Você está na página 1de 143

DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO

AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Prof. Lauro Escobar

AULA 07

= DIREITO DAS OBRIGAÇÕES =

Professor Lauro Escobar

www.pontodosconcursos.com.br

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar

Aula 07
Direito das Obrigações

Itens específicos do edital publicado que serão abordados


nesta aula → DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. Obrigações: modalidades
das obrigações, transmissão, adimplemento, extinção e inadimplemento.
Transmissão das obrigações. Adimplemento das obrigações.

Subitens → Obrigações. Conceito e elementos essenciais. Modalidades. Fontes


e efeitos das obrigações. Transmissão das obrigações. Cessão de direitos.
Adimplemento e extinção das obrigações. Inadimplemento. Pagamento indevido.
Enriquecimento sem causa. Mora. Extinção e inexecução. Dívidas de valor.
Correção monetária. Perdas e danos. Cláusula Penal. Juros.

Legislação a ser consultada → Código Civil: arts. 233 até 285


(modalidades); arts. 286 até 303 (transmissão); 304 até 388 (adimplemento e
extinção); arts. 389 até 420 (inadimplemento).

Sumário
OBRIGAÇÕES. Conceito e Características ............................................ 03
Elementos constitutivos ..................................................................... 04
Fontes das obrigações ........................................................................ 05
QUADRO GERAL DAS OBRIGAÇÕES ..................................................... 06
Obrigação de dar............................................................................ 07
Coisa certa ............................................................................... 07
Coisa incerta ............................................................................ 10
Obrigação de fazer ........................................................................ 12

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 2


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Obrigação de não fazer .................................................................. 15
Obrigações solidárias .................................................................... 19
Outras modalidades de obrigações ................................................ 24
Cláusula Penal ................................................................................... 32
Perdas e Danos .................................................................................. 35
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ............................................................. 36
Pagamento Direto ......................................................................... 36
Mora ......................................................................................... 44
Juros e Correção Monetária ...................................................... 48
Dívidas de Valor ........................................................................ 51
Enriquecimento sem causa ....................................................... 52
Pagamento indevido ................................................................. 52
Formas especiais de pagamento .................................................... 53
Pagamento em consignação ...................................................... 54
Pagamento com sub-rogação .................................................... 55
Imputação do pagamento .......................................................... 57
Pagamento indireto ...................................................................... 57
Dação em pagamento ................................................................ 57
Novação .................................................................................... 59
Compensação ............................................................................ 62
Confusão ................................................................................... 63
Outras formas de pagamento ........................................................ 64
Remissão de dívidas .................................................................. 64
Execução forçada ...................................................................... 65
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES (CESSÃO) ...................................... 66
Cessão de crédito ......................................................................... 66
Cessão de débito (assunção de dívida) ......................................... 69
Cessão de contrato ....................................................................... 70
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ....................................................... 70
Bibliografia Básica ............................................................................. 77
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) ...................................................... 78
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (FCC) ............................................... 97

CONCEITO DE OBRIGAÇÃO
Em nosso cotidiano assumimos diversas “obrigações”. Com a nossa família,
com a religião que adotamos, com eventuais vizinhos, com nosso País, etc. No
entanto, a obrigação que nos interessa é a chamada “obrigação civil”, ou seja,
ligada ao Direito. Todo direito traz a ideia de obrigação. Isto porque não existe
direito sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 3


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Nosso Código não define obrigação. É a doutrina costuma conceituá-
la. De uma forma simples, podemos afirmar que obrigação é um vínculo
jurídico entre o credor e o devedor!

Ou seja, confere-se ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor


(sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação de caráter
patrimonial, sendo que no caso de descumprimento poderá o credor satisfazer-se
no patrimônio do devedor (art. 391, CC).

CARACTERÍSTICAS
• Patrimonialidade: por envolver patrimônio (dinheiro, bens).
• Transitoriedade: a obrigação nasce com o objetivo de, em algum momento,
extinguir-se.
• Pessoalidade: trata-se de uma relação jurídica entre pessoas (credor e
devedor).
• Prestacionalidade: o objeto é sempre uma atividade; como veremos a
prestação pode ser de dar, fazer ou não fazer.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
A) ELEMENTO PESSOAL OU SUBJETIVO. São os sujeitos (ou as partes) da
obrigação:
• Sujeito Ativo: é o credor, o beneficiário da obrigação; é a pessoa a
quem a prestação (positiva ou negativa) é devida, tendo o direito de
exigir o seu cumprimento. Pode ser qualquer pessoa, seja ela natural ou
jurídica, capaz ou incapaz, pois basta ser “pessoa” para ser sujeito de
direitos e deveres na ordem civil (art. 1°, CC).
• Sujeito Passivo: é o devedor; aquele que deve cumprir a obrigação,
de efetuar a prestação, sob pena de responder com seu patrimônio.

Observações
01) Admite-se, num primeiro momento, que os sujeitos não sejam exatamente
individualizados. Porém no curso da relação jurídica os sujeitos devem ser
determinados. Se isso não ocorrer a obrigação pode ser extinta.
02) Em cada um dos polos (ativo ou passivo) pode haver mais de um credor ou
devedor (pessoas naturais e/ou jurídicas): “A” e “B” são credores e “C” e “D” são
devedores. E, como veremos, estas posições nem sempre são estáticas. Ex.:
digamos que “A” pratique um ato ilícito contra “B”. “A” é o devedor; ”B” é o credor.
Aqui se sabe exatamente quem é o credor e quem é o devedor. Mas em uma
compra e venda... quem é quem? Aqui temos uma relação complexa; ambos são

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 4


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
credores e devedores simultaneamente: o comprador é credor da coisa, mas é
devedor do dinheiro; já o vendedor é credor do dinheiro, mas devedor da coisa...

B) ELEMENTO MATERIAL OU OBJETIVO. É o objeto de uma obrigação. Para a


maioria da doutrina, o objeto da obrigação é a prestação imediata, que é sempre
uma conduta humana. Esta pode ser positiva (ação: obrigação de dar ou fazer)
ou negativa (omissão: obrigação de não fazer). Veremos esta classificação logo
adiante de forma detalhada. Já o objeto mediato é o bem ou a coisa,
propriamente dita.
Exemplo: “A” deve entregar um quadro a “B”. O objeto imediato é a obrigação
de dar. Já o quadro é o bem sobre o qual recai o direito, sendo considerado como
o objeto mediato. O objeto (prestação), para ser válido, deve ser lícito, possível
(física e juridicamente), determinado ou determinável (não pode haver
indeterminação no objeto imediato) e economicamente apreciável
(patrimonialidade). É admissível a obrigação que tenha por objeto um bem não
econômico, desde que seja digno de tutela o interesse das partes.

C) ELEMENTO IMATERIAL (ABSTRATO) ou VÍNCULO JURÍDCIO. É o vínculo


que liga os sujeitos ao objeto da obrigação (vínculo obrigacional); é o elo que
sujeita o devedor a determinada prestação (positiva ou negativa) em favor do
credor. A doutrina afirma que sobre o tema o Brasil adotou a teoria dualista ou
binária, segundo a qual esse vínculo tem duas relações: a) dever do sujeito
passivo de satisfazer a prestação em face do devedor; b) autorização dada pela
lei ao credor que tenha sofrido o inadimplemento de constranger o patrimônio do
devedor. Portanto, confere-se ao credor o direito de exigir o cumprimento da
obrigação e ao devedor o dever de cumpri-la. Abrange o dever da pessoa obrigada
(debitum) e sua responsabilidade em caso de não cumprimento (obligatio). Ex.:
um acidente de trânsito gera um ato ilícito; um acordo de vontades produz o
contrato.
FONTES DAS OBRIGAÇÕES
Como surgem as relações concretas entre os particulares? Onde nascem as
obrigações? Costuma-se dizer que a lei é a fonte imediata ou primária de
qualquer obrigação (“Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em
virtude de lei”). Já as fontes mediatas é o fato humano:
• Negócio Jurídico Bilateral: duas pessoas criam obrigações entre si. Ex.:
os contratos de uma forma geral (compra e venda; locação, etc.). É a principal
e maior fonte de obrigação.
• Negócio Jurídico Unilateral: nestes casos só há uma vontade, ou seja,
apenas uma pessoa se obriga (declaração unilateral de vontade). Ex.:
promessa de recompensa (perdeu-se cachorrinho... recompensa-se bem).
Com isso eu me obrigo perante quem cumpre a tarefa.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 5


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
• Atos Ilícitos: quem comete um ato ilícito (art. 186, CC) fica obrigado a
reparar (indenizar) eventuais prejuízos (art. 927, CC) dele decorrentes.

CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS OBRIGAÇÕES

I. QUANTO À NATUREZA DO OBJETO


A) Positivas
1. Obrigação de Dar
a) Coisa certa
b) Coisa incerta
2. Obrigação de Fazer
a) Fungível
b) Infungível
B) Negativas
1. Obrigação de Não Fazer
II. QUANTO A SEUS ELEMENTOS
A) Simples: um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto.
B) Compostas: pluralidade de objetos ou de sujeitos.
1. Pluralidade de Objetos
a) Cumulativa
b) Alternativa
2. Pluralidade de Sujeitos (Solidariedade)
a) Ativa
b) Passiva
III. QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS
• Puras e simples
• Condicionais
• À termo
• Modais
IV. OUTRAS MODALIDADES
• Líquidas ou ilíquidas
• Divisíveis ou indivisíveis
• De resultado, ou de meio, ou de garantia
• Instantâneas, fracionadas, diferidas ou de trato sucessivo
• Principais ou acessórias
• Propter rem
• Naturais

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 6


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar

I. OBRIGAÇÃO POSITIVA DE DAR

Obrigação de dar (arts. 233/246, CC) é aquela em que o devedor se


compromete a entregar alguma coisa (certa ou incerta). No Direito das
Obrigações “dar” pode significar entregar a propriedade (em uma compra e venda)
ou simplesmente entregar a posse (em uma locação). A obrigação de dar confere
ao credor somente o direito pessoal e não o direito real. Isto é, o contrato cria
apenas a obrigação, mas não opera a transferência da propriedade. Esta
somente se concretiza com a tradição (entrega) para os bens móveis ou pelo
registro para os bens imóveis.
A obrigação de dar pode ser dividida em: a) específica: obrigação de dar
coisa certa (ex.: uma joia, um carro, um livro, etc.); b) genérica: obrigação de
dar coisa incerta (ex.: a obrigação de dar um boi, dentre uma boiada). Vejamos.

A) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233/242, CC)


O devedor se obriga a entregar uma coisa certa e determinada,
perfeitamente individualizada, que possa ser diferenciada de outras da mesma
espécie (ex.: a vaca Mimosa ou a camisa do Pelé), podendo ser móvel ou imóvel.

Regras Básicas
01) Se a coisa a ser entregue tiver acessórios, a obrigação principal abrange
também esses acessórios, ainda que não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título (ou seja, as partes estipularam outra coisa) ou das circunstâncias
do caso (art. 233, CC). Ex.: vendo a chácara “Alegria”, mas estabeleço que posso
retirar todos os bens móveis da chácara; vendo meu carro, mas estabeleço que
posso retirar o “som” nele instalado. Lembrando que em relação às pertenças essa
regra não se aplica
02) O credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art.
313, CC). Abrange a obrigação de transferir a propriedade (ex.: compra e venda),
ou a de entregar a posse (ex.: locador ou comodante que deve entregar a coisa).
03) O devedor deve conservar adequadamente a coisa que irá entregar ao
credor, bem como defendê-la contra terceiros, como se fosse sua. A obrigação é
cumprida com a tradição (entrega da coisa). Até a tradição a coisa ainda pertence
ao devedor. A coisa pode se perder ou deteriorar. Vejamos as consequências.
Perecimento e Deterioração
Perda (destruição total ou perecimento) é a extinção, o desaparecimento
completo da coisa para fins jurídicos (incêndio, furto, morte do animal, etc.).
Deterioração (destruição parcial) é aquela em que a coisa sofre danos,
avarias, sem desaparecer.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 7


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
1) Consequências jurídicas da perda da coisa (destruição total).
a) Sem culpa do devedor (caso fortuito ou força maior). Se a perda ocorreu
antes da tradição (ou pendente condição suspensiva) sem que tenha havido
culpa, resolve-se (extingue-se) a obrigação para ambas as partes, que voltam
à situação primitiva. Se o vendedor já recebeu o preço da coisa que pereceu,
deve devolvê-lo com correção monetária. Neste caso o prejuízo é só do
vendedor (proprietário da coisa). Se a perda ocorreu após a tradição o negócio
está mantido. Com a entrega da coisa sem vícios, o vendedor fica livre dos
riscos. Neste caso o prejuízo é do só do comprador.
b) Com culpa do devedor. Neste caso o devedor responderá pelo valor da
coisa (o equivalente em dinheiro) mais perdas e danos.

2) Consequências jurídicas da deterioração da coisa (destruição parcial).


Consequências Jurídicas antes da tradição (arts. 235/236, CC):
a) Sem culpa do devedor. Não há perdas e danos. Credor tem duas opções:
resolve a obrigação, com restituição do preço mais correção monetária ou pode
receber a coisa no estado que estiver, com um abatimento proporcional no
preço que se perdeu.
b) Com culpa do devedor. Credor pode optar: extingue-se a obrigação
pagando o devedor o equivalente em dinheiro mais perdas e danos ou recebe
a coisa no estado em que se encontra, recebendo uma indenização pelos
prejuízos causados.

Antes da Tradição Sem culpa do devedor Com culpa do devedor

Perda (extinção total) da Extingue a obrigação. Indenização (valor da


coisa (art. 234, CC). Devolução da quantia coisa) mais perdas e
paga. danos.

Deterioração (extinção Extingue a obrigação ou Indenização (valor da


parcial) da coisa (arts. abatimento proporcional coisa) mais perdas e
235/236, CC). do preço. danos ou aceita a coisa
mais perdas e danos.

Atenção: só haverá perdas e danos se houver culpa do devedor

A obrigação de dar a coisa certa se equipara à obrigação de restituir


(ou de devolver). A obrigação de restituir se difere da obrigação de dar, pois nesta
a coisa pertence ao devedor até a tradição (entrega), enquanto na obrigação de
restituir a coisa pertence ao credor, apenas sua posse é que foi transferida ao
devedor. Ex.: quando se aluga um carro, a locadora continua sendo proprietária
dele; é apenas a posse que se transfere ao cliente. Então na locação o
cliente/devedor tem a obrigação de restituir o bem ao locador após o prazo
acertado, pois a propriedade já era do credor antes do surgimento da obrigação.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 8


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Locação e empréstimo (comodato e mútuo) são exemplos de obrigação de
restituir, ficando a coisa em poder do devedor, mas mantendo o credor direito de
propriedade sobre ela.

Importante Tanto na obrigação de dar coisa certa, como na de restituir


(locação, comodato e mútuo), aplica-se a regra res perit domino. Esta é uma
expressão muito conhecida e usada no mundo jurídico e significa: a coisa perece
para o dono. Vejamos as situações abaixo. Percebam que embora elas sejam
diferentes, em ambas é o proprietário (independentemente do fato de ser credor
ou devedor) quem sofrerá o prejuízo.
01) Como vimos mais acima, se a obrigação for de DAR coisa certa e a coisa
se perder antes da tradição, ainda que não haja culpa de sua parte, é o devedor
(que ainda é o proprietário) quem arcará com o prejuízo.
02) Se a obrigação for de RESTITUIR coisa certa e esta se perder antes da
tradição, sem culpa do devedor, o credor (proprietário da coisa) sofrerá
com a perda e a obrigação se extinguirá, ressalvados os seus direitos até o dia
da perda (art. 238, CC). Exemplo: eu empresto um bem a uma pessoa e ela é
assaltada, perdendo este bem. Ela não será obrigada ressarcir o dano, pois não
teve culpa no evento; neste caso eu (que sou o proprietário) ficarei com o prejuízo
e a obrigação será extinta. É de se esclarecer que a doutrina e a jurisprudência
vêm entendendo que o “assalto” (tecnicamente se trata de um roubo, ou seja,
subtração de patrimônio alheio mediante violência ou grave ameaça) é hipótese
de força maior. Reparem o disposto no art. 393, CC: “O devedor não responde
pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não
se houver por eles responsabilizado”. No entanto, pode ter havido culpa do
possuidor. Exemplo: tivemos um caso concreto em que uma empresa de
“reportagem fotográfica” alugou de outra empresa, diversos equipamentos
modernos e caros para realizar o evento. Durante o evento, os funcionários da
primeira empresa deixaram os equipamentos sem vigilância e em local onde
transitavam muitas pessoas, sendo que alguns equipamentos foram furtados. Ora,
como nesse caso houve negligência (que é uma modalidade de culpa), não foi
aplicada a regra res perit domino e o devedor foi obrigado a indenizar o
proprietário pela perda, acrescida das perdas e danos. É o que estabelece o art.
239, CC.

Cômodos ou melhorias na coisa (art. 237, CC): são as vantagens


produzidas pela coisa. Até a tradição (entrega) a coisa pertence ao devedor,
com todos os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá pedir aumento
no preço. Ex.: uma pessoa vende a vaca Mimosa, que antes da entrega deu uma
cria. Observem que o devedor se obrigou a entregar a vaca, não sendo obrigado
a entregar o bezerro. Surgem então duas opções: a) devedor entrega o filhote,
podendo exigir um aumento no preço; b) se o credor não aceitar a pagar o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 9


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
aumento resolve-se (extingue-se) a obrigação. Neste caso não podemos dizer que
o bezerro é um acessório; ele não acompanha o principal. Quanto aos frutos: os
percebidos (colhidos) até a tradição pertencem ao devedor; já os pendentes (ainda
não colhidos) pertencem ao credor (são acessórios que acompanham o principal).

Vamos reforçar O acordo entre as partes cria a obrigação de entrega da


coisa, mas não transfere a propriedade dessa coisa. Como vimos, se o bem
for móvel a transferência se dará pela tradição (entrega) e se o bem for imóvel, a
transferência se dará pelo registro na matrícula do título aquisitivo (registro de
imóveis).

B) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (arts. 243/246, CC)


Coisa incerta indica que a coisa não é única, singular e exclusiva (ao
contrário da obrigação de dar coisa certa). O objeto não é individualizado, mas
indicado apenas de forma genérica no início da obrigação. No entanto ele deve ser
determinável pelo gênero e quantidade (art. 243, CC), faltando determinar a
qualidade. Ex.: a obrigação de entregar dez bois é incerta. A princípio pode parecer
que é uma obrigação de dar coisa certa... dez bois. No entanto eu tenho uma
boiada de mil bois e devo entregar somente dez! Pergunto: quais os dez bois que
devem ser entregues? Eles ainda não foram individualizados! Por isso chamamos
de obrigação de dar a coisa incerta (ou genérica). Coisa incerta não quer dizer
“qualquer coisa”. Mas sim coisa sujeita a determinação futura. Observem que
já há determinação quanto ao gênero=bois e quanto à quantidade=dez. Falta
individualizar quais os bois que serão entregues. A coisa está indeterminada,
porém será suscetível de determinação futura. Por isso, o estado de
indeterminação é transitório. Outro exemplo: entregar 50 sacas de café (deve-
se separar o café, pesá-lo, ensacá-lo, contar as sacas, etc.).

Pode haver a obrigação de dar “sacas de café”? Ou a obrigação de entregar


“100 sacas”? Não! Nestes casos está faltando a quantidade (no primeiro caso) ou
o gênero (no segundo caso), sendo que se a obrigação contiver tal imprecisão no
objeto, não gerará obrigação alguma.
A individualização se faz pela escolha da coisa devida, pela média
qualidade. Chamamos de concentração o ato jurídico unilateral de escolha
ou de seleção, que se exterioriza pela pesagem, medição, contagem, etc.
A escolha cabe, em regra, ao devedor (art. 244, CC), salvo se for
estabelecido de modo diverso no contrato. Neste caso, por exceção, a escolha
caberá ao credor ou a uma terceira pessoa estranha ao negócio.
Realizada a escolha acaba a incerteza. A obrigação genérica,
inicialmente de dar a coisa incerta, se transforma em obrigação de dar a coisa

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 10


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
certa (havendo a individualização da prestação), aplicando-se todas as regras que
vimos mais acima (art. 245, CC).
Segundo o art. 246, CC, antes da escolha não pode o devedor alegar
perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito
(genus nunquam perit: o gênero nunca perece). Os riscos correm por conta do
devedor. Exemplo: se “A” deve mil laranjas a “B”, ele não pode deixar de cumprir
a obrigação alegando que as laranjas que colheu se estragaram, pois ‘mil
laranjas... são mil laranjas’. Se a plantação de “A” se perder ele pode comprar as
frutas em outra fazenda para cumprir a obrigação assumida. No entanto, após a
escolha (e antes da entrega) caso as laranjas se percam sem culpa do devedor
(ex.: incêndio no armazém) a obrigação se extingue, voltando as partes ao estado
anterior, devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir perdas e danos. Isso
porque após a escolha a obrigação se torna “obrigação de dar coisa certa” e, como
vimos, o art. 234, CC estabelece que se a coisa se perder antes da tradição sem
culpa do devedor fica resolvida a obrigação para ambas as partes.

Atenção!! Princípio da equivalência das prestações (ou critério da


qualidade média). Estabelece a lei (art. 244, CC) que na falta de disposição
contratual a escolha do devedor não pode recair sobre a coisa menos valiosa ou
de pior qualidade. E nem será ele compelido a entregar a coisa mais valiosa ou
melhor. A solução é que o objeto deve recair no gênero intermediário.

Obrigação Pecuniária
Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro é uma
espécie de obrigação de dar que abrange prestação em dinheiro, reparação de
danos e pagamento de juros. Segundo o art. 315, CC, o pagamento em dinheiro
será feito em moeda corrente. Deve ser realizado no lugar do cumprimento da
obrigação e pelo seu valor nominal, ou seja, em Real (R$), que é nossa unidade
monetária atual.
Devemos lembrar que nesta obrigação o devedor sofrerá com as
consequências da desvalorização da moeda. No entanto, pode-se incluir em
algumas convenções, cláusula de atualização da prestação. O art. 316, CC permite
que se convencione um aumento progressivo no caso de prestações sucessivas.
Finalmente o art. 317, CC prevê que no caso de ocorrer algum motivo imprevisível
e, em decorrência disso, sobrevier manifesta desproporção entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o Juiz corrigi-lo, a
pedido da parte, de modo que assegure, o quanto possível, valor real da
prestação. Trata-se da aplicação do Princípio da Função Social do Contrato.
Outras formas de pagamento (ex.: cheque, cartão de crédito ou débito,
etc.) são facultativas, podendo o comerciante (fornecedor) optar em não os
receber. Alguns estabelecimentos colocam uma placa bem à mostra “não

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 11


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
aceitamos cheques”. Isso é permitido? –Sim!! Trata-se de um risco que o
comerciante está assumindo em não atrair clientes que iriam pagar com cheques.

Importante São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda


estrangeira (chamamos isso de obrigação valutária – valutaria = valuta =
divisa, moeda estrangeira), salvo os contratos e títulos referentes à importação e
exportação. É o que diz o art. 318, CC. Assim, se cair alguma questão sobre a
possibilidade de pagamento de dívidas em dólar ou em ouro, a resposta é que pelo
Código Civil não pode, sob pena de nulidade absoluta (salvo alguns contratos
especiais, como de importação/exportação, contratos estes que não estão
previstos no Código Civil).

II. OBRIGAÇÃO POSITIVA DE FAZER

Obrigação de fazer (arts. 247/249, CC) consiste na prestação de uma


atividade (prestação de um serviço ou execução de uma tarefa) positiva
(material ou imaterial) e lícita do devedor. Ex.: trabalho manual, intelectual,
científico ou artístico, etc. Pergunto agora: o que ocorre quando o devedor não faz
o que deveria fazer? Resposta: a impossibilidade do devedor de cumprir a
obrigação de fazer, bem como a recusa em executá-la, acarretam o
inadimplemento contratual (não cumprimento do contrato). Sim... mas e se eu
desejo que o ato ou serviço seja realizado? Posso obrigar o devedor a cumprir a
tarefa? Sabemos que nas obrigações de dar é possível a atuação do Estado no
sentido de se obter a execução específica da obrigação, por meio das ações
judiciais. Mas... e nas obrigações de fazer? Nestas, geralmente ocorre o contrário,
porquanto é difícil compelir compulsoriamente o devedor a realizar uma prestação
que se obrigou, já que a nossa ordem jurídica repudia o emprego de força
física para isso. Portanto, em primeiro lugar precisamos saber se o devedor agiu
com culpa. Nos termos do art. 248, CC, se não houver culpa (força maior ou caso
fortuito) resolve-se a obrigação sem indenização. Ex.: cantor que ficou afônico,
mercadoria que deveria ser entregue não é mais achada no mercado, etc.
Repõem-se as partes no estado anterior da obrigação. Por outro lado, se o próprio
devedor criou a impossibilidade, ele responderá por perdas e danos. A recusa
voluntária induz culpa do devedor. Mas e a obrigação em si? Ela será cumprida?
Resposta: depende se esta obrigação de fazer é fungível ou infungível. Vejamos.
Espécies:
Obrigação de fazer fungível: fungível quer dizer que embora o devedor se
obrigue, admite-se que a prestação seja realizada pelo devedor ou por uma
terceira pessoa, sem prejuízo para o credor; não se exige uma capacidade
especial para tanto. Ex.: obrigação de pintar um muro – em tese qualquer

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 12


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
pessoa pode pintar um muro, por isso é uma obrigação fungível. Se houver
recusa ou mora (que é o atraso, a demora) no cumprimento da obrigação, sem
prejuízo da cabível ação de indenização por perdas e danos, o credor pode
mandar executar o serviço à custa do devedor. O credor está interessado no
resultado da atividade do devedor, não exigindo habilidades especiais deste
para realizar o serviço. Trata-se da aplicação do art. 249, CC e dos arts. 816 e
817, CPC/2015. Se houver urgência, o credor pode, independentemente
de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois
ressarcido (art. 249, parágrafo único, CC). É o que se chama de auto-
executoriedade.
Obrigação de fazer infungível (personalíssima ou intuitu personae): a
prestação só pode ser executada pelo próprio devedor ante a sua natureza
(aptidões ou qualidades especiais do devedor) ou disposição contratual; não
há a possibilidade de substituição da pessoa que irá cumprir a obrigação, pois
esta, contratualmente falando, é insubstituível. Exemplo: contrato um artista
famoso para pintar um quadro (ou para restaurar uma famosa obra de
altíssimo valor artístico); ou uma banda famosa para dar um show; ou um
cirurgião especialista para realizar uma operação, etc.
A recusa ao cumprimento da obrigação resolve-se, tradicionalmente, em
perdas e danos (art. 247, CC), pois não se pode constranger fisicamente o devedor
a executá-la. No entanto, atualmente, admite-se a execução específica da
obrigação. Isto é, pode ser imposta pelo Juiz (e somente pelo Juiz), uma multa
periódica, chamada de astreinte (trata-se de mais uma expressão criada pela
doutrina e que não está prevista no Código).
Astreinte é uma expressão francesa. Deriva do latim astringere ou ad
stringere, que significa compelir, sujeitar, obrigar. Trata-se de uma coerção em
sentido econômico para que alguém cumpra determinada obrigação imposta em
uma decisão judicial. Em outras palavras, trata-se da multa judicial, geralmente
diária (também chamada de multa cominatória). Lembrando que este é um tema
do Direito Processual Civil e não do Direito Civil, propriamente dito. Mas como já
vi cair em concursos e sempre alguém me pergunta algo sobre ele, vamos falar
um pouquinho dele. Podemos conceituá-lo como sendo uma penalidade imposta
ao devedor, mediante ação judicial (daí ser processual civil), consistente em
uma prestação periódica, que vai sendo acrescida enquanto a obrigação não é
cumprida, ainda que não haja no contrato a cláusula penal (ou seja, a multa
contratual). Está previsto nos arts. 497, 536 e 537 do CPC/2015. Exemplo:
“A” deseja que alguém faça um determinado serviço (pintar um quadro). “B”,
apesar de aceitar a obrigação, não faz o que deveria fazer. “A” ingressa com uma
ação judicial em face desta pessoa. O Juiz concede um prazo razoável para o
devedor cumpra a obrigação. Não o fazendo deverá pagar multa diária até o seu
cumprimento. Atualmente há a possibilidade do Juiz fixar astreinte na obrigação

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 13


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
de fazer, não fazer e também na obrigação de dar coisa certa, segundo estabelece
o art. 538 e seu §3°, CPC/2015.
O inadimplemento de emitir declaração de vontade no caso de um
compromisso de compra e venda dá ensejo à propositura de ação de adjudicação
compulsória. A expressão adjudicação provém do vocábulo latino adjucare, que
significa transferir algo do patrimônio do devedor para o do credor por meio de
uma sentença. A decisão judicial supre a vontade da parte inadimplente, tendo o
mesmo efeito da declaração omitida, satisfazendo-se, assim, a obrigação de fazer.
Exemplo clássico: Comprei a casa de Alfredo. Assinamos um compromisso de
compra e venda onde eu me comprometi a pagar a importância em 10 prestações.
Cumpri minha parte no acordo. Agora precisamos ir ao Cartório de Notas para
lavrar a escritura. Porém Alfredo sempre alega uma “desculpa” para não realizar
tal ato... Um dia, perco a paciência com a situação e ingresso com uma ação de
obrigação de fazer: exijo que Alfredo vá ao Tabelionato para lavrar a escritura e
peço astreinte do caso de não cumprimento. No caso de Alfredo continuar se
recusando o Juiz, além de condená-lo (inclusive com astreintes), ainda pode dar
uma ordem ao cartório, suprindo a vontade de Alfredo e possibilitando a
confecção do registro do imóvel para fins de transmissão da propriedade.

RESUMINDO: inadimplemento da obrigação de fazer


A) SEM culpa do devedor → Extinção da obrigação sem qualquer indenização;
volta-se tudo ao estado anterior (devolve-se a importância recebida).
B) COM culpa do devedor:
1) Prestação fungível → Credor manda a obrigação ser realizada por
terceiro e executa o devedor inicial, ressarcindo-se pelas despesas no
cumprimento da obrigação, mais perdas e danos. Em caso de urgência →
Auto-executoriedade (sem autorização judicial).
2) Prestação não fungível (ou infungível)
a) Recusa induz culpa → Indenização por perdas e danos.
b) Ação judicial requerendo o cumprimento da obrigação. Imposição de
astreinte. Em algumas situações → Adjudicação compulsória.

Distinção: obrigação de dar X obrigação de fazer


Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é a entrega de uma
coisa, na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço (ex.: ministrar
uma aula, fazer um show, construir um muro, etc.). Na obrigação de dar o devedor
não precisa fazê-la previamente, enquanto na obrigação de fazer o devedor deve
confeccionar a coisa para depois entregá-la. Além disso, na obrigação de dar, que
requer a tradição, a prestação pode ser fornecida por terceiro, estranho aos
interessados, enquanto na obrigação de fazer, em princípio, o credor pode exigir
que a prestação seja realizada exclusivamente pelo devedor. Concluindo e

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 14


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
perguntando: se eu quero comprar um quadro e encomendo a um artista, a
obrigação será de fazer ou de dar? Resposta: depende... se o quadro já estiver
pronto a obrigação será de dar; se o artista ainda for confeccionar o quadro a
obrigação será de fazer.

III. OBRIGAÇÃO NEGATIVA DE NÃO FAZER

Obrigação de não fazer (arts. 250/251, CC) é aquela pela qual o devedor
se compromete a não praticar certo ato que até poderia livremente praticar
se não houvesse se obrigado. Seu conteúdo é uma omissão ou abstenção, um
ato negativo. Ex.: proprietário se obriga a não construir um muro acima de certa
altura para não obstruir a visão do vizinho; inquilino se obriga a não trazer animais
domésticos para o cômodo alugado, um comerciante se obriga a não se
estabelecer em determinado bairro para não fazer concorrência a outro
estabelecimento, etc. Estas obrigações podem ser bem variadas, mas é evidente
que as imorais e antissociais, ou as que sacrifiquem a liberdade das pessoas são
proibidas. Além disso, pode haver um limite temporal para a obrigação, ou seja,
a obrigação de não fazer pode ser temporária (ex.: contrato de exclusividade por
um ano, cláusula que obriga o empregado demitido não trabalhe em empresa
concorrente por dois anos, etc.).
Se a pessoa praticar o ato que se obrigou a não praticar, ela se tornará
inadimplente e o credor poderá exigir o desfazimento do que foi realizado.
Entretanto há casos em que somente resta o caminho da indenização. Ex.: pessoa
se obriga a não revelar um segredo industrial. A obrigação de não fazer é sempre
uma obrigação pessoal, devendo ser cumprida pelo próprio devedor
(personalíssima e indivisível). Por isso se “A” se comprometer a não elevar o muro
a certa altura e depois de algum tempo ele vender a propriedade, quem comprou
não terá essa obrigação (a menos que se faça um novo contrato). Lembrando que
o direito das obrigações vincula as pessoas entre si... A saída então é fazer uma
servidão predial (direito das coisas). Neste caso todos os futuros proprietários
estarão vinculados. Isto porque o direito das coisas vincula a pessoa à coisa
(observem como o Direito das Coisas é “mais forte” que o Direito Obrigacional). E
só para completar: e se a Prefeitura obrigar José a aumentar o muro por uma
questão de urbanismo ou segurança? Neste caso o muro deve ser erguido e a
outra parte nada poderá fazer (o Direito Público predomina sobre o Direito Privado;
é o chamado “Fato do Príncipe”, em alusão aos monarcas que governavam os
países na Europa medieval).

Observação. A exemplo da obrigação de fazer fungível, sempre que houver


urgência na obrigação de não fazer (art. 251, parágrafo único, CC) o credor
também pode desfazer ou mandar desfazer independentemente de

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 15


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
autorização judicial e sem prejuízo de posterior ressarcimento (auto-
executoriedade).

RESUMINDO: descumprimento da obrigação de não fazer


1) SEM culpa (impossibilidade da abstenção do fato sem culpa do devedor:
alteração de uma lei) → exoneração do devedor.
2) COM culpa (inexecução culposa do devedor) → a) se for impossível o
desfazimento posterior do ato → reparação do prejuízo (perdas e danos); b) se
for possível o desfazimento do ato → credor pode exigir o desfazimento do ato
à custa do devedor, acrescentando-se eventuais perdas e danos ou
simplesmente exigir as perdas e danos (não há mais interesse na obrigação de
não fazer). Em caso de urgência pode haver a auto-executoriedade.

OBRIGAÇÕES QUANTO A SEUS ELEMENTOS


A) OBRIGAÇÕES SIMPLES (ou singulares). São as que se apresentam com
um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto, destinando-se a produzir um
único efeito.
B) OBRIGAÇÕES COMPOSTAS (complexas ou plurais). São as que
apresentam uma pluralidade de objetos (obrigações cumulativas ou alternativas)
ou uma pluralidade de sujeitos (obrigações solidárias: ativa ou passiva). Vejamos
cada uma delas.

1) OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (ou conjuntivas)


São as compostas pela pluralidade de prestações. O devedor deve
entregar dois ou mais objetos, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título
(ex.: obrigação de dar um carro e um apartamento) devidamente especificado. O
inadimplemento de uma das prestações envolve o descumprimento total da
obrigação; o devedor só se desonera cumprindo todas as prestações
integralmente. Dependendo de ajuste prévio entre as partes, o pagamento pode
ser simultâneo (tudo de uma vez) ou sucessivo. Mas o credor não é obrigado a
receber, nem o devedor a pagar por partes, se assim não se ajustou. Recordando
as aulas que tive de português: o “e”, neste caso, funciona como uma conjunção
coordenativa sindética aditiva (lembram-se?).

2) OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (ou disjuntivas – arts. 252/256, CC)


Também são compostas pela pluralidade de prestações heterogêneas,
porém estas estão ligadas pela disjuntiva “ou”. Obrigação alternativa é a que
compreende dois ou mais objetos e extingue-se com a prestação de apenas um,
ou seja, existe obrigação alternativa quando se devem várias prestações, mas,
por convenção das partes, somente uma delas será cumprida como
pagamento. O devedor se desonera com o cumprimento de qualquer uma delas.
Ex.: obrigo-me a entregar um touro ou dois cavalos; vendo a casa por cem mil
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 16
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
ou troco por dois terrenos na praia. Essa alternativa pode estabelecer-se entre
duas ou mais coisas, entre dois ou mais fatos, ou até entre uma coisa e um fato
(ex.: a obrigação assumida pela seguradora de, em caso de sinistro, dar outro
carro ao segurado ou mandar reparar o veículo danificado, como este preferir).
Nas obrigações alternativas, a escolha, em regra, pertence ao
devedor, se o contrário não for estipulado no contrato (pode ser do credor, de
um terceiro ou até mesmo escolhido por sorteio). Comunicada a escolha, não se
pode mais modificar o objeto. O direito de opção transmite-se aos herdeiros, quer
pertença ao devedor, quer ao credor. Estabelece o art. 252, §1°, CC a
indivisibilidade do pagamento, ou seja, “não pode o devedor obrigar o credor
a receber parte em uma prestação e parte em outra”. Sua opção deve ser total
em relação a uma ou em relação a outra. Mas há uma exceção (art. 252, §2°,
CC): quando se tratar de prestações periódicas nas quais se admite a renovação
da opção a cada período (ex.: entrega mensal alternativa de determinados
alimentos ou de certa quantidade em dinheiro).
Feita a escolha, dá-se a concentração, ficando determinado, de modo
definitivo e sem possibilidade de retratação unilateral, o objeto da obrigação
(exceto se o contrato contiver alguma cláusula de arrependimento). A partir daí o
devedor somente se libera da obrigação prestando a coisa devida, pois o objeto,
inicialmente plúrimo e indeterminado, se torna individualizado e certo, sendo que
o credor não pode ser obrigado a receber coisa diversa (art. 313, CC). Com a
escolha, as prestações reduzem-se a uma só, e a obrigação se torna simples,
onde só será devido o objeto escolhido, como se fosse ele o único, desde o
nascimento da obrigação. Não se exige forma especial para a comunicação da
escolha, bastando a declaração unilateral da vontade, sem necessidade de
aceitação.

Observação: segundo a doutrina majoritária, não se aplica o princípio do meio


termo ou da qualidade média nas obrigações alternativas. Isso só tem aplicação
na obrigação de dar coisa incerta.
Se uma das prestações não puder ser objeto de obrigação, ou se tornar
inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. Ex.: devo entregar um touro ou
quatro cavalos; o touro morreu sem culpa das partes; deve-se então cumprir a
obrigação que restou: a entrega dos cavalos. Se a impossibilidade for de todas as
prestações (sem que haja culpa do devedor), resolve-se (extingue-se) a
obrigação, sem que haja o dever de indenização. E se houver culpa do devedor?
Neste caso, depende: Se a escolha cabia ao devedor, ficará ele obrigado a pagar
o valor da que por último se impossibilitou (mais perdas e danos). Mas se a escolha
pertencia ao credor, pode ele (credor) exigir o valor de qualquer das prestações
(mais perdas e danos). Não confundir com a obrigação de dar coisa incerta (nesta
também há escolha), pois na alternativa há pelo menos dois objetos.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 17


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
RESUMINDO: responsabilidade nas obrigações alternativas
Perecimento de uma das obrigações
1) Escolha do devedor: havendo ou não culpa do devedor, subsiste o
débito quanto à outra obrigação.
2) Escolha do credor: a) não havendo culpa do devedor, subsiste o débito
quanto à outra obrigação; b) havendo culpa do devedor o credor pode optar
pela prestação subsistente ou o valor da que pereceu mais perdas e danos.
Perecimento das duas obrigações
1) Escolha do devedor: a) não havendo culpa do devedor, extingue-se a
obrigação; b) havendo culpa do devedor, há indenização pelo valor da que
se impossibilitou por último, mais perdas e danos.
2) Escolha do credor: a) não havendo culpa do devedor extingue-se a
obrigação; b) havendo culpa do devedor há indenização pelo valor de
qualquer uma das obrigações, mais perdas e danos.

3) OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS
São variantes das obrigações alternativas, aceitas pela doutrina, mas não
previstas em lei. A obrigação inicialmente é simples (há apenas uma prestação),
mas há a possibilidade do devedor se exonerar da obrigação substituindo
a prestação. Ex.: quem encontra coisa perdida deve restituí-la ao dono, sendo
que este fica obrigado a recompensar quem a encontrou. No entanto o dono pode,
ao invés de pagar a recompensa, simplesmente abandonar a coisa, e aí quem
encontrou a coisa poderá ficar com ela. Pagar a recompensa é a prestação principal
do devedor; o abandono da coisa é prestação facultativa do dono. O abandono
não é obrigação, mas uma faculdade do dono. Outro exemplo: agência de
viagens que oferece determinado brinde (ex.: uma camiseta), mas ela mesma se
reserva no direito de substituí-lo por outro (ex.: um boné). Na obrigação
facultativa (ao contrário da alternativa) o credor não tem opção; ele só pode exigir
a prestação principal. É o devedor que pode optar pela prestação facultativa.
Podemos concluir que a obrigação facultativa é: alternativa para o devedor e
simples para o credor (pois este só pode exigir o objeto principal).
A doutrina acrescenta afirmando que na obrigação facultativa se o único
objeto da obrigação perecer, sem culpa do devedor, resolve-se o vínculo
obrigacional, ficando o devedor inteiramente desonerado, não podendo o credor
exigir a prestação acessória. Ex.: se o devedor se obriga a entregar um animal,
ficando-lhe facultado substituí-lo por um veículo, e o primeiro (único objeto que o
credor pode exigir) é fulminado por um raio, vindo a morrer, extingue-se por
inteiro a obrigação, não podendo o credor exigir a entrega do veículo (como ocorre
com a obrigação alternativa). Por outro lado, a obrigação facultativa restará
totalmente inválida se houver defeito na obrigação principal, mesmo que não o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 18


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
haja na acessória. Assim, se a prestação devida for originariamente
impossível, ou nula, a obrigação não se concentrará na prestação
substitutiva; toda obrigação será inválida pela perda do objeto.
Finalmente, se a impossibilidade se referir à segunda prestação, a obrigação
manter-se-á em relação à prestação devida, apenas desaparecendo para o
devedor a possibilidade prática de substituí-la por outra.
Diferença entre a obrigação alternativa e facultativa: na alternativa temos
uma pluralidade de objetos e a obrigação se extingue com o cumprimento de um
deles (todos são devidos até o cumprimento de um deles); na facultativa há
apenas um objeto e o devedor pode se exonerar da obrigação cumprindo outra
prestação.

4) OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS (arts. 264 a 285, CC)


Ocorre quando, em decorrência da mesma relação jurídica, há pluralidade
de credores ou devedores (ou de ambos), sendo que eles têm direitos e/ou
obrigações pelo total da dívida. Havendo vários devedores cada um responde
pela dívida inteira, como se fosse um único devedor. O credor pode escolher
qualquer um e exigir a dívida toda. Mas se houver vários credores, qualquer um
deles pode exigir a prestação integral, como se fosse único credor (art. 264,
CC).
Características: a) unidade de prestação: qualquer que seja o número de
devedores e/ou credores o débito/crédito é sempre único; o contrato é um só para
todos; b) pluralidade de sujeitos (ativos e/ou passivo); c) multiplicidade de
vínculos; d) corresponsabilidade dos interessados; e) compatível com todo
gênero de obrigações, pela natureza ou objeto.

Obrigações in solidum
A doutrina diferencia a obrigação solidária da obrigação in solidum.
Nesta, embora haja uma pluralidade de devedores pela totalidade da dívida e os
mesmos estejam vinculados pelo mesmo fato, não há solidariedade entre os
devedores, pois os liames que os unem com o credor são independentes. Exemplo
clássico: digamos que “A” causou um incêndio na fábrica “B”, sendo que esta
fábrica possuía seguro contra incêndio. Observem que o fato é o mesmo
(incêndio). Observem há dois devedores pelo valor da indenização: o causador
do incêndio e a empresa seguradora. Assim, a vítima do incêndio pode pleitear a
indenização de qualquer um deles e o pagamento efetuado por um libera o outro
devedor. No entanto os liames destes devedores para com o credor são diferentes;
não há uma causa comum na obrigação. A obrigação da seguradora é contratual
(valor até o limite do contrato) e a do terceiro é extracontratual (valor total do
prejuízo mais perdas e danos), decorrente de ato ilícito (art. 186 e 927, CC).
Portanto, não há solidariedade entre os devedores.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 19


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Espécies de obrigações solidárias
• Solidariedade Ativa: pluralidade de credores. Pouco importa se o objeto
é divisível (dinheiro) ou indivisível (cavalo); cada credor pode cobrar a
integralidade da dívida do devedor, bem como o devedor só se desobriga
pagando a integralidade da dívida a um só dos credores. Exemplo: na conta
bancária “e/ou” qualquer correntista é credor solidário dos valores
depositados e pode exigir do banco a entrega de todo o numerário. Outro
exemplo: mandato outorgado a vários advogados, sendo que qualquer um
deles poderá exigir os honorários integralmente do cliente. Observem
também o art. 2° da lei de locações (Lei n° 8.245/91): havendo mais de um
locador ou mais de um locatário entende-se que são solidários se o contrário
não se estipulou.
• Solidariedade Passiva: pluralidade de devedores. Ex.: o credor pode
demandar tanto o devedor principal, como o seu avalista, pois ambos são
devedores solidários. Exemplo de solidariedade passiva decorrente de lei: art.
585, CC: “Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de
uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante”.
• Solidariedade Mista (ou recíproca): neste caso há uma pluralidade de
devedores e de credores na mesma obrigação.

REGRA FUNDAMENTAL: “A solidariedade não se presume,


resultando da lei ou da vontade das partes” (art. 265, CC).

SOLIDARIEDADE ATIVA
É aquela em que qualquer um dos credores pode exigir a prestação
por inteiro (art. 267, CC). É o que chamamos de “direito individual de
persecução”. Ou seja, o devedor não pode pretender pagar a dívida ao credor
demandante de forma parcial (entregando apenas a quota-parte desse credor),
sob a alegação de que deveria ratear a quantia entre os demais credores. Ele deve
pagar tudo a quem lhe exigir a prestação, não porque o objeto é indivisível, mas
porque assim foi pactuado.
Cada um dos credores poderá promover medidas assecuratórias do
direito do crédito e constituir o devedor em mora, sem o concurso dos demais
credores.
Qualquer um dos credores poderá ingressar em juízo visando à satisfação
patrimonial; mas só poderá executar a sentença o próprio credor-autor, e
não outro estranho à lide inicial. Ex.: “A” é devedor de “B”, “C” e “D”. Somente
este último ingressa com ação contra “A” e ganha. Consequentemente, somente
“D” poderá executar a sentença que lhe foi favorável.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 20


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Se um dos credores se tornar incapaz, este fato não influenciará a
solidariedade pactuada.
Enquanto não for demandado por algum dos credores, o devedor pode
escolher um dos credores e pagar a dívida a qualquer um deles (art. 268, CC). O
pagamento total do débito a um dos credores extingue inteiramente a
dívida (art. 269, CC). O mesmo ocorre no caso de novação, compensação e
remissão. Ex.: “A”, “B” e “C” são credores solidários de “D”. Se “A” acionar “D”,
este deverá pagar tudo ao primeiro, que receberá o valor em nome de todos os
credores. Caso ninguém acione “D”, ele pode escolher qualquer um dos credores
e efetuar o pagamento integral ao mesmo, extinguindo a obrigação.
A conversão da prestação em perdas e danos não extingue a
solidariedade; ela continua existindo para todos os efeitos (art. 271, CC). Os
juros de mora revertem em proveito de todos os credores.
Perdão: o credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o
pagamento responde aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC). Ex.: “A”,
“B” e “C” são credores solidários de “D”. Se “A” perdoou “D” por toda a dívida,
este estará desobrigado do pagamento. No entanto “A” responderá perante “B” e
“C” a quota-parte destes. Se o perdão foi somente da quota-parte de “A”, “D”
continua devedor dos demais pelo restante do crédito.
Prescrição: a interrupção da prescrição por um credor solidário beneficia
os demais (art. 204, §1°, CC).
O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os
demais. No entanto o julgamento favorável aproveita a todos, sem prejuízo
de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer
deles (art. 274, CC). Isto quer dizer que se uma ação entre um dos credores
solidários e o devedor for julgado procedente, esta decisão é extensível aos demais
credores, beneficiando-os (isto porque satisfaz o interesse dos demais credores
solidários, sem causar prejuízo injustificado ao devedor, pois ele teve
oportunidade de se defender no primeiro processo). Assim, é possível a chamada
coisa julgada ultra partes (atinge não só as partes do processo, mas também
determinados terceiros, no caso credores solidários). No entanto se o credor
demandante perdeu a ação, esta decisão não é extensiva aos demais credores
solidários (evitando-se, assim, que estes sejam afetados pela inépcia ou pouca
diligência do credor acionante na condução do processo ou mesmo evitando-se
um possível conluio do credor perdedor da ação e o devedor).
Não importará renuncia à solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único, CC).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 21


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Extinção da solidariedade ativa
• Se os credores desistirem da solidariedade, pactuando que o pagamento da
dívida será pro rata (ou seja, por rateio), cada credor será responsável apenas
por sua quota.
• Se um dos credores solidários falecer seu crédito passará a seus herdeiros
sem a solidariedade, salvo se a prestação for indivisível. “A”, “B” e “C” são
credores solidários. “C” faleceu deixando três herdeiros. Cada um desses
herdeiros só terá direito de receber a quota do crédito que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (como no caso da
entrega de um cavalo).

SOLIDARIEDADE PASSIVA
É aquela em que se obrigam todos os devedores ao pagamento total da
dívida, seja esta divisível ou não, ou seja, o credor pode escolher qualquer um
dos devedores para cumprir a prestação. Isso reforça o vínculo e facilita o
cumprimento da obrigação, pois o credor pode escolher apenas o devedor em
melhores condições financeiras para cumprir a obrigação. O credor pode exigir e
receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente o valor da dívida
comum; se o pagamento for parcial, mantém-se a solidariedade passiva quanto
ao remanescente (art. 275, CC).
Propondo a ação contra apenas um dos devedores, o credor não fica inibido
de acionar também os outros. Ou seja, não há a presunção de que renunciou em
relação aos demais devedores (art. 275, parágrafo único, CC).
Morrendo um dos devedores solidários, a dívida se transmite aos seus
herdeiros, mas cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo se
indivisível a obrigação. Neste caso, todos os herdeiros reunidos são considerados
como um devedor solidário em relação aos demais devedores (art. 276, CC). Ex.:
“A” é credor de $600 de “B”, “C” e “D”, que são devedores solidários. “D” faleceu
deixando dois filhos (“E” e “F”). A solidariedade não se rompe totalmente; ela
continua em relação a “B” e “C” pelo valor total da dívida. Mas... e os filhos de
“D”? Continuam devedores solidários? Resposta: como neste caso o objeto da
prestação é divisível (dinheiro), extingue-se a solidariedade e cada devedor-
herdeiro responderá somente com a sua parte (como a quota de “D” era de $200,
“E” e “F” ficarão obrigados apenas por $100 cada um). No entanto, se o objeto,
ao invés de dinheiro, for um bem indivisível (ex.: um touro reprodutor, uma casa)
a solidariedade permanece. Não pela solidariedade propriamente dita, mas pela
indivisibilidade da coisa. No entanto a responsabilidade dos herdeiros reunidos não
poderá ser superior às forças do acervo hereditário.
O pagamento parcial feito por um devedor só aproveita aos demais
devedores pelo valor pago ou relevado (art. 275, CC). Ou seja, os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo restante da dívida.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 22


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
O perdão concedido a um dos coobrigados extingue a dívida na parte a ele
correspondente (art. 277, CC).
Nenhuma cláusula estipulada entre um devedor e o credor pode agravar a
situação dos demais devedores, sem o consentimento deles (art. 278, CC). Ex.:
“A” é credor de “B”, “C” e “D”. “B” renegocia a dívida com “A”. Se esta
renegociação for realizada sem a anuência dos demais devedores e os prejudicar,
não valerá para eles.
Impossibilitando-se a prestação: a) sem culpa dos devedores → extingue a
obrigação; b) por culpa de um devedor → a solidariedade continua para todos;
todos os devedores continuam com a obrigação e responderão pelo equivalente
em dinheiro; mas só o devedor culpado responderá pelas perdas e danos (art.
279, CC).
Todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a ação
tenha sido proposta contra um, mas o culpado responde aos outros pelo acréscimo
(art. 280, CC).
O devedor demandado pode opor as exceções (formas de defesa)
pessoais e também as comuns a todos (ex.: prescrição); porém não pode
opor as pessoais de outro devedor (art. 281, CC). Ex.: “C” é credor de “A” e
“B”. No entanto “C” também deve para “B”. Assim, “B” pode alegar a compensação
dos créditos, pois esta é considerada como uma “exceção pessoal”. No entanto
“A” não pode alegar a eventual compensação entre “B” e “C”, pois a mencionada
compensação é uma exceção pessoal de “B” e não de outro devedor.
Se o credor renunciar à solidariedade em favor de um ou de alguns
devedores, só poderá acionar os demais abatendo o valor do débito a parte ou
àqueles correspondentes, entretanto, se um dos coobrigados for insolvente, o
rateio da obrigação atingirá também o exonerado da solidariedade (art. 282,
parágrafo único, CC). Ex.: “A” é credor de “W”, “X”, “Y”, “Z”, no valor de 200 (50
cada devedor) sendo que ele renuncia à solidariedade em relação a “W”. Neste
caso “A” somente pode demandar “X”, “Y” e “Z” solidariamente por 150. “A”
continua credor de “W” no valor de 50. Mas sem a solidariedade. Observem que
houve renúncia somente em relação à solidariedade. E não renúncia (ou
perdão) da dívida.
O devedor que paga toda a dívida tem o direito de regresso, isto é, pode
exigir individualmente a quota de cada um dos demais devedores.
Havendo algum devedor insolvente sua quota será rateada entre todos os
demais devedores; presumem-se iguais as partes de cada devedor; essa
presunção admite prova em contrário (juris tantum - art. 283, CC).
A interrupção da prescrição operada contra um devedor prejudica os
demais (art. 204, CC).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 23


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Se a dívida interessa apenas a um dos devedores, responde este perante
o qual a paga. Ex.: avalista que paga uma nota promissória; como garantidor da
obrigação, ele deve ser reembolsado pelo total pago; neste caso não se fala em
quotas (art. 285, CC).
Extinção da solidariedade passiva
• Morrendo um dos codevedores, desaparece a solidariedade em relação a
seus herdeiros, embora continue a existir quanto aos demais coobrigados.
• Renúncia total do credor.

Observações
01) A obrigação de pagar alimentos geralmente é conjunta, mas existe
previsão de solidariedade passiva no estatuto do idoso, ou seja, o idoso poderá
escolher o parente que lhe pagará os alimentos.
02) Se um devedor solidário for demandado sozinho em um processo de
conhecimento, não poderá se eximir de pagar a dívida que está sendo cobrada.
No entanto ele poderá trazer os demais devedores a este processo, utilizando-se
do instituto conhecido como “chamamento ao processo”. Trata-se de um
incidente processual pelo qual o devedor demandado chama, para integrar o
mesmo processo, os demais coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los também
responsáveis pelo resultado do feito. É uma forma de intervenção de terceiros em
um processo a fim de que a sentença disponha sobre a responsabilidade de todos
os envolvidos. Assim, o devedor já obtém sentença que pode ser executada contra
os demais codevedores. Esse instituto (chamamento ao processo) é matéria de
Direito Processual Civil (arts. 130 e seguintes, CPC/2015).

OUTRAS IMPORTANTES MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO


A) Obrigações quanto ao Conteúdo (de resultado, meio ou garantia).
1) Obrigações de Resultado (ou de fim): quando só se consideram
cumpridas com a obtenção de um resultado preestabelecido, geralmente oferecido
pelo próprio devedor. Ex.: contrato de transporte (levar o passageiro a seu destino
são e salvo); a doutrina costuma também citar o exemplo do médico especialista
em “cirurgia plástica-estética”. Na obrigação de resultado o devedor responde
independentemente de culpa (há, portanto, responsabilidade objetiva). Ou
seja, o credor deve apenas provar que o resultado não foi atingido. Porém, é
possível a demonstração de que o resultado não foi alcançado por fator alheio à
atuação do devedor (ex.: caso fortuito, força maior, culpa exclusiva do credor,
etc.), o que excluiria sua responsabilidade.
2) Obrigações de Meio (ou de diligência): quando o devedor só é obrigado
a empenhar-se para conseguir o resultado, mesmo que este não seja alcançado.
Ex.: o advogado em relação ao cliente; ele não se obriga a vencer a causa, mas

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 24


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
trabalhar com empenho para ganhá-la. Se o resultado visado não for alcançado
só poderá ser considerado o inadimplemento do devedor se se provar a sua falta
de diligência. Portanto, a culpa não pode ser presumida; o credor deve prová-la
(responsabilidade subjetiva). O mesmo ocorre com um médico para salvar a
vida de um paciente.

Observação: Segundo jurisprudência do STJ e da doutrina deve-se distinguir


a cirurgia plástica em: a) puramente estética (resultado); b) estética
reparadora (meio). Na cirurgia plástica puramente estética a sua finalidade é a
de promover o embelezamento da pessoa, não tendo qualquer ligação com o
funcionamento de determinado órgão ou parte do corpo humano (obrigação de
resultado). Já na cirurgia plástica estética reparadora (de reconstrução estética,
restauração e complementar, destinando-se a sanar defeito congênito) a
finalidade principal é com relação à funcionalidade de determinado órgão ou parte
do corpo (obrigação de meio), assumindo o fator beleza um caráter secundário.
Exemplo: o implante de prótese “seio de silicone”, não havendo qualquer
anomalia na mama é hipótese de cirurgia plástica puramente estética; já a
implantação de seios de silicone em decorrência de mastectomia (remoção
completa da mama para tratamento de câncer) é hipótese de cirurgia estética
reparadora (obrigação de meio).
3) Obrigações de Garantia: são as que visam eliminar um risco que pesa
sobre o credor ou as suas consequências; seu objetivo é a estipulação de uma
garantia pessoal em um contrato, propiciando maior segurança ao credor.
Ex.: fiança no contrato de locação; contrato de seguro, etc.

B) Obrigações quanto à Divisibilidade


1) Obrigações Divisíveis (art. 257, CC): são as que comportam
fracionamento, quer quanto à prestação, quer quanto ao próprio objeto sem
prejuízo de sua substância ou de seu valor. A obrigação pode ser cumprida
parcialmente sem prejuízo de sua substância e de seu valor. Ex.: devo R$
12.000,00 sendo que a dívida pode ser parcelada em 12 parcelas de R$1.000,00.
Observação: há maior relevância jurídica quando na obrigação divisível houver
uma pluralidade de devedores ou credores. Nesse caso o Brasil adotou a regra da
fracionariedade (e não a solidariedade). Desta forma, havendo pluralidade de
credores (fracionária ativa) ou de devedores (fracionária passiva) será feito um
rateio (ou concurso) entre eles (“as partes se satisfazem pelo concurso”). Cada
um se obriga ou tem direito a apenas uma parte da prestação. A obrigação
presume-se dividida em tantas partes iguais e distintas, quantos forem os
credores ou devedores. Exemplo: devo R$ 12.000,00 a “A”, “B” e “C”. Sendo a
obrigação divisível presume-se que estou devendo R$ 4.000,00 a cada um dos
credores.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 25


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Regras aplicáveis às obrigações divisíveis (fracionárias):
• Cada devedor só pode ser demandado pelo valor de sua quota.
• Cada credor só pode cobrar o valor de sua quota.
• A interrupção da prescrição contra um devedor fracionário não prejudica o
outro.
• A interrupção da prescrição por um credor fracionário não beneficia o outro.

2) Obrigações Indivisíveis (art. 258, CC): são aquelas cuja prestação só


pode ser cumprida por inteiro (a prestação é única), não admitindo sua cisão em
prestações. Espécies: a) convencional: pactuada pelas partes. Ex.: pagamento
de uma dívida em dinheiro à vista. Assim, ainda que o objeto da obrigação seja
divisível (ex.: dinheiro) o credor não pode ser obrigado a receber em partes, se
assim não se ajustou. b) natureza da obrigação (ex.: entregar um cavalo, um
touro); c) legal (ex.: dívidas de alimentos).

Regras aplicáveis às obrigações indivisíveis:


• Havendo dois ou mais devedores cada um será obrigado pela dívida toda; ou
seja, o credor pode cobrar a dívida toda de apenas um dos devedores. No
entanto, o devedor que pagou a dívida inteira sub-roga-se no direito do credor,
podendo ingressar com “ação de regresso” em relação aos demais coobrigados
(art. 259, CC).
• Havendo pluralidade de credores, o devedor (ou devedores) somente se
desobrigará pagando a todos conjuntamente ou a um dos credores, dando este
caução (garantia) de ratificação dos outros credores (art. 260, CC).
• Caso somente um dos credores receba toda a dívida, os demais poderão exigir
deste a parte que lhes cabia em dinheiro (art. 261, CC).
• No caso de remissão (perdão) por parte de um dos credores, a obrigação não
ficará extinta em relação aos demais, que poderão exigir as suas quotas,
descontada a parte remitida (art. 262, CC). Ex.: se “A” deve um cavalo no
valor de R$ 90 mil a “B”, “C” e “D” e este último perdoou a dívida, “A”
continuará obrigado a entregar o cavalo a “B” e “C”. No entanto estes devem
reembolsar “A” na parte em que “D” perdoou (trinta mil).
• Se o objeto vier a perecer por culpa do devedor, a obrigação passa a ser de
perdas e danos. Neste caso o objeto perde a indivisibilidade e passa a ser
divisível, pois o objeto primitivo (indivisível) será substituído pelo equivalente
em dinheiro, mais perdas e danos (que é divisível). Se houver culpa de todos
os devedores, responderão todos por partes iguais; se a culpa for só de um,
somente este responderá pelas perdas e danos (art. 263, CC).
• As obrigações de dar e fazer podem ser divisíveis ou indivisíveis. Já as de não
fazer somente podem ser indivisíveis.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 26


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Exemplo Clássico. Imaginem que “A” e “B” se obrigam a entregar a “C” um
touro reprodutor, premiado em exposições. Esta é uma obrigação divisível ou
indivisível? É indivisível, claro! Pois um touro reprodutor não pode ser dividido,
dada a sua natureza. E a obrigação de entregar o touro é solidária? Como vimos
anteriormente a solidariedade não se presume! Ela deve estar expressa na lei
ou no contrato (vontade das partes). Como a pergunta nada menciona sobre a
solidariedade, devemos entender que a obrigação é apenas indivisível (e não
solidária). Desta forma, se o examinador deseja perguntar algo sobre a
solidariedade, deve deixar isto bem claro na questão. E se o touro morrer antes
da entrega, por culpa do devedor? Como vimos, a obrigação de entregar o touro
que morreu será substituída pela indenização (dinheiro, que é divisível) e por tal
motivo a obrigação passará a ser divisível.

Indivisibilidade X Solidariedade
Solidariedade e indivisibilidade se assemelham porque em ambas o credor
pode exigir a integralidade da dívida de qualquer um dos devedores. No entanto
se diferem pelas seguintes razões:
1) O devedor de obrigação indivisível não é devedor do total da obrigação
(é devedor apenas de sua quota-parte); porém pode ser compelido a cumprir a
obrigação sozinho e por inteiro pois não é possível o fracionamento da obrigação.
Já o devedor de obrigação solidária é devedor total da obrigação, por isso pode
ser compelido a cumpri-la por inteiro e sozinho.
2) A indivisibilidade está baseada em relação jurídica objetiva (diz
respeito ao objeto da relação jurídica), em razão da natureza indivisível da
prestação (art. 258, CC). Já a solidariedade está baseada em relação jurídica
subjetiva (diz respeito aos sujeitos da relação obrigacional e não ao objeto)
resultante da lei ou da vontade das partes, trazendo maior garantia ao credor
(art. 265, CC).
3) Se o objeto da obrigação perecer e ocorrer a conversão em dinheiro
na obrigação indivisível, esta deixa de existir (a obrigação se torna divisível).
Se o objeto da obrigação perecer e ocorrer a conversão em dinheiro na
solidariedade, esta continua a existir, pois a solidariedade não depende a
divisibilidade da coisa. Comparem seguintes dispositivos: a) Art. 263, CC: Perde
a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos; b) Art.
271, CC: Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os
efeitos, a solidariedade. Ex.: eu deveria entregar um touro a dois credores, mas o
mesmo morreu. Se a obrigação for apenas indivisível transformo o valor do touro
em dinheiro e divido pelos dois credores: agora ficarei devendo metade do valor
do touro para cada um dos credores. No entanto se foi pactuada a
solidariedade, mesmo havendo a conversão em dinheiro, a solidariedade
permanece: continuo devendo o valor integral do touro a ambos os credores. Isso

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 27


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
porque como dissemos anteriormente, a solidariedade recai sobre as pessoas e
não sobre o objeto.
4) No caso da indivisibilidade as perdas e danos só podem ser
exigidas do culpado pelo perecimento do objeto (arts. 263, §2°, CC). Já na
solidariedade a prestação e as perdas e danos podem ser exigidas de
qualquer um dos codevedores, mas quem pagou tem ação de regresso contra
os demais, acrescido, contra o culpado das perdas e danos (arts. 271 e 279, CC).
5) A solidariedade cessa com a morte de um dos devedores, não se
transmitindo aos sucessores (a dívida será repartida entre os herdeiros, até o
limite das forças da herança). A obrigação indivisível se transmite aos
sucessores tal como pactuada (ou seja, a obrigação, mesmo com a morte de um
dos contratantes, não se desnatura; continua sendo indivisível).
Observação: não há incompatibilidade entre a divisibilidade e a solidariedade.
Nada impede a existência de obrigação solidária de coisa divisível (ex.:
entregar dinheiro) de forma que todos os devedores respondem integralmente
pela dívida. A solidariedade nas coisas divisíveis reforça o vínculo entre devedores,
servindo de garantia para favorecer o credor, facilitando a cobrança.

OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
A) QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS
1) Obrigações Puras e Simples: são as que não estão sujeitas a nenhum
elemento acidental, como a condição, o termo ou o encargo. O credor pode exigir
o cumprimento da prestação de imediato.
2) Obrigações Condicionais: são as que contêm cláusula que subordina
seu efeito a evento futuro e incerto (ex.: eu lhe darei um carro se você entrar em
uma universidade pública). Podem ser suspensivas (há uma expectativa de
direito) ou resolutivas (perdem a eficácia quando implementada a condição).
3) Obrigações a Termo (obrigações a prazo): são aquelas que contêm
cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e certo (ex.: eu lhe darei um
carro no fim deste ano). Se o devedor cumprir a obrigação de forma antecipada
não terá direito de pedir a prestação de volta. O termo não suspende a aquisição
do direito, apenas adia seu exercício.
4) Obrigações Modais: são as oneradas de um encargo, um ônus à
pessoa contemplada pela relação jurídica (ex.: dou-lhe dois terrenos, mas em um
deles deve ser construída uma escola).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 28


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
B) QUANTO À AUTONOMIA DE EXISTÊNCIA (INDEPENDÊNCIA)
1) Obrigações Principais: são as que independem de qualquer outra para
ter validade (ex.: compra e venda, locação, etc.); são dotadas de vida própria e
autônoma.
2) Obrigações Acessórias: são as que têm sua existência subordinada a
outra relação jurídica (ex.: a fiança é uma obrigação acessória em relação ao
contrato de locação; da mesma forma a multa contratual é acessória em relação
a uma obrigação qualquer, etc.). A extinção, ineficácia, nulidade ou prescrição da
obrigação principal reflete-se na acessória. Lembre-se da regra segundo a qual o
acessório segue a sorte do principal (princípio da gravitação jurídica). O inverso,
porém, não é verdadeiro, pois se houver algum vício na obrigação acessória, em
nada afetará a principal.

C) QUANTO À LIQUIDEZ
1) Obrigações Líquidas: são aquelas certas quanto à existência e
determinadas quanto ao objeto. Ex.: entregar uma casa; entregar R$1.000,00,
etc. Nelas se acham especificadas, de modo expresso, a quantidade, a qualidade
e a natureza do objeto devido. O inadimplemento de obrigação positiva e líquida
constitui o devedor em mora de pleno direito se não for cumprida no prazo
(falaremos da mora ainda nesta aula).
2) Obrigações Ilíquidas: são aquelas incertas quanto à sua
quantidade; dependem de uma apuração prévia, uma vez que o montante da
prestação ainda é indeterminado. O exemplo clássico deste tipo de obrigação é a
sentença penal condenatória com trânsito em julgado (ou seja, a que não cabe
mais nenhum recurso). Um Juiz criminal condenou uma pessoa pelo crime,
digamos, de lesão corporal. A vítima deste crime, com base na sentença criminal
que lhe foi favorável, já pode ingressar com uma ação cível de reparação de dano.
Ocorre que ainda não existe um valor exato a ser cobrado. Assim, quando o
montante da prestação for incerto ou indeterminado, não podendo ser expressa
por um algarismo ou uma cifra, a obrigação é chamada de ilíquida. Para que a
obrigação ilíquida seja cobrada, é necessário que antes seja tornada líquida (certa
e determinada). Sem a liquidação o credor não terá como executar seu crédito.
Para transformar uma obrigação ilíquida em líquida, mister se faz que haja uma
apuração antecipada. Esta apuração realiza-se através de liquidação de
sentença que fixa o respectivo valor, em moeda corrente, a ser pago ao credor.
A liquidação das obrigações pode ser realizada por convenção das partes, por
disposição legal ou de forma judicial (que é a mais comum na prática).

D) QUANTO AO MOMENTO PARA O CUMPRIMENTO


1) Obrigações Instantâneas: são aquelas em que a contraprestação do
devedor é simultânea à prestação do credor; elas são cumpridas de imediato. Ex.:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 29


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
compra e venda à vista. O comprador paga e o vendedor entrega a coisa de
imediato.
2) Obrigações Fracionadas: quando o objeto do pagamento é fracionado
em prestações. A obrigação de pagar o preço é uma só, mas a execução de cada
uma delas é feita ao longo do tempo (ex.: compro um terreno por 10 mil, pagando
mil por mês, durante dez meses).
3) Obrigações Diferidas: quando a execução é realizada em um único
ato, porém em momento posterior ao surgimento da obrigação (ex.: compra e
venda com pagamento à vista, mas a entrega da coisa se dará em 30 dias).
4) Obrigações de Trato Sucessivo (periódicas ou de execução
continuada): quando o cumprimento se dá por meio de subvenções periódicas
(se protrai no tempo), resolvendo-se em intervalos de tempo (regulares ou não).
Ex.: obrigação do inquilino em pagar aluguel; a do condômino em pagar as
despesas condominiais. Quando uma parcela é paga a obrigação está quitada. Mas
neste instante inicia-se a formação de outra prestação que deverá ser paga no fim
do próximo período.

OBSERVAÇÃO. Além de todas estas espécies de obrigações, a doutrina ainda


acrescenta outras:
Obrigações propter rem (em razão da coisa) ou ob rem (diante da coisa):
são obrigações híbridas, ou seja, parte direito real, parte direito pessoal
(alguns autores as chamam de reipersecutórias ou ambulatórias). Elas
recaem sobre uma pessoa (daí ser um direito pessoal), mas por força de um
direito real (como por exemplo, a propriedade). O devedor não se obriga por
sua vontade, mas sim por ser titular (ex.: proprietário) da coisa. Por isso
dizemos que a obrigação segue a coisa (chamamos isso de direito de
sequela), ou seja, essa obrigação se apresenta sempre vinculada como
acessório do direito real. Os exemplos mais comuns em concurso são os
das dívidas de condomínio e do pagamento do IPTU. Dessa forma, quem
adquire uma casa será responsável pelo IPTU, ainda que a dívida seja anterior
à compra. Daí a importância do comprador em exigir do vendedor certidão
atualizada negativa de ônus na Prefeitura e, se for um apartamento, também
uma declaração do síndico do prédio que está em dia com as “taxas
condominiais”. Se uma pessoa comprar um imóvel com o IPTU atrasado e
algum tempo depois a Prefeitura acionar essa pessoa cobrando o imposto, de
nada adiantará a pessoa alegar que as dívidas são anteriores. Como se trata
de uma obrigação propter rem, o atual proprietário irá responder por essa
dívida perante a Prefeitura. A obrigação, nesses casos, acompanha a coisa,
vinculando o atual dono, seja ele quem for. No entanto, é certo que neste
caso caberá ação regressiva do adquirente contra o antigo proprietário.
Outros exemplos: obrigação imposta ao condômino de concorrer para as

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 30


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
despesas de conservação da coisa comum (art. 1.315, CC); a do condômino,
no condomínio em edificações, de não alterar a fachada do prédio (art. 1.336,
III, CC); obrigação que tem o dono da coisa perdida de recompensar e
indenizar o descobridor (art. 1.234, CC); a dos donos de imóveis confinantes,
de concorrerem para as despesas de construção e conservação de tapumes
divisórios (art. 1.297, §1°, CC) ou de demarcação entre os prédios (art.
1.297, CC); obrigação de dar caução pelo dano iminente (dano infecto)
quando o prédio vizinho estiver ameaçado de ruína (art. 1.280, CC), etc.

Obrigações Naturais (também chamadas de imperfeitas, incompletas):


tanto a obrigação civil como a obrigação natural tratam de uma relação de
débito e crédito, que vincula sujeitos e objeto determinados. Ocorre que a
obrigação natural se distingue da obrigação civil porque ela não é dotada
de exigibilidade jurídica, uma vez que o credor não possui instrumento
judicial para exigir a prestação do devedor. Trata-se de uma obrigação
incompleta: há credor, devedor e objeto (a dívida existe), mas falta ao
credor a garantia jurídica por meio da qual o devedor seria obrigado a pagar.
O devedor só paga se quiser. Se ele não pagar o credor não poderá exigir o
adimplemento de forma compulsória, pois não há um direito de ação
protegendo o credor. Os exemplos clássicos são as dívidas prescritas e as
dívidas resultantes de jogo e apostas (arts. 814 e 815, CC). “A” e “B”
fazem apostas em jogo de cartas. “A” ganhou. “B” perdeu e não quer pagar
a dívida. “A” não tem como obrigar “B” a pagar consensualmente... muito
menos usando as vias judiciais.
É interessante acrescentar que, embora juridicamente inexigíveis as
obrigações naturais podem gerar alguns efeitos, pois se o devedor pagar
voluntariamente a dívida (seja ela prescrita, de jogo, etc.), o pagamento
é considerado válido e irretratável, sendo que ele não pode pedir de volta
(repetir) a quantia que foi paga (art. 882, CC). A doutrina chama isso de
soluti retentio: retenção do pagamento. Por outro lado, havendo um
pagamento parcial, isso não transforma a obrigação natural em obrigação
civil, e nem obriga o pagamento do saldo remanescente (que permanecerá
incompleto e sem possibilidade de ser exigido judicialmente). Embora haja
polêmica na doutrina, entende-se que as obrigações naturais podem ser
novadas (falaremos disso mais adiante). O STJ já se posicionou afirmando
que se uma obrigação prescrita (espécie de obrigação natural) pode ser
renunciada, ela pode também ser objeto de novação. No entanto ela não pode
ser compensada, pois a compensação exige que as dívidas estejam vencidas
e exigíveis (como sabemos, a obrigação natural não é exigível). Além disso,
ela também não comporta fiança.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 31


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Obrigações Morais: segundo parte da doutrina não se pode confundir
obrigações naturais com obrigações morais. Nas morais a “obrigação”
constitui mero dever de consciência, e, diferentemente da obrigação natural,
não possui nenhum dos elementos da relação obrigacional (sujeitos,
objeto ou vínculo jurídico), sendo que o cumprimento se dá apenas por
questões de princípios, como uma mera liberalidade. Exemplo: pessoa que
cumpre uma determinação de última vontade do de cujus que não estava
expressa no testamento. Outro: segundo entendimento doutrinário e
jurisprudencial, somente os parentes em linha reta (ascendentes ou
descendentes) e na colateral até o segundo grau, obrigam-se a prestar
alimentos em decorrência de parentesco. O STJ, em decisões reiteradas,
deixou claro que parentes colaterais de terceiro grau, ou seja, sem
descendência direta, não são obrigados a pagar pensão alimentícia.
Assim, se uma tia, sensibilizadas com a situação do sobrinho, o ajudou em
seu sustento, tal ato de caridade, de solidariedade humana não deve ser
transmutado em obrigação decorrente de vínculo familiar. No caso, o que se
verifica é a voluntariedade da tia em prestar os alimentos, para suprir
omissão de quem deveria prestá-los, na acepção de um dever moral,
porquanto não previsto em lei. Trata-se de um ato de caridade, de mera
liberalidade, sem direito de ação para sua exigência. Na obrigação moral,
se houver o inadimplemento não se pode constranger o devedor a cumpri-la,
pois não há ação judicial para isso. O único efeito decorrente é que aquilo que
foi cumprido (seja a disposição de última vontade, sejam os alimentos
prestados até então), será irrepetível, isto é, não haverá ressarcimento
daquilo que foi pago.

CLÁUSULA PENAL (arts. 408 a 416, CC)


É pacto acessório expresso, que impõe uma penalidade pela
inexecução parcial ou total da obrigação (infração contratual) ou pela mora
(atraso ou demora) no cumprimento da obrigação. É pactuada em caso de violação
do contrato, motivo pelo qual é também chamada de multa contratual ou pena
convencional. Trata-se de obrigação acessória que visa garantir o
cumprimento da obrigação principal, bem como fixar o valor de eventuais perdas
e danos no caso de seu descumprimento (caráter condicional). Por ser
acessória (depende de uma obrigação principal), aplica-se a regra de que o
acessório segue o principal. Pode ser estipulada no próprio contrato ou em ato
posterior.

ATENÇÃO. Estipulando-se a cláusula penal os contratantes se livram dos


incômodos para provar eventuais prejuízos. A cláusula pressupõe a existência de
prejuízos decorrentes do inadimplemento e prefixa seu valor. Conclusão: para
que se tenha direito à multa basta ao credor provar o inadimplemento e

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 32


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
constituir o devedor em mora, ficando dispensada a alegação do prejuízo
e de sua prova (art. 416, CC).
Funções
• Coerção (reforço): intimida o devedor a saldar a obrigação principal para não
ter que pagar a acessória; possui caráter preventivo, pois reforça o vínculo
obrigacional e a necessidade de cumprir a obrigação.
• Ressarcimento: prefixação (liquidação antecipada) das perdas e danos no
caso de inadimplemento da obrigação; caráter repressivo.
Espécies
1) COMPENSATÓRIA (art. 410, CC): estipulada para a hipótese de
inadimplemento total da obrigação. Nesta hipótese o valor geralmente é mais
elevado, pois representa uma recompensa pelo grande prejuízo que o credor terá
com o não cumprimento da obrigação. Art. 410, CC: Quando se estipular a cláusula
penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em
alternativa a benefício do credor. Esse dispositivo fornece ao credor a opção de
pleitear a multa compensatória ou exigir o cumprimento forçado da obrigação.
Um exemplo citado pela doutrina é do inquilino que desocupa o imóvel antes do
fim do prazo da locação (a multa, nesse caso, pode ser estabelecida no valor de
até três aluguéis); o inquilino escolhe: cumprir o contrato até o fim ou pagar a
multa.
2) MORATÓRIA: estipulada para evitar o retardamento culposo no
cumprimento da obrigação ou em segurança especial de outra cláusula
determinada. Nesta hipótese o valor geralmente é menor, pois os prejuízos são
referentes ao atraso e não no total inadimplemento. Art. 411, CC: Quando se
estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra
cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena
cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. O
exemplo clássico é do inquilino que paga o aluguel com atraso: ele deve para a
prestação em atraso (pois continua obrigado a ela) acrescido do valor estipulado
a título de multa. A jurisprudência do STJ entende que havendo demora no
cumprimento da obrigação o credor tem o direito de exigir cumulativamente o
cumprimento da obrigação, a multa estipulada no contrato (cláusula penal) e mais
a indenização correspondente às perdas e danos (danos emergentes e lucros
cessantes). O caso julgado dizia respeito ao atraso, por mais de um ano, na
entrega de um imóvel. Primeiramente, o credor requereu a condenação da
incorporadora ao pagamento da multa contratual pelo período de mora verificado;
depois requereu também indenização pelos lucros cessantes consistentes no valor
estimado do aluguel do imóvel, porque o bem havia sido adquirido para este
objetivo.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 33


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Limite
O limite da cláusula penal compensatória é o valor da obrigação
principal (art. 412, CC). Tal valor não pode ser excedido. Se um eventual excesso
estiver estipulado no contrato, o Juiz determinará a sua redução. Reforço: não
se declara a nulidade da cláusula; apenas se determina a redução do valor acima
do legal. Algumas leis limitam ainda mais o valor da cláusula penal moratória. Ex.:
10% da dívida ou do valor da prestação em atraso no compromisso de compra e
venda de imóveis loteados; 2% da dívida em contratos sob a égide do Código de
Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90); 2% da dívida em condomínio edilício,
etc.
Se houver o cumprimento parcial da obrigação ou se o valor da
penalidade for manifestamente excessivo o valor pode ser reduzido
equitativamente pelo Juiz (vide art. 413, CC: Princípio da Função Social do
Contrato), daí se dizer que há uma “imutabilidade relativa” quanto ao seu valor.

Cláusula Penal X Perdas e Danos


Diferem-se porque na cláusula penal o valor é antecipadamente pactuado
pelos próprios contratantes, por isso, não representa o exato ressarcimento dos
prejuízos ao credor. Nas perdas e danos o valor será fixado pelo Juiz com base
nos prejuízos alegados e provados (danos emergentes e/ou lucros cessantes), por
isso representa a exata reparação dos prejuízos.

Cláusula Penal X Arras


A cláusula penal somente será exigível em caso de inadimplemento ou
mora (beneficia o credor); apenas estão previstas no contrato. Já as arras (ou
sinal) são pagas por antecipação, servindo para garantir o cumprimento do
contrato (beneficia o devedor); já há a entrega imediata do dinheiro ou objeto. O
valor da cláusula penal pode ser reduzido pelo Juiz quando em excesso; o valor
das arras pode ser pactuado livremente pelas partes, pois será abatido do valor
da obrigação principal.

Cláusula Penal X Astreinte


A cláusula penal é pactuada pelas partes e o Juiz condena o inadimplente
ao pagamento da multa observando o art. 412, CC, pois o valor não pode ao da
obrigação principal. A astreinte (multa cominatória) é imposta pelo Juiz e não há
um limite de valor fixado para a cominação.

Cláusula Penal nas Obrigações Indivisíveis e Divisíveis


Havendo mais de um devedor e sendo a obrigação indivisível, incorrendo
um devedor em falta, todos estarão incorrerão na pena (ex.: dois locatários do
mesmo imóvel; se um deles transgredir o contrato, os dois serão penalizados).
Embora ambos sejam responsáveis pela mora, aquele que não for culpado terá

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 34


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
direito de ação regressiva contra o que deu causa à aplicação da pena (art. 414 e
parágrafo único, CC).
Havendo mais de um devedor e sendo a obrigação divisível, incorrendo
apenas um devedor em falta, só ele (ou seu herdeiro) responde e incorre na pena
de forma proporcional à sua obrigação (ex.: dois compradores de uma boiada,
metade para cada um, atrasando um no pagamento quanto a sua quota, somente
ele responderá pela penalidade pela sua parte).

