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B NCÁRI
UO CANDIDATO
PROFISS
O
S A ADIREI
NOÇÕES BANCÁ
GERAIS DETO RIO
FICHA TÉCNICA
1
FICHA TÉCNICA
COORDENAÇÃO
Aurélio Rocha
TEXTO BASE
Jorge Nascimento
ADAPTAÇÃO A MOÇAMBIQUE
Núcleo Pedagógico
ADAPTAÇÃO A MOÇAMBIQUE
IFBM - Núcleo Pedagógico
©IFB
Reservados todos os direitos ao IFBM/IFB/ISGB, de acordo com a legislação em
vigor.Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer forma ou
qualquer processo, sem autorização prévia e escrita do IFBM/IFB.
2
INDICE
I. GARANTIAS DO CRÉDITO
BANCÁRIO ....................................................................... 1 AS GARANTIAS
PESSOAIS ............................................................................................... 2 A) Relações
Obrigacionais ..................................................................................................... 4 B)
Garantia Geral das Obrigações e Garantias Especiais...............................................
5
C) Garantias
Pessoais ............................................................................................................ 15
0
A) Personalidade e Capacidade Jurídicas .......................................................................
73 B) Menoridade: Um Caso de Incapacidade
Jurídica ..................................................... 78 C) Interdição: Outra Situação de
Incapacidade Jurídica .......................................... 86
D) Inabilitacão: um Estado de Incapacidade Atenuada ..............................................
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1
e, ao contrário, numa operação de crédito, é o cliente que se obriga a
entregar ao banco a importância em dívida.
Objectivo
No final desta Unidade, você deverá estar apto a:
Apreender o sentido das relações jurídicas obrigacionais no
contexto das quais se inserem as de crédito;
Reconhecer a garantia geral das obrigações;
Identificar as garantias pessoais e descrever
os contornos das suas modalidades mais importantes;
Reconhecer as garantias reais e analisar três dos seus tipos
principais: penhor, hipoteca e consignação de rendimentos.
AS GARANTIAS PESSOAIS
Introdução
As operações de crédito têm constituído um dos aspectos centrais da
vocação da Banca e do seu papel na economia do país. Através delas, os
bancos realizam lucro e cumprem uma das suas razões de existir. Como
é sabido, estas operações implicam um determinado grau de risco, face
ao qual os bancos, que assumem a posição de cedentes de fundos,
deverão tomar as necessárias preocupações.
Desta forma, em termos de rendibilidade, tornar-se-ão mais eficazes
se conseguirem atenuar os riscos inerentes à concessão de crédito.
2
É neste âmbito que surgem, na actividade bancária e noutros domínios,
as garantias das obrigações como meio necessário para que os bancos
vejam garantidos os seus créditos.
As garantias de que os bancos dispõem decorrem, por um lado, de
figuras jurídicas que a Lei tipifica, designadamente no Código Civil; por
outro, são uma consequência lógica da sua posição de agentes de
crédito.
Ao longo desta Sessão, terá oportunidade de analisar e enquadrar as
garantias, em geral, e, ainda, de abordar as garantias pessoais, em
particular.
Assim, nesta Sessão, abordar-se-ão os seguintes tópicos:
A) Relações Obrigacionais
Obrigações e Relações Obrigacionais
B) Garantia Geral das Obrigações e Garantias Especiais
Garantias das Obrigações
Garantia Geral
Garantias Especiais: Reais e Pessoais
C) Garantias Pessoais
A Fiança
Garantia Bancária Autónoma
O Aval
O Seguro
Objectivo
3
A) Relações Obrigacionais
Obrigações e Relações Obrigacionais
4
Obrigação: é um vínculo por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com a
outra à realização de uma prestação*.
*Art° 397 do Deste modo, a obrigação traduz um vínculo jurídico que se estabelece
Código Civil
entre dois sujeitos:
Um deles deve realizar determinado comportamento (realização de uma
prestação) ou abster-se de o realizar;
O outro tem o direito de lhe exigir que o realize ou que dele se
abstenha.
Num empréstimo bancário, o cliente fica com a obrigação
(eventualmente, entre outras) de reembolsar o banco segundo a
modalidade acordada, e o banco ficou com o direito de lhe exigir o
reembolso; este, por sua vez, ficou com a obrigação de lhe emprestar o
dinheiro estipulado no contrato.
5
O risco - convindo que seja atenuado ou minimizado até onde for
possível;
A confiança - susceptível de ser abalada ou traída pelo devedor.
6
O universo patrimonial do cliente, que constitui sempre uma
referência importante para quem concede crédito e quer avaliar
com rigor o nível que aquele merece;
A transacção a que se destina, a fim de adequar o crédito às
condições pessoais do cliente, à natureza do crédito solicitado e
ao negócio que visa cobrir.
Garantia Geral
A nossa empresa tem estado, nos últimos tempos, empenhada em modernizar e alargar o
alcance do seu mercado, tendo em vista, muito especialmente, a
possibilidade de concorrer, com eficácia, nos países da Comunidade Europeia.
Temos, então, no nosso plano estratégico a médio prazo, dois objectivos essenciais:
7
Renovar, por completo, a maquinaria da cadeia de montagem;
Aumentar a nossa frota de distribuição.
Neste sentido, e no seguimento das conversas mantidas com V. Exas. , vimos solicitar
a concessão de um empréstimo de 300 000 contos, por cinco anos. Julgamos poder
começar a liquidar o referido empréstimo no fim do primeiro ano, em condições a
definir, tal como foi anteriormente discutido.
Como havíamos informado V. Exas., poderemos dar como garantia a nossa fábrica com
mesma, bem como, se necessário, um lote de 20 000 acções da Missbela, SARL, que a
Luztrónica tem depositado no vosso banco à nossa ordem.
Em anexo, juntamos a documentação que julgamos suficiente, para uma análise mais
aprofundada do investimento que pretendemos efectuar, nomeadamente o estudo de
viabilidade económica que realizámos em conjunto com a Trajectórias, Lda.
O Gerente
António Lopes Souto (António Lopes Souto)
8
elaboraram um relatório que enviaram ao Director da Região.
O parecer patente neste relatório foi favorável, já que a Luztrônica, Lda.,
de acordo com a informação analisada, parece ter credibilidade no
mercado e uma situação financeira equilibrada.
Exmos. Senhores
Luztrónica Lda.
