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AULA 07
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Aula 07
Direito das Obrigações
Sumário
OBRIGAÇÕES. Conceito e Características ............................................ 03
Elementos constitutivos ..................................................................... 04
Fontes das obrigações ........................................................................ 05
QUADRO GERAL DAS OBRIGAÇÕES ..................................................... 06
Obrigação de dar............................................................................ 07
Coisa certa ............................................................................... 07
Coisa incerta ............................................................................ 10
Obrigação de fazer ........................................................................ 12
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO
Em nosso cotidiano assumimos diversas “obrigações”. Com a nossa família,
com a religião que adotamos, com eventuais vizinhos, com nosso País, etc. No
entanto, a obrigação que nos interessa é a chamada “obrigação civil”, ou seja,
ligada ao Direito. Todo direito traz a ideia de obrigação. Isto porque não existe
direito sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito.
CARACTERÍSTICAS
• Patrimonialidade: por envolver patrimônio (dinheiro, bens).
• Transitoriedade: a obrigação nasce com o objetivo de, em algum momento,
extinguir-se.
• Pessoalidade: trata-se de uma relação jurídica entre pessoas (credor e
devedor).
• Prestacionalidade: o objeto é sempre uma atividade; como veremos a
prestação pode ser de dar, fazer ou não fazer.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
A) ELEMENTO PESSOAL OU SUBJETIVO. São os sujeitos (ou as partes) da
obrigação:
• Sujeito Ativo: é o credor, o beneficiário da obrigação; é a pessoa a
quem a prestação (positiva ou negativa) é devida, tendo o direito de
exigir o seu cumprimento. Pode ser qualquer pessoa, seja ela natural ou
jurídica, capaz ou incapaz, pois basta ser “pessoa” para ser sujeito de
direitos e deveres na ordem civil (art. 1°, CC).
• Sujeito Passivo: é o devedor; aquele que deve cumprir a obrigação,
de efetuar a prestação, sob pena de responder com seu patrimônio.
Observações
01) Admite-se, num primeiro momento, que os sujeitos não sejam exatamente
individualizados. Porém no curso da relação jurídica os sujeitos devem ser
determinados. Se isso não ocorrer a obrigação pode ser extinta.
02) Em cada um dos polos (ativo ou passivo) pode haver mais de um credor ou
devedor (pessoas naturais e/ou jurídicas): “A” e “B” são credores e “C” e “D” são
devedores. E, como veremos, estas posições nem sempre são estáticas. Ex.:
digamos que “A” pratique um ato ilícito contra “B”. “A” é o devedor; ”B” é o credor.
Aqui se sabe exatamente quem é o credor e quem é o devedor. Mas em uma
compra e venda... quem é quem? Aqui temos uma relação complexa; ambos são
Regras Básicas
01) Se a coisa a ser entregue tiver acessórios, a obrigação principal abrange
também esses acessórios, ainda que não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título (ou seja, as partes estipularam outra coisa) ou das circunstâncias
do caso (art. 233, CC). Ex.: vendo a chácara “Alegria”, mas estabeleço que posso
retirar todos os bens móveis da chácara; vendo meu carro, mas estabeleço que
posso retirar o “som” nele instalado. Lembrando que em relação às pertenças essa
regra não se aplica
02) O credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art.
313, CC). Abrange a obrigação de transferir a propriedade (ex.: compra e venda),
ou a de entregar a posse (ex.: locador ou comodante que deve entregar a coisa).
03) O devedor deve conservar adequadamente a coisa que irá entregar ao
credor, bem como defendê-la contra terceiros, como se fosse sua. A obrigação é
cumprida com a tradição (entrega da coisa). Até a tradição a coisa ainda pertence
ao devedor. A coisa pode se perder ou deteriorar. Vejamos as consequências.
Perecimento e Deterioração
Perda (destruição total ou perecimento) é a extinção, o desaparecimento
completo da coisa para fins jurídicos (incêndio, furto, morte do animal, etc.).
Deterioração (destruição parcial) é aquela em que a coisa sofre danos,
avarias, sem desaparecer.
Obrigação Pecuniária
Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro é uma
espécie de obrigação de dar que abrange prestação em dinheiro, reparação de
danos e pagamento de juros. Segundo o art. 315, CC, o pagamento em dinheiro
será feito em moeda corrente. Deve ser realizado no lugar do cumprimento da
obrigação e pelo seu valor nominal, ou seja, em Real (R$), que é nossa unidade
monetária atual.