PERDAS E DANOS (arts. 402 a 405, CC)


Perdas e danos constituem o equivalente do prejuízo ou dano suportado
pelo credor, em virtude do devedor não ter cumprido, total ou parcialmente a
obrigação, expressando-se em uma soma de dinheiro correspondente ao
desequilíbrio sofrido pelo lesado. Têm o objetivo de recompor o patrimônio da
parte lesada, devendo ser proporcional ao prejuízo sofrido. Portanto, só haverá
indenização quando existir prejuízo a reparar. Abrangem:
Danos Emergentes ou Positivos: trata-se do prejuízo real e efetivo
(material) no patrimônio de um dos contratantes; referem-se a efetiva e
imediata diminuição em seu patrimônio.
Lucros Cessantes (ou frustrados) ou Danos Negativos: trata-se de tudo
aquilo que o credor razoavelmente deixou de lucrar (arts. 402 e 403, CC)
em decorrência (reflexo futuro) direta e imediata da inexecução da obrigação
pelo devedor. Também chamado de dano negativo por se referir à privação
de um ganho esperado pelo credor, em vista da inadimplência do devedor.
Em qualquer das duas situações acima é necessária a comprovação do
nexo de causalidade entre a inexecução da obrigação pelo devedor e os
eventuais prejuízos. Em outras palavras: é necessário que haja uma relação de
causa e efeito entre o fato e os danos sofridos. Além disso, dependendo da
hipótese, a parte prejudicada ainda pode pleitear os danos morais (art. 5°,
incisos V e X, CF/88), que serão arbitrados pelo Juiz dependendo do caso concreto.
Exemplo clássico: o condutor de um veículo particular abalroa outro veículo,
dirigido por um taxista. Este pode reclamar não só os danos ocorridos em seu
veículo (danos emergentes), como aquilo que deixou de ganhar com as eventuais
“corridas” que faria enquanto seu carro ficou na oficina para reparos (lucros
cessantes).
As perdas e danos também incluem atualização monetária segundo os
índices oficiais, cláusula penal (se houver previsão no contrato), juros, custas e
despesas processuais, além dos honorários advocatícios. Os juros de mora devem
ser contados desde a citação inicial no processo.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 35


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Segundo o art. 403, CC são insuscetíveis de indenização os danos
imaginários, hipotéticos, remotos ou eventuais. A obrigação indenizatória
liga-se ao dano efetivo e ao lucro cessante oriundos diretamente do
inadimplemento obrigacional. Portanto adotou-se a teoria da causalidade
direta e imediata.

DOS EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES


Constituída a obrigação, deverá ser cumprida, de modo que o credor
poderá exigir a prestação e o devedor terá o dever de efetuá-la.
O Código Civil estabelece algumas regras gerais sobre a extinção das
obrigações, e sobre as consequências de sua inexecução, que é o descumprimento
da obrigação ou inadimplemento.

Regra geral: “A obrigação, não sendo personalíssima, opera


entre as partes e entre seus herdeiros”.

Isto quer dizer que, em regra, as obrigações se transferem aos


herdeiros (ou seja, elas se transmitem aos sucessores em caso de morte do
devedor), que deverão cumpri-las até o limite das forças da herança, salvo
quando se tratar de obrigação personalíssima, isto é, contraída em atenção
às qualidades especiais do devedor (ex.: obrigação de um pintor famoso que
faleceu sem realizar a obra: por ser uma obrigação personalíssima, não se
transmite aos seus herdeiros).

EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Como vimos, as obrigações não são perpétuas. Ao contrário. Uma de suas


características essenciais é ser temporária. Vejamos então as formas de extinção
das obrigações.

I. PAGAMENTO DIRETO (arts. 304 a 333, CC)


As obrigações extinguem-se, normalmente, pelo pagamento direto.
Pagamento é o cumprimento espontâneo (execução voluntária) da prestação,
liberando o sujeito passivo da obrigação, sendo modo de extinção natural de
uma obrigação (qualquer espécie de obrigação e não somente dinheiro).
Sinônimos: solução, cumprimento, adimplemento, implemento, execução, etc.
No pagamento direto a obrigação é satisfeita nos exatos termos em que
havia sido ajustada (tempo, forma e lugar previstos no contrato) e baseia-se em
dois princípios: a) boa-fé: as partes devem agir de forma correta; o devedor se
obriga ao que ficou estipulado no contrato, bem como as consequências dele

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 36


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
decorrentes; b) pontualidade: a prestação deve ser cumprida no tempo e de
forma correta e completa.

Observação
O que é adimplemento substancial? Trata-se de uma doutrina derivada
do direito inglês (substancial performance) que sustenta que não se deve
considerar extinta uma obrigação quando a atividade do devedor, embora não
tenha atingido plenamente o fim proposto (prestação imperfeita), aproximou-se
consideravelmente do seu resultado final. Essa teoria não está prevista
expressamente em nosso Direito. No entanto, vem sendo adotada a partir da
aplicação da cláusula geral do abuso de direito e do princípio da boa-fé objetiva.
O normal, em caso de descumprimento de obrigação contratual é que a
parte lesada pelo inadimplemento peça a extinção do contrato, além da
indenização por perdas e danos. Embora o art. 475, CC estabeleça que o
contratante pode requerer a extinção do contrato quando a outra parte descumpre
com sua obrigação, segundo a teoria do adimplemento substancial, o credor fica
impedido de rescindir o contrato caso haja cumprimento de parte
essencial da obrigação assumida. Ora, se o inadimplemento foi mínimo é
porque o contrato foi substancialmente cumprido. Com isso, impede-se que se
faça uso de forma indiscriminada do direito de rescisão contratual; preserva-se o
contrato com vistas à realização de princípios maiores, como os da boa-fé objetiva
e função social do contrato. No entanto, não se perde o direito de obter o restante
do crédito, inclusive eventuais indenizações, podendo ajuizar ação de cobrança
para tanto.
Vejamos uma decisão bem esclarecedora do STJ a respeito (REsp 272739-
MG – Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar): “O cumprimento do contrato de
financiamento, com a falta apenas da última prestação, não autoriza o credor a
lançar mão da ação de busca e apreensão, em lugar da cobrança da parcela
faltante. O adimplemento substancial do contrato pelo devedor não autoriza
ao credor a propositura de ação para a extinção do contrato, salvo se demonstrada
a perda do interesse na continuidade da execução, que não é o caso. Na espécie,
ainda houve a consignação judicial do valor da última parcela. Não atende à
exigência da boa-fé objetiva a atitude do credor que desconhece esses fatos e
promove a busca e apreensão, com pedido liminar de reintegração de posse”.
Por outro lado, a 2ª Sessão Cível do STJ (REsp 1.622.555-MG, Rel.
designado: Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/03/2017) entendeu, por maioria
de votos (6x2) que não é aplicável a teoria do adimplemento substancial em
contratos de alienação fiduciária.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 37


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Requisitos Essenciais para o Pagamento
a) Existência de um vínculo obrigacional, decorrente da lei ou de um
negócio jurídico, pois o pagamento pressupõe a existência de uma dívida. Se não
houver uma obrigação, nada será devido, não havendo o que pagar. Se houver
pagamento sem que haja obrigação, esse pagamento será indevido, ensejando o
que se chama de repetição do indébito (devolução do que foi pago).
b) Animus solvendi (é a intenção de solver, de pagar), pois o pagamento é
uma execução voluntária.
c) Cumprimento exato do que é devido: é a satisfação exata da prestação.
O devedor exonera-se da obrigação entregando efetivamente a coisa devida
(obrigação de dar), ou praticando determinada ação (obrigação de fazer), ou
abstendo-se de certo ato (obrigação de não fazer). Como vimos, o credor não
pode ser compelido a receber coisa diversa da pactuada mesmo que mais valiosa
(art. 313, CC) e o devedor não pode compelir o credor a receber em partes aquilo
que foi convencionado de ser pago por inteiro (art. 314, CC), da mesma forma
que o devedor deve satisfazer a execução pelo modo devido, pontualmente e no
lugar determinado.
d) Partes: presença da pessoa que efetua o pagamento (solvens) e da
pessoa que recebe o pagamento (accipiens).
Vejamos agora os elementos que compõe o pagamento:

A) ELEMENTOS SUBJETIVOS DO PAGAMENTO: solvens e accipiens.


1) QUEM DEVE PAGAR (SOLVENS). Geralmente é o próprio devedor,
principalmente se a obrigação for personalíssima. Mas também pode ser realizado
pelo representante do devedor (representante legal: pais, tutores e curadores;
ou representante contratual: mandatário, advogado) ou por seus sucessores. O
pagamento também pode ser realizado por outras pessoas que não o devedor.
Vejamos:
Qualquer pessoa interessada na extinção da dívida. Trata-se,
evidentemente de um interesse jurídico-patrimonial. O “interesse” é usado em
sentido técnico. Ou seja, qualquer pessoa que eventualmente possa ser
responsabilizada pelo débito. O exemplo clássico é o do fiador. Este, já sabendo
que o devedor não terá condições de honrar seu compromisso, se antecipa e
efetua o pagamento no vencimento, exatamente para não agravar sua própria
responsabilidade no futuro (como multas, juros, etc.). Pagando, o fiador se sub-
roga nos direitos do credor, sendo-lhe transferidos todos os direitos, ações e
garantias do credor anterior (arts. 304 e 346, CC). Outros exemplos: sublocatário
que paga a dívida do inquilino principal perante o locador (pois caso contrário será
ele quem sofrerá o despejo), avalista, coobrigado, herdeiro do devedor,
adquirente de imóvel hipotecado, etc. O credor não pode se recusar em receber o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 38


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
pagamento; havendo recusa, cabe ação de consignação em pagamento (que
veremos adiante).
Terceiro não interessado: é aquele que não está vinculado à relação
obrigacional existente entre credor e devedor, embora possa ter um interesse
moral ou afetivo (ex.: pai que paga a dívida do filho). Situações:
a) Se o terceiro age em seu próprio nome tem direito ao reembolso do
que pagou (art. 305, CC), por meio de uma ação movida contra o devedor
(chamada de in rem verso); quem pagou tem direito ao quantum do que
despendeu, mas não se sub-roga nos direitos de credor. Se o pagamento
do terceiro ocorrer antes do vencimento da dívida, o reembolso só será devido
após o vencimento real desta dívida. Por outro lado, o credor não pode
recusar o pagamento de terceiro, mesmo sendo do terceiro desinteressado
(salvo se houver cláusula expressa proibindo ou nas obrigações intuitu
personae, ou seja, personalíssimas). Mesmo que o devedor se oponha ao
pagamento por parte do terceiro, este pode ser feito. Ou seja, a oposição do
devedor não impede ou invalida o pagamento.
b) Se o terceiro não interessado age em nome e por conta do devedor.
Nesse caso há uma subdivisão. Em algumas situações ele age assim,
representando o devedor. Vamos supor que eu viaje e deixe uma pessoa
encarregada de pagar o condomínio em meu nome ou que haja uma imobiliária
que paga ao locador a dívida de uma locação que está sob sua administração.
Nestas hipóteses não há um interesse (jurídico) daquele que pagou a dívida
(pois não são fiadores, coobrigados, etc.). Mesmo assim, quem pagou tem
direito ao reembolso da quantia paga (embora não haja a sub-rogação). Já
em outras situações, o terceiro age por mera liberalidade (isso deve ficar
expresso no documento), não tendo direito sequer ao reembolso... é como se
fosse uma doação. Nesse caso, quem pagou não poderá reaver o valor da
prestação.
Resumindo PAGAMENTO FEITO:
A) Por terceiro interessado: há sub-rogação.
B) Por terceiro não interessado:
1) Que paga em nome próprio: não se sub-roga, mas tem direito ao
reembolso.
2) Que paga nome do devedor: se representou o devedor tem direito à
sub-rogação; se feito por liberalidade, não se sub-roga e nem tem direito ao
reembolso.
E se o devedor se opuser ao pagamento do terceiro não
interessado? Neste caso, segundo parte da doutrina, o terceiro não teria direito
algum. No entanto, a teoria majoritária é que mesmo havendo oposição, o terceiro

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 39


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
que pagou em nome do devedor continuaria com o direito de reembolso. Isso é
assim baseado no princípio da proibição do enriquecimento sem causa.
Nosso Código não admite o ganho de uma pessoa em detrimento de outra, sem
que haja uma justificativa legal.
No entanto, não haverá reembolso ao terceiro (seja interessado ou
não) se o devedor tinha meios de ilidir (evitar) a cobrança (art. 306, CC). Ou seja,
por algum motivo (prescrição, pagamento anterior, compensação, etc.), se o
credor cobrasse a dívida do devedor, não iria conseguir o seu intento. Não há
cabimento algum exigir do devedor que reembolse a terceiro uma quantia que ele
não pagaria ao credor, caso fosse acionado. Além disso, em qualquer hipótese o
pagamento de terceiro não pode piorar a situação do devedor.

2) A QUEM SE DEVE PAGAR (ACCIPIENS). Em regra é o credor. O


credor não é obrigado a aceitar pagamento parcial. O pagamento deve ser feito
ao(s):
• Credor, propriamente dito.
• Representantes legais (ex.: pais, tutores, curadores) ou convencionais
(mandatários com poderes especiais para receber o pagamento) do credor.
• Sucessores do credor (ex.: herdeiros, legatários, etc.).
Fora daí o pagamento só vale se o credor ratificar (confirmar) o
recebimento ou se este, comprovadamente, reverter em seu proveito (art. 308,
CC). O pagamento também não valerá se: a) o devedor efetua o pagamento a
credor incapaz de quitar (ex.: absolutamente incapaz); b) o credor estiver
impedido legalmente de receber (ex.: crédito penhorado).
Se o pagamento for feito a pessoa errada, o devedor deve pagar
novamente, salvo se provar que a culpa foi do credor.

Lembrem-se do brocardo: “Quem paga mal... paga duas vezes”


No entanto, há uma exceção a esta regra: o pagamento feito de boa-fé ao
credor putativo (onde há uma suposição de legitimidade) é válido, ainda que
provado depois que ele não era credor verdadeiro (art. 309, CC). Ou seja, se o
devedor, agindo de boa-fé, paga para uma pessoa a quem aparentava ser credor
(mas não o era), o pagamento, ainda que feito de forma errônea, é considerado
válido. Ex.: herdeiro aparente, herdeiro excluído posteriormente da sucessão por
indignidade, procurador cujo mandato foi revogado sem conhecimento de
terceiros, etc. Exigem-se dois requisitos: a) accipiens tinha aparência de
verdadeiro credor; b) boa-fé do solvens.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 40


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
B) ELEMENTOS OBJETIVOS: objeto e prova do pagamento (arts. 313/326,
CC).
O objeto do pagamento é a prestação. Pelo art. 313, CC o credor pode
se negar a receber outra prestação da que lhe é devida, mesmo que mais valiosa.
Já pelo art. 314, CC o credor não é obrigado a receber, nem o devedor a pagar
em partes, salvo previsão expressa no contrato, mesmo que o objeto seja divisível.
A entrega, quando é feita em dinheiro faz-se em moeda corrente e pelo valor
nominal (art. 315, CC: princípio do nominalismo). Se o pagamento importar em
transmissão de propriedade de um bem, nos termos do art. 307, CC, só terá
eficácia quando a transmissão for feita por quem tem legitimidade para isso. Em
outras palavras: somente o proprietário ou possuidor pode transmitir o bem em
que consistiu o pagamento.
Na hipótese de pagamento de prestações sucessivas, é lícito convencionar
o aumento progressivo no valor destas prestações (art. 316, CC). O art. 318,
CC determina que são nulas as convenções de pagamento em ouro ou em
moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta
e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial (ex.:
contratos referentes a importação e exportação de mercadorias).
Pelo princípio da justiça contratual pode o Juiz corrigir o valor da
prestação (reequilíbrio contratual), para mais ou para menos, quando verificar que
há uma desproporção significativa entre o valor vigente quando do negócio e
aquele verificado quando do cumprimento da obrigação (arts. 317 e 478, CC).
Prova do Pagamento. O devedor que paga tem direito à quitação, fornecida
pelo credor (art. 319, CC). A quitação é a prova efetiva de que houve o
pagamento. Trata-se de um documento (declaração unilateral escrita) pelo qual
o credor reconhece que recebeu o que lhe era devido, liberando o devedor da
obrigação até o montante do que lhe foi pago. É o que informalmente conhecemos
por recibo. Se o credor se recusar em fornecer a quitação o devedor pode
reter o pagamento até que a mesma seja fornecida e até exigi-la judicialmente.
Se o credor promover a cobrança judicial da dívida, cabe ao devedor o ônus de
demonstrar que o pagamento foi realizado. A quitação pode ser dada por
instrumento particular (ainda que a obrigação resulte de instrumento público),
devendo ter os elementos do art. 320, CC (valor e espécie de obrigação,
identificação de quem está pagando, tempo, lugar, assinatura do credor ou de
quem o represente, etc.). No entanto estes elementos não são essenciais; ainda
que eles faltem, valerá a quitação se houver prova de que o valor foi revertido
para o credor. A quitação não é prova exclusiva do pagamento. Ou seja, este
pode ser demonstrado por outras provas como testemunhais (contratos de até 10
salários mínimos), confissões, presunções, etc.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 41


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
A regra é que a quitação da última prestação ou quota periódica faz
presumir a quitação das anteriores, salvo prova em contrário (art. 322, CC). Trata-
se de uma presunção relativa, que admite prova em contrário (juris tantum).
Por isso, no caso de pagamento de despesa condominial do último mês, não se
presume a quitação dos meses anteriores.
Sanções. Recordando o art. 940, CC da aula sobre responsabilidade civil. Aquele
que demandar por dívida já prescrita (no todo ou em parte), sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao
devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o
equivalente do que dele exigir.

C) LUGAR DO PAGAMENTO (arts. 327/330, CC)


Lugar do pagamento é o local estabelecido para o cumprimento da
obrigação. Onde o pagamento deve ser feito? Estabelece o art. 327, CC: “Efetuar-
se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das
circunstâncias”.
Como no Código Civil predomina a autonomia das vontades, na prática o
lugar do pagamento é o estipulado no próprio título constitutivo do
negócio jurídico (princípio da liberdade de escolha). Ou seja, o próprio contrato
estipula o domicílio onde devem se cumprir as obrigações e se determina a
competência do juízo onde eventual ação será proposta em caso de
descumprimento do contrato (vejam, também, o art. 78, CC). Mas se o contrato
for omisso o lugar será no domicílio do devedor (art. 327, CC). Se forem
designados dois ou mais lugares para o pagamento é o credor quem escolherá em
qual deles a prestação será realizada (parágrafo único do art. 327, CC). E se o
pagamento consistir na entrega de imóvel (ou em prestações relativas a imóvel),
o pagamento deverá ser feito no lugar onde estiver situado o bem (art. 328,
CC).
O art. 329, CC prevê que ocorrendo motivo grave (a lei não diz quais são
eles) para que não se efetue o pagamento no lugar pactuado, o devedor poderá
fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. Com isso, está se mitigando a força
obrigatória de um contrato, em razão do princípio da função social do contrato.

Importante O pagamento reiteradamente feito em outro local faz


presumir que o credor renunciou ao previsto no contrato (art. 330, CC). Trata-se
de outra presunção relativa (admite prova em contrário), relativizando mais uma
vez a rigidez do contrato. A doutrina chama este fenômeno de supressio, ou seja,
para o credor há a perda de um direito (no caso do pagamento ser feito no local
combinado), pelo seu não exercício durante certo tempo, não mais podendo
exercê-lo. Por outro lado, essa inércia do credor faz surgir um direito subjetivo ao

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 42


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
devedor de efetuar o pagamento em outro local, diverso do pactuado (surrectio).
Se o credor vinha de posicionando de uma forma e, de um momento para o outro
passa a exigir do devedor comportamento diverso (pagamento no local anterior)
e/ou rescisão contratual por descumprimento de cláusula contratual, estará
violando o princípio da boa-fé objetiva. A doutrina chama isso de nemo potest
venire contra factum proprium, que significa que ninguém pode se opor a fato a
que ele próprio deu causa.
Sobre o local do pagamento existem duas situações. A primeira quando se
paga no domicílio do devedor (neste caso dizemos que a dívida é quérable) e a
outra quando se paga no domicílio do credor (dizemos que a dívida é portable).
Vejamos:
QUÉRABLE (quesível: deriva do verbo latino quaerere=procurar → o credor
“procura” o devedor para receber): quando o pagamento se faz no domicílio
do devedor. Quando não houver nada estipulado, há uma presunção de que
o pagamento é quesível (regra geral: art. 327, CC), uma vez que deve ser
procurado pelo credor no domicílio do devedor (exceto se as partes
convencionaram diversamente ou se o contrário resultar da lei, da natureza
da obrigação ou das circunstâncias).
PORTABLE (portável): quando se estipula expressamente no contrato que
o local do cumprimento da obrigação é o domicílio do credor (ou de uma
terceira pessoa); o devedor deve levar o título e oferecer o pagamento nesse
local (o devedor porta o título e o paga no domicílio do credor).

Observação Para não confundir as situações, recomendo a memorização do


seguinte esqueminha:

= Q.D.  P.C. =
(Quérable → Devedor – Portable → Credor)

D) TEMPO DO PAGAMENTO (arts. 331/333, CC)


Quando deve ser feito o pagamento? O momento em que se pode reclamar
a dívida chama-se vencimento, que é o momento a partir do qual se verifica a
exigibilidade da obrigação (princípio da pontualidade). A data do pagamento
pode ser fixada livremente pelas partes no contrato. A regra é que o credor
não pode cobrar a dívida antes do vencimento, nem o devedor pagar após a data
prevista (sob pena de mora - atraso). O devedor também não pode forçar o credor
a receber antes do vencimento.
Salvo disposição em contrário, não se ajustando uma data
determinada para o pagamento, o credor pode exigir seu cumprimento
imediatamente (satisfação imediata). No entanto a doutrina entende que a
expressão “imediatamente” (do art. 331, CC) não deve ser entendida “ao pé da

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 43


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
letra”, pois às vezes é necessário que haja um certo tempo (por menor que ele
seja) para que a prestação seja cumprida. E isso irá depender da natureza do
negócio, do lugar onde será cumprida a obrigação (que muitas vezes pode ser
diverso do local da celebração) ou de suas circunstâncias. É o que se chama de
“tolerância de prazo moral ou razoável”. Como o vencimento é uma data que
favorece o devedor ele pode optar por pagar antes do vencimento. Já as
obrigações condicionais comprem-se na data do implemento da condição.
O credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento (sob as penas
do art. 939, CC). No entanto, admite-se a cobrança antecipada da dívida em
situações excepcionais, previstas no art. 333, CC:
• Abertura de concurso creditório, ou seja, uma ação de execução contra o
devedor (insolvência civil), ou quando ele falir, etc.
• Se os bens dados em garantia real forem penhorados em uma ação de
execução por outro credor.
• Se cessarem ou tornarem-se insuficientes as garantias reais ou fidejussórias e
o devedor se negue a reforçá-las. Esclarecendo: garantia real é o penhor, a
hipoteca e a anticrese; garantia fidejussória é o mesmo que garantia
pessoal, ou seja, a fiança e o aval.

MORA (arts. 394/401, CC)


Uma obrigação surge para ser cumprida. E o modo normal de seu
cumprimento é o pagamento (adimplemento). Há um direito subjetivo do
devedor em cumprir sua obrigação. Tanto assim que se o credor não aceitar o
pagamento, o devedor poderá obrigá-lo a receber, por meio da consignação em
pagamento. Havendo o pagamento, a obrigação se extingue de forma normal.
No entanto, às vezes, a obrigação não se desenvolve normalmente e o
devedor deixa de cumprir a prestação devida. Trata-se do INADIMPLEMENTO
(não cumprimento, inexecução) da obrigação.
Assim, de uma forma geral, inadimplemento consiste na falta da
prestação devida ou no descumprimento, voluntário ou involuntário, do dever
jurídico por parte do devedor. Maior relevância jurídica ocorre quando esse
inadimplemento é voluntário, que ocorre quando o obrigado deixa de cumprir,
dolosa ou culposamente, a prestação devida, sem qualquer justificativa (caso
fortuito ou força maior), que corresponde à violação da norma legal ou
convencional. Ele pode ser:
a) Absoluto ou Definitivo: ocorre quando houver a impossibilidade (o
cumprimento se torna impossível) ou a inutilidade (perda do interesse do credor),
ainda que o devedor se disponha a cumprir a obrigação fora de prazo. Pode ser
total (o devedor não cumpriu nada) ou parcial (devedor cumpriu parte da
obrigação). Dispõe o art. 389, CC: Não cumprida a obrigação, responde o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 44


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Se o inadimplemento for involuntário (caso fortuito ou força maior) a
obrigação será extinta sem perdas e danos, salvo se o devedor expressamente
não se houver por eles responsabilizado (art. 393, CC). Se for culposo (sentido
amplo, englobando o dolo e a culpa), o devedor responderá com todos os seus
bens (art. 391, CC) pelas perdas e danos (danos emergentes e lucros cessantes:
art. 402, CC), juros, atualização monetária, custas, honorários de advogado e a
cláusula penal (se houver previsão expressa no contrato).

b) Relativo ou Mora: é aquela que ocorre atraso no cumprimento da


prestação; ainda há utilidade e possibilidade da realização da prestação. Assim,
mora é o retardamento (tempo) ou o imperfeito cumprimento (forma e
lugar) da obrigação, desde que não tenha ocorrido caso fortuito ou força maior.
Como se percebe, estar em mora não é simplesmente atrasar o pagamento. É
possível que uma pessoa pague em dia, mas ainda assim esteja em mora, pois
pagou em lugar ou forma diferente do combinado. Podemos conceituar mora
como sendo a inexecução culposa ou dolosa da obrigação e também pela
injusta recusa de recebê-la no tempo, no lugar e na forma devidos (pois,
como veremos melhor adiante, a mora pode ser tanto por parte do devedor, como
do credor).
Exemplo clássico: digamos que eu vá dar uma festa às 20:00 horas. Contrato
uma pessoa para fazer o bolo e entregá-lo pontualmente às 18:00 horas. Se esta
pessoa entregar o bolo às 19:00 horas está em somente em mora (atraso), pois
o cumprimento da obrigação ainda é útil para a realização da festa. No entanto se
o bolo for entregue somente no dia seguinte, houve o inadimplemento absoluto,
não sendo mais útil a entrega da coisa. Neste caso o credor pode enjeitar a coisa,
exigir a rescisão do contrato e o pagamento das perdas e danos (inclusive morais).
Dispõe o art. 394, CC:

“Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e


o credor que não o quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei
ou a convenção estabelecer”.

Resumindo
• Inadimplemento absoluto → a obrigação foi descumprida e se tornou inútil
ao credor.
• Inadimplemento relativo (mora) → a obrigação não foi cumprida no tempo,
lugar ou forma convencionados, mas ainda pode ser útil ao credor.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 45


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
O não cumprimento de obrigação positiva (dar ou fazer) e líquida no seu
termo (ou seja, no dia do seu vencimento), constitui de pleno direito em mora o
devedor. Ou seja, nesse caso a mora é automática e imediata (art. 397, CC).
No entanto, não havendo um prazo determinado para o dia do vencimento é
necessário que o credor ingresse com uma interpelação judicial ou extrajudicial
contra o devedor (art. 397, parágrafo único, CC).
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em
mora desde que o praticou (art. 398, CC). Ou seja, desde o momento da prática do
evento danoso, independentemente de qualquer notificação ou interpelação judicial.
Assim, a obrigação ex delito (obrigação de reparar os prejuízos causados à vítima em
decorrência do ato ilícito) nasce no momento da prática do ato ilícito, tornando-se desde
logo exigível, contando daí os juros moratórios.

Já na hipótese de obrigação negativa (não fazer) considera-se o devedor


inadimplente desde o dia em que executou o ato de que deveria se abster (art.
390, CC).
Observação. Jurisprudência do STJ: “O inadimplemento do contrato, por si só,
pode acarretar danos materiais e indenização por perdas e danos, mas, em regra,
não dá margem ao dano moral, que pressupõe ofensa anormal à personalidade.
Embora a inobservância das cláusulas contratuais por uma das partes possa trazer
desconforto ao outro contratante - e normalmente o traz - trata-se, em princípio,
de desconforto a que todos podem estar sujeitos, pela própria vida em sociedade.
Com efeito, a dificuldade financeira, ou a quebra da expectativa de receber valores
contratados, não tomam a dimensão de constranger a honra ou a intimidade,
ressalvadas situações excepcionais”.

Tanto o devedor como o credor podem incidir em mora Vejamos:

1) MORA DO DEVEDOR (mora solvendi ou debitoris). Ocorre quando o


devedor, por sua culpa, não cumpre a prestação devida na forma, tempo e lugar
estipulados. O exemplo mais comum é o não pagamento do aluguel no dia
combinado. Neste caso, os principais efeitos da mora são: responsabilização
por todos os prejuízos causados ao credor, que pode exigir além da prestação
propriamente dita, também os juros moratórios, a correção monetária, a cláusula
penal ou multa contratual (se houver previsão expressa) e a reparação de
qualquer outro dano ou prejuízo que porventura tenha sofrido. A mora do devedor
pode ser dividida em:
1.1) Mora ex re: decorre de fato previsto em lei ou em contrato. Quando
a obrigação é positiva (dar, fazer) e líquida (certa quanto à existência e
determinada quanto ao valor), com data fixada para o pagamento, o seu não
cumprimento (inadimplemento) implica na mora do devedor de forma
automática, sem necessidade de qualquer providência do credor. O simples
não pagamento no dia determinado já é o suficiente para a caracterização da

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 46


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
mora de pleno direito (art. 397, caput, CC). É o que a doutrina chama de dies
interpellat pro homine, ou seja, o termo (a data certa) interpela em lugar do
homem (credor). A razão disso é óbvia: se a obrigação é certa, líquida e exigível,
o devedor sabe muito bem a data que deveria cumprir a obrigação, sendo
desnecessária qualquer outra “interpelação” do credor; a mora ocorre no próprio
dia do vencimento, de forma automática.
1.2) Mora ex persona (ou pendente): quando não houver estipulação de
uma data certa para a execução da obrigação, a mora depende de uma
providência do credor (ex.: interpelação judicial ou extrajudicial, notificação,
etc.) do credor, conforme o art. 397, parágrafo único, CC. Ex.: “A” deixa “B”
morar gratuitamente em um imóvel de sua propriedade por prazo
indeterminado. Ocorre que “A” vai precisar da casa para hospedar alguns
parentes. Ele não pode simplesmente exigir a saída imediata do “B”. Ele
necessita antes notificar “B” para que este desocupe o imóvel no prazo de 30
dias. Somente após o decurso desse prazo é que “B” incorrerá em mora, sendo
considerado “esbulhador”. No entanto, se o comodato for com prazo
determinado, a mora se configura no vencimento deste prazo (mora ex re).
Observação doutrinária. Devemos lembrar que nos termos do art. 396, CC
“não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”.
Baseado nesse dispositivo, alguns autores entendem que no caso da mora do
devedor a culpa (em sentido amplo) estará sempre presente. Para eles, a
caracterização da mora exige um elemento objetivo (pagamento a destempo,
em outro lugar, ou por outra forma, que não os convencionados) e um elemento
subjetivo (culpa em sentido amplo), exceto nos casos em que se trata de
responsabilidade objetiva (como ocorre nas hipóteses do parágrafo único dos arts.
927 e 931, CC, do Código de Defesa do Consumidor, etc.). Porém outros autores
advertem que não se pode confundir “fato ou omissão imputável ao devedor” com
a culpa. Ou seja, não se confunde imputabilidade (prevista na lei) com
culpabilidade. Ex.: uma pessoa pega certa quantia emprestada (mútuo),
comprometendo-se a pagar a dívida de forma parcelada. Ocorre que ela foi
demitida do serviço e não conseguiu pagar a dívida. Ela agiu com culpa?
Certamente que não! Mas ainda assim incorrerá em mora e nos efeitos desta, pois
podemos imputar a ela uma omissão (não pagamento das prestações),
independentemente de sua culpa.

2) MORA DO CREDOR (mora accipiendi ou creditoris: arts. 394, segunda


parte e 400, CC). Como vimos, o credor também pode incidir em mora. Ela ocorre
quando o credor se recusa aceitar o adimplemento (cumprimento) da obrigação
no tempo, lugar e forma devidos, sem ter um motivo justo para assim proceder.
A mora do credor independe de comprovação de culpa.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 47


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Requisitos: a) vencimento da obrigação (somente a partir do vencimento se
torna exigível); b) oferta da prestação (tentativa do devedor em cumprir a
obrigação); c) recusa injustificada em receber.
Efeitos da mora do credor: a) subtrai o devedor, isento de dolo, à
responsabilidade pela conservação da coisa; isto é, se o credor não quiser aceitar
a coisa e esta vier a estragar, o devedor não responderá por estes danos; b)
obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas na conservação da coisa; c)
sujeita a recebê-la pela sua mais alta estimação, se o seu valor oscilar entre o
tempo do contrato e o do pagamento. Acrescente-se que a mora do credor
possibilita a ação de consignação em pagamento (falaremos sobre isso mais
adiante) da coisa pelo devedor.

Observação Quando as moras são simultâneas, ou seja, mora do


devedor e mora do credor ao mesmo tempo (ex.: nenhum dos contratantes
comparece ao local escolhido para o pagamento), uma elimina a outra, como se
nenhuma das partes houvesse incorrido em mora. A doutrina chama isso de
“compensação dos atrasos”. É imprescindível a simultaneidade, pois se forem
sucessivas, cada um responde pelas consequências da sua mora.
Purgação da Mora (art. 401, CC)
Purgar (ou emendar) a mora é neutralizar os efeitos da mora. Ou seja, a
parte que incorreu em mora, corrige, sana a sua falta, de forma voluntária,
cumprindo a obrigação que fora anteriormente descumprida, reconduzindo a
obrigação à normalidade. Deve ressarcir, também, os eventuais prejuízos
causados à outra parte. Como vimos, ela só é possível se a prestação ainda for
proveitosa ao credor, caso contrário haverá inadimplemento absoluto, não
havendo que se falar em mora (que é o inadimplemento relativo).
• Purgação da mora feita pelo devedor: é a oferta da prestação (ou seja, o
pagamento da dívida principal), acrescida da importância dos prejuízos
ocorridos até o dia deste pagamento (juros, correção monetária, multa,
honorários advocatícios, etc.).
• Purgação da mora feita pelo credor: quando este se oferece para receber
o pagamento, sujeitando-se aos efeitos da mora já ocorridos. Há casos em que
a lei permite ao devedor a purgação da mora para impedir que o contrato seja
resolvido (extinto), desde que o faça durante o prazo de resposta da ação
judicial proposta pelo credor. Ex.: ação de despejo (art. 62 da Lei do
Inquilinato).

JUROS
Juros, sob a ótica do Direito Civil, é a denominação dada aos frutos civis
ou rendimentos devidos em função da utilização do capital alheio
(rendimento do capital); é o que o credor recebe do devedor, além da importância
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 48
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
em dinheiro. De uma forma mais completa costumam ser conceituados como “o
preço pelo uso do capital alheio, em razão da privação deste pelo dono, voluntária
ou involuntariamente”. Ou simplesmente: é o preço do dinheiro. São considerados
como bens acessórios (frutos civis da coisa: art. 92, CC). Há duas espécies de
juros: a) compensatórios ou remuneratórios; b) moratórios.

1) JUROS COMPENSATÓRIOS (juros-frutos ou remuneratórios):


decorrem de uma utilização consentida do capital alheio; é o valor que se paga
com o objetivo de se remunerar o dinheiro emprestado durante o período de
contratação. Na realidade eles representam o pagamento pela utilização do capital
de um terceiro, ou seja, é o rendimento auferido pelo credor, pelo uso de seu
dinheiro durante um determinado período. Resumindo: é o empréstimo de
dinheiro a juros (é o próprio preço do dinheiro).
Normalmente os juros são objeto de convenção (contrato) entre os
interessados, como ocorre no mútuo feneratício. Assim, ainda que o mutuário
pague o empréstimo no prazo, deve pagar os juros pela remuneração do uso do
dinheiro. A taxa de tais juros pode ou não ser convencionada. Não sendo
convencionada, a taxa será a constante da lei (art. 406, CC: a taxa que estiver
em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional).
Em sendo convencionada, segundo o art. 591, CC (mútuo com fins econômicos),
a taxa não poderá exceder à legal. No entanto, baseado em outras leis admite-se
que a taxa possa ser até o dobro da legal, cominando pena de nulidade em relação
ao excesso e devolução dessa importância cobrada a mais. Portanto, a taxa
máxima (em tese) é de 12% ao ano, proibindo-se também os chamados “juros
sobre juros” (ou seja, juros sobre o juro vencido e não pago que se incorpora ao
capital, também chamado de anatocismo ou capitalização de juros). Súmula
121, STF: “É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente
convencionada”.

2) JUROS MORATÓRIOS (arts. 406/407, CC): constituem uma pena


imposta ao devedor pelo atraso (mora) ou inadimplemento no cumprimento
da obrigação, atuando como se fosse uma indenização pela inadimplência da
obrigação. São devidos a partir da constituição em mora, independentemente da
alegação de prejuízo. Assim, enquanto nos juros remuneratórios se paga pelo uso
do dinheiro, nos moratórios há uma penalidade pelo não cumprimento da
obrigação. Os juros moratórios podem ser convencionais ou legais.
Ocorrem os juros moratórios convencionais no caso em que as partes
estabelecem a taxa de juros (até 12% anuais ou 1% ao mês).
Já os juros moratórios legais ocorrem quando as partes não os
convencionam. Mas, mesmo não convencionados os juros moratórios são devidos,
na taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à
Fazenda Nacional. Na realidade, a Fazenda se vincula a taxa de juros flutuantes,

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 49


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
fixados, fixados periodicamente pelo Conselho de Política Monetária do Banco
Central (COPOM) e que correspondente à chamada “Taxa SELIC” (Sistema
Especial de Liquidação e Custódia para os Títulos Federais), instituída pela Lei n°
8.981/95. No entanto, muitos autores não concordam com a aplicação da SELIC,
pois esta é utilizada como política monetária e não como parâmetro para fixação
de juros de mora, que nada tem a ver com a economia nacional. Para esta corrente
doutrinária a taxa de juros legais aplicáveis a mora no âmbito do Direito Civil,
deve ser de 1% ao mês, como consta no art. 161, §1° do Código Tributário
Nacional, como determinado pelo o art. 5°, do Decreto n° 22.626/33 (Lei de
Usura).
Observação: Em qualquer das hipóteses mencionadas ainda não há um
consenso sobre qual o critério a ser utilizado diante da redação do art. 406, CC.
Por ser matéria polêmica, entendemos que os examinadores deveriam evitar
questões sobre esse tema (e eles têm evitado mesmo). No entanto,
recomendamos a leitura de duas Súmulas do Superior Tribunal de Justiça:
• N° 379: “Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os
juros moratórios poderão ser convencionados até o limite de 1% ao mês”.
• N° 382: “A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano,
por si só, não indica abusividade”. Observem que de acordo com essa última
Súmula a cobrança de juros remuneratórios acima de 12% ao ano a
instituições financeiras ou administradoras de cartões de crédito não são
abusivos, devendo-se examinar caso a caso eventual exigência de taxa
abusiva.
Extensão: segundo o art. 407, CC, os juros moratórios serão devidos
independentemente da alegação de prejuízo, decorrendo da própria mora
(isto é, do atraso culposo na execução da obrigação).

Momento da Fluência
Os juros moratórios são devidos a partir da constituição em mora:
• Obrigação com prazo determinado (mora ex re): desde o vencimento da
obrigação (art. 397, CC).
• Obrigação sem prazo determinado (mora ex persona): desde interpelação
judicial (citação) ou extrajudicial (art. 397, parágrafo único, CC).
• Obrigação positiva e líquida: desde o vencimento (art. 397, CC).
• Obrigação negativa: desde o dia em que praticou o ato que deveria se abster
(art. 390).
• Obrigação que não é em dinheiro: no momento em que a sentença judicial
(ou o arbitramento ou o acordo) fixe o valor pecuniário.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 50


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
• Obrigação decorrente de Ato Ilícito. Responsabilidade Extracontratual
Subjetiva: desde o instante do cometimento do ato. Art. 398, CC: Nas
obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora,
desde que o praticou. Súmula 54, STJ: Os juros moratórios fluem a partir
do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.
• Obrigação ilíquida decorrente de Ato Ilícito. Responsabilidade Extracontratual
Objetiva: desde a citação inicial.
• Responsabilidade Contratual. Art. 405, CC: “Contam-se os juros de mora
desde a citação inicial”.
Juros X Correção Monetária
• Juros são conceituados como a remuneração cobrada pelo empréstimo em
dinheiro durante determinado período. Como vimos, em um contrato de
compra de um imóvel, há dois tipos de juros: a) compensatório, que
remunera o credor pelo empréstimo do capital; b) moratórios, que é
cobrado por conta de atrasos no pagamento de parcelas.
• Correção Monetária é a recuperação do poder de compra do valor
emprestado; é a atualização do valor da moeda. Ela ocorrerá todo mês e
independe da cobrança de juros.

DÍVIDAS DE DINHEIRO E DÍVIDAS DE VALOR


Nas dívidas em dinheiro o objeto da prestação é o próprio dinheiro; a
moeda é tomada como objeto da dívida. O quantum é o único objeto do débito.
Ex.: você me emprestou R$ 100,00 hoje e eu me comprometo a devolver essa
mesma quantia amanhã.