Estrada do Sol, 33
8000 Nova cidade
C/N. 4369 05/07/95 A-456 26/07/96
Assunto: Empréstimo
da Esc. 300 000 000,00 MT N° 67298/500/2
1.FINALIDADE
A importância do crédito de
stina- se ao investimento referido, em anexo à
Vossa solicitação sm referência. Em satisfação do solicitado por V. Exas,
e
na sequência das conversações havidas, vimos comunicar que nos propomos
conceder o empréstimo supra, nas seguintes condições:
…/…
…/…
7. GARANTIAS
* Exemplos dessas
Elimitações
se ossãobens
os que integram o património do devedor não forem suficientes para
vencimentos, que completa satisfação dos débitos?
'apenas podem ser
penhorados em
parte. Não havendo credores preferenciais têm todos os credores o
direito de ser pagos proporcionalmente pelo valor dos bens do devedor objecto da
execução.
10
Caso haja credores preferenciais estabelece-se uma
hierarquia dos preferentes e dos comuns, que serve de base ao
pagamento das dívidas reconhecidas judicialmente.
Como?
11
São as garantias especiais das obrigações.
12
Etc.
Garantias Especiais
Penhor
Hipoteca
Reais Consignação de
rendimentos Etc.
Estes dois tipos de garantias especiais poder-se-ão distinguir de
acordo com os seguintes critérios:
Garactias reais
Desta forma, caso a Luztrónica, Lda. não cumpra com a sua obrigação,
o Banco Moçambicano poderá, recorrendo ao tribunal, fazer-se pagar
pelo valor da fábrica ou das acções, respectivamente dadas como
hipoteca e penhor.
Garantias pessoais
O Banco Moçambicano exigiu, como garantia, quanto às
livranças a subscrever, o aval dos sócios e respectivos
cônjuges, isto é, quanto a parte do empréstimo - 60 000
13
contos - o banco reivindicou, para maior segurança da operação, uma garantia
pessoal.
14
terceiros - na pessoa dos próprios sócios*, o qual passará, também, a
assegurar a satisfação do crédito.
Assim, exigindo garantias pessoais, o credor aumenta a probabilidade
de ver garantidos os seus créditos, já que se poderá fazer pagar, em
caso de incumprimento, não só pelo património do devedor, mas
também pelo(s) do(s) terceiro(s) quepresta(m) o aval ou a fiança.
Resumindo:
Sistematizando:
Património pessoal e
GARANTIA GERAL geral do devedor
- Luztrónica, Lda.
Fiança
Património pessoal e geral
GARANTIA PESSOA L
do terceiros
Aval - Sócios.
Hipoteca
Bens concretos e
GARANTIA REAL
13 determinados
Penhor - Fábrica e acções.
Portanto, sistematizando:
14
C) Garantias Pessoais
A Fiança
Sofia Antunes, depois de ter assinado o contrato de promessa de compra e
venda de um andar, dirige-se a um balcão do Banco Moçambicano a fim de
se informar sobre as condições e os impressos necessários para o pedido
de concessão de empréstimo.
Atendendo a que, no último ano, ainda não usufruía de quaisquer
rendimentos e que o crédito a conceder se enquadrava num dos regimes
especiais - crédito jovem -, foi-lhe sugerido que arranjasse um fiador para
que, assim, o processo se tomasse mais favorável.
Sofia colocou, então, a questão aos pais., Bernardo e Joana Antunes. que
imediatamente se ofereceram para serem seus fiadores.
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Contrato de
empréstimo
DEVEDORES CREDOR
Prestação
Banco
Sofia Antunes
Moçambicano
Contrato de
hipoteca
FIADORES
Bernardo e Joana
Antunes
Art° 627
Termo de Fian ça
(Responsabilidades genéricas)
(1)
Declaram-se os fiadores solid ários entre si, sobre cada um e qualquer deles
recaindo . a responsabilidade por todas as obrigações do afiançado.(3)
Local e Data
16
assinaturas (4)
19
Mas o juízo de valor acerca da capacidade patrimonial do fiador cabe
ao credor, que não é obrigado a aceitar quem não reúne património
bastante para assegurar o cumprimento da obrigação.
De resto, o credor tem mesmo a faculdade de exigir o reforço da
fiança, se se verificarem alterações na situação patrimonial que ponha
em risco a sua solvabilidade.
O devedor pode ser garantido pela mesma dívida por vários fiadores:
Isoladamente cada fiador garante o cumprimento da
obrigação pela totalidade;
Conjuntamente cada um responde proporcionalmente pela sua
quota, podendo invocar o benefício da divisão.
A obriga ção do fiador é acess ória da que recai sobre o principal devedor.
Credor
Património do(s) fiador(es)
Quanto à natureza
A fiança será comercial ou civil, consoante a natureza da obrigação a
que serve de garantia.
Como vimos atrás, no primeiro caso exemplificado, estamos perante
uma fiança comercial e, no segundo, uma fiança civil, porque decorrem,
respectivamente, de acto comercial e acto civil.
Quanto à extinção
Como parece óbvio, não faria sentido a fiança prosseguir, mesmo depois
de extinta a obrigação garantida.
Assim, a extinção desta garantia é determinada pela extinção da
obrigação principal.
Art°. 101°.
Todo o fiador de obrigações mercantis, ainda que não seja comerciante, será solidário com o
respectivo afiançado.
FIANÇA
Depois de ter visto este anúncio, o empreiteiro José Maria Lima decide
concorrer. Estudou as condições, verificou o caderno de encargos e
elaborou a proposta, cuja idoneidade irá ser avaliada pela Câmara que
tentará seleccionar o concorrente que mais (ou melhores) garantias
oferecer, no sentido de cumprir com a obrigação que venha a assumir.
À proposta apresentada, José Lima juntou o seguinte documento:
23
Garantia Bancária n/n° 19717, perante a CÂMARA MUNICIPAL DE NOVA
CIDADE ————— O BANCO MOÇAMBICANO, Filial da BEIRA,
constitui-se pelo presente documento, garante e principal pagador de JOSÉ
LIMA, LDA, com escritórios na Avenida do Mar, 14, BEIRA, adjudicatária
da empreitada de "construção do mercado de abastecimento", no que
respeita à importância de 12 500 000,00 MT (DOZE MILHÕES E
QUINHENTOS MIL METICAIS), correspondentes à subscrição do valor
definitivo de 5% (cinco por cento) sobre o montante da citada empreitada,
responsabilizando- se pela entrega de quaisquer quantias que se tornem
necessárias, à primeira solicitação, se a adjudicatária for considerada em
falta de cumprimento do seu contrato pelo dono da obra.
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ao pagamento (por exemplo, se existir um documento de quitação válido
e assinado pelo beneficiário).
Estas garantias não têm, assim, natureza acessória em relação à
obrigação garantida, como acontece com a fiança.
Como o próprio nome indica, estas garantias são autónomas face à
dívida principal. Caracterizam-se pela sua independência e abstracção
relativamente ao negócio que lhes deu causa.
