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AULA 09
DIREITO CIVIL
= DIREITOS REAIS =
Aula 09
Direitos Reais
Sumário
Introdução, conceito, características, conteúdo ................................. 03
DIREITOS REAIS. Disposições Gerais ................................................. 06
PROPRIEDADE .................................................................................... 06
Propriedade Resolúvel ................................................................ 10
Propriedade Imóvel .................................................................... 11
Usucapião .................................................................................. 12
Propriedade Móvel ...................................................................... 20
Condomínio ................................................................................. 23
Direitos de Vizinhança ................................................................ 31
DIREITO REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS ........................................... 35
Direitos Reais de Gozo ou Fruição ............................................... 36
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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 09: DIREITOS REAIS
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Superfície .............................................................................. 36
Usufruto ................................................................................ 38
Direito de Uso ........................................................................ 42
Direito de Habitação .............................................................. 43
Direitos Reais de Aquisição ........................................................ 44
Direito do Promitente Comprador .......................................... 44
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 48
Bibliografia Básica ............................................................................ 53
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) .................................................... 54
CAROS ALUNOS
O edital desse nosso concurso para o ICMS/RO, tocante ao ponto que
iremos abordar hoje, foge um pouco da regra. Dentro do capítulo Direito das
Coisas, em geral, os editais exigem a posse, a propriedade, os direitos reais de
gozou ou fruição e os direitos reais de garantia. No entanto nosso edital não
pede um dos pontos mais importantes, a base de todo o Direito das Coisas, que
é a Posse. E também não exige os direitos reais de garantia. Bem... nossa
intenção é fornecer ao aluno um curso voltado especialmente para o edital
publicado. Assim, vamos nos ater exclusivamente aos pontos exigidos, deixando
os demais de lado, pois não caem. Parafrasendo um ditado muito comum: “o
que não está no edital... não está no mundo...
INTRODUÇÃO
A doutrina costuma afirmar que o Direito Patrimonial se divide em
Direito Obrigacional e Direito das Coisas. Nas aulas anteriores falamos sobre o
Direito das Obrigações (a maior fonte das obrigações é o contrato), que compõe
o chamado Direito Pessoal. Hoje veremos o Direito das Coisas. Com isso
mudamos um pouco a ótica do Direito. No Direito das Obrigações estudamos as
relações das pessoas entre si. Já no Direito das Coisas o relacionamento das
pessoas deixa de ser foco principal. Agora passaremos a estudar a relação dos
homens com as coisas, evidentemente que movida por um interesse
econômico. Assim, iniciando nosso estudo e para deixar bem diferenciada esta
dualidade do Direito Civil, apresentamos o seguinte quadro.
CONCEITO
Baseado no quadro acima, podemos conceituar o Direito das Coisas
como o conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos
bens corpóreos (móveis ou imóveis) ou incorpóreos (direitos autorais,
propriedade industrial), suscetíveis de apropriação pelo homem, segundo uma
finalidade social. Abrange: aquisição, exercício, conservação e perda de poder
sobre os bens.
CARACTERÍSTICAS
Tipicidade: a relação dos direitos reais é limitada, taxativa. Os direitos
reais são somente aqueles que estão previstos na lei (numerus clausus).
Absolutos: os direitos reais possuem eficácia erga omnes (repercutem
socialmente, impondo respeito à todas as pessoas, que devem se abster de
molestar o titular).
Sequela: o titular do direito real pode “perseguir a coisa” em poder de
terceiros, onde quer que se encontre.
Aderência (ou especialização): aderência do direito ao bem.
PROPRIEDADE
(arts. 1.228 a 1.360, CC)
CLASSIFICAÇÃO
1. Plena: a pessoa possui todos os elementos da propriedade em suas
mãos, sem que terceiros tenham quaisquer direitos sobre o bem.