Quando o dinheiro não constitui objeto da dívida, mas apenas representa


seu valor, dizemos que a dívida é de valor. O débito, embora seja expresso em
moeda, tem por objeto proporcionar a obtenção ou reparação de bens, objetos ou
valores determinados, nas condições atuais. Visa assegurar ao credor uma
situação patrimonial determinada (e não um certo número de unidade monetária).
A quantia em dinheiro é apenas a representação, num determinado
momento, do valor devido. Variando o poder aquisitivo da moeda, o valor
necessário para alcançar a finalidade do débito também sofre uma modificação no
seu quantum, impondo-se um reajustamento. Ela visa garantir a correção das
injustiças ou iniquidades decorrentes da depreciação da moeda ao longo do tempo.
E isso é aferido no momento do efetivo pagamento. Exemplos: dívidas de
caráter alimentício (nesse caso, assegura-se ao beneficiário certo nível de vida,
tendo em vista suas necessidades e as possibilidades do credor) e a obrigação de
indenizar decorrente da prática de um ato ilícito (nesse caso, o montante da
indenização deve ser capaz de repor o patrimônio do lesado no estado em que se
encontrava antes da prática do ilícito).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 51


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
As dívidas de valor não se confundem com a teoria da imprevisão.
Essa última só se aplica às obrigações convencionais (contratos) e ocorre na
hipótese de evento extraordinário e imprevisível que implica excessiva
onerosidade de uma das prestações (art. 478, CC), colocando em risco a
solvabilidade do devedor e permitindo a revisão do contrato com a modificação
equitativa da prestação devida (art. 479, CC). Já a teoria das dívidas de valor
abrange as obrigações legais ou convencionais (e não só contratuais) e as
indenizações decorrentes do inadimplemento de dever oriundo de lei ou de ato
jurídico, admitindo o reajustamento dos débitos, qualquer que seja a
variação de seu quantum (ainda que diminuto) e mesmo diante de fatos
previsíveis e que não abalem seriamente a posição financeira da parte.

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (arts. 884 a 886, CC)


Enriquecer sem causa é enriquecer de forma repentina e sem motivo
plausível (sem trabalhar, sem herdar, etc.). Ele é proibido em nosso Direito,
baseado no princípio da equidade. Gera o dever de restituir o indevidamente
recebido, com atualização monetária. A restituição é devida, não só quando não
tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou
de existir. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a
recebeu é obrigado a restituí-la. Se a coisa não existir mais, a restituição se fará
pelo valor do bem na época em que foi exigido.
O pagamento indevido (será visto logo adiante) é uma de suas espécies.
Atualmente várias ações têm o objetivo de evitar o locupletamento
(enriquecimento ilícito) de coisa alheia. Uma delas é a ação de repetição de
indébito no caso de pagamento indevido. Repetir significa pedir a restituição do
que foi pago indevidamente. A ação prescreve em 03 anos: art. 206, §3°, IV,
CC). Não caberá a restituição se a lei conferir ao lesado outros meios para se
ressarcir do prejuízo. São pressupostos dessa ação:
• Enriquecimento do accipiens (de quem recebe: em regra o credor).
• Empobrecimento do solvens (de quem paga: em regra o devedor).
• Relação de causalidade entre o enriquecimento de um e o empobrecimento
de outro.
• Inexistência de causa jurídica (contrato ou lei) para este enriquecimento.
• Inexistência de ação específica.

PAGAMENTO INDEVIDO (arts. 876 a 883, CC)


Trata-se de uma espécie de enriquecimento ilícito, pois uma pessoa paga
à outra erroneamente, pensando estar extinguindo a obrigação. Quem paga o
indevido pode pedir restituição desde que prove que pagou por erro. No entanto
não a libera de pagar novamente à pessoa certa (quem paga mal, paga duas
vezes). Por outro lado, quem recebeu de forma indevida é obrigado a restituir.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 52


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
O indébito pode ser de duas espécies: a) objetivo (ex.: devedor que paga
dívida inexistente, ou no caso em que a dívida existe, mas de alguma forma já foi
extinta); b) subjetivo (ex.: dívida paga por quem não é o devedor ou recebida por
quem não é o credor).
Quem pagou o indevido incumbe provar que assim procedeu por erro (art.
877, CC). Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita (não
sou obrigado a pagar uma dívida prescrita, mas se eu a paguei
espontaneamente... valeu) nem o que se deu para obter fim ilícito ou imoral
(ninguém pode se beneficiar se sua própria torpeza). Também não se pode repetir
se houve pagamento de dívida ainda não vencida ou se agiu por liberalidade (pois
neste caso houve doação).
Pergunta-se: e se o objeto do pagamento indevido for um imóvel que o
falso credor recebeu e de imediato vendeu a um terceiro, o que ocorre? Se
realmente foi uma venda (venda sim, doação não) e o terceiro estava de boa-fé,
a venda valeu. Mas quem recebeu o dinheiro deverá entregá-lo a quem pagou
errado. Se quem recebeu o bem estava de má-fé, responderá pelo imóvel mais
perdas e danos (art. 879, CC).

Pagamento indevido X Pagamento a credor putativo


No pagamento indevido o devedor pagou a uma pessoa que
comprovadamente não era o credor. Ex.: devedor paga a dívida a um homônimo
do credor verdadeiro ou deposita o valor da dívida em uma conta bancária
errada... Consequências: a pessoa que recebeu indevidamente teve um
“enriquecimento sem causa” e está obrigada a devolver a quantia. Se assim não
proceder é cabível ação judicial contra ela. Independentemente do recebimento
desta quantia, o devedor deverá pagar novamente ao credor verdadeiro (quem
paga mal... paga duas vezes).
No pagamento feito a credor putativo a situação é diferente. Credor
putativo é o que parece ser credor, mas não é. É uma exceção do "quem paga
mal paga duas vezes". É uma situação muito especial. Digamos que “A” deva a
“B”. Este faleceu e deixou um testamento apontando como único herdeiro, “C”.
“A” então paga o que deve a “C”. No entanto, posteriormente o testamento de “B”
é anulado e o Juiz determina que o herdeiro de “B” é “D”. Neste caso “A” não
precisa pagar de novo a “D”, pois quando pagou a “C”, este era credor putativo.
Neste caso “C” está obrigado a devolver o dinheiro ao verdadeiro herdeiro, ou
seja, “D”.

II. FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO (arts. 334 a 355, CC)


Estamos falando sobre a extinção das obrigações. Já falamos sobre o
pagamento, propriamente dito. De agora em diante falaremos sobre diversos

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 53


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
institutos. Portanto, inicialmente é bom deixar clara a seguinte classificação (não
é raro cair algo assim em concursos):
1) Extinção das obrigações com pagamento: consignação, sub-rogação,
imputação e dação.
2) Extinção das obrigações sem pagamento: novação, compensação,
confusão remissão, transação e compromisso.

A) PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO (ou consignação em pagamento – arts.


334/345, CC)
É possível que em alguma situação o credor se recuse receber a prestação
ou fornecer a respectiva quitação. Nestes casos nosso sistema jurídico criou um
mecanismo de proteção ao devedor, liberando-o do vínculo obrigacional e o
isentando do risco na perda da coisa e de eventual obrigação de pagar a multa e
os juros. Ora, pagar uma dívida também é um direito. E pode-se exercer tal direito
mediante o depósito feito pelo devedor (consignante) da coisa devida, com o
objetivo de liberar-se da obrigação líquida e certa. A consignação pode recair sobre
bens móveis e imóveis. No caso de imóveis o devedor cita o credor para vir ou
mandar recebê-la, sob pena de ser depositada (o devedor deposita em juízo as
chaves do imóvel e exonera-se da obrigação), nos termos do art. 341, CC.
A consignação restringe-se à obrigação de dar (móveis ou imóveis). O
art. 334, CC prevê que ela pode ser feita judicialmente ou em estabelecimento
bancário, nos casos autorizados pela lei. O depósito de coisas somente pode ser
feito judicialmente. Já na consignação de dinheiro o devedor pode optar pelo
depósito da quantia devida extrajudicial (em estabelecimento bancário oficial,
cientificando o credor por carta com aviso de recepção) ou pelo ajuizamento de
ação de consignação em pagamento. Este instituto também está previsto nos arts.
539/549 do Código de Processo Civil de 2015. Dessa forma trata-se de um
instituto misto (Direito Civil e Direito Processual Civil).
Partes: a) consignante: devedor que faz o depósito; b) consignado: credor
que não recebeu a coisa.
Realizado o depósito judicial o credor deve declarar se aceita ou não o valor
depositado. Enquanto o credor não declarar que aceita ou não impugnar o valor
depositado, o devedor pode requerer o levantamento da quantia, recebendo de
volta o valor (ainda que sem a anuência do credor), ficando novamente obrigado
pelo débito. Nesse caso entende-se que o devedor desistiu de consignar. No
entanto, havendo a manifestação do credor (aceitando ou impugnando o valor),
não se permite mais o levantamento do valor (salvo se expressamente autorizado
pelo credor), o mesmo ocorrendo na hipótese de se julgar procedente o depósito.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 54


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Atenção Reforçando: a consignação não cabe nas obrigações de
fazer e nem nas de não fazer (somente nas de dar).
A consignação tem lugar (art. 335, CC – o rol é exemplificativo):
• Se o credor não puder, ou, sem justa causa, se recusar a receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma.
• Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condições devidas.
• Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, estiver declarado
ausente, ou residir em lugar incerto, ou de acesso perigoso ou difícil.
• Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento.
• Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
• Se houver concurso de preferência aberto contra o credor.

A consignação, como regra, dá lugar a uma ação consignatória. Esta


pode ser julgada:
a) Procedente: neste caso o depósito judicial da coisa ou quantia devida
produz os seguintes efeitos: exonera o devedor (o depósito equivale ao
pagamento); constitui o credor em mora; cessa para o depositante os juros da
dívida e os riscos a que estiver sujeita a coisa, transferindo-os para a outra parte
(credor); libera os fiadores; impõe ao credor o ressarcimento dos danos que sua
recusa causou ao devedor, além do pagamento de despesas feitas para a custódia
da coisa, custas processuais, honorários advocatícios, etc.
b) Improcedente: neste caso o devedor permanece na situação que estava
anteriormente, caracterizando a mora do devedor (solvendi), sendo ainda
responsável por todas as despesas processuais.

B) PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO (arts. 346/351, CC)


Sub-rogação (subrogatio = substituição, transferência) é a substituição
de uma coisa por outra, com os mesmos ônus e atributos (sub-rogação real) ou
de uma pessoa por outra, com os mesmos direitos e ações (sub-rogação pessoal).
O Código Civil trata apenas da sub-rogação pessoal que vem a ser a
substituição, nos direitos creditórios, daquele que solveu a obrigação de outrem.
Em outras palavras: é a transferência da qualidade de credor para aquele
que pagou a obrigação alheia (modifica-se a titularidade do crédito). Quando
alguém paga a dívida, mesmo que seja uma terceira pessoa, o credor se satisfaz
e não pode mais reclamar o cumprimento da obrigação. No entanto, se não foi o
devedor quem cumpriu a obrigação, ele continuará obrigado ante o terceiro. Não
se tem a extinção da obrigação, mas sim a substituição do sujeito ativo, pois

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 55


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
a terceira pessoa (estranha na relação negocial primitiva) passará a ser o novo
credor. Exemplo clássico: o avalista que paga uma dívida pela qual se obrigou,
sub-roga-se nos direitos do credor. Observem que o avalista paga a dívida do
devedor principal, mas se torna o novo credor do mesmo.
Partes: a) sub-rogado ou sub-rogatário (novo credor); b) sub-rogante (credor
que foi substituído).
Efeito Principal: o crédito se extingue para o credor (que recebeu o pagamento),
mas não para o devedor; transferem-se ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo credor em relação à dívida contra o devedor
principal e os fiadores (art. 349, CC).
A sub-rogação pessoal classifica-se em:
1. LEGAL (art. 346, CC). Opera-se de pleno direito em favor do:
• Credor que paga a dívida do devedor comum ao credor. Ex.: digamos
que “A” é devedor de “B”; “A” também é devedor de “C”. As dívidas não são
solidárias entre si. “B” paga a dívida que “A” tinha com “C”. Neste momento
"B" se sub-roga nos direitos que "C" tinha para com "A". “B” se torna o único
credor de “A”, pois além de ser um credor originário, ainda se sub-rogou nos
direitos de “C”. Pode não parecer, mas na verdade “B” está assim procedendo
para proteger seus interesses (e não os de “C”, diretamente). Isto ocorre na
prática, porque muitas vezes ou o crédito de “B” não tem garantia, ou tem
uma garantia fraca, inferior às de “C”. Nestes casos “C” poderia ingressar com
uma ação em face de “A”, sendo que um bem imóvel do mesmo poderia ser
vendido a preço vil e não sobraria dinheiro para pagar o crédito de “B”. Por
isso ele pode centralizar todas as dívidas de “A” em suas mãos e promover
apenas uma ação em face de “A”, exigindo deste o pagamento de todas as
dívidas em um só procedimento judicial.
• Adquirente do imóvel hipotecado que paga ao credor hipotecário para não
ser privado do direito sobre o imóvel.
• Terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado,
no todo ou em parte (é o caso do fiador).

2. CONVENCIONAL (art. 347, CC)


• Ocorre quando há acordo expresso de vontades.
• Quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe
transfere todos os seus direitos. Nesta hipótese vigoram as regras da cessão
de crédito (da qual falaremos mais adiante).
• Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a
dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante (o que emprestou)
sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 56


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Observação Não confundir sub-rogação com cessão (que veremos
mais adiante). A diferença básica reside na intenção final. Na sub-rogação o
interesse é garantir a recuperação do que foi despendido pelo terceiro que assumiu
a obrigação de satisfazer o credor, ou seja, garante o direito de regresso de quem
pagou a dívida de outrem; já na cessão (ou transmissão) o interesse é a circulação
do crédito.

C) IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (arts. 352/355, CC)


Uma pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem a faculdade de escolher (direito potestativo do devedor) qual
deles oferece em pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
Requisitos: a) identidade de devedor e de credor; b) dualidade ou multiplicidade
de débitos da mesma natureza, líquidos e vencidos (se houver apenas um débito,
não há como se imputar); c) o pagamento deve cobrir qualquer dos débitos (se a
prestação oferecida não puder extinguir pelo menos uma das dívidas não se terá
imputação, pois o pagamento parcelado do débito somente é possível quando
convencionado – art. 314, CC). O efeito da imputação é extinguir o débito para o
qual foi dirigido.
Há uma ordem para imputar: a) devedor (arts. 352, CC); b) credor (art. 353,
CC); c) lei (arts. 354 e 355, CC). Vejamos.
Como a imputação do pagamento visa favorecer o devedor, inicialmente
cabe a ele escolher o débito que pretende extinguir. Se o devedor não fizer
qualquer declaração, transfere-se o direito ao credor. E se nenhum deles se
manifestar a imputação será feita pela lei, obedecendo-se alguns critérios legais:
• Havendo capital e juros, o pagamento será feito primeiro nos juros vencidos
e depois o capital.
• A imputação se fará nas dívidas líquidas que venceram primeiro (dívidas
mais antigas).
• Se todas as dívidas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, será feita a
imputação na mais onerosa.
A doutrina (não há previsão legal) pondera que no caso de todas as dívidas
serem iguais, líquidas e vencidas ao mesmo tempo, não havendo juros, a
imputação será realizada em relação a todas as dívidas por rateio.

III. PAGAMENTO INDIRETO (arts. 356 a 388, CC)

A) DAÇÃO EM PAGAMENTO – Datio in Solutum (arts. 356/359, CC)


Trata-se de um acordo de vontades entre credor e devedor em que há
a entrega de coisa em substituição da prestação devida e vencida. Em outras
palavras: o credor concorda em receber prestação diversa da que lhe é

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 57


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
devida (qualquer outra coisa que não seja dinheiro, inclusive fatos e abstenções),
extinguindo a obrigação. O acordo é feito sempre depois da constituição da
obrigação (antes ou depois do vencimento). O accipiens (credor) poderá receber
coisa mais valiosa ou não.
Exemplo clássico: “A” deve para “B” determinada importância em dinheiro, mas
como “A” não tem o dinheiro, oferece um carro para o cumprimento da obrigação,
sendo este aceito pelo credor.
Espécies
a) Substituição de dinheiro por um bem (móvel ou imóvel, corpóreo ou
incorpóreo, títulos, etc.): datio rei por pecunia.
b) Substituição de coisa por outra coisa: datio rei pro re.
Requisitos: a) existência de um débito vencido; b) intenção de pagar o débito
(é o que se chama de animus solvendi); c) diversidade do objeto oferecido em
relação ao devido (objeto entregue não é aquele objeto do contrato); d)
concordância do credor (expressa ou tácita).

Observações: A coisa deve ter existência atual; se a existência for futura,


trata-se da novação (que veremos a seguir). Não há dação quando ocorre a
substituição de coisa por dinheiro. Quando isso ocorre, aplicam-se as regras
da compra e venda, por haver equivalência entre os bens.
Evicção: se o credor for evicto da coisa recebida em substituição (ou seja, perdeu
a propriedade do objeto dado pelo devedor para um terceiro em virtude de
sentença judicial), a obrigação primitiva será restabelecida, ficando sem
efeito a quitação dada (ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé). O devedor
também responde por eventual vício redibitório (defeito oculto) da coisa entregue.

Dação X Compra e Venda


Estabelece o art. 357, CC que se for estabelecido o preço da coisa dada
em pagamento, as relações entre as partes serão reguladas pelas normas do
contrato de compra e venda (é como se o credor estivesse comprando a coisa
do devedor). Apesar disso, não devemos confundir esses institutos (dação em
pagamento e compra e venda). Observem: a dação não será convertida em
compra e venda... apenas será regulada pelas normas de uma compra e venda.
E isso por três motivos: a) na dação em pagamento o devedor terá direito à
repetição do indébito (ou seja terá direito à devolução da coisa entregue) se ficar
provado que ele (devedor) nada devia ao credor (ausente a causa debendi), sendo
que isso não ocorre na compra e venda (que subsiste ainda quando o vendedor
nada dever ao comprador); b) o objetivo final da dação em pagamento é a
extinção de uma dívida (o que não ocorre com a venda); c) a dação se consuma

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 58


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
com a entrega ou o registro da coisa (já uma venda apenas cria a obrigação de se
transmitir a propriedade da coisa).

Dação X Novação
A dação tem por fim extinguir a dívida, exonerando o devedor da obrigação.
A novação também extingue a dívida, porém no mesmo momento cria outra
obrigação.

B) NOVAÇÃO – Novatio (arts. 360/367, CC)


Trata-se da extinção de uma obrigação e o imediato surgimento de uma
nova obrigação; é a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a
primeira. Só haverá novação se houver um acordo, ou seja, vontade das partes
(e nunca por força de lei). Trata-se do animus novandi (intenção de novar) que
não pode ser presumido (deve ser inequívoco).
O principal efeito da novação é a extinção da dívida anterior.
Extinguindo-se esta (que é o principal), extinguem-se também os
acessórios que guarnecem o crédito, sempre que não houver estipulação em
contrário. Portanto, os juros convencionais ajustados para o primeiro negócio
deixam de fluir a partir da novação; os efeitos da mora não mais se apresentam,
pois a obrigação novada foi adimplida pelo surgimento da obrigação posterior; a
multa convencional que garantia o negócio primitivo também se extingue;
extinguem-se todas as garantias antigas, tais como a fiança, etc.
A novação não produz a satisfação imediata do crédito (ao contrário
do pagamento direto ou da dação em pagamento), pois o credor não recebe a
prestação devida; apenas adquire outro direito de crédito ou passa a exercê-lo
contra outra pessoa.
Duplo efeito: a) força extintiva (faz desaparecer a obrigação antiga); b) energia
criadora (cria nova relação obrigacional).
A nova obrigação nasce sem vinculação com a anterior (a não ser a
sua força extintiva); tudo o que for estabelecido na nova relação obrigacional
(ainda que se mantenha algo da anterior) advém da própria nova obrigação
assumida.
Requisitos: a) existência de uma obrigação anterior; b) intenção de novar (leva-
se em consideração a capacidade e a legitimação das partes); c) criação de nova
obrigação em substituição à anterior; c) elemento novo (objeto ou pessoas).
Há três espécies de novação (com subdivisões):
I. Objetiva ou Real (art. 360, I, CC): quando o devedor contrai com o credor
nova dívida para extinguir a primeira. Há a substituição do objeto da relação
jurídica. Exemplo clássico: “rolagem” de uma dívida em banco. Hoje venceu

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 59


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
uma dívida minha para com o banco no valor de R$ 5.000,00 e eu não consegui
pagar. O que o banco pode fazer amanhã? Ingressar com uma ação e executar
toda a dívida de uma vez! No entanto eu procuro a instituição financeira e ela
que me propõe o seguinte: vamos extinguir a dívida anterior e criamos uma
nova obrigação. Nesta, estabelecemos que a dívida será parcelada, com novas
datas de vencimento e um novo valor. Agora a dívida será de R$ 6.000,00, mas
posso pagar em 10 prestações de R$ 600,00 cada.
II. Subjetiva ou Pessoal (art. 360, II e III, CC): quando há a substituição dos
sujeitos da relação jurídica. Divide-se em:
a) Ativa (art. 360, III, CC): substituição do credor. Um novo credor sucede
ao antigo, extinguindo o primeiro vínculo.
b) Passiva: substituição do devedor. Um novo devedor sucede ao antigo,
ficando este quite com o credor. Se o novo devedor for insolvente (passivo
maior que o ativo: ou seja, tem mais dívidas do que patrimônio), não tem o
credor, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve a substituição
de má-fé (art. 363, CC). Isto porque no momento em que o credor aceita a
substituição, assume o risco em relação ao novo devedor. Subdivide-se
em:
1) Por expromissão (art. 362, CC): uma terceira pessoa assume a
dívida do devedor originário, substituindo-o sem o consentimento
deste, mas desde que o credor concorde com a mudança. Ex.: A deve
100 a B. C, que é muito amigo de A e sabe do débito, pede ao credor
que libere A, ficando C como novo devedor. Observem que C não pediu
para A para substituí-lo. Ele simplesmente o substituiu sem a ter a sua
anuência. Daí porque o novo devedor não tem ação regressiva contra o
devedor da primeira relação.
2) Por delegação (art. 360, II, CC): a substituição do devedor será
feita com o consentimento do devedor originário, pois ele irá indicar
(delegar) uma terceira pessoa para resgatar o seu débito. Neste deve
haver também o aceite do credor. Ex.: A deve 100 a B e lhe propõe que
C fique como seu devedor. Observem que neste caso A indica C como
seu substituto. Além disso, B (credor) também deve ser consultado. Se
ele aceitar extingue-se a dívida de A e cria-se uma nova obrigação,
figurando C no polo passivo.
III. Mista: quando, ao mesmo tempo, substitui-se o objeto e um dos sujeitos
da relação jurídica. Ex.: pai assume dívida em dinheiro do filho (mudança de
devedor), mas deseja pagá-la mediante a prestação de determinado serviço
(mudança de objeto).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 60


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Observações Importantes
01) Não se pode validar por novação a obrigação originalmente nula
ou extinta, uma vez que não se pode novar o que não existe, nem extinguir o
que não produz efeitos jurídicos.
02) Pode haver novação de uma obrigação anulável.
03) A nova obrigação deve ser válida. Se for nula, a novação será
ineficaz (simplesmente não houve novação) prevalecendo a obrigação antiga. Se
for anulável ela pode até existir e produzir efeitos. Mas se ela for anulada, a
obrigação antiga ficará restabelecida, salvo se o credor aceitou a nova obrigação
ciente do vício que a tornava anulável.
04) Importa em exoneração do fiador a novação feita sem o seu
consenso com o devedor principal. Exemplo: A é proprietário de um imóvel e
o aluga para B (locatário). Estabelece-se que C será o fiador. Passado algum
tempo, B deixa de pagar seis meses aluguel. Neste caso C será responsável por
este débito. No entanto, A e B renegociam a dívida, estabelecendo um novo valor
e novos prazos para que a dívida seja paga (na prática eles realizaram uma
novação). Porém ambos não chamaram C para tomar parte neste negócio. Por
isso se B não honrar este novo compromisso, C não pode ser acionado, pois houve
uma novação sem o conhecimento do fiador, não podendo o mesmo ficar
responsável por algo de que não participou. No entanto, é interessante esclarecer
que o fiador continua responsável pelos demais débitos referentes à locação que
estão vencendo e não foram objeto da novação. Da mesma forma, quando a dívida
novada for solidária, os devedores solidários que não tiverem participado da
novação ficarão exonerados da dívida (art. 365, CC).
05) Não caracteriza novação: a) simples redução do montante da dívida;
b) alteração de uma condição, termo ou encargo ou das garantias dadas; c)
tolerância do credor para que o pagamento da dívida seja parcelado; d) simples
alteração no cálculo da taxa de juros, etc.

Novação subjetiva ativa X Pagamento com sub-rogação


O pagamento com sub-rogação promove apenas uma alteração da
obrigação, alterando o credor. Ocorre a extinção da obrigação somente em
relação ao credor. O vínculo original não se desfaz. O devedor continua obrigado
em face do terceiro, sub-rogado no crédito. Ex.: se o fiador pagar no lugar do
devedor nenhuma nova relação se formará; o que ocorre é a substituição do fiador
no lugar do antigo credor, sucedendo-lhe em todos os direitos contra o devedor.
Já na novação o vínculo original se desfaz com todos os seus acessórios e
garantias. Extingue-se a dívida anterior. E cria-se novo vínculo, totalmente
independente do primeiro (salvo estipulação expressa em contrário). Além disso,
na novação ainda não houve qualquer espécie de pagamento; ainda não houve a
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 61
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
satisfação da dívida. Apenas criou-se uma nova obrigação envolvendo uma parte
diferente. Já na sub-rogação houve um pagamento e a pessoa que pagou tem
direitos em face do devedor.

Novação subjetiva passiva X Cessão de débito


Enquanto na novação passiva a dívida anterior se extingue para ser
substituída pela subsequente, na cessão de débito (que veremos mais adiante) a
obrigação subsiste, havendo mera alteração na pessoa do devedor.

C) COMPENSAÇÃO (arts. 368/380, CC)


Compensação: compensatio, compensare = compensar, remunerar,
colocar em balança, contrabalançar. Ocorre quando duas ou mais pessoas são
ao mesmo tempo credoras e devedoras umas das outras; as duas
obrigações se extinguem, até onde se compensarem. Ex.: A deve 100 a B; mas B
também deve 100 a A. Neste caso as duas dívidas serão extintas. A compensação
pode ser total (como no exemplo acima) ou parcial (exemplo: A deve 100 a B; e
B deve 50 a A; neste caso extingue-se a dívida de B e a dívida de A fica reduzida
a 50). Se houver vários débitos compensáveis, deve-se observar as regras da
imputação do pagamento.
Requisitos: a) reciprocidade das dívidas; b) sejam elas líquidas, vencidas e
homogêneas (mesma natureza); c) não haja renúncia prévia de um dos devedores
ou cláusula expressa excluindo essa possibilidade; d) não haja prejuízo a
terceiros.
Espécies
1. Legal: independe de convenção entre as partes e opera-se mesmo que
uma delas não queira (é automática). Para tanto são indispensáveis os
seguintes requisitos: reciprocidade de débitos; liquidez das dívidas (certas
quanto à existência e determinadas quanto ao objeto); exigibilidade atual das
prestações (já estão vencidas) e fungibilidade dos débitos. Neste caso as
prestações devem ser homogêneas entre si e da mesma natureza. Ex.: dívida
de dinheiro só se compensa com dinheiro; dívida de café se compensa com café;
dívida de feijão com feijão, etc. Extingue as obrigações com todos os acessórios,
liberando os devedores, ainda que um deles seja incapaz.
2. Convencional: acordo de vontade entre as partes, estabelecida por meio
de um contrato. Podem-se dispensar alguns dos requisitos anteriores. Ex.: A
deve $100 a B; B deve um quadro a A, avaliado em $100; legalmente não é
possível compensar (não há fungibilidade entre bens heterogêneos); no
entanto, nada impede que as partes convencionem a compensação com objetos
diferentes.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 62


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
3. Judicial: decisão do Juiz que percebe o fenômeno durante o trâmite de
um processo. Neste caso é necessário que cada uma das partes alegue o seu
direito contra a outra; o réu precisa ingressar com a reconvenção (ação do réu
contra o autor, no mesmo feito em que está sendo demandado com o fim de
extinguir ou diminuir o que lhe é devido).
Observações
01) O crédito alimentar (direito a alimentos) é insuscetível de compensação (art.
1.707, CC). O mesmo ocorre quando uma das dívidas está prescrita.
02) Segundo o art. 372, CC, os prazos de favor, embora consagrados pelo uso
geral, não obstam a compensação. Prazo de favor é aquele concedido por mera
tolerância, ainda que a dívida formalmente esteja vencida (geralmente são
concedidos verbalmente pelo credor). Assim, sempre que uma obrigação só não
estiver vencida por conta de um prazo de favor, ou seja, um prazo que foi
concedido sem que houvesse obrigação de o ser, isso não elimina a possibilidade
de haver compensação.

D) CONFUSÃO (arts. 381/388, CC)


A expressão deriva do latim: confusionis – mistura, fusão, mescla,
desordem, etc. Juridicamente o termo confusão possui três acepções:
1) Mistura de diversas matérias líquidas, pertencentes a pessoas diferentes,
de tal forma que seria impossível separá-las (modo derivado de aquisição da
propriedade móvel).
2) Reunião (ou consolidação) em uma mesma pessoa de diversos direitos
sobre um bem os quais se encontravam anteriormente separados. Exemplo:
Usufruto. Neste instituto temos a presença de duas partes: o usufrutuário (que é
o beneficiário, que vai poder usar a coisa alheia) e o nu proprietário (que é o titular
da coisa). Morrendo o nu proprietário, o usufrutuário (digamos que ele seja seu
herdeiro) o sucede em todos os direitos. Assim, ele (o usufrutuário) se torna, ao
mesmo tempo, nu proprietário e usufrutuário. Trata-se de uma causa de extinção
do usufruto também.
3) Incidência em uma única pessoa e relativamente à mesma relação
jurídica, as qualidades de credor e devedor, por ato inter vivos ou causa
mortis, operando a extinção do crédito, pois ninguém pode ser credor e
devedor de si mesmo. É esta a situação que interessa ao Direito das
Obrigações. Exemplo: A é credor de B, mas ele (A) morre, sendo que B é o seu
único herdeiro; nesse caso, como B se torna credor de si mesmo, ocorre a extinção
da obrigação pela confusão. Outro exemplo: X é credor de Y e a seguir ambos se
casam sob o regime da comunhão universal de bens, extinguindo, com isso a
obrigação. São estas as hipóteses nos interessam por enquanto, por se referirem
especificamente ao Direito das Obrigações.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 63


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Requisitos: unidade da relação obrigacional; união, na mesma pessoa, das
qualidades de credor e devedor; ausência de separação de patrimônios.
Espécies. A confusão pode ser total (ou própria) quando se realizar em relação
a toda dívida ou parcial (ou imprópria) quando se operar em relação a parte da
dívida. Exemplo: A, credor de B, morre deixando dois herdeiros: o próprio B e C;
extingue-se apenas parte da dívida. Se a confusão ocorrer na pessoa de um dos
devedores solidários, somente sua parte fica extinta, restando a situação dos
demais codevedores inalterada.
Se a confusão extinguir a obrigação principal, ela se estenderá às
acessórias (acessório segue o principal: gravitação jurídica). No entanto se a
confusão ocorrer somente na obrigação acessória (confusão do fiador e do credor),
não importa em extinção da obrigação principal.

ATENÇÃO O atual Código Civil não considera mais a transação e o


compromisso (arbitragem) como formas de pagamento indireto, mas sim como
contratos típicos ou nominados (arts. 840/850 e 851/853, respectivamente).

IV. OUTRAS FORMAS DE EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO SEM PAGAMENTO


• Prescrição: é a extinção da pretensão em razão da inércia de seu titular,
deixando escoar o prazo legal para pleitear o direito em juízo.
• Caso Fortuito ou Força Maior: impossibilidade de cumprir a obrigação em
virtude de acontecimentos inevitáveis e estranhos à vontade do devedor
(sem culpa). Exemplos: arts. 394 a 399, 667, §1° e 246, CC.
• Condição Resolutiva (arts. 121, 127 e 128, CC): é a cláusula que
subordina a ineficácia da obrigação a evento futuro e incerto; verificada a
condição, extingue-se para todos os efeitos o liame obrigacional.
• Termo Final: determina a data de cessação dos efeitos do negócio jurídico,
extinguindo as obrigações dele provenientes.
• Remissão da Dívida: é o ponto principal, ainda não analisado. Falaremos
dele de forma destacada, logo abaixo.

REMISSÃO DE DÍVIDA (arts. 385 a 388, CC)


Remissão é o perdão da dívida. É um direito exclusivo do credor em
voluntariamente exonerar o devedor, liberando-o da prestação e extinguindo a
obrigação sem que haja pagamento.
Trata-se de um ato bilateral, pois depende da aceitação do remitido
(devedor perdoado). A outra parte deve ser ouvida a respeito, pois ela pode
recusar o perdão e, inclusive, consignar o pagamento.
O perdão somente pode incidir sobre direitos patrimoniais de caráter
privado e desde que não prejudique terceiros e o interesse público. Pode ser

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 64


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
total ou parcial, expresso (firmado por escrito) ou tácito (ex.: devolver o título da
dívida ao devedor, restituir o objeto empenhado, aceitar o pagamento de quantia
menor do que a devida, etc.).
Efeitos da Remissão
• Extingue a obrigação, liberando o devedor e extinguindo as garantias
(fiança).
• Solidariedade Passiva. A remissão concedida a um dos codevedores
extingue a dívida apenas na parte a ele correspondente (art. 388, CC). Ou
seja, a solidariedade continua para os demais devedores, deduzida a parte
perdoada.
• Solidariedade Ativa. Se um dos cocredores remitir a dívida ou recebido o
pagamento responde aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC). Ex.:
“A”, “B” e “C” são credores solidários de “D”. Se “A” perdoou “D” por toda a
dívida, este estará desobrigado do pagamento. No entanto “A” responderá
perante “B” e “C” a quota-parte destes. Se o perdão foi somente da quota-
parte de “A”, “D” continua devedor dos demais pelo restante do crédito.
• Indivisibilidade da Prestação. No caso de remissão por parte de um dos
credores, a obrigação não ficará extinta em relação aos demais, que poderão
exigir as suas quotas, descontada a parte remitida (art. 262, CC). Ex.: se
“A” deve um cavalo no valor de R$ 90 mil a “B”, “C” e “D” e este último perdoou
a dívida, “A” continuará obrigado a entregar o cavalo a “B” e “C”. No entanto
estes devem reembolsar “A” na parte em que “D” perdoou (trinta mil).

Atenção Não confundir remissão (verbo remitir=perdoar, agraciar) com


remição, (verbo remir=resgatar, pagar). Também não confundir renúncia com
remissão. A renúncia pode incidir sobre determinados direitos pessoais e é ato
unilateral. Não se indaga da outra parte se ela aceita ou não a renúncia. Se o
credor renunciar, já está produzindo efeitos. Já a remissão (perdão) só diz respeito
a direitos creditórios e é ato bilateral (precisa de aceitação da outra parte).

EXECUÇÃO FORÇADA (Pagamento Judicial)


Esse tema pertence ao Direito Processual Civil e não ao Direito Civil.
Quando o devedor não cumpre voluntariamente a obrigação, o credor poderá obter
seu adimplemento (cumprimento) mediante medidas judiciais; ou seja, ações
judiciais. Desta forma, o crédito poderá ser satisfeito por:
• Execução Específica: quando o credor ingressa com a ação, desejando o
cumprimento exato da prestação prometida; o autor pode pedir astreinte ao
Juiz. Ou seja, ele pede uma prestação periódica (multa diária) a ser fixada
pelo Juiz, que vai sendo acrescida enquanto a obrigação não é cumprida.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 65


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
• Execução Genérica: quando o credor executa bens do devedor, para
obter o valor da prestação não cumprida, bem como a indenização pelos
prejuízos causados pela inexecução da obrigação (mora ou total
inadimplemento). Se os bens forem insuficientes ocorrerá a chamada
“declaração de insolvência”, convocando demais credores para o fim de
rateá-los.

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES  CESSÃO

As obrigações não são vínculos imobilizados, ou seja, elas podem ser


transferidas, cedidas. Assim, cessão é uma forma de transmissão de um
direito ou dever a título oneroso ou gratuito, de forma que o adquirente
(cessionário) exerce posição jurídica idêntica à do antecessor (cedente). A
doutrina costuma afirmar que esta transferência obrigacional no mundo jurídico é
importante, pois é indispensável para a circulação de riquezas. A cessão pode se
dar tanto no polo ativo quanto no passivo. Há três espécies de cessão: a)
cessão de crédito; b) cessão de débito (assunção de dívida); c) cessão de
contratos. Vejamos cada uma delas.

1) CESSÃO DE CRÉDITO (arts. 286 a 298, CC)


Trata-se de negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o
credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a outra pessoa
(cessionário), independentemente da autorização ou consentimento do
devedor (cedido), sua qualidade de credor na relação obrigacional, transferindo
não só o direito de crédito, mas também todos os acessórios (ex.: juros, multas)
e garantias (ex.: hipoteca), salvo disposição expressa em contrário, sem a
extinção do vínculo obrigacional. Em outras palavras: é o contrato pelo qual
o credor transfere seus créditos a terceiro estranho a relação obrigacional de
origem.
Exemplo clássico: uma pessoa (devedora) comprou alguns aparelhos em uma
empresa (credora) e se comprometeu a saldar a dívida em 30 dias. Ocorre que a
empresa necessitou de liquidez imediata, tendo cedido seu crédito (passa a ser
cedente) a uma sociedade de factoring (cessionária) que lhe adiantou o dinheiro
(descontando os juros e taxas de administração). Observem que não se gera
uma nova obrigação; trata-se da mesma relação obrigacional.
Partes
• Cedente: é o credor primitivo; o que aliena ou transfere seus direitos a
terceiro. Na cessão onerosa ele é o responsável pela existência do crédito no
momento da transmissão. Exige-se boa-fé de sua parte.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 66


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
• Cessionário: é o terceiro; o que adquire os direitos do credor primitivo,
investindo-se na titularidade do crédito.
• Cedido: é o devedor; ele não participa do negócio jurídico, daí ser
dispensável sua anuência (não pode se opor à realização do negócio), mas
ele deve ser notificado (informado) da cessão (art. 290, CC), para que saiba
quem é o novo credor e possa efetuar o pagamento à pessoa correta.
Objeto. Em regra, todos os créditos podem ser objeto de cessão, pois a
negociabilidade é a regra em matéria de direitos patrimoniais. Há créditos que
não podem ser cedidos, principalmente quando decorrerem de relações jurídicas
estritamente pessoais (direitos personalíssimos), como as de direito de família,
alimentos, nome civil, etc. Além disso, o próprio contrato pode conter cláusula
proibitiva de cessão de crédito (pacto de non cedendo). Art. 286, CC: O credor
pode ceder o seu crédito (regra geral), se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor (exceção).
Espécies
Legal: decorre da lei (ex.: cessão de acessórios em consequência da cessão do
crédito principal). Cedido o crédito, cedem-se também, independente de
menção expressa, a multa, a cláusula penal, os juros e as garantias, pessoais
ou reais. A regra é que na cessão do crédito principal abrangem-se os
acessórios. Mas a lei permite que se pactue de forma diferente. Judicial: nasce
através de decisão judicial após o trâmite de um processo civil regular (ex.:
uma adjudicação). Convencional: nasce da manifestação de vontade entre
cedente e cessionário. Segundo a doutrina esta última espécie é a única que
deve ser considerada como tal, pois resulta de um negócio espontâneo, da
vontade das partes.
Pode ser efetuada a título oneroso: assemelha-se à compra e venda, pois exige
uma contraprestação do cessionário; é a mais comum. Gratuito: assemelha-
se a doação, não havendo contraprestação; cedente só é responsável se
procedeu de má-fé. Em regra, não necessita de forma especial, a menos que a
escritura pública seja a substância do ato (ex.: cessão que envolva bens
imóveis).
Total: se o cedente transferir a totalidade do crédito. Parcial: se o cedente
retém parte do crédito, permanecendo na relação (nosso Código é omisso em
relação à parcial, no entanto ela é admitida).
Responsabilidade pela existência e solvência do devedor
Cessão pro soluto: quitação plena e imediata do débito do cedente para com
o cessionário, exonerando o cedente. Ou seja, o cedente garante a
legalidade e a existência do crédito (é responsável por isso), mas não
responde pela solvência do devedor. Neste caso, trata-se de um risco que

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 67


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
o cessionário assume. Nos termos do art. 295, CC, quando a cessão for onerosa,
o cedente irá sempre responder pro soluto, o mesmo ocorrendo se a cessão for
gratuita e o cedente agiu de má-fé. Mas nada que impede as partes estabeleçam
expressamente disposições em contrário (art. 295, CC).
Cessão pro solvendo: a transferência do crédito é feita com intuito de
extinguir a obrigação. No entanto esta não se extingue de imediato, mas apenas
quando o crédito for efetivamente cobrado. Portanto, o cedente responde
pela solvência do devedor. Se este não pagar a dívida o cessionário poderá
executar o cedente.

