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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Nelson Chiparanga

Direito dos Contratos em Geral

Nampula

Novembro de 2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Nelson Chiparanga

Direito dos Contratos em Geral

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de Direito das Obrigações, 3º
ano, leccionada pelo docente:
Desejado Mepina

Nampula

Novembro de 2020
Índice

1 Introdução..........................................................................................................................5

2 Direito dos contratos..........................................................................................................6

2.1 Evolução histórica......................................................................................................6

2.2 Conceito.....................................................................................................................6

2.3 Condições de validade dos contratos.........................................................................7

2.3.1 Agente livre e capaz;............................................................................................7

2.3.2 Objecto lícito, possível e determinável;...............................................................7

2.3.3 Forma adequada...................................................................................................7

2.4 Princípios fundamentais do direito contratual............................................................7

2.4.1 Liberdade de contratar. Autonomia da vontade. Pacta sunt servanda................7

2.4.2 Liberdade de forma..............................................................................................8

2.4.3 Função económica e social do contrato...............................................................8

2.5 Interpretação e Formação dos Contratos....................................................................9

2.5.1 Interpretação dos contratos..................................................................................9

2.5.2 Espécies................................................................................................................9

2.5.3 Princípios básicos...............................................................................................10

2.5.4 Critérios práticos de interpretação dos contratos...............................................11

2.6 Formação Do Contrato.............................................................................................12

2.6.1 Modalidades de declaração negocial..................................................................12

2.6.1.1 Exigências de forma....................................................................................12

2.6.2 Modelos de formação do contrato: em especial modelo de proposta e aceitação


13

2.6.2.1 Efeitos da proposta......................................................................................14

2.6.2.2 Proposta - Convite a contratar....................................................................14

2.6.2.3 Modalidades da proposta............................................................................14

2.6.2.4 Aceitação....................................................................................................14
2.6.2.4.1 Aceitação tácita......................................................................................15

2.6.2.4.2 Eficácia da declaração negocial..............................................................15

2.6.2.4.3 Vigência da proposta: caducidade..........................................................16

2.6.2.4.4 Revogação da proposta...........................................................................16

2.6.2.4.5 Revogação da aceitação..........................................................................16

2.7 Classificação dos contratos......................................................................................17

2.7.1 Contratos Consensuais e Contratos Reais..........................................................17

2.7.2 Contratos Solenes e não solenes........................................................................17

2.7.3 Contratos Típicos e Atípicos..............................................................................17

2.7.4 Contratos de Direito Público e de Direito Privado.............................................17

2.7.5 Contratos Bilaterais e Unilaterais.......................................................................18

2.7.6 Contratos Onerosos e Gratuitos.........................................................................18

2.7.7 Contratos Comutativos e Aleatórios..................................................................18

2.7.8 Contratos Principais e Acessórios......................................................................19

2.7.9 Contratos de Execução Imediata e de Execução Sucessiva...............................19

2.8 Formas De Extinção De Contratos...........................................................................19

2.8.1 Caducidade.........................................................................................................19

2.8.2 Denúncia............................................................................................................20

2.8.3 Revogação..........................................................................................................20

2.8.4 Rescisão..............................................................................................................20

2.8.5 Resolução...........................................................................................................21

3 Conclusão.........................................................................................................................22

4 Bibliografia......................................................................................................................23
1 Introdução
O presente trabalho, com o tema direito dos contratos, aborda sobre a teoria geral dos
contratos, que circunscreve-se no ramo de direito das obrigações, onde as a autonomia
privada rege toda a relação contratual.

O direito das obrigações nota uma área muito necessária na vida social e jurídica, na
medida em que a autonomia privada vê-se essencial, sem deixar de mencionar a importância
do simples compromisso, do mero consenso na geração dos efeitos obrigacionais ganhou
força com o advento do humanismo e do renascimento (e em boa parte da reforma e de seu
contrapeso, a contra-reforma), na medida em que promoveram o indivíduo, ressaltando seu
papel no mundo.