2. Limitada (restrita): recai algum ônus (hipoteca, usufruto) ou é resolúvel.
A pessoa abre mão de um ou alguns dos poderes da propriedade em favor de
outrem. Divide-se em duas partes destacáveis:
a) Nua propriedade (domínio direto): corresponde à titularidade; ao fato
de ser proprietário e ter o bem em seu nome (nu-proprietário, senhorio ou
proprietário direto).
b) Domínio útil: direito de usar, gozar e dispor da coisa. Uma pessoa é o
titular do bem (nu-proprietário), mas outra tem o direito de usar, gozar e
até dispor daquele bem (usufrutuário, enfiteuta, etc.).
Caracteres da Propriedade
1. Absoluto: o titular pode utilizar o bem como quiser, sujeitando-se
apenas às limitações legais ou à coexistência do direito de propriedade de
DA PROPRIEDADE IMÓVEL
MODALIDADES
1. EXTRAORDINÁRIA (art. 1.238, CC)
• Posse exercida de forma mansa e pacífica (ou seja, sem oposição, sem
contestação de quem tenha legítimo interesse), contínua (sem
interrupções) e com animus domini (intenção de dono). Se o proprietário
ingressar com alguma medida judicial, quebra-se a continuidade da posse
(lembrando que providências extrajudiciais não significam “oposição”).
4. FAMILIAR
A Lei n° 12.424/11 inseriu o art. 1.240-A no Código Civil, dispondo:
“Aquele que exercer, por 02 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição,
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250 m² (duzentos
e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural”. A doutrina está chamando isso de “usucapião
especial urbana familiar”.
Requisitos: imóvel único de propriedade do casal e único do usucapiente, não
superior a 250 m², posse mansa, pacífica, ininterrupta, com animus domini, por
2 anos, abandono de lar (atinge cônjuge, companheiros e relação homoafetiva),
Observação
Segundo entendimento jurisprudencial a prova de quitação de débitos
tributários (ex.: IPTU) não é considerado como requisito essencial para a
concessão da usucapião. A obrigação tributária, até a efetiva transferência da
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propriedade permanece com o antigo proprietário. O novo somente deve ser
responsabilizado pelos impostos devidos após a transferência da propriedade
para o seu nome. Portanto, ainda que a pessoa não esteja pagando os ônus
fiscais poderá requerer usucapião do imóvel.
DA PROPRIEDADE MÓVEL
Aquisição e Perda
Aquisição da propriedade é a incorporação dos direitos de dono em um
titular. No entanto, se de um lado uma pessoa adquire a propriedade de uma
coisa móvel, por outro lado outra pessoa a perde, concomitantemente. Por isso
a aquisição e a perda da propriedade móvel são analisadas ao mesmo tempo.
1. Modo Originário
a) Ocupação (art. 1.263, CC): é o assenhoramento de coisa móvel
(abrange os semoventes), ainda não apropriada (res nullius) ou abandonada
(res derelictae). Não confundir a coisa sem dono ou abandonada com a coisa
perdida. Esta deve ser restituída ao dono ou entregue às autoridades. Espécies:
Ocupação propriamente dita: tem por objeto seres vivos (caça ou
pesca, obedecendo a legislação específica) ou coisas inanimadas.
Descoberta: quem acha coisa móvel perdida, não se torna proprietário.
Deve restituí-la ao dono ou possuidor. Não o conhecendo deve entregá-la
à autoridade competente. Apresentando-se o dono e comprovada a
propriedade, o descobridor tem direito a recompensa, chamada achádego
(não pode ser inferior a 5% do valor da coisa), acrescida das despesas
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com a conservação e transporte. O proprietário, ao invés de pagar a
importância, pode abandonar a coisa e o descobridor pode adquirir a sua
propriedade.
Tesouro: depósito antigo de moedas ou outras coisas valiosas, enterrado
ou oculto, de cujo dono não haja memória. Regras:
• Pessoa encontra tesouro em imóvel de sua propriedade: o bem
pertence somente a ela.