Notificação
Na cessão de crédito, A (cedente) é credor de B (cedido ou devedor) e
transfere seu título a C (cessionário). Na verdade, o devedor é estranho à cessão.
Por isso o seu consentimento é desnecessário para a validade do negócio.
No entanto a lei determina que a cessão de crédito não terá eficácia em
relação do devedor, senão depois de notificado. Isto porque o devedor,
desconhecendo a transmissão, pode efetuar o pagamento ao credor primitivo.
Nesse caso, como o devedor estava de boa-fé, fica desobrigado e o pagamento
efetuado se tornará válido. No entanto se ele for notificado e mesmo assim pagar
para o credor primitivo, não se desobrigará em relação ao cessionário (o que
adquiriu os direitos do credor primitivo). Lembrem-se: quem paga mal, paga duas
vezes. Se a obrigação for solidária, todos os codevedores devem ser notificados.
Reforço: a notificação serve apenas para dar eficácia ao negócio em
relação ao devedor, não afetando a validade da cessão (art. 290, CC).
Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar
com a tradição do título do crédito cedido (art. 291, CC). Ou seja, ocorrendo várias
cessões o devedor deve pagar a quem se apresentar como portador do
instrumento. Independentemente do conhecimento da cessão o cessionário pode
praticar atos conservatórios do direito cedido, bem como todos os demais atos
inerentes ao domínio.

Cessão de Crédito X Novação


Na cessão de crédito há uma alteração subjetiva na obrigação, mas a dívida
permanece a mesma, transmitindo-se com todos os seus acessórios. Na novação
há extinção da dívida anterior (extinguindo-se, também, todos os acessórios a ela
vinculados) em razão da criação de uma nova obrigação.

Cessão de Crédito X Sub-rogação


A diferença básica reside na intenção final. Na sub-rogação o interesse é
apenas garantir a recuperação do que foi despendido pelo terceiro que assumiu a
obrigação de satisfazer o credor (o direito de regresso). Na cessão o interesse é a

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 68


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
circulação do crédito, havendo intenção de lucro. Além disso, o cessionário será
assim considerado por terceiros no instante que se notifica a cessão, assumindo a
responsabilidade pela existência do crédito cedido; na sub-rogação não é
necessária qualquer medida de publicidade, não assumindo responsabilidade pela
existência do crédito.

2) CESSÃO DE DÉBITO – ASSUNÇÃO DE DÍVIDA (arts. 299 a 303, CC)


É a transferência da posição de devedor em uma relação jurídica a
terceiro. Trata-se de um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor (polo
passivo da obrigação), com a ANUÊNCIA DO CREDOR, transfere a um terceiro
(novo devedor ou assuntor) os encargos obrigacionais. Ocorre a substituição do
devedor, sem alteração na substância do vínculo obrigacional. Ou seja,
ocorre a mudança do polo passivo da relação-base da obrigação, mantendo-se os
encargos e acessórios, que são repassados para o novo devedor. Art. 299, CC: É
facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo (regra geral), salvo
se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava (exceção).
O silêncio significa recusa da assunção.
No entanto, segundo o art. 300, CC, salvo assentimento expresso do
devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as
garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. O exemplo clássico é
a fiança, que será extinta. Isto porque o fiador não é obrigado a garantir um novo
devedor que sequer conhece. No entanto as garantias reais (penhor ou hipoteca)
ficam mantidas, pois elas dizem respeito ao objeto e não aos sujeitos.
Se a substituição do devedor for anulada, restaura-se o débito com todas
as suas garantias, salvo as prestadas por terceiros. Ou seja, se uma garantia
especial foi dada ao devedor primitivo (ex.: fiança) foi extinta com a cessão da
dívida, essa garantia não pode ser restaurada caso haja a anulação da cessão. Só
poderá ser se o devedor primitivo tiver conhecimento prévio do vício que anularia
a cessão (ou seja, se agisse de má-fé).
A cessão de débito pode ser realizada:
a) Por expromissão: ocorre quando um terceiro que (não é o devedor
primitivo) se apresenta ao credor como substituto do devedor, passando a ocupar
o seu lugar. O terceiro assume espontaneamente o débito da outra,
independentemente do consentimento do devedor primitivo; o devedor
originário não toma parte nessa operação. Pode ser: a) liberatória, quando o
devedor primitivo se exonera completamente da obrigação (assunção de dívida
perfeita); b) cumulativa (assunção imperfeita ou de reforço), quando o
expromitente entra na relação como novo devedor, ao lado do devedor primitivo
(soma-se mais um devedor).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 69


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
b) Por delegação: o devedor (delegante) transfere o débito a terceiro
(delegado), com anuência do credor (delegatário). O terceiro substitui o
devedor primitivo com o consentimento deste.

ATENÇÃO Para a validade da cessão de crédito não é necessária a


anuência do devedor; este apenas é notificado para que possa efetuar o
pagamento corretamente ao novo credor. Já na cessão de débito exige-se a
anuência do credor; este é notificado para que aceite ou não a cessão.

3) CESSÃO DE CONTRATO (cessão de crédito e débito)


Esta matéria, apesar de não ser regulamentada no Código Civil, tem
existência jurídica como negócio inominado. Trata-se da transferência da
inteira posição contratual (ativa e passiva), do conjunto de direitos e deveres
de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato de execução ainda não
concluída. Possibilita a circulação do contrato, permitindo que um estranho
ingresse na relação contratual, substituindo um dos contratantes primitivos nos
direitos e obrigações.
A diferença deste instituto para os anteriores é que na cessão de contrato
transfere-se a terceiro todos os direitos e obrigações decorrentes do
contrato, enquanto nas outras modalidades só ocorre um deles de modo isolado
(ou só o crédito ou só o débito). Exemplo clássico: “A” firma com “B” um contrato
de locação. No curso desta, “B” (locatário-cedente) sai do imóvel e “repassa”
(cede) o contrato de locação para “C” (cessionário: novo locatário), sendo que
este poderá usar o imóvel locado (direito), mas por outro lado assume a
responsabilidade de continuar pagando o aluguel (dever). O mesmo ocorre na
cessão de compromisso de compra e venda, de mandato (substabelecimento),
empreitada, etc.
Requisitos: o contrato deve ser suscetível de ser cedido; é necessário que nesse
contrato não haja cláusula proibindo a cessão; imprescindível a ciência e
anuência da parte que não participa da cessão (ou seja, o cedido, no exemplo
acima, o locador), sob pena da cessão perder a validade.

Resumo Esquemático da Aula

I. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO → Relação jurídica de natureza transitória entre credor


e devedor cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica. Características:
patrimonialidade, transitoriedade, pessoalidade e prestacionalidade.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 70


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
II. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
1. Elemento Pessoal ou Subjetivo (Sujeitos)
a) Sujeito Ativo → credor (beneficiário da obrigação).
b) Sujeito Passivo → devedor (o que deve cumprir a obrigação).
2. Elemento Material ou Objetivo (Objeto da Obrigação)
a) Objeto imediato (prestação): conduta humana positiva (dar ou fazer) ou
negativa (não fazer). Deve ser lícito, possível (física e juridicamente),
determinado ou determinável e economicamente apreciável.
b) Objeto mediato é o bem sobre o qual recai o direito.
3. Elemento Imaterial ou Vínculo Jurídico → elo que sujeita o devedor a
determinada prestação em favor do credor. Abrange o dever da pessoa obrigada
(debitum) e a sua responsabilidade em caso de não cumprimento (obligatio).

III. FONTES DAS OBRIGAÇÕES


1) Imediata → Lei: fonte primária de todas as obrigações.
2) Mediatas → Fato Humano:
a) Negócio jurídico unilateral (promessa de recompensa).
b) Negócio jurídico bilateral (contratos).
c) Ato ilícito (dever de reparação os danos causados).

IV. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


A) QUANTO AO OBJETO
1. POSITIVAS
a) Obrigação de Dar
- Coisa certa (arts. 233/242, CC) → devedor se obriga a dar (entregar)
coisa individualizada (móvel ou imóvel). Regras: credor não é obrigado
a receber outra coisa, mesmo que mais valiosa (art. 313, CC);
indivisibilidade (art. 314, CC); abrange os acessórios (art. 233, CC); até
a tradição a coisa pertence ao devedor; acrescidos e melhoramentos
(cômodos) → aumento do preço ou resolução (art. 237, CC); perda ou
deterioração (arts. 234/236, CC); obrigação pecuniária (art. 315 e 318,
CC).
- Coisa incerta (arts. 243/246, CC) → obrigação de entregar objeto
incerto, porém já indicado pelo gênero e quantidade (determinável),
faltando a qualidade (ex.: obrigação de entregar 10 bois, dentre uma
boiada). O objeto é indicado de forma genérica no início da relação, sendo
determinado mediante um ato de escolha (concentração;
individualização). Em regra, a escolha cabe ao devedor, salvo
disposição em contrário (art. 244, CC). Não poderá dar a coisa pior, nem
ser obrigado a prestar a melhor.
b) Obrigação de Fazer (arts. 247/249, CC) → prestação de serviço ou ato
positivo pelo devedor (ou de terceiro), em benefício do credor ou de terceiros.
- Infungível (personalíssima): devedor deve cumprir pessoalmente a
obrigação.
- Fungível: serviço pode ser realizado pelo devedor ou por terceira
pessoa.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 71


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Inadimplemento. 1) Sem culpa do devedor: extinção da obrigação
sem qualquer indenização. 2) Com culpa do devedor: a) prestação
fungível: credor manda a obrigação ser realizada por terceiro e executa
o devedor inicial, ressarcindo-se pelas despesas no cumprimento da
obrigação, mais perdas e danos; b) prestação não fungível (ou
infungível): recusa induz culpa → Indenização por perdas e danos. Ação
judicial requerendo o cumprimento da obrigação. Imposição de multa
periódica (Astreinte: arts. 497, 536 e 537 do CPC/2015). Em algumas
situações → adjudicação compulsória.
2. NEGATIVA
a) Obrigação de Não Fazer (arts. 250/251, CC) → o devedor se compromete
a não praticar certo ato que poderia ser praticado, não fosse a obrigação
assumida. Descumprimento: desfazimento e indenização perdas e danos.
B) QUANTO A SEUS ELEMENTOS
1. SIMPLES: um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto.
2. COMPOSTA
a) Pluralidade de Objetos
- Cumulativa ou conjuntiva (“e”): devedor se compromete a realizar
diversas prestações; só se considera cumprida com a execução de todas
as prestações.
- Alternativa ou disjuntiva (“ou”): contém mais de uma prestação, mas
o devedor se exonera com o cumprimento de apenas uma delas. Se uma
das coisas perecer subsiste o débito quanto a outra. Regra → escolha
cabe ao devedor, salvo disposição em contrário. O devedor não pode
obrigar o credor a receber parte de uma obrigação e parte de outra; sua
opção deve ser total por uma ou outra prestação.
- Facultativa: apenas uma prestação, mas a lei ou o contrato permite
(faculta) ao devedor substituí-la por outra.
b) Pluralidade de Sujeitos → SOLIDARIEDADE: em decorrência da
mesma relação jurídica, há pluralidade de credores ou devedores (ou de
ambos), sendo que eles têm direitos e/ou obrigações pelo total da dívida.
- Ativa: pluralidade de credores.
- Passiva: pluralidade de devedores.
- Mista: credores e devedores.
Solidariedade Ativa: qualquer um dos credores pode exigir a
prestação por inteiro (art. 267, CC). Características Principais:
• Cada um dos credores poderá promover medidas assecuratórias do direito
do crédito e constituir o devedor em mora, sem o concurso dos demais
credores.
• Enquanto não for demandado por algum dos credores, o devedor pode
escolher um dos credores e pagar a dívida a qualquer um deles. O
pagamento total do débito a um dos credores extingue inteiramente a
dívida.
• A conversão da prestação em perdas e danos não extingue a
solidariedade; ela continua existindo para todos os efeitos. Os juros de
mora revertem em proveito de todos os credores.
• Perdão: o credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o
pagamento responde aos outros pela parte que lhes caiba.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 72


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
• Prescrição: a interrupção da prescrição por um credor solidário beneficia
os demais.
• O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais,
mas o julgamento favorável aproveita-lhes (permite-se a coisa julgada
ultra partes), sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito
de invocar em relação a qualquer deles.
• Não importará renuncia à solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores.
Solidariedade Passiva: todos os devedores se obrigam ao pagamento total
da dívida, seja esta divisível ou não. Características Principais:
• Propondo a ação contra apenas um dos devedores, o credor não fica
inibido de acionar também os outros.
• Morrendo um dos devedores solidários, a dívida se transmite aos seus
herdeiros, mas cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo
se indivisível a obrigação. Neste caso, todos os herdeiros reunidos são
considerados como um devedor solidário em relação aos demais
devedores.
• O pagamento parcial feito por um devedor só aproveita aos demais
devedores pelo valor pago ou relevado.
• O perdão concedido a um dos coobrigados extingue a dívida na parte a ele
correspondente.
• Nenhuma cláusula estipulada entre um devedor e o credor pode agravar
a situação dos demais devedores, sem o consentimento deles.
• Impossibilitando-se a prestação: a) sem culpa dos devedores: extingue a
obrigação; b) por culpa de um devedor: a solidariedade continua para
todos; todos os devedores continuam com a obrigação e responderão pelo
equivalente em dinheiro; mas só o devedor culpado responderá pelas
perdas e danos.
• Todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a ação
tenha sido proposta contra um, mas o culpado responde aos outros pelo
acréscimo.
• Se o credor renunciar à solidariedade em favor de um ou de alguns
devedores, só poderá acionar os demais abatendo o valor do débito a parte
ou àqueles correspondentes, entretanto, se um dos coobrigados for
insolvente, o rateio da obrigação atingirá também o exonerado da
solidariedade.
• O devedor que paga toda a dívida tem o direito de regresso, isto é, pode
exigir individualmente a quota de cada um dos demais devedores.
• Havendo algum devedor insolvente sua quota será rateada entre todos os
demais devedores; presumem-se iguais as partes de cada devedor; essa
presunção admite prova em contrário (juris tantum - art. 283, CC).
• A interrupção da prescrição operada contra um devedor prejudica os
demais (art. 204, CC).
A solidariedade não se presume. Resulta da lei ou vontade das
partes (art. 265, CC).

C) QUANTO À DIVISIBILIDADE
1. Divisíveis (fracionárias): suscetíveis de cumprimento parcial e fracionado,
sem prejuízo de sua substância e valor. Regras: cada devedor só pode ser
demandado pelo valor de sua quota; cada credor só pode cobrar o valor de sua
quota; há uma presunção que as cotas são iguais; a interrupção da prescrição

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 73


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
contra um devedor fracionário não prejudica o outro; a interrupção da prescrição
por um credor fracionário não beneficia o outro.
2. Indivisíveis: a prestação só pode ser cumprida por inteiro por: a) convenção
das partes; b) lei; c) natureza do objeto (arts. 257/263, CC). Regras: havendo
dois ou mais devedores cada um será obrigado pela dívida toda; havendo
pluralidade de credores, o devedor (ou devedores) somente se desobrigará
pagando a todos conjuntamente ou a um dos credores, dando este caução
(garantia) de ratificação dos outros credores; caso somente um dos credores
receba toda a dívida, os demais poderão exigir deste a parte que lhes cabia em
dinheiro; no caso de perdão por parte de um dos credores, a obrigação não ficará
extinta em relação aos demais, que poderão exigir as suas quotas, descontada a
parte remitida; se o objeto vier a perecer por culpa do devedor, a obrigação passa
a ser de perdas e danos (o objeto perde a indivisibilidade e passa a ser divisível –
dinheiro); se houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes
iguais; se a culpa for só de um, somente este responderá pelas perdas e danos
(art. 263, CC). As obrigações de dar e fazer podem ser divisíveis ou indivisíveis.
Já as de não fazer somente podem ser indivisíveis.

SOLIDARIEDADE INDIVISIBILIDADE
Subjetiva: ocorre entre os Objetiva: diz respeito ao objeto da
sujeitos da relação jurídica. O devedor relação jurídica. O devedor de obrigação
de obrigação solidária é devedor total indivisível não é devedor total da
da obrigação e pode ser compelido a obrigação (mas apenas de sua quota-
cumpri-la sozinho e por inteiro. parte); no entanto pode ser compelido a
cumprir por inteiro e sozinho, pois não é
possível o fracionamento da obrigação.
Cessa com a morte de um dos Não cessa com a morte, transmite-
devedores, não se transmitindo aos se aos sucessores tal como pactuada,
sucessores (a dívida será repartida tendo-se em vista a natureza do objeto.
entre os herdeiros, no limite das forças
da herança).
Se ocorrer o perecimento do Se ocorrer o perecimento do objeto e
objeto (conversão em dinheiro) a conversão em dinheiro (morte do cavalo
solidariedade continua valendo, pois que deveria ser entregue) a
ela não depende da divisibilidade da indivisibilidade deixa de existir (a
coisa, mas sim da lei ou vontade das obrigação passa a ser divisível).
partes.
A prestação e as perdas e danos As perdas e danos só podem ser
podem ser exigidas de qualquer um exigidas do culpado pelo perecimento da
dos codevedores, mas quem pagou coisa.
tem ação de regresso contra os
demais, acrescido, contra o culpado
das perdas e danos.

D) OUTRAS MODALIDADES
• Líquidas: certas quanto à existência, determinadas quanto ao valor:
constituem o devedor em mora de pleno direito se não forem cumpridas no
prazo. Ilíquidas: incertas quanto a quantidade; dependem de apuração
prévia.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 74


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
• Puras e simples: efeitos imediatos. Condicionais: evento futuro e incerto.
A termo: evento futuro e certo. Modais: com encargo.
• De resultado: credor pode exigir do devedor a produção de um resultado
preestabelecido. De meio: uso de prudência e diligência normal para atingir
um resultado, sem se vincular a obtê-lo. De garantia: tem a função de
eliminar um risco que pesa sobre o credor.
• Instantâneas: se consumam em um só ato, em certo momento.
Fracionadas, diferidas ou de trato sucessivo: cumprimento se dá por meio
de subvenções periódicas, resolvendo-se em intervalos de tempo (protrai-se
no tempo).
• Principais: existem por si só. Acessórias: sua existência supõe a da
principal.
• Propter rem (ou híbridas): parte direito real, parte direito pessoal; recaem
sobre uma pessoa por força de um direito real. Ex.: condomínio, IPTU, etc.
• Naturais: credor não tem como exigir o seu cumprimento. Ex.: dívidas
prescritas, dívidas de jogo e de aposta (art. 814, CC), etc.

V. EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES → operam entre as partes; podem vincular os seus


herdeiros (salvo se a obrigação for personalíssima – neste caso não vincula).

VI. CLÁUSULA PENAL (arts. 408 e seguintes, CC) → pacto acessório que impõe uma
penalidade pela inexecução total ou parcial da obrigação (compensatória) ou pela mora
(retardamento, demora) no seu cumprimento. Multa contratual: prefixação de perdas e
danos. Limite: valor do contrato (art. 412, CC). Redução proporcional (art. 413, CC).

VII. INADIMPLEMENTO → Não cumprimento da obrigação conforme previamente


estabelecido.
A) Absoluto: a obrigação se tornou inútil ao credor; responde o devedor por perdas e
danos, mais juros, atualização monetária e honorários advocatícios (art. 389, CC).
B) Relativo (mora): a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar ou forma
convencionadas, mas ainda é útil ao credor.

VIII. MORA (arts. 394/401, CC) → retardamento ou imperfeito cumprimento da


obrigação. Gera responsabilidade pelos prejuízos, juros, correção monetária, honorários
advocatícios e cláusula penal (se esta for estipulada).
a) Mora do Devedor (mora solvendi, debitoris):
1) Ex re → depende de um fato previsto em lei ou no contrato – obrigação positiva
e líquida com data determinada. Ex.: dia do vencimento do aluguel.
2) Ex persona → depende de uma providência do credor. Ex.: comodato sem
prazo – notificação com prazo de 30 dias.
b) Mora do Credor (mora accipiendi, creditoris): recusa (do credor) em aceitar o
cumprimento da obrigação.

IX. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


1) PAGAMENTO DIRETO
a) Pessoas envolvidas. Solvens: é a pessoa que deve pagar como o devedor ou
seu representante, terceiros interessados (fiador, herdeiro, etc.) e não
interessados (pai, esposa, etc.). Accipiens: é a pessoa a quem se deve pagar; é
quem recebe (credor, seus representantes ou herdeiros). É válido o pagamento
feito ao credor putativo (aparente).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 75


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
b) Objeto e Prova do pagamento. Quitação: admite qualquer forma; sendo
superior ao décuplo do maior salário mínimo: forma escrita.
c) Lugar do pagamento. Regra (arts. 327/330, CC) → Quérable = pagáveis no
domicílio do devedor. Exceção → Portable = pagáveis no domicílio do credor ou
onde ele indicar (QD=PC).
d) Tempo (vencimento): fixado pelas partes (arts. 331/333, CC). No caso de
omissão: pagamento imediato.
2) FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO
a) Pagamento em Consignação (arts. 334/345, CC): devedor deposita a coisa
devida, liberando-se de obrigação líquida e certa. Se a dívida for em dinheiro o
depósito pode ser extrajudicial (estabelecimento bancário oficial – art. 539, §1°,
CPC/2015). Hipóteses: art. 335, CC.
b) Pagamento com Sub-rogação (arts. 346/351, CC): substituição na
obrigação de uma pessoa por outra (sub-rogação pessoal). Ex.: avalista que paga
a dívida. Espécies: a) Legal (art. 346, CC); b) Convencional (art. 347, CC).
Principal efeito: transferência ao novo credor todos os direitos e ações,
privilégios e garantias do primitivo.
c) Imputação do Pagamento (arts. 352/355, CC): pessoa obrigada por dois ou
mais débitos da mesma natureza, líquidos e vencidos, a um só credor, tem o
direito de escolher qual deles está pagando.
3) PAGAMENTO INDIRETO
a) Dação em Pagamento (arts. 356/359, CC): acordo de vontades entre credor
e devedor, com o objetivo de extinguir a obrigação, no qual o credor consente
em receber prestação diversa (coisa móvel ou imóvel, fatos, abstenções, etc.)
da originalmente devida. Se for dinheiro a coisa dada, a dação será regulada pelas
normas da compra e venda (art. 357, CC).
b) Novação (arts. 360/367, CC): criação de obrigação nova e extinguindo a
anterior, modificando o objeto (objetiva ou real) ou substituindo uma das partes
(subjetiva = ativa – substituição do credor; passiva – substituição do devedor).
Animus novandi (intenção em novar): a novação não se presume; deve ser
inequívoca. Importa em exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso.
c) Compensação (arts. 368/380, CC): duas ou mais pessoas são ao mesmo
tempo credoras e devedoras umas das outras, até o limite da existência do crédito
recíproco. Na compensação legal exige-se: reciprocidade, liquidez, exigibilidade e
fungibilidade da coisa.
d) Confusão (arts. 381/388, CC): incidência em uma mesma pessoa as
qualidades de credor e devedor.
Observação: o Código Civil trata a transação (arts. 840/850, CC) e a arbitragem (arts.
851/853, CC) como formas de contrato autônomo e não mais como formas de
pagamento.
4) EXTINÇÃO SEM PAGAMENTO: prescrição, advento de termo final ou implemento
de condição resolutiva, caso fortuito ou força maior. Remissão: perdão da dívida
(direitos patrimoniais) desde que não prejudique terceiros; é ato bilateral, pois exige
a aceitação.
5) EXECUÇÃO FORÇADA: pagamento realizado em virtude de decisão judicial
(Processo Civil).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 76


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
X. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES → CESSÃO (arts. 286 até 303, CC)
a) De Crédito (arts. 286/298, CC): transferência que o credor faz a outrem de seus
direitos. O devedor não participa da cessão; não é necessária sua anuência. Mas ele
precisa ser notificado para que possa quitar a dívida em relação ao novo credor.
b) De Débito ou assunção de dívida (arts. 299/303, CC): transferência da posição
de devedor a terceiro em uma relação jurídica. Nesse caso exige-se o expresso
consentimento do credor, ficando exonerado o devedor primitivo.
c) De Contrato: é um “negócio inominado” (não regulamentado pelo Código Civil).
Trata-se da transferência da inteira posição contratual (ativa e passiva) do conjunto
de direitos e obrigações de uma pessoa derivados de um contrato.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil.
Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito
Civil. Editora Saraiva.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora
Revista dos Tribunais.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 77


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar

Exercícios Comentados Específicos da Banca


Fundação Getúlio Vargas

01) (FGV – Auditor do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro


– 2008) Caracterizam o vínculo obrigacional:
(A) a juridicidade e a existência de deveres.
(B) a juridicidade e a existência de direitos.
(C) a patrimonialidade e a sujeição.
(D) a submissão e a liberalidade.
(E) a patrimonialidade e a inexistência de direitos.
COMENTÁRIOS. Os elementos constitutivos de uma obrigação são os sujeitos
(sujeição ativa e passiva), o objeto (patrimonialidade) e o vínculo que liga os
sujeitos à prestação. Gabarito: “C”.

02) (FGV – Advogado da Fundação Pro-Sangue Hemocentro/SP – 2013)


Em relação às obrigações de dar coisa certa, assinale a afirmativa
INCORRETA.
(A) em caso de deterioração da coisa e não havendo culpa do devedor, o credor
poderá resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu.
(B) a coisa pertence ao devedor até a tradição e este poderá exigir aumento do
preço em caso de melhoramento e acrescidos.
(C) nos casos de obrigação de restituição de coisa certa, ocorrendo a perda da
coisa antes da tradição, sem culpa devedor, sofrerá o credor a perda e a
obrigação se resolverá, ressalvado os seus direitos até o dia da perda.
(D) em caso de perda da coisa por culpa do devedor, este responderá pelo
equivalente, mais perdas e danos.
(E) a obrigação de dar a coisa certa não abrange os acessórios dela, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 235, CC. A letra “b”
está correta nos termos do art. 237, CC. A letra “c” está correta nos termos do
art. 238, CC. A letra “d” está correta nos termos do art. 239, CC. A letra “e” está
errada, pois estabelece o art. 233, CC: “A obrigação de dar coisa certa abrange os
acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título
ou das circunstâncias do caso”. Gabarito: “E”.

03) (FGV – TJ/BA – Analista Judiciário – 2015) Silvio, fazendeiro e criador


de gado de leite, arrendou um touro premiado para usar na reprodução

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 78


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
de suas vacas leiteiras. Acontece que, apesar do zelo com o qual cuidou
do animal, fortes chuvas que atingiram a região causaram a destruição
das benfeitorias e morte de diversos animais, entre os quais o animal
arrendado. É CORRETO afirmar que, em decorrência desse fato:
(A) resolve-se o contrato, devendo Silvio indenizar o proprietário do touro,
pagando-lhe tão somente o valor do animal;
(B) resolve-se o contrato, devendo Silvio indenizar o proprietário do touro,
pagando-lhe o correspondente ao valor do animal e os lucros cessantes;
(C) mantém-se o contrato, devendo o proprietário providenciar a reposição do
animal arrendado, às suas expensas;
(D) mantém-se o contrato, devendo o proprietário providenciar a reposição do
animal arrendado, às expensas de Silvio;
(E) resolve-se o contrato, arcando o proprietário com o prejuízo decorrente da
perda do touro.
COMENTÁRIOS. Na questão foi pactuado um contrato de arrendamento. Nela
ajusta-se uma obrigação de restituir coisa certa (o touro premiado). Perecendo
este antes da tradição (ou seja, antes da restituição) e não havendo culpa do
devedor (a questão deixou claro que ele cuidou do animal com muito zelo), o
credor (proprietário do touro) sofrerá com a perda e a obrigação se extinguirá,
ressalvados os seus direitos até o dia da perda (art. 238, CC). Trata-se da
aplicação da regra res perit domino (a coisa perece para o dono). Gabarito: “E”.

04) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) João prometeu transferir a


propriedade de uma coisa certa, mas antes disso, sem culpa sua, o bem
foi deteriorado. Segundo o Código Civil, ao caso de João aplica-se o
seguinte regime jurídico:
(A) a obrigação fica resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos.
(B) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra.
(C) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra
e abatimento no preço proporcional à deterioração.
(D) a obrigação poderá ser resolvida, com a devolução de valores eventualmente
pagos, ou subsistir, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e
abatimento no preço proporcional à deterioração, cabendo ao credor a escolha
de uma dentre as duas soluções.
COMENTÁRIOS. Trata-se de uma obrigação de dar coisa certa, em que houve a
deterioração da coisa sem culpa do devedor. Nos termos do art. 235, CC o credor
pode aceitar a coisa, abatendo-se de seu preço o valor que perdeu ou
simplesmente extinguir a obrigação, com a devolução do que eventualmente foi
pago. Gabarito: “D”.

05) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) Pedro está obrigado a dar
uma vaca leiteira, avaliada em R$ 50.000,00, a dois credores, Maria e
João. Maria remite a dívida e João exige a entrega do animal.
Considerando o contexto fático narrado, analise as afirmativas a seguir.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 79


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
I. Por se tratar de obrigação indivisível, Maria não poderia remitir a dívida sem
a anuência de João.
II. João somente poderá exigir a entrega da vaca se pagar R$ 25.000,00 a
Pedro.
III. A remissão de parte da dívida realizada por Maria tem o condão de
acarretar a extinção da obrigação da entrega da vaca a João.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Maria perdoou (remitir, remissão =
perdão) a dívida de Pedro. Isso é perfeitamente possível, independentemente do
consentimento de João. O item II está correto. Sendo a obrigação indivisível,
Pedro continuará obrigado a entregar a vaca para João, mas este deverá
reembolsar Pedro em dinheiro na parte que Maria perdoou (R$ 25.000,00). O item
III está errado, pois a remissão (perdão) de Maria não extingue a obrigação. O
fundamento para todas as afirmações está no art. 262, CC: Se um dos credores
remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só
a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Gabarito: “B”
(somente a afirmativa II está correta).

06) (FGV – TCM – Agente de Fiscalização – 2015) Cuidando-se de


obrigação indivisível em que haja vários devedores, sendo inadimplente
um deles, a cláusula penal de natureza pecuniária poderá ser exigida pelo
credor:
(A) integralmente de cada um dos devedores;
(B) proporcionalmente de cada um dos devedores, inclusive do devedor culpado;
(C) integralmente de qualquer um dos devedores;
(D) proporcionalmente, e somente do devedor culpado;
(E) proporcionalmente de cada um dos devedores não culpados.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 414, CC: Sendo indivisível a obrigação, todos os
devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá
demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente
pela sua quota. Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva
contra aquele que deu causa à aplicação da pena. Lembrando que a questão está
se referindo à cobrança da multa (cláusula penal pecuniária) e não da obrigação
em si, até porque a mesma é indivisível. Gabarito: “E”.

07) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) Carlos e Andréa estão


obrigados a entregar um cavalo da espécie Manga Larga Marchador a Manoel.
Porém, na véspera da entrega, Carlos, por descuido, deixa o portão aberto, o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 80


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
cavalo foge e tenta atravessar um rio próximo à propriedade, morrendo afogado.
Considerando o contexto fático narrado, analise as afirmativas a seguir.
I. A obrigação deixa de ser indivisível, pois houve conversão da prestação
originária.
II. Andréa e Carlos estão obrigados ao pagamento de suas cotas e das perdas
e danos.
III. Manoel pode escolher o devedor a ser acionado para requerer o
ressarcimento em perdas e danos, pois há pluralidade de credores.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. Como o cavalo morreu por culpa de um
dos devedores, desapareceu o motivo da indivisibilidade. Nesse caso tudo vai se
resolver em perdas e danos, dando lugar à indenização em dinheiro (que é
divisível). É o que estabelece o art. 263, caput, CC: Perde a qualidade de indivisível
a obrigação que se resolver em perdas e danos. Os itens II e III estão errados.
No problema apresentado, somente Carlos teve culpa no evento. Portanto
somente ele (Carlos) responderá pelas perdas e danos, exonerando Andréa das
perdas e danos, sendo que ela somente pagará o equivalente em dinheiro da sua
quota devida. Art. 263, §2°, CC: Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os
outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. Gabarito: “E” (somente a
afirmativa I está correta).

08) (FGV – Advogado da Companhia de Desenvolvimento Urbano do


Estado da Bahia – CONDER – 2014) A respeito das obrigações divisíveis
e indivisíveis, analise as afirmativas a seguir.
I. Em caso de obrigação indivisível, havendo pluralidade de credores, o
devedor se desobrigará, pagando a todos conjuntamente ou a um, dando este
caução de ratificação dos outros credores.
II. A obrigação que se resolver em perdas e danos não perde a qualidade de
indivisível.
III. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para
com os outros, mas estes só poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente. Tal critério não se aplicará aos casos de transação e compensação.
Assinale:
(A) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente a afirmativa III estiver correta.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 81


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.
COMENTÁRIOS. O item I está correto, pois estabelece o art. 260, CC: Se a
pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I. a todos conjuntamente; II. a
um, dando este caução de ratificação dos outros credores. O item II está errado,
pois nos termos do art. 263, CC: Perde a qualidade de indivisível a obrigação que
se resolver em perdas e danos. O item III está errado, pois estabelece o art. 262,
CC: Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com
os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação,
compensação ou confusão. Gabarito: “E” (somente a afirmativa I está correta).

09) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2015) Gilvan (devedor) contrai


empréstimo com Haroldo (credor) para o pagamento com juros do valor do mútuo
no montante de R$ 10.000,00. Para facilitar a percepção do crédito, a parte do
polo ativo obrigacional ainda facultou, no instrumento contratual firmado, o
pagamento do montante no termo avençado ou a entrega do único cavalo da raça
manga larga marchador da fazenda, conforme escolha a ser feita pelo devedor.
Ante os fatos narrados, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Trata-se de obrigação alternativa.
(B) Cuida-se de obrigação de solidariedade em que ambas as prestações são
infungíveis.
(C) Acaso o animal morra antes da concentração, extingue-se a obrigação.
(D) O contrato é eivado de nulidade, eis que a escolha da prestação cabe ao
credor.
COMENTÁRIOS. Como na questão o contrato firmado permite que o devedor
cumpra a prestação pagando o empréstimo em dinheiro ou com a entrega de um
cavalo manga larga, trata-se de uma obrigação alternativa (ou disjuntiva),
prevista nos arts. 252/256, CC. Nesse tipo de obrigação há uma pluralidade de
prestações heterogêneas, porém estas estão ligadas pela disjuntiva “ou”.
Obrigação alternativa é a que compreende dois ou mais objetos e extingue-se com
a prestação de apenas um, ou seja, existe obrigação alternativa quando se devem
várias prestações, mas, por convenção das partes, somente uma delas será
cumprida, sendo que no caso à escolha do devedor. Gabarito: “A”.

10) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) João,


Joaquim e Manoel são devedores solidários da quantia de R$ 150.000,00
a Paulo Roberto. No dia do vencimento, apenas Manoel honrou com o
pagamento de sua quota-parte. Considerando o fato narrado, assinale a
afirmativa INCORRETA.
(A) a solidariedade entre os devedores não pode ser presumida, devendo resultar
da lei ou da vontade das partes.
(B) Paulo Roberto não tem direito de exigir e de receber de um ou de todos os
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 82


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(C) caso Manoel tivesse satisfeito a dívida por inteiro, teria direito a exigir de
cada um dos codevedores a sua quota.
(D) se João falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar
senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, pois a obrigação é
divisível.
(E) caso um dos devedores solidários seja demandado, pode opor ao credor as
exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta é exatamente isso o que prevê o art.
265, CC. A letra “b” está errada, pois nos termos do art. 275, CC o credor tem
direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente,
a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto. A letra “c” está correta, pois é o
que prevê o art. 283, CC. A letra “d” está correta, pois é o que prevê o art. 276,
CC. Finalmente a letra “e” está correta nos termos do art. 281, CC. Gabarito:
“B”.

11) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Com relação ao regime da


solidariedade passiva, é CORRETO afirmar que:
(A) cada herdeiro pode ser demandado pela dívida toda do devedor solidário
falecido.
(B) com a perda do objeto por culpa de um dos devedores solidários, a
solidariedade subsiste no pagamento do equivalente pecuniário, mas pelas
perdas e danos somente poderá ser demandado o culpado.
(C) se houver atraso injustificado no cumprimento da obrigação por culpa de um
dos devedores solidários, a solidariedade subsiste no pagamento do valor
principal, mas pelos juros da mora somente poderá ser demandado o culpado.
(D) as exceções podem ser aproveitadas por qualquer dos devedores solidários,
ainda que sejam pessoais apenas a um deles.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois se um dos devedores solidários
falecer deixando herdeiros, cada um destes só poderá ser demandado pela sua
quota do quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (art. 276, CC). A
letra “b” está correta nos termos do art. 279, CC. A letra “c” está errada, pois
prevê o art. 280, CC que todos os devedores solidários são responsáveis pelos
juros de mora, mesmo que o atraso tenha sido causado por apenas um dos
devedores. No entanto o culpado responde perante os demais (e não perante o
credor) pela obrigação acrescida. A letra “d” está errada, pois prevê o art. 281,
CC que o devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos, não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro
codevedor. Gabarito: “B”.

12) (FGV – Defensoria Pública do Distrito Federal – Analista de Apoio à


Assistência Judiciária – 2014) Vânia submeteu-se a uma intervenção
cirúrgica na qual, em decorrência da imperícia de Carlos, Vanessa e
Fabrício, três médicos que participavam da operação, sofreu sérios danos

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 83


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
físicos. Caracterizada a responsabilidade civil dos médicos em questão,
pode-se afirmar que a indenização:
(A) tem que ser exigida separadamente de cada um dos autores do fato lesivo.
(B) pode ser exigida apenas de um dos autores do fato, isentando os demais da
responsabilidade.
(C) pode ser exigida apenas de dois dos autores, isentando o terceiro da
responsabilidade.
(D) pode ser exigida apenas de um dos autores, o qual exercerá direito regressivo
perante os demais.
(E) tem que ser exigida dos três autores dos fatos conjuntamente, cada qual na
proporção de sua responsabilidade.
COMENTÁRIOS. A responsabilidade civil do médico é do tipo subjetiva (art. 951,
CC e art. 14, §4°, CDC, Lei n° 8.078/90). Como a cirurgia foi realizada por três
médicos e todos eles agiram com imperícia, todos eles responderão de forma
solidária. Estabelece o art. 275, CC: O credor tem direito a exigir e receber de um
ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (...). Continua
o art. 283, CC: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de
cada um dos co-devedores a sua quota. Gabarito: “D”.

13) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) O Código


Civil estabelece as modalidades de obrigações. A esse respeito, assinale
a alternativa CORRETA.
(A) nas obrigações alternativas, caso não tenha sido estipulado de forma
diferente, a escolha incumbirá ao credor.
(B) no caso de obrigação não cumprida, as perdas e danos devidos ao credor
abrangem o que efetivamente perdeu, não se podendo incluir o que
presumivelmente deixou de ganhar.
(C) a compensação poderá ser efetuada por dívida líquida, ainda que vincenda e
de coisa infungível.
(D) o pagamento em consignação, nos casos e formas legais, não extingue a
obrigação, servindo apenas para liberar o devedor dos juros de mora.
(E) qualquer interessado, nos termos da lei, no cumprimento da obrigação poderá
pagar a dívida. Igual direito cabe a terceiro não interessado, salvo manifesta
oposição do devedor.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nas obrigações alternativas, a
escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou (art. 252, CC). A letra
“b” está errada, pois em regra as perdas e danos abrangem o que a pessoa
efetivamente perdeu (danos emergentes) e o que razoavelmente deixou de ganhar
(lucros cessantes), nos termos do art. 402, CC. A letra “c” está errada, pois prevê
o art. 269, CC que a compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de
coisas fungíveis. A letra “d” está errada, pois prevê o art. 334, CC que o
pagamento em consignação extingue a obrigação. A letra “e” está correta nos
termos do art. 304 e seu parágrafo único, CC. Gabarito: “E”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 84


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
14) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Utilizando-se das regras
afetas ao direito das obrigações, assinale a alternativa CORRETA.
(A) quando o pagamento de boa-fé for efetuado ao credor putativo, somente será
inválido se, em seguida, ficar demonstrado que não era credor.
(B) levando em consideração os elementos contidos na lei para o reconhecimento
da onerosidade excessiva, é admissível assegurar que a regra se aplica às
relações obrigacionais de execução diferida ou continuada.
(C) possui a quitação determinados requisitos que devem ser obrigatoriamente
observados, tais como o valor da dívida, o nome do pagador, o tempo e o lugar
do adimplemento, além da assinatura da parte credora, exigindo-se também que
a forma da quitação seja igual à forma do contrato.
(D) o terceiro, interessado ou não, poderá efetuar o pagamento da dívida em seu
próprio nome, ficando sempre sub-rogado nos direitos da parte credora.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois prevê o art. 309, CC: O pagamento
feito de boa fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era
credor. A letra “b” está correta nos termos do art. 478, CC: Nos contratos de
execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data
da citação. A letra “c” está errada, inicialmente a quitação não necessita ser feita
da forma igual a do contrato. Estabelece o art. 320, CC, a quitação, que sempre
poderá ser dada por instrumento particular (portanto, ainda que o negócio tenha
sido celebrado por instrumento público), designará o valor e a espécie da dívida
quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do
pagamento, com assinatura do credor, ou de seu representante. Além disso, esses
requisitos não são essenciais, pois estabelece o parágrafo único do art. 320, CC
que ainda que sem os requisitos estabelecidos, valerá a quitação, se de seus
termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. A letra “d” está
errada, pois nos termos do art. 305, CC, o terceiro não interessado, que paga
dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar, mas não
se sub-roga nos direitos do credor. Gabarito: “B”.

15) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Tiago celebrou com Ronaldo
contrato de compra e venda de dez máquinas de costura importadas da China.
Restou acordado que o pagamento se daria em trinta e seis prestações mensais e
consecutivas com reajuste a cada doze meses conforme taxa Selic, a ser efetuado
no domicílio do credor. O contrato estabeleceu, ainda, a incidência de juros
moratórios, no importe de 2% (dois por cento) do valor da parcela em atraso, e
cláusula penal, fixada em 10% (dez por cento) do valor do contrato, em caso de
inadimplência. Após o pagamento de nove parcelas, Tiago foi surpreendido com a
notificação extrajudicial enviada por Ronaldo, em que se comunicava um reajuste
de 30% (trinta por cento) sobre o valor da última parcela paga sob o argumento
de que ocorreu elevada desvalorização no câmbio. Tiago não concordou com o
reajuste e ao tentar efetuar o pagamento da décima parcela com base no valor
inicialmente ajustado teve o pagamento recusado por Ronaldo. Considerando o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 85


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
caso acima e as regras previstas no Código Civil, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) caso Tiago consigne o valor da décima parcela por meio de depósito judicial,
poderá levantá-lo enquanto Ronaldo não informar o aceite ou não o impugnar,
desde que pague todas as despesas.
(B) na hipótese de Tiago consignar judicialmente duas máquinas de costura com
a finalidade de afastar a incidência dos encargos moratórios e da cláusula penal,
este depósito será apto a liberá-lo da obrigação assumida.
(C) o depósito consignatório realizado por Tiago em seu domicílio terá o poder
liberatório do vínculo obrigacional, isentando-o do pagamento dos juros
moratórios e da cláusula penal.
(D) Tiago poderá depositar o valor referente à décima parcela sob o fundamento
de injusta recusa, porém não poderá discutir, no âmbito da ação consignatória,
a abusividade ou ilegalidade das cláusulas contratuais.
COMENTÁRIOS. Acerca do pagamento em consignação, reza o art. 338 do CC
que, enquanto o credor (Ronaldo) não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor (Tiago) requerer o levantamento, pagando as
respectivas despesas. Por outro lado, exige-se que a consignação recaia sobre o
mesmo objeto devido a título de pagamento (CC, art. 336) – no caso, a décima
parcela, e não as máquinas de costura. Com relação ao foro competente para a
propositura da ação consignatória, dispõe o art. 540, CPC/2015 que ele deve
corresponder ao lugar do pagamento; portanto, se as partes ajustaram que o
pagamento seria feito no domicílio do credor (Ronaldo), lá deverá ser proposta a
consignação. Afinal, permite a jurisprudência que eventual ilegalidade das
cláusulas contratuais possa ser discutida no bojo da ação consignatória, em
caráter incidente. Gabarito: “A”.

16) (FGV – TCE/BA – Analista de Controle Externo – 2013) João obrigou-


se contratualmente a entregar para José o touro Barnabé que fora
avaliado no mercado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Na data da
entrega, por ter se apegado ao animal, João resolve entregar o touro
Benedito, mesmo ficando no prejuízo, já que este último tinha sido
avaliado em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Diante de tal situação,
considerando os preceitos legais relativos ao pagamento, assinale a
afirmativa CORRETA.
(A) João, sem a necessidade da anuência de José, efetua o pagamento através
da entrega do touro Benedito.
(B) João, para adimplir a obrigação efetua o pagamento da quantia de R$
5.000,00 (cinco mil reais), não restando qualquer prejuízo para José.
(C) José se recusa a receber o touro avaliado em R$ 10.000,00 (dez mil reais)
ou o valor em que o touro Barnabé foi avaliado, ou seja, R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).
(D) José se recusa a receber o valor do touro Barnabé, pois não teria qualquer
compensação, mas não pode se recusar a receber o touro Benedito, mais valioso
do que o touro Barnabé.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 86


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) José se recusa a receber o touro Benedito, mas não pode se recusar a receber
o equivalente em dinheiro do valor da avaliação do touro Barnabé, já que tal
valor é o montante, em espécie, do objeto da prestação.
COMENTÁRIOS. Ainda que o touro Benedito valha mais que o Barnabé, José não
é obrigado a receber o mais valioso. Observem que a obrigação assumida foi a
entrega do touro Barnabé e não do Benedito. Também não é a hipótese de se
transformar a obrigação de entregar o touro em entrega de dinheiro. Portanto, o
credor da obrigação pode se recusar a receber o outro touro (ainda que mais
valioso), bem como a quantia em dinheiro que o touro Barnabé foi avaliado. O art.
313, CC é claro no sentido de que "o credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa". Gabarito: “C”.

17) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2010) Com


relação ao pagamento, analise as afirmativas a seguir.
I. Terceiros não interessados podem pagar a dívida em seu próprio nome,
desde que esteja vencida.
II. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, a
não ser que seja substancialmente mais valiosa.
III. O pagamento cientemente feito a credor incapaz de quitar não vale, a não
ser que o devedor prove que o pagamento efetivamente reverteu em benefício
do credor.
Assinale:
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa III estiver correta.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois terceiros não interessados podem
pagar a dívida desde que o façam em nome e à conta do devedor (e não em seu
próprio nome), salvo oposição dele. O item II está errado, pois o credor não é
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa
(art. 313, CC). Finalmente o item III está correto, nos termos do art. 310, CC.
Gabarito: “E”.

18) (FGV – Advogado do Senado Federal – 2010) Francisco (68) e Adair


Souza (67), pais de Roberto Souza, ingressam em juízo em face do filho,
pleiteando alimentos de R$ 2 mil. Em sua resposta, o filho alega que só poderia
arcar com alimentos de R$ 1 mil e requer que seja chamada à lide sua irmã,
Clarice. A obrigação dos filhos de Francisco e Adair, com relação a prestar
alimentos aos pais, é:
(A) conjunta.
(B) solidária.
(C) subsidiária.
(D) concomitante.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 87


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) subsequente.
COMENTÁRIOS. Questão difícil. A princípio, a obrigação de prestar alimentos por
parentesco regida pelo Código Civil (art. 1.698) é de natureza conjunta, porque
cada devedor tem dever autônomo em relação ao credor de alimentos. Ensina a
doutrina que "se os alimentos forem devidos por mais de uma pessoa, a prestação
deverá ser cumprida por todas, na proporção dos haveres de cada uma, não sendo
solidária. Isto porque o dispositivo citado não é expresso e a solidariedade não se
presume, resultando de lei ou convenção entre as partes”. Assim, na ação de
alimentos proposta pelos pais contra um filho eleito não se pode impor aos autores
(pais) que demandem contra todos os filhos, não havendo litisconsórcio passivo
necessário entre eles, devedores dos alimentos. No entanto, no caso concreto há
uma peculiaridade. A questão deixa claro que os pais são idosos (maiores de 60
anos), e, por isso, são protegidos por lei especial, que prevalece sobre a geral. O
art. 12 do Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741/03) dispõe que a “obrigação alimentar
é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores”. Gabarito: “B”.

19) (FGV – Advogado do Banco do Estado de Santa Catarina – 2004)


Pafúncio é devedor da quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) ao Banco
da Praça S.A. Aconselhado pelo gerente do Banco, Pafúncio contraiu nova dívida
no valor de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), a ser paga em dez
prestações, para quitar, extinguir e substituir a dívida anterior. Do ponto de vista
do direito das obrigações, nesse caso ocorreu uma:
(A) novação.
(B) remissão.
(C) compensação.
(D) dação em pagamento.
(E) transação.
COMENTÁRIOS. Na novação extingue-se uma obrigação, criando outra de
imediato. Ela pode incidir no objeto ou nas partes. No caso houve alteração da
prestação, portanto ocorreu uma novação objetiva ou real (alteração da
prestação). Gabarito: “A”.

20) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2011) A dação em pagamento é


(A) modalidade de obrigação alternativa, na qual o credor consente em receber
objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada.
(B) modalidade de obrigação facultativa, na qual o credor consente em receber
objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada.
(C) causa extintiva da obrigação, na qual o credor consente em receber objeto
diverso ao da prestação originariamente pactuada.
(D) modalidade de adimplemento direto, na qual o credor consente em receber
objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada.
COMENTÁRIOS. A dação em pagamento é modalidade que extingue a obrigação
mediante a entrega (pelo devedor) de objeto diverso do originariamente pactuado.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 88


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Observem o art. 356, CC: O credor pode consentir em receber prestação diversa
da que lhe é devida. Gabarito: “C”.

21) (FGV – Companhia Docas da Bahia – 2010) Quando credores


recíprocos procedem à mutua quitação, pode-se denominar essa
operação de
(A) imputação.
(B) compensação.
(C) confusão.
(D) transação.
(E) simulação.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 840, CC, dá-se a transação quando os
interessados, para prevenirem ou terminarem o litígio fazem concessões mútuas,
sendo que o instituto somente é cabível quanto a direitos patrimoniais de caráter
privado. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem,
apenas se declaram ou reconhecem direitos. Gabarito: “D”.

22) (FGV – TJ/AM – Serviços Notariais e de Registro – 2010) Assinale a


alternativa CORRETA.
(A) a cláusula penal tem o objetivo de reforço obrigacional.
(B) a cláusula penal tem a natureza, exclusivamente, compensatória.
(C) não há qualquer vedação legal a que o valor da cominação imposta na
cláusula penal exceda o da obrigação principal.
(D) para exigir a pena convencional, é necessário que o credor alegue prejuízo.
(E) tendo a obrigação pluralidade de devedores e sendo indivisível, a lei civil não
prevê ação regressiva aos não culpados contra quem deu causa à aplicação da
pena convencional.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Cláusula penal, também chamada de
multa convencional é a penalidade imposta pela inexecução parcial ou total da
obrigação ou pela mora no cumprimento da obrigação. Ela possui duas funções:
a) preventiva (coercitiva), pois intimida o devedor a saldar a obrigação principal
para não ter que pagar a acessória, reforçando o vínculo obrigacional e a
necessidade de cumprir a obrigação; b) repressiva (ressarcimento), pois trata-se
de uma pré-fixação das perdas e danos no caso de inadimplemento da obrigação.
A letra “b” está errada, pois a cláusula penal pode ser compensatória (estipulada
para a hipótese de total inadimplemento (inexecução) da obrigação: art. 410, CC)
ou moratória (estipulada para evitar o retardamento culposo no cumprimento da
obrigação ou em segurança especial de outra cláusula determinada: art. 411, CC).
A letra “c” está errada, pois o art. 412, CC prevê que o valor da cominação imposta
na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. A letra “d” está
errada, pois nos termos do art. 408, CC incorre de pleno direito o devedor na
cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se
constitua em mora. Finalmente a letra “e” está errada, pois nos termos do art.
414, CC, sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um
deles incorrerão na pena. No entanto, o parágrafo único deste dispositivo prevê
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 89
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
que aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu
causa à aplicação da pena. Gabarito: “A”.

23) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A multa convencional nas obrigações pecuniárias cumpre
função:
(A) punitiva e liberatória.
(B) compensatória e punitiva.
(C) de pré-fixação das perdas e danos e punitiva.
(D) de reforço da necessidade de cumprir a obrigação principal e de pré-fixação
das perdas e danos.
(E) de reforno da necessidade de cumprir a obrigação principal e liberatória.
COMENTÁRIOS. Como vimos, a multa convencional (ou cláusula penal) possui
duas funções: preventiva (coercitiva), pois intimida o devedor a saldar a obrigação
principal para não ter que pagar a acessória, reforçando o vínculo obrigacional e
a necessidade de cumprir a obrigação; repressiva (ressarcimento), pois trata-se
de uma pré-fixação das perdas e danos no caso de inadimplemento da obrigação.
Gabarito: “D”.

24) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) As despesas com o pagamento são:
(A) do credor, que tem interesse em receber.
(B) do devedor, que tem a obrigação de pagar.
(C) do credor e do devedor, devendo ser repartidas por igual.
(D) do devedor, exceto se o contrário tiver sido estipulado no contrato.
(E) do credor, exceto se o contrário foi firmado no ajuste.
COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 325 do CC, presumem-se a cargo do devedor
as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do
credor, suportará este a despesa acrescida. Isso é assim, porque o credor tem o
direito de receber a prestação livre de qualquer encargo ou dispêndio. Ex.: quando
alguém compra um imóvel ficará responsável pelas despesas com a escritura e o
registro. No entanto, nada impede que se estabeleça de forma diversa no contrato.
Gabarito: “D”.

25) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ –


2010) Assinale a alternativa CORRETA.
(A) a mora ex re deriva de inadimplemento de obrigação, positiva e líquida, para
cujo pagamento se estabeleceu prazo certo. Neste caso, a constituição da mora
é automática, sem necessidade de interpelação judicial ou extrajudicial do credor.
(B) o devedor em mora sempre responde pela impossibilidade da prestação,
ainda que esta decorra de caso fortuito ou força maior.
(C) a mora do credor possui o condão de afastar do devedor a responsabilidade
pela conservação da coisa, mesmo que este último atue dolosamente.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 90


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(D) os juros de mora são contados desde a constituição do devedor em mora, no
caso da mora ex persona.
(E) o credor, quando a prestação devida tornar-se inútil por mora do devedor,
pode exigir deste a satisfação das perdas e danos cumulada com a prestação de
obrigação alternativa.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois a mora “ex re” deriva de
inadimplemento de obrigação positiva, liquida, com data certa, sendo automática
(art. 397, CC); trata-se da mora de pleno direito. A letra “b” está errada.
Observem o art. 399, CC: o devedor em mora responde pela impossibilidade da
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior,
se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o
dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
A letra “c” está errada nos termos do art. 400, CC: a mora do credor subtrai o
devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o
credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-
la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia
estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. A letra “d” está errada, pois
os juros de mora contam-se desde a citação inicial, nos termos do art. 405, CC.
Finalmente a letra “e” está errada pois segundo o parágrafo único do art. 395, CC
se a prestação, devido a mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la e
exigir a satisfação das perdas e danos. Gabarito: “A”.

26) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) Luis, produtor de soja, firmou
contrato de empréstimo de um trator com seu vizinho João. No contrato,
Luis se comprometeu a devolver o trator 10 dias após o término da
colheita. Restou ainda acordado um valor para a hipótese de atraso na
entrega. Considerando o caso acima, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) caracterizada a mora na devolução do trator, Luiz responderá pelos prejuízos
decorrentes de caso fortuito ou de força maior, salvo se comprovar que o dano
ocorreria mesmo se houvesse cumprido sua obrigação na forma ajustada.
(B) por se tratar de hipótese de mora pendente, é indispensável a interpelação
judicial ou extrajudicial para que João constitua Luis em mora.
(C) Luis, ainda que agindo dolosamente, não terá responsabilidade pela
conservação do trator na hipótese de João recusar-se a receber o bem na data
ajustada.
(D) não caracteriza mora a hipótese de João se recusar a receber o trator na data
avençada para não comprometer o espaço físico de seu galpão, vez que é
necessária a comprovação de sua culpa e a ausência de justo motivo.
COMENTÁRIOS. A questão trata sobre a mora. A letra “a” está correta nos exatos
termos do art. 399, CC: O devedor em mora responde pela impossibilidade da
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior,
se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o
dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
Explicando melhor: Luís está em atraso quanto à obrigação de devolver o trator.
Ocorreu uma enchente em sua fazenda e o trator se perdeu. Em regra, mesmo

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 91


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
ocorrendo um caso fortuito ou força maior (na questão foi a enchente), Luís
responderá pelo valor do trator mais perdas e danos. No entanto se ele provar
que a enchente também atingiu a fazenda do credor (João), onde supostamente
estaria o trator se não houvesse o atraso, tal responsabilização deveria ser
afastada. A letra “b” está errada, pois no caso se trata de mora “ex re” (é a que
decorre de fato previsto em lei ou em contrato). Estabelece o art. 397, CC: O
inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno
direito em mora o devedor. Assim sendo, é desnecessária qualquer outra
interpelação do credor, seja judicial ou extrajudicial. A letra “c” está errada, pois
se Luis agir com dolo terá responsabilidade pela conservação da coisa. O art. 400,
CC estabelece que a mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as
despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais
favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o
pagamento e o da sua efetivação. A letra “d” está errada, uma vez que a mora
também pode ser do credor, caso este se recuse a receber a coisa no tempo, lugar
e forma que a lei ou a convenção estabelecer (art. 394, segunda parte, CC).
Gabarito: “A”.

27) (FGV – Advogado do PROCEMPA – Processamento de Dados do


Município de Porto Alegre/RS – 2014) As obrigações nascem para ser
satisfeitas, implementadas, cumpridas. O adimplemento de uma obrigação é
denominado pagamento e acarreta a liquidação, a extinção de uma obrigação.
Dessa forma, o pagamento pode ser direto ou indireto, sendo tais formas
disciplinadas pelo Código Civil. Por outro lado, o Código Civil também elenca duas
formas de transmissão de obrigações, que não se confundem com o pagamento.
Dentre os institutos listados a seguir, assinale o que não é previsto pelo
Código Civil como pagamento e sim como forma de transmissão de
obrigação.
(A) Cessão de crédito.
(B) Remissão de dívida.
(C) Novação.
(D) Sub-rogação.
(E) Dação.
COMENTÁRIOS. Dentre os institutos apresentados o único que não se configura
como pagamento, mas sim como transmissão de uma obrigação é a cessão de
crédito, prevista nos arts. 286 e seguintes, CC. Gabarito: “A”.

28) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2009) A


respeito da cessão de crédito, analise as afirmativas a seguir:
I. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que tinha contra o cedente
no momento em que veio a ter conhecimento da cessão.
II. Na cessão de crédito por título oneroso, ainda que não se responsabilize, o
cedente fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo
em que lhe cedeu.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 92


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
III. A cessão de crédito apenas é eficaz em relação ao devedor quando a este
notificada ou quando o devedor se declarar ciente da cessão por meio de
escrito público ou particular.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
COMENTÁRIOS. O item I está certo nos termos do art. 294, CC. De fato, o crédito
é transferido com as mesmas características que possuía à época da cessão, não
podendo o cedente por óbvio, transferir mais direito do que tenha. O cessionário
passa a ter os mesmos direitos do cedente, incluindo bônus e ônus. Sendo assim,
poderá o devedor opor contra o cessionário todas as formas de defesa de que
dispunha contra o cedente, ao tempo em que teve conhecimento da cessão. O
item II está correto nos termos do art. 295, CC. Se “A” é credor “B” no montante
de 100 e cede onerosamente a “C” por 80, independente de haver ou não cláusula
expressa de responsabilidade, “A” é responsável pela existência dos 100 no
momento da transferência. Caso o crédito transferido seja nulo ou inexistente, “A”
deverá ressarcir a “C” os prejuízos causados. Finalmente o item III também está
correto, nos termos do art. 290, CC. Se um crédito for cedido, o devedor deve ser
notificado para pague corretamente ao novo credor. Caso o devedor declare que
tem ciência da cessão do crédito, a notificação não se faz necessária. Gabarito:
“E”.

29) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2010) Com base no Código Civil, a
respeito da assunção de dívida, analise as proposições a seguir:
I. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo ainda que, ao
tempo da assunção, fosse insolvente e o credor conhecesse essa situação.
II. Mesmo com o assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se
extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele
originariamente dadas ao credor.
III. O novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam
ao devedor primitivo.
Assinale:
(A) se apenas a proposição I estiver correta.
(B) se apenas a proposição II estiver correta.
(C) se apenas as proposições I e II estiverem corretas.
(D) se todas as proposições estiverem corretas.
(E) se nenhuma proposição estiver correta.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, nos termos do art. 299, CC. Se o novo
devedor já é insolvente ao tempo da assunção da dívida, então o devedor primitivo
não fica exonerado da obrigação, pois, neste caso, a transferência da dívida irá

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 93


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
prejudicar o credor. O item II está errado, nos termos do art. 300, CC. As
chamadas garantias especiais dadas pelo devedor primitivo ao credor, ou seja,
aquelas garantias que não são da essência da dívida e que foram prestadas em
atenção à pessoa do devedor, como, por exemplo, as garantias dadas por terceiros
(fiança, aval, hipoteca de terceiro), só subsistirão se houver concordância
expressa do devedor primitivo e, em alguns casos, também do terceiro que houver
prestado a garantia. Finalmente o item III também está errado, nos termos do
art. 302, CC. O novo devedor não poderá opor ao credor as defesas pessoais (ex.:
incapacidade, vício de consentimento, etc.) que eram cabíveis ao devedor
primitivo. Ele somente poderá opor as exceções preexistentes à cessão do débito
(ex.: pagamento, extinção ou nulidade da obrigação) ou as exceções pessoais que
lhe disserem respeito, ou decorrentes da própria relação jurídica (ex.:
compensação, novação, etc.). Gabarito: “E”.

30) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) A


respeito dos atos unilaterais descritos no Código Civil, é CORRETO afirmar
que
(A) aquele que indevidamente recebeu, ainda que de boa–fé, determinado imóvel
e o aliena por título oneroso, responderá não só pelo valor do imóvel como
também por perdas e danos.
(B) contrai obrigação de cumprir o prometido aquele que, por meio de anúncios
públicos, se compromete a recompensar a quem preencher certa condição.
(C) é possível exigir a repetição do que se pagou por uma dívida prescrita.
(D) não se admite a intervenção na gestão de negócio alheio daquele que não
tenha sido autorizado pelo interessado.
(E) a restituição, na hipótese de enriquecimento sem causa, será devida, salvo
se a causa que tenha justificado o enriquecimento deixe de existir.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada nos termos do art. 879, CC: Se aquele
que indevidamente recebeu um imóvel o tiver alienado em boa-fé, por título
oneroso, responde somente pela quantia recebida; mas, se agiu de má-fé, além
do valor do imóvel, responde por perdas e danos. A letra “b” está correta, nos
termos do art. 854, CC: Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a
recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe
certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. A letra “c” está errada,
pois segundo o art. 882, CC, não se pode repetir o que se pagou para solver dívida
prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. A letra “d” está errada,
pois mesmo aquele que sem autorização do interessado, intervém na gestão de
negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu
dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar (art. 861, CC).
Finalmente a letra “e” está errada, pois estabelece o art. 885, CC que a restituição
é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento,
mas também se esta deixou de existir. Gabarito: “B”.

31) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Joana firmou contrato com Virginia obrigando-se a entregar-lhe um
vestido. Antes da tradição, porém, Joana utilizou o vestido em uma festa

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 94


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
e derrubou vinho sobre ele, manchando o vestido. Diante dessa situação,
Virginia poderá:
(A) aceitar o vestido, ou o equivalente em dinheiro, desde que renuncie às perdas
e danos.
(B) postular somente o equivalente em dinheiro, desde que renuncie ao
recebimento do vestido.
(C) aceitar o vestido, ou o equivalente em dinheiro, além de postular perdas e
danos.
(D) apenas postular perdas e danos.
(E) aceitar o vestido, apenas, desde que renuncie às perdas e danos.
COMENTÁRIOS. A questão trata da obrigação de dar. No caso Joana deveria
entregar o vestido a Virgínia. Antes da tradição (entrega) do vestido houve uma
deterioração do bem, por culpa de Joana (derrubou vinho, manchando). Desta
forma, deve-se aplicar o art. 236, CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor
exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a
reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. Gabarito:
“C”.

32) (FGV – COMPESA – Advogado – 2016) Amanda, Bianca e Cristiana


contraíram empréstimo no valor de R$ 150.000,00 a Frederico, com vista a iniciar
um negócio conjunto, tendo o contrato estabelecido a solidariedade entre as três
devedoras. Depois de concluído o negócio, contudo, Frederico exonerou Amanda
da solidariedade. Já Bianca veio a falecer, deixando dois herdeiros maiores e
capazes, seus filhos Felipe e Bernardo, cabendo a cada um, na partilha, herança
bastante superior ao valor do empréstimo. Considerando ter havido o vencimento
da dívida depois de realizada a partilha dos bens deixados pela devedora Bianca,
com relação à exigibilidade do crédito assinale a afirmativa correta.
(A) Frederico poderá exigir a dívida toda, tanto de Amanda quanto de Felipe,
Bernardo ou Cristiana.
(B) Frederico poderá exigir a dívida toda de Amanda ou Cristiana, mas nada
poderá exigir de Felipe ou Bernardo.
(C) Frederico poderá exigir a dívida toda de Cristiana, mas nada poderá exigir de
Amanda; já com relação a Felipe e Bernardo, poderá exigir de cada um a cota
correspondente ao seu quinhão hereditário.
(D) Frederico poderá exigir a dívida toda de Cristiana; de Amanda, apenas a sua
cota parte; mas nada poderá exigir de Felipe ou de Bernardo.
(E) Frederico poderá exigir a dívida toda de Cristiana; de Amanda, apenas a sua
cota parte; de Felipe e de Bernardo, poderá exigir, de cada um, a cota
correspondente ao seu quinhão hereditário.
COMENTÁRIOS. Em relação a Cristiana não há alteração; continua
normalmente como devedora solidária. Art. 275, CC: O credor tem direito a exigir
e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida
comum. Como Bianca faleceu, sua parte na dívida é transferida para seus

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 95


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
herdeiros Felipe e Bernardo. Art. 276, CC: Se um dos devedores solidários
falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota
que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível;
mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos
demais devedores. Finalmente Amanda teve exonerada a solidariedade na dívida,
mas não a dívida propriamente dita (não houve perdão da dívida), portanto
continua responsável pela sua quota-parte. Art. 282. O credor pode renunciar à
solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo
único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a
dos demais. Gabarito: “E”.

33) (FGV – Exame da OAB Unificado – 2015) Joana e suas quatro irmãs, para
comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para organizar a
festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs arcariam solidariamente com
todos os gastos. Ricardo, ao requerer o sinal de pagamento, previamente
estipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada uma das irmãs informava
que a outra tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo
cumpriu sua parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para cobrar
pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa
correta.
(A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de Joana, as outras
irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito.
(B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar das outras,
ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente.
(C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos, qualquer um deles
deverá arcar com o total da parte de sua mãe.
(D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para receber o total do
serviço, uma vez que se trata de obrigação divisível.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Segundo o art. 275, CC, na
solidariedade passiva o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns
dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Portanto Ricardo pode
acionar apenas uma das devedoras (Joana), sendo que as demais devedoras
continuarão responsáveis pelo débito. Até porque, estabelece o parágrafo único
do dispositivo citado: “Não importará renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”. A letra “b” está errada.
Estabelece o art. 283, CC: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito
a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por
todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os codevedores. A letra “c” está errada. Art. 276, CC: Se um dos devedores
solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão
a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em
relação aos demais devedores. A letra “d” está errada. Como a obrigação é
solidária, ainda que a prestação seja divisível, Ricardo pode exigir de um, de
alguns, ou de todas as devedoras o valor da dívida comum (art. 275, CC).
Gabarito: “A”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 96


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
34) (FGV – Prefeitura de Paulínia – Procurador – 2016) Joana contrata com
Felipe a compra e a venda de televisor de propriedade deste, mediante pagamento
à vista. Foi avençado que o bem seria entregue na casa da compradora em dez
dias, sendo de responsabilidade do vendedor a entrega do bem. Passados os dez
dias da contratação, Felipe informa que a televisão havia sido roubada durante o
trajeto da entrega e, portanto, o contrato estava resolvido em decorrência de força
maior, não havendo a possibilidade de devolução do valor pago. Joana consulta
um advogado, que a instrui que
(A) como a televisão foi roubada sem culpa de Felipe e antes da tradição, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes, não sendo Felipe obrigado a restituir
o valor pago.
(B) Felipe deverá entregar a Joana uma televisão de qualidade e marca iguais ou
semelhantes àquela furtada, a ser escolhida por Joana, na medida em que o bem
é fungível.
(C) o valor pago por Joana na compra da televisão deverá ser devolvido por
Felipe, ainda que haja a configuração de hipótese de caso fortuito, pois a
obrigação de Felipe de dar coisa certa não se efetivou.
(D) Joana poderá exigir a restituição do valor pago a Felipe, com direito a
reclamar indenização por eventuais perdas e danos.
(E) Joana terá direito a reclamar perdas e danos, somente.
COMENTÁRIOS. O caso apresentado trata da obrigação de dar coisa certa. A
coisa, sendo certa e determinada, não pode simplesmente ser substituída. Como
Joana pagou pela televisão que não recebeu, tem, direito de reaver o valor pago
antecipadamente. No entanto, como não houve culpa por parte de Felipe (foi
roubado), ele está livre de qualquer outro tipo de indenização. Art. 234, CC: Se,
no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva,
fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa
do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Gabarito:
“C”.

Exercícios Complementares
Fundação Carlos Chagas

01) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Na obrigação


de dar coisa certa,
(A) se, antes da tradição, a coisa se perder sem culpa do devedor, este
responderá pelo equivalente mais perdas e danos.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 97


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(B) até a ocorrência da tradição, a coisa pertence ao devedor, com seus
melhoramentos, pelos quais poderá exigir aumento no preço.
(C) os acessórios não estão abrangidos por ela, salvo se o contrário resultar do
título ou das circunstâncias do caso.
(D) se esta se deteriorar, ao credor não é dado recebê-la no estado em que se
encontra, com abatimento do preço.
(E) se, depois da tradição, a coisa se perder sem culpa do devedor, este
responderá pelo equivalente mais perdas e danos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois se a coisa se perde sem culpa do
devedor antes da tradição (entrega), fica resolvida (extinta) a obrigação para
ambas as partes (art. 243, 1ª parte, CC). A letra “b” está correta nos termos do
art. 237, CC. A letra “c” está errada, pois estabelece o art. 233, CC que em regra
a obrigação de dar a coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados. A letra “d” está errada, pois se a coisa se deteriorar, não sendo o
devedor culpado, poderá o credor resolver (extinguir) a obrigação ou aceitá-la,
abatido de seu preço o valor que se perdeu. A letra “e” está errada, pois se a coisa
se perder depois da entrega (tradição) da coisa sem vícios, a responsabilidade
será do próprio credor. Gabarito: “B”.

02) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Analista Judiciário – 2013)


Considere as seguintes assertivas a respeito da obrigação de dar coisa
certa e da obrigação de dar coisa incerta:
I. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço. Os frutos percebidos
são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
II. Em regra, a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora
não mencionados.
III. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
IV. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero. Nas coisas
determinadas pelo gênero, em regra, a escolha pertence ao credor.
De acordo com o Código Civil brasileiro está CORRETO o que se afirma
APENAS em
(A) I, II e III.
(B) I, II e IV.
(C) I e III.
(D) II, III e IV.
(E) II e IV.
COMENTÁRIOS. A afirmação I está correta, conforme o art. 237 e seu parágrafo
único, CC. A afirmação II está certa, nos termos do art. 233, CC. O item III está
correto conforme o art. 246, CC. Finalmente o item IV está errado conforme o art.
244, CC, pois a escolha, em regra, pertence ao devedor. Gabarito: “A” (corretas
as assertivas I, II e III).

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 98


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
03) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) A
solidariedade
(A) pode ser renunciada, pelo credor, em favor de um ou de alguns devedores,
caso em que subsistirá em relação aos demais.
(B) é presumida pelo vínculo econômico entre os de vedores.
(C) extingue-se no caso de pagamento parcial.
(D) abrange as cláusulas estipuladas entre um dos devedores solidários e o
credor, independentemente do consentimento dos demais devedores, mesmo
que tenham a situação agravada.
(E) deixa de existir, por renúncia, no caso de propositura de ação, pelo credor,
contra um ou todos os devedores.
COMENTÁRIOS. Prevê o art. 282, CC: O credor pode renunciar à solidariedade
em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor
exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Gabarito: “A”.

04) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) Em


relação às obrigações solidárias, analise as seguintes afirmações:
I. Importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores, não demandando de imediato os demais.
II. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou
codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o
outro.
III. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes
só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I.
(B) II e III.
(C) I e III.
(D) II.
(E) I e II.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois estabelece o parágrafo único do art.
275, CC, que não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo
credor contra um ou alguns dos devedores. O item II está correto, uma que é
transcrição literal do art. 266, CC. O item III está correto, pois é o que dispõe
literalmente o art. 270, CC. Gabarito: “B” (estão corretas as assertivas II e III).

05) (COPESE/UFT – DPE/TO – Analista em Gestão – Ciências Jurídicas –


2013) Conforme o disposto no Código Civil, sobre o direito das obrigações,
assinale a alternativa CORRETA:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 99


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
I. Se, na obrigação de dar coisa certa, a coisa se perder, com culpa do devedor,
antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes; se a perda ocorrer sem culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
II. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, mas não poderá exigir aumento
no preço por eventuais melhoramentos e acrescidos da coisa.
III. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence
ao credor, se o contrário não resultar do título da obrigação.
IV. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor, se outra coisa não
se estipulou.
Assinale a opção CORRETA:
(A) apenas os itens I e II estão corretos.
(B) apenas os itens III e IV estão corretos.
(C) todos os itens estão corretos.
(D) todos os itens estão incorretos.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois a situação é exatamente inversa.
Dispõe o art. 234, CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem
culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do
devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. O item II está
errado, pois estabelece o art. 237, CC: Até a tradição pertence ao devedor a coisa,
com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no
preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. O item III
está errado. Prescreve o art. 244, CC: Nas coisas determinadas pelo gênero e pela
quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título
da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a
melhor. O item IV está errado. Prevê o art. 252, CC: Nas obrigações alternativas,
a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. Gabarito: “D” (todos
os itens estão errados).

06) (TJ/SC – Analista Jurídico – 2013) No que tange às “obrigações


solidárias”, é CORRETO afirmar segundo dispõe o Código Civil:
(A) não se presumem, resultam apenas da lei.
(B) resultam somente da vontade das partes.
(C) não se presumem, podem resultar da vontade das partes.
(D) presumem-se desde que resultem da lei.
(E) presumem-se quando resultam da lei, não se presumindo quando resultam
da vontade das partes.
COMENTÁRIOS. Segundo dispõe o art. 265, CC, a solidariedade não se presume;
resulta da lei ou da vontade das partes. Gabarito: “C”.

07) (FCC – PGE/SP – Procurador do Estado – 2013) Havendo pluralidade


de credores de obrigação indivisível
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 100
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) o devedor pode se exonerar pagando a um dos credores, dispensada a
ratificação dos demais.
(B) poderá cada um deles exigir o todo da obrigação, desde que haja expressa
previsão contratual autorizadora.
(C) cada um deles pode exigir a totalidade da obrigação, exceto se convertida
em perdas e danos.
(D) a remissão da dívida por um dos credores não prejudica os demais, que
podem exigir toda a obrigação sem desconto ou compensação, dada a
impossibilidade de cisão do seu objeto.
(E) só poderão exigir a cota parte que lhes couber, mas se um deles receber a
prestação por inteiro, deverá ressarcir os demais na medida de suas respectivas
participações.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 260, II, CC, se
a pluralidade for dos credores, de fato, o devedor ou devedores se desobrigarão,
pagando a todos conjuntamente ou a um, dando este caução de ratificação dos
outros credores. A letra “b” está errada, pois para que cada credor possa exigir a
dívida toda não é necessária previsão contratual expressa. A letra “c” está certa.
Nos termos do art. 261, CC, no caso de pluralidade de credores em obrigação
indivisível, cada credor poderá exigir a dívida inteira. No entanto excetua-se se
houver a conversão em perdas e danos, pois nesta hipótese haverá a extinção da
indivisibilidade (art. 263, CC), ou seja, o objeto passa a ser divisível e cada credor
somente pode exigir sua parte. A letra “d” está errada. No caso de remissão
(perdão) por parte de um dos credores, a obrigação não ficará extinta em relação
aos demais, que poderão exigir as suas quotas, descontada a parte remitida (art.
262, CC). A letra “e” está errada, pois no caso de pluralidade de credores em
obrigação indivisível, cada credor poderá exigir a dívida inteira (art. 261, CC).
Gabarito: “C”.

08) (FCC – AL/RN – Assessor Técnico de Controle Interno – 2013) No


tocante à extinção das obrigações,
(A) uma das espécies de sub-rogação é aquela em que ela se opera, de pleno
direito, em favor do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia
ser obrigado, no todo ou em parte.
(B) a compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
infungíveis.
(C) uma vez estabelecida a obrigação, por meio de contrato, o credor não pode
consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
(D) se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento, deverá haver sua imputação por parte do devedor.
(E) implica novação a escolha feita pelo devedor, obrigado por dois ou mais
débitos a um só credor, quanto à dívida que está sendo paga na ocasião.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 346, III, CC. A letra
“b” está errada, pois nos termos do art. 369, CC, a compensação efetua-se entre
dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (substituíveis entre si). A letra “c”

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 101


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
está errada, pois embora o art. 313, CC estabeleça que o credor não é obrigado a
receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa, ele pode
aceitar a substituição desta prestação. A letra “d” está errada, pois se ocorrer
dúvida de quem deva receber a coisa, deve haver o pagamento em consignação
(e não a imputação ao pagamento), nos termos do art. 335, IV, CC. Finalmente a
letra “e” está errada, pois novação é a criação de obrigação nova, para extinguir
a anterior; é a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira.
Gabarito: “A”.

09) (FCC – TRE/RO – Analista Judiciário – 2013) Sobre o adimplemento e


extinção das obrigações, de acordo com o Código Civil, é INCORRETO
afirmar:
(A) a sub-rogação será convencional na hipótese do adquirente do imóvel
hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o
pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel.
(B) ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou estipulado em lei se os bens hipotecados forem
penhorados em execução por outro credor.
(C) no pagamento em consignação julgado procedente o depósito, o devedor já
não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros
devedores e fiadores.
(D) a pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.
(E) no pagamento em consignação se a dívida se vencer, pendendo litígio entre
credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer
a consignação.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. As hipóteses de sub-rogação
convencional estão previstas no art. 347, CC. A hipótese mencionada na
alternativa é de sub-rogação legal, prevista no art. 346, II, CC. A letra “b” está
correta nos termos do art. 333, CC. A letra “c” está correta nos termos do art.
339, CC. A letra “d” está correta, pois tal instituto é chamado de imputação ao
pagamento (art. 352, CC). A letra “e” está correta nos termos do art. 345, CC.
Gabarito: “A”.

10) (FCC – MPE/MA – Analista Ministerial – Direito – 2013) Sobre o


pagamento, no direito obrigacional, analise as seguintes assertivas:
I. No caso de imputação do pagamento, havendo capital e juros, o pagamento
imputar-se-á primeiro no capital, e depois, nos juros vencidos, salvo
estipulação em contrário.
II. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo não é válido para exonerar
o devedor do débito para com o verdadeiro credor.
III. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem
direito a reembolsar-se do que pagar, mas não se sub-roga nos direitos do

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 102


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
credor e se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no
vencimento.
De acordo com o Código Civil brasileiro, está CORRETO o que se afirma
APENAS em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) II e III.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois estabelece o art. 354, CC que havendo
capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois
no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por
conta do capital. O item II está errado, pois de acordo com o art. 309, CC o
pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que
não era credor. O item III está correto nos termos do art. 305 e seu parágrafo
único, CC. Gabarito: “C” (somente o item III está correto).

11) (CESPE/UnB – MPE/RO – Promotor de Justiça – 2013) João assinou


nota promissória em garantia a empréstimo tomado de Carlos, no valor
de R$ 5.000,00. Não tendo conseguido pagar a dívida no prazo acordado,
João solicitou a sua irmã, Cláudia, que assinasse nova nota promissória,
comprometendo-se a realizar o pagamento do débito em sessenta dias.
Carlos concordou com o negócio e o título assinado por João foi
inutilizado. Nessa situação, houve:
(A) assunção de dívida.
(B) cessão de crédito.
(C) novação.
(D) imputação do pagamento.
(E) pagamento com sub-rogação.
COMENTÁRIOS. Como se observa, havia uma dívida entre João (devedor) e
Carlos (credor), materializada em uma nota promissória. Esta foi inutilizada, sendo
feita uma nova nota promissória, tendo agora Cláudia como devedora. Portanto,
ocorreu uma novação subjetiva passiva por delegação (alteração do devedor
primitivo, com o seu consentimento), pois houve a criação de nova obrigação,
extinguindo-se a anterior. Não ocorreu a assunção de dívida (cessão de débito),
pois nesta ocorre a substituição do devedor, sem alteração na substância do
vínculo obrigacional (como vimos, no caso concreto houve a alteração da nota
promissória). Também não ocorreu cessão de crédito, pois neste caso o credor da
obrigação (Carlos) transferiria a outra pessoa (cessionário), sua qualidade de
credor na relação obrigacional (o que não ocorreu na questão). Não ocorreu a
imputação ao pagamento, pois nesta uma pessoa obrigada por dois ou mais
débitos da mesma natureza, a um só credor, tem a faculdade de escolher qual
deles oferece em pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. Também não
ocorreu o pagamento com sub-rogação (pessoal), uma vez que neste ocorre a

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 103


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
substituição dos direitos creditórios, daquele que solveu a obrigação de outrem.
Em outras palavras: é a transferência da qualidade de credor para aquele que
pagou a obrigação alheia. Gabarito: “C”.

12) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) No


tocante à extinção das obrigações, é CORRETO afirmar:
(A) se uma pessoa obrigar-se por terceiro, pode compensar essa dívida com a
que o credor dele lhe dever.
(B) como regra geral, podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas,
bem como as anuláveis.
(C) a novação por substituição do devedor só será efetuada com o consentimento
deste.
(D) a compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 376, CC determina que
obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a
que o credor dele lhe dever. A letra “b” está errada, pois prevê o art. 367, CC que
salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação
obrigações nulas ou extintas. A letra “c” está errada, pois prevê o art. 362, CC
que a novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente
de consentimento deste. A letra “d” está correta nos exatos termos do art. 369,
CC. Gabarito: “D”.