Tudo passou a se explicar com base na vontade, até as organizações sociais (os
Estados e os governos somente se constituíam por força da vontade de seus súbditos, melhor
dizendo, através do consenso de seus súbditos: e a noção moderna de contrato, de tão natural
que passou a ser considerada passou para além do Direito; e se falou em “contrato social”).

E a legitimação da vontade, do consenso, enfim, do contrato, como fonte de


obrigações, se tornou plena no momento em que os indivíduos passaram a ser tomados por
iguais. E iguais não só em sua condição, mas em sua liberdade.

5
2 Direito dos contratos

2.1 Evolução histórica


No Direito Romano o contrato era instituto solene. Distinguia-se a convenção
(conventio) do pacto (pacta) e do contrato (contracto). O compromisso abrangia a
mancipatio, a nexum e astipulatio. A obrigação de dar, fazer ou não fazer estabelecida na
forma do compromisso assumia a denominação de contracto ou pacta vestia. A punição para
o inadimplemento contratual acarretava responsabilidade patrimonial e corporal (a
responsabilidade corporal foi abolida com a Lex Poetelia Papiria, de 326 a.C.).

Jus naturalismo e Direito Canónico: princípio da fé jurada. Transformação da


concepção de contrato – liberdade das formas. Prestigio ao consensualismo.

Em 1804, o Código Napoleão (Código Civil Francês), preconizou o liberalismo,


igualdade formal e patrimonialismo. Contratos paritários. O código civil francês inspirou toda
uma geração de códigos denominados oitocentistas.

Revolução Industrial teve influência no início da fase da despersonalização da


obrigação. Trazendo questões ligados ao dirigismo contratual (liberdade positiva e liberdade
negativa). Publicação das relações de direito privado. A constitucionalização do direito civil e
sua implicação nas relações contratuais. Cláusulas contratuais gerais. Justiça distributiva. O
princípio da socialidade.

2.2 Conceito
Para Orlando Gomes o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, sujeita as partes a
observância de conduta idónea a satisfação dos interesses que a regulam.1

Roberto Senise Lisboa: trata-se do ajuste de vontades por meio do qual são
constituídos, modificados ou extintos os direitos que uma das pessoas tem, muitas vezes, em
benefício de outra.2

Código Civil Italiano, art. 1.321. il contrato è l’acoordo di due ou più parti per
costituire, regolare ou estinguere tra loro um rapporto giuridico patrimoniale. (o contrato e
um acordo de duas partes ou mais, para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação
jurídica patrimonial).
1
GOMES, Orlando, Contratos, 17.edicao. editora Forense, Rio de Janeiro, 1996. P. 10
2
SENISE, Roberto, Manual de Direito civil, 3.edicao, Volume III, editora RT, São Paulo, 2005. P. 41

6
2.3 Condições de validade dos contratos
Os contratos, enquanto negócios jurídicos que são, desdobram-se em três planos
distintos, existência, validade e eficácia.

2.3.1 Agente livre e capaz;


Consentimento, no sentido que passamos a analisar, significa a declaração de vontade
de cada parte no contrato. O consentimento pressupõe declaração de vontade isenta de vícios
(erro, dolo, coacção) e esclarecida. Fala-se, então, em consentimento esclarecido, isto e, o
declarante deve receber todas as informações relevantes a respeito do objecto e do conteúdo
do contrato a ser celebrado, para que possa manifestar sua vontade com consciência.

O consentimento representa o acordo de duas ou mais vontades a respeito de uma


relação jurídica sobre determinado objecto. O consentimento, para ser valido, deve recair
sobre a existência e a natureza do contrato, o objecto e as cláusulas que o compõem.

2.3.2 Objecto lícito, possível e determinável;


O conteúdo do contrato por vezes e denominado de objecto do contrato. Seria a
regulamentação dos próprios interesses pelos contratantes. E o conteúdo que possui carácter
normativo hábil para criar, modificar ou extinguir relações jurídicas.

2.3.3 Forma adequada.


Em regra, a forma no direito contratual e livre (principio do consensualismo). O
estudo das espécies contratuais revelara a forma que cada contrato deve/pode assumir.