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Por outro lado, a necessidade que os bancos têm de exigir aos
clientes contra-garantias:
Garantia pessoal (por exemplo, livranças subscritas com aval);
Garantia real;
Depósito bancário cativo;
Etc.
O Aval
Caracterização
Aparece-nos associado a alguns títulos de crédito.
* Lei Uniforme
Tendo com a fiança muitos pontos comuns, há quem o considere como uma
Relativa às
Letras e fiança comercial aposta nas letras, livranças e cheques.
Livranças art°
30°. Ao aval se refere a LULL*:
―O pagamento de uma letra (ou livrança) pode ser, no todo ou em parte, garantido
por aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra ‖.
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Através do aval, respondem de forma solidária pelas obrigações
emergentes do título:
Ao sacador Na letra
No cheque
Ao subscritor na livrança
Aval bancário
Como aval especificamente prestado pelos bancos sobre letras
sacadas, aceites ou endossadas pelos seus clientes, temos ainda o aval
bancário.
Aval Bancário: Trata-se de uma operação em que um banco, como qualquer outra
pessoa singular ou colectiva, presta o seu aval em letras sacadas, aceites ou
endossadas pelos seus clientes, bem como em livranças, garantindo assim o bom
pagamento.
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O aval bancário é sobretudo utilizado no comércio internacional,
conferindo ao banco avalista o direito a receber, como remuneração,
uma comissão de aval.
Aval do Estado
Uma última referência para a figura dos avales do Estado.
Avales do Estado: são prestados por instituições de direito público e estão sujeitos
a regulamentação própria.
O Seguro
Contrato de seguro é o acordo nos termos do qual o segurador garante o segurado
contra os danos por este causados e pelos quais seja responsável, ficando obrigado a,
em sequência, pagar as indemnizações devidas por tais danos.
29
II. GARANTIAS DAS OBRIGAÇÕES - GARANTIAS REAIS
Introdução
31
A) Garantias Sujeitas/não Sujeitas a Registo
Para além dos imóveis e certos direitos a eles inerentes - que são
susceptíveis de hipoteca e registáveis -, a lei entende dever rodear
também certos móveis de um regime de publicidade através de registo,
a fim de lhes conferir maior segurança jurídica no seu comércio: são os
móveis sujeitos a registo ou equiparados, para certos efeitos, aos
imóveis.
Por exemplo, é o que acontece com os navios, que podem ser objecto de
hipoteca, registada na Conservatória do Registo Comercial competente. O
mesmo se passa com as aeronaves e os veículos, também elas susceptíveis de
serem hipotecadas e registáveis.
B) A Hipoteca
Quando um banco concede um empréstimo, sobretudo se for de um
montante elevado e liquidável a médio ou longo prazo, exige,
frequentemente, a hipoteca de um bem cujo valor possa cobrir a dívida
em causa.
Caracterização da Hipoteca
De entre as características da hipoteca, comecemos por considerar as
seguintes:
Sendo uma garantia, a hipoteca é um direito acessório, uma vez
que acompanha sempre a obrigação garantida.
Consequentemente, é um direito distinto do crédito a que está
adstrito, mas subordina-se-lhe funcionalmente enquanto se
destina a assegurar a sua finalidade.
Contrato de
empréstimo
DEVEDOR CREDOR
Prest ação
Banco
Mafalda Moçambique
Contrato de
hipoteca
34
Atendendo a que José Maria não era titular, até ao momento, de nenhum
bem imóvel ou equiparado, o seu padrinho, Salvador Mendonça, oferece-se
para dar como hipoteca um pequeno terreno que possuía em Vale Belo.
* Pode
verificarse, aqui,
algum contrato
que, todavia, não
diz respeito ao
banco
Resumindo:
* Art.° 686°, A hipoteca é uma garantia real que confere ao credor o direito de ser pago pelo
n° 1, do
valor de certas coisas imóveis, ou equiparadas, pertencentes ao devedor ou a
Çódigo Civil.
terceiro, com preferência sobre os demais credores que não gozam de privilégio
especial ou de prioridade de registo*.
Espécies de Hipoteca
Na lei, estão previstos diferentes tipos de hipoteca, sendo os mais
frequentes na actividade bancária, os que resultam da vontade das
partes, ou seja, os que se constituem por contrato - hipotecas
convencionais.
Legais
HIPOTECAS Judiciais
Voluntárias
35
* Art° HIPOTECAS CARACTERÍSTICAS GERAIS
710° n° 1
do Código Legais Decorrem imediatamente da lei, sem
Civil
dependência da vontade das partes; Podem
constituir-se desde que exista a obrigação a
que servem de garantia; Constituem-se por
registo.
Judiciais Decorrem e constituem-se através duma
sentença de condenação do devedor, que
fica obrigado à realização de uma
prestação em dinheiro ou outra coisa
fungível*;
Voluntárias Decorrem da declaração unilateral;
Sujeitos do contrato
de hipoteca;
Formalidades exigidas.
Credor prestação
Devedor
33
Contrato de empréstimo
Formalidades exigidas
Existem dois tipos de requisitos formais que devem ser cumpridos
para que o contrato de hipoteca se torne válido e eficaz.
37
TIPOS DE QUAIS S ÃO?
REQUISITOS FORMAIS
Escritura pública quando se trata deóveis
im
Requisitos de Validade
Documento particular quando a hipoteca
incida sobre bensóveis
m sujeitos a registo
Requisitos de Efic
ácia Registo
Constituição;
Modificações;
Renúncia.
CERTIFICO
…/…
…/…
CONTRATO DE COMPRA E VENDA COM HIPOTECA
No dia 7 de Setembro de mil novec entos e noventa e dois, perante mim, Moisés
Santos Mateus, notário do Décimo Cartório Notarial de Maputo, compareceram
como outorgantes:
…/…
Na verdade, tal acto é uma condição "sine qua non" para a hipoteca ser
eficaz, não só perante terceiros, mas mesmo em relação às próprias
partes.
38
É o que nos diz o Código Civil:
Código Civil
Art° 687°
"A hipoteca deve ser registada sob pena de não produzir efeitos mesmo em
relação às partes".
O fundamento da hipoteca;
O montante máximo do crédito
assegurado e o montante dos seus acessórios.
39
Objectivo da Hipoteca
Que a hipoteca incida sobre um bem Hipotecas gerais que incidam sobre a
concreto e específico do devedor globalidade dos bens do devedor
ou de terceiros*.
Que a hipoteca tenha como objecto
os bens imóveis e alguns direitos a
eles inerentes e ainda alguns móveis
* Art° 716° que, por lei, estão sujeitos a
do Código Civil registo.