13) (FCC – TJ/SC – Analista Jurídico – 2013) De acordo com o Código


Civil, NÃO constitui uma das formas de extinção das obrigações:
(A) confusão.
(B) novação.
(C) compensação.
(D) assunção de dívida.
(E) remissão de dívida.
COMENTÁRIOS. Das alternativas apresentadas, a assunção de dívida (ou cessão
de débito), prevista nos arts. 299/303, CC, é a única que não extingue a obrigação.
Trata-se de um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor (polo passivo da
obrigação), com a anuência do credor, transfere a um terceiro (novo devedor ou
assuntor) os encargos obrigacionais. Ocorre a substituição do devedor, sem
alteração na substância do vínculo obrigacional. Ou seja, ocorre a mudança do
polo passivo da obrigação, mantendo-se todos os encargos e acessórios, que são
repassados para o novo devedor. As demais alternativas são todas hipóteses
previstas no Título III, do Livro I, da Parte Especial do Código Civil, no tópico:
"Adimplemento e Extinção das Obrigações". Gabarito: “D”.

14) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Analista Judiciário – 2013) A


compensação
(A) pode ocorrer entre dívida proveniente de esbulho e dívida decorrente de
comodato.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 104


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(B) efetua-se entre dívidas líquidas e vencidas de coisas infungíveis.
(C) não pode ser feita se o credor concedeu prazo de favor ao devedor.
(D) da dívida do fiador pode ser feita com a de seu credor ao afiançado.
(E) de dívida de pessoa que se obrigou por terceiro pode ser feita com a que o
credor dele lhe dever.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 369, CC diz que as dívidas
devem ser fungíveis (substituíveis); dividas provenientes de esbulho e de
comodato não são fungíveis entre si. A letra “b” está errada, também pela
expressão infungibilidade. A letra “c”, pois o art. 372 prevê que não obstam a
compensação os prazos de favor. A letra “d” está correta pois é o que prevê o art.
371, segunda parte, CC. A letra “e” está errada, pois nesta hipótese não pode
haver compensação (art. 376, CC). Gabarito: “D”.

15) (TRT/3ª Região/MG – Magistratura do Trabalho – 2013) O Código


Civil prevê algumas hipóteses, nas quais a diferença de causa nas dívidas
não impede a compensação. Assim, em regime excepcional, está
autorizada a compensação de dívidas de causas diferentes, EXCETO:
(A) se provier de furto ou roubo.
(B) se uma se originar de comodato ou depósito.
(C) se uma se originar de alimentos.
(D) se provier de esbulho ou turbação.
(E) se uma for de coisa não suscetível de penhora.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 373, CC: A diferença de causa nas dívidas não
impede a compensação, exceto: I. se provier de esbulho, furto ou roubo; II. se
uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; III. se uma for de coisa não
suscetível de penhora. A única alternativa que não se encaixa perfeitamente no
dispositivo é a letra “d”, pois ele não se refere à turbação. Gabarito: “D”.

16) (FCC – TRE/CE – Analista Judiciário – 2013) No tocante ao


adimplemento e extinção das obrigações, segundo o Código Civil
brasileiro, é CERTO que
(A) é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
(B) sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes não se presumem
pagos.
(C) a entrega do título ao devedor, em regra, não firma a presunção do
pagamento.
(D) em regra, quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da
última não estabelece a presunção de estarem solvidas as anteriores.
(E) o devedor que paga tem direito a quitação regular, mas não pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 316, CC. Esse
dispositivo permite a atualização monetária das dívidas em dinheiro e daquelas de
valor, mediante índice previamente escolhido, utilizando-se as partes, para tanto,
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 105
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
da aludida cláusula de escala móvel. A letra “b” está errada, conforme o art. 323,
CC: Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.
Como os juros não produzem rendimentos, supõe-se que o credor imputaria neles
o pagamento parcial da dívida, e não no capital, que continuaria a render.
Determina a lógica que os juros devem ser pagos em primeiro lugar. A letra “c”
está errada nos termos do art. 324, CC. A entrega do título ao devedor firma a
presunção do pagamento. Extinta a dívida pelo pagamento, o título que a
representava deve ser restituído ao devedor, que poderá exigir a sua entrega,
salvo se nele existirem codevedores cujas obrigações ainda não se extinguiram. A
presunção de pagamento, neste caso, é relativa (juris tantum), pois o credor pode
provar, no prazo legal, que o título se encontra indevidamente na mão do devedor.
A letra “d” está errada nos termos do art. 322, CC. Quando o pagamento for em
quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a
presunção de estarem solvidas as anteriores. Não é natural que o credor receba a
última prestação sem haver recebido as anteriores. Trata-se de presunção relativa
de pagamento. Finalmente a letra “e” está errada, de acordo com o art. 319, CC.
O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento,
enquanto não lhe seja dada. Gabarito: “A”.

17) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – 2013) Sobre o adimplemento


e extinção das obrigações, considere:
I. Efetuar-se-á o pagamento, em regra, no domicílio do credor.
II. O devedor que paga pode reter o pagamento enquanto a quitação não lhe
for dada.
III. A entrega do título ao devedor firma a presunção relativa do pagamento.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois segundo o art. 327, CC, efetuar-se-á
o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das
circunstâncias. O item II está correto nos exatos termos do art. 319, CC. O item
III está correto, pois segundo o art. 324, CC, a entrega do título ao devedor firma
a presunção do pagamento. Acrescenta o parágrafo único desse dispositivo que
ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias,
a falta do pagamento. Ora, como admite-se a possibilidade de prova em contrário
(ex.: o título se encontra indevidamente na mão do devedor), conclui-se que esta
presunção é relativa (juris tantum). Gabarito: “E” (estão corretos os itens II e
III).

18) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2013) O


devedor que paga tem direito a quitação regular, a qual

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 106


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) não poderá ser dada por instrumento particular, se a dívida originar-se de
contrato celebrado por instrumento público ou se for garantida por hipoteca.
(B) sempre poderá ser dada por instrumento particular, mesmo que o contrato
respectivo tenha sido celebrado por instrumento público e a dívida esteja
garantida por hipoteca.
(C) será dada necessariamente por instrumento público, se se tratar de dívida
garantida por hipoteca, ainda que o contrato respectivo tenha sido celebrado por
instrumento particular.
(D) será dada necessariamente por instrumento particular se o contrato também
tiver sido celebrado por instrumento particular e, necessariamente, por
instrumento público, se o contrato também tiver sido celebrado por instrumento
público.
(E) será necessariamente verbal, se o contrato não tiver sido celebrado por
instrumento escrito.
COMENTÁRIOS. A alternativa correta está prevista no art. 320, CC, ou seja, a
quitação poderá sempre se dar por instrumento particular. Gabarito: “B”.

19) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Magistratura do Trabalho – 2013)


Quando o credor se recusa, injustificadamente, a receber o pagamento,
e, quando o devedor descumpre a obrigação positiva e líquida no dia
designado para o seu vencimento, configura-se a
(A) renúncia do credor e a moratória do devedor.
(B) exoneração do devedor e o inadimplemento sem culpa do devedor.
(C) mora accipiendi e a constituição em mora do devedor de pleno direito.
(D) remissão do credor e a moratória do devedor.
(E) remissão do devedor e a constituição em mora do devedor de pleno direito.
COMENTÁRIOS. Quando o credor se recusa, injustificadamente, a receber o
pagamento no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer
configura-se a mora do credor, também chamada de mora accipiendi ou creditoris
(art. 394, segunda parte, CC). A mora do devedor (também chamada de solvendi
ou debitoris) ocorre quando o devedor não cumpre, por culpa sua, a prestação
devida na forma, tempo e lugar estipulados. Se a obrigação for positiva (dar,
fazer) e líquida (certa quanto à existência e determinada quanto ao valor), com
data fixada para o pagamento, o seu não cumprimento implica na mora do devedor
de forma automática, de pleno direito, sem necessidade de qualquer outra
providência do credor (art. 397, caput, CC). Neste caso a mora é chamada de “ex
re”. Gabarito: “C”.

20) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) Sobre a cláusula penal, analise
as afirmações abaixo.
I. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que,
culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
II. Para exigir a pena convencional, é necessário que o devedor alegue e
comprove prejuízo.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 107


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
III. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um
deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do
culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota.
IV. A penalidade não pode ser reduzida pelo juiz, mesmo que a obrigação
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da pena for
manifestamente excessivo, salvo disposição expressa no contrato, autorizando
a redução judicial.
V. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor
exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido,
a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o
prejuízo excedente.
Está CORRETO apenas o que se afirma em
(A) I, III e V.
(B) II, III e IV.
(C) I, IV e V.
(D) II, IV e V.
(E) II, III e V.
COMENTÁRIOS. A assertiva I está correta nos termos do art. 408, CC. O item II
está errado, pois nos termos do art. 416, CC, para exigir a pena convencional, não
é necessário que o credor alegue prejuízo. A afirmação III está certa nos termos
do art. 414, CC. O item IV está errado, pois dispõe o art. 413, CC que a penalidade
deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. Finalmente a
assertiva V está certa, nos termos do parágrafo único do art. 416, CC. Gabarito:
“A” (itens I, III e V estão corretos).

21) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Magistratura do Trabalho – 2013)


Sobre a cláusula penal, considere:
I. Quando se estipular cláusula penal para o caso de total inadimplemento de
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício de credor, mas
quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a
satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação
principal.
II. O valor da cominação imposta na cláusula penal pode ser estipulado
somente em até 50% do valor da obrigação principal.
III. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for
manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do
negócio.
IV. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 108


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
V. Se o prejuízo exceder ao previsto na cláusula penal, o credor poderá exigir
indenização suplementar, ainda que não prevista no contrato, a fim de evitar
o enriquecimento sem causa.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) III, IV e V.
(B) I, III e IV.
(C) I, III e V.
(D) I, II e IV.
(E) II, IV e V.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. Trata-se de uma combinação do art. 410
com o art. 411, ambos do CC. O item II está errado, pois o art. 412, CC permite
que o valor da pena seja até o valor máximo da obrigação principal (e são só de
50%). O item III está correto nos termos do art. 413, CC. O item IV está correto
nos termos do art. 416, CC. Finalmente o item V está errado, pois determina o
parágrafo único do art. 416, CC que ainda que o prejuízo exceda ao previsto na
cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar, se assim não
for convencionado. Gabarito: “B” (corretas as assertivas I, III e IV).

22) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2013) Em


relação à cláusula penal, é CORRETO afirmar:
(A) estipulada a cláusula penal conjuntamente com a obrigação, ou em ato
posterior, poderá ela referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma
cláusula especial ou simplesmente à mora.
(B) se o prejuízo do credor exceder ao estabelecido na cláusula penal, poderá ele
exigir livremente indenização suplementar, independente de previsão contratual.
(C) estipulada a cláusula penal para a hipótese de total inadimplemento
obrigacional, esta converter-se-á em alternativa a benefício do devedor.
(D) a multa estabelecida em cláusula penal terá exclusivamente finalidade
moratória.
(E) a exigência da pena convencional prevista está vinculada à alegação e à prova
do prejuízo pelo credor.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos exatos termos do art. 408, CC. A
letra “b” está errada, pois segundo o parágrafo único do art. 416, ainda que o
prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se tiver sido a pena
vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo
excedente. A letra “c” está errada, pois prevê o art. 410, CC que estipulada a
cláusula penal para a hipótese de total inadimplemento obrigacional, esta
converter-se-á em alternativa a benefício do credor (e não do devedor). A letra
“d” está errada com base no mesmo dispositivo, pois como se vê a multa
estabelecida em cláusula pena tem finalidade moratória (atraso no pagamento),
mas também pode se referir ao caso de total inadimplemento da obrigação. A letra
“e” está errada, pois prevê o art. 416, CC que para exigir a pena convencional não
é necessário que o credor alegue prejuízo. Gabarito: “A”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 109


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
23) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) A teoria do adimplemento
substancial, adotada em alguns julgados, sustenta que
(A) o cumprimento parcial de um contrato impede sua resolução em qualquer
circunstância, porque a lei exige a preservação do contrato.
(B) a prestação imperfeita, mas significativa de adimplemento substancial da
obrigação, por parte do devedor, autoriza apenas a resolução do contrato, mas
sem a composição de perdas e danos.
(C) o adimplemento substancial de um contrato, por parte do devedor, livra-o
das consequências da mora, no tocante à parte não cumprida, por ser de menor
valor.
(D) independentemente da extensão da parte da obrigação cumprida pelo
devedor, manifestando este a intenção de cumprir o restante do contrato e dando
garantia, o credor não pode pedir a sua rescisão.
(E) a prestação imperfeita, mas significativa de adimplemento substancial da
obrigação, por parte do devedor, autoriza a composição de indenização, mas não
a resolução do contrato.
COMENTÁRIOS. A teoria do adimplemento substancial sustenta que não se deve
considerar extinta uma obrigação quando a atividade do devedor, embora não
tenha atingido plenamente o fim proposto (prestação imperfeita), aproximou-se
consideravelmente do seu resultado final. O normal, em caso de descumprimento
de obrigação contratual é que a parte lesada pelo inadimplemento peça a extinção
do contrato, além da indenização por perdas e danos. Entretanto, segundo a teoria
do adimplemento substancial, o credor fica impedido de rescindir o contrato, caso
haja cumprimento de parte essencial da obrigação assumida. No entanto, não
perde o direito de obter o restante do crédito, inclusive eventuais indenizações,
podendo ajuizar ação de cobrança para tanto. Gabarito: “E”.

24) (FCC – Agente Fiscal de Rendas – ICMS/SP – 2013) Quanto à


transmissão das obrigações:
(A) o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem
como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha
contra o cedente.
(B) ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a mais antiga.
(C) a cessão de um crédito, salvo disposição em sentido contrário, não abrange
os seus acessórios.
(D) a cessão do crédito tem eficácia imediata em relação ao devedor,
independentemente do cumprimento de requisitos prévios.
(E) o cedente, como regra geral, responde pela solvência do devedor.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está certa, nos exatos termos do art. 294, CC: O
devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as
que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o
cedente. A letra “b” está errada, pois estabelece o art. 291, CC: Ocorrendo várias
cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 110


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
do crédito cedido. A letra “c” está errada, uma vez que o art. 287, CC dispõe:
Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os
seus acessórios. A letra “d” está errada, pois determina o art. 290, CC: A cessão
do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este
notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita. A letra “e” está errada, pois dispõe
o art. 296, CC: Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela
solvência do devedor. Gabarito: “A”.

25) (FCC – MPE/PE – Analista do Ministério Público – 2013) Considere as


seguintes assertivas a respeito da transmissão das obrigações:
I. Quando terceiro assume obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, ocorrerá a
assunção de dívida.
II. Para que a transmissão de um crédito tenha eficácia perante terceiros a
celebração desta transmissão deverá ocorrer, obrigatoriamente, mediante
instrumento público.
III. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o
cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
IV. Salvo estipulação em contrário, prevê o Código Civil brasileiro que o
cedente responde pela solvência do devedor.
Está CORRETO o que consta APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I, II e III.
(C) I e III.
(D) I e IV.
(E) III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 299, CC. O item II está
errado. Isto porque estabelece o art. 288, CC que é ineficaz em relação a terceiros
a transmissão de um crédito se ele não se celebrar mediante instrumento público
ou instrumento particular revestido da indicação do lugar onde foi passado,
qualificação das partes, data, objetivo, etc. O item III está correto nos termos do
art. 293, CC. O item IV está errado nos termos do art. 296, CC, pois salvo
estipulação em contrário o cedente não responde pela solvência do devedor.
Gabarito: “C” (estão corretas as assertivas I e III).

26) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Lucas vende


um cavalo a José e se obriga a entregá-lo na fazenda do comprador. A
caminho da fazenda, porém, Lucas para em um bar e bebe quatro ou cinco
cachaças com alguns amigos. Embriagado, sai em disparada pelas ruas da
cidade e acidenta-se com o cavalo. Ao ver o cavalo com a pata dianteira
quebrada, José
(A) poderá exigir o equivalente ao que pagou pelo cavalo ou aceitá-lo no estado
em que se encontra, com direito a reclamar, em ambos os casos, indenização
por perdas e danos.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 111


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(B) deverá, necessariamente, aceitar o cavalo, no estado em que se encontra,
com direito a reclamar indenização por perdas e danos.
(C) deverá, necessariamente, exigir o equivalente ao que pagou pelo cavalo, com
direito a reclamar indenização por perdas e danos.
(D) poderá exigir o equivalente ao que pagou pelo cavalo ou aceitá-lo no estado
em que se encontra, com direito a reclamar, apenas na primeira hipótese,
indenização por perdas e danos.
(E) poderá exigir o equivalente ao que pagou pelo cavalo ou aceitá-lo no estado
em que se encontra, com direito a reclamar, apenas na última hipótese,
indenização por perdas e danos.
COMENTÁRIOS. Trata-se de obrigação de dar coisa certa: um cavalo. Se a coisa
se deteriorasse sem culpa do devedor, seria hipótese de extinção da obrigação ou
o credor poderia aceitar a coisa da forma como se encontra, abatido o valor que
se perdeu. No entanto, no caso concreto houve culpa devedor (embriagou-se, saiu
em disparada com o cavalo e acidentou-se), portanto aplica-se o art. 236, CC:
Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa
no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso,
indenização das perdas e danos. Gabarito: “A”.

27) (FCC – TRT/16ª Região/MA – Analista Judiciário – 2014) A respeito


das obrigações divisíveis e indivisíveis, é CORRETO afirmar:
(A) Se um dos credores, nas obrigações divisíveis, remitir a dívida, a obrigação
ficará extinta para com os outros.
(B) O devedor que paga a dívida referente à prestação indivisível não se sub-
roga no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
(C) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos.
(D) Nas obrigações divisíveis, a novação da dívida por um dos credores
prejudicará os demais.
(E) Nas obrigações divisíveis, a compensação da dívida feita por um dos credores
acarreta a extinção do débito para com os outros credores.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois prevê o art. 262, CC: Se um dos
credores remitir (perdoar) a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os
outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
As letras “d” e “e” também estão erradas, pois esse mesmo critério (a dívida não
ficará extinta) é aplicado em relação à novação e à compensação, nos termos do
parágrafo único do art. 262, CC: O mesmo critério se observará no caso de
transação, novação, compensação ou confusão. A letra “b” está errada, pois
dispõe o art. 259, CC: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for
divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que
paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
A letra “c” está correta nos exatos termos do art. 263, CC. Gabarito: “C”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 112


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
28) (FJG-RIO – Assessor Jurídico da Secretaria Municipal de
Administração do Rio de Janeiro – 2014) As obrigações, quanto ao seu
objeto, podem ser:
(A) de dar, de fazer e de não fazer.
(B) simples, compostas e alternativas.
(C) de meio, de resultado e a termo.
(D) puras, condicionais e modais.
COMENTÁRIOS. Na realidade a classificação completa das obrigações quanto
à natureza do objeto é a seguinte: A) POSITIVAS: 1. Obrigação de Dar: a) coisa
certa; b) coisa incerta. 2. Obrigação de Fazer: a) fungível; b)infungível. B)
NEGATIVAS: 1. Obrigação de Não Fazer. Gabarito: “A”.

29) (UESPI – PC/PI – Delegado de Polícia – 2014) São exemplos de


obrigação de fazer infungível.
I. Celebração de contrato oneroso, no qual a arquiteta Marina, contraiu
obrigação intuitu personae de decorar o imóvel de Celeste.
II. Celebração de contrato oneroso de uma banda para tocar em uma festa.
III. Contrato oneroso com oficina para recuperar o motor de um veículo.
IV. Celebração de contrato gratuito com fins de realizar inscrição em um
concurso em cidade diferente do domicílio do mandante.
(A) estão corretos os itens II e III.
(B) apenas o item I está correto.
(C) estão corretos os itens I e II, somente.
(D) apenas o item IV é falso.
(E) estão corretos os itens II e IV.
COMENTÁRIOS. A obrigação de fazer infungível é aquela que a prestação só
pode ser executada pelo próprio devedor ante a sua natureza (aptidões especiais
do devedor) ou disposição contratual. Não há a possibilidade de substituição da
pessoa que irá cumprir a obrigação, pois esta, contratualmente falando, é
insubstituível (intuito personae). Na questão, a única em que houve menção
expressa a uma pessoa específica é o item I. Os demais itens até poderiam ser
infungíveis, desde que isso ficasse consignado, o que não foi o caso. Observem
que no item II não menção de uma banda específica, o mesmo ocorrendo no item
III em relação à oficina. Gabarito: “B”.

30) (FCC – Procurador Judicial – Recife/PE – 2014) Bruno emprestou


dinheiro a Arnaldo no ano de 1980, estipulando que a devolução do montante
deveria ocorrer ainda naquele ano. No entanto, a obrigação não foi cumprida no
prazo. Em 2013, Arnaldo realiza o pagamento, com juros e correção monetária.
Logo depois, porém, é alertado por seu advogado de que, passados 33 anos, Bruno
não poderia realizar cobrança judicial do valor. Por tal razão, Arnaldo ajuíza
ação em que requer a devolução da quantia paga, a qual deverá ser
julgada

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 113


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) improcedente, pois o pagamento de débito prescrito não autoriza pedido de
devolução da quantia paga.
(B) procedente, pela vedação ao enriquecimento ilícito.
(C) improcedente, pois o pagamento de débito sobre o qual se operou decadência
não autoriza pedido de devolução da quantia paga.
(D) procedente, pois havia se operado a prescrição.
(E) procedente, pois havia se operado a decadência.
COMENTÁRIOS. De fato, passados tantos anos, a dívida está irremediavelmente
prescrita. Portanto a essa dívida passou a ser considerada como obrigação natural,
ou seja, obrigação sem proteção judicial, pois não pode mais ser exigida pelo
credor. No entanto, se o devedor pagou espontaneamente a dívida, esse
pagamento valeu. O devedor não pode pedir a restituição do valor desembolsado.
Prevê o art. 882, CC: “Não se pode repetir (pedir de volta) o que se pagou para
solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível”. Assim sendo
a ação proposta por Arnaldo será julgada improcedente. Gabarito: “A”.

31) (FCC – TRF/3ª Região – Técnico Judiciário – 2014) Ricardo, terceiro


não interessado, pagou dívida de seu amigo Cleiton, em seu próprio nome,
antes do vencimento. Nesta hipótese, Ricardo
(A) não poderá reembolsar-se do que pagar uma vez que não possuía interesse
no pagamento da dívida sendo considerada pela legislação mero ato de
liberalidade.
(B) poderá reembolsar-se do que pagar logo após o pagamento e
independentemente do vencimento.
(C) poderá reembolsar-se do que pagar apenas no vencimento e também se sub-
roga nos direitos do credor.
(D) poderá reembolsar-se do que pagar apenas no vencimento, porém não se
sub-roga nos direitos do credor.
(E) apenas sub-roga-se nos direitos do credor logo após o pagamento.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 305, CC, o terceiro não interessado, que paga a
dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não
se sub-roga nos direitos do credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a
dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. Gabarito: “D”.

32) (FCC – Procurador do Município de Cuiabá – 2014) Carlos adquiriu um


cavalo premiado para participar de competição de hipismo. O vendedor, Gil,
comprometeu-se a entregar o cavalo em até dois dias do início da competição. Gil,
no entanto, deixou de entregar o cavalo na data combinada, impossibilitando
Carlos de participar do torneio. Entregou-o, porém, três dias depois. Carlos
(A) deverá necessariamente receber a coisa, não podendo reclamar satisfação
das perdas e danos.
(B) deverá necessariamente receber a coisa, sem prejuízo de exigir satisfação
das perdas e danos.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 114


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(C) deverá necessariamente enjeitar a coisa, exigindo satisfação das perdas e
danos.
(D) poderá enjeitar a coisa e exigir satisfação das perdas e danos, caso entenda
que a prestação se tornou inútil.
(E) poderá enjeitar a coisa e exigir somente a devolução da quantia paga, sem
outros acréscimos.
COMENTÁRIOS. Carlos comprou o cavalo com uma intenção: participar de uma
competição de hipismo. Ora, se o cavalo foi entregue depois da competição,
impedindo Carlos de participar do evento, evidentemente que houve
inadimplemento absoluto pela inutilidade da prestação (perda do interesse do
credor no cumprimento da obrigação). Desta forma Carlos pode enjeitar a coisa,
exigir a rescisão do contrato e o pagamento das perdas e danos (inclusive morais).
Dispõe o art. 389, CC que não cumprida a obrigação, responde o devedor por
perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. O art. 395, CC também
pode ser aplicado a este caso: responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora
der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Parágrafo único. Se a
prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e
exigir a satisfação das perdas e danos. Gabarito: “D”.

33) (FCC – SEFAZ/PE – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – 2014) Em


relação à transmissão de créditos, é CORRETO afirmar:
(A) O devedor não pode opor ao cessionário exceções de ordem pessoal, haja
vista a transmissão obrigacional ocorrida.
(B) Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que tenha sido
realizada em primeiro lugar.
(C) Como regra geral, o cedente responde pela solvência do devedor.
(D) A cessão do crédito tem eficácia imediata em relação ao devedor,
independentemente de notificação, mas não a cessão de débito.
(E) Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos
os seus acessórios.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 294, CC: O devedor pode opor ao
cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em
que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. A letra “b” está
errada. Art. 291, CC: Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a
que se completar com a tradição do título do crédito cedido. A letra “c” está
errada. Art. 296, CC: Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela
solvência do devedor. A letra “d” está errada. Art. 290, CC: A cessão do crédito
não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por
notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou
ciente da cessão feita. A letra “e” está certa nos termos do art. 287, CC: Salvo
disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus
acessórios. Gabarito: “E”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 115


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
34) (FCC – Companhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ –
Advogado – 2014) Prevê o Código Civil brasileiro que, ocorrendo várias
cessões do mesmo crédito,
(A) todas as cessões são nulas, uma vez que o referido diploma legal veda mais
de uma cessão do mesmo crédito, em razão do princípio protetivo.
(B) prevalecerá a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
(C) apenas a primeira cessão prevalecerá; as demais serão consideradas nulas,
por expressa disposição legal.
(D) prevalecerá a última cessão, independentemente do valor, desde que formal
e dentro das normas previstas no referido diploma legal.
(E) todas as cessões são anuláveis, uma vez que o referido diploma legal veda
mais de uma cessão do mesmo crédito, em razão do princípio protetivo.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 291, CC, “ocorrendo várias cessões do mesmo
crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido”.
Ou seja, o devedor deve pagar a quem se apresentar como portador do
instrumento. Gabarito: “B”.

35) (TRT – 2ª Região/SP – Magistratura do Trabalho – 2014) Em relação


às obrigações, observe as proposições abaixo e responda a alternativa
que contenha proposituras CORRETAS:
I. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela que foram
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias.
II. Deteriorada a coisa, sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa abatido de seu preço o valor que perdeu.
III. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia
que executou o ato de que se devia abster.
IV. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto, por
hipótese, se uma for de coisa não suscetível de penhora.
V. Obrigando-se por terceiro, uma pessoa pode compensar esta dívida com o
que o credor dele lhe dever.
Está CORRETA a alternativa:
(A) III e IV.
(B) II e III.
(C) IV e V.
(D) I e V.
(E) I e II.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Estabelece o art. 233, CC: A obrigação de
dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. O item II está errado.
Segundo o art. 235, CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá
o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu. O item III está correto nos exatos termos do art. 390, CC. O item IV está

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 116


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
correto, conforme o disposto no art. 373, III, CC. O item V está errado, pois dispõe
o art. 376, CC: Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa
dívida com a que o credor dele lhe dever. Gabarito: “A” (estão corretos os itens
III e IV).

36) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Magistratura do Trabalho – 2014) Em


relação ao enriquecimento sem causa, examine o quanto segue:
I. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado
a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários.
II. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é
obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo
valor do bem na época em que foi exigido.
III. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que
justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
IV. Caberá a restituição por enriquecimento, ainda que a lei confira ao lesado
outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido.
Está CORRETO o que consta APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) I, II e IV.
(C) II, III e IV.
(D) I, II e III.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos exatos termos do art. 884, CC. O item
II está correto conforme o disposto no parágrafo único do art. 884, CC. O item
III está correto segundo o art. 885, CC. O item IV está errado, pois prevê o art.
886, CC: Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado
outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido. Gabarito: “D” (estão corretas
as afirmações I, II e III).

37) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) Em regra, na obrigação


de dar coisa certa,
(A) se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente,
mais perdas e danos prefixados no valor da coisa perdida.
(B) não são abrangidos os acessórios dela, sejam eles mencionados ou não.
(C) os frutos percebidos são do credor e os frutos pendentes são do devedor.
(D) se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente,
mais perdas e danos prefixados no dobro do valor da coisa perdida.
(E) se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o
credor, tal qual se ache, sem direito a indenização.
COMENTÁRIOS. As letras “a” e “d” estão erradas. Art. 239, CC: Se a coisa se
perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 117


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
danos. A letra “b” está errada. Art. 233, CC: A obrigação de dar coisa certa
abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar
do título ou das circunstâncias do caso. A letra “c” está errada. Art. 237, parágrafo
único, CC: Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
A letra “e” está correta nos exatos termos do art. 240, CC. Gabarito: “E”.

38) (FCC – TRE/RR – Analista Judiciário – 2015) Para pagamento de


dívida advinda de compras realizadas na mercearia de Giovan, Mario
obrigou-se a entregar ao seu credor trinta sacos de 10 Kg de coisa do
gênero alimentício. Sua colheita será realizada no mês de julho de 2015.
Neste caso, de acordo com o Código Civil brasileiro,
(A) Mario terá o prazo decadencial de cinco dias para cumprir a obrigação,
contado do dia 01 de agosto de 2015.
(B) em regra, a escolha da coisa dada em pagamento é de Mario.
(C) Mario terá o prazo decadencial de quinze dias para cumprir a obrigação,
contado do dia 01 de agosto de 2015.
(D) em regra, a escolha da coisa dada em pagamento é de Giovan.
(E) a obrigação assumida afronta as normas civilistas.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 244, CC, nas coisas determinadas pelo gênero e
pela quantidade (obrigação de dar coisa incerta), a escolha pertence ao devedor
(Mário), se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a
coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Gabarito: “B”.

39) (FCC – TJ/SC – Juiz de Direito – 2015) A obrigação natural é


judicialmente
(A) inexigível, mas se for paga, não comporta repetição.
(B) exigível, exceto se o devedor for incapaz.
(C) exigível e só comporta repetição se for paga por erro.
(D) exigível e em nenhuma hipótese comporta repetição.
(E) inexigível e se for paga comporta repetição, independentemente de
comprovação de erro no pagamento.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 882, CC, não se pode repetir (pedir de volta) o
que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente
inexigível. Trata-se da chamada obrigação natural, imperfeita,
porque desprovida de exigibilidade jurídica (ex.: dívida de jogo; dívida prescrita).
Embora desprovida de coercibilidade, a obrigação natural produz o efeito da solute
retentio (retenção do pagamento), nos termos do art. 882, CC. Gabarito: “A”.

40) (FCC – TRE/AP – Analista Judiciário – 2015) Com relação às


obrigações, no tocante ao pagamento, considere:
I. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do
devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios
para ilidir a ação.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 118


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
II. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado
depois que não era credor.
III. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
IV. Vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar,
independentemente se o devedor provar ou não que em benefício dele
efetivamente reverteu.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) I, II e IV.
(C) II, III e IV.
(D) I, II e III.
(E) III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 306, CC. O item II está
correto nos termos do art. 309, CC. O item III está correto nos termos do art.
316, CC. O item IV está errado. Segundo o art. 310, CC: Não vale o pagamento
cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em
benefício dele efetivamente reverteu. Gabarito: “D”.

41) (FCC – TCM/RJ – Procurador – 2015) Filipe deve a Pedro o valor de


R$ 5.000,00. Não tendo dinheiro, Filipe propõe, como exímio carpinteiro
que é, celebrarem um contrato de prestação de serviços de carpintaria na
residência de Pedro, até o valor devido. Esta contratação caracterizará,
em relação à dívida anterior,
(A) dação em pagamento.
(B) compensação.
(C) novação.
(D) imputação em pagamento.
(E) remissão.
COMENTÁRIOS. A questão contém uma pegadinha. Se o candidato for afobado
erra... Vejamos. A resposta é novação. Segundo o art. 360, I, CC, dá-se a
novação: I. quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e
substituir a anterior. Trata-se da novação objetiva. O examinador tenta
confundir na questão com a dação em pagamento, que é um instituto diferente.
Na dação a obrigação originária permanece a mesma, apenas com modificação do
seu objeto, desde que haja a anuência do credor. Já na novação objetiva, a
obrigação principal é extinta, com criação de novo vínculo e alteração do objeto,
também com a concordância das partes. Na questão o examinador deixa claro que
“Felipe propõe celebrarem um contrato de prestação de serviços”. Assim, o que
se extrai da questão é que a dívida será extinta e um novo contrato será pactuado.
Concluindo: como a obrigação inicial (de pagar determinado valor) será extinta,
para criação de uma nova obrigação (de fazer, ou seja, de prestação de serviços
de carpintaria), trata-se de novação objetiva e não de dação em pagamento.
Gabarito: “C”.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 119


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
42) (FCC – TCM/GO – Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de
Goiás – Auditor de Controle Externo – 2015) No tocante ao
inadimplemento das obrigações, considere:
I. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia
em que executou o ato de que se devia abster.
II. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, em nenhuma hipótese.
III. Inadimplida a obrigação, o devedor responde por perdas e danos, bem
como por juros e atualização monetária, segundo os índices oficiais
regularmente estabelecidos e honorários advocatícios.
IV. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, em seu termo, constitui
o devedor em mora após sua interpelação judicial ou extrajudicial.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, II e IV, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e IV, apenas.
(D) I, II, III e IV.
(E) II, III e IV, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos exatos termos do art. 390, CC. O item
II está errado, pois dispõe o art. 393, CC que o devedor não responde pelos
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se
houver por eles responsabilizado. O item III está correto nos exatos termos do
art. 389, CC. O item IV está errado, pois dispõe o art. 397, CC, que o
inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo (no dia do
vencimento), constitui de pleno direito em mora o devedor. Desnecessária, assim,
a interpelação, que é exigível no caso em que não há termo. Gabarito: “B” (estão
corretos os itens I e III).

43) (FCC – SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – 2015) Com


relação à inexecução das obrigações, de acordo com o Código Civil,
(A) o devedor responde pelos prejuízos decorrentes de caso fortuito ou força
maior se por eles houver expressamente se responsabilizado.
(B) inadimplida a obrigação, o devedor responde por perdas e danos, incluindo
correção monetária, mas não juros nem honorários de advogado.
(C) nos contratos onerosos, as partes respondem apenas em caso de culpa, sem
exceção.
(D) nos contratos benéficos, responde apenas por dolo o contratante a quem o
contrato aproveita.
(E) inadimplida a obrigação, o devedor responde por perdas e danos, incluindo
juros e correção monetária, porém não honorários de advogado.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, a contrário senso do art. 393, CC: O
devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior,

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 120


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
se expressamente não se houver por eles responsabilizado. As letras “b” e “e”
estão erradas, pois prevê o art. 389, CC que não cumprida a obrigação
(inadimplida), responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado. A letra “c” está errada. Estabelece a parte final do art. 392, CC que nos
contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções
previstas em lei. A letra “d” está errada, pois a primeira parte do art. 392, CC
dispõe que nos contratos benéficos, responde por simples culpa (e não apenas
dolo) o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não
favoreça. Gabarito: “A”.

44) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) Quanto


à cláusula penal, é INCORRETO afirmar que
(A) para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo.
(B) ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor
exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido,
a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo
excedente.
(C) ao se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta poderá converter-se em alternativa a pedido e em benefício do
devedor.
(D) incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que,
culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
(E) o valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da
obrigação principal.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 416, CC. A letra “b”
está correta nos termos do parágrafo único do art. 416, CC. A letra “c” está errada,
sendo que o erro é sutil. Segundo o art. 410, CC, quando se estipular a cláusula
penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em
alternativa a benefício do credor (e não do devedor como consta na alternativa).
A letra “d” está correta nos termos do art. 408, CC. A letra “e” está correta
segundo se extrai do art. 412, CC. Gabarito: “C”.

45) (FCC – SEFAZ/PE – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro


Estadual – JATTE – 2015) A ação de restituição por enriquecimento sem
causa
(A) é cabível para repetir o que se pagou para solver dívida prescrita.
(B) tem os mesmos requisitos da ação de restituição por pagamento indevido.
(C) é cabível quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento,
mas não é cabível quando esta deixou de existir.
(D) não é cabível, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do
prejuízo sofrido.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 121


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) não pode ter por objeto a restituição de coisa determinada, mas somente
quantia em dinheiro.
COMENTÁRIOS. Trata-se da aplicação do art. 886, CC: Não caberá a restituição
por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do
prejuízo sofrido. Gabarito: “D”.

46) (FCC – TJ/SC – Juiz de Direito – 2015) A indústria de cerâmica X celebrou


contrato de fornecimento de carvão mineral, durante um ano, com empresa
mineradora estabelecendo o instrumento que o produto deveria ser apropriado
para a combustão, contudo sem fixar percentual máximo de cinza, sabendo-se
que melhor será a combustão, quanto menor a quantidade de cinza. Ao fazer a
primeira entrega do produto, o adquirente verificou que a quantidade de cinza era
muito alta e que seu concorrente recebia carvão com quantidade de cinza muito
baixa. Notificada, a mineradora esclareceu que, no contrato firmado com a
concorrente, ficara estabelecido aquele percentual mínimo, o que não figurava no
contrato firmado com a Cerâmica X e, por isso, entregava o carvão de pior
qualidade. A indústria X ajuizou ação, com pedido de antecipação de tutela, para
que a Mineradora Y lhe entregasse o carvão de melhor qualidade. O juiz, após a
contestação, e tendo sido comprovada a existência de um produto intermediário,
deferiu a liminar, determinando que este fosse o objeto da entrega. Ambas as
partes interpuseram agravo de instrumento, pedindo a ré que fosse a liminar
revogada e a autora, que fosse a decisão reformada para que a agravada lhe
entregasse o carvão de melhor qualidade. Considerando a disposição
específica de direito material, nesse caso,
(A) ambos os recursos devem ser providos parcialmente, para que a ré seja
compelida a, alternadamente, entregar o produto melhor, o intermediário e o
pior.
(B) ambos os agravos devem ser improvidos, porque o devedor não poderá dar
a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
(C) deve ser provido o agravo do réu, porque não resultando o contrário do título
da obrigação, a escolha pertence ao devedor.
(D) deve ser provido o recurso da autora, porque, não resultando o contrário do
título da obrigação, a escolha pertence ao credor.
(E) deve ser provido o recurso da autora, porque a ré violou o dever de boa-fé.
COMENTÁRIOS. Como a coisa está determinada em relação ao gênero (carvão
mineral) e à quantidade, porém não há uma especificação em relação ao tipo de
carvão (maior ou menor percentual de cinza), de modo que diversos deles podem,
em tese, representar o atendimento da prestação, trata-se de uma obrigação de
dar coisa incerta (art. 243, CC). Assim, baseado no art. 244, CC: Nas coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior,
nem será obrigado a prestar a melhor. Ou seja, como no contrato há omissão do
tipo de carvão a ser entregue, a escolha deve recair sobre o de qualidade
intermediária. Como o juiz determinou, em liminar, a entrega desse tipo
intermediário agiu ele corretamente. Tendo-se em vista o acerto de sua

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 122


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
decisão, os Agravos de Instrumento (ambos) devem ser improvidos. Gabarito:
“B”.

47) (FCC – TJ/SE – Juiz de Direito – 2015) Na cessão de crédito,


(A) salvo estipulação em contrário, é necessária a anuência expressa e
concomitante do devedor, mas, na assunção de dívida, é dispensável a anuência
do devedor, bastando o consentimento do credor.
(B) o devedor pode opor ao cessionário apenas as exceções que lhe competirem,
mas não as que lhe competiam até o momento em que veio a ter conhecimento
da cessão contra o cedente, e na assunção de dívida, o novo devedor pode opor
ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
(C) o devedor se desobriga de pagar ao cedente, desde que notificado da cessão,
mas na assunção de dívida a obrigação do novo devedor só será exigível depois
do consentimento do devedor primitivo na assunção.
(D) salvo estipulação em contrário, o cedente responde pela existência da dívida
e solvência do devedor e o terceiro que assumiu a obrigação do devedor, ainda
que com o consentimento do credor, não exonera o devedor primitivo.
(E) o devedor pode opor ao cessionário as exceções que, no momento em que
veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente, mas na assunção de
dívida o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais
que competiam ao credor primitivo.
COMENTÁRIOS. A questão trata de dois temas. Primeiro. Cessão de Crédito.
Nesse caso aplica-se o art. 294, CC: O devedor pode opor ao cessionário as
exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Segundo. Assunção de Dívida.
Nesse caso aplica-se o art. 302, CC: O novo devedor não pode opor ao credor as
exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. Gabarito: “E”.

48) (FCC – TJ/PI – Juiz de Direito – 2015) Marcos foi contratado, em um


mesmo instrumento, para prestar serviços de manutenção de máquinas agrícolas
durante o período de colheita, simultaneamente, nas fazendas de Lourenço e
Sérgio, comprometendo-se estes conjuntamente a pagar os serviços, parte em
dinheiro e parte com um equino. Não tendo Lourenço e Sérgio cumprido a
obrigação assumida e achando-se eles em mora, Marcos poderá cobrar a
(A) parte de cada um na dívida em dinheiro e a entrega do animal de qualquer
dos devedores.
(B) entrega do animal de qualquer deles, mas a cobrança em dinheiro é
impossível, porque o contrato não estabeleceu a proporção de cada um, devendo
o valor da dívida, nesta parte, ser arbitrado pelo juiz.
(C) dívida em dinheiro integralmente de qualquer um dos devedores, mas pelo
animal, ambos deverão ser cobrados.
(D) parte de cada um na dívida em dinheiro e, quanto à entrega do animal,
deverá a obrigação ser necessariamente convertida em dinheiro e também
cobrada a cota parte de cada um.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 123


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) parte de cada um da dívida em dinheiro, mas não poderá reclamar a entrega
do animal, porque o objeto se tornou ilícito.
COMENTÁRIOS. Em relação ao dinheiro aplica-se o art. 257, CC: Havendo mais
de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores. Em relação ao cavalo aplica-se o art. 259, CC: Se, havendo dois ou
mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida
toda. Gabarito: “A”.