Devemos lembrar que nesta obrigação o devedor sofrerá com as
consequências da desvalorização da moeda. No entanto, pode-se incluir em
algumas convenções, cláusula de atualização da prestação. O art. 316, CC permite
que se convencione um aumento progressivo no caso de prestações sucessivas.
Finalmente o art. 317, CC prevê que no caso de ocorrer algum motivo imprevisível
e, em decorrência disso, sobrevier manifesta desproporção entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o Juiz corrigi-lo, a
pedido da parte, de modo que assegure, o quanto possível, valor real da
prestação. Trata-se da aplicação do Princípio da Função Social do Contrato.
Outras formas de pagamento (ex.: cheque, cartão de crédito ou débito,
etc.) são facultativas, podendo o comerciante (fornecedor) optar em não os
receber. Alguns estabelecimentos colocam uma placa bem à mostra “não
Obrigação de não fazer (arts. 250/251, CC) é aquela pela qual o devedor
se compromete a não praticar certo ato que até poderia livremente praticar
se não houvesse se obrigado. Seu conteúdo é uma omissão ou abstenção, um
ato negativo. Ex.: proprietário se obriga a não construir um muro acima de certa
altura para não obstruir a visão do vizinho; inquilino se obriga a não trazer animais
domésticos para o cômodo alugado, um comerciante se obriga a não se
estabelecer em determinado bairro para não fazer concorrência a outro
estabelecimento, etc. Estas obrigações podem ser bem variadas, mas é evidente
que as imorais e antissociais, ou as que sacrifiquem a liberdade das pessoas são
proibidas. Além disso, pode haver um limite temporal para a obrigação, ou seja,
a obrigação de não fazer pode ser temporária (ex.: contrato de exclusividade por
um ano, cláusula que obriga o empregado demitido não trabalhe em empresa
concorrente por dois anos, etc.).
Se a pessoa praticar o ato que se obrigou a não praticar, ela se tornará
inadimplente e o credor poderá exigir o desfazimento do que foi realizado.
Entretanto há casos em que somente resta o caminho da indenização. Ex.: pessoa
se obriga a não revelar um segredo industrial. A obrigação de não fazer é sempre
uma obrigação pessoal, devendo ser cumprida pelo próprio devedor
(personalíssima e indivisível). Por isso se “A” se comprometer a não elevar o muro
a certa altura e depois de algum tempo ele vender a propriedade, quem comprou
não terá essa obrigação (a menos que se faça um novo contrato). Lembrando que
o direito das obrigações vincula as pessoas entre si... A saída então é fazer uma
servidão predial (direito das coisas). Neste caso todos os futuros proprietários
estarão vinculados. Isto porque o direito das coisas vincula a pessoa à coisa
(observem como o Direito das Coisas é “mais forte” que o Direito Obrigacional). E
só para completar: e se a Prefeitura obrigar José a aumentar o muro por uma
questão de urbanismo ou segurança? Neste caso o muro deve ser erguido e a
outra parte nada poderá fazer (o Direito Público predomina sobre o Direito Privado;
é o chamado “Fato do Príncipe”, em alusão aos monarcas que governavam os
países na Europa medieval).
3) OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS
São variantes das obrigações alternativas, aceitas pela doutrina, mas não
previstas em lei. A obrigação inicialmente é simples (há apenas uma prestação),
mas há a possibilidade do devedor se exonerar da obrigação substituindo
a prestação. Ex.: quem encontra coisa perdida deve restituí-la ao dono, sendo
que este fica obrigado a recompensar quem a encontrou. No entanto o dono pode,
ao invés de pagar a recompensa, simplesmente abandonar a coisa, e aí quem
encontrou a coisa poderá ficar com ela. Pagar a recompensa é a prestação principal
do devedor; o abandono da coisa é prestação facultativa do dono. O abandono
não é obrigação, mas uma faculdade do dono. Outro exemplo: agência de
viagens que oferece determinado brinde (ex.: uma camiseta), mas ela mesma se
reserva no direito de substituí-lo por outro (ex.: um boné). Na obrigação
facultativa (ao contrário da alternativa) o credor não tem opção; ele só pode exigir
a prestação principal. É o devedor que pode optar pela prestação facultativa.
Podemos concluir que a obrigação facultativa é: alternativa para o devedor e
simples para o credor (pois este só pode exigir o objeto principal).