De entre os objectos passíveis de hipoteca, destacam-se, no domínio da
constituição de garantias do crédito bancário, as hipotecas que incidam
sobre:
Assim:
40
Coisas imóveis: são a terra e as coisas a ela ligadas materialmente com carácter de
permanência, incluindo as águas e os direitos sobre imóveis.
Coisas móveis: tudo o que não se integra nos imóveis, nomeadamente, os corpóreas
que são susceptíveis de deslocação de um lugar para o outro, quer se movam por si ou
não.
Prédios rústicos: uma parte delimitada do solo e as construções nele existente que
não tenham autonomia económica.
Prédios urbanos: qualquer edificío incorporado no solo com os terrenos que lhe
sirviam de logradouro.
41
Devedor Credor
Penhora do bem
Registo da penhora
venda
Extinção da Hipoteca
DECLARAÇÃO
Fabridoce - Doces Regionais, Lda., sociedade comercial por quotas com sede na Estrada da Via
Sul 124-A em Nova Cidade, legalmente representada pelos sócios-gerentes DANIEL DE
MATOS e FERNANDO ANTUNES PINHEIRO, declara autorizar o cancelamento total da
inscrição hipotecária n° 25873 a fls. 181 V° do Livro C-52 da 3ª Conservatória do Registo
Predial da Nova Cidade que recai sobre a fracção autónoma designada pela letra "H-3" e que
corresponde ao 7° andar-A (frente) do prédio urbano sito na Rua Alfredo Freitas, n°s 8, 8-A,
8-C e 8-D e Rua Gregório Só n° 4, freguesia de S. Maurício, em Nova Cidade, descrito sob o n°
28463 a fls. 82 do livro B-01 da referida Conservatória.
…/…
TERMO DE AUTENTICAÇÃO
No dia dezasseis de Dezembro de Primeiro Cartório Notarial de Nova Cidade pemil novec …/…
rante mim, Lucinda Alcides Azevedo,entos e noventa e um, no Vigésimo
43
Renúncia do credor
REQUISITOS DA RENÚNCIA
Ser "expressa"
C) O Penhor
Para além disso, constitui factor de peso para a sua intensiva utilização
a variedade de bens que dela podem ser susceptíveis, aliada à
facilidade de adaptação que oferece aos múltiplos negócios carecidos
de crédito.
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Caracterização do Penhor
O penhor, enquanto garantia real, partilha com a hipoteca algumas
características, designadamente:
É um direito acessório do crédito, cuja finalidade visa
assegurar;
Atribu i ao credor um direito de preferência;
Implica a afectação de um bem, pertencente ao devedor ou a
permanece não
m na posse permanece
do m na p osse
devedor do devedor
penhorhipoteca, entre
outras:
* Art° 666, n° 1,
do Código Civil.
O penhor é uma garantia real que ―cofere ao credor o direito à satisfação do seu
crédito e dos juros, se os houver, com preferência sobre os demais credores, pelo
valor de certa coisa móvel, ou pelo valor de créditos ou outros direitos não
susceptíveis de hopoteca, pertencentes ao devedor ou a terceiros*.
45
Trata-se, como se vê, de uma garantia real, que se caracteriza pela
afectação ao cumprimento de uma obrigação de uma coisa do devedor
ou de terceiro, .que pode ser relativa a bens móveis, créditos ou outros
direitos não susceptíveis de hipoteca.
Que coisa?
Tudo aquilo que tenha valor, não seja passível de hipoteca e o credor
aceite em garantia. Mas alguns bens são alvos privilegiados desta
garantia, como, por exemplo:
Depósitos em dinheiro;
Quotas de sociedades; Etc.
Espécies de Penhor
O penhor pode ser classificado de acordo com dois critérios:
Regime jurídico que determine a sua regulamentação;
Objecto sobre o qual incide.
46
Penhor civil;
Penhor comercial;
Penhor de coisas;
Penhor de direitos
PENHOR
Objectivo Natureza
Coisas Civil
Direitos Comercial
ESPÉCIE DE
PENHOR DEFINIÇÃO EXEMPLO
incorpóreos
Quanto ao regime jurídico
* Art°
O 666° e regime geral do penhor consta do Código Civil*.
seguintes
47
A Lei* prescreve algumas limitações, nomeadamente no que se refere ao
* Estão excluídos os
penhor de direitos. Só poderão ser objecto de penhor os direitos que:
móveis que sejam
equiparados a Tenham por objecto coisas móveis* e
imóveis, já que estes
Sejam susceptíveis de transmissão.
são susceptíveis de
hipoteca;
logo.não são
passíveis de penhor.
Contrato de Penhor
Tal como já foi referido em relação à hipoteca, também o penhor se
reveste do estatuto de garantia convencional, uma vez que a sua
constituição é feita mediante a celebração de um contrato.
Contrato de penhor
Contrato de empréstimo
Credor Devedor Terceiro
48
Penhor mercantil de P
e coisas; Penhor de n
hor civil de coisas; Penhor direitos.
de coisas:
Para que este contrato se tornasse válido foi necessário que a Srª D.
Catarina Sousa entregasse a coisa empenhada.
Esta posse da coisa empenhada pelo credor tem como objectivo dar
publicidade ao penhor, sem a qual terceiros podem ser injustamente
prejudicados. Para além disso, a entrega serve de segurança ao credor,
que se defende contra o extravio do penhor, tornando mais sólido o seu
crédito.
Se a Srª D. Catarina Sousa não pagar no vencimento, a casa de
penhores pode, verificados certos requisitos, proceder à venda em
leilão do cordão de ouro.
49
O Sr. António Roma, agricultor em Vila Nova, decidira, há dois anos,
alargar a sua actividade aproveitando as potencialidades do terreno que
possuía. Começou, então, a dedicar-se à criação de minhocas para a
produção de húmus. No entanto, devido a alguns imprevistos, o Sr. António
Jica com certas dificuldades em solver as suas dívidas imediatas.
Dirigiu-se, então, ao Banco Moçambicano, afim de solicitar um
financiamento a curtoprazo. O banco concede o empréstimo e, como
garantia, exige o penhor de dez leiras de minhocas do Sr. António.
Art° 1°
Alienar;
Modificar;
Destruir;
Desencaminhar o objecto sem
autorização escrita do credor;
Empenhar novamente o bem sem que, no novo contrato, se mencione a
* Direito garantido existência do penhor ou penhores anteriores, sobre os quais recai a
pelo penhor, que
consiste em ser o prioridade cronológica.
credor pago através
da coisa empenhada
para ressarcimento
do valor do crédito.
É que o penhor utilizado na actividade bancária aparece-nos
O credor enquadrado por um regime especial, segundo o qual se permite:
pignoratício, embora
não sendo o A dispensa da entrega da coisa empenhada nos penhores para
proprietário dos
garantia de crédito concedido por estabelecimentos bancários
bens, tem
legitimidade para, autorizados.
em caso de
incumprimento, os Para obviar à entrega material do bem sem prejudicar a desejável
vender.
segurança jurídica dos direitos do credor, estabeleceu-se uma forma
de garantia dos seus direitos através da aplicação de sanções penais.
51
No entanto, apesar de o penhor mercantil de coisas não depender, para
a sua validade, de nenhuma forma especial, está prevista na lei a
possibilidade de o contrato de penhor constar de documento autêntico
ou documento autenticado, conforme as obrigações subjacentes sejam
formalizadas.
* Este tipo deDocumentos autêntico*: é o documento, com as formalidades legais, por autoridades
document é,públicas, nos limites da sua competência, ou por notário ou outro oficial, dentro do
no entanto,
círculo de actividade que lhe é atribuído*. Um exemplo: escritura pública.
mais frequente
nos contraltos
de hipoteca do
que nos de
penhor.
Documento autenticado: é o documento particular confirmado pelas partes perante
* Art° 363°,
n°3, do Código notário, nos termos prescritos nas leis notariais*.
Civil.
…/…
1°
…/…
…/…
TERMO DE AUTENTICAÇÃO
Verifiquei a identidade dos signatários por conhecimento pessoal e que, para fim
de autenticação, me apresentaram o presente documento, que declararam haver
lido e assinado e que ele exprime a vontade dos seus representados.
…/…
Penhor de direitos
*Art° 681°, "A constituição do penhor de direitos está sujeita à forma de publicidade exigida para a
n° 1, do transmissão dos direitos empenhados*."
Código Civil.
Daí que o penhor da quota que a Marimar possui tenha sido submetido
aos requisitos a que obedeceria a transmissão duma quota noutras
situações, isto é, através de escritura pública.
53
Segundo o n° 3 do art°
216° do Código Civil: O CREDOR TEM O DIREITO DE:
Benfeitorias necessárias:
"As que têm por fim Verificar, sempre que queira, o estado do bem empenhado;
evitar a perda,
Ser indemnizado das benfeitorias necessárias e de levantar as úteis* caso seja possível,
destruição ou
ou, em alternativa, ser indemnizado;
deterioração da coisa".
Benfeitorias úteis: "As Exigir a substituição ou reforço do penhor, ou o cumprimento imediato da obrigação se a
que não sendo coisa empenhada perecer ou se tornar insuficiente para segurança da dívida*;
indispensáveis para a sua Reclamar judicialmente a venda antecipada do bem empenhado com base em justo receio
conservação, lhe
aumentam, todavia, o
de que este se perca ou se deteriore;
valor". Execução do penhorse, vencida a obrigação, o devedor não cumprir, adquirindo o credor o
direito de se pagar pelo produto da venda judicial*, podendo ser feita extrajudicialmente
Assim, se um agricultor se as partes o tiverem convencionado.
desse como penhor as
vacas que possui e estas
morressem, o credor
poderia exigir outro As partes podem ainda convencionar que o bem empenhado seja
penhor — por exemplo,
de alfaias agrícolas -
adjudicado ao credor pelo valor que, após pedido nesse sentido, o tribunal
ou, caso o devedor se fixar - é a adjudicação do penhor.
recusasse a prestar
outras garantias, exigir
de imediato o pagamento
da dívida.
Trata-se de um processo
especial previsto e
regulado no Código de
Processo Civil, " a venda
de penhor mercantil".
Extinção do Penhor
D) Consignação de Rendimentos
O Sr. Joaquim Guedes pretende obter um financiamento do Banco Moderno
para o que dá, como garantia do empréstimo, os rendimentos de um imóvel
que ele tem arrendado e que, desta forma, ficarão consignados ao
cumprimento da obrigação.
54
Principais características da consignação de rendimentos
A consignação de rendimentos pode assumir mais do que uma
modalidade, designadamente:
- cumprimento da obrigação;
- cumprimento da obrigação e respectivos juros;
Faz-se, ou por um número limitado de anos, que no caso de
imóveis não pode exceder os 15 anos, ou até ao pagamento
integral da dívida garantida;
Só tem legitimidade p ara constituir a consignação quem puder
dispor dos rendimentos consignados.
Em regra:
- Consta de escritura pública, se se tratar de rendimentos de
imóveis.
- Consta de documento particular, se se tratar de
rendimentos de móveis.
Está sujeita a registo na Conservatória do Registo Predial, no
caso de rendimentos de imóveis, ou noutras entidades, no caso
de rendimentos de móveis.
56
Todas as outras alíneas representam operações que o Banco
Moçambicano efectuou, mas no âmbito da sua gestão empresarial.
B) CONTRATOS BANCÁRIOS
57
Na verdade, quando um cliente movimenta uma conta, desconta uma
letra ou uma livrança ou recebe dum banco um crédito em
contacorrente, ambos actuam no âmbito de cláusulas de contratos
bancários.
58
na lei. Significa isto que, dentro dos limites da lei, as partes podem celebrar contratos
diferentes dos previstos nos códigos ou em legislação avulsa, fixando livremente as suas
cláusulas.
Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra dinheiro ou outra coisa
fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo género e
qualidade.
60
Formação dos Contratos
A propósito da generalidade dos contratos, referimos que é necessária
a existência de um acordo de vontades, de conteúdos ou sentidos
diferentes, mas convergentes, que visam a produção de determinados
efeitos.
FORMAÇÃO DO CONTRATO
Proposta Aceitação
61
Este sistema constitui a resposta jurídica à massificação económica,
racionalizando e normalizando o fornecimento de bens ou serviços.
Apesar dos "contratos de adesão" terem vantagens apreciáveis neste domínio, envolvem,
contudo, riscos apreciáveis para o consumidor, que se limita a aderir ao figurino proposto,
muitas vezes redigido com terminologia técnica, expresso em caracteres de difícil leitura
e, não raras vezes, de forma ardilosa*.
Trata-se de um
A terreno fértilpara fim de proteger os clientes, que são em regra a parte mais inexperiente
a evocação de falta
e vícios da vontade
na contratação, o legislador regulamentou este tipo de contratos,
contratual. proibindo determinado tipo de cláusulas e obrigando o proponente a
respeitar determinadas formalidades.
62
Consagra que devem prevalecer o Defende que devem prevalecer o
alcance e o sentido objectivados no alcance e o sentido correspondentes à
*Art.°
texto contratual; vontade efectiva do declarante.
236°.
A solução legal é fundamentalmente objectivista, traçando as regras
interpretativas gerais no Código Civil*, vejamos quais são:
O n.° 1 dispõe:
declaratárionasnormal
circunstâncias do trabalhador (declaratário)
sentido que um
entenderia
colocado na posição do declaratário em a declaração da entidade patronal
(declarante) como tratando-se de um
concreto, possa deduzir do comportamento
despedimento ou não. Isto envolve, naturalmente,
do declarante o apuramento das circunstâncias em que a
declaração foi feita (após uma discussão ou não
etc...).
O n.° 2:
sentido for do
conhecimento do
declaratário.
63
regulamentadas. A actividadeintegrativa consiste, precisamente, na
colmatação de lacunas existentes no contrato.
Esta actividade deverá ser feita, na falta de disposição especial, de harmonia com a
vontade que as partes teriam ti do se tivessem previsto o ponto omisso, ou de acordo com
os *Art.° 239° do ditames da boa fé*.
Código Civil
Mais, uma vez nos aparece, também nesta fase de desenvolvimento do vinculo
*C.C.,
contratual, o princípio da boa fé que, naturalmente, deve presidir à boa
art.°76
2° execução dos contratos.*
Estes princípios são fundamentais para a segurança do comércio jurídico.
64
Quando um cliente estabelece um contrato de empréstimo com um
banco, obrigam-se, ambas as partes, ao seu cumprimento pontual.
E quando é que podemos dizer que o contrato se encontra pontualmente
cumprido?
Lugar do cumprimento
65
Prazo do cumprimento
A lei moçambicana impõe que, nas operações de concessão de
crédito, seja sempre obrigatória a fixação do respectivo
vencimento.
O prazo de vencimento pode ser prorrogado desde que as partes,
designadamente o banco, acordem nesse sentido.
A prorrogação é muito usual nalguns títulos de crédito - letras e
livranças, sobretudo - através da figura da reforma (como já viu na
disciplina de Operações Bancárias Gerais).
Prova de cumprimento
* Existe uma
multiplicidade
Cobrança Judicial: Acções Declarativas e Executivas
de acções
Quando os clientes dos bancos não cumprem as suas obrigações c se
especiais, que
não serão esgotaram todas as possibilidades de negociação extrajudicial, não resta aos
analisadas bancos outra possibilidade senão a de intentar uma acção judicial. Estamos
aqui.
perante o último recurso.
Declarativa; Executiva.
* Uma boa parte dasAs acções declarativas* têm como finalidade obter do tribunal a declaração de um
acções judiciais emdireito ou o reconhecimento da sua inexistência, pondo, assim, fim a uma questão
matéria de direito
duvidosa.
de família e direito
de sucessões tem
67
natureza declarativa.
Por vezes, os bancos intentam estas acções para tentarem pôr termo a
actos fraudulentos de desvio de bens do património dos seus clientes.
São exemplo destes actos:
Vendas simuladas entre pais e filhos;
Vendas de devedores a terceiros feitas com o fim de impedir a satisfação futura do
* Em face deste credor*;
acto, o banco
"Pôr os bens em nome de terceiros‖, utilizando outras vias.
poderia tentar mover
uma acção de
impugnação pauliana
Apesar de ser possível a um banco intentar uma acção declarativa cm
(incluída nas acções
declarativas), que se face destes actos, isso torna-se difícil, pois nem sempre se consegue
destina a revogar, provar que os intervenientes agiram de má-fé, ou seja, com
por decisão judicial,
a eficácia de actos conhecimento do prejuízo que causavam ao credor.
que envolvam a
diminuição da Relativamente a este aspecto, há, por vezes, possibilidade de evitar
garantia patrimonial
que o banco venha a ser prejudicado por parte dos seus clientes
do credor.
através de actos deste tipo. No entanto, essa possibilidade dependerá
de uma atitude atenta e de colaboração entre os balcões e os
contenciosos dos bancos.
Por exemplo, não será assim tão pouco usual, nos meios pequenos,
constar que certo devedor está a passar os seus bens para o nome dos
seus filhos ou de sobrinhos. Se o contencioso for avisado
atempadamente da situação e se se conseguirem testemunhas e
documentos respeitantes a esses actos, tornar-se-á possível actuar
com prontidão para defesa dos créditos.
Acções executivas
Para os bancos, é sempre preferível poder recorrer a medidas judiciais
de natureza executiva, visto que a possibilidade tíe recuperação dos
68
seus créditos é maior e mais rápida, procedendo-se à apreensão dos
bens dos devedores.
Sentenças condenatórias constituídas por decisões judiciais que impõem a alguém uma
prestação, desde que tenham já transitado em julgado, isto é, sejam insusceptíveis de
recurso ordinário;
Documentos exarados ou autenticados por notários, sempre que provem a existência de
uma obrigação;
Letras, livranças, cheques, extractos de factura;
Outros documentos particulares assinados pelo devedor, como vales, facturas
conferidas, documentos confessórios de dívida, etc., das quais conste a obrigação de
pagamento de quantias determinadas e se tal assinatura estiver reconhecida
notarialmente de forma simples ou presencial, em função do montante dos títulos;
Outros títulos a que, por lei especial, seja atribuída eficácia execu
O processo de execução
FASES MAIS IMPORTANTES DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Assim, após nomeação à penhora dos bens do executado, são estes por
despacho do juiz penhorados e assim retirados da posse e livre
disposição do devedor (executado), ficando adstritos à pretensão
executiva, ou seja, à satisfação do credor (exequente).
Quando os créditos objecto de execução têm garantia real (por
exemplo, hipoteca e penhor), a penhora começará pêlos bens dados em
garantia.
Só poderão ser penhorados outros, caso os bens objecto de garantia se
revelem insuficientes para pagar ao credor.
70
Móveis Removidos para depósito do tribunal
VENDA
EXECUTIVA
Exemplo: Exemplo:
Vendas em estabelecimentos Arremata çã o em hasta
de leil ões pública
Venda por negocia çã o Venda, atrav és de pro -
particular postas em carta fechada
71
OPOSIÇÃO DO EXECUTADO À EXECUÇÃO CONVOCAÇÃO DOS CREDORES E
ATRAVÉS DE EMBARGOS VERIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
O executado pode deduzir embargos em sua Face à reclamação de terceiros, tem de
defesa com base em certos pressupostos haver uma sentença judicial de graduação de
taxativamente enumerados na lei: créditos destinada a indicar a ordem por que
Não ser o título exequível; será distribuído o produto de venda dos bens
Tratar-se de parte ilegítima;
penhorados entre os diferentes credores:
Falsidade do documento, etc..
exequente e credores reclamantes.
O pagamento da dívida exequenda pode ser feito a todo o tempo:
Através de dinheiro;
Pela adjudicação
dos bens
penhorados; Pela
consignação dos seus rendimentos; Pelo
produto da respectiva venda.
Os Contenciosos Bancários
A coordenação das
As funções de activid ades de re -
Staffe de Apoio cuperação do
Técnico crédito;
Os estudos e pare -
ceres de natureza
jurídica, etc.
72
ecuperação dos créditos (cobrança judicial e
extrajudicial); revenção do risco
73
Assim, será atribuição destes órgãos "tomar o leme" nas acções
executivas .e/ou declarativas, que atrás abordámos, e noutras que o
banco empreenda.
74
A colaboração dos balcões
COMO
PORQUÊ?
Porque, quando for necessário apresentar testemunhas em acção contra o cliente, é sempre
preferível o tribunal ouvir os trabalhadores que contactaram o cliente e não os dos
serviços de retaguarda;
Porque, devido a contactos locais, é normalmente mais fácil e rápido um gerente de balcão
obter uma certidão das Finanças ou de uma Conservatória, ou uma fotocópia autenticada
notarialmente, etc.
Resumindo e concluindo:
Só o esforço, colaboração e co-responsabilização entre as diferentes
funções, tornará possível a eficácia na actuação a favor do banco.
75
Esforços conjuntos versus forças em oposição
76
Todos estes titulares, independentemente da idade ou do tipo de
pessoa (singular ou colectiva) são sujeitos jurídicos ou pessoas
jurídicas.
77
Pessoa jurídica:é todo o ente que tem aptidão para ser sujeito de direitos e
obrigações, ou seja, tem aptidão para ter um centro de imputação de deveres e
poderes jurídicos.
Temos vindo a designar por pessoa jurídica tanto o bebé como o Banco
Moçambicano e a Cooperativa "Terra do Sol", visto que todos eles
possuem personalidade jurídica. Mas há dois tipos de pessoas
jurídicas: Pessoas singulares; Pessoas colectivas.
Pessoas colectivas: são entes não humanos, organizações de pessoas ou bens que têm
em vista a realização de certos interesses (exemplo: fundações, sociedades,
associações, etc).
Exemplificando:
Pessoas singulares Pessoas colectivas
78
Aquisição da Personalidade Jurídica
Segundo o Código Civil Português, as pessoas adquirem personalidade
jurídica:
―... no momento do nascimento completo e com vida ...‖*
* Artigo 66 do
Código Civil.
Deste modo,
* A morte de Sendo certo que a morte física coincide com a morte jurídica, o Direito,
uma pessoa é todavia, só aceita a morte quando ela é devidamente comprovada*.
comprovada
A pela certidão personalidade jurídica cessa com a morte; no entanto, isto não quer dizer
de óbito.
que se extingam todos os direitos e os deveres de que o sujeito era titular.
Na verdade, com a morte de uma pessoa singular, transmitem-se para
os herdeiros não só os direitos patrimoniais de que seja detentor, mas
79
também as obrigações da mesma natureza (um eventual empréstimo
bancário pendente, por exemplo).
80
A capacidade de exercício diz respeito, pois, à actuação dos sujeitos
no plano jurídico concreto, isto é, à possibilidade de as pessoas
praticarem por si próprias actos jurídicos válidos, podendo exercer os
seus direitos e obrigações sem autorização de outrem. Por isso, um
menor tem a sua capacidade jurídica mais limitada do que uma pessoa
maior.
Menores;
Inabilitadas; Interditas.
81
E-lhe fácil constatar que:
82
A ficha B diz respeito a uma conta de
menores e;
A ficha A pertence a uma pessoa na posse plena da sua capacidade
jurídica de exercício.
Deste modo:
*Artigo 123°
do Código Civil.
*Artigo 122° "São menores as pessoas de um e outro sexo enquanto não perfizerem vinte e um
do Código Civil.
anos de idade. "*
Por não terem capacidade de exercício de direitos, os menores não
podem, por si só, pessoal e livremente, exercer os direitos e deveres
decorrentes das relações jurídicas de que são titulares.
Estão, deste modo, numa situação de incapacidade genérica.
Esta situação, obviamente, tem consequências práticas para as
actividades bancárias dos menores.
Com efeito, os menores não emancipados não podem em regra, por si
só, abrir contas e movimentá-las. Estes actos jurídicos devem ser
realizados pelos seus representantes legais. A eles compete a
administração do património do menor.
Maioridade
A incapacidade do menor cessa, em regra, com a sua passagem ao
estado maior, isto é, quando o sujeito fizer 21 anos. A partir desta
83
idade, ele adquire plena capacidade de exercício de direitos ficando
habilitado a reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.
A ficha de assinaturas anterior (ficha A) ilustra esta situação de
capacidade plena de exercício dos indivíduos maiores.
Emancipação
Já sabemos que os menores não emancipados não podem em regra, por
si só, exercer os seus direitos e obrigações; e o que acontece no caso
do indivíduo ser menor, mas emancipado?
Será que ele poderia ter uma ficha de assinaturas idêntica à ficha A?
84
O menor emancipado, por ter plena capacidade de exercício de
direitos, está habilitado a dispor da sua pessoa e dos seus bens como o
estão os indivíduos maiores.
Para além desta excepção à regra que define que a emancipação atribui
ao menor plena capacidade de exercício - decorrente, como vimos, da
falta de autorização para casamento de menores - está ainda prevista
a possibilidade da emancipação restrita.
EMANCIPAÇÃO RESTRITA
85
Âmbito Conteúdo/Requisitos Consequências
86
carece de autorização prévia dos seus representantes legais e do
Ministério de Educação.
MENOR TRABALHADOR
Requisitos Conteúdo Consequências
18 anos Pode exercer qualquer trabalho Podem administrar e
Não carece de qualquer como se de maior se tratasse dispor dos rendimentos autorização
do seu trabalho ou dos
bens adquiridos com
esses rendimentos
15 anos Não pode efectuar Podem administrar e
Autorização dos trabalho nocturno a menos dispor dos rendimentos representantes legais
que seja indispensável para do seu trabalho ou dos
Carece também da a sua formação profissional bens adquiridos com autorização do Não
pode executar tarefas esses rendimentos Ministério da Educação insalubres,
perigosas ou
se o menor for que requeiram grande
esestudante forço físico
Período de trabalho não
superior a 38 horas
semanais e 7 horas diárias
87
Poder paternal: diz a lei que complete aos pais, no interesse dos filhos, zelar pela
segurança e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação,
representá-los e administrar os seus bens.
TUTELA
Motivo Direito e Obrigações do Tutor
- Morte dos pais; Tem direitos de representação e de - Pais
desconhecidos; administração idênticos aos dos pais.
- Progenitores inibidos do exercício do poder paternal.
88
C) Interdição: Outra Situação de Incapacidade Jurídica
Interdição - Caracterização
Sra. D. Margarida:
Sr. Loureiro:
Artigo 138°*
89
A partir destequadro, podemos concluir que um indivíduo interdito não pode dispor
livremente:
Sintetizando, os interditos:
Podem ser titulares de contas
bancárias;
Não podem abrir nem movimentar contas bancárias sem a
intervenção do tutor.
Inabilitação - Caracterização
INABILITAÇÃO
Causas Consequências
Deficiências
Físicas : Cegueira;
Surdez-mudez.
Anomalias Psíquicas, Incapacidade para exercer,
Certos Hábitos convenientemente, direitos
e obrigações sobre o"seu
92
de património.
Vida:
Prodigalidade;
Alcoolismo;
Toxicomània.
Cônju ge do inabilitado;
Qualq *Art. 156° e uer parente próximo (pais, filhos); O
140° do
Código Civil. Ministério Público.
Em síntese:
INTERDIÇÃO INABILITAÇÃO
Incapacidade de exerc ício de direitos Incapacidade de exerc ício de direitos
relativos à pessoa e ao patrim ónio do relativos apenas ao patrim ónio do
indivíduo; indivíduo;
Suprimento legal da incapacidade: Suprimento legal de incapacidade:
Tutor Curador
V) O Sigilo Bancário
A) O Sigilo Profissional - Caracterização
Certamente ficaria admirado e até indignado se, ao entrar no café ou
em qualquer outro lugar público, ouvisse o médico ou qualquer
profissional de saúde do posto clínico que habitualmente frequenta,
comentar a sua ficha médica. A sua indignação seria igual se soubesse
que determinado advogado ou psicólogo comentava socialmente os
casos dos clientes.
Sigilo profissional: dever especial a que estão sujeitas determi9nadas pessoas e que
as vincula a nÃo tirar proveito próprio, ou em benefício de terceiros, de
conhecimentos ou informações a que tiverem acesso exclusivamente em virtude do
exercício da sua profissÃo.
94
É do conhecimento comum estarem todos os profissionais, seja de que
ramo de actividade for, sujeitos a determinadas normas de conduta,
quer de carácter deontológico*, quer de carácter estritamente
profissional.
Por outro lado, a lei prevê que a violação do sigilo profissional possa
acarretar para o seu autor, para além de sanções estritamente penais,
95
o dever de indemnização material pelos prejuízos causados com a sua
conduta.
Código Civil
Artigo 483°
n°1 - "Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou
qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a
indemnizar o lesado pêlos danos resultantes da violação".
96
B) Objecto do Sigilo Bancário
O Sigilo Bancário - Noção
97
O que é considerado infracção?
Com efeito, não poderão ser revelados, entre outros elementos, quem é cliente, as contas,
os saldos, os movimentos e as operações dos clientes das instituições de crédito.
98
C) Dispensa de Sigilo Bancário
Caracterização
99
Dispensa voluntária do Dever de Sigilo pelo Próprio Cliente
Tratando-se de um direito de que qualquer cliente de instituições de
crédito pode dispor livremente, a autorização deste para que possam
ser revelados factos ou elementos sujeitos a sigilo faz naturalmente
cessar a obrigação de guardar segredo.
100
Na verdade a violação do segredo profissional é da competência,
consoante os casos, do tribunal superior àquele onde a questão foi
suscitada, ou do plenário das secções criminais do Supremo Tribunal da
Justiça.
Note que, ao invés do que se passa com o sigilo profissional, que tem,
como acabámos de ver, carácter relativo, o segredo religioso não pode
ser quebrado.
Note também que, em todos estes casos a decisão da autoridade
judicial deve ser tomada ao que parece, depois de ouvidos os
organismos representativos da classe ou classes profissionais em jogo.
Esta interpretação, contudo não é desprovida de dúvidas.
Artigo 519°
2. Constitui ainda matéria coberta pelo sigilo bancário informações sobre medidas de
política monetária e segurança do Banco, as quais só poderão ser prestadas exclusivamente
pelo Governador do Banco.
102
A A QUEM PODEM
LEI DIZ SER PRESTADOS
SITUAÇÕES
OS ELEMENTOS?
Menor "É menor quem não tiver completado 21 anos de Representante legal (pais
idade." ou tutor)
Buscas
A regra geral nesta matéria é a de que as buscas
só podem ser autorizadas ou ordenadas por
despacho da autoridade judiciária competente,
devendo esta, sempre que possível, presidir à
diligência.
103
substituir por pessoa da sua confiança e que se apresente sem
delonga.
Apreensões
A par do regime previsto nesta matéria para os escritórios de
advogados e consultórios médicos, as apreensões em estabelecimentos
bancários mereceram, também, tratamento especial.
Procurou-se um sistema de equilíbrio entre os interesses em jogo, ou
seja, a protecção do sigilo bancário e as premências da investigação
criminal.
104
Assim, no que respeita à apreensão:
105
E) Sanções decorrentes da Violação do Sigilo Bancário
As consequências da violação do sigilo bancário podem ser equacionadas
em três planos, tantos quantos os níveis jurídicos feridos por tal
conduta:
Criminal;
Disciplinar; Civil.
Plano Criminal
Já antes assinalámos que a violação do sigilo bancário pode ser
considerada crime. Com efeito, quem violar o segredo profissional
incorre na pena de prisão até seis meses e multa.
Plano Disciplinar
A violação do dever de sigilo bancário importa ainda, em regra, a instauração dum processo
disciplinar ao seu autor, pois que, com tal conduta, infringe a Lei do
* Lei n.° 8/85, de
14 de Dezembro.
Trabalho*
106
«Artigo 101
(Infracção disciplinar )
1. ...
2. ...
3. Constitui nomeadamente infracção disciplinar.
a)...
i) A quebra do sigilo profissional ou do segredo da produção ou dos serviços.»
Plano Civil
Os autores de violação do segredo bancário poderão ainda vir a ser
condenados no pagamento de uma indemnização cível, por danos
patrimoniais ou morais, ao lesado. Indemnização que poderá coexistir
com a responsabilidade criminal atrás referida.
Código Civil
Art° 483°
1. Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou
qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios, fica obrigado a
indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.
107
San ções Conte údo das San ções
De natureza criminal Pris ão at é sei s meses e multa
correspondente.
109