A forma representa a exteriorização do acordo de vontades. E o modo pelo qual o


conteúdo do contrato é exteriorizado. A forma cumpre três funções: torna certa e isenta de
dúvidas a manifestação de vontade; demonstra a existência de uma declaração de vontade
apta a produzir efeitos jurídicos; e, por último, protege a boa-fé de terceiros.

2.4 Princípios fundamentais do direito contratual

2.4.1 Liberdade de contratar. Autonomia da vontade. Pacta sunt servanda.


Autonomia da vontade x autonomia privada.

Em um primeiro momento, a liberdade de contratar está relacionada com a escolha da


pessoa ou das pessoas com quem o negócio será celebrado, sendo uma liberdade plena, em
regra (...) Em outro plano, a autonomia da pessoa pode estar relacionada com o conteúdo do

7
negócio jurídico, ponto em que residem limitações ainda maiores à liberdade da pessoa
humana. Trata-se, portanto, da liberdade contratual.3

Divergência doutrinaria: - autonomia privada (liberdade contratual) ≠ autonomia da


vontade (liberdade contratual).

 Autonomia privada = autonomia da vontade


 Autonomia da vontade superada pela autonomia privada.

A autonomia privada é o poder que os particulares têm de regular, pelo exercício de sua
própria vontade, as relações que participam, estabelecendo-lhe o conteúdo e a respectiva
disciplina jurídica. Sinónimo de autonomia da vontade para grande parte da doutrina
contemporânea, com ela porém não se confunde, existindo entre ambas sensível diferença. A
expressão autonomia da vontade tem uma conotação subjectiva, psicológica, enquanto a
autonomia privada marca o poder da vontade no direito de um modo objectivo, concreto e
real.4

Pacta sunt servanda: princípio da forca obrigatória dos contratos. No modelo


individualista-liberal típico dos códigos oitocentistas, esse princípio era tomado como
absoluto. No entanto, na concepção doutrinal actual, tal princípio foi relativizado com vistas a
melhor protecção da dignidade humana.

2.4.2 Liberdade de forma


No direito civil vigora o principio da liberdade das formas (principio do
consensualismo), através do qual e possível que o contrato seja celebrado pela simples
manifestação da vontade. Os efeitos jurídicos do contrato serão gerados independentemente
da forma pela qual a vontade se manifestou, a menos que a lei tenha estipulado forma
específica (contratos formais). Logo, os contratos sem forma determinada pela lei, são regra
na legislação civil.

2.4.3 Função económica e social do contrato


A liberdade de contratar deve ser exercida em razão e nos limites da função social do
contrato.

3
TARTUCE, Flávio, Direito civil: teoria geral dos contratos e contratos em espécie, editora Método, São
Paulo, 2006. P. 70
4
AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 5.edicao, editora Renovar, Rio de Janeiro, 2003. P. 348.

8
Segundo Orlando Gomes, a função económico-social do contrato foi reconhecida,
ultimamente, como a razão determinante de sua protecção jurídica. Sustenta-se que o Direito
intervém, tutelando determinado contrato, devido à sua função económico-social. Em
consequência, os contratos que regulam interesses sem utilidade social, fúteis ou
improdutivos não merecem protecção jurídica. Merecem-na apenas os que têm função
económico-social reconhecidamente útil.5

De acordo com Gustavo Tepedino, tal como observado em relação à propriedade, em


que a estrutura interna do direito é remodelada de acordo com sua função social,
concretamente definida, e que se constitui em pressuposto de validade do exercício do
próprio domínio, também o contrato, uma vez funcionalizado, se transforma em um
instrumento de realização do projecto constitucional.

O princípio da função social do contrato está contido em uma cláusula geral que se
revela vinculante, sobretudo do ponto de vista axiológico, pois permite sejam permeados
valores constitucionais a orientar a autonomia contratual. Impõe deveres referentes a
interesses extracontratuais socialmente relevantes.

2.5 Interpretação e Formação dos Contratos

2.5.1 Interpretação dos contratos


A operação interpretativa pressupõe controvérsia instaurada e não resolvida entre os
contratantes a respeito do conteúdo do contrato, no momento de sua execução.