A doutrina acrescenta afirmando que na obrigação facultativa se o único
objeto da obrigação perecer, sem culpa do devedor, resolve-se o vínculo
obrigacional, ficando o devedor inteiramente desonerado, não podendo o credor
exigir a prestação acessória. Ex.: se o devedor se obriga a entregar um animal,
ficando-lhe facultado substituí-lo por um veículo, e o primeiro (único objeto que o
credor pode exigir) é fulminado por um raio, vindo a morrer, extingue-se por
inteiro a obrigação, não podendo o credor exigir a entrega do veículo (como ocorre
com a obrigação alternativa). Por outro lado, a obrigação facultativa restará
totalmente inválida se houver defeito na obrigação principal, mesmo que não o
Obrigações in solidum
A doutrina diferencia a obrigação solidária da obrigação in solidum.
Nesta, embora haja uma pluralidade de devedores pela totalidade da dívida e os
mesmos estejam vinculados pelo mesmo fato, não há solidariedade entre os
devedores, pois os liames que os unem com o credor são independentes. Exemplo
clássico: digamos que “A” causou um incêndio na fábrica “B”, sendo que esta
fábrica possuía seguro contra incêndio. Observem que o fato é o mesmo
(incêndio). Observem há dois devedores pelo valor da indenização: o causador
do incêndio e a empresa seguradora. Assim, a vítima do incêndio pode pleitear a
indenização de qualquer um deles e o pagamento efetuado por um libera o outro
devedor. No entanto os liames destes devedores para com o credor são diferentes;
não há uma causa comum na obrigação. A obrigação da seguradora é contratual
(valor até o limite do contrato) e a do terceiro é extracontratual (valor total do
prejuízo mais perdas e danos), decorrente de ato ilícito (art. 186 e 927, CC).
Portanto, não há solidariedade entre os devedores.
SOLIDARIEDADE ATIVA
É aquela em que qualquer um dos credores pode exigir a prestação
por inteiro (art. 267, CC). É o que chamamos de “direito individual de
persecução”. Ou seja, o devedor não pode pretender pagar a dívida ao credor
demandante de forma parcial (entregando apenas a quota-parte desse credor),
sob a alegação de que deveria ratear a quantia entre os demais credores. Ele deve
pagar tudo a quem lhe exigir a prestação, não porque o objeto é indivisível, mas
porque assim foi pactuado.
Cada um dos credores poderá promover medidas assecuratórias do
direito do crédito e constituir o devedor em mora, sem o concurso dos demais
credores.
Qualquer um dos credores poderá ingressar em juízo visando à satisfação
patrimonial; mas só poderá executar a sentença o próprio credor-autor, e
não outro estranho à lide inicial. Ex.: “A” é devedor de “B”, “C” e “D”. Somente
este último ingressa com ação contra “A” e ganha. Consequentemente, somente
“D” poderá executar a sentença que lhe foi favorável.
SOLIDARIEDADE PASSIVA
É aquela em que se obrigam todos os devedores ao pagamento total da
dívida, seja esta divisível ou não, ou seja, o credor pode escolher qualquer um
dos devedores para cumprir a prestação. Isso reforça o vínculo e facilita o
cumprimento da obrigação, pois o credor pode escolher apenas o devedor em
melhores condições financeiras para cumprir a obrigação. O credor pode exigir e
receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente o valor da dívida
comum; se o pagamento for parcial, mantém-se a solidariedade passiva quanto
ao remanescente (art. 275, CC).
Propondo a ação contra apenas um dos devedores, o credor não fica inibido
de acionar também os outros. Ou seja, não há a presunção de que renunciou em
relação aos demais devedores (art. 275, parágrafo único, CC).
Morrendo um dos devedores solidários, a dívida se transmite aos seus
herdeiros, mas cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo se
indivisível a obrigação. Neste caso, todos os herdeiros reunidos são considerados
como um devedor solidário em relação aos demais devedores (art. 276, CC). Ex.:
“A” é credor de $600 de “B”, “C” e “D”, que são devedores solidários. “D” faleceu
deixando dois filhos (“E” e “F”). A solidariedade não se rompe totalmente; ela
continua em relação a “B” e “C” pelo valor total da dívida. Mas... e os filhos de
“D”? Continuam devedores solidários? Resposta: como neste caso o objeto da
prestação é divisível (dinheiro), extingue-se a solidariedade e cada devedor-
herdeiro responderá somente com a sua parte (como a quota de “D” era de $200,
“E” e “F” ficarão obrigados apenas por $100 cada um). No entanto, se o objeto,
ao invés de dinheiro, for um bem indivisível (ex.: um touro reprodutor, uma casa)
a solidariedade permanece. Não pela solidariedade propriamente dita, mas pela
indivisibilidade da coisa. No entanto a responsabilidade dos herdeiros reunidos não
poderá ser superior às forças do acervo hereditário.