• Pessoa acha tesouro em terreno alheio, onde intencionalmente o
procurava sem permissão do proprietário: o bem pertence somente
ao dono do terreno.
• Pessoa acha tesouro casualmente em terreno alheio: divide-se o
tesouro em partes iguais - metade para o dono do prédio e metade
para quem o achou.
PROPRIEDADE EM CONDOMÍNIO
7. Penalidades (multas)
a) Atraso no pagamento da contribuição – O não-pagamento da
contribuição no dia designado faz com que o condômino incida em mora, sendo
desnecessária sua notificação. Sujeita a juros moratórios convencionados, ou,
não sendo previstos, de 1% ao mês além da multa de até 2% sobre o débito.
b) Descumprimento de deveres condominiais (realização de obras
que comprometam a segurança da edificação, alteração da forma e a cor das
fachadas, partes e esquadrias externas, etc.) – Sujeita o condômino a multa
prevista na convenção que não pode ser superior a cinco vezes o valor da
contribuição mensal, independentemente das perdas e danos que se apurarem.
Não havendo disposição expressa, cabe à assembleia geral, por no mínimo 2/3
dos demais condôminos, deliberar sobre a multa.
c) Descumprimento reiterado – Por deliberação de 3/4 dos
condôminos, o infrator pode ser constrangido a pagar multa de cinco vezes o
valor das despesas condominiais, conforme a gravidade da falta e a reiteração,
independentemente da apuração das perdas e danos.
d) Comportamento antissocial reiterado – Quem gerar
incompatibilidade de convivência com os demais condôminos (inobservância de
normas de boa vizinhança) será constrangido a pagar multa de até dez vezes o
DIREITOS DE VIZINHANÇA
São limitações impostas por lei para a boa convivência social, inspirando-
se em lealdade e boa-fé. Disciplinam o uso legítimo da propriedade, conciliando
interesses de vizinhos e compondo eventuais conflitos de interesses.
Características essenciais: a) emanam da lei; b) são obrigações propter
rem, acompanhando a coisa e vinculando quem quer que seja; c) atribuem
direitos e deveres recíprocos; d) transmitem-se aos sucessores.
SUPERFÍCIE
arts. 1.369 a 1.377, CC
Conceito
Esta modalidade de direito real é regulada pelo Estatuto da Cidade (Lei
n° 10.257/01) e pelo Código Civil (Lei n° 10.406/02). Uma pessoa
(proprietário) concede a outrem, por tempo determinado ou indeterminado,
gratuita ou onerosamente, o direito de construir e/ou plantar em seu terreno,
mediante escritura pública, registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Esse
instituto veio substituir a enfiteuse, por sua maior utilidade econômica e social e
não ser perpétua.
O Estatuto da Cidade estabelece que o direito de superfície abrange o
direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, por
prazo determinado ou indeterminado. Todavia, o Código Civil não autoriza
obras no subsolo, exceto se estas forem inerentes ao objeto da
concessão, e sempre por prazo determinado.
Partes
Proprietário (concedente ou fundieiro): quem cede o uso do bem imóvel
para outrem.
Superficiário: quem recebe o imóvel para construir ou plantar. Deve
zelar pelo imóvel como se fosse seu, sendo responsável pelos tributos e
encargos que incidem sobre o bem.
Características
Há presunção de gratuidade. No entanto pode ser convencionado ônus
(chamado de solarium ou cânon superficiário). As partes estipulam como será
USUFRUTO
(arts. 1.390 a 1.411, CC)
Conceito
Trata-se de um direito real sobre coisa alheia de gozo ou fruição, que
atribui ao seu titular o direito de usar coisa alheia (móvel ou imóvel) e/ou
retirar os frutos por ela produzidos, com a obrigação de conservar a sua
substância.
Partes
Nu-proprietário: é o dono da coisa; o senhor da propriedade despida dos
direitos dela decorrentes. Tem os poderes de disposição (alienação) e
reivindicação do bem.
Usufrutuário: é quem tem o direito de usar (ex.: morar) e servir-se da
coisa (ex.: alugar). Tem a posse, o uso, a administração e os frutos
(domínio útil). Fica obrigado às despesas com a conservação e de pagar os
tributos devidos. Não é obrigado a pagar pelas deteriorações resultantes
do exercício regular do usufruto.
Objeto
Segundo o art. 1.390, CC, pode recair sobre um ou mais bens, móveis ou
imóveis, no patrimônio inteiro ou parte deste. Em regra, devem ser
Características Gerais
• Temporário: não pode exceder à vida do usufrutuário ou ao prazo de 30
anos no caso de pessoa jurídica. Assim, pode ser concedido em caráter
vitalício, ou por determinado tempo (até que o usufrutuário atinja certa
idade, condição ou estado, como o casamento), mas nunca perpétuo.
• Intransmissível e inalienável: o usufruto só pode aproveitar ou
beneficiar o seu titular, não se transmitindo aos herdeiros. É inalienável,
exceto em relação ao nu-proprietário, que pode consolidar a propriedade.
No entanto o seu exercício pode ser cedido a título gratuito ou oneroso
(art. 1.393, CC). Assim, não há impedimento que o usufrutuário em vez de
se utilizar pessoalmente da coisa a alugue ou empreste a outrem.
• Impenhorável: o usufruto não pode ser hipotecado ou empenhado, devido
a sua inalienabilidade. Entretanto, o seu exercício pode ser objeto de
penhora, desde que tenha expressão econômica, recaindo, a penhora, não
sobre o direito, mas sobre a percepção de frutos e utilidades do bem. Além
disso, a nua propriedade também pode ser objeto de penhora e alienação
em hasta pública; no entanto, nesse caso, ressalvam-se os direitos do
usufrutuário, inclusive após a arrematação, até que haja a extinção do
usufruto.
CLASSIFICAÇÃO
1. Quanto à extensão
a) Universal: recai sobre uma universalidade de bens (patrimônio,
herança, etc.).
b) Particular: recai sobre um ou mais objetos individualmente
determinados (uma casa, um sítio, etc.).
c) Pleno: refere-se a todos os frutos e utilidades do objeto dado em
usufruto.
d) Restrito: quando são excluídas do gozo do bem alguns frutos ou
utilidades da coisa.
2. Quanto à sua duração
a) Temporário: vigora por tempo pré-estabelecido (a termo),
extinguindo-se com a sua verificação.
b) Vitalício: perdura enquanto viver o usufrutuário (não se transmite a
seus herdeiros), ou enquanto não sobrevier alguma causa legal extintiva.
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CONSTITUIÇÃO
1. Disposição legal: estabelecido pela lei em favor de certas pessoas (ex.:
art. 1.689, inciso I, CC: os pais, enquanto no exercício do poder familiar são
usufrutuários dos bens dos filhos menores).
2. Ato jurídico inter vivos: pode advir de uma declaração de vontade
unilateral ou bilateral, constituindo um negócio jurídico oneroso ou gratuito. Na
gratuita o instituidor doa a nua propriedade a uma pessoa (ex.: o filho) e
reserva para si o usufruto (é mais comum). Na onerosa o instituidor vende a
nua propriedade a uma terceira pessoa e se reserva no direito do usufruto.
Como em ambas as situações o usufruto permaneceu na esfera jurídica do
proprietário, é chamada de instituição negativa. No entanto, quando o
instituidor doa ou vende a nua propriedade para uma pessoa e institui como
usufrutuário uma terceira pessoa chamamos de instituição positiva. A
constituição voluntária de usufruto ainda pode-se dar:
a) por alienação: a pessoa era proprietária plena de um imóvel e
concede o usufruto a terceiro, mantendo para si a nua propriedade;
b) por retenção: quando o proprietário da coisa transmite a terceiro a
nua propriedade, reservando, para si, o uso e gozo da coisa. Esta é a espécie
mais comum, que a doutrina chama de usufruto deducto. É o caso da pessoa
idosa que resolve doar todos os seus bens para os filhos (respeitando a paridade
no quinhão hereditário de cada um), e, no mesmo ato, reserva para si o direito
de usufruto em relação a esses bens.
3. Ato de última vontade (causa mortis): testamento ou legado.
4. Sub-rogação real: quando o bem sobre o qual incide o usufruto é
substituído por outro.
5. Usucapião: quando adquirido pelo decurso do lapso prescricional e pela
ocorrência de todas as condições exigidas pelos arts. 1.232 e 1.242, CC.
6. Sentença judicial: adquirido por força de decisão judicial (arts. 867 a
869, CPC/2015).
Registro
Se o usufruto recair sobre bem imóvel, estende-se aos acessórios e
acrescidos, exigindo-se o registro no Registro de Imóveis. Decorrendo de
disposição legal (direito de família), não é necessário o registro, mesmo sendo
imóvel. Se o usufruto recair sobre bens móveis basta a tradição (entrega).
Direitos do usufrutuário
• Posse, uso, administração e percepção dos frutos naturais (frutas de um
pomar) e/ou civis (aluguéis, pois ele pode alugar ou arrendar a coisa). Em
relação aos frutos naturais ele tem direito a todos ele inclusive os
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pendentes, logo que começar o usufruto, sem o encargo de pagar as
despesas de produção. No entanto, assim que cessar o usufruto os frutos
pendentes passam a pertencem ao dono do bem (art. 1.396, CC).
Obrigações do usufrutuário
• Inventariar à sua custa os bens que receber, especificando o estado em
que se acham, realizar despesas ordinárias e zelar pela sua conservação,
pagando os impostos, seguro, etc.
• Prestar caução (dar garantia que conservará e devolverá o bem ao final do
usufruto), se exigida, exceto no caso de doação com reserva de usufruto e
dos pais em relação aos filhos menores.
• Indenizar os danos resultantes do uso irregular do usufruto.
• Devolver o bem, findo o usufruto.
• Não mudar a destinação econômica do bem sem autorização.
• Defender a coisa usufruída.
Direitos do nu-proprietário
• Exigir conservação do bem e que o usufrutuário preste caução.
• Administrar o usufruto cuja caução não for prestada.
• Receber remuneração por essa administração.
• Reclamar a extinção do usufruto quando o usufrutuário alienar, arruinar
ou deteriorar a coisa.
Deveres do nu-proprietário
• Não obstar o uso nem diminuir a utilidade da coisa.
• Fazer reparações extraordinárias necessárias à conservação da coisa.
EXTINÇÃO
Ocorre com o cancelamento no Registro de Imóveis. Situações:
• Morte do usufrutuário ou extinção da pessoa jurídica usufrutuária.
Ainda que tenha sido estabelecido um prazo para o usufruto, se o
usufrutuário falecer antes desse prazo, não haverá sucessão hereditária
em relação ao usufruto, pois este não se transmite por herança. Cuidado:
a morte do nu-proprietário não extingue o usufruto.
• Término do prazo, salvo se o usufrutuário falecer antes.
• Decorridos 30 anos se for instituído em favor de pessoa jurídica.
• Cessação da causa de que se origina (filha que se torna maior de idade).
• Destruição da coisa, sem sub-rogação em indenização por seguro. Sendo
parcial a destruição, subsiste em relação à parte remanescente.
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• Consolidação: reúnem-se na mesma pessoa as qualidades de usufrutuário
e nu-proprietário (aquisição da nua propriedade pelo usufrutuário).
• Não uso ou não fruição da coisa sobre a qual recai o usufruto, embora a
lei não estabeleça prazo para tanto. Para alguns autores o prazo é o
mesmo aplicável para a usucapião de bens imóveis ou móveis. Para
outros, aplica-se o prazo geral da prescrição, previsto no art. 205, CC.
• Culpa do usufrutuário, quando deteriora ou deixa arruinar a coisa, não
fazendo as reparações necessárias à sua conservação.
• Renúncia do usufrutuário.
• Implemento de condição resolutiva.
DIREITO DE USO
(arts. 1.412 e 1.413, CC)
Conceito
É um direito real que recai sobre coisa alheia, a título gratuito ou oneroso,
instituído por ato inter vivos ou causa mortis, pelo qual alguém utiliza a coisa,
temporariamente, na medida das suas necessidades e de sua família
(cônjuge, filhos solteiros e pessoas de seu serviço doméstico). Na realidade
trata-se de um instituto parecido com o usufruto, porém distinto; é um
“usufruto de abrangência restrita”, não passível de cessão, limitado às
necessidades de uma pessoa e de sua família. As necessidades pessoais são
avaliadas conforme a condição social do usuário e o lugar onde ele vive.
Características
Temporário (a duração máxima é a vida do usuário; não se transmite a
seus herdeiros), indivisível (não pode ser constituído por parte), intransmissível,
personalíssimo, resultante do desmembramento da propriedade, possuindo
caráter assistencial. Restringe-se ao direito de usar pessoalmente ou por
sua família. Nem mesmo o exercício pode ser cedido.
Incide sobre bens corpóreos ou incorpóreos, imóveis ou móveis. Neste
último caso o bem deve ser infungível e inconsumível. O uso não é imutável,
DIREITO DE HABITAÇÃO
arts. 1.414 a 1.416, CC
Conceito
Trata-se de um direito real sobre coisa alheia onde o titular ou sua família
pode habitar imóvel alheio de forma gratuita. O objeto deve ser bem imóvel,
destinado a proporcionar moradia gratuita.
Características
Temporário, personalíssimo, gratuito, com caráter assistencial e limitado.
É mais restrito que o uso, pois consiste na faculdade de apenas residir
pessoalmente e com sua família, não podendo ser cedido (alugado ou
emprestado) a terceiros. Por esta razão não pode ser utilizado para
estabelecimento de fundo de comércio ou de indústria. Deve ser inscrito no
Registro Imobiliário.
Extingue-se com a morte do habitador, não se transmitindo aos herdeiros.
Não se extingue pelo não-uso. O habitador deve pagar os tributos, não tendo
direito à indenização pelas benfeitorias, exceto as necessárias.
Vários titulares
Se for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas, que habite sozinha
a casa, não pagará aluguel às outras, mas não pode inibi-las de exercerem o
direito que também lhes compete.
Cônjuge e Convivente
Esse direito real (diferentemente do direito real de uso) pode decorrer
de lei, como no caso do art. 1.831, CC: “Ao cônjuge sobrevivente, qualquer
que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação
que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza
a inventariar”.
DIREITOS REAIS
(arts. 1.225 a 1.510, CC)
A) PROPRIEDADE
(arts. 1.228/1.360, CC)
A) Conceito: é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar, fruir ou gozar,
dispor de um bem ou reavê-lo (reivindicar) de quem injustamente o possua ou detenha
(art. 1.228, CC). É o mais amplo dos direitos reais.
B) Elementos: usar (servir-se das utilidades, ex: morar), fruir ou gozar (perceber os
frutos, ex: alugar), dispor (ex: vender, doar, hipotecar) ou reavê-lo (reivindicar, ex:
entrar com ação judicial contra quem detiver de forma injusta).
C) Restrições ao direito de propriedade: constitucionais, administrativas, militares e
civis. Função social: a propriedade atenderá sua função social (art. 5°, XXIII, CF/88)
D) Classificação
1. Plena → a pessoa tem em sua mão todos os elementos da propriedade (uso,
fruição, disposição e reivindicação).
2. Limitada → pessoa abriu mão de um ou alguns dos elementos (locação,
usufruto, etc.).
E) Propriedade Imóvel
1. Aquisição
a) Acessão → forma de aquisição da propriedade imóvel que resulta de um
processo de incorporação de determinado bem ao solo: a) formação de ilhas; b)
aluvião (própria e imprópria); c) avulsão; d) abandono de álveo; d) acessões
artificiais (construções e plantações).
b) Usucapião → Forma originária de aquisição da propriedade imóvel (arts.
1.238 a 1.244, CC) e móvel (arts. 1.260 a 1.262, CC) pela posse prolongada no
tempo. Atinge outros direitos reais. Também conhecida como prescrição
aquisitiva. Requisitos essenciais comuns a todas as modalidades de usucapião:
a) posse contínua, mansa e pacífica sobre o bem, exercida ininterruptamente
(sem intervalos) e sem oposição; b) decurso de prazo previsto em lei; c)
animus domini: a pessoa deve possuir o imóvel como se realmente fosse seu,
com a intenção de tê-lo para si.
Espécies de Usucapião de Bens Imóveis
01) Extraordinária (art. 1.238, CC): a) posse mansa contínua e pacífica
por 15 anos, sem necessidade de justo título ou boa-fé; b) a lei não se refere
à dimensão do imóvel, nem ao fato se o autor já é proprietário de outro
imóvel; c) Juiz "declara" por sentença (a decisão não é consitutiva); d) prazo
cai para 10 anos se o imóvel é usado para moradia ou o possuidor o tornou
produtivo (função social da propriedade (art. 1.238, parágrafo único, CC).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
17) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Acerca dos direitos reais,
assinale a afirmativa CORRETA.
(A) o direito de superfície é intransferível e, no caso de morte do superficiário,
retorna ao concedente.
(B) o exercício incontestado e contínuo, com justo título e boa-fé, de uma
servidão aparente, por cinco anos, autoriza o interessado a registrá‐la em seu
nome no Registro de Imóveis.
(C) o usufruto em favor de pessoa jurídica extingue‐se após o decurso do prazo
máximo de trinta anos da data em que se começou a exercer.
(D) aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona
rural não superior a vinte e cinco hectares, tornando‐a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir‐lhe‐á a
propriedade.
(E) se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer
delas que sozinha habite a casa terá de pagar aluguel à outra, deduzida a parte
que cabe ao ocupante.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois prevê o art. 1.372, CC que o
direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário,
aos seus herdeiros. A letra “b” está errada, pois o prazo previsto no art. 1.379,
CC é de dez anos (e não cinco como na afirmação). A letra “c” está correta. De
fato, nos termos do art. 1.410, CC o usufruto extingue-se, cancelando-se o
registro no Cartório de Registro de Imóveis, entre outras hipóteses, pela
extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se
ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer.
A letra “d” está errada, pois nos termos do art. 1.239, CC, a metragem prevista
na lei é de 50 hectares (e não 25 como consta na afirmação). Finalmente a letra
“e” está errada, pois prevê o art. 1.415, CC que se o direito real de habitação
for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa
não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de
exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.
Gabarito: “C”.
17) (FGV – TJ/AM – Juiz de Direito – 2013) Acerca dos direitos reais,
assinale a afirmativa CORRETA.
(A) o direito de superfície é intransferível e, no caso de morte do superficiário,
retorna ao concedente.
(B) o exercício incontestado e contínuo, com justo título e boa-fé, de uma
servidão aparente, por cinco anos, autoriza o interessado a registrá‐la em seu
nome no Registro de Imóveis.
(C) o usufruto em favor de pessoa jurídica extingui‐se após o decurso do prazo
máximo de trinta anos da data em que se começou a exercer.
(D) aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona
rural não superior a vinte e cinco hectares, tornando‐a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir‐lhe‐á a
propriedade.
(E) se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer
delas que sozinha habite a casa terá de pagar aluguel à outra, deduzida a parte
que cabe ao ocupante.