contrário estiver expressamente previsto no contrato. Isso
porque o fundamento da responsabilidade do alienante não é o seu
comportamento, mas repousa no princípio da garantia.
Situações (art. 443, CC):
a) Alienante sabia do defeito e tentou mascará-lo, agindo de má-fé
→ restituirá o valor que recebeu, acrescido de perdas e danos (danos
emergentes e eventuais lucros cessantes).
b) Alienante não sabia do defeito → restituirá apenas o valor recebido,
mais eventuais despesas do contrato (sem perdas e danos).
Há responsabilidade do alienante ainda que a coisa pereça na posse do
adquirente, mas em razão do vício oculto que já existia antes da tradição (art.
444, CC).
Isenção. Não há responsabilidade do alienante se:
• O adquirente sabia que a coisa era defeituosa e mesmo assim quis recebê-la
(renunciou à garantia); nesse caso ele sequer pode fazer uso das ações
edilícias.
• O vício se deu por causa posterior à entrega.
• A coisa pereceu por culpa do comprador ou em virtude de caso fortuito ou força
maior.
Ações Edilícias
Se o perecimento do objeto foi em consequência do vício, o adquirente tem
a sua disposição as seguintes ações edilícias:
• Ação Redibitória: o adquirente rejeita (devolve) a coisa defeituosa,
rescindindo o contrato e reavendo o preço pago mais o reembolso de

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 37


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
despesas, e até as perdas e danos (no caso do alienante conhecer o vício,
sendo necessária a prova da má-fé do alienante).
• Ação Estimatória (também chamada de quanti minoris): o adquirente deseja
conservar a coisa, reclamando o abatimento proporcional do preço em
que o defeito a depreciou (art. 442, CC). A opção de escolha é de quem
adquiriu a coisa.

Observações
01) Não caberá nenhuma reclamação se as partes pactuarem que o alienante
não responde por eventuais vícios ocultos. Neste caso o alienante já avisa que a
coisa pode conter alguns defeitos. Ex.: vendas de saldão em que se anunciam
“pequenos defeitos”.
02) Bem adquirido em hasta pública: não se pode redibir o contrato, nem
pedir abatimento do preço (não há previsão legal a respeito). No entanto, se a
aquisição do bem for em um leilão de arte ou em uma exposição de animais, a
responsabilidade subsiste.
03) O defeito oculto de uma coisa vendida conjuntamente com outra não
autoriza a rejeição de todas (art. 503, CC).

04) Somente podem ser pleiteadas as perdas e danos se o alienante sabia do


defeito; trata-se de uma sanção pela quebra do princípio da boa-fé e eticidade.

Vício Redibitório X Erro. O vício redibitório é o defeito oculto na coisa, não


havendo qualquer erro no momento da celebração do negócio (há um defeito no
objeto e não na vontade do adquirente). No erro há um engano por parte do
adquirente; é um vício de ordem subjetiva, pois foi a vontade que foi viciada pela
falsa percepção da realidade (não havendo vício no objeto).

Curiosidade: “Hasta” é um termo que deriva do latim, significando lança.


Isto porque em Roma antiga, os bens pertencentes ao Estado (quer pela
conquista, quer pela sucessão, quer pela condenação criminal e confisco dos bens
de um cidadão) eram vendidos. E a autoridade mandava cravar uma lança nos
terrenos onerados, como garantia do negócio a se realizar. Atualmente hasta
pública tem o sentido de venda judicial de bens.
DECADÊNCIA
A) Código Civil
Nos negócios regulados pelo Código Civil, o prazo de reclamação e
propositura das ações acima citadas, contado da entrega efetiva (tradição), é
de (art. 445, CC):
• 30 (trinta) dias → bens móveis.
• 01 (um) ano → bens imóveis.
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 38
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
• Se o comprador já estava na posse da coisa quando foi realizada a venda
o prazo é reduzido pela metade (15 dias para móveis e 6 meses para
imóveis).
• Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o
prazo será contado do momento em que dele tiver ciência, até o prazo
máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um
ano, para os imóveis.
• Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios
ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos
usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não
houver regras disciplinando a matéria.

Atenção
01) Quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo conta-se a
partir do instante em que dele tiver ciência, até o máximo de 180 dias, se tratar
de móveis ou de 01 ano, se tratar de imóveis (aqui não se aplicam as hipóteses
de reduções de prazo).
02) Os prazos decadenciais não correm na constância de alguma outra
cláusula de garantia. Ou seja, o art. 446, CC paralisa o prazo de garantia legal
que só correrá após o prazo contratual. No entanto o comprador deve denunciar
o defeito ao vendedor nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena
de decadência.

B) Código de Defesa do Consumidor


Atualmente esta matéria é regulada também pela Lei nº 8.078/90
(Código de Defesa do Consumidor – CDC). São normas de ordem pública e de
interesse social, atendendo disposições constitucionais que atribuem ao Estado a
defesa do consumidor. Lembrando que a responsabilidade prevista no CDC é
objetiva (independente de culpa) e solidária (entre o fabricante e o
comerciante).
Observem a diferença: Se uma pessoa adquire um bem de um particular, a
reclamação rege-se pelo Código Civil. Mas se ela adquiriu de um comerciante,
rege-se pelo Código de Defesa do Consumidor. Em outras palavras se eu compro
um carro usado de Antônio, aplica-se o Código Civil; se eu compro o carro de uma
concessionária ou de uma revendedora, aplica-se o CDC. Lembrem-se que o CDC
tem uma abrangência maior: considera como vícios tanto os defeitos ocultos
na coisa como também os aparentes ou de fácil constatação. Além disso, o
defeito pode estar na coisa ou no serviço prestado. Há também uma diferença na
nomenclatura: no CC chamamos de vícios redibitórios (arts. 441/446); no CDC
(arts. 18 a 26) chamamos de vícios do produto. No entanto, a doutrina costuma
afirmar que existe um “diálogo das fontes” entre o CC e o CDC, pois há uma

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 39


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
conexão entre ambos, sendo que um sistema complementa o outro, especialmente
no que diz respeito aos princípios contratuais, possibilitando maiores benefícios e
mecanismos de defesa para o consumidor.
Os prazos são decadenciais, contados a partir da data da entrega efetiva do
produto ou do término da execução dos serviços. Observem que também são
diferentes dos prazos estabelecidos no Código Civil. Há uma crítica da doutrina
quanto aos prazos, pois eles são menores do que no CC:
• Produtos não-duráveis → 30 dias.
• Produtos duráveis → 90 dias.

Esta classificação durável/não durável não está prevista na classificação de


bens do Código Civil (arts. 79/103). Por isso a doutrina tenta melhor conceituá-
los: não-durável → desaparece facilmente com o consumo (ex.: gêneros
alimentícios); durável → não desaparece facilmente com o consumo, possuindo
um ciclo de vida ou de utilização mais longo (ex.: eletrodomésticos, automóveis,
etc.). Apesar de menores é possível a obstação dos prazos (também chamada
de causa de suspensão especial), pois há um ato do credor, em duas hipóteses:
reclamação comprovada do consumidor ao fornecedor, até a resposta; instauração
do inquérito civil pelo Ministério Público.

Os fornecedores, quando efetuada a reclamação direta, têm prazo máximo


de trinta dias para sanar o vício. Não o fazendo pode o consumidor exigir
alternativamente:
Substituição do produto.
Resolução do contrato (restituição da quantia paga e, dependendo do
caso, acrescida de perdas e danos); não há necessidade de se provar a
má-fé do alienante, pois presume-se a boa-fé do consumidor.
Abatimento proporcional do preço.

Observação O prazo decadencial que nos referimos acima pode ser


reduzido, de comum acordo, para no mínimo 07 dias e acrescido de no máximo
180 dias. Transcrevemos a seguir os artigos do CDC (Lei n° 8.078/90) de interesse
para nossa matéria:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 40


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Gráfico Comparativo
Vícios Redibitórios (Código Civil) e Vícios do Produto (CDC)

Código Civil Código de Defesa do Consumidor

Conceito: Defeito oculto na coisa que Conceito: Defeito oculto, aparente ou


a torna imprópria ao uso a que se destina de fácil constatação; qualidade do produto
ou lhe diminui sensivelmente o valor. não correspondente à propaganda, rótulo,
etc.

Objeto → bens, objetos de contratos Objeto → produtos (móveis ou


comutativos (móveis ou imóveis). imóveis; corpóreos ou incorpóreos).

Efeitos → redibir o contrato ou Efeitos → substituição do produto;


reclamar abatimento no preço (art. 442, devolução do dinheiro e restituição da
CC). coisa; abatimento proporcional do preço
(art 18, §1°, CDC).

Prazos Decadenciais. Regra: Prazos Decadenciais. Regra:


Móveis → 30 dias da tradição. Produtos não-duráveis → 30 dias da
constatação ou da entrega.
Imóveis → 01 ano da tradição.
Produtos duráveis → 90 dias da
constatação ou entrega.

I) EVICÇÃO (arts. 447/457, CC)


Como vimos, o alienante tem o dever de garantir ao adquirente a posse
justa da coisa transmitida, defendendo-a de eventuais pretensões de terceiros.
Por isso a lei a protege de eventual evicção (do latim, evictione: ato ou efeito de
vencer). A evicção ocorre quando o adquirente de coisa móvel ou imóvel, em
contrato oneroso, perde o direito de propriedade, posse ou uso, total ou
parcialmente, geralmente por sentença judicial ou ato de desapropriação, devido
a fato anterior ou contemporâneo à aquisição. É a perda da propriedade de
uma coisa para terceiro (estranho à relação contratual), em razão de ato jurídico
anterior e em virtude de uma sentença judicial (evincere = ser vencido).
Exemplo clássico: A vende para B uma fazenda. Quando B toma posse do imóvel
percebe que uma terceira pessoa (C) já detém a posse daquele imóvel há muitos
anos. B Tenta tirar C do imóvel. Mas este, além de não sair, ainda ingressa com
uma ação de usucapião. Caso C obtenha a sentença judicial de usucapião, B
perderá o imóvel. Vejam: B pagou pelo imóvel e o perdeu em uma ação judicial.
Isto é a evicção. Na hipótese concreta, A fica obrigado a indenizar B. Observem
neste exemplo que:
A → é o alienante, aquele que transferiu a coisa viciada, de forma onerosa.
Em regra ele não tem conhecimento de que coisa era litigiosa. É o responsável
pela evicção.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 41


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
B → é o evicto (adquirente ou evencido), aquele que perdeu a coisa adquirida,
em virtude da sentença judicial. Sofre a evicção.
C → é o evictor (ou evencente), aquele que reivindicou a coisa e a adquiriu
porque ganhou a ação judicial.
Toda pessoa, ao transferir o domínio, a posse, ou o uso a terceiro, nos
contratos onerosos, deve resguardar o adquirente contra os riscos de evicção.
Trata-se de uma obrigação de fazer, a cargo do alienante, que nasce com o próprio
contrato. Se ocorrer a evicção estamos diante de uma inexecução contratual, pois
eu paguei pela coisa e não a recebi; ou a recebi, mas perdi logo a seguir por
determinação judicial. A lei protege quem sofre a evicção, daí ser o alienante
(como regra) responsável pelos riscos da evicção.
REGRAS: o alienante, nos contratos onerosos (ex.: compra e venda,
troca e até nas doações com encargo), responde pelos riscos da evicção, ainda
que tenha adquirido o bem em hasta pública (art. 447, 2a parte, CC). Assim,
se uma pessoa arrematar um bem móvel em um leilão, ou bem imóvel em uma
praça, e, após a arrematação e expedição da carta (comprobatória de seu direito)
vier a ser demandada numa ação e perder esta demanda, poderá exercer o seu
direito de regresso contra o devedor, de cujo patrimônio se originou o bem levado
à hasta. Subsiste para o alienante a obrigação, ainda que a coisa alienada esteja
deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.

Observações para concurso

01) Se o bem foi adquirido em hasta pública, aplicam-se os efeitos da evicção,


porém não há esta previsão em relação aos vícios redibitórios.
02) Não há responsabilidade para o alienante se a perda resulta de caso fortuito
ou força maior, ainda que estes fatos tenham ocorrido durante a lide. Se o
adquirente sabia que a coisa era litigiosa e assim mesmo aceitou celebrar o
contrato, também não há responsabilidade para o alienante (art. 457, CC).
03) Em princípio, não há responsabilidade pela evicção nos contratos gratuitos,
salvo se expressamente o declarou.
04) A responsabilidade não se funda na má-fé; assim, esta subsiste ainda que o
alienante esteja de boa-fé.
Responsabilidade
A responsabilidade pela evicção não precisa estar expressa no contrato
e também independe de eventual má-fé do alienante, pois ela decorre da lei,
operando-se de pleno direito a partir do momento em que se consuma a perda da
posse ou propriedade do adquirente. Ou seja, se uma pessoa compra uma casa e
o contrato nada fala sobre a evicção, o vendedor (o alienante, o que transfere
onerosamente o domínio, a posse ou o uso da coisa) é automaticamente o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 42


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
responsável pela evicção, obrigando-se a indenizar o comprador (adquirente) com
eventuais prejuízos com a perda da coisa. No entanto, o contrato pode ter uma
previsão expressa sobre a evicção, reforçando, atenuando ou agravando
a responsabilidade (art. 448, CC).
Se o alienante colocar no contrato um item em que ele simplesmente não
responde pela evicção, ainda assim ele responderá pela evicção, sendo que esta
cláusula não terá validade. Isto porque apesar de constar no contrato que o
alienante não responde pela evicção, o adquirente (futuro evicto) não sabia do
risco da evicção ou informado sobre ele, não assumiu este risco. No entanto, neste
caso, a responsabilidade do vendedor consistirá apenas na devolução do preço.
A responsabilidade pode até ser totalmente excluída, desde que tenha
sido pactuada expressamente a cláusula de exclusão e o adquirente tenha sido
informado sobre o risco da evicção (sabia do risco e o aceitou). Art. 457, CC: Não
pode o adquirente (evicto) demandar pela evicção, se sabia que a coisa alheia era
litigiosa.
Situações:
A) Cláusula expressa de exclusão da garantia + Ciência específica do risco
pelo adquirente + Assunção integral do risco pelo adquirente = Isenção total
do alienante da responsabilidade.
B) Cláusula Expressa de exclusão da garantia – Ciência do risco pelo
adquirente ou de ter assumido o risco = Responsabilidade do alienante apenas
pelo preço pago pela coisa evicta.
C) Omissão da Cláusula = Responsabilidade total do alienante + perdas e
danos.
Condições necessárias para a configuração da responsabilidade:
• Onerosidade da aquisição da coisa.
• Perda (total ou parcial) da propriedade ou da posse da coisa adquirida.
• Decisão judicial definitiva (trânsito em julgado) declarando a evicção.
• Anterioridade do direito do evictor (o que ganhou a ação judicial).
• Denunciação à lide.
• Reforço, redução ou exclusão da responsabilidade (arts. 448 e 449, CC).
Direitos do Evicto
• Ingressar com ação contra o alienante (vendedor).
• No caso de evicção total reclamar a restituição integral do preço pago, bem
como os frutos que foi obrigado a restituir, as despesas dos contratos e os
prejuízos que diretamente resultarem da evicção (deve provar quais foram
suas perdas e danos), além das às custas judiciais e honorários do advogado
por ele constituído (art, 450, CC).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 43


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
• Obtenção do valor das benfeitorias necessárias e úteis que não lhe forem
pagas pelo evictor.
• Optar, em caso de evicção parcial entre a rescisão contratual e a restituição
da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido.
• Se o a alienante falecer poderá acionar os herdeiros dele pela evicção.

A evicção pode ser total ou parcial. A parcial ocorre quando a perda é


inferior a 100% do valor da coisa. Já o art. 455, CC fala em evicção parcial
considerável e não-considerável. Mas não estabelece porcentagem para cada caso.
Portanto, tudo vai depender do bom senso do Juiz em um caso concreto. A
doutrina tem entendido como valor considerável aquele situado entre 50% a
99%. Neste caso o adquirente (evicto) pode rescindir o contrato, com todas as
perdas e danos ou exigir a restituição do preço da parte evicta (valor do
desfalque). Evicção não-considerável situa-se entre 1% e 49% do valor da coisa,
sendo que neste caso o evicto pode pleitear somente o valor do desfalque.

Observação. Vamos supor que Abel vendeu um imóvel para Bernardo e


Bernardo vendeu para Caio, sendo que Caio perdeu o imóvel para o real
proprietário (evicção). Pela regra do art. 456 e seu parágrafo único, CC, Caio
(evito) poderia escolher se demandaria o alienante direto (Bernardo) ou qualquer
outro participante da cadeia de alienações (Abel). Isso é chamado de
denunciação à lide per saltum. Ocorre que o art. 1.072, II do Código de
Processo Civil de 2015 revogou expressamente esse dispositivo, sendo que o art.
125, I, desse Código atualmente determina que o evicto somente pode
demandar o alienante imediato (Bernardo) no processo relativo à coisa cujo
domínio foi transferido, sendo que o alienante imediato (Bernardo) aciona aquele
com teve eventualmente uma relação jurídica (Abel) e assim por diante,
estabelecendo uma regra de denunciações sucessivas. Portanto, atualmente,
proíbe-se a denunciação per saltum.

J) CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (arts. 467/471, CC)


Neste tipo de contrato uma das partes (stipulans) tem a faculdade de
indicar outra pessoa (electus) que irá adquirir direitos ou assumir obrigações nele
previstas (salvo se a obrigação for personalíssima), desde o momento em que foi
celebrado. A indicação deve ser comunicada por escrito à outra parte
(promittens) no prazo de cinco dias da conclusão do contrato (salvo se outro
prazo for estipulado). Exemplo: “A” e “B” celebram um contrato estabelecendo
que “C” poderá substituir “A” (por indicação deste). A aceitação da pessoa
nomeada somente será eficaz se for revestida da mesma forma que as partes
usaram para o contrato. Quando da celebração desse contrato final a pessoa
nomeada passa a ter todos os direitos e deveres do contrato original a partir da
celebração do primeiro (efeito ex tunc), sendo tido como contratante originário e
desaparecendo a relação contratual em relação àquele que fez a indicação.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 44


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
O contrato será eficaz entre os contratantes originários: a) se não
houver indicação da pessoa a declarar; b) se o nomeado se recusar a aceitar a
nomeação; c) se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia
no momento da indicação. Nestas situações a cláusula de reserva de nomeação
será ineficaz, prevalecendo o contrato original.
No contrato final estabelece-se uma cláusula chamada pro amico eligendo
(para o amigo escolhido). Este procedimento é usado na seguinte situação: Alberto
quer comprar um apartamento de Bernardo. No entanto Alberto já tem para quem
revender o apartamento. Assim ele indica Carlos como sendo o destinatário final.
Assim, ao invés de se fazer dois instrumentos, pagar dois impostos de
transmissão, etc. (de Bernardo para Alberto e deste para Carlos), faz-se apenas
um só, direto para Carlos. Também pode ser usada por quem não deseja ser
identificado no início do contrato (ex.: para evitar especulação e aumento no preço
do bem a ser adquirido).

EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL

Há uma grande divergência doutrinária sobre as terminologias


referentes aos modos extintivos dos contratos, pois não há uma sistematização
legal. Adotamos a classificação da Professora Maria Helena Diniz, pois é a que vem
caindo nos concursos.
O adimplemento espontâneo (também chamado de execução,
cumprimento ou satisfação obrigacional) do contrato é o modo normal ou
natural de extinção de um contrato. Nesse caso o vínculo contratual se
extingue com o cumprimento do pactuado; pela verificação de circunstância
prevista pelas partes, sendo os efeitos são ex nunc (não retroagem). Ex.: na
compra e venda a relação se extingue com o pagamento e a entrega do bem. O
devedor executa a prestação e o credor atesta o cumprimento através da
quitação (prova de que houve o pagamento). Se a quitação não lhe for entregue
ou se lhe for oferecida de forma irregular, o devedor poderá reter o pagamento
(sem que se configure a mora) ou efetuar a consignação em pagamento.
No entanto, levando-se em consideração determinadas situações fáticas, um
contrato pode ser extinto antes de seu cumprimento, ou no decurso deste. São as
chamadas causas anteriores ou contemporâneas ao nascimento do contrato ou
supervenientes à sua formação, as quais a doutrina chama de cessação da
produção dos efeitos do contrato de forma anormal. Vejamos:

A) CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS


• Nulidade: é uma sanção pela qual se retira os efeitos do contrato porque não
houve a observância de normas jurídicas atinentes a seus requisitos subjetivos,

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 45


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
objetivos e formais (capacidade, objeto, consentimento, forma, etc.). Ela pode
ser: a) absoluta (arts. 166 e 167, CC): é a nulidade de pleno direito; o
contrato não produz efeitos desde sua formação (efeito ex tunc); não pode ser
confirmado nem se convalesce com o decurso de prazo. Ex.: absolutamente
incapazes, objeto ilícito, etc.; b) relativa ou anulabilidade (art. 171, CC): os
efeitos subsistirão até a data de sua anulação (ex nunc); produz efeitos durante
todo esse tempo, admitindo a confirmação e purificando-se pelo decurso de
prazo se não alegada no momento correto. Ex.: relativamente incapazes, erro,
dolo, etc.
• Condição resolutiva: a) expressa (art. 474, CC): os contratantes podem
estipular no contrato a cláusula de forma expressa no contrato; trata-se do
pacto comissório convencional (ex.: caso o preço não seja pago no dia “x” o
contrato será extinto); b) tácita (art. 475, CC): está implícita em todo contrato
bilateral, já que há uma correlação entre prestação e contraprestação, por isso,
a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato. Obs.:
a expressa opera-se de pleno direito, independentemente de qualquer
intervenção judicial; já a tácita depende de pronunciamento judicial para que
seja efetivada.
• Arrependimento: um contrato pode conter cláusula prevendo a possibilidade
das partes se arrependerem; assim qualquer dos contratantes pode exercer tal
direito, extinguindo o contrato, mediante declaração unilateral de vontade.
Geralmente são previstas arras penitenciais. O arrependimento deve ser
manifestado dentro do prazo contratualmente fixado, ou, não havendo esta
previsão, antes da execução do contrato, pois uma vez cumprida a prestação,
ocorre a renúncia ao direito de arrependimento (bem como a extinção do
contrato pelo seu cumprimento). Esse direito pode também decorrer da lei. Ex.:
o art. 49, CDC permite ao consumidor a desistência do contrato, dentro de sete
dias (contados da assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço),
sempre que a contratação se der fora do estabelecimento comercial, sendo os
valores pagos devolvidos de forma atualizada.
• Redibição: trata-se de um exemplo de extinção contratual por causa anterior
à celebração do contrato, pois ocorreu um defeito oculto na coisa tornando-a
imprópria para o uso a que se destina. Dependendo da extinção do vício pode
gerar a extinção do contrato (devolução da coisa e do dinheiro). Mas nem
sempre isso ocorre, pois em alguns casos pode haver a simples diminuição no
valor da venda.

B) CAUSAS SUPERVENIENTES
Devemos reforçar: embora não haja um posicionamento unânime sobre o
tema, costuma-se afirmar que a rescisão é o gênero, sendo a resolução e a
resilição suas espécies. Vejamos.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 46


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
• Resolução por inexecução voluntária: a prestação não é cumprida por
inadimplemento culposo do devedor. Sujeita o inadimplente ao
ressarcimento por todas as perdas e danos materiais (danos emergentes e
lucros cessantes) e morais. Neste caso haverá efeitos ex tunc se se tratar de
contrato de execução única (todas as consequências do contrato são
canceladas, acarretando no dever de devolução dos valores já recebidos) e
ex nunc se for de execução continuada (não atinge o passado, não havendo
restituição dos valores).
• Resolução por inexecução involuntária: a prestação não é cumprida, sem
que haja culpa do devedor, por fatos alheios à vontade da parte que a
impedem de cumprir com a sua prestação (força maior ou caso fortuito).
Afasta-se qualquer indenização por perdas e danos; tudo volta como era
antes; se houve qualquer tipo de pagamento antecipado, a quantia deve ser
restituída.
• Resolução por onerosidade excessiva: tem aplicação no caso em que o
contrato é comutativo, de execução continuada ou diferida e ocorre um evento
extraordinário e imprevisível (à data da celebração do contrato), que
impossibilita ou dificulta extremamente o adimplemento do contrato,
tornando excessivamente onerosa a prestação de uma das partes (com
extrema vantagem para a outra). Trata-se da aplicação da Teoria da
Imprevisão (cláusula rebus sic stantibus), que já vimos mais acima.
Provadas as condições pode haver a rescisão contratual ou a revisão das
prestações. Têm-se entendido, em atenção ao princípio da conservação dos
negócios jurídicos, que deve-se conduzir, sempre que possível, à revisão dos
contratos e não à resolução. O art. 478, CC trata da resolução do contrato.
O art. 479, CC trata da revisão por acordo entre as partes. Já o art. 480,
CC trata da revisão por decisão judicial.
• Resilição bilateral ou distrato: trata-se de um novo contrato em que
ambas as partes, de forma consensual, acordam pôr fim ao contrato anterior
que firmaram. O distrato submete-se às mesmas regras e formas relativas
ao contrato, conforme estabelece o art. 472, CC, produzindo efeitos ex nunc,
não podendo prejudicar terceiros de boa-fé.
• Resilição unilateral: há contratos que admitem dissolução pela simples
declaração de vontade de uma das partes (também chamada de denúncia
vazia). Só ocorre excepcionalmente. Os exemplos clássicos ocorrem no
mandato, no comodato e no depósito. Pode assumir a feição de resgate,
renúncia ou revogação. Quem revoga é o mandante, comodante ou
depositante. Quem renuncia é o mandatário, comodatário ou depositário.
Produz efeitos ex nunc.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 47


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
• Morte de um dos contraentes: como regra, morrendo um dos contratantes,
a obrigação se transmite aos seus herdeiros, até o limite das forças da
herança. No entanto, nas obrigações personalíssimas (intuitu personae) a
morte é causa extintiva do vínculo. Digamos que eu tenha contratado uma
pessoa famosa para pintar um mural, levando-se em conta suas qualidades
pessoais. Morrendo esta pessoa, a obrigação não se transmite a seus
herdeiros, uma vez que estes não possuem aquelas “qualidades”. Neste caso,
o contrato se extingue de pleno direito, com efeitos ex nunc.

Resumo Esquemático da Aula

I. CONCEITO → Acordo de vontades (negócio jurídico bilateral ou plurilateral) que visa


aquisição, resguardo, transformação, modificação ou extinção de relações jurídicas de
natureza patrimonial.

II. ELEMENTOS ESSENCIAIS


• Duas ou mais pessoas (naturais ou jurídicas).
• Capacidade plena das partes (representação ou assistência dos incapazes).
• Consentimento sem vícios.
• Objeto lícito, possível determinado ou determinável e economicamente apreciável.
• Forma prescrita ou não defesa em lei.

III. PRINCÍPIOS
Autonomia da vontade (consensualismo ou autonomia privada): liberdade
para contratar com quem quiser, a espécie contratual e o conteúdo das estipulações
como melhor lhes convier. Regra: é lícito tudo o que não for proibido. Não se trata
de um princípio absoluto (há muitas exceções).
Observância (supremacia) das normas de ordem pública: trata-se de uma
limitação ao princípio anterior, pois a liberdade de contratar encontra restrições
na lei (ordem pública), nas normas impositivas e que visam o interesse coletivo,
sobre o interesse individual. Ex.: proibição de contrato envolvendo herança de
pessoa viva (pacta corvina – art. 426, CC).
Obrigatoriedade das convenções (pacta sunt servanda): se as partes assumiram
obrigações, devem cumprir fielmente o pactuado, sob pena de execução patrimonial,
pois ”o contrato faz lei entre as partes”. Em regra, o simples acordo de duas ou
mais vontades é suficiente para gerar o contrato (princípio do consensualismo) e
vincular as partes ao cumprimento das obrigações pactuadas. Esse princípio vem
sendo abrandado (sem ter sido revogado), atenuando-se a força vinculante das
convenções, ante o equilíbrio contratual que deve prevalecer.
Relatividade dos efeitos: o contrato, como regra, só vincula as partes que nele
intervierem (efeito inter partes). Não é um princípio absoluto; vem sendo mitigado
(ex.: estipulação em favor de terceiros).
Equivalência material das prestações: os direitos e deveres entre os
contratantes devem guardar certo equilíbrio entre si.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 48


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Boa-fé objetiva: as partes devem agir conforme um padrão ético de conduta
(lealdade, honestidade e confiança recíprocas). Fundamento básico: art. 422, CC:
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Impede-se o exercício
abusivo de direito por parte de algum dos contratantes. Enunciado n° 25 da I
Jornada de Direito Civil do CJF: “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação,
pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. Funções
reativas: havendo violação ou ameaça de violação à boa-fé objetiva, surgem
situações em que podem ser invocadas as chamadas figuras parcelares ou
desdobramentos da boa-fé objetiva. São elas: a) nemo potest venire contra
factum proprium (proibição de comportamento contraditório ou teoria dos atos
próprios): o comportamento de cada uma das partes deve apresentar coerência de
modo a não surpreender o outro contratante com uma mudança repentina; b)
Supressio: é na perda (supressão) de um direito pela falta de seu exercício por
razoável lapso temporal; c) Surrectio: corresponde ao surgimento de um direito
exigível pelo outro sujeito da mesma relação jurídica; d) Tu quoque (até tu?):
situações em que em que uma das partes adota comportamento oposto ao seu
próprio comportamento. Boa-Fé Objetiva (regra ética de conduta; analisa-se
externamente, se a pessoa agiu de acordo com os padrões de comportamento de
lisura, honestidade e correção) X Boa-fé Subjetiva (estado de ânimo; ignorância
de vícios que maculam o negócio jurídico; analisa-se internamente, se a pessoa tinha
ciência ou não que a conduta era correta).
Função social do contrato: a liberdade de contratar será exercida em razão e nos
limites da função social do contrato; tentativa de reduzir as desigualdades
substanciais entre os contratantes (equilíbrio contratual); prevalência do
interesse coletivo sobre o individual dos contratantes. Subprincípios: a)
Dignidade da pessoa humana: ser humano é sujeito e não objeto de direito; b)
Interpretação: atem-se mais à intenção do que o sentido literal das disposições
escritas; c) Justiça Contratual: o contrato passa a ser um instrumento a serviço
do bem comum, de promoção do interesse social. Funções: a) abrandar a força
obrigatória do contrato; b) coibir cláusulas abusivas; c) possibilitar (sempre que
possível) a conservação do contrato e o seu equilíbrio; d) possibilitar a revisão do
contrato quando o mesmo contiver alguma onerosidade excessiva.

IV. FORMAÇÃO → conjugação de pelo menos duas vontades (bilateral): a) Proposta


(oferta ou policitação): é a declaração de vontade dirigida por uma parte à outra com a
intenção de provocar uma adesão do destinatário; b) Aceitação. Regra: feita a proposta,
vincula o proponente (art. 427, CC). Exceções: art. 428, CC.

V. MOMENTO DA CELEBRAÇÃO
• Entre presentes → momento da aceitação da proposta.
• Entre ausentes → teoria da expedição da aceitação (art. 434, CC): momento
em que a aceitação é expedida (contratos epistolares: cartas).

VI. LOCAL DA CELEBRAÇÃO


Regra dispositiva (admite-se convenção em contrário): art. 435, CC → reputa-se
celebrado no lugar em que foi proposto. Ver também o art. 9°, §2°, LINDB (residência
do proponente).

VII. CLASSIFICAÇÃO
• Unilaterais: apenas um dos contratantes assume obrigações em face do outro.
Bilaterais ou sinalagmáticos: direitos e obrigações para ambas as partes.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 49


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
• Onerosos: traz vantagens para ambas as partes, que também sofrem um sacrifício
patrimonial correspondentes. Gratuitos: oneram somente uma das partes. Em
regra, os contratos bilaterais são também onerosos. E os unilaterais são gratuitos.
Exceção: mútuo sujeito a juros – obriga a devolução da quantia emprestada
(contrato unilateral) devendo-se pagar os juros (contrato oneroso).
• Comutativos: prestações de ambas as partes são conhecidas e guardam relação
de equivalência. Aleatórios: uma das prestações não é conhecida no momento da
celebração do contrato, dependendo de um risco futuro e incerto (seguro do carro;
convênio médico). Emptio spei (risco sobre a existência da coisa). Emptio rei
speratae (risco sobre a quantidade da coisa).
• Nominados (típicos): possuem denominação e regulamentação previstas em lei.
Inominados (atípicos): contratos criados pelas partes (autonomia das vontades),
não havendo tipificação legal, desde que não contrariem a lei e os bons costumes.
Art. 425, CC: as partes podem estipular contratos atípicos, observadas as normas
gerais fixadas no próprio Código.
• Paritários: os interessados podem discutir as cláusulas contratuais em pé de
igualdade. De (ou por) Adesão: uma das partes somente adere às cláusulas já
estabelecidas pela outra. Arts. 423 e 424, CC: havendo cláusulas ambíguas ou
contraditórias adota-se a interpretação mais favorável ao aderente; nulas são as
cláusulas que estipulem renúncia antecipada de direito do aderente.
• Consensuais: perfazem-se pelo simples acordo de vontades sem necessidade de
outro ato; Solenes: a lei exige forma especial para sua celebração (compra e venda
de imóveis); Reais: perfazem-se com a entrega da coisa por um dos contratantes
(mútuo, depósito).
• Execução instantânea (ou imediata): consumam-se em um só ato, sendo
cumpridos imediatamente após a sua celebração. Execução diferida: também
devem ser cumpridos em um só ato, mas em um momento posterior à celebração
do contrato. Trato sucessivo (execução continuada ou periódica): são cumpridos
por meio de atos reiterados (locação, prestação de serviços).
• Principais: existem por si, exercendo sua função independentemente de outro
(compra e venda, locação). Acessórios: sua existência supõe a do principal, pois
visam assegurar sua execução (ex.: fiança).
• Pessoais (intuitu personae): a pessoa do contratante é fundamental para a sua
realização. Impessoais: a pessoa do contratante é indiferente para a conclusão
do negócio.

VIII. EFEITOS DO CONTRATO


A) Exceptio non adimpleti contractus (exceção de contrato não cumprido: arts. 476
e 477, CC) → regra nos contratos bilaterais: nenhum dos contratantes poderá, antes
de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro (dependência recíproca das prestações
simultâneas). Variação: exceptio non rite adimpleti contractus (cumprimento
incompleto, defeituoso ou inexato da prestação). Cláusula solve et repete → torna
a exigibilidade da prestação imune a qualquer pretensão contrária do devedor; trata-
se da renúncia da exceptio non adimpleti contractus.
B) Direito de retenção → permite ao credor conservar coisa alheia em seu poder
além do momento em que deveria restituir, até o pagamento do que lhe é devido (ex.:
direito de reter a posse – de boa-fé – até a indenização de uma benfeitoria necessária
realizada no bem).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 50


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
C) Revisão dos contratos (arts. 478 a 480, CC) → Teoria da Imprevisão.
Onerosidade excessiva. Rebus sic Stantibus. Excepcionalmente, admite-se a revisão
judicial dos contratos (onerosos e de trato sucessivo) quando uma das partes vem
a ser prejudicada sensivelmente por uma alteração imprevista da conjuntura
econômica. O evento extraordinário é imprevisto, que dificulta o adimplemento da
obrigação, é motivo de resolução contratual por onerosidade excessiva. A parte
lesada ingressa em juízo pedindo a rescisão do contrato ou a alteração equitativa das
condições do contrato.
D) Regra dos contratos gratuitos → devem ser interpretados de forma restritiva.
E) Arras ou Sinal → entrega de quantia em dinheiro ou outra coisa móvel fungível
feita de uma parte à outra como prova de conclusão do contrato; é princípio de
pagamento e assegura o cumprimento da obrigação. Arrependimento não previsto
(regra) → arras confirmatórias (arts. 417 a 419, CC), impedindo o arrependimento,
sendo o contrato obrigatório. Arrependimento previsto → arras penitenciais (art.
420, CC), permite-se o arrependimento (contrato resolúvel); atenuam a força
obrigatória do contrato e funcionam apenas como indenização pela não realização do
negócio, não havendo indenização suplementar.
F) Estipulação em Favor de Terceiros (arts. 433 a 438, CC) → uma pessoa
(estipulante) convenciona com outra (promitente) certa vantagem patrimonial em
proveito de terceiro (beneficiário). Tanto o estipulante, como o beneficiário podem
exigir o cumprimento da obrigação.
G) Promessa de Fato de Terceiro (arts. 439 e 440, CC) → uma pessoa se
compromete para que um terceiro pratique determinada conduta (com ou sem o
conhecimento ou consentimento deste). A promessa não vincula o terceiro, salvo
declaração de vontade deste. Se o terceiro realizar a prestação, estará cumprida a
obrigação do devedor primário; se o terceiro não cumprir o devedor primário será
inadimplente obrigação, resolvendo-se em perdas e danos.
H) Vício Redibitório (arts. 441 a 446, CC) → vício ou defeito oculto na coisa, objeto
de contrato comutativo, que a tornam imprópria para o uso a que se destina ou lhe
diminui o valor de forma que o negócio não se realizaria caso fosse conhecido.
Também previsto no CDC (vícios do produto), que tem maior abrangência (consultar
gráfico comparativo na mídia correspondente). Redibir = restituir coisa defeituosa.
Ações Edilícias: a) Redibitória: rescinde-se o contrato; devolve a coisa, reavendo o
preço pago; b) Estimatória: abatimento proporcional do preço. Situações. Se o
alienante sabia do defeito agiu de má-fé: restitui o valor que recebeu, mais perdas e
danos. Se o alienante não sabia do defeito: restitui apenas o valor recebido, mais
eventuais despesas do contrato (sem perdas e danos). Decadência no Código Civil:
a) 30 dias: bens móveis; b) 1 ano: bens imóveis
I) Evicção (arts. 447 a 457, CC) → perda pelo adquirente (evicto) de determinada
coisa em virtude de sentença judicial, que atribuiu a outrem (evictor) por causa jurídica
preexistente ao contrato, reconhecendo que o alienante não era o titular legítimo do
direito que transferiu. Exemplo: usucapião. Nos contratos onerosos o alienante
responde pela evicção. Direitos do evicto: a) ingressar com ação requerendo a
restituição integral do preço que pagou; b) indenização pelas despesas de contrato e
pelos prejuízos que resultara; c) custas judiciais e honorários advocatícios. Obs.: as
partes podem, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção. Situações: a) Cláusula de exclusão, mais Ciência do risco, mais
Assunção do risco = Isenção total de responsabilidade; b) Cláusula de exclusão menos
Ciência do risco pelo adquirente ou de ter assumido o risco = Responsabilidade pelo

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 51


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
preço pago pela coisa; c) Omissão da Cláusula = Responsabilidade total mais perdas
e danos.
J) Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471, CC) → uma das partes
(stipulans) tem a faculdade de indicar outra pessoa (electus) que irá adquirir direitos
ou assumir obrigações nele previstas (salvo se a obrigação for personalíssima), desde
o momento em que foi celebrado. A indicação deve ser comunicada por escrito à
outra parte (promittens) no prazo de cinco dias da conclusão do contrato (salvo se
outro prazo for estipulado).

IX. EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL


1) Normal (ou natural) → Execução (cumprimento do pactuado; adimplemento do
contrato): quem cumpre tem direito à quitação. Pode ser instantânea, diferida ou
continuada. Efeitos ex nunc (não retroagem).
2) Extinção Anormal (sem o adimplemento contratual)
a) Causas anteriores ou contemporâneas ao contrato: a) nulidade (absoluta
ou relativa); b) condição resolutiva (tácita ou expressa); c) direito de
arrependimento (previsto no contrato); d) redibição (defeito oculto na coisa).
b) Causas supervenientes à formação dos contratos: a) resolução: decorrente
do inadimplemento ou descumprimento contratual, podendo ser voluntário ou
involuntário (há também a hipótese da resolução por onerosidade excessiva); b)
resilição: não há mais interesse das partes, podendo ser bilateral (distrato) ou
unilateral (denúncia) nos casos em que a lei o permita (mandato); c) morte de um
dos contratantes nas obrigações personalíssimas.

X. ATOS UNILATERAIS (Declaração Unilateral de Vontade) → Promessa de


Recompensa (arts. 854/860, CC); Gestão de Negócios (arts. 861/875, CC); Pagamento
Indevido (arts. 876/883, CC); Enriquecimento sem Causa (arts. 884/886, CC); Títulos de
Crédito (arts. 887/926, CC): ao portador, à ordem e nominativo.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:

DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.


FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil.
Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito
Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora
Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 52


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

Exercícios Comentados Específicos da Banca


Fundação Getúlio Vargas

01) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Fernanda celebrou


contrato de conta corrente com determinada entidade bancária. Ao
receber o instrumento do contrato ao qual aderiu, percebeu algumas
ambiguidades e contradições em determinadas cláusulas relativas às
tarifas bancárias. É CORRETO afirmar, nesse caso, que:
(A) as mencionadas cláusulas contratuais devem ser interpretadas mais
favoravelmente a Fernanda.
(B) as mencionadas cláusulas contratuais devem ser interpretadas mais
favoravelmente à entidade bancária.
(C) o contrato é nulo.
(D) o contrato é juridicamente inexistente.
(E) as mencionadas cláusulas contratuais serão nulas de pleno direito.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 423, CC: Quando houver no contrato de adesão
cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais
favorável ao aderente. Gabarito: “A”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 53


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
02) (FGV – TJ/BA – Analista Judiciário – 2015) Maurício, pretendendo vender
um violino que recebera em doação feita por sua avó, quando ainda estava viva,
publicou anúncio em um site de vendas, apresentando a marca do instrumento e
as especificações, inclusive o ano de fabricação, o modelo e o estado de
conservação. Anexou a fotografia do instrumento e fez constar do anúncio o preço
no valor de dois mil reais. Vários contatos foram feitos, sendo que, no mesmo dia
em que foi divulgada a publicidade, Vanildo, músico profissional, se dirigiu à
residência de Maurício, com os dois mil reais em dinheiro, para aquisição do bem.
Acontece que Maurício, impressionado com o grande número de contatos feitos
em decorrência da publicação do anúncio, declarou para Vanildo que não realizaria
a venda naquele momento, pois gostaria de aguardar uma oferta mais vantajosa.
Nesse caso, pode-se afirmar que:
(A) é direito potestativo de Maurício manifestar arrependimento pela oferta, sem
qualquer consequência jurídica, já que o contrato não chegou a ser formalizado;
(B) houve celebração do contrato, já que a oferta ao público equivale à proposta,
havendo, contudo, direito ao arrependimento, desde que Vanildo seja indenizado
pelas perdas e danos;
(C) é direito potestativo de Maurício manifestar arrependimento pela oferta, já
que o contrato não chegou a ser formalizado, ficando, contudo, obrigado a
indenizar Vanildo pelas perdas e danos sofridos;
(D) é direito subjetivo de Maurício manifestar arrependimento pela oferta, já que
o contrato não chegou a ser formalizado, ficando, contudo, obrigado a indenizar
Vanildo pelas perdas e danos sofridos;
(E) houve celebração do contrato, já que a oferta ao público equivale à proposta,
sendo, portanto, obrigatória, não havendo direito ao arrependimento.
COMENTÁRIOS. Segundo a regra estampada no art. 427, CC, a proposta de
contrato obriga o proponente. Portanto, a princípio, Maurício ficou vinculado à sua
proposta. É certo que o art. 428, CC arrola algumas hipóteses excepcionais em
que a proposta deixaria de ser obrigatória. Mas nenhuma delas se encaixa na
situação da questão. E ainda que a proposta de Maurício seja considerada como
“oferta ao público”, ela equivale a uma proposta normal de contrato (salvo se o
contrário resultar das circunstâncias ou dos usos, o que não é a hipótese tratada).
É certo que a oferta pode ser corrigida, revogada ou cancelada pela mesma via de
sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada, o que
também não foi a hipótese da questão. Desta forma, havendo a conjunção entre
as duas vontades, coincidentes e contrapostas (Maurício = proponente ou
policitante e Vanildo = aceitante ou oblato), o contrato está perfeito, não havendo
possibilidade de arrependimento. Gabarito: “E”.

03) (FGV – Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro – Estágio


Forense – 2014) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta como:
(A) norma de conduta leal e ética aplicável às obrigações contratuais, sentido
idêntico ao utilizado, em matéria de direitos reais, na classificação da posse como
sendo de boa-fé ou de má-fé;

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 54


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(B) um estado psicológico pelo qual o agente, de forma crédula, desconhece as
reais circunstâncias do ato praticado;
(C) ausência de má-fé;
(D) tendo conteúdo idêntico ao da boa-fé subjetiva;
(E) norma de conduta de acordo com os ideais de honestidade e lealdade,
devendo as partes contratuais agir conforme um modelo de conduta social,
sempre respeitando a confiança e os interesses do outro.
COMENTÁRIOS. A chamada boa-fé objetiva se acha inserida no atual Código
Civil, como um princípio de cunho social, estampado na cláusula geral disposta no
art. 422, CC. Segundo essa regra, exige-se que as partes contratantes
mantenham um comportamento pautado na lealdade, honestidade, transparência
e na confiança que as partes depositam quando da celebração de um contrato, de
modo a não se frustrar as justas expectativas da parte contrária. Não se deve
confundir com a boa-fé subjetiva, que é o estado de consciência ou a crença do
sujeito de estar agindo em conformidade com as normas do ordenamento jurídico.
Também difere do conceito utilizado para a classificação da posse (em boa ou má-
fé). Gabarito: “E”.

04) (FGV – DPE/RJ – Técnico Superior Jurídico – 2014) Fabrício ofereceu


verbalmente uma mesa usada a Eduardo, pelo preço de trezentos reais,
pagamento à vista, em dinheiro. Eduardo respondeu positivamente. É
CORRETO afirmar que o contrato
(A) não foi celebrado, porque não houve formalidade essencial à venda.
(B) não foi celebrado, porque não houve a entrega do bem.
(C) foi celebrado, pois houve proposta e aceitação.
(D) foi celebrado, mas é ineficaz até a entrega da mesa.
(E) foi celebrado, mas é rescindível até a entrega da mesa.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 427, CC: A proposta de contrato obriga o
proponente, se o contrario não resultar dos termos dela, da natureza do negócio,
ou das circunstâncias do caso. Complementa o art. 482, CC: A compra e venda,
quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes
acordarem no objeto e no preço. De fato, um contrato integraliza-se pelo mútuo
consentimento, ou seja, pela vontade das partes que pode ser verbal ou escrita.
Em alguns casos a manifestação de vontade deve ser escrita (venda de imóveis,
renúncia à herança, etc.). É certo que um contrato escrito dá mais segurança às
partes em relação à existência do próprio contrato, às cláusulas estabelecidas, etc.
No entanto os contratos verbais são corriqueiros, como no caso de venda de bens
móveis (a mesa da questão). Nesses casos o contrato de compra e venda é
consensual, pois ele se aperfeiçoa com o simples consenso (proposta e aceitação),
independentemente de qualquer formalização escrita. Gabarito: “C”.

05) (FGV – Defensoria Pública do Distrito Federal – Analista de Apoio à


Assistência Judiciária – 2014) Cícero enviou proposta de celebração de
contrato de prestação de serviços para Célio, estabelecendo um prazo de
cinco dias para a resposta. Fez constar da proposta que o contrato estará

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 55


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
celebrado na hipótese de Célio deixar de emitir resposta no prazo
assinalado. Caso Célio realmente não responda à proposta, pode-se
afirmar que:
(A) não houve formação do contrato.
(B) houve formação do contrato em decorrência da manifestação presumida da
vontade de Célio.
(C) houve formação do contrato em decorrência da manifestação tácita da
vontade de Célio.
(D) houve formação do contrato em decorrência da manifestação expressa da
vontade de Célio.
(E) apesar da formação do contrato em virtude da manifestação tácita da
vontade, o negócio é relativamente ineficaz perante Célio.
COMENTÁRIOS. O silêncio não pode ser confundido com consentimento tácito
com efeito vinculativo, pois o silêncio, não sendo nem afirmação, nem negação,
não pode ser considerado como manifestação tácita do querer, em especial em
um contrato de prestação de serviços como na questão. Somente se admite o
silêncio como anuência em circunstâncias especiais, como no caso do art. 111,
CC, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a
declaração de vontade expressa. Além disso, estabelece o art. 434, III, CC que:
Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é
expedida, exceto se ela não chegar no prazo convencionado. Gabarito: “A”.

06) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) A respeito


da formação dos contratos, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
(B) a proposta deixa de ser obrigatória se, feita sem prazo a pessoa presente,
não foi imediatamente aceita.
(C) será considerada nova proposta a aceitação fora do prazo, com adições,
restrições, ou modificações.
(D) a proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
(E) continua sendo obrigatória a proposta mesmo se, antes dela, ou
simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do
proponente.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 435, CC. A letra “b”
está correta nos termos do art. 428, I, CC. A letra “c” está correta nos termos do
art. 431, CC. A letra “d” está correta nos termos do art. 427, CC. A letra “e” está
errada, pois estabelece o art. 427, II, CC que deixa de ser obrigatória a proposta
(...) se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte
a retratação do proponente. Gabarito: “E”.

07) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) Nos


contratos, os indivíduos devem observar os princípios da probidade e boa-
fé. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 56


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
contrato. Nesse contexto, assinale a alternativa CORRETA, de acordo com
o Código Civil.
(A) as partes não podem, em qualquer hipótese, reforçar, diminuir ou excluir
responsabilidade pela evicção.
(B) as cláusulas resolutivas, expressas ou tácitas, operam-se de pleno direito.
(C) nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes poderá exigir, antes de
cumprida sua obrigação, o implemento da do outro.
(D) admite-se que a herança de pessoa viva possa ser objeto de contrato.
(E) nos contratos de adesão são nulas de pleno direito as cláusulas ambíguas ou
contraditórias.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 448, CC, que as
partes podem, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção. A letra “b” está errada, pois prevê o art. 474, CC
que a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de
interpelação judicial. A letra “c” está correta, pois estabelece o art. 476, CC que
nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro. A letra “d” está errada, pois não
se admite que a herança de uma pessoa viva possa ser objeto de contrato (art.
426, CC). Finalmente a letra “e” está errada, pois quando houver no contrato de
adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação
mais favorável ao aderente (art. 423, CC). Por outro lado, nestas espécies de
contrato, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente
a direito resultante da natureza do negócio (art. 424, CC). Gabarito: “C”.

08) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Embora sujeito às constantes


mutações e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito
tradicional de contrato sugere que ele representa o acordo de vontades
estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Tomando por
base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é lícita,
pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não expressamente
regulamentados por lei.
(B) a atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra específica
prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a herança de pessoa
viva, seja por meio de contrato típico ou não.
(C) a liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato e os
contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua execução, os
princípios da probidade e da boa‐fé subjetiva, princípios esses ligados ao
voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso Código Civil.
(D) será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver
cláusulas ambíguas ou contraditórias.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 425, CC que é
lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas
no Código. A letra “b” está correta, pois estabelece o art. 426, CC que não pode

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 57


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. A letra “c” está errada. De fato,
a liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato e os contratantes
deverão guardar, assim na conclusão, como em sua execução, os princípios da
probidade e da boa‐fé objetiva (e não subjetiva). Ocorre que esses princípios são
mais ligados ao dirigismo (e não voluntarismo) além do bem estar social e coletivo
(e não individualismo). A letra “d” está errada, pois nos termos do art. 423, CC,
quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Gabarito: “B”.

09) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) O contrato de fiança, inserido


em contrato formulário de adesão, que contenha cláusula de renúncia
antecipada de benefício de ordem é considerado:
(A) irregular.
(B) ineficaz.
(C) anulável.
(D) legítimo.
(E) nulo.
COMENTÁRIOS. Como na hipótese a fiança foi estabelecida em um contrato de
adesão, renunciando de forma antecipada o benefício de ordem, tal cláusula deve
ser considerada nula, nos termos do art. 424, CC: nos contratos de adesão, são
nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente (no caso o
fiador) a direito resultante da natureza do negócio. Gabarito: “E”.

10) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ –


2010) Em relação aos contratos, é CORRETO afirmar que
(A) nos casos de onerosidade excessiva superveniente, à parte prejudicada cabe
a possibilidade de resolver o contrato judicialmente, mas não de pleitear a sua
revisão.
(B) há limitações legais ao princípio da liberdade de contratar em razão do
princípio da moralidade. Como exemplo, temos a nulidade da compra, por
servidores públicos, em geral, de bens e direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta, mesmo que
a alienação ocorra em hasta pública.
(C) nos contratos de consumo, o produtor responde objetivamente pelos
produtos postos em circulação, mas o fornecedor de serviços responde sempre
que verificada a existência da sua culpa.
(D) na evicção, em contrato paritário, as partes podem acordar, expressamente,
a exclusão da responsabilidade pela evicção. A consequência desta cláusula é a
assunção integral do risco da evicção pelo evicto, que abre mão do direito de
receber o preço que pagou pela coisa evicta.
(E) na ambiguidade ou contradição das cláusulas de contrato de adesão, a
interpretação adotada será favorável ao aderente, exceto se este apôs qualquer
cláusula no contrato em questão.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. De fato o art. 478, CC permite que o
devedor peça a resolução do contrato. No entanto o art. 479, CC estabelece que

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 58


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
a resolução poderá ser evitada, se a outra parte oferecer para alterar (revisão)
equitativamente as condições do contrato, restabelecendo, com isso, o equilíbrio
contratual. A letra “b” está correta, pois estabelece o art. 497, II CC que, sob pena
de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública, pelos
servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta. Isso decorre
de preceitos éticos nas relações jurídicas e ainda em face do princípio
constitucional da moralidade na Administração Pública. A letra “c” está errada,
pois tanto o produtor (nos termos do art. 12, CDC), como o fornecedor de serviços,
respondem, independentemente da existência de culpa. A letra “d” está errada,
pois estabelece o art. 449, CC que não obstante a cláusula que exclui a garantia
contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou
pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o
assumiu. A letra “e” está errada. De fato o art. 423, CC estabelece que quando
houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente. No entanto, não há qualquer
referência à exceção colocada na alternativa. Gabarito: “B”.

11) (FGV – PGE/RO – Analista da Procuradoria – 2015) Vitor é produtor de


vídeos e consulta a sociedade empresária Videolog Ltda. sobre a comercialização
de um tipo específico de câmera de filmagem. No dia 19 de outubro, Vitor envia
e-mail à Videolog indagando o preço cobrado por cada câmera. Em 22 de outubro,
a Videolog envia e-mail de resposta informando o preço individual de cada câmera.
Em 25 de outubro, Vitor envia outro e-mail, informando que teria interesse em
adquirir o produto e indagando se haveria a possibilidade de desconto se fossem
adquiridas quatro câmeras. Termina esse mesmo e-mail encomendando os
produtos, para entrega em 30 dias. No dia 27 de outubro, a Videolog responde
afirmativamente quanto ao desconto e à entrega em 30 dias, sendo esse e-mail
visualizado por Vitor no dia 30 de outubro. Pode-se considerar que o contrato foi
celebrado entre as partes na seguinte data:
(A) 19 de outubro;
(B) 22 de outubro;
(C) 25 de outubro;
(D) 27 de outubro;
(E) 30 de outubro.
COMENTÁRIOS. Segundo entendimento doutrinário o contrato firmado por e-
mail é entre ausentes. Nesse ponto o Brasil acolheu, como regra, a chamada
teoria da expedição, prevista no art. 434, CC: Os contratos entre ausentes
tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida. Reforça esse ponto porque
houve concordância das partes em relação ao objeto e preço (art. 482, CC). Assim,
levando em consideração que no dia 27 de outubro houve o consenso das partes
em relação ao preço e que nesse dia a Videolog postou a aceitação (muito embora
Vitor somente tenha visualizado a resposta dois dias depois), podemos afirmar
que foi nesta data que o contrato foi realmente celebrado. Gabarito: “D”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 59


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
12) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/RJ –
2008) Paulo emite proposta de venda de seu carro a José. Pouco depois
Paulo vem a falecer. Essa proposta:
(A) é válida e eficaz.
(B) é anulável e ineficaz.
(C) perdeu validade com a morte do proponente.
(D) perdeu eficácia com a morte do proponente.
(E) torna-se inexistente, ante a morte do proponente.
COMENTÁRIOS. Proposta é uma declaração receptícia de vontade dirigida por
uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual
a primeira manifesta a sua intenção de se considerar vinculada se a outra parte
aceitar. Nos termos do art. 427, CC a proposta obriga o proponente, se o contrário
não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso. Segundo a doutrina, tanto a morte do proponente, como a sua eventual
incapacidade e interdição não retira a força vinculante da proposta. Concluindo:
mesmo havendo a morte de Paulo, a proposta continua válida e eficaz, não
perdendo sua obrigatoriedade. Gabarito: “A”.

13) (FGV - Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/RJ –


2008) Quanto ao contrato de execução contínua, é correto afirmar que:
(A) as prestações vencidas e não pagas produzem efeitos ex tunc.
(B) a prescrição atinge por igual todas as parcelas do contrato.
(C) não há liberação de uma das partes, se a outra não pode cumprir o contrato.
(D) pode ser exigido o cumprimento das prestações de forma simultânea.
(E) a nulidade do contrato de prestação contínua não afeta seus efeitos já
produzidos.
COMENTÁRIOS. O contrato de execução contínua ou de trato sucessivo é aquele
satisfeito mediante prestações reiteradas, nos termos do que foi convencionado.
São exemplo deste tipo de contratos os de locação, os de fornecimento de água,
gás, eletricidade, etc. A letra “a” está errada, pois as prestações vencidas e não
pagas produzem efeitos ex nunc (não retroagem) e, consequentemente, não
afetam os efeitos que já foram produzidos. A letra “b” está errada, pois como as
parcelas possuem data de vencimento diferente, a prescrição das parcelas
ocorrerá também em datas diversas. A letra “c” está errada, pois trata de outro
tema, previsto no art. 477, CC. A letra “d” está errada, pois a característica do
contrato de trato sucessivo é a periodicidade das prestações e não a
simultaneidade. Por exclusão a alternativa “e” está correta, nos termos da
explicação referente à letra “a”. Gabarito: “E”.

14) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Por meio de uma promessa de
compra e venda, celebrada por instrumento particular registrada no cartório de
Registro de Imóveis e na qual não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir
no imóvel objeto do contrato e, quando quitou o pagamento, deparou-se com a
recusa do promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel.
Diante do impasse, Juvenal poderá

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 60


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de
compra e venda ter sido celebrada por instrumento particular.
(B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na hipótese.
(C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta.
(D) exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, muito embora
inexistisse previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar.
COMENTÁRIOS. Juvenal realizou uma promessa de compra e venda, que é uma
espécie de contrato preliminar, previsto nos arts. 462 a 466, CC, onde não se
exige a mesma forma do contrato definitivo (pode ser celebrado por meio de
instrumento particular). O contrato não admitia arrependimento e foi registrado.
Por isso, nos termos do art. 463, CC, Juvenal tem o direito de exigir a celebração
do contrato definitivo. Caso a outra parte não cumpra, pode-se requerer ao Juiz
que se supra a vontade do inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato
preliminar (art. 464, CC), havendo a adjudicação do imóvel. Gabarito: “A”.

15) (FGV – Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Pará – 2008)


Analise as afirmativas a seguir:
I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da boa-fé subjetiva.
II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da função social dos contratos.
III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da autonomia da vontade.
IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da boa-fé objetiva.
Assinale:
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(B) se apenas uma afirmativa estiver correta.
(C) se nenhuma afirmativa estiver correta.
(D) se apenas duas afirmativas estiverem corretas.
(E) se apenas três afirmativas estiverem corretas.
COMENTÁRIOS. Questão bem doutrinária. A expressão latina nemo potest venire
contra factum proprium significa que ninguém pode se opor a fato a que ele
próprio deu causa. Um dos grandes efeitos do princípio da boa-fé objetiva se
traduz na proibição de que uma parte se comporte de forma contraditória aos seus
próprios atos anteriores. Ou seja, não é lícito uma pessoa fazer valer um direito
contrapondo-se a uma conduta anterior. O exemplo clássico é o do contratante
que começou a pagar as prestações de uma dívida em local diverso do previsto no
contrato. Isso, a rigor, não está correto. Porém o credor aceitou tal pagamento.
Esta conduta se protraiu no tempo... por um longo período. Segundo o art. 330,
CC, o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato. Isso quer dizer que o credor não
pode, de um momento para outro requerer a rescisão do contrato baseado no fato
de que o devedor não está respeitado esta cláusula. Se ele assim proceder não

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 61


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
está agindo com boa-fé. E, portanto, não poderá surpreender o devedor com tal
alegação. A propósito, o Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil do CJF dispõe
que: “A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium)
funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do
Código Civil”. Portanto, somente o item IV está correto. Gabarito: “B”.

16) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Durante dez anos, empregados
de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de
tomate entre agricultores de uma certa região. A cada ano, os empregados da
fabricante procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra
produzida. No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre
fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a
fabricante recusou-se a efetuar a compra. O tribunal competente entendeu que
havia responsabilidade pré-contratual da fabricante. A responsabilidade pré-
contratual é aquela que:
(A) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares à
formação do contrato.
(B) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado contrato preliminar.
(C) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior à
responsabilidade contratual.
(D) segue o destino da responsabilidade contratual, como o acessório segue o
principal.
COMENTÁRIOS. A conduta da fabricante se enquadra como violação do princípio
da boa-fé objetiva, pois ela adotou determinado comportamento por anos e, de
repente, sem qualquer comunicação alterou seu comportamento para posição
oposta e contraditória. Mais uma vez trata-se do brocardo jurídico nemo potest
venire contra factum proprium (proibição de comportamento contraditório).
Gabarito: “A”.

17) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de


Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel, ano 2011,
por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração do
negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava avarias na
suspensão dianteira, tornando seu uso impróprio pela ausência de segurança.
Considerando que o vício apontado existia ao tempo da contratação, de acordo
com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para
reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou desfazimento do negócio
jurídico em virtude do vício oculto.
(B) Mauricio deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do
contrato se, no momento da venda, desconhecesse o defeito na suspensão
dianteira do veículo.
(C) caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo
prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para reclamação do vício oculto
correrá independentemente do prazo da garantia estipulada.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 62


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(D) caso Silvio e Maurício tenham inserido no contrato de compra e venda
cláusula que exclui a responsabilidade de Mauricio pelo vício oculto, persistirá a
irresponsabilidade de Maurício mesmo que este tenha agido com dolo positivo.
COMENTÁRIOS. Inicialmente o caso concreto não é de aplicação do CDC, pois a
situação não se enquadra em seus dispositivos. Trata-se, então, do vício
redibitório disciplinado pelo Código Civil. Estabelece o art. 441: A coisa recebida
em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam
o valor. Completa o art. 444: A responsabilidade do alienante subsiste ainda que
a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente
ao tempo da tradição. A letra “a” está errada, pois como o automóvel é um bem
móvel, o prazo de decadência é de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 445, CC. A
letra “b” está correta, pois estabelece o art. 443, CC: Se o alienante conhecia o
vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não
conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
A letra “c” está errada. Como nesta situação as partes inseriram cláusula de
garantia, o prazo legal somente terá fluência após exaurido os 90 dias pactuados.
Mas a lei impõe uma ressalva. É o que estabelece o art. 446, CC: Não correrão os
prazos do artigo antecedente (decadência legal de 30 dias) na constância de
cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos
trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. A letra “d”
está errada. Inicialmente é interessante consignar que apesar de não prevista em
lei, é admissível pela doutrina a inserção no contrato de uma cláusula de reforço,
redução ou exclusão da responsabilidade, trazida a este instituto por analogia da
evicção. No entanto, no caso concreto não é hipótese de aplicação desta cláusula,
mas sim de outro instituto. Observa-se na questão que o alienante agiu com dolo.
Portanto, mais do que um simples vício redibitório, houve um defeito de
consentimento, permitindo-se a anulação do negócio jurídico com base no dolo
essencial (arts. 145/150, CC). Consequentemente, não é hipótese de
irresponsabilidade de Maurício. Gabarito: “B”.

18) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/RJ –


2009) A respeito dos contratos, analise as afirmativas a seguir:
I. No caso de redibição de contrato comutativo, sempre será devida reparação
por perdas e danos.
II. A responsabilidade por evicção é cláusula essencial aos contratos onerosos
e não pode, portanto, ser excluída pelas partes, ainda que expressamente.
III. A aceitação de proposta de contrato fora do prazo ou com modificações
configura nova proposta.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa II estiver correta.
(B) se somente a afirmativa III estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 63


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está errada, pois segundo o art. 443, CC, se o
alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas
e danos; se o não conhecia, restituirá somente o valor recebido, mais as despesas
do contrato. Portanto, só haverá perdas e danos se houver má-fé por parte do
vendedor que conhecia o dano e se omitiu a respeito. O item II também está
errado. Evicção é a perda da coisa, por força de decisão judicial, fundada em
motivo jurídico anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, com o
reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa, não
denunciado oportunamente no contrato, conforme o art. 447 do CC. Se uma
pessoa adquirir um bem e depois o perdê-lo em virtude de sentença judicial para
o real proprietário, será indenizado. Entretanto, a responsabilidade do alienante
pela evicção pode ser reforçada, diminuída ou até mesmo excluída, nos termos do
art. 448 do CC. Finalmente o item III está correto, pois estabelece o art. 431, CC
que a aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará
nova proposta. Gabarito: “B”.

19) (FGV – SEFAZ/NITERÓI/RJ – Fiscal de Tributos – 2015) Fabrício


celebrou contrato de promessa de compra e venda de um terreno com Milena. O
contrato foi pactuado por escritura pública e o pagamento foi convencionado em
trinta e seis parcelas mensais, com uma entrada no ato da escritura a título de
arras, sem previsão do direito de arrependimento. Após o pagamento da sétima
parcela, Fabrício restou inadimplente durante oito meses, o que fez com que
Milena pleiteasse a rescisão do contrato. Considerando que não houve qualquer
referência à natureza das arras, é correto afirmar que:
(A) além de reter as arras, Milena tem direito à indenização suplementar;
(B) todos os valores pagos por Fabrício devem ser restituídos para evitar um
locupletamento sem causa;
(C) Milena tem direito tão somente a reter as arras pagas por Fabrício;
(D) como se trata de arras confirmatórias, Milena não tem direito a rescindir o
contrato, podendo apenas cobrar os valores devidos por Fabrício;
(E) como se trata de arras penitenciais, Milena não tem o direito de rescindir o
contrato, podendo apenas cobrar os valores devidos por Fabrício.
COMENTÁRIOS. Arras ou Sinal é um adiantamento (dinheiro ou outra coisa
móvel e fungível) para indicar que as partes chegaram a um acordo final e que o
contrato está celebrado. Portanto, configura-se como princípio de pagamento e
garantia para a execução do contrato. A questão que se põe é quanto à
possibilidade de arrependimento. Ora, um contrato foi feito para ser cumprido
(pacta sunt servanda). Mas às vezes um contrato pode conter uma cláusula de
arrependimento. Se o arrependimento estiver previsto no contrato (art. 420,
CC) as arras, neste caso, são chamadas de penitenciais. Assim, se quem deu as
arras se arrepende do contrato, perde-as em benefício da outra parte; se quem
se arrependeu foi a pessoa que as recebeu, ficará obrigado a devolvê-las acrescido
do equivalente (devolve o valor em dobro). Se o arrependimento não estiver
previsto no contrato as arras são chamadas de confirmatórias. A questão foi
muito clara: “sem previsão do direito de arrependimento”; “não houve qualquer
referência à natureza das arras”. Assim, devemos concluir que as arras são

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 64


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
confirmatórias (que é a regra em nosso Direito). Portanto dois dispositivos devem
ser aplicados. Art. 418, CC: Se a parte que deu as arras (Fabrício) não executar o
contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as (...); Art. 419, CC: A parte
inocente (Milena) pode pedir indenização suplementar, se provar maior
prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente
exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o
mínimo da indenização. Gabarito: “A”.

20) (FGV – Advogado da Companhia Docas do Estado de São Paulo –


2010) Analise as afirmativas a seguir:
I. Ao tratar dos vícios redibitórios, o Código Civil de 2002 exclui a possibilidade
dos donatários de qualquer espécie de reclamá-los, uma vez que a doação
enseja disposição a título gratuito.
II. A inclusão de arras penitenciais no compromisso de compra e venda de bem
imóvel gera o direito potestativo de arrependimento na avença, se
expressamente disposto no instrumento contratual.
III. Uma vez que as normas que tratam da evicção são de caráter dispositivo,
é possível estabelecer cláusula da exclusão total de responsabilidade pela
evicção, mesmo que p evicto não saiba do risco ou que não o tenha assumido.
IV. A cláusula penal moratória permite ao credor exigir a satisfação da pena
cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal, exceto se o
inadimplemento se der por caso fortuito ou força maior, que exonerem o
devedor, se expressamente estipulado entre as partes.
V. A promessa por fato de terceiro encerra duas obrigações de natureza
distintas: a obrigação do promitente devedor consubstancia obrigação de
fazer, ao passo que a obrigação do terceiro devedor pode ser de fazer, de não
fazer ou de dar. Em ambos os casos estamos diante de obrigações de
resultado.
Somente está CORRETO o que se afirma em
(A) I e II.
(B) I e V.
(C) II e III.
(D) II, III e IV.
(E) II, IV e V.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está errada, pois segundo o art. 441, parágrafo
único, CC, aplica-se o instituto do vício redibitório nas doações onerosas ou com
encargo. O item II está correto. Se o arrependimento estiver expressamente
previsto no contrato (art. 420, CC) a arras são chamadas de penitenciais,
funcionando apenas como indenização. Assim, a inclusão dessa cláusula gera o
direito potestativo de arrependimento na avença. O item III está errado, pois
embora seja possível estabelecer cláusula de exclusão total da responsabilidade
pela evicção, é necessário que o evicto saiba do risco da evicção e assuma o risco
desta possibilidade (art. 449, CC). O item IV está correto nos termos do art. 411,
CC: quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 65


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a
satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação
principal. Finalmente o item V também está correto nos termos dos arts. 439 e
440. Gabarito: “E”.

21) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) Celebrado contrato de


promessa de compra e venda de imóvel e estando o devedor em
dificuldades financeiras e objetivando não mais prosseguir na respectiva
execução, poderá no tocante à avença, postular:
(A) rescisão.
(B) resolução.
(C) resilição.
(D) revisão.
(E) revogação.
COMENTÁRIOS. Não há uma unanimidade na doutrina quanto a terminologia
exata das expressões relativas à extinção da relação contratual. Costuma-se
afirmar que rescisão é a expressão que se refere ao gênero, sendo as demais as
espécies. Resolução é a extinção do contrato pelo descumprimento por parte do
devedor, com culpa (inexecução voluntária) ou sem culpa (inexecução
involuntária). A resilição é a dissolução do contrato geralmente de forma bilateral
(distrato). No entanto a jurisprudência do STJ admite a resilição unilateral do
compromisso de compra e venda por iniciativa do promitente comprador se ele
não reúne mais condições econômicas de suportar o pagamento das prestações,
permitindo-se a retenção pelo promitente vendedor de parte das parcelas pagas
para compensar pelos custos operacionais da contratação. Vejamos: “Processo:
REsp 469484 MG 2002/0119069-9. Relator: Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA. Ementa
RECURSO ESPECIAL. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RESILIÇÃO UNILATERAL PELO
DEVEDOR. DIFICULDADES ECONÔMICAS. POSSIBILIDADE. RETENÇÃO DE 25% DAS
PRESTAÇÕES ADIMPLIDAS. PRECEDENTES DESTA CORTE SUPERIOR. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Resta pacificado, no âmbito da 2ª Seção
desta Corte Superior, a possibilidade de resilição unilateral do compromisso de compra e
venda, por iniciativa do devedor, se este não mais reúne condições econômicas para
suportar o pagamento das prestações avençadas com a empresa vendedora do imóvel.
2. Ocorrendo a extinção do negócio jurídico, é permitida a retenção de 25% (vinte e cinco
por cento) do valor das prestações pagas, pela alienante, a título de ressarcimento com
as despesas administrativas do contrato 3. Recurso especial conhecido e parcialmente
provido”. A revisão aplica-se na hipótese de resolução por onerosidade excessiva
(art. 479, CC). A revogação é uma espécie de resilição unilateral, mas aplicável
somente em situações especiais, como no mandato. Gabarito: “C”.

22) (FGV – Defensoria Pública do Distrito Federal – Analista de Apoio à


Assistência Judiciária – 2014) Arlindo locou uma máquina de cortar
grama para seu vizinho por seis meses. Acontece que desde o primeiro
mês, seu vizinho se recusou a pagar o valor do aluguel, o que motivou
Arlindo a extinguir o contrato. Essa modalidade de extinção contratual se
denomina:
(A) resilição.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 66


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(B) rescisão.
(C) revogação.
(D) denúncia.
(E) distrato.
COMENTÁRIOS. Embora não haja um posicionamento unânime da doutrina sobre
as terminologias sobre o tema, costuma-se afirmar que a rescisão é uma
expressão genérica quando o contrato não chega ao seu término pela via normal.
No caso concreto é a alternativa que mais se adéqua à questão, pois resilição
(bilateral) e distrato são situações idênticas; trata-se de um novo contrato em que
ambas as partes, de forma consensual, acordam pôr fim ao contrato anterior que
firmaram. Já revogação e denúncia são espécies de resilição unilateral. Resta
então a rescisão. No caso a expressão mais correta seria a resolução por
inexecução voluntária: a prestação não é cumprida por culpa do devedor. Sujeita
o inadimplente ao ressarcimento por todas as perdas e danos materiais (danos
emergentes e lucros cessantes) e morais. Gabarito: “B”.

23) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Utilizando‐‐se das regras


afetas ao direito das obrigações, assinale a alternativa CORRETA.
(A) quando o pagamento de boa-fé for efetuado ao credor putativo, somente será
inválido se, em seguida, ficar demonstrado que não era credor.
(B) levando em consideração os elementos contidos na lei para o reconhecimento
da onerosidade excessiva, é admissível assegurar que a regra se aplica às
relações obrigacionais de execução diferida ou continuada.
(C) possui a quitação determinados requisitos que devem ser obrigatoriamente
observados, tais como o valor da dívida, o nome do pagador, o tempo e o lugar
do adimplemento, além da assinatura da parte credora, exigindo-se também que
a forma da quitação seja igual à forma do contrato.
(D) o terceiro, interessado ou não, poderá efetuar o pagamento da dívida em seu
próprio nome, ficando sempre sub-roga nos direitos da parte credora.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois prevê o art. 309, CC que o
pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que
não era credor. A letra “b” está correta, pois prevê o art. 478, CC, que nos
contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes
se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir
a resolução do contrato. A letra “c” está errada, pois inicialmente prevê o art. 319,
CC que o devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada. Estabelece o art. 320, CC que a quitação,
que poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da
dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar
do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Completa o
parágrafo único que ainda que sem haja esses requisitos, valerá a quitação, se de
seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. Portanto, não
há a obrigatoriedade de que fala a alternativa. A letra “d” está errada. Estabelece
o art. 304, CC que qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la e que
igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 67


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
devedor, salvo oposição deste. Além disso, completa o art. 305, CC que o terceiro
não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a
reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Gabarito: “B”.

24) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) A respeito dos contratos,


analise as afirmativas a seguir.
I. O direito positivo brasileiro prevê a liberdade de forma para realização dos
contratos, por expressa previsão legal.
II. Nos negócios jurídicos ad probationem, a forma é considerada requisito de
validade, podendo o negócio ser considerado inválido.
III. A regra da liberdade de forma só admite exceções expressamente previstas
em lei.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está correta, pois o art. 421, CC é expresso ao
estabelecer que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da
função social do contrato. A afirmativa III está correta, pois estabelece o art. 107,
CC que a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir. A assertiva II está errada. Como
vimos, a regra é que a forma de um negócio jurídico é livre. No entanto, quando
a lei exigir uma forma determinada para um negócio jurídico, esta deverá ser
cumprida. No entanto devemos fazer a seguinte distinção: a) atos ad
solemnitatem: quando a forma é exigida como condição de validade do ato; a
formalidade é a própria essência ou substância do ato. Ex.: escritura pública de
compra e venda de imóvel acima de 30 vezes o maior salário mínimo vigente (art.
108, CC); b) atos probationem tantum: a lei não determina uma forma para a
celebração do ato, mas determina o modo como o ato deve ser provado em juízo,
se isso for necessário em um processo; a solenidade é tida apenas como prova do
ato. Neste caso, ao contrário do afirmado pela questão não há um requisito de
validade para o negócio, sendo que este não pode ser considerado como inválido.
Gabarito: “B” (estão corretas as afirmações I e III).

25) (FGV – Exame da OAB Unificado – 2015) Renato é proprietário de um


imóvel e o coloca à venda, atraindo o interesse de Mário. Depois de algumas visitas
ao imóvel e conversas sobre o seu valor, Renato e Mário, acompanhados de
corretor, realizam negócio por preço certo, que deveria ser pago em três parcelas:
a primeira, paga naquele ato a título de sinal e princípio de pagamento, mediante
recibo que dava o negócio por concluído de forma irretratável; a segunda deveria
ser paga em até trinta dias, contra a exibição das certidões negativas do vendedor;
a terceira seria paga na data da lavratura da escritura definitiva, em até noventa

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 68


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
dias a contar do fechamento do negócio. Antes do pagamento da segunda parcela,
Mário celebra, com terceiros, contratos de promessa de locação do imóvel por
temporada, recebendo a metade de cada aluguel antecipadamente. Renato, ao
tomar conhecimento de que Mário havia celebrado as promessas de locação por
temporada, percebeu que o imóvel possuía esse potencial de exploração. Em
virtude disso, Renato arrependeu-se do negócio e, antes do vencimento da
segunda parcela do preço, notificou o comprador e o corretor, dando o negócio
por desfeito. Com base na hipótese formulada, assinale a afirmativa correta.
(A) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode
ser exigido, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi
desfeito antes de aperfeiçoar-se.
(B) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode
ser exigido pelo comprador. Contudo, é devida a comissão do corretor, não
obstante o desfazimento do negócio antes de aperfeiçoar-se.
(C) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização
pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal
dado, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi desfeito
antes de aperfeiçoar-se.
(D) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização
pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal
dado, sendo devida a comissão do corretor, não obstante o desfazimento do
negócio antes de aperfeiçoar-se.
COMENTÁRIOS. A primeira parcela, considerada como sinal (ou arras), é apenas
um adiantamento para indicar que as partes chegaram a um acordo final e que o
contrato está celebrado. Trata-se de um pacto acessório (depende da existência
de um contrato principal) que cabe apenas nos contratos bilaterais, sendo
necessária a efetiva entrega. Portanto, configura-se como princípio de pagamento
e garantia (como a própria questão menciona) para o cumprimento do contrato.
Agora a questão que se põe é quanto à possibilidade de arrependimento. Como
sabemos, um contrato foi feito para ser cumprido (pacta sunt servanda). A
questão nada fala sobre a possibilidade de arrependimento, assim elas são
chamadas de arras confirmatórias, que é a regra em nosso direito. Dessa forma,
não seria possível o arrependimento unilateral; o contrato torna-se obrigatório,
fazendo lei entre as partes. No entanto não sendo o contrato cumprido elas servem
como antecipação das perdas e danos a que tem direito o contraente que não deu
causa ao inadimplemento. De acordo com o art. 418, CC (primeira parte), se a
parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito,
retendo-as. Segundo o art. 419, CC, a parte inocente pode exigir uma indenização
suplementar se provar que sofreu um prejuízo maior. Nesse caso as arras seriam
o mínimo do valor da indenização. No tocante ao corretor, segundo o art. 725,
CC: A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o
resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em
virtude de arrependimento das partes. Gabarito: “D”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 69


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar

Exercícios Complementares
Fundação Carlos Chagas

01) (FCC – AL/RN – Assessor Técnico de Controle Interno – 2013) O


significado do princípio da relatividade dos efeitos do contrato é
(A) o que afirma bastar, para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de
vontades, contrapondo-se ao formalismo para gerar seus efeitos.
(B) a ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes
que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando
terceiros nem seu patrimônio.
(C) o que afirma ser necessária a entrega efetiva da coisa, em certas situações,
para que o contrato produza seus efeitos jurídicos.
(D) o princípio pelo qual se veda a existência de cláusulas abusivas no contrato,
por serem relativos os direitos de cada contratante.
(E) o princípio pelo qual os efeitos do contrato são relativos, porque vinculados
à sua função social e à boa-fé objetiva.
COMENTÁRIOS. O princípio da relatividade dos efeitos do contrato significa que,
em regra, um contrato vincula somente as partes (efeito inter partes) que nele
intervêm, não aproveitando nem prejudicando terceiros. Gabarito: “B”.

02) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) No que concerne aos contratos em geral, é INCORRETO afirmar:
(A) reputar-se-á celebrado o contrato no lugar da sua execução.
(B) não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
(C) é lícito às partes estipularem contratos atípicos, observadas as regras gerais
fixadas no Código Civil brasileiro.
(D) nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
(E) quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
COMENTÁRIOS. Observem que o examinador deseja que seja assinalada a
alternativa errada. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 435, CC,
reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. A letra “b” está
correta nos termos do art. 426, CC. A letra “c” está correta de acordo com o art.
425, CC. A letra “d” está certa, pois é isso o que dispõe o art. 424, CC. E finalmente
a letra “e” está correta, pois é a literalidade do art. 423, CC. Gabarito: “A”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 70


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
03) (TJ/DFT – Juiz de Direito – 2013) A respeito dos vícios redibitórios
nas relações regidas pelo Código Civil, analise as proposições abaixo e
assinale a alternativa CORRETA.
I. A coisa recebida em virtude de doação onerosa pode ser enjeitada por vício
ou defeito oculto.
II. Se a coisa perecer em poder do alienatário, por vício oculto já existente ao
tempo da tradição, não mais subsiste a responsabilidade do alienante.
III. O desconhecimento do alienante é indiferente e deverá restituir o que
recebeu com perdas e danos, tal como o que sabia do vício ou defeito da coisa
ao tempo do negócio.
IV. Na constância de cláusula de garantia não correm os prazos extintivos do
direito de obter a redibição ou o abatimento do preço, mas deve o adquirente
denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias subsequentes ao seu
descobrimento, sob pena de decadência.
(A) apenas as proposições II e IV estão corretas.
(B) apenas as proposições I e III estão corretas.
(C) apenas a proposição IV está correta.
(D) apenas as proposições I e IV estão corretas.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 441. A coisa recebida
em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos
ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o
valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
O Item II está errado, pois estabelece o art. 444, CC: A responsabilidade do
alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer
por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. O item III está errado, pois
prevê o art. 443, CC: Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá
o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão somente restituirá o
valor recebido, mais as despesas do contrato. O item IV está correto, uma vez
que dispõe o art. 446, CC: Não correrão os prazos do artigo antecedente na
constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Gabarito: “D” (proposições I e IV estão corretas).

04) (TRT/14ª Região/RO e AC – Magistratura do Trabalho – 2013) De


acordo com a teoria geral dos contratos, é CORRETO afirmar:
I. O contrato é anulável quando praticado por agente absolutamente incapaz
sem a devida representação.
II. É possível ao juiz impor ao credor prestação diversa da que lhe é devida,
desde que mais valiosa.
III. A “exceptio non adimpleti contractus” é aplicável apenas aos contratos
unilaterais.
(A) apenas as proposições I e II são falsas.
(B) apenas as proposições I e III são falsas.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 71


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(C) apenas as proposições II e III são falsas.
(D) todas as proposições são verdadeiras.
(E) todas as proposições são falsas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois se um negócio jurídico for praticado
por pessoa absolutamente incapaz sem ser representado o mesmo será
considerado nulo (e não anulável), nos termos do art. 166, I, CC. O item II está
errado, pois estabelece o art. 313, CC o credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. O item III está errado. Nos
contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) a regra é que nenhum dos contratantes
poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro (art. 476, CC). Esse
instituto não se aplica nos contratos unilaterais (doação pura, comodato, etc.),
uma vez que nestes não há contraprestação para uma das partes. Gabarito: “E”
(todas estão erradas).

05) (FCC – MPE/CE – Técnico Ministerial – 2013) Dos contratos em geral,


é CORRETO afirmar:
(A) nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
(B) o distrato faz-se sempre pela forma escrita.
(C) quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável àquele que elaborou o contrato.
(D) é defeso às partes estipular contratos atípicos.
(E) o contrato preliminar deve conter a mesma forma do principal.
COMENTÁRIOS. Distrato é o negócio jurídico que objetiva a desconstituição de
um contrato, extinguindo seus efeitos, também chamado de resilição bilateral. A
letra “a” está correta nos termos do art. 476, CC. A letra “b” está errada, pois
segundo o art. 472, CC o distrato faz-se pela mesma forma exigida para um
contrato. Assim, se não há uma obrigatoriedade quanto à forma para a elaboração
do contrato, o distrato pode ser feito de qualquer modo (inclusive verbal), ainda
que diferente da forma pela qual foi realizado o contrato. A letra “c” está errada,
pois dispõe o art. 423, CC: Quando houver no contrato de adesão cláusulas
ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao
aderente. A letra “d” está errada, pois o art. 425, CC permite às partes estipular
contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas no Código. A letra “e” está
errada, pois estabelece o art. 462, CC que o contrato preliminar, exceto quanto à
forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Gabarito: “A”.

06) (FCC – AL/RN – Assessor Técnico de Controle Interno – 2013)


Examine a classificação dos contratos abaixo.
I. Contratos comutativos são os de prestações certas e determinadas, que
tenham equivalência ao menos aproximada das prestações entre as partes.
II. Contratos de execução instantânea são os que se consumam num só ato,
cumprindo-se imediatamente após sua celebração.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 72


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
III. Contratos de execução diferida são os que dependem de prévia aprovação
formal das partes contratantes.
IV. Contratos consensuais são os que se formam unicamente pelo acordo de
vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de forma
determinada.
V. Contratos reais são os que dizem respeito aos direitos reais, como penhor
ou hipoteca, e cuja eficácia depende de seu registro no cartório próprio.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I, II e V.
(B) I, III e V.
(C) I, II e IV.
(D) I, IV e V.
(E) II, III, IV e V.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. O contrato comutativo é aquele em que
as prestações de ambas as partes são conhecidas (certas e determinadas),
guardando entre elas relação de equivalência, senão exata, ao menos aproximada.
O item II também está correto, pois os contratos de execução instantânea são
aqueles que se esgotam em um só momento, imediatamente após sua celebração,
mediante uma única prestação. O item III está errado, pois contratos de execução
diferida são aqueles que são cumpridos em um só ato, mas em um momento
posterior à celebração do contrato (ex: compra e venda à vista, mas com a entrega
da mercadoria em 30 dias). O item IV está correto, pois contratos consensuais
são aqueles que independem de uma forma especial; se perfazem pelo simples
acordo ou consenso das partes (proposta e aceitação), independentemente da
entrega da coisa. O item V está errado, pois contratos reais são os que para
aperfeiçoamento exigem além do acordo de vontades, também a entrega da
coisa, que constitui o seu objeto. Gabarito: “C”.

07) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


De acordo com o Código Civil, em relação aos contratos, é CORRETO
afirmar que
(A) nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, salvo se a
aquisição se houver realizado em hasta pública.
(B) a coisa recebida em virtude de contrato comutativo ou aleatório pode ser
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminua o valor.
(C) nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de umas
das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem a outra,
em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor
pedir resolução do contrato, o que poderá ser evitado se, proposta a ação, o réu
oferecer-se a modificar equitativamente as condições do contrato.
(D) a cláusula resolutiva expressa opera em regra condicionada à interpelação
judicial.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 73


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(E) no contrato com pessoa a declarar, se a pessoa a nomear era incapaz ou
insolvente no momento da nomeação, o contrato não produzirá quaisquer efeitos,
invalidando-se.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois prevê o art. 447, CC: Nos contratos
onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a
aquisição se tenha realizado em hasta pública. A letra “b” está errada, pois dispõe
o art. 441, CC:A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor. A letra “c” está correta, pois é transcrição
literal dos arts. 478 e 479, CC. A letra “d” está errada, pois estabelece o art. 474,
CC. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de
interpelação judicial. Finalmente a letra “e” está errada, pois segundo o art. 471,
CC, se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o
contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. Gabarito: “C”.

08) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) Nos


contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Este enunciado refere-
se
(A) à exceção do contrato não cumprido.
(B) à objeção de pré-executividade.
(C) à exceção de pré-executividade.
(D) ao princípio que veda o enriquecimento sem causa.
(E) ao princípio que veda a onerosidade excessiva.
COMENTÁRIOS. O princípio da exceção de contrato não cumprido ou exceptio
non adimpleti contractus está previstos nos arts. 476 e 477, ambos do Código
Civil. Nos contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) a regra é que nenhum dos
contratantes poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro. Isso
porque há uma dependência recíproca das prestações que, por serem simultâneas,
são exigíveis ao mesmo tempo (interdependência, reciprocidade e
simultaneidade). Gabarito: “A”.

09) (FCC – TRT/15ª Região – Magistratura do Trabalho – 2014) Assinale


a alternativa CORRETA:
(A) somente o pagamento em consignação judicial extingue a obrigação.
(B) a cláusula "rebus sic stantibus" possui previsão expressa no Código Civil.
(C) pelo inadimplemento da obrigação responde o devedor por perdas e danos,
juros e atualização monetária, mas não por honorários de advogado.
(D) o valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da
obrigação principal, e não pode ser reduzido judicialmente.
(E) a novação por substituição do devedor pode ser efetuada desde que haja seu
consentimento.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está errada, pois o pagamento em consignação pode
ser feito de forma judicial e extrajudicial. O art. 334, CC é expresso ao admitir a

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 74


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
consignação como forma de pagamento e extinção da obrigação com o depósito
em estabelecimento bancário. A letra “b” está correta. Embora a expressão
propriamente dita rebus sic stantibus, não esteja prevista expressamente na lei,
a questão se refere ao instituto a que a expressão está ligada e, quanto a isso, há
previsão expressa nos arts. 478 a 480, CC. Eles estão ligados à Teoria da
Imprevisão, que defende um equilíbrio contratual durante todo o período em que
estiver vigorando e produzindo efeitos. Trata-se de uma flexibilização da
obrigatoriedade das convenções, reconhecendo-se que a ocorrência de
acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não-imputáveis,
refletindo sobre a economia ou na execução do contrato, autorizando sua revisão,
para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes. A letra "c" está errada, pois
estabelece o art. 389, CC que não cumprida a obrigação, responde o devedor por
perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. A letra "d" está errada,
pois prevê o art. 413, CC que a penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo
juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da
penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a
finalidade do negócio. A letra "e" está errada, pois prevê o art. 362, CC que a
novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de
consentimento deste. Gabarito: “B”.

10) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014)


Segundo a teoria da imprevisão adotada no Código Civil,
(A) é preciso que, em contratos de execução continuada ou diferida, ocorra
onerosidade excessiva a uma das partes, com extrema vantagem para a outra,
em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, hipótese em que
poderá o devedor postular a resolução do contrato, retroagindo os efeitos da
sentença que a decretar à época da celebração do contrato.
(B) somente as relações de consumo estão sujeitas à resolução contratual por
imprevisão em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, não
havendo igual normatização no Código Civil.
(C) é preciso apenas que haja, em contratos de execução continuada ou diferida,
onerosidade excessiva a uma das partes, para que possa ela, independentemente
de outros requisitos, pleitear a resolução do contrato, retroagindo os efeitos da
sentença que a decretar à data da citação.
(D) é preciso que, nos contratos de execução continuada ou diferida, a prestação
de uma das partes torne-se excessivamente onerosa, com extrema vantagem
para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
hipótese em que poderá o devedor pedir a resolução do contrato, retroagindo os
efeitos da sentença que a decretar à data da citação.
(E) é preciso que, em contratos de execução imediata, continuada ou diferida,
ocorra onerosidade excessiva a uma das partes, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, ocasião em
que poderá o devedor postular a resolução do contrato, retroagindo os efeitos da
sentença à época da citação.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 75


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 478, CC, nos contratos de execução continuada
ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa,
com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da
citação. Gabarito: “D”.

11) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) “Nos


contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das
partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato”. Este enunciado refere-
se à
(A) resilição contratual por enriquecimento sem causa.
(B) resolução do contrato por abuso do direito, visando ao respeito à probidade
e boa-fé objetiva.
(C) resolução por onerosidade excessiva, nos termos da teoria da imprevisão
prevista no Código Civil.
(D) resolução contratual por caso fortuito ou força maior.
(E) denúncia resilitiva por exceção de contrato não cumprido.
COMENTÁRIOS. Trata-se a resolução por onerosidade excessiva, nos termos do
art. 478, CC. Gabarito: “C”.

12) (FCC – TRT/15ª Região – Magistratura do Trabalho – 2012) Assinale


a alternativa INCORRETA:
(A) a função social do contrato restringe a liberdade de contratar, devendo os
contratantes observar os princípios da probidade e boa-fé a sua execução e
conclusão.
(B) nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
(C) nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, mesmo que a
aquisição se tenha realizado em hasta pública.
(D) a resolução por onerosidade excessiva cabe nos contratos de execução
continuada ou diferida, não podendo ser evitada, mesmo que o réu se ofereça
para modificar equitativamente as condições contratuais.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos dos seguintes artigos do
Código Civil: a) 421: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites
da função social do contrato; b) 422: Os contratantes são obrigados a guardar,
assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé. A letra “b” está correta nos termos do art. 423, CC: Quando
houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente. A letra “c” está correta nos
termos do art. 447, CC: Nos contratos onerosos, o alienante responde pela
evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta
pública. A letra “d” está errada. Estabelece o art. 478, CC: Nos contratos de

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 76


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data
da citação. E arremata o art. 479, CC: A resolução poderá ser evitada, oferecendo-
se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. Gabarito: “D”.

13) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) A fim de


justificar o alto preço de imóvel, João afirma a José que o terreno possui
linda vista para o mar. Convencido por tal argumento, José compra o
imóvel, pagando o preço pedido por João. Cerca de ano e meio depois,
embora sem o objetivo de prejudicar José, e não obstante não tivesse tal
intenção quando realizou a venda, João adquire o terreno da frente e
edifica prédio que retira de José a vista para o mar. João cometeu ato
(A) lícito, pois não teve o objetivo de prejudicar José.
(B) ilícito, pois, ao quebrar a expectativa que havia incutido em José, ofendeu os
limites impostos pela boa-fé objetiva.
(C) ilícito, pois a lei proíbe que o vendedor construa nas proximidades do imóvel
alienado pelo prazo de 5 anos.
(D) lícito, pois está amparado pelo direito de propriedade.
(E) lícito, pois não tinha intenção de comprar o terreno da frente quando da
realização da venda.
COMENTÁRIOS. João cometeu ato ilícito. Segundo consta João vendeu um
terreno a José que de fato tinha vista para o mar e por causa disso elevou o preço
da venda. No entanto ele mesmo comprou o terreno da frente e edificou, retirando
a vista para o mar que José tinha. Com tal comportamento ele mesmo caiu em
contradição de uma conduta anterior, frustrando as expectativas de José. Segundo
a doutrina tal comportamento é proibido. Com a proibição (conforme Ruy Rosado
de Aguiar) “protege-se uma parte contra aquela que pretende exercer uma
posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente”.
Depois de criar certa expectativa, em razão de conduta indicativa de determinado
comportamento (no caso a promessa para a vista para o mar), há quebra dos
princípios de lealdade e de confiança se vier a ser praticado ato contrário ao
previsto, com surpresa e prejuízo à contraparte (edificar e impossibilitar a vista
para o mar). O princípio da vedação do comportamento contraditório decorre da
aplicação da cláusula geral da boa-fé objetiva (art. 422, CC: Os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé) e se insere na modalidade de abuso de direito
(art. 187, CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes. Em latim esse princípio é chamado de nemo
potest venire contra factum proprium. Gabarito: “B”.

14) (Ministério Público do Estado de Goiás – Promotor de Justiça – 2014)


Assinale a alternativa INCORRETA:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 77


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(A) a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social
do contrato.
(B) nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
(C) é lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas no Código Civil.
(D) pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta: art. 421, CC. A letra “b” está correta:
art. 424, CC. A letra “c” correta: art. 425, CC. A letra “d” está errada. Estabelece
o art. 426, CC: "Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva". A
doutrina chama isso de pacta corvina (acordo do corvo) e entende que nesse caso
o objeto do contrato é juridicamente impossível, gerando sua ineficácia (ato nulo
de pleno direito). Gabarito: “D”.

15) (FCC – TRT/4ª Região/RS – Magistratura do Trabalho – 2014) Analise


as proposições abaixo.
I. Para aferição da boa-fé objetiva, leva-se em conta a conduta da parte na
execução do contrato.
II. Enquanto a pessoa for viva, sua herança só poderá ser negociada por seus
herdeiros necessários.
III. Os efeitos da sentença que resolve contrato por onerosidade excessiva
retroagem à data da citação.
IV. Proposta ação de rescisão de contrato por onerosidade excessiva, o juiz
não admitirá que o réu ofereça qualquer vantagem para a manutenção do
negócio.
V. A anulação do negócio jurídico por lesão depende, apenas, da desproporção
entre as obrigações assumidas pelas partes, nos negócios bilaterais.
Estão corretas APENAS as proposições
(A) IV e V.
(B) I e IV.
(C) I e III.
(D) II e III.
(E) III e IV.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está correta. Enquanto a boa-fé subjetiva refere-
se à intenção das partes, a boa-fé objetiva é evidenciada na própria conduta do
indivíduo (padrão de conduta). Segundo este princípio as partes devem agir com
lealdade, probidade e confiança recíprocas não só no momento da elaboração,
como também na conclusão e execução do contrato (art. 422, CC). A assertiva II
está errada, pois a herança de pessoa viva não pode ser negociada por pessoa
alguma (art. 426, CC). O item III está correto, nos termos da parte final do art.
478, CC. A afirmação IV está errada, pois nos termos do art. 479, CC, a resolução
poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições
do contrato. Finalmente o item V está errado, pois para a configuração da lesão,

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 78


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
além da desproporção das prestações, há outros requisitos (art. 157, CC): Ocorre
a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Gabarito: “C” (afirmativas I e III estão corretas).

16) (FCC – TRF/1ª Região – Analista Judiciário – 2014) No momento da


conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de
indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações
dele decorrentes. Se a pessoa a nomear era insolvente no momento da
nomeação, o contrato
(A) só produzirá efeitos quando da cessação da insolvência, devendo os
contratantes originários serem intimados no prazo de trinta dias.
(B) produzirá normalmente efeitos para a pessoa nomeada, porque a insolvência
não é impedimento legal.
(C) não produzirá qualquer efeito, seja para a pessoa nomeada ou para os
contratantes originários.
(D) só produzirá efeitos quando da cessação da insolvência, devendo os
contratantes originários serem intimados no prazo de cinco dias.
(E) produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
COMENTÁRIOS. Trata-se do contrato com pessoa a declarar. Estabelece o art.
470, II, CC: O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: (...)
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no
momento da indicação. Gabarito: “E”.

17) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2014) Adquiro


um veículo por meio de consórcio de uma grande montadora nacional.
Após dez parcelas que paguei regularmente, a inflação do período, de seis
por cento, impede-me de prosseguir honrando o contrato, motivo pelo
qual pretendo pleitear judicialmente sua resolução, uma vez que nesse
mesmo período não tive reajuste salarial. Nessas circunstâncias,
(A) não terei sucesso, pois a ausência de reajuste salarial e o percentual
inflacionário do período não podem servir de fundamento para aplicação da teoria
da imprevisão, não se tratando de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis
e não se configurando extrema vantagem para o credor.
(B) terei sucesso se completar pelo menos um ano da aquisição, que é condição
essencial para aplicação da teoria da imprevisão no tempo.
(C) não terei sucesso, porque embora a ausência de reajuste salarial e o índice
de inflação caracterizem fatos extraordinários e imprevisíveis, não houve
manifesta vantagem para o credor.
(D) terei sucesso, pois a união dos dois acontecimentos, ausência de reajuste
salarial e índice de inflação do período, caracterizam fatos extraordinários e
imprevisíveis, enquadrando-se na teoria da imprevisão.
(E) terei sucesso, pois a análise geral dos fatos caracterizará abuso do direito em
favor do credor, com prejuízo indevido para mim enquanto devedor.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 79


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
COMENTÁRIOS. A questão trata, em tese, da teoria da imprevisão, prevista nos
arts. 478/480, CC. No entanto somente haverá a resolução do contrato por
onerosidade excessiva nos casos de contratos de execução continuada ou diferida,
quando a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis. Como mencionado na alternativa “a”, a ausência de reajuste salarial
e o percentual inflacionário do período não podem servir de fundamento para
aplicação da teoria da imprevisão. Gabarito: “A”.

18) (FCC – Procurador do Município de Cuiabá/MT – 2014) Rubens celebrou


contrato no âmbito do qual se comprometeu a reparar a instalação elétrica da
residência de Nilce. Para o caso de não realizar o serviço no prazo, as partes
estabeleceram que Rubens pagaria a Nilce 50% do valor do contrato, a título de
cláusula penal. Na data em que a obrigação deveria ter sido integralmente
cumprida, Rubens havia finalizado 90% dos serviços contratados. Nilce ajuizou
ação postulando o pagamento de 50% do valor contratado, conforme as partes
haviam estabelecido em contrato. Este valor deverá ser
(A) pago integralmente, porque o contrato faz lei entre as partes e a cominação
não supera o valor do contrato.
(B) pago integralmente, porque o contrato faz lei entre as partes, as quais podem
estipular cláusula penal de qualquer valor.
(C) afastado por completo, porque a lei comina nulidade à cláusula penal de valor
superior a 30% do contrato.
(D) reduzido equitativamente, pelo juiz, porque a obrigação foi cumprida em
grande parte.
(E) afastado por completo, porque a obrigação foi cumprida quase que
integralmente.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 408, CC, “Incorre de pleno direito o devedor na
cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se
constitua em mora”. Completando, estabelece o art. 413, CC, que “A penalidade
deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio”. Gabarito:
“D”.

19) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2014) No que


concerne à cláusula penal, considere:
I. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for
manifestamente excessivo, tendo em vista a natureza e a finalidade do
negócio.
II. Incorre na cláusula penal, se provado dolo e prejuízo, qualquer devedor que
deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
III. Para exigir a pena convencional, deverá o credor alegar e provar o prejuízo
sofrido.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 80


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) I.
(C) I e III.
(D) II e III.
(E) III.
COMENTÁRIOS. O item I está certo nos termos do art. 413, CC. O item II está
errado, pois não necessária a prova do dolo e do prejuízo. Estabelece o art. 408,
CC que incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que,
culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. O item III
está errado, pois estabelece o art. 416, CC que para se exigir a pena convencional,
não é necessário que o credor alegue prejuízo. Gabarito: “B”.

20) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) A fim de


justificar o alto preço de imóvel, João afirma a José que o terreno possui linda
vista para o mar. Convencido por tal argumento, José compra o imóvel, pagando
o preço pedido por João. Cerca de ano e meio depois, embora sem o objetivo de
prejudicar José, e não obstante não tivesse tal intenção quando realizou a venda,
João adquire o terreno da frente e edifica prédio que retira de José a vista para o
mar. João cometeu ato
(A) lícito, pois não teve o objetivo de prejudicar José.
(B) ilícito, pois a lei proíbe que o vendedor construa nas proximidades do imóvel
alienado pelo prazo de 5 anos.
(C) lícito, pois está amparado pelo direito de propriedade.
(D) ilícito, pois, ao quebrar a expectativa que havia incutido em José, ofendeu os
limites impostos pela boa-fé objetiva.
(E) lícito, pois não tinha intenção de comprar o terreno da frente quando da
realização da venda.
COMENTÁRIOS. João cometeu ato ilícito. Segundo consta João vendeu um
terreno a José que de fato tinha vista para o mar e por causa disso elevou o preço
da venda. No entanto ele mesmo comprou o terreno da frente e edificou, retirando
a vista para o mar que José tinha. Com tal comportamento ele mesmo caiu em
contradição de uma conduta anterior, frustrando as expectativas de José. Segundo
a doutrina tal comportamento é proibido. Com a proibição (conforme Ruy Rosado
de Aguiar) “protege-se uma parte contra aquela que pretende exercer uma
posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente”.
Depois de criar certa expectativa, em razão de conduta indicativa de determinado
comportamento (no caso a promessa para a vista para o mar), há quebra dos
princípios de lealdade e de confiança se vier a ser praticado ato contrário ao
previsto, com surpresa e prejuízo à contraparte (edificar e impossibilitar a vista
para o mar). O princípio da vedação do comportamento contraditório decorre da
aplicação da cláusula geral da boa-fé objetiva (art. 422, CC: Os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé) e se insere na modalidade de abuso de direito

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 81


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(art. 187, CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes. Em latim esse princípio é chamado de nemo
potest venire contra factum proprium. Gabarito: “D”.

21) (FCC – Prefeitura de Manaus/AM – MANAUSPREV – Procurador


Autárquico – 2015) A respeito dos contratos, é CORRETO afirmar que
(A) dispensam o consenso, quando reais, aperfeiçoando-se com a entrega da
coisa, independentemente da vontade das partes.
(B) as partes devem observar, durante sua execução, o princípio da boa-fé
objetiva, assim entendida a ausência de dolo de prejudicar o outro contratante.
(C) o Código Civil atual aboliu o princípio pacta sunt servanda.
(D) não podem ter como objeto a herança de pessoa viva.
(E) operam efeitos erga omnes, como corolário do princípio da relatividade.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Contratos reais são aqueles que, para
seu aperfeiçoamento exigem, além do acordo de vontades (consenso), também a
entrega da coisa. A letra “b” está errada. Segundo o art. 422, CC, “Os contratantes
são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,
os princípios de probidade e boa-fé”. No entanto a boa-fé objetiva é um padrão
de conduta (ética) segundo o qual as partes devem agir com lealdade, probidade
(honestidade) e confiança recíprocas, informando o conteúdo do negócio e agindo
com equidade e razoabilidade. Portanto, não basta a simples ausência de dolo
para sua caracterização. A letra “c” está errada. O princípio pacta sunt servanda
(ou seja, da obrigatoriedade das convenções) não foi revogado pelo atual Código
Civil, mas apenas relativizado, atenuando-se a força vinculante das convenções,
ante o equilíbrio contratual que deve prevalecer. A letra “d” está correta, nos
exatos termos do art. 426, CC. A letra “e” está errada. Pelo princípio da
relatividade um contrato vincula somente as partes que nele intervêm. Ou seja, o
contrato tem efeito inter partes (e não erga omnes). Gabarito: “D”.

22) (FCC – TCE/CE – Analista de Controle Externo/Jurídica – 2015) Em


caso de conflito de leis no tempo, considera-se que o herdeiro, em relação
aos bens de propriedade de pessoa viva, possui
(A) apenas expectativa de direito, que não se equipara a direito adquirido.
(B) direito sob condição suspensiva, o qual se equipara a direito adquirido.
(C) direito a termo, o qual se equipara a direito adquirido.
(D) expectativa de direito qualificada, a qual se equipara a direito adquirido.
(E) direito sob condição suspensiva, o qual não se equipara a direito adquirido.
COMENTÁRIOS. O art. 426, CC estabelece que não pode ser objeto de contrato
a herança de pessoa viva. Trata-se de um preceito de ordem pública, não
permitindo presunção de sucessão futura. Somente com a morte do de cujus é
que se fala em direito de fato. Antes da morte comprovada não há direito de
herança, mas apenas uma expectativa de recebê-la (é uma situação em que ainda

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 82


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
não se tem direito algum, já que estão pendentes os elementos básicos de
existência do direito em si). Gabarito: “A”.

23) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Roberto celebrou com Rogério
contrato por meio do qual se comprometeu a lhe transferir os bens de seu
pai, Mário Augusto, no dia em que este viesse a falecer. No ato da
assinatura do contrato, Rogério pagou a Roberto R$ 100.000,00. Antes do
falecimento de Mário Augusto, que não possui outros herdeiros, haverá
(A) direito adquirido, pois, de acordo com a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro, a ele se equipara o direito sob condição suspensiva inalterável
ao arbítrio de outrem.
(B) expectativa de direito, porque, enquanto vivo, os bens pertencem a Mário
Augusto, que deles poderá dispor, impedindo que, depois do falecimento,
Roberto os transfira a Rogério.
(C) direito adquirido, porque, com a assinatura do contrato, os bens da futura
herança passaram a integrar o patrimônio de Rogério.
(D) expectativa de direito, porque, até o falecimento, o direito sobre os bens da
futura herança integra o patrimônio de Roberto, que poderá cumprir o contrato
apenas depois da abertura da sucessão.
(E) nem direito adquirido nem expectativa de direito, porque o contrato é nulo.
COMENTÁRIOS. “Trocando em miúdos”, o que Roberto fez foi vender os bens de
seu pai que ainda estava vivo (pacta corvina). Isso é proibido em nosso Direito.
Estabelece o art. 426, CC: Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa
viva. A doutrina entende que a expressão “não pode” deve ser compreendida como
causa de nulidade absoluta da disposição contratual (contrato nulo de pleno
direito). Embora Roberto tenha uma expectativa de direito de receber os seus de
seu pai, isso não lhe dá o direito de negociar a futura herança. E ainda que haja
um contrato nesse sentido, esse contrato é reputado nulo, não gerando
expectativa de direito e muito menos direito adquirido. Apenas
complementando: há uma expectativa de direito em relação ao recebimento da
herança, mas não há qualquer expectativa em relação ao contrato, por ser esse
nulo e o negócio nulo não gera efeito. Gabarito: “E”.

24) (FCC – TCE/CE – Conselheiro Substituto Auditor – 2015) Joaquim,


sendo devedor de Pedro e não tendo condições financeiras para quitar a
dívida, cedeu a este os direitos hereditários que afirmava ter, por ser filho
de Antônio, que se encontrava moribundo e veio a falecer um dia após a
celebração daquele negócio. Aberto o inventário de Antônio, Pedro, com
a concordância de Joaquim, requereu ao juiz que lhe adjudicasse a cota
parte dos bens que coubessem a Joaquim, mas o juiz indeferiu o pedido.
Essa decisão é
(A) correta, porque o negócio celebrado entre Joaquim e Pedro é nulo, podendo
a nulidade ser declarada de ofício.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 83


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(B) incorreta, porque o negócio celebrado entre Joaquim e Pedro é anulável e só
os interessados poderiam arguir essa nulidade, sendo defeso dela o juiz conhecer
de ofício.
(C) correta, desde que tenha havido impugnação dos demais herdeiros, porque
são interessados na aquisição da cota parte cabente a Joaquim na herança.
(D) incorreta, porque somente o Ministério Público poderia ter a iniciativa de
promover a anulação do negócio celebrado entre Joaquim e Pedro.
(E) incorreta, porque o negócio celebrado entre Joaquim e Pedro só era ineficaz
até a morte de Antônio, convalidando-se após.
COMENTÁRIOS. A decisão indeferindo o pedido está correta, pois o negócio
entabulado entre Joaquim e Pedro é nulo. Nesse sentido, estabelece o art. 426,
CC: Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Sendo um negócio
nulo, o juiz pode declarar a nulidade de ofício, nos termos do parágrafo único, do
art. 168, CC: As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo
permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. Gabarito: “A”.

25) (FCC – TCE/CE – Analista de Controle Externo/Jurídica – 2015) Os


contratos
(A) consensuais dependem da entrega da coisa para sua formação.
(B) aleatórios são vedados pelo ordenamento jurídico.
(C) são, em regra, formais, dependendo da forma escrita para produzirem
efeitos.
(D) são regidos, em regra, pelo princípio da relatividade.
(E) produzem, em regra, efeitos erga omnes.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois os contratos consensuais são
aqueles que se perfazem pelo simples acordo ou consenso das partes (proposta e
aceitação) independentemente da entrega da coisa (contratos reais). A letra “b”
está errada. Contratos aleatórios são aqueles em que a prestação de uma das
partes (ou de ambas) não é conhecida com exatidão no momento da celebração
do contrato; dependem de uma álea (risco) futuro e incerto. Tais contratos são
perfeitamente aceitos por nosso ordenamento jurídico, inclusive com previsão
expressa (arts. 458/461, CC). A letra “c” está errada, pois no Brasil a regra é que
os contratos são não-formais. Nesse sentido, estabelece o art. 107, CC: “A
validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir”. A letra “d” está correta. Em regra, um
contrato vincula somente as partes que nele intervêm, vinculando-as em seu
conteúdo, não afetando terceiros e seu patrimônio. O contrato tem efeito inter
partes (entre as partes). Uma exceção a essa regra é a “estipulação em favor de
terceiros”, onde pode haver o favorecimento de terceiros. A letra “e” está errada.
Como a regra é o efeito inter partes, tal situação é antagônica ao efeito erga
omnes (extensível a todos). Gabarito: “D”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 84


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
26) (FCC – SEFAZ/PI – Analista do Tesouro Estadual – 2015) De acordo
com o Código Civil,
(A) a garantia contra os vícios redibitórios independe de estipulação expressa.
(B) nos contratos de adesão, pode-se renunciar antecipadamente a direito
inerente à natureza do negócio.
(C) pode-se estipular, como objeto de contrato, herança de pessoa viva que
tenha sido interditada.
(D) em contrato de adesão, quando houver cláusulas ambíguas ou contraditórias,
o juiz deverá interpretá-lo em favor da parte que o elaborou.
(E) o contrato preliminar deve conter todos os requisitos do contrato a ser
celebrado, incluindo a forma.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. A responsabilidade pela evicção não
precisa estar expressa no contrato e também independe de eventual má-fé do
alienante, pois ela decorre da lei, operando-se de pleno direito a partir do
momento em que se consuma a perda da posse ou propriedade do adquirente. No
entanto, o contrato pode ter uma previsão expressa sobre a evicção, reforçando,
atenuando ou agravando a responsabilidade (art. 448, CC). A letra “b” está errada.
Dispõe o art. 424, CC: Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que
estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do
negócio. A letra “c” está errada, pois estabelece o art. 426, CC que não pode ser
objeto de contrato a herança de pessoa viva, não havendo qualquer exceção
quanto a isso. A letra “d” está errada. Dispõe o art. 423, CC: Quando houver no
contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a
interpretação mais favorável ao aderente. A letra “e” está errada, pois o art. 462,
CC prescreve que o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos
os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Gabarito: “A”.

27) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Renato adquiriu imóvel e


assinou contrato no âmbito do qual foi excluída, por cláusula expressa, a
responsabilidade pela evicção. A cláusula é
(A) válida, mas, se Renato restar evicto, terá direito de receber o preço que
pagou pelo imóvel, ainda que soubesse do risco da evicção.
(B) válida, excluindo, em qualquer caso, o direito de Renato receber quaisquer
valores em caso de evicção.
(C) nula, porque fere preceito de ordem pública.
(D) válida, mas, se Renato restar evicto, terá direito de receber o preço que
pagou pelo imóvel, se não soube do risco da evicção ou se, dele informado, não
o assumiu.
(E) válida, mas, se Renato restar evicto, terá direito de receber o preço que
pagou pelo imóvel mais indenização pelos prejuízos decorrentes da evicção, tais
como despesas de contrato e custas judiciais, se não soube do risco da evicção
ou se, dele informado, não o assumiu.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 85


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
COMENTÁRIOS. A situação se encaixa na hipótese do art. 449, CC: Não obstante
a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o
evicto (Renato) a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do
risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Gabarito: “D”.

28) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) Túlio


celebra um contrato de compra e venda com a concessionária Baita Carro. O preço
e o veículo foram acordados entre as partes, aquele em R$ 50.000,00, este em
um Cruize, da GM, convencionando-se o pagamento para noventa dias. Nesse
período, surge uma promoção da montadora diminuindo o valor para R$ 45.000,00
− com a diferença bancada diretamente pela montadora, sem lucro ou prejuízo
algum à concessionária −, tendo Túlio exigido o preço menor, com base na teoria
da imprevisão prevista no Código Civil. A concessionária
(A) não estará obrigada a diminuir o preço, porque, embora o contrato encontre-
se perfeito e obrigatório, a compra e venda diferida não possibilita a aplicação da
teoria da imprevisão, o que só ocorre em face de contratos de execução sucessiva
ou continuada.
(B) não estará obrigada a diminuir o preço, seja porque a venda encontrava-se
obrigatória e perfeita, seja porque não estão presentes todos os requisitos para
aplicação da teoria da imprevisão, já que não teve vantagem alguma na
promoção direta da montadora, apesar de a compra e venda com preço diferido
possibilitar, em tese, o cabimento da citada teoria.
(C) estará obrigada a diminuir o preço, pois basta a onerosidade maior ao
consumidor para possibilitar a revisão contratual pela atual sistemática do Código
Civil.
(D) não estará obrigada a diminuir o preço, porque, embora presentes todos os
requisitos da teoria da imprevisão, esta só possibilitaria na hipótese a rescisão
contratual e não a revisão do preço acordado.
(E) estará obrigada à diminuição do preço, pois a compra e venda só se
consideraria obrigatória e perfeita após o pagamento do preço, o que ainda não
havia ocorrido, estando presentes ainda todos os elementos da teoria da
imprevisão.
COMENTÁRIOS. A chamada Teoria da Imprevisão permite a possibilidade de
revisão e até mesmo de rescisão contratual, caso ocorram, no momento da
execução do contrato, fatos supervenientes e imprevisíveis, desequilibrando a
base econômica do negócio, impondo a uma das partes uma onerosidade
excessiva. Tal teoria tem como base os arts. 478 a 480, CC. O requisito legal
“onerosidade excessiva” é conceituado como o evento que embaraça e torna
dificultoso o cumprimento da obrigação de uma das partes. Ora, no caso concreto
não se vislumbra a presença dessa onerosidade excessiva, pois o que houve foi
uma simples promoção da montadora. A questão ainda foi clara no sentido de que
tal promoção foi bancada pela própria montadora, “não havendo lucro ou prejuízo
à concessionária”. Desta forma não é hipótese de aplicação de tal instituto, não
estando a concessionária obrigada a repassar a promoção ao contratante.
Gabarito: “B”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 86


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
29) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2015) No
tocante à cláusula penal, é CORRETO afirmar:
(A) quando estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, só
pode referir-se à execução completa dessa obrigação.
(B) para ser exigida a pena nela prevista, não é necessário que o credor alegue
prejuízo.
(C) só é passível de redução eventual se o seu montante for manifestamente
excessivo.
(D) quando for estipulada para o caso de total inadimplemento da obrigação,
esta converter-se-á em alternativa a benefício do devedor.
(E) o valor de sua cominação é livre, podendo ultrapassar o montante da
obrigação principal.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 409, CC: A cláusula
penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode
referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou
simplesmente à mora. A letra “b” está correta. Um dos efeitos da cláusula penal é
a sua exigibilidade imediata, independentemente de qualquer alegação de prejuízo
por parte do credor. Aliás, é isso o que prevê expressamente o art. 416, caput,
CC. A letra “c” está errada, pois dispõe o art. 413, CC: A penalidade deve ser
reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em
parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se
em vista a natureza e a finalidade do negócio. A letra “d” está errada nos termos
do art. 410, CC: Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total
inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do
credor (e não do devedor). Finalmente a letra “e” está errada, pois prescreve o
art. 412, CC que o valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder
o da obrigação principal. Gabarito: “B”.

30) (FCC – Prefeitura de Manaus/AM – MANAUSPREV – Procurador


Autárquico – 2015) A cláusula penal
(A) não pode prever cominação superior a trinta por cento da obrigação principal.
(B) pode prever cominação igual à obrigação principal, devendo ser reduzida
equitativamente pelo juiz se a obrigação tiver sido cumprida em parte.
(C) deve ser estipulada sempre conjuntamente com a obrigação, destinando-se
exclusivamente a compensar o credor pela mora.
(D) vale como indenização pelos danos que tiver experimentado o credor, não se
podendo estipular indenização suplementar a seu montante, ainda que se trate
de contrato comutativo.
(E) somente pode ser exigida em caso de comprovação de prejuízo.
COMENTÁRIOS. Art. 412, CC: O valor da cominação imposta na cláusula penal
não pode exceder o da obrigação principal. Art. 413, CC: A penalidade deve ser
reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 87


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se
em vista a natureza e a finalidade do negócio. Gabarito: “B”.

31) (FCC – MPE/PB – Analista Ministerial – 2015) Paulo adquiriu uma casa
de José e, um mês após, descobriu que o imóvel apresentava vício oculto
consistente em defeitos na estrutura de sustentação do telhado, com risco de
desabamento. José desconhecia o vício. Em tal situação, Paulo pode
(A) apenas rejeitar a coisa, redibindo o contrato, reavendo o preço pago e
obtendo o reembolso das suas despesas, além das perdas e danos.
(B) apenas rejeitar a coisa, redibindo o contrato, reavendo o preço pago e
obtendo o reembolso das suas despesas.
(C) apenas reclamar o abatimento no preço, sem a redibição do contrato.
(D) rejeitar a coisa, redibindo o contrato, reavendo o preço pago e obtendo o
reembolso das despesas do contrato ou reclamar o abatimento no preço, sem
a redibição do contrato.
(E) rejeitar a coisa, redibindo o contrato, reavendo o preço pago e obtendo o
reembolso das suas despesas, além das perdas e danos, ou reclamar o
abatimento no preço, sem a redibição do contrato.
COMENTÁRIOS. Pelo Código Civil Paulo pode rejeitar a coisa por defeito oculto,
redibindo o contrato e recebendo o valor que pagou mais as despesas do contrato
ou reclamar abatimento proporcional do preço. Vejamos os dispositivos aplicáveis.
Art. 441, CC: A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor. Art. 443, CC: Se o alienante conhecia o vício
ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não
conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Art. 442, CC: Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o
adquirente reclamar abatimento no preço. Gabarito: “D”.

32) (FCC – Técnico de Nível Superior – Advogado – Prefeitura de


Teresina/PI – 2016) Paulo, Pedro e João firmaram um contrato,
estabelecendo que, quando seu pai, ainda vivo, falecer, a herança será
assim distribuída: metade para Paulo, 1/4 para Pedro e 1/4 para João.
Esse contrato é
(A) sempre válido.
(B) anulável.
(C) nulo.
(D) válido se não existirem outros herdeiros.
(E) válido se não prejudicar credores.
COMENTÁRIOS. Art. 426, CC: Não pode ser objeto de contrato a herança de
pessoa viva. Portanto trata-se de causa de nulidade absoluta (contrato nulo).
Gabarito: “C”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 88


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
33) (FCC – Técnico de Nível Superior – Analista Administrativo – PGM –
Teresina/PI – 2016) Anita, dona de casa, comprou de sua vizinha Bernadete,
também do lar, um conjunto de sala de jantar. Pago o preço e entregue o
mobiliário, Anita percebeu alguns defeitos aparentes e incontornáveis nos móveis,
como, por exemplo, cadeiras montadas com peças de cores contrastantes e várias
bolhas no tampo de vidro da mesa. Negado o desfazimento do negócio, Anita, 40
dias após a entrega dos móveis, propôs ação redibitória, a fim de rejeitar a coisa,
rescindindo o contrato e pleiteando a devolução do preço pago. A sentença será
(A) desfavorável a Anita, pois ela não pode rejeitar a coisa e pedir a devolução
do preço pago, já que já usou os móveis.
(B) favorável a Anita, pois os defeitos nos móveis os tornaram imprestáveis para
o efeito decorativo a que se destinavam.
(C) favorável a Anita, pois o prazo para ajuizamento de tal demanda é de 1 ano,
pois se tratam de bens móveis.
(D) parcialmente favorável a Anita, pois, já que o bem contém defeitos ocultos,
não descobertos em um simples e rápido exame exterior, o adquirente apenas
pode requerer diminuição do preço pago.
(E) desfavorável a Anita, pois o prazo para ajuizamento de tal demanda é de 30
dias, e também porque os defeitos não são ocultos.
COMENTÁRIOS. Como se trata de negócio jurídico entabulado entre dois
particulares é hipótese de aplicação do Código Civil (e não do Código de Defesa
do Consumidor). Art. 445, CC: O adquirente decai do direito de obter a redibição
ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um
ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo
conta-se da alienação, reduzido à metade. Gabarito: “E”.

34) (FCC – PGE/MT – Procurador do Estado – 2016) Isac vendeu seu veículo
a Juliano, por preço bem inferior ao de mercado, fazendo constar, no contrato de
compra e venda, que o bem estava mal conservado e poderia apresentar vícios
diversos e graves. Passados quarenta dias da realização do negócio, o veículo
parou de funcionar. Juliano ajuizou ação redibitória contra Isac, requerendo a
restituição do valor pago, mais perdas e danos. A pretensão de Juliano
(A) improcede, porque, embora a coisa possa ser enjeitada, em razão de vício
redibitório, as perdas e danos apenas seriam devidas se Isac houvesse procedido
de má-fé.
(B) procede, porque a coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor.
(C) improcede, porque firmou contrato comutativo, assumindo o risco de que o
bem viesse a apresentar avarias.
(D) improcede, porque não configurados os elementos definidores do vício
redibitório e o comprador assumiu o risco de que o bem viesse a apresentar
avarias.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 89


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(E) procede, porque a coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor, mas está prescrita, porque se passaram mais
de 30 dias da realização do negócio.
COMENTÁRIOS. Vícios redibitórios são falhas ou defeitos ocultos existentes na
coisa alienada, objeto de contratos comutativos, que a tornam imprópria ao uso a
que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor. Ocorre que, no caso
concreto, o vendedor especificou no contrato de compra e venda, que “o bem
estava mal conservado e poderia apresentar vícios diversos e graves”. Assim, não
estava configurado um dos elementos classificadores do vício redibitório, pois o
art. 441, CC, exige que o vício seja oculto e no caso concreto o comprador foi
alertado sobre o defeito, e, mesmo ciente, assumiu o risco pela compra da coisa,
não cabendo a ação redibitória. Gabarito: “D”.

35) (FCC – TJ/SE – Juiz de Direito – 2016) São contratos aleatórios,


(A) apenas os que se referem a alienação de coisas existentes, mas expostas a
risco assumido pelo adquirente e, por isso, poderá ser anulado como doloso pelo
prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do
risco a que se considerava exposta a coisa.
(B) os que dizem respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a
existir um dos contratantes assuma, os cujo objeto sejam coisas futuras,
tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade e
os que se referirem a coisas existentes, mas expostas a risco assumido pelo
adquirente.
(C) somente os que envolvam jogo ou aposta, e o de seguro.
(D) os que dizem respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a
existir um dos contratantes assuma, entretanto, não se consideram aleatórios se
o risco for de virem a existir em qualquer quantidade.
(E) aqueles em que o risco assumido é de virem existir coisas em qualquer
quantidade, mas não os de nada virem a existir, porque, neste caso, o negócio é
nulo por acarretar o enriquecimento sem causa e, portanto, ilícito o objeto.
COMENTÁRIOS. Contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das
partes (ou de ambas) não é conhecida com exatidão no momento da celebração
do contrato. Depende de uma álea (incerteza, risco). Os contratos aleatórios
podem ser divididos em: 1. COISAS FUTURAS, que se divide em: a) Emptio
spei (“venda da esperança”). Trata-se do art. 458, CC: um dos contratantes
assume o risco da existência da própria coisa, ajustando um preço, que será
devido integralmente, mesmo que nada se produza, sem que haja culpa do
alienante. Ex.: contrato um pescador dizendo que pago “X” por tudo que ele pescar
hoje... se ele pescar 100, 10, 1 quilo ou nada pescar, eu deverei para a ele o preço
“X” que combinamos. O pescador terá direito ao preço integral, ainda que o objeto
futuro não venha a existir (outros exemplos da doutrina: colheita de uma fazenda,
tesouros de um navio afundado, ninhada de uma cadela, etc.). b) Emptio rei
speratae (“venda de coisa esperada”). Trata-se do art. 459 e seu parágrafo único,
CC: se o risco versar sobre a quantidade maior ou menor da coisa esperada (e

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 90


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
não da existência). Ex.: contrato um pescador dizendo que compro tudo o que ele
pescar e pago “X” pelo quilo de peixe. Neste caso o preço poderá ser maior ou
menor dependendo da quantidade peixe pescado. Aí está a álea. Percebam que o
risco contratado é parcial. E se nada for pescado não serei obrigado a pagar
importância alguma. E se a quantia foi paga com antecedência, haverá a devolução
da mesma. 2) COISAS EXISTENTES. O art. 460, CC trata do contrato sobre
coisas já existentes, mas que estão sujeitas ao risco de se perderem, danificarem
ou, ainda, sofrerem depreciação. Ex.: determinada mercadoria é vendida, mas a
mesma será transportada de navio até o seu destino final. O comprador então
assume o risco de ela chegar ou não ao seu destino; se o navio afundar a venda
será válida e o vendedor terá direito ao preço. Este dispositivo possui uma
ressalva, pois a venda poderá ser anulada se a pessoa sabia que o risco já havia
sido consumado (ou seja, quando houve a celebração do contrato a parte já sabia
que o navio havia afundado). Gabarito: “B”.

36) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) A respeito


da mora, considere:
I. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora
desde que o praticou.
II. Nos contratos bancários, não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado
de ação revisional, nem mesmo quando o reconhecimento de abusividade
incidir sobre os encargos inerentes ao período de inadimplência contratual.
III. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá
enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
IV. É necessária, em regra, interpelação judicial ou extrajudicial para constituir
em mora o devedor que não honra obrigação positiva e líquida no seu termo.
De acordo com o Código Civil e com jurisprudência consolidada do
Superior Tribunal de Justiça, está correto o que se afirma em
(A) I, II, III e IV.
(B) II e III, apenas.
(C) I, II e IV, apenas.
(D) III e IV, apenas.
(E) I, II e III, apenas.
COMENTÁRIOS. Item I, correto. Art. 398, CC: Nas obrigações provenientes de
ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. Item II,
correto. Segundo jurisprudência do STJ: Agravo Regimental no Agravo de
Instrumento (AgRg no Ag 1.336.195-RS) Contratos Bancários. Ação Revisional.
Cobrança de Capitalização de Juros. Descaracterização da mora. Inscrição.
Cadastro de Inadimplentes. Impossibilidade. 1. A Segunda Seção deste Superior
Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp n° 1.061.530/RS , Relatora Ministra
Nancy Andrighi, submetido ao regime dos recursos repetitivos, firmou
posicionamento do sentido de que: “a) O reconhecimento da abusividade nos
encargos exigidos no período da normalidade contratual (juros remuneratórios e
capitalização) descarateriza a mora; b) Não descaracteriza a mora o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 91


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
ajuizamento isolado de ação revisional, nem mesmo quando o
reconhecimento de abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao
período de inadimplência contratual”. 2. A descaraterização da mora
impossibilita a inscrição do nome do contratante nos cadastros de inadimplentes.
3. Agravo regimental não provido. Item III, correto. Art. 395, CC: Responde o
devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar
inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
Item IV, incorreto. Art. 397, CC: O inadimplemento da obrigação, positiva e
líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo
único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial. Gabarito: E.

37) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Área Judiciária –


2017) À luz do Código Civil, no que concerne aos contratos em geral,
(A) havendo estipulação em favor de terceiro, se ao terceiro, em favor de quem
se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, poderá o
estipulante exonerar o devedor.
(B) encaminhada uma proposta de contrato pelo proponente, a aceitação fora do
prazo, com adições, restrições, ou modificações, não importará nova proposta.
(C) o contrato preliminar deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato
a ser celebrado, observando inclusive a sua forma.
(D) as partes podem, por cláusula expressa, reforçar ou diminuir a
responsabilidade pela evicção, mas jamais excluí-la.
(E) a proposta feita sem prazo por telefone deixa de ser obrigatória se não foi
imediatamente aceita.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 437, CC: Se ao terceiro, em favor de
quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não
poderá o estipulante exonerar o devedor. Letra B, incorreta. Art. 431, CC: A
aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará
nova proposta. Letra C, incorreta. Art. 462, CC: O contrato preliminar, exceto
quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser
celebrado. Letra D, incorreta. Art. 448, CC: Podem as partes, por cláusula
expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Letra E,
correta. Art. 428, CC: Deixa de ser obrigatória a proposta: I. se, feita sem prazo
a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente
a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante.
Gabarito: “E”.

38) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Oficial de Justiça


Avaliador – 2017) Sobre a cláusula penal no caso de inadimplemento das
obrigações, à luz do Código Civil, é INCORRETO afirmar:
(A) Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que,
culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 92


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(B) Sendo indivisível a obrigação, caindo em falta um dos devedores, a pena
poderá ser exigida apenas do culpado, isentados os demais devedores.
(C) A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação pode referir-se
à alguma cláusula especial da obrigação.
(D) Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.
(E) Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo.
COMENTÁRIOS. Letra A, correta. Art. 408, CC: Incorre de pleno direito o
devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a
obrigação ou se constitua em mora. Letra B, incorreta. Art. 414, CC: Sendo
indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles,
incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado,
respondendo cada um dos outros somente pela sua quota. Parágrafo único.
Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à
aplicação da pena. Portanto, não sendo causa de isenção dos demais devedores,
está incorreta a afirmação. Letra C, correta. Art. 409, CC: A cláusula penal
estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se
à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou
simplesmente à mora. Letra D, correta. Art. 410, CC: Quando se estipular a
cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-
se-á em alternativa a benefício do credor. Letra E, correta. Art. 416, CC: Para se
exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não
pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se
o tiver sido, a pena vale como mínimo de indenização, competindo ao credor
provar o prejuízo excedente. Gabarito: “B”.

39) (FCC – Auditor-Fiscal Tributário Municipal de São Paulo – ISS/SP)


Determinado município celebra contrato de locação, na qualidade de
locatário, de imóvel urbano destinado à instalação de posto de saúde. No
decorrer da execução do contrato, constatam-se diversas falhas
estruturais nos alicerces do imóvel, que impedem a sua utilização. Neste
caso, o
(A) proprietário deverá efetuar a reparação, porque responde pela evicção.
(B) Município poderá efetuar a reparação por conta própria, ressarcindo-se
posteriormente perante o proprietário.
(C) proprietário poderá efetuar a reparação por conta própria, ressarcindo-se
posteriormente perante o Município.
(D) dever de reparar o imóvel depende de expressa previsão contratual,
atribuindo-o a uma das partes.
(E) dever de reparar o imóvel depende de haver sido expressamente previsto,
como condição da licitação destinada à locação do imóvel.
COMENTÁRIOS. Segundo a doutrina dominante sobre este tema no Brasil
(trata-se, na realidade do acatamento da doutrina tradicional francesa), a

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 93


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
Administração pode celebrar dois tipos de contratos (cuidado com os nomes,
pois a diferença entre eles é sutil): A) Contratos Administrativos. São os
contratos celebrados pela Administração e regidos pelo Direito Público. Nestes
contratos a Administração tem privilégios que o contratado não tem, sendo
uma relação desequilibrada. A existência desses privilégios deve-se aos interesses
que o Poder Público representa. Ex.: contratos de obras, compras, fornecimento,
alienações, serviços, etc. Lembrando que os contratos de concessões e permissões
de serviços públicos, bem como os contratos de parcerias público-privadas (que
não deixa de ser um contrato especial de concessão), submetem-se a regramentos
próprios. B) Contratos da Administração. São os contratos celebrados pela
Administração e regidos pelo Direito Privado. Nestes contratos, em que pese
também ter a Administração Pública como parte, aplicam-se também as regras do
Direito Privado. Nesse caso a Administração encontra-se em uma situação
de relativo equilíbrio contratual. Ex.: contrato de locação de imóvel de
propriedade particular. O ponto exigido no edital e nesta questão se refere a esta
última classificação. Na realidade, o que se afirma é que todo ajuste celebrado
pela Administração rege-se pelo regime de direito público, respeitando-se os dois
princípios fundamentais: a) superioridade do interesse público sobre o privado;
b) indisponibilidade do interesse público. No entanto, admite-se que para certos
objetos contratuais o juste seja parcialmente submetido às regras do direito
privado. Assim temos os contratos sujeitos exclusivamente às regras do direito
público (Contratos Administrativos) e contratos administrativos sujeitos, além do
direito público, também às regras do direito privado (Contratos da Administração).
Quando um Município assume a posição de locatário de um imóvel particular,
aplicam-se as regras do Direito Civil (Código Civil e Lei 8.245/90), além das regras
do Direito Administrativo, que não podem ser simplesmente ignoradas. Embora a
essência de um contrato regido pelo direito privado seja a igualdade das partes,
isso não se aplica de integralmente nos contratos em que a Administração é parte,
pois em qualquer contrato que a Administração esteja presente haverá a
incidência de regras do direito público. Estes contratos, a exemplo dos regidos por
normas exclusivamente do Direito Administrativo, também admitem a alteração
unilateral do ajuste ou a sua extinção unilateral. Porém as razões fáticas e jurídicas
justificadoras desta alteração ou extinção devem ser bem mais fortes que as
requeridas para a alteração ou extinção dos contratos submetidos apenas às
regras do Direito Público. Por tal motivo aplicam-se a ambas as espécies de
contratos, as seguintes regras: Licitação: o dever de licitar está presente nestes
dois contratos, pouco importando o regime jurídico. Formalização: as regras de
formalização se aplicam a qualquer espécie de contrato, independentemente de
regime jurídico. Ex: Concessão de direito real de uso tem que ser celebrado por
escritura pública. Finalidade: há quem diga que este é um aspecto diferenciador
(o contrato administrativo tem por finalidade o interesse público e o contrato da
administração tem por finalidade interesses da Administração); no entanto tal
diferença não tem qualquer fundamento, pois em ambos sempre estará presente
o interesse público. Mecanismos de controle de sua validade: a administração
verifica a validade dos contratos, independentemente do regime jurídico. Ex:
Tribunal de Contas. Competência para julgar os litígios: tendo em vista a
concentração da função jurisdicional do Estado no Poder judiciário, qualquer lide
envolvendo contratos da Administração tem que se submeter ao Poder Judiciário.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 94


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
No caso do teste, o Município celebrou um contrato como locatário do imóvel.
Portanto firmou um “contrato da administração”, regido, predominantemente pelas
regras do direito privado. Na realidade, na questão proposta, o correto seria o
proprietário realizar as obras de reparação no imóvel e entregá-lo em totais
condições para o uso Município. Se isso não for possível, deve-se simplesmente
rescindir o contrato. Porém, não há uma alternativa para esta situação. Para
responder a questão, devemos proceder à “técnica de eliminação” para se chegar à
alternativa correta. Eliminamos de imediato a letra “a”, pois não se trata de evicção
(que é a perda da propriedade em virtude sentença judicial e ato jurídico
preexistente). Diria também (embora a questão não fale) que não é o caso de vício
redibitório. A seguir, devemos eliminar também a letra “c”, uma vez que não há
cabimento a afirmação de que o proprietário deve realizar a obra e depois cobrar do
locatário. Trata-se de uma obra necessária, decorrente de uma falha estrutural, que
deve ser realizada pelo proprietário, às suas próprias expensas e não pelo locatário.
Devemos eliminar também a letra “d”, pois o contrato não pode se sobrepor à lei.
Ainda que esta lei seja de direito privado. Estabelece o art. 22 da Lei das Locações
(Lei n° 8.245/91) que o locador é obrigado, entre outras coisas, a entregar ao
locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina (inciso I)
e responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação (IV). No mesmo sentido,
prevê o art. 566, CC que o locador é obrigado a entregar ao locatário a coisa
alugada em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado.
Portanto não se pode deixar a cargo da intenção das partes (pactuada no contrato)
uma obrigação que decorre da lei. O mesmo se aplica a letra “e”, pois tal situação
também não pode ser deixada a cargo de uma cláusula na licitação destinada à
locação. Chegamos, por exclusão, à letra “b”. De fato, parece ser a situação mais
coerente dentre as elencadas na questão. Como se trata de um vício estrutural, a
obrigação de reparar é do locador (proprietário), mas como se trata de um posto
de saúde, que possui relevância social, permite-se ao Poder Público, até por uma
questão de urgência e instalar o quanto antes o posto de saúde, realizar a obra
por conta própria e depois cobrá-la do proprietário, baseando-se no art. 35 da lei
do inquilinato, que autoriza o locatário a realizar benfeitorias necessárias (o
reparo nos alicerces do imóvel é benfeitoria desta natureza), ainda que não
autorizada pelo locador, sendo indenizado posteriormente. No mesmo sentido é o
disposto no art. 1.219, CC, que estabelece que o possuidor de boa-fé (o locatário
é, por excelência, um possuidor de boa-fé) tem direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, podendo, inclusive, exercer o direito de retenção
pelo valor das mesmas. Gabarito: “B”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS


(Somente os referentes à Banca FGV)
01) (FGV – DPE/RO – Analista Jurídico – 2015) Fernanda celebrou
contrato de conta corrente com determinada entidade bancária. Ao
receber o instrumento do contrato ao qual aderiu, percebeu algumas
ambiguidades e contradições em determinadas cláusulas relativas às
tarifas bancárias. É CORRETO afirmar, nesse caso, que:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 95


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(A) as mencionadas cláusulas contratuais devem ser interpretadas mais
favoravelmente a Fernanda.
(B) as mencionadas cláusulas contratuais devem ser interpretadas mais
favoravelmente à entidade bancária.
(C) o contrato é nulo.
(D) o contrato é juridicamente inexistente.
(E) as mencionadas cláusulas contratuais serão nulas de pleno direito.

02) (FGV – TJ/BA – Analista Judiciário – 2015) Maurício, pretendendo vender


um violino que recebera em doação feita por sua avó, quando ainda estava viva,
publicou anúncio em um site de vendas, apresentando a marca do instrumento e
as especificações, inclusive o ano de fabricação, o modelo e o estado de
conservação. Anexou a fotografia do instrumento e fez constar do anúncio o preço
no valor de dois mil reais. Vários contatos foram feitos, sendo que, no mesmo dia
em que foi divulgada a publicidade, Vanildo, músico profissional, se dirigiu à
residência de Maurício, com os dois mil reais em dinheiro, para aquisição do bem.
Acontece que Maurício, impressionado com o grande número de contatos feitos
em decorrência da publicação do anúncio, declarou para Vanildo que não realizaria
a venda naquele momento, pois gostaria de aguardar uma oferta mais vantajosa.
Nesse caso, pode-se afirmar que:
(A) é direito potestativo de Maurício manifestar arrependimento pela oferta, sem
qualquer consequência jurídica, já que o contrato não chegou a ser formalizado;
(B) houve celebração do contrato, já que a oferta ao público equivale à proposta,
havendo, contudo, direito ao arrependimento, desde que Vanildo seja indenizado
pelas perdas e danos;
(C) é direito potestativo de Maurício manifestar arrependimento pela oferta, já
que o contrato não chegou a ser formalizado, ficando, contudo, obrigado a
indenizar Vanildo pelas perdas e danos sofridos;
(D) é direito subjetivo de Maurício manifestar arrependimento pela oferta, já que
o contrato não chegou a ser formalizado, ficando, contudo, obrigado a indenizar
Vanildo pelas perdas e danos sofridos;
(E) houve celebração do contrato, já que a oferta ao público equivale à proposta,
sendo, portanto, obrigatória, não havendo direito ao arrependimento.

03) (FGV – Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro – Estágio


Forense – 2014) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta como:
(A) norma de conduta leal e ética aplicável às obrigações contratuais, sentido
idêntico ao utilizado, em matéria de direitos reais, na classificação da posse como
sendo de boa-fé ou de má-fé;
(B) um estado psicológico pelo qual o agente, de forma crédula, desconhece as
reais circunstâncias do ato praticado;
(C) ausência de má-fé;
(D) tendo conteúdo idêntico ao da boa-fé subjetiva;

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 96


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(E) norma de conduta de acordo com os ideais de honestidade e lealdade,
devendo as partes contratuais agir conforme um modelo de conduta social,
sempre respeitando a confiança e os interesses do outro.

04) (FGV – DPE/RJ – Técnico Superior Jurídico – 2014) Fabrício ofereceu


verbalmente uma mesa usada a Eduardo, pelo preço de trezentos reais,
pagamento à vista, em dinheiro. Eduardo respondeu positivamente. É
CORRETO afirmar que o contrato
(A) não foi celebrado, porque não houve formalidade essencial à venda.
(B) não foi celebrado, porque não houve a entrega do bem.
(C) foi celebrado, pois houve proposta e aceitação.
(D) foi celebrado, mas é ineficaz até a entrega da mesa.
(E) foi celebrado, mas é rescindível até a entrega da mesa.

05) (FGV – Defensoria Pública do Distrito Federal – Analista de Apoio à


Assistência Judiciária – 2014) Cícero enviou proposta de celebração de
contrato de prestação de serviços para Célio, estabelecendo um prazo de
cinco dias para a resposta. Fez constar da proposta que o contrato estará
celebrado na hipótese de Célio deixar de emitir resposta no prazo
assinalado. Caso Célio realmente não responda à proposta, pode-se
afirmar que:
(A) não houve formação do contrato.
(B) houve formação do contrato em decorrência da manifestação presumida da
vontade de Célio.
(C) houve formação do contrato em decorrência da manifestação tácita da
vontade de Célio.
(D) houve formação do contrato em decorrência da manifestação expressa da
vontade de Célio.
(E) apesar da formação do contrato em virtude da manifestação tácita da
vontade, o negócio é relativamente ineficaz perante Célio.

06) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) A respeito


da formação dos contratos, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
(B) a proposta deixa de ser obrigatória se, feita sem prazo a pessoa presente,
não foi imediatamente aceita.
(C) será considerada nova proposta a aceitação fora do prazo, com adições,
restrições, ou modificações.
(D) a proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
(E) continua sendo obrigatória a proposta mesmo se, antes dela, ou
simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do
proponente.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 97


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
07) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) Nos
contratos, os indivíduos devem observar os princípios da probidade e boa-
fé. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato. Nesse contexto, assinale a alternativa CORRETA, de acordo com
o Código Civil.
(A) as partes não podem, em qualquer hipótese, reforçar, diminuir ou excluir
responsabilidade pela evicção.
(B) as cláusulas resolutivas, expressas ou tácitas, operam-se de pleno direito.
(C) nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes poderá exigir, antes de
cumprida sua obrigação, o implemento da do outro.
(D) admite-se que a herança de pessoa viva possa ser objeto de contrato.
(E) nos contratos de adesão são nulas de pleno direito as cláusulas ambíguas ou
contraditórias.

08) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Embora sujeito às constantes


mutações e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito tradicional de
contrato sugere que ele representa o acordo de vontades estabelecido com a
finalidade de produzir efeitos jurídicos. Tomando por base a teoria geral dos
contratos, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é lícita,
pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não expressamente
regulamentados por lei.
(B) a atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra específica
prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a herança de pessoa
viva, seja por meio de contrato típico ou não.
(C) a liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato e os
contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua execução, os
princípios da probidade e da boa‐fé subjetiva, princípios esses ligados ao
voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso Código Civil.
(D) será obrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver
cláusulas ambíguas ou contraditórias.

09) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) O contrato de fiança, inserido em


contrato formulário de adesão, que contenha cláusula de renúncia antecipada de
benefício de ordem é considerado:
(A) irregular.
(B) ineficaz.
(C) anulável.
(D) legítimo.
(E) nulo.

10) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ –


2010) Em relação aos contratos, é CORRETO afirmar que

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 98


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(A) nos casos de onerosidade excessiva superveniente, à parte prejudicada cabe
a possibilidade de resolver o contrato judicialmente, mas não de pleitear a sua
revisão.
(B) há limitações legais ao princípio da liberdade de contratar em razão do
princípio da moralidade. Como exemplo, temos a nulidade da compra, por
servidores públicos, em geral, de bens e direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta, mesmo que
a alienação ocorra em hasta pública.
(C) nos contratos de consumo, o produtor responde objetivamente pelos
produtos postos em circulação, mas o fornecedor de serviços responde sempre
que verificada a existência da sua culpa.
(D) na evicção, em contrato paritário, as partes podem acordar, expressamente,
a exclusão da responsabilidade pela evicção. A consequência desta cláusula é a
assunção integral do risco da evicção pelo evicto, que abre mão do direito de
receber o preço que pagou pela coisa evicta.
(E) na ambiguidade ou contradição das cláusulas de contrato de adesão, a
interpretação adotada será favorável ao aderente, exceto se este apôs qualquer
cláusula no contrato em questão.

11) (FGV – PGE/RO – Analista da Procuradoria – 2015) Vitor é produtor de


vídeos e consulta a sociedade empresária Videolog Ltda. sobre a comercialização
de um tipo específico de câmera de filmagem. No dia 19 de outubro, Vitor envia
e-mail à Videolog indagando o preço cobrado por cada câmera. Em 22 de outubro,
a Videolog envia e-mail de resposta informando o preço individual de cada câmera.
Em 25 de outubro, Vitor envia outro e-mail, informando que teria interesse em
adquirir o produto e indagando se haveria a possibilidade de desconto se fossem
adquiridas quatro câmeras. Termina esse mesmo e-mail encomendando os
produtos, para entrega em 30 dias. No dia 27 de outubro, a Videolog responde
afirmativamente quanto ao desconto e à entrega em 30 dias, sendo esse e-mail
visualizado por Vitor no dia 30 de outubro. Pode-se considerar que o contrato foi
celebrado entre as partes na seguinte data:
(A) 19 de outubro;
(B) 22 de outubro;
(C) 25 de outubro;
(D) 27 de outubro;
(E) 30 de outubro.

12) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/RJ –


2008) Paulo emite proposta de venda de seu carro a José. Pouco depois
Paulo vem a falecer. Essa proposta:
(A) é válida e eficaz.
(B) é anulável e ineficaz.
(C) perdeu validade com a morte do proponente.
(D) perdeu eficácia com a morte do proponente.
(E) torna-se inexistente, ante a morte do proponente.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 99


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
13) (FGV - Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/RJ –
2008) Quanto ao contrato de execução contínua, é correto afirmar que:
(A) as prestações vencidas e não pagas produzem efeitos ex tunc.
(B) a prescrição atinge por igual todas as parcelas do contrato.
(C) não há liberação de uma das partes, se a outra não pode cumprir o contrato.
(D) pode ser exigido o cumprimento das prestações de forma simultânea.
(E) a nulidade do contrato de prestação contínua não afeta seus efeitos já
produzidos.

14) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Por meio de uma promessa de
compra e venda, celebrada por instrumento particular registrada no cartório de
Registro de Imóveis e na qual não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir
no imóvel objeto do contrato e, quando quitou o pagamento, deparou-se com a
recusa do promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel.
Diante do impasse, Juvenal poderá
(A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de
compra e venda ter sido celebrada por instrumento particular.
(B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na hipótese.
(C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta.
(D) exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, muito embora
inexistisse previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar.

15) (FGV – Auditor do Tribunal de Contas do Estado do Pará – 2008)


Analise as afirmativas a seguir:
I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da boa-fé subjetiva.
II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da função social dos contratos.
III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da autonomia da vontade.
IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência
o princípio da boa-fé objetiva.
Assinale:
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(B) se apenas uma afirmativa estiver correta.
(C) se nenhuma afirmativa estiver correta.
(D) se apenas duas afirmativas estiverem corretas.
(E) se apenas três afirmativas estiverem corretas.

16) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Durante dez anos, empregados
de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de
tomate entre agricultores de uma certa região. A cada ano, os empregados da
fabricante procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra
produzida. No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre
fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 100


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
fabricante recusou-se a efetuar a compra. O tribunal competente entendeu que
havia responsabilidade pré-contratual da fabricante. A responsabilidade pré-
contratual é aquela que:
(A) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares à
formação do contrato.
(B) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado contrato preliminar.
(C) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior à
responsabilidade contratual.
(D) segue o destino da responsabilidade contratual, como o acessório segue o
principal.

17) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de


Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel, ano 2011,
por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração do
negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava avarias na
suspensão dianteira, tornando seu uso impróprio pela ausência de segurança.
Considerando que o vício apontado existia ao tempo da contratação, de acordo
com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para
reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou desfazimento do negócio
jurídico em virtude do vício oculto.
(B) Mauricio deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do
contrato se, no momento da venda, desconhecesse o defeito na suspensão
dianteira do veículo.
(C) caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo
prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para reclamação do vício oculto
correrá independentemente do prazo da garantia estipulada.
(D) caso Silvio e Maurício tenham inserido no contrato de compra e venda
cláusula que exclui a responsabilidade de Mauricio pelo vício oculto, persistirá a
irresponsabilidade de Maurício mesmo que este tenha agido com dolo positivo.

18) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – ICMS/RJ –


2009) A respeito dos contratos, analise as afirmativas a seguir:
I. No caso de redibição de contrato comutativo, sempre será devida reparação
por perdas e danos.
II. A responsabilidade por evicção é cláusula essencial aos contratos onerosos
e não pode, portanto, ser excluída pelas partes, ainda que expressamente.
III. A aceitação de proposta de contrato fora do prazo ou com modificações
configura nova proposta.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa II estiver correta.
(B) se somente a afirmativa III estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 101


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

19) (FGV – SEFAZ/NITERÓI/RJ – Fiscal de Tributos – 2015) Fabrício


celebrou contrato de promessa de compra e venda de um terreno com Milena. O
contrato foi pactuado por escritura pública e o pagamento foi convencionado em
trinta e seis parcelas mensais, com uma entrada no ato da escritura a título de
arras, sem previsão do direito de arrependimento. Após o pagamento da sétima
parcela, Fabrício restou inadimplente durante oito meses, o que fez com que
Milena pleiteasse a rescisão do contrato. Considerando que não houve qualquer
referência à natureza das arras, é correto afirmar que:
(A) além de reter as arras, Milena tem direito à indenização suplementar;
(B) todos os valores pagos por Fabrício devem ser restituídos para evitar um
locupletamento sem causa;
(C) Milena tem direito tão somente a reter as arras pagas por Fabrício;
(D) como se trata de arras confirmatórias, Milena não tem direito a rescindir o
contrato, podendo apenas cobrar os valores devidos por Fabrício;
(E) como se trata de arras penitenciais, Milena não tem o direito de rescindir o
contrato, podendo apenas cobrar os valores devidos por Fabrício.

20) (FGV – Advogado da Companhia Docas do Estado de São Paulo –


2010) Analise as afirmativas a seguir:
I. Ao tratar dos vícios redibitórios, o Código Civil de 2002 exclui a possibilidade
dos donatários de qualquer espécie de reclamá-los, uma vez que a doação
enseja disposição a título gratuito.
II. A inclusão de arras penitenciais no compromisso de compra e venda de bem
imóvel gera o direito potestativo de arrependimento na avença, se
expressamente disposto no instrumento contratual.
III. Uma vez que as normas que tratam da evicção são de caráter dispositivo,
é possível estabelecer cláusula da exclusão total de responsabilidade pela
evicção, mesmo que p evicto não saiba do risco ou que não o tenha assumido.
IV. A cláusula penal moratória permite ao credor exigir a satisfação da pena
cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal, exceto se o
inadimplemento se der por caso fortuito ou força maior, que exonerem o
devedor, se expressamente estipulado entre as partes.
V. A promessa por fato de terceiro encerra duas obrigações de natureza
distintas: a obrigação do promitente devedor consubstancia obrigação de
fazer, ao passo que a obrigação do terceiro devedor pode ser de fazer, de não
fazer ou de dar. Em ambos os casos estamos diante de obrigações de
resultado.
Somente está correto o que se afirma em
(A) I e II.
(B) I e V.
(C) II e III.
(D) II, III e IV.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 102


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
(E) II, IV e V.

21) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2008) Celebrado contrato de


promessa de compra e venda de imóvel e estando o devedor em
dificuldades financeiras e objetivando não mais prosseguir na respectiva
execução, poderá no tocante à avença, postular:
(A) rescisão.
(B) resolução.
(C) resilição.
(D) revisão.
(E) revogação.

22) (FGV – Defensoria Pública do Distrito Federal – Analista de Apoio à


Assistência Judiciária – 2014) Arlindo locou uma máquina de cortar
grama para seu vizinho por seis meses. Acontece que desde o primeiro
mês, seu vizinho se recusou a pagar o valor do aluguel, o que motivou
Arlindo a extinguir o contrato. Essa modalidade de extinção contratual se
denomina:
(A) resilição.
(B) rescisão.
(C) revogação.
(D) denúncia.
(E) distrato.

23) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Utilizando‐‐se das regras


afetas ao direito das obrigações, assinale a alternativa CORRETA.
(A) quando o pagamento de boa-fé for efetuado ao credor putativo, somente será
inválido se, em seguida, ficar demonstrado que não era credor.
(B) levando em consideração os elementos contidos na lei para o reconhecimento
da onerosidade excessiva, é admissível assegurar que a regra se aplica às
relações obrigacionais de execução diferida ou continuada.
(C) possui a quitação determinados requisitos que devem ser obrigatoriamente
observados, tais como o valor da dívida, o nome do pagador, o tempo e o lugar
do adimplemento, além da assinatura da parte credora, exigindo-se também que
a forma da quitação seja igual à forma do contrato.
(D) o terceiro, interessado ou não, poderá efetuar o pagamento da dívida em seu
próprio nome, ficando sempre sub-rogado nos direitos da parte credora.

24) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) A respeito dos contratos,


analise as afirmativas a seguir.
I. O direito positivo brasileiro prevê a liberdade de forma para realização dos
contratos, por expressa previsão legal.
II. Nos negócios jurídicos ad probationem, a forma é considerada requisito de
validade, podendo o negócio ser considerado inválido.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 103


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar
III. A regra da liberdade de forma só admite exceções expressamente previstas
em lei.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.

25) (FGV – Exame da OAB Unificado – 2015) Renato é proprietário de um


imóvel e o coloca à venda, atraindo o interesse de Mário. Depois de algumas visitas
ao imóvel e conversas sobre o seu valor, Renato e Mário, acompanhados de
corretor, realizam negócio por preço certo, que deveria ser pago em três parcelas:
a primeira, paga naquele ato a título de sinal e princípio de pagamento, mediante
recibo que dava o negócio por concluído de forma irretratável; a segunda deveria
ser paga em até trinta dias, contra a exibição das certidões negativas do vendedor;
a terceira seria paga na data da lavratura da escritura definitiva, em até noventa
dias a contar do fechamento do negócio. Antes do pagamento da segunda parcela,
Mário celebra, com terceiros, contratos de promessa de locação do imóvel por
temporada, recebendo a metade de cada aluguel antecipadamente. Renato, ao
tomar conhecimento de que Mário havia celebrado as promessas de locação por
temporada, percebeu que o imóvel possuía esse potencial de exploração. Em
virtude disso, Renato arrependeu-se do negócio e, antes do vencimento da
segunda parcela do preço, notificou o comprador e o corretor, dando o negócio
por desfeito. Com base na hipótese formulada, assinale a afirmativa correta.
(A) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode
ser exigido, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi
desfeito antes de aperfeiçoar-se.
(B) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode
ser exigido pelo comprador. Contudo, é devida a comissão do corretor, não
obstante o desfazimento do negócio antes de aperfeiçoar-se.
(C) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização
pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal
dado, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi desfeito
antes de aperfeiçoar-se.
(D) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização
pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal
dado, sendo devida a comissão do corretor, não obstante o desfazimento do
negócio antes de aperfeiçoar-se.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 104


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 08: CONTRATOS EM GERAL
Prof. Lauro Escobar

GABARITO SECO = FGV


01) A 08) B 15) B 22) B
02) E 09) E 16) A 23) B
03) E 10) B 17) B 24) B
04) C 11) D 18) B 25) D
05) A 12) A 19) A
06) E 13) E 20) E
07) C 14) A 21) C

GABARITO SECO = FCC


01) B 11) C 21) D 31) D
02) A 12) D 22) A 32) C
03) D 13) B 23) E 33) E
04) E 14) D 24) A 34) D
05) A 15) C 25) D 35) B
06) C 16) E 26) A 36) E
07) C 17) A 27) D 37) E
08) A 18) D 28) B 38) B
09) B 19) B 29) B 39) B
10) D 20) D 30) B

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 105

Você também pode gostar