O pagamento parcial feito por um devedor só aproveita aos demais
devedores pelo valor pago ou relevado (art. 275, CC). Ou seja, os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo restante da dívida.
Observações
01) A obrigação de pagar alimentos geralmente é conjunta, mas existe
previsão de solidariedade passiva no estatuto do idoso, ou seja, o idoso poderá
escolher o parente que lhe pagará os alimentos.
02) Se um devedor solidário for demandado sozinho em um processo de
conhecimento, não poderá se eximir de pagar a dívida que está sendo cobrada.
No entanto ele poderá trazer os demais devedores a este processo, utilizando-se
do instituto conhecido como “chamamento ao processo”. Trata-se de um
incidente processual pelo qual o devedor demandado chama, para integrar o
mesmo processo, os demais coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los também
responsáveis pelo resultado do feito. É uma forma de intervenção de terceiros em
um processo a fim de que a sentença disponha sobre a responsabilidade de todos
os envolvidos. Assim, o devedor já obtém sentença que pode ser executada contra
os demais codevedores. Esse instituto (chamamento ao processo) é matéria de
Direito Processual Civil (arts. 130 e seguintes, CPC/2015).
Indivisibilidade X Solidariedade
Solidariedade e indivisibilidade se assemelham porque em ambas o credor
pode exigir a integralidade da dívida de qualquer um dos devedores. No entanto
se diferem pelas seguintes razões:
1) O devedor de obrigação indivisível não é devedor do total da obrigação
(é devedor apenas de sua quota-parte); porém pode ser compelido a cumprir a
obrigação sozinho e por inteiro pois não é possível o fracionamento da obrigação.
Já o devedor de obrigação solidária é devedor total da obrigação, por isso pode
ser compelido a cumpri-la por inteiro e sozinho.
2) A indivisibilidade está baseada em relação jurídica objetiva (diz
respeito ao objeto da relação jurídica), em razão da natureza indivisível da
prestação (art. 258, CC). Já a solidariedade está baseada em relação jurídica
subjetiva (diz respeito aos sujeitos da relação obrigacional e não ao objeto)
resultante da lei ou da vontade das partes, trazendo maior garantia ao credor
(art. 265, CC).
3) Se o objeto da obrigação perecer e ocorrer a conversão em dinheiro
na obrigação indivisível, esta deixa de existir (a obrigação se torna divisível).
Se o objeto da obrigação perecer e ocorrer a conversão em dinheiro na
solidariedade, esta continua a existir, pois a solidariedade não depende a
divisibilidade da coisa. Comparem seguintes dispositivos: a) Art. 263, CC: Perde
a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos; b) Art.
271, CC: Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os
efeitos, a solidariedade. Ex.: eu deveria entregar um touro a dois credores, mas o
mesmo morreu. Se a obrigação for apenas indivisível transformo o valor do touro
em dinheiro e divido pelos dois credores: agora ficarei devendo metade do valor
do touro para cada um dos credores. No entanto se foi pactuada a
solidariedade, mesmo havendo a conversão em dinheiro, a solidariedade
permanece: continuo devendo o valor integral do touro a ambos os credores. Isso
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
A) QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS
1) Obrigações Puras e Simples: são as que não estão sujeitas a nenhum
elemento acidental, como a condição, o termo ou o encargo. O credor pode exigir
o cumprimento da prestação de imediato.
2) Obrigações Condicionais: são as que contêm cláusula que subordina
seu efeito a evento futuro e incerto (ex.: eu lhe darei um carro se você entrar em
uma universidade pública). Podem ser suspensivas (há uma expectativa de
direito) ou resolutivas (perdem a eficácia quando implementada a condição).
3) Obrigações a Termo (obrigações a prazo): são aquelas que contêm
cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e certo (ex.: eu lhe darei um
carro no fim deste ano). Se o devedor cumprir a obrigação de forma antecipada
não terá direito de pedir a prestação de volta. O termo não suspende a aquisição
do direito, apenas adia seu exercício.
4) Obrigações Modais: são as oneradas de um encargo, um ônus à
pessoa contemplada pela relação jurídica (ex.: dou-lhe dois terrenos, mas em um
deles deve ser construída uma escola).