A controvérsia sobre o sentido exacto e a respectiva extensão e intensidade dos efeitos


do conteúdo do contrato decorre da utilização de palavras ou frases confusas, obscuras ou
dotadas de significado ambíguo.

Instaurada a controvérsia, paralisam-se os efeitos do contrato e, consequentemente, a


sua execução, cabendo ao Poder Judiciário dirimir a controvérsia, declarando com força
vinculativa para as partes o sentido da palavra, frase ou cláusula controversa.

2.5.2 Espécies.
A interpretação contratual e dita declaratória quando tem como único escopo a
descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato. E

5
GOMES, Orlando, ob cit, P. 20

9
chamada de integrativa ou construtiva quando objectiva o aproveitamento do contrato,
mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes.

A integração contratual preenche, pois, eventuais lacunas encontradas nos contratos,


complementando-os por meio de normas supletivas, especialmente as que dizem respeito a
sua função social, ao princípio da boa-fé, aos usos e costumes do local, bem como buscando
encontrar a verdadeira intenção das partes, as vezes revelada nas entrelinhas.

Seria, portanto, um modo de aplicação do direito pelo qual o órgão jurisdicional,


mediante o recurso a lei, a analogia, aos costumes, aos princípios gerais do direito ou a
equidade, cria norma supletiva, que completara, então, o contrato, que e uma norma jurídica
individual.

2.5.3 Princípios básicos


Nos contratos e demais negócios escritos, a análise do texto (interpretação objectiva)
conduz, em regra, a descoberta da intenção dos pactuantes. Parte-se, portanto, da declaração
escrita para se chegar a vontade dos contratantes (interpretação subjectiva), alvo principal da
operação.

Doutrinalmente, quando determinada cláusula mostra-se obscura e passível de dúvida,


alegando um dos contratantes que não representa com fidelidade a vontade manifestada na
celebração da avenca, e tal alegação resta demonstrada, deve prevalecer a declaração em
detrimento da literalidade do texto.

Dois princípios hão-de ser observados sempre na interpretação dos contratos: o da


boa-fé e o da conservação do contrato.

Segundo o princípio da conservação ou aproveitamento do contrato, entende-se que se


uma cláusula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecera a que possa
produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes tenham celebrado um
contrato carecedor de qualquer utilidade.

Esse princípio informa a denominada conversão substancial do negócio jurídico.


Assim, ex., se as partes celebraram um pretenso contrato de compra e venda de imóvel sem
atenção as formalidades exigidas por lei, pode-se considerar o negocio como uma promessa
de compra e venda, que não exige forma solene, para se aproveitar a vontade das partes.

10
Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. São aqueles
negócios que envolvem uma liberalidade, como na doação. Devem ter interpretação estrita,
pois representam renúncia de direitos.

2.5.4 Critérios práticos de interpretação dos contratos


Segundo Helena Diniz, a interpretação deve ser orientada por certos critérios práticos, tais
como:

 A melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo como


vinham executando o contrato, de comum acordo;
 Deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor;
 As cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto
com as demais;
 Qualquer obscuridade e imputada a quem redigiu a estipulação, pois, podendo ser
claro, não o foi;
 Na cláusula susceptível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode
ser exequível (principio da conservação do contrato);
 Em relação aos termos do contrato, considerar-se-á que, por mais genéricos que
sejam, só abrangem os bens sobre os quais os interessados contratarem e não os de
que não cogitaram;
 Nas cláusulas duvidosas, prevalecera o entendimento de que se deve favorecer quem
se obriga;
 Nos contratos gratuitos, a interpretação deve proceder-se no sentido de faze-lo o
menos pesado possível para o devedor; nos onerosos, deve-se buscar interpretar de
modo a alcançar um equilíbrio equitativo entre os interesses das partes;
 Na dúvida entre a gratuidade e a onerosidade do contrato, presumir-se-á esta e não
aquela;
 Nas convenções que tiverem por objecto uma universalidade de coisas,
compreendem-se nela todos os bens particulares que a compõem, mesmo aqueles de
que os contraentes não tiverem conhecimento;
 No contrato de locação que apresentar duvidas, resolver-se-á contra o locador;
 No contrato seguido de outro, que o modifica parcialmente, a interpretação devera
considerar ambos como um todo orgânico.