49) (FCC – TJ/PI – Juiz de Direito – 2015) A respeito da mora, considere:


I. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora,
desde que o praticou.
II. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros,
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.
III. Não havendo termo, a mora só se constitui mediante interpelação judicial.
IV. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em
mora.
V. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, exceto se
essa impossibilidade resultar de caso fortuito ou de força maior ocorrentes
durante o atraso.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II, III e V.
(B) I, III e V.
(C) I, II e IV.
(D) II, IV e V.
(E) I, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 398, CC. O item II está
correto nos termos do art. 395, CC. O item III está errado. Segundo parágrafo
único do art. 397, CC: Não havendo termo, a mora se constitui mediante
interpelação judicial ou extrajudicial. O item IV está correto nos termos do art.
396, CC. O item V está errado. Art. 399, CC: O devedor em mora responde pela
impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito
ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção
de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente
desempenhada. Gabarito: “C” (estão corretos os itens I, II e IV).

50) (FCC – PGM – Procurador do Município de São Luís/MA – 2016) João


deve entregar um colar que vale R$ 300.000,00 a Maria, Paula e Joana,
sendo que Maria remitiu o débito. Assim, Paula e Joana exigirão o colar,
mas, de outro lado, deverão restituir a João, o montante equivalente ao
quantum remitido. Essa situação só pode ocorrer pelo fato de a obrigação
em tela ser

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 124


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) solidária passiva.
(B) subsidiária.
(C) indivisível.
(D) divisível.
(E) solidária ativa.
COMENTÁRIOS. A obrigação é indivisível. Por isso, mesmo havendo remissão
(perdão) por parte de um dos credores, João deve entregar a joia. No entanto,
como houve o perdão por parte de Maria, os demais credores devem devolver a
João o montante equivalente ao quantum perdoado (um terço). Art. 262, CC: Se
um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os
outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Gabarito: “C”.

51) (FCC – Técnico de Nível Superior – Analista Administrativo – PGM –


Teresina/PI – 2016) Marilda contraiu com Paulo a obrigação de entregar
seu carro em determinada data, ou, assim pactuado, poderiam substituí-
la pela entrega do carro da mãe de Marilda, e, na total impossibilidade
cumpri-la, poderia Paulo receber o valor do carro. Trata-se de uma
situação que envolve obrigação
(A) de dar coisa incerta.
(B) cumulativa.
(C) alternativa.
(D) de fazer.
(E) de resultado.
COMENTÁRIOS. Obrigação alternativa é a que compreende dois ou mais objetos
e extingue-se com a prestação de apenas um, ou seja, existe obrigação alternativa
quando se devem várias prestações, mas, por convenção das partes, somente
uma delas será cumprida como pagamento. A obrigação alternativa não se
confunde com a obrigação de dar coisa incerta, pois a primeira é uma
obrigação composta (com duas ou mais prestações), enquanto a segunda é uma
obrigação simples (apenas uma prestação) com objeto determinável. Gabarito:
“C”.

52) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Analista Judiciário – 2016) Carlos


vendeu um cavalo a Cláudio, por R$ 1.000,00. Antes da entrega, porém, o
cavalo faleceu de causas naturais, sem que Carlos tenha tido culpa. Com
a morte do cavalo, sem culpa de Carlos, a obrigação
(A) resolve-se para ambas as partes, tendo Carlos direito a perdas e danos.
(B) resolve-se para Carlos, devendo Cláudio pagar o preço, de R$ 1.000,00,
porém não perdas e danos.
(C) não se resolve para nenhuma das partes, devendo Carlos entregar cavalo de
características semelhantes a Cláudio, enquanto este deverá pagar o preço, de
R$ 1.000,00.
(D) resolve-se para ambas as partes, tendo Cláudio direito a perdas e danos.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 125


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) resolve-se para ambas as partes, sem direito a perdas e danos.
COMENTÁRIOS. A questão trata de uma obrigação de dar coisa certa (um
cavalo), sendo que a coisa se perdeu (morte do cavalo) antes da tradição
(entrega) sem que tenha havido culpa do devedor. Assim, resolve-se (extingue-
se) a obrigação para ambas as partes, que voltam à situação primitiva. Se o
vendedor já recebeu o preço da coisa que pereceu, deve devolvê-lo com correção
monetária (o prejuízo é só do vendedor – Carlos). Art. 234, CC: Se, no caso do
artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição,
ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as
partes (...). Gabarito: “E”.

53) (FCC – Técnico de Nível Superior – Analista Administrativo – PGM –


Teresina/PI – 2016) Sobre a solidariedade,
(A) decorre apenas da vontade das partes, não podendo ser imposta por lei.
(B) é incompatível com as obrigações de dar.
(C) decorre apenas da lei, não podendo ser estabelecida pela vontade das partes.
(D) em havendo mais de um credor, em dívida de natureza solidária, a obrigação
do devedor que paga a somente um credor não é extinta.
(E) o pagamento parcial da obrigação não extingue a solidariedade, que
permanece quanto ao remanescente.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 265, CC: A solidariedade não se
presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Letra B, incorreta. A
solidariedade é compatível com todo gênero de obrigações, quer pela natureza,
quer pelo objeto. Portanto é plenamente compatível com a obrigação de dar. Letra
C, incorreta pelo mesmo motivo a letra “a”. Letra D, incorreta. Art. 269, CC: O
pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do
que foi pago. Letra E, correta. Art. 275, CC: (...) se o pagamento tiver sido parcial,
todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Gabarito: “E”.

54) (FCC – PGE/MT – Procurador do Estado – 2016) Francisco tomou R$


300.000,00 (trezentos mil reais) emprestados de Eduardo e não pagou no prazo
avençado. Eduardo, por sua vez, deixou de ajuizar ação no prazo legal, dando azo
à prescrição. Não obstante, Francisco pagou Eduardo depois de escoado o prazo
prescricional. Depois de realizado o pagamento, Francisco ajuizou ação contra
Eduardo para reaver a quantia paga. A alegação
(A) procede, porque a prescrição atinge o próprio direito de crédito e sua renúncia
somente é admitida, se realizada de maneira expressa, depois que se consumar,
desde que sem prejuízo de terceiro.
(B) procede, porque, embora a prescrição atinja não o direito, mas a pretensão,
sua renúncia somente é admitida quando realizada de maneira expressa, antes
de se consumar, desde que feita sem prejuízo de terceiro.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 126


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(C) improcede, porque a prescrição atinge não o direito, mas a pretensão, além
de admitir renúncia, de maneira expressa ou tácita, depois que se consumar,
desde que feita sem prejuízo de terceiro.
(D) improcede, porque, embora apenas a decadência admita renúncia, a
prescrição atinge não o direito, mas a pretensão.
(E) procede, porque a prescrição atinge o próprio direito de crédito e não admite
renúncia.
COMENTÁRIOS. Art. 189, CC: Violado o direito, nasce para o titular a
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os
arts. 205 e 206. Art. 191, CC: A renúncia da prescrição pode ser expressa ou
tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição
se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição. Art. 882, CC: Não se pode repetir o que se pagou
para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
Gabarito: “C”.

55) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Analista Judiciário – Área


Judiciária – 2017) Nas obrigações solidárias:
(A) Se o devedor exonerar expressamente da solidariedade um ou mais
devedores, não mais subsistirá a dos demais.
(B) A obrigação solidária não pode ser pura e simples para um dos cocredores
ou codevedores, e condicional, ou a prazo ou pagável em local diferente, para
outro.
(C) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, não mais subsiste a
solidariedade.
(D) A propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores
solidários implicará em renúncia da solidariedade.
(E) Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 282, CC: O credor (e não o devedor)
pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os
devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
devedores, subsistirá a dos demais. Letra B, incorreta. Art. 266, CC: A obrigação
solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. Letra C,
incorreta. Art. 271, CC: Convertendo-se a prestação em perdas e danos,
subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Letra D, incorreta. Art. 275,
parágrafo único: Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação
pelo credor contra um ou alguns dos devedores. Letra E, correta. Art. 267, CC:
Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento
da prestação por inteiro. Gabarito: “E”.

56) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Analista Judiciário – Oficial de


Justiça Avaliador – 2017) A respeito do adimplemento e extinção das
obrigações, é correto afirmar que

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 127


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) a novação por substituição do devedor não pode ser efetuada sem o
consentimento deste.
(B) o devedor não pode reter o pagamento enquanto não lhe seja dada quitação
regular.
(C) o credor não pode concordar em receber prestação diversa da que lhe é
devida.
(D) é licito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
(E) a compensação pode se efetuar entre dívidas ilíquidas, não vencidas e de
coisas infungíveis.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 362, CC: A novação por substituição do
devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste.
Letra B, incorreta. Art. 319, CC: O devedor que paga tem direito a quitação
regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. Letra C,
incorreta. Art. 313, CC: O credor não é obrigado a receber prestação diversa
da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Letra D, correta. Art. 316, CC:
É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Letra E,
incorreta. Art. 369, CC: A compensação efetua-se entre dívidas líquidas,
vencidas e de coisas fungíveis. Gabarito: “D”.

57) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Oficial de Justiça


Avaliador – 2017) Sobre o adimplemento e extinção das obrigações:
(A) Considera-se sub-rogação legal quando o credor recebe o pagamento de
terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos.
(B) O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem
direito a reembolsar-se do que pagar, sub-rogando-se nos direitos do credor.
(C) O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do
devedor, obriga a reembolsar aquele que pagou, mesmo se o devedor tinha
meios para ilidir a ação.
(D) O pagamento feito à credor putativo, ainda que de boa-fé, não é válido.
(E) Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o
crédito e ação executiva promovida por terceiro, o pagamento não valerá contra
este, que poderá constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado
o regresso contra o credor.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 347, CC: A sub-rogação é convencional:
I. quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere
todos os seus direitos. Letra B, incorreta. Art. 305, CC: O terceiro não
interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se
do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Letra C, incorreta. Art.
306, CC: O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do
devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios
para ilidir a ação. Letra D, incorreta. Art. 309, CC: O pagamento feito de boa-fé
ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor. Letra E,
correta. Art. 312, CC: Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da
penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 128


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar
de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. Gabarito: “E”.

58) (FCC – DPE/PR – Defensor Público – 2017) João firma contrato de


alienação fiduciária com Banco X, tendo por objeto a aquisição de um
automóvel. João, na época do pagamento da 52ª de um total de sessenta
parcelas, vê-se desempregado e não consegue arcar com o débito
restante. O Defensor Público deverá alegar, em defesa de João, visando
afastar liminarmente a busca e apreensão do bem, a figura parcelar da
boa-fé objetiva
(A) duty to mitigate the own loss.
(B) adimplemento substancial.
(C) venire contra factum proprium.
(D) supressio.
(E) surrectio.
COMENTÁRIOS. O adimplemento substancial é uma doutrina derivada do direito
inglês (substancial performance) que sustenta que não se deve considerar extinta
uma obrigação quando a atividade do devedor, embora não tenha atingido
plenamente o fim proposto (prestação imperfeita), aproximou-se
consideravelmente do seu resultado final. Embora aceita pela doutrina e
jurisprudência, o tema ainda merece aprofundamento. A 2ª Sessão Cível do STJ
(REsp 1.622.555-MG, Rel. designado: Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe
16/03/2017) entendeu, por maioria de votos (6x2), que não é aplicável a teoria
do adimplemento substancial em contratos de alienação fiduciária. No entanto,
diante das demais opções da questão, o adimplemento substancial é a “menos
errada”. Gabarito: “B”.

59) (FCC – TJ/SC – Juiz de Direito – 2017) Na transmissão das obrigações


aplicam-se as seguintes regras:
I. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize,
fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe
cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se
tiver procedido de má-fé.
II. Na assunção de dívida, o novo devedor não pode opor ao credor as exceções
pessoais que competiam ao devedor primitivo.
III. Salvo estipulação em contrário, o cedente responde pela solvência do
devedor.
IV. O cessionário de crédito hipotecário só poderá averbar a cessão no registro
de imóveis com o consentimento do cedente e do proprietário do imóvel.
V. Na assunção de dívida, se a substituição do devedor vier a ser anulada,
restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias
prestadas por terceiro, exceto se este conhecia o vício que inquinava a
obrigação.
Está correto o que se afirma APENAS em:

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 129


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) III, IV e V.
(B) II, III e IV.
(C) I, II e IV.
(D) I, III e V.
(E) I, II e V.
COMENTÁRIOS. Item I, correto. Art. 295, CC: Na cessão por título oneroso, o
cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela
existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Item II, correto.
Art. 302, CC: O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que
competiam ao devedor primitivo. Item III, incorreto. Art. 296, CC: Salvo
estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Item IV, incorreto. Art. 289, CC: O cessionário de crédito hipotecário tem o direito
de fazer averbar a cessão no registro do imóvel. Item V, correto. Art. 301, CC:
Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas
as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este
conhecia o vício que inquinava a obrigação. Gabarito: “E” (estão corretos os itens
I, II e V).

60) (FCC – TJ/SC – Juiz de Direito – 2017) A cláusula penal


(A) pode ter valor excedente ao da obrigação principal, ressalvado ao juiz reduzi-
lo equitativamente.
(B) incide de pleno direito, se o devedor, ainda que isento de culpa, deixar de
cumprir a obrigação ou se constituir-se em mora.
(C) incide de pleno direito, se o devedor, culposamente, deixar de cumprir a
obrigação ou se constituir-se em mora.
(D) exclui, sob pena de invalidade, qualquer estipulação que estabeleça
indenização suplementar.
(E) sendo indivisível a obrigação, implica que todos os devedores, caindo em falta
um deles, serão responsáveis, podendo o valor integral ser demandado de
qualquer deles.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 412, CC: O valor da cominação imposta
na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. Art. 413, CC: A
penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio jurídico. Letra
B, incorreta. Art. 408, CC: Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal,
desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
Letra C, correta tendo-se em vista a disposição citada na alternativa anterior.
Letra D, incorreta. Art. 416, CC: Para exigir a pena convencional, não é necessário
que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao
previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização
suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale
como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 130


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Letra E, incorreta. Art. 414, CC: Sendo indivisível a obrigação, todos os
devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá
demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros
somente pela sua quota. Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação
regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena. Gabarito: “C”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS


(Somente os exercícios referentes à FGV)

01) (FGV – Auditor do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro


– 2008) Caracterizam o vínculo obrigacional:
(A) a juridicidade e a existência de deveres.
(B) a juridicidade e a existência de direitos.
(C) a patrimonialidade e a sujeição.
(D) a submissão e a liberalidade.
(E) a patrimonialidade e a inexistência de direitos.

02) (FGV – Advogado da Fundação Pro-Sangue Hemocentro/SP – 2013)


Em relação às obrigações de dar coisa certa, assinale a afirmativa
INCORRETA.
(A) em caso de deterioração da coisa e não havendo culpa do devedor, o credor
poderá resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu.
(B) a coisa pertence ao devedor até a tradição e este poderá exigir aumento do
preço em caso de melhoramento e acrescidos.
(C) nos casos de obrigação de restituição de coisa certa, ocorrendo a perda da
coisa antes da tradição, sem culpa devedor, sofrerá o credor a perda e a
obrigação se resolverá, ressalvado os seus direitos até o dia da perda
(D) em caso de perda da coisa por culpa do devedor, este responderá pelo
equivalente, mais perdas e danos.
(E) a obrigação de dar a coisa certa não abrange os acessórios dela, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

03) (FGV – TJ/BA – Analista Judiciário – 2015) Silvio, fazendeiro e criador


de gado de leite, arrendou um touro premiado para usar na reprodução
de suas vacas leiteiras. Acontece que, apesar do zelo com o qual cuidou
do animal, fortes chuvas que atingiram a região causaram a destruição
das benfeitorias e morte de diversos animais, entre os quais o animal
arrendado. É CORRETO afirmar que, em decorrência desse fato:
(A) resolve-se o contrato, devendo Silvio indenizar o proprietário do touro,
pagando-lhe tão somente o valor do animal;
(B) resolve-se o contrato, devendo Silvio indenizar o proprietário do touro,
pagando-lhe o correspondente ao valor do animal e os lucros cessantes;

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 131


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(C) mantém-se o contrato, devendo o proprietário providenciar a reposição do
animal arrendado, às suas expensas;
(D) mantém-se o contrato, devendo o proprietário providenciar a reposição do
animal arrendado, às expensas de Silvio;
(E) resolve-se o contrato, arcando o proprietário com o prejuízo decorrente da
perda do touro.

04) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) João prometeu transferir a


propriedade de uma coisa certa, mas antes disso, sem culpa sua, o bem
foi deteriorado. Segundo o Código Civil, ao caso de João aplica-se o
seguinte regime jurídico:
(A) a obrigação fica resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos.
(B) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra.
(C) a obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra
e abatimento no preço proporcional à deterioração.
(D) a obrigação poderá ser resolvida, com a devolução de valores eventualmente
pagos, ou subsistir, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e
abatimento no preço proporcional à deterioração, cabendo ao credor a escolha
de uma dentre as duas soluções.

05) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) Pedro está obrigado a dar
uma vaca leiteira, avaliada em R$ 50.000,00, a dois credores, Maria e
João. Maria remite a dívida e João exige a entrega do animal.
Considerando o contexto fático narrado, analise as afirmativas a seguir.
I. Por se tratar de obrigação indivisível, Maria não poderia remitir a dívida sem
a anuência de João.
II. João somente poderá exigir a entrega da vaca se pagar R$ 25.000,00 a
Pedro.
III. A remissão de parte da dívida realizada por Maria tem o condão de
acarretar a extinção da obrigação da entrega da vaca a João.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

06) (FGV – TCM – Agente de Fiscalização – 2015) Cuidando-se de


obrigação indivisível em que haja vários devedores, sendo inadimplente
um deles, a cláusula penal de natureza pecuniária poderá ser exigida pelo
credor:
(A) integralmente de cada um dos devedores;
(B) proporcionalmente de cada um dos devedores, inclusive do devedor culpado;

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 132


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(C) integralmente de qualquer um dos devedores;
(D) proporcionalmente, e somente do devedor culpado;
(E) proporcionalmente de cada um dos devedores não culpados.

07) (FGV – TJ/AM – Analista Judiciário – 2013) Carlos e Andréa estão


obrigados a entregar um cavalo da espécie Manga Larga Marchador a Manoel.
Porém, na véspera da entrega, Carlos, por descuido, deixa o portão aberto, o
cavalo foge e tenta atravessar um rio próximo à propriedade, morrendo afogado.
Considerando o contexto fático narrado, analise as afirmativas a seguir.
I. A obrigação deixa de ser indivisível, pois houve conversão da prestação
originária.
II. Andréa e Carlos estão obrigados ao pagamento de suas cotas e das perdas
e danos.
III. Manoel pode escolher o devedor a ser acionado para requerer o
ressarcimento em perdas e danos, pois há pluralidade de credores.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa III estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa I estiver correta.

08) (FGV – Advogado da Companhia de Desenvolvimento Urbano do


Estado da Bahia – CONDER – 2014) A respeito das obrigações divisíveis
e indivisíveis, analise as afirmativas a seguir.
I. Em caso de obrigação indivisível, havendo pluralidade de credores, o
devedor se desobrigará, pagando a todos conjuntamente ou a um, dando este
caução de ratificação dos outros credores.
II. A obrigação que se resolver em perdas e danos não perde a qualidade de
indivisível.
III. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para
com os outros, mas estes só poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente. Tal critério não se aplicará aos casos de transação e compensação.
Assinale:
(A) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente a afirmativa II estiver correta.
(D) se somente a afirmativa III estiver correta.
(E) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

09) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2015) Gilvan (devedor) contrai


empréstimo com Haroldo (credor) para o pagamento com juros do valor do mútuo

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 133


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
no montante de R$ 10.000,00. Para facilitar a percepção do crédito, a parte do
polo ativo obrigacional ainda facultou, no instrumento contratual firmado, o
pagamento do montante no termo avençado ou a entrega do único cavalo da raça
manga larga marchador da fazenda, conforme escolha a ser feita pelo devedor.
Ante os fatos narrados, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) Trata-se de obrigação alternativa.
(B) Cuida-se de obrigação de solidariedade em que ambas as prestações são
infungíveis.
(C) Acaso o animal morra antes da concentração, extingue-se a obrigação.
(D) O contrato é eivado de nulidade, eis que a escolha da prestação cabe ao
credor.

10) (FGV – Delegado de Polícia do Estado do Maranhão – 2012) João,


Joaquim e Manoel são devedores solidários da quantia de R$ 150.000,00 a Paulo
Roberto. No dia do vencimento, apenas Manoel honrou com o pagamento de sua
quota-parte. Considerando o fato narrado, assinale a afirmativa
INCORRETA.
(A) a solidariedade entre os devedores não pode ser presumida, devendo resultar
da lei ou da vontade das partes.
(B) Paulo Roberto não tem direito de exigir e de receber de um ou de todos os
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum.
(C) caso Manoel tivesse satisfeito a dívida por inteiro, teria direito a exigir de
cada um dos codevedores a sua quota.
(D) se João falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar
senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, pois a obrigação é
divisível.
(E) caso um dos devedores solidários seja demandado, pode opor ao credor as
exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos.

11) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2010) Com relação ao regime da


solidariedade passiva, é correto afirmar que:
(A) cada herdeiro pode ser demandado pela dívida toda do devedor solidário
falecido.
(B) com a perda do objeto por culpa de um dos devedores solidários, a
solidariedade subsiste no pagamento do equivalente pecuniário, mas pelas
perdas e danos somente poderá ser demandado o culpado.
(C) se houver atraso injustificado no cumprimento da obrigação por culpa de um
dos devedores solidários, a solidariedade subsiste no pagamento do valor
principal, mas pelos juros da mora somente poderá ser demandado o culpado.
(D) as exceções podem ser aproveitadas por qualquer dos devedores solidários,
ainda que sejam pessoais apenas a um deles.

12) (FGV – Defensoria Pública do Distrito Federal – Analista de Apoio à


Assistência Judiciária – 2014) Vânia submeteu-se a uma intervenção
cirúrgica na qual, em decorrência da imperícia de Carlos, Vanessa e

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 134


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
Fabrício, três médicos que participavam da operação, sofreu sérios danos
físicos. Caracterizada a responsabilidade civil dos médicos em questão,
pode-se afirmar que a indenização:
(A) tem que ser exigida separadamente de cada um dos autores do fato lesivo.
(B) pode ser exigida apenas de um dos autores do fato, isentando os demais da
responsabilidade.
(C) pode ser exigida apenas de dois dos autores, isentando o terceiro da
responsabilidade.
(D) pode ser exigida apenas de um dos autores, o qual exercerá direito regressivo
perante os demais.
(E) tem que ser exigida dos três autores dos fatos conjuntamente, cada qual na
proporção de sua responsabilidade.

13) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) O Código


Civil estabelece as modalidades de obrigações. A esse respeito, assinale
a alternativa CORRETA.
(A) nas obrigações alternativas, caso não tenha sido estipulado de forma
diferente, a escolha incumbirá ao credor.
(B) no caso de obrigação não cumprida, as perdas e danos devidos ao credor
abrangem o que efetivamente perdeu, não se podendo incluir o que
presumivelmente deixou de ganhar.
(C) a compensação poderá ser efetuada por dívida líquida, ainda que vincenda e
de coisa infungível.
(D) o pagamento em consignação, nos casos e formas legais, não extingue a
obrigação, servindo apenas para liberar o devedor dos juros de mora.
(E) qualquer interessado, nos termos da lei, no cumprimento da obrigação poderá
pagar a dívida. Igual direito cabe a terceiro não interessado, salvo manifesta
oposição do devedor.

14) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Utilizando-se das regras


afetas ao direito das obrigações, assinale a alternativa CORRETA.
(A) quando o pagamento de boa-fé for efetuado ao credor putativo, somente será
inválido se, em seguida, ficar demonstrado que não era credor.
(B) levando em consideração os elementos contidos na lei para o reconhecimento
da onerosidade excessiva, é admissível assegurar que a regra se aplica às
relações obrigacionais de execução diferida ou continuada.
(C) possui a quitação determinados requisitos que devem ser obrigatoriamente
observados, tais como o valor da dívida, o nome do pagador, o tempo e o lugar
do adimplemento, além da assinatura da parte credora, exigindo-se também que
a forma da quitação seja igual à forma do contrato.
(D) o terceiro, interessado ou não, poderá efetuar o pagamento da dívida em seu
próprio nome, ficando sempre sub-rogado nos direitos da parte credora.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 135


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
15) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2012) Tiago celebrou com Ronaldo
contrato de compra e venda de dez máquinas de costura importadas da China.
Restou acordado que o pagamento se daria em trinta e seis prestações mensais e
consecutivas com reajuste a cada doze meses conforme taxa Selic, a ser efetuado
no domicílio do credor. O contrato estabeleceu, ainda, a incidência de juros
moratórios, no importe de 2% (dois por cento) do valor da parcela em atraso, e
cláusula penal, fixada em 10% (dez por cento) do valor do contrato, em caso de
inadimplência. Após o pagamento de nove parcelas, Tiago foi surpreendido com a
notificação extrajudicial enviada por Ronaldo, em que se comunicava um reajuste
de 30% (trinta por cento) sobre o valor da última parcela paga sob o argumento
de que ocorreu elevada desvalorização no câmbio. Tiago não concordou com o
reajuste e ao tentar efetuar o pagamento da décima parcela com base no valor
inicialmente ajustado teve o pagamento recusado por Ronaldo. Considerando o
caso acima e as regras previstas no Código Civil, assinale a afirmativa correta.
(A) caso Tiago consigne o valor da décima parcela por meio de depósito judicial,
poderá levantá-lo enquanto Ronaldo não informar o aceite ou não o impugnar,
desde que pague todas as despesas.
(B) na hipótese de Tiago consignar judicialmente duas máquinas de costura com
a finalidade de afastar a incidência dos encargos moratórios e da cláusula penal,
este depósito será apto a liberá-lo da obrigação assumida.
(C) o depósito consignatório realizado por Tiago em seu domicílio terá o poder
liberatório do vínculo obrigacional, isentando-o do pagamento dos juros
moratórios e da cláusula penal.
(D) Tiago poderá depositar o valor referente à décima parcela sob o fundamento
de injusta recusa, porém não poderá discutir, no âmbito da ação consignatória,
a abusividade ou ilegalidade das cláusulas contratuais.

16) (FGV – TCE/BA – Analista de Controle Externo – 2013) João obrigou-


se contratualmente a entregar para José o touro Barnabé que fora
avaliado no mercado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Na data da
entrega, por ter se apegado ao animal, João resolve entregar o touro
Benedito, mesmo ficando no prejuízo, já que este último tinha sido
avaliado em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Diante de tal situação,
considerando os preceitos legais relativos ao pagamento, assinale a
afirmativa CORRETA.
(A) João, sem a necessidade da anuência de José, efetua o pagamento através
da entrega do touro Benedito.
(B) João, para adimplir a obrigação efetua o pagamento da quantia de R$
5.000,00 (cinco mil reais), não restando qualquer prejuízo para José.
(C) José se recusa a receber o touro avaliado em R$ 10.000,00 (dez mil reais)
ou o valor em que o touro Barnabé foi avaliado, ou seja, R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).
(D) José se recusa a receber o valor do touro Barnabé, pois não teria qualquer
compensação, mas não pode se recusar a receber o touro Benedito, mais valioso
do que o touro Barnabé.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 136


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) José se recusa a receber o touro Benedito, mas não pode se recusar a receber
o equivalente em dinheiro do valor da avaliação do touro Barnabé, já que tal
valor é o montante, em espécie, do objeto da prestação.

17) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2010) Com


relação ao pagamento, analise as afirmativas a seguir.
I. Terceiros não interessados podem pagar a dívida em seu próprio nome,
desde que esteja vencida.
II. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, a
não ser que seja substancialmente mais valiosa.
III. O pagamento cientemente feito a credor incapaz de quitar não vale, a não
ser que o devedor prove que o pagamento efetivamente reverteu em benefício
do credor.
Assinale:
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se somente a afirmativa III estiver correta.

18) (FGV – Advogado do Senado Federal – 2010) Francisco (68) e Adair


Souza (67), pais de Roberto Souza, ingressam em juízo em face do filho,
pleiteando alimentos de R$ 2 mil. Em sua resposta, o filho alega que só poderia
arcar com alimentos de R$ 1 mil e requer que seja chamada à lide sua irmã,
Clarice. A obrigação dos filhos de Francisco e Adair, com relação a prestar
alimentos aos pais, é:
(A) conjunta.
(B) solidária.
(C) subsidiária.
(D) concomitante.
(E) subsequente.

19) (FGV – Advogado do Banco do Estado de Santa Catarina – 2004)


Pafúncio é devedor da quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) ao Banco
da Praça S.A. Aconselhado pelo gerente do Banco, Pafúncio contraiu nova dívida
no valor de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), a ser paga em dez
prestações, para quitar, extinguir e substituir a dívida anterior. Do ponto de vista
do direito das obrigações, nesse caso ocorreu uma:
(A) novação.
(B) remissão.
(C) compensação.
(D) dação em pagamento.
(E) transação.

20) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2011) A dação em pagamento é

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 137


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) modalidade de obrigação alternativa, na qual o credor consente em receber
objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada.
(B) modalidade de obrigação facultativa, na qual o credor consente em receber
objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada.
(C) causa extintiva da obrigação, na qual o credor consente em receber objeto
diverso ao da prestação originariamente pactuada.
(D) modalidade de adimplemento direto, na qual o credor consente em receber
objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada.

21) (FGV – Companhia Docas da Bahia – 2010) Quando credores


recíprocos procedem à mutua quitação, pode-se denominar essa
operação de
(A) imputação.
(B) compensação.
(C) confusão.
(D) transação.
(E) simulação.

22) (FGV – TJ/AM – Serviços Notariais e de Registro – 2010) Assinale a


alternativa CORRETA.
(A) a cláusula penal tem o objetivo de reforço obrigacional.
(B) a cláusula penal tem a natureza, exclusivamente, compensatória.
(C) não há qualquer vedação legal a que o valor da cominação imposta na
cláusula penal exceda o da obrigação principal.
(D) para exigir a pena convencional, é necessário que o credor alegue prejuízo.
(E) tendo a obrigação pluralidade de devedores e sendo indivisível, a lei civil não
prevê ação regressiva aos não culpados contra quem deu causa à aplicação da
pena convencional.

23) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) A multa convencional nas obrigações pecuniárias cumpre
função:
(A) punitiva e liberatória.
(B) compensatória e punitiva.
(C) de pré-fixação das perdas e danos e punitiva.
(D) de reforço da necessidade de cumprir a obrigação principal e de pré-fixação
das perdas e danos.
(E) de reforno da necessidade de cumprir a obrigação principal e liberatória.

24) (FGV – Procurador do Tribunal de Contas do Município do Rio de


Janeiro – 2008) As despesas com o pagamento são:
(A) do credor, que tem interesse em receber.
(B) do devedor, que tem a obrigação de pagar.
(C) do credor e do devedor, devendo ser repartidas por igual.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 138


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(D) do devedor, exceto se o contrário tiver sido estipulado no contrato.
(E) do credor, exceto se o contrário foi firmado no ajuste.

25) (FGV – Auditor Fiscal da Receita Municipal de Angra dos Reis/RJ –


2010) Assinale a alternativa CORRETA.
(A) a mora ex re deriva de inadimplemento de obrigação, positiva e líquida, para
cujo pagamento se estabeleceu prazo certo. Neste caso, a constituição da mora
é automática, sem necessidade de interpelação judicial ou extrajudicial do credor.
(B) o devedor em mora sempre responde pela impossibilidade da prestação,
ainda que esta decorra de caso fortuito ou força maior.
(C) a mora do credor possui o condão de afastar do devedor a responsabilidade
pela conservação da coisa, mesmo que este último atue dolosamente.
(D) os juros de mora são contados desde a constituição do devedor em mora, no
caso da mora ex persona.
(E) o credor, quando a prestação devida tornar-se inútil por mora do devedor,
pode exigir deste a satisfação das perdas e danos cumulada com a prestação de
obrigação alternativa.

26) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) Luis, produtor de soja, firmou
contrato de empréstimo de um trator com seu vizinho João. No contrato,
Luis se comprometeu a devolver o trator 10 dias após o término da
colheita. Restou ainda acordado um valor para a hipótese de atraso na
entrega. Considerando o caso acima, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) caracterizada a mora na devolução do trator, Luiz responderá pelos prejuízos
decorrentes de caso fortuito ou de força maior, salvo se comprovar que o dano
ocorreria mesmo se houvesse cumprido sua obrigação na forma ajustada.
(B) por se tratar de hipótese de mora pendente, é indispensável a interpelação
judicial ou extrajudicial para que João constitua Luis em mora.
(C) Luis, ainda que agindo dolosamente, não terá responsabilidade pela
conservação do trator na hipótese de João recusar-se a receber o bem na data
ajustada.
(D) não caracteriza mora a hipótese de João se recusar a receber o trator na data
avençada para não comprometer o espaço físico de seu galpão, vez que é
necessária a comprovação de sua culpa e a ausência de justo motivo.

27) (FGV – Advogado do PROCEMPA – Processamento de Dados do


Município de Porto Alegre/RS – 2014) As obrigações nascem para ser
satisfeitas, implementadas, cumpridas. O adimplemento de uma obrigação é
denominado pagamento e acarreta a liquidação, a extinção de uma obrigação.
Dessa forma, o pagamento pode ser direto ou indireto, sendo tais formas
disciplinadas pelo Código Civil. Por outro lado, o Código Civil também elenca duas
formas de transmissão de obrigações, que não se confundem com o pagamento.
Dentre os institutos listados a seguir, assinale o que não é previsto pelo Código
Civil como pagamento e sim como forma de transmissão de obrigação.
(A) Cessão de crédito.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 139


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(B) Remissão de dívida
(C) Novação.
(D) Sub-rogação
(E) Dação.

28) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2009) A


respeito da cessão de crédito, analise as afirmativas a seguir:
I. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que tinha contra o cedente
no momento em que veio a ter conhecimento da cessão.
II. Na cessão de crédito por título oneroso, ainda que não se responsabilize, o
cedente fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo
em que lhe cedeu.
III. A cessão de crédito apenas é eficaz em relação ao devedor quando a este
notificada ou quando o devedor se declarar ciente da cessão por meio de
escrito público ou particular.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

29) (FGV – TJ/MS – Juiz de Direito – 2010) Com base no Código Civil, a
respeito da assunção de dívida, analise as proposições a seguir:
I. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo ainda que, ao
tempo da assunção, fosse insolvente e o credor conhecesse essa situação.
II. Mesmo com o assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se
extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele
originariamente dadas ao credor.
III. O novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam
ao devedor primitivo.
Assinale:
(A) se apenas a proposição I estiver correta.
(B) se apenas a proposição II estiver correta.
(C) se apenas as proposições I e II estiverem corretas.
(D) se todas as proposições estiverem corretas.
(E) se nenhuma proposição estiver correta.

30) (FGV – Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro – 2011) A


respeito dos atos unilaterais descritos no Código Civil, é CORRETO afirmar
que

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 140


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(A) aquele que indevidamente recebeu, ainda que de boa–fé, determinado imóvel
e o aliena por título oneroso, responderá não só pelo valor do imóvel como
também por perdas e danos.
(B) contrai obrigação de cumprir o prometido aquele que, por meio de anúncios
públicos, se compromete a recompensar a quem preencher certa condição.
(C) é possível exigir a repetição do que se pagou por uma dívida prescrita.
(D) não se admite a intervenção na gestão de negócio alheio daquele que não
tenha sido autorizado pelo interessado.
(E) a restituição, na hipótese de enriquecimento sem causa, será devida, salvo
se a causa que tenha justificado o enriquecimento deixe de existir.

31) (FGV – Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal de Cuiabá/MT –


2016) Joana firmou contrato com Virginia obrigando-se a entregar-lhe um
vestido. Antes da tradição, porém, Joana utilizou o vestido em uma festa
e derrubou vinho sobre ele, manchando o vestido. Diante dessa situação,
Virginia poderá:
(A) aceitar o vestido, ou o equivalente em dinheiro, desde que renuncie às perdas
e danos.
(B) postular somente o equivalente em dinheiro, desde que renuncie ao
recebimento do vestido.
(C) aceitar o vestido, ou o equivalente em dinheiro, além de postular perdas e
danos.
(D) apenas postular perdas e danos.
(E) aceitar o vestido, apenas, desde que renuncie às perdas e danos.

32) (FGV – COMPESA – Advogado – 2016) Amanda, Bianca e Cristiana


contraíram empréstimo no valor de R$ 150.000,00 a Frederico, com vista a iniciar
um negócio conjunto, tendo o contrato estabelecido a solidariedade entre as três
devedoras. Depois de concluído o negócio, contudo, Frederico exonerou Amanda
da solidariedade. Já Bianca veio a falecer, deixando dois herdeiros maiores e
capazes, seus filhos Felipe e Bernardo, cabendo a cada um, na partilha, herança
bastante superior ao valor do empréstimo. Considerando ter havido o vencimento
da dívida depois de realizada a partilha dos bens deixados pela devedora Bianca,
com relação à exigibilidade do crédito assinale a afirmativa correta.
(A) Frederico poderá exigir a dívida toda, tanto de Amanda quanto de Felipe,
Bernardo ou Cristiana.
(B) Frederico poderá exigir a dívida toda de Amanda ou Cristiana, mas nada
poderá exigir de Felipe ou Bernardo.
(C) Frederico poderá exigir a dívida toda de Cristiana, mas nada poderá exigir de
Amanda; já com relação a Felipe e Bernardo, poderá exigir de cada um a cota
correspondente ao seu quinhão hereditário.
(D) Frederico poderá exigir a dívida toda de Cristiana; de Amanda, apenas a sua
cota parte; mas nada poderá exigir de Felipe ou de Bernardo.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 141


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar
(E) Frederico poderá exigir a dívida toda de Cristiana; de Amanda, apenas a sua
cota parte; de Felipe e de Bernardo, poderá exigir, de cada um, a cota
correspondente ao seu quinhão hereditário.

33) (FGV – Exame da OAB Unificado – 2015) Joana e suas quatro irmãs, para
comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para organizar a
festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs arcariam solidariamente com
todos os gastos. Ricardo, ao requerer o sinal de pagamento, previamente
estipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada uma das irmãs informava
que a outra tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo
cumpriu sua parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para cobrar
pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa
correta.
(A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de Joana, as outras
irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito.
(B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar das outras,
ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente.
(C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos, qualquer um deles
deverá arcar com o total da parte de sua mãe.
(D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para receber o total do
serviço, uma vez que se trata de obrigação divisível.

34) (FGV – Prefeitura de Paulínia – Procurador – 2016) Joana contrata com


Felipe a compra e a venda de televisor de propriedade deste, mediante pagamento
à vista. Foi avençado que o bem seria entregue na casa da compradora em dez
dias, sendo de responsabilidade do vendedor a entrega do bem. Passados os dez
dias da contratação, Felipe informa que a televisão havia sido roubada durante o
trajeto da entrega e, portanto, o contrato estava resolvido em decorrência de força
maior, não havendo a possibilidade de devolução do valor pago. Joana consulta
um advogado, que a instrui que
(A) como a televisão foi roubada sem culpa de Felipe e antes da tradição, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes, não sendo Felipe obrigado a restituir
o valor pago.
(B) Felipe deverá entregar a Joana uma televisão de qualidade e marca iguais ou
semelhantes àquela furtada, a ser escolhida por Joana, na medida em que o bem
é fungível.
(C) o valor pago por Joana na compra da televisão deverá ser devolvido por
Felipe, ainda que haja a configuração de hipótese de caso fortuito, pois a
obrigação de Felipe de dar coisa certa não se efetivou.
(D) Joana poderá exigir a restituição do valor pago a Felipe, com direito a
reclamar indenização por eventuais perdas e danos.
(E) Joana terá direito a reclamar perdas e danos, somente.

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 142


DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO
AULA 07: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Prof. Lauro Escobar

GABARITO SECO = FGV


01) C 10) B 19) A 28) E
02) E 11) B 20) C 29) E
03) E 12) D 21) D 30) B
04) D 13) E 22) A 31) C
05) B 14) B 23) D 32) E
06) E 15) A 24) D 33) A
07) E 16) C 25) A 34) C
08) E 17) E 26) A
09) A 18) B 27) A

GABARITO SECO = FCC


01) B 13) D 25) C 37) E 49) C
02) A 14) D 26) A 38) B 50) C
03) A 15) D 27) C 39) A 51) C
04) B 16) A 28) A 40) D 52) E
05) D 17) E 29) B 41) C 53) E
06) C 18) B 30) A 42) B 54) C
07) C 19) C 31) D 43) A 55) E
08) A 20) A 32) D 44) C 56) D
09) A 21) B 33) E 45) D 57) E
10) C 22) A 34) B 46) B 58) B
11) C 23) E 35) A 47) E 59) E
12) D 24) A 36) D 48) A 60) C

www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 143

Você também pode gostar