C) QUANTO À LIQUIDEZ
1) Obrigações Líquidas: são aquelas certas quanto à existência e
determinadas quanto ao objeto. Ex.: entregar uma casa; entregar R$1.000,00,
etc. Nelas se acham especificadas, de modo expresso, a quantidade, a qualidade
e a natureza do objeto devido. O inadimplemento de obrigação positiva e líquida
constitui o devedor em mora de pleno direito se não for cumprida no prazo
(falaremos da mora ainda nesta aula).
2) Obrigações Ilíquidas: são aquelas incertas quanto à sua
quantidade; dependem de uma apuração prévia, uma vez que o montante da
prestação ainda é indeterminado. O exemplo clássico deste tipo de obrigação é a
sentença penal condenatória com trânsito em julgado (ou seja, a que não cabe
mais nenhum recurso). Um Juiz criminal condenou uma pessoa pelo crime,
digamos, de lesão corporal. A vítima deste crime, com base na sentença criminal
que lhe foi favorável, já pode ingressar com uma ação cível de reparação de dano.
Ocorre que ainda não existe um valor exato a ser cobrado. Assim, quando o
montante da prestação for incerto ou indeterminado, não podendo ser expressa
por um algarismo ou uma cifra, a obrigação é chamada de ilíquida. Para que a
obrigação ilíquida seja cobrada, é necessário que antes seja tornada líquida (certa
e determinada). Sem a liquidação o credor não terá como executar seu crédito.
Para transformar uma obrigação ilíquida em líquida, mister se faz que haja uma
apuração antecipada. Esta apuração realiza-se através de liquidação de
sentença que fixa o respectivo valor, em moeda corrente, a ser pago ao credor.
A liquidação das obrigações pode ser realizada por convenção das partes, por
disposição legal ou de forma judicial (que é a mais comum na prática).
Observação
O que é adimplemento substancial? Trata-se de uma doutrina derivada
do direito inglês (substancial performance) que sustenta que não se deve
considerar extinta uma obrigação quando a atividade do devedor, embora não
tenha atingido plenamente o fim proposto (prestação imperfeita), aproximou-se
consideravelmente do seu resultado final. Essa teoria não está prevista
expressamente em nosso Direito. No entanto, vem sendo adotada a partir da
aplicação da cláusula geral do abuso de direito e do princípio da boa-fé objetiva.
O normal, em caso de descumprimento de obrigação contratual é que a
parte lesada pelo inadimplemento peça a extinção do contrato, além da
indenização por perdas e danos. Embora o art. 475, CC estabeleça que o
contratante pode requerer a extinção do contrato quando a outra parte descumpre
com sua obrigação, segundo a teoria do adimplemento substancial, o credor fica
impedido de rescindir o contrato caso haja cumprimento de parte
essencial da obrigação assumida. Ora, se o inadimplemento foi mínimo é
porque o contrato foi substancialmente cumprido. Com isso, impede-se que se
faça uso de forma indiscriminada do direito de rescisão contratual; preserva-se o
contrato com vistas à realização de princípios maiores, como os da boa-fé objetiva
e função social do contrato. No entanto, não se perde o direito de obter o restante
do crédito, inclusive eventuais indenizações, podendo ajuizar ação de cobrança
para tanto.
Vejamos uma decisão bem esclarecedora do STJ a respeito (REsp 272739-
MG – Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar): “O cumprimento do contrato de
financiamento, com a falta apenas da última prestação, não autoriza o credor a
lançar mão da ação de busca e apreensão, em lugar da cobrança da parcela
faltante. O adimplemento substancial do contrato pelo devedor não autoriza
ao credor a propositura de ação para a extinção do contrato, salvo se demonstrada
a perda do interesse na continuidade da execução, que não é o caso. Na espécie,
ainda houve a consignação judicial do valor da última parcela. Não atende à
exigência da boa-fé objetiva a atitude do credor que desconhece esses fatos e
promove a busca e apreensão, com pedido liminar de reintegração de posse”.
Por outro lado, a 2ª Sessão Cível do STJ (REsp 1.622.555-MG, Rel.
designado: Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/03/2017) entendeu, por maioria
de votos (6x2) que não é aplicável a teoria do adimplemento substancial em
contratos de alienação fiduciária.
= Q.D. P.C. =
(Quérable → Devedor – Portable → Credor)
Resumindo
• Inadimplemento absoluto → a obrigação foi descumprida e se tornou inútil
ao credor.
• Inadimplemento relativo (mora) → a obrigação não foi cumprida no tempo,
lugar ou forma convencionados, mas ainda pode ser útil ao credor.
JUROS
Juros, sob a ótica do Direito Civil, é a denominação dada aos frutos civis
ou rendimentos devidos em função da utilização do capital alheio
(rendimento do capital); é o que o credor recebe do devedor, além da importância
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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
em dinheiro. De uma forma mais completa costumam ser conceituados como “o
preço pelo uso do capital alheio, em razão da privação deste pelo dono, voluntária
ou involuntariamente”. Ou simplesmente: é o preço do dinheiro. São considerados
como bens acessórios (frutos civis da coisa: art. 92, CC). Há duas espécies de
juros: a) compensatórios ou remuneratórios; b) moratórios.
Momento da Fluência
Os juros moratórios são devidos a partir da constituição em mora:
• Obrigação com prazo determinado (mora ex re): desde o vencimento da
obrigação (art. 397, CC).
• Obrigação sem prazo determinado (mora ex persona): desde interpelação
judicial (citação) ou extrajudicial (art. 397, parágrafo único, CC).
• Obrigação positiva e líquida: desde o vencimento (art. 397, CC).
• Obrigação negativa: desde o dia em que praticou o ato que deveria se abster
(art. 390).
• Obrigação que não é em dinheiro: no momento em que a sentença judicial
(ou o arbitramento ou o acordo) fixe o valor pecuniário.
Dação X Novação
A dação tem por fim extinguir a dívida, exonerando o devedor da obrigação.
A novação também extingue a dívida, porém no mesmo momento cria outra
obrigação.
Notificação
Na cessão de crédito, A (cedente) é credor de B (cedido ou devedor) e
transfere seu título a C (cessionário). Na verdade, o devedor é estranho à cessão.
Por isso o seu consentimento é desnecessário para a validade do negócio.
No entanto a lei determina que a cessão de crédito não terá eficácia em
relação do devedor, senão depois de notificado. Isto porque o devedor,
desconhecendo a transmissão, pode efetuar o pagamento ao credor primitivo.
Nesse caso, como o devedor estava de boa-fé, fica desobrigado e o pagamento
efetuado se tornará válido. No entanto se ele for notificado e mesmo assim pagar
para o credor primitivo, não se desobrigará em relação ao cessionário (o que
adquiriu os direitos do credor primitivo). Lembrem-se: quem paga mal, paga duas
vezes. Se a obrigação for solidária, todos os codevedores devem ser notificados.
Reforço: a notificação serve apenas para dar eficácia ao negócio em
relação ao devedor, não afetando a validade da cessão (art. 290, CC).
Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar
com a tradição do título do crédito cedido (art. 291, CC). Ou seja, ocorrendo várias
cessões o devedor deve pagar a quem se apresentar como portador do
instrumento. Independentemente do conhecimento da cessão o cessionário pode
praticar atos conservatórios do direito cedido, bem como todos os demais atos
inerentes ao domínio.
C) QUANTO À DIVISIBILIDADE
1. Divisíveis (fracionárias): suscetíveis de cumprimento parcial e fracionado,
sem prejuízo de sua substância e valor. Regras: cada devedor só pode ser
demandado pelo valor de sua quota; cada credor só pode cobrar o valor de sua
quota; há uma presunção que as cotas são iguais; a interrupção da prescrição
SOLIDARIEDADE INDIVISIBILIDADE
Subjetiva: ocorre entre os Objetiva: diz respeito ao objeto da
sujeitos da relação jurídica. O devedor relação jurídica. O devedor de obrigação
de obrigação solidária é devedor total indivisível não é devedor total da
da obrigação e pode ser compelido a obrigação (mas apenas de sua quota-
cumpri-la sozinho e por inteiro. parte); no entanto pode ser compelido a
cumprir por inteiro e sozinho, pois não é
possível o fracionamento da obrigação.
Cessa com a morte de um dos Não cessa com a morte, transmite-
devedores, não se transmitindo aos se aos sucessores tal como pactuada,
sucessores (a dívida será repartida tendo-se em vista a natureza do objeto.
entre os herdeiros, no limite das forças
da herança).
Se ocorrer o perecimento do Se ocorrer o perecimento do objeto e
objeto (conversão em dinheiro) a conversão em dinheiro (morte do cavalo
solidariedade continua valendo, pois que deveria ser entregue) a
ela não depende da divisibilidade da indivisibilidade deixa de existir (a
coisa, mas sim da lei ou vontade das obrigação passa a ser divisível).
partes.
A prestação e as perdas e danos As perdas e danos só podem ser
podem ser exigidas de qualquer um exigidas do culpado pelo perecimento da
dos codevedores, mas quem pagou coisa.
tem ação de regresso contra os
demais, acrescido, contra o culpado
das perdas e danos.
D) OUTRAS MODALIDADES
• Líquidas: certas quanto à existência, determinadas quanto ao valor:
constituem o devedor em mora de pleno direito se não forem cumpridas no
prazo. Ilíquidas: incertas quanto a quantidade; dependem de apuração
prévia.
VI. CLÁUSULA PENAL (arts. 408 e seguintes, CC) → pacto acessório que impõe uma
penalidade pela inexecução total ou parcial da obrigação (compensatória) ou pela mora
(retardamento, demora) no seu cumprimento. Multa contratual: prefixação de perdas e
danos. Limite: valor do contrato (art. 412, CC). Redução proporcional (art. 413, CC).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
05) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) Pedro está obrigado a dar
uma vaca leiteira, avaliada em R$ 50.000,00, a dois credores, Maria e
João. Maria remite a dívida e João exige a entrega do animal.
Considerando o contexto fático narrado, analise as afirmativas a seguir.
15) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Tiago celebrou com Ronaldo
contrato de compra e venda de dez máquinas de costura importadas da China.
Restou acordado que o pagamento se daria em trinta e seis prestações mensais e
consecutivas com reajuste a cada doze meses conforme taxa Selic, a ser efetuado
no domicílio do credor. O contrato estabeleceu, ainda, a incidência de juros
moratórios, no importe de 2% (dois por cento) do valor da parcela em atraso, e
cláusula penal, fixada em 10% (dez por cento) do valor do contrato, em caso de
inadimplência. Após o pagamento de nove parcelas, Tiago foi surpreendido com a
notificação extrajudicial enviada por Ronaldo, em que se comunicava um reajuste
de 30% (trinta por cento) sobre o valor da última parcela paga sob o argumento
de que ocorreu elevada desvalorização no câmbio. Tiago não concordou com o
reajuste e ao tentar efetuar o pagamento da décima parcela com base no valor
inicialmente ajustado teve o pagamento recusado por Ronaldo. Considerando o
26) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) Luis, produtor de soja, firmou
contrato de empréstimo de um trator com seu vizinho João. No contrato,
Luis se comprometeu a devolver o trator 10 dias após o término da
colheita. Restou ainda acordado um valor para a hipótese de atraso na
entrega. Considerando o caso acima, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) caracterizada a mora na devolução do trator, Luiz responderá pelos prejuízos
decorrentes de caso fortuito ou de força maior, salvo se comprovar que o dano
ocorreria mesmo se houvesse cumprido sua obrigação na forma ajustada.
(B) por se tratar de hipótese de mora pendente, é indispensável a interpelação
judicial ou extrajudicial para que João constitua Luis em mora.
(C) Luis, ainda que agindo dolosamente, não terá responsabilidade pela
conservação do trator na hipótese de João recusar-se a receber o bem na data
ajustada.
(D) não caracteriza mora a hipótese de João se recusar a receber o trator na data
avençada para não comprometer o espaço físico de seu galpão, vez que é
necessária a comprovação de sua culpa e a ausência de justo motivo.
COMENTÁRIOS. A questão trata sobre a mora. A letra “a” está correta nos exatos
termos do art. 399, CC: O devedor em mora responde pela impossibilidade da
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior,
se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o
dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
Explicando melhor: Luís está em atraso quanto à obrigação de devolver o trator.
Ocorreu uma enchente em sua fazenda e o trator se perdeu. Em regra, mesmo
29) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2010) Com base no Código Civil, a
respeito da assunção de dívida, analise as proposições a seguir:
I. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo ainda que, ao
tempo da assunção, fosse insolvente e o credor conhecesse essa situação.
II. Mesmo com o assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se
extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele
originariamente dadas ao credor.
III. O novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam
ao devedor primitivo.
Assinale:
(A) se apenas a proposição I estiver correta.
(B) se apenas a proposição II estiver correta.
(C) se apenas as proposições I e II estiverem corretas.
(D) se todas as proposições estiverem corretas.
(E) se nenhuma proposição estiver correta.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, nos termos do art. 299, CC. Se o novo
devedor já é insolvente ao tempo da assunção da dívida, então o devedor primitivo
não fica exonerado da obrigação, pois, neste caso, a transferência da dívida irá
33) (FGV – Exame da OAB Unificado – 2015) Joana e suas quatro irmãs, para
comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para organizar a
festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs arcariam solidariamente com
todos os gastos. Ricardo, ao requerer o sinal de pagamento, previamente
estipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada uma das irmãs informava
que a outra tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo
cumpriu sua parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para cobrar
pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa
correta.
(A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de Joana, as outras
irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito.
(B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar das outras,
ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente.
(C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos, qualquer um deles
deverá arcar com o total da parte de sua mãe.
(D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para receber o total do
serviço, uma vez que se trata de obrigação divisível.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Segundo o art. 275, CC, na
solidariedade passiva o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns
dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Portanto Ricardo pode
acionar apenas uma das devedoras (Joana), sendo que as demais devedoras
continuarão responsáveis pelo débito. Até porque, estabelece o parágrafo único
do dispositivo citado: “Não importará renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”. A letra “b” está errada.
Estabelece o art. 283, CC: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito
a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por
todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os codevedores. A letra “c” está errada. Art. 276, CC: Se um dos devedores
solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão
a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em
relação aos demais devedores. A letra “d” está errada. Como a obrigação é
solidária, ainda que a prestação seja divisível, Ricardo pode exigir de um, de
alguns, ou de todas as devedoras o valor da dívida comum (art. 275, CC).
Gabarito: “A”.
Exercícios Complementares
Fundação Carlos Chagas
20) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) Sobre a cláusula penal, analise
as afirmações abaixo.
I. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que,
culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
II. Para exigir a pena convencional, é necessário que o devedor alegue e
comprove prejuízo.
05) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) Pedro está obrigado a dar
uma vaca leiteira, avaliada em R$ 50.000,00, a dois credores, Maria e
João. Maria remite a dívida e João exige a entrega do animal.
Considerando o contexto fático narrado, analise as afirmativas a seguir.
I. Por se tratar de obrigação indivisível, Maria não poderia remitir a dívida sem
a anuência de João.
II. João somente poderá exigir a entrega da vaca se pagar R$ 25.000,00 a
Pedro.
III. A remissão de parte da dívida realizada por Maria tem o condão de
acarretar a extinção da obrigação da entrega da vaca a João.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
26) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) Luis, produtor de soja, firmou
contrato de empréstimo de um trator com seu vizinho João. No contrato,
Luis se comprometeu a devolver o trator 10 dias após o término da
colheita. Restou ainda acordado um valor para a hipótese de atraso na
entrega. Considerando o caso acima, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) caracterizada a mora na devolução do trator, Luiz responderá pelos prejuízos
decorrentes de caso fortuito ou de força maior, salvo se comprovar que o dano
ocorreria mesmo se houvesse cumprido sua obrigação na forma ajustada.
(B) por se tratar de hipótese de mora pendente, é indispensável a interpelação
judicial ou extrajudicial para que João constitua Luis em mora.
(C) Luis, ainda que agindo dolosamente, não terá responsabilidade pela
conservação do trator na hipótese de João recusar-se a receber o bem na data
ajustada.
(D) não caracteriza mora a hipótese de João se recusar a receber o trator na data
avençada para não comprometer o espaço físico de seu galpão, vez que é
necessária a comprovação de sua culpa e a ausência de justo motivo.
29) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2010) Com base no Código Civil, a
respeito da assunção de dívida, analise as proposições a seguir:
I. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo ainda que, ao
tempo da assunção, fosse insolvente e o credor conhecesse essa situação.
II. Mesmo com o assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se
extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele
originariamente dadas ao credor.
III. O novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam
ao devedor primitivo.
Assinale:
(A) se apenas a proposição I estiver correta.
(B) se apenas a proposição II estiver correta.
(C) se apenas as proposições I e II estiverem corretas.
(D) se todas as proposições estiverem corretas.
(E) se nenhuma proposição estiver correta.
33) (FGV – Exame da OAB Unificado – 2015) Joana e suas quatro irmãs, para
comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para organizar a
festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs arcariam solidariamente com
todos os gastos. Ricardo, ao requerer o sinal de pagamento, previamente
estipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada uma das irmãs informava
que a outra tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo
cumpriu sua parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para cobrar
pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa
correta.
(A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de Joana, as outras
irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito.
(B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar das outras,
ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente.
(C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos, qualquer um deles
deverá arcar com o total da parte de sua mãe.
(D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para receber o total do
serviço, uma vez que se trata de obrigação divisível.