11
2.6 Formação Do Contrato
Um contrato é, como já sabemos, um acordo formado por duas ou mais declarações que
produzem efeitos jurídicos. Essas declarações têm de ter um sentido concordante, isto é, tem
de haver um consenso.

2.6.1 Modalidades de declaração negocial


Há duas modalidades de declaração negocial, expressa ou tácita, previstas no artigo
2172. Há uma tentação para dizer que é expressa quando é escrita e tácita quando não é
escrita, contudo isto não é bem assim. A declaração será expressa quando tem um carácter
directo e tácito quando tem um carácter indirecto.6

É importante não confundir a declaração tácita com o silêncio. A declaração tácita


exige, pelo menos, um comportamento, enquanto o silêncio é uma conduta puramente
omissiva. Apesar disso, o silêncio pode vir a ter valor declarativo por força da lei, uso ou
convenção, como previsto no artigo 218.

2.6.1.1 Exigências de forma


O artigo 219 contempla o princípio da liberdade de forma. Contudo, podem haver
excepções previstas pela lei ou porque as partes o convencionaram. Os três tipos de forma
são:

 Forma solene, documento autêntico, exarado por pessoas dotadas de fé pública


(escritura pública); documento autenticado, previamente elaborado e posteriormente
confirmado perante pessoas com funções públicas e autenticação.

 Forma escrita, documento particular (escrito e assinado, artigo 373 º); suporte escrito e
assinado.

 Outras formas, como a oral ou gestual.

Alguns casos em que a própria lei exige que o contrato assuma uma determinada forma
são a compra e venda de imóveis (escritura pública ou documento particular autenticado,
artigo 875), alguns contratos de trabalho (contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro,
artigo 5 código de trabalho), contratos de arrendamento urbano (documento particular, artigo
1069), entre muitos outros.

6
ASCENSÃO, José de Oliveira, Direito civil, 5ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2012. P. 39

12
As exigências legais de forma têm algumas razões de ser, vantagens e desvantagens.
Como vantagens podemos identificar a reflexão das partes, a certeza e segurança jurídica, a
conveniência de apoio técnico, bem como meio de prova. Por outro lado, estas exigências de
forma reduzem a fluência e celeridade do tráfego jurídico, e aumentam os custos associados à
contratação.

Quando temos uma forma legalmente prescrita, temos de saber se estamos perante um
requisito de substância (forma ad substantiam), que é um requisito do negócio, ou um
requisito de prova (forma adprobationem) porque os regimes são diferentes.

No primeiro caso vigora o artigo 220 segundo o qual, quando a forma é um requisito do
negócio, a sua inobservância gera nulidade. Contudo, há algumas excepções que afastam esta
regra, como é o caso do artigo 410º sobre a limitação da legitimidade para invocar a falta de
foram. Temos aqui casos de limitação da legitimidade para invocar a invalidade do contrato
por inobservância da forma legalmente exigida. Há também casos de inalegabilidades
formais: invocação da invalidade de um negócio pela parte que o provocou intencionalmente,
que pode ser reconduzida ao exercício abusivo do direito.7

Se se tratar de uma exigência formal apenas para prova da declaração, recorremos ao


artigo 364º e vemos que se as exigências quanto à forma do contrato não forem cumpridas,
isso não gera a invalidade do contrato, já que pode ser substituído por confissão expressa.

2.6.2 Modelos de formação do contrato: em especial modelo de proposta e aceitação


Quando falamos em modelos de formação do contrato, encontramos um modelo dito
clássico composto por uma proposta e uma aceitação. Entre a proposta e a aceitação são
possíveis várias contrapropostas e, nesse sentido, o artigo 233º fala-nos da aceitação com
modificações. Se aceitarmos uma proposta com limitações, na verdade é uma rejeição e não
uma proposta dessa rejeição (exemplo: compro-te o carro sim, mas por 4 mil e não por 5 mil
euros). Contudo, se a minha modificação for suficientemente precisa, vai valer como
contraproposta passível de ser aceite pela outra parte.

Se estivermos perante um caso em que há várias contrapropostas ao longo do processo


negociai, as duas declarações essenciais vão ser as últimas. Assim, a penúltima declaração
será a proposta e a última, a aceitação. Deste modo, pode acontecer que aquele que era
inicialmente declarante passe a declaratário e vice-versa.

7
ASCENSÃO, José de Oliveira, Ob Cit, p. 40

13
2.6.2.1 Efeitos da proposta
Quais são os efeitos de uma proposta completa, precisa, firme e formalmente
adequada? A pessoa que faz a proposta, o proponente passa a estar numa posição de sujeição.
Isto significa que vai ver a produção de determinados efeitos jurídicos na sua esfera jurídica
dependente do destinatário da proposta. Por sua vez, o destinatário adquire um direito
potestativo de aceitar e, se o fizer, formar o contrato.

2.6.2.2 Proposta - Convite a contratar


Semelhante a uma proposta e não devendo ser confundida, têm a figura do convite a
contratar que corresponde a uma mensagem que evidencia a disponibilidade da parte que a
remete para iniciar um diálogo que possivelmente redundará num contrato.

Basicamente, uma declaração negocial que não cumpra algum dos requisitos
supracitados para ser considerada como proposta, pode ser qualificada como um convite a
contratar.8

2.6.2.3 Modalidades da proposta


A proposta contratual pode ser recipienda, quando dirigida a uma ou mais pessoas
determinadas, ou não recipienda, se dirigida a um círculo indeterminado de pessoas.

Esta acaba por ser uma questão muito controversa, mas o artigo 230 º nº3 é claro e
arruma a discussão a acerca da admissibilidade das propostas feitas ao público em geral. Os
exemplos mais comuns de propostas não recipiendas são o envio de catálogos, a exposição de
mercadorias em montras, a difusão de mensagens publicitárias e a disponibilização de auto-
serviços.

2.6.2.4 Aceitação
A aceitação tem de ser conforme com a proposta e formalmente adequada.

Sobre o primeiro requisito, conformidade, temos o artigo 233 º que estatui que a
"aceitação com aditamentos, limitações ou outras modificações importa a rejeição da
proposta Quer isto dizer que a aceitação tem de ir ao encontra da proposta.

0 segundo requisito, adequação formal, significa que a aceitação tem de revestir a


forma prevista. Se a proposta tiver sido formulada com nível superior ao exigido por lei, pode
ser defensável concluir que esta inclui uma cláusula, ainda que tácita, sobre a forma a

8
ASCENSÃO, José de Oliveira, Ob Cit, p. 45

14
adoptar, pelo que a aceitação terá de revestir forma idêntica, sob pena de ser considera como
mera contraproposta. Esta regra retira-se do artigo 223 º nº 1 in fine, que nos indica que, em
caso de forma convencional, presume-se que as partes não querem vincular-se senão pela
forma convencionada.

2.6.2.4.1 Aceitação tácita


O artigo 234º fala-nos da dispensa da declaração de aceitação. Quando a proposta, a
própria natureza ou circunstâncias do negócio, ou os usos, tornem dispensável a declaração
de aceitação, tem-se o contrato por concluído logo que a conduta da outra parte mostre a
intenção de aceitar a proposta.9

Em vez de falar em "declaração de aceitação", a lei devia falar em comunicação (ou


declaração expressa) de aceitação, já que a declaração tácita também é uma declaração, de
acordo com o artigo 217º. Exemplos de aceitação tácita são o cumprimento do contrato ou o
consumo do bem.

2.6.2.4.2 Eficácia da declaração negocial


Sobre este tema, importa ter em conta o artigo 224, onde se lê que a declaração
negociai que tem um destinatário se torna eficaz logo que chega ao seu poder ou é dele
conhecida, enquanto que as outras, serão eficazes assim que a vontade do declarante se
manifesta de forma adequada. Assim sendo, temos de saber se a proposta é recipiendas ou
não recipiendas, para podermos aplicar os critérios.

Para as declarações recipiendas valem o critério da recepção e o critério do


conhecimento, sendo que o fundamental aqui é a ideia de que a proposta tem de chegar ao
poder do seu destinatário. Chegar ao poder do destinatário pode ser via postal, e nesse caso a
data da recepção será variável ou pode chegar por correio electrónico, SMS ou fax, sendo a
recepção imediata.

Do lado das declarações não recipiendas vigora o critério da exteriorização ou


cognoscibilidade, por outras palavras, a capacidade de conhecer. Este critério resulta do
artigo 224º nº l infine.

Resta acrescentar sobre este ponto que, de acordo com o artigo 226 n 2, a declaração
não chega a produzir efeito se, entre a emissão e a sua recepção, o declarante perder o direito
de disposição da coisa.
9
FARIA, Jorge Leite Areias Ribeiro de, Direito das obrigações, Vol.I, Coimbra, Almedina, 2003. P. 89

15
2.6.2.4.3 Vigência da proposta: caducidade
O artigo 228º fala-nos da questão em torno da duração da proposta contratual e
contém muitas regras. Sobre a caducidade da proposta temos três situações possíveis:

rejeição - se a proposta for rejeitada, os seus efeitos cessam, artigo 235º.

morte ou incapacidade do declaratário - a morte do declaratário determina a perda de


eficácia da proposta, artigo 231º nº2. Já a morte ou incapacidade do proponente não, a menos
que tal corresponda à sua vontade, artigo 231º nº l.

Decurso do prazo de vigência - aqui entram os casos de fixação de prazo pelo


proponente ou pelas partes, de pedido de resposta imediata pelo proponente (ou fórmula
equivalente), de proposta feita a pessoa ausente, de proposta feita por escrito ou ainda outros
casos não previstos pelo artigo 228º (proposta oral a pessoa presente, telefonema, interacção
directa e simultânea, entre outras).

2.6.2.4.4 Revogação da proposta


A revogação da proposta está essencialmente prevista no artigo 230 º. A regra geral é a
da irrevogabilidade da proposta eficaz. As excepções a esta regra são a proposta ao público, a
declaração do proponente e o acordo das partes.

No nº2 lemos que se, porém, ao mesmo tempo que a proposta, ou antes dela, o
destinatário receber a retractação do proponente ou tiver por outro meio conhecimento dela,
fica a proposta sem efeito. A lógica desta disposição está no facto de a retractação ser anterior
à proposta. Sobre a proposta ao pública, diz-nos o nº3 que esta pode ser revogada, desde que
essa revogação seja feita na forma da oferta ou em forma equivalente.

2.6.2.4.5 Revogação da aceitação


A revogação da aceitação está prevista no artigo 235º. Se o destinatário rejeitar a
proposta, mas depois a aceitar, prevalece a aceitação desde que esta chegue ao poder do
proponente, ou seja dele conhecida, ao mesmo tempo que a rejeição, ou antes dela. O n º 2
estatui que a aceitação pode ser revogada mediante declaração que ao mesmo tempo, ou antes
dela, chegue ao proponente ou seja dele conhecida.

2.7 Classificação dos contratos

2.7.1 Contratos Consensuais e Contratos Reais


Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato, os contratos podem ser:

16
a) Contratos consensuais: sao aqueles que se aperfeicoam simplesmente pela declaracao
da vontade dos contratantes. Ex: contrato de compra e venda.
b) Contratos reais: sao aqueles que, para se aperfeicoarem, precisam da efetiva entrega
da coisa (traditio rei). A declaracao de vontade e elemento necessario, porem
insuficiente, devendo ocorrer a entrega do bem para que o contrato seja celebrado. Ex:
contrato de mutuo.

2.7.2 Contratos Solenes e não solenes


Quanto à forma, os contratos podem ser:

a) Solenes: aqueles cuja forma e determinada pela lei. Ex: compra e venda de imóvel.
Insta observar que a desobediência a forma prevista em lei gera nulidade do negócio
jurídico.
b) Não solenes: aqueles em que não há forma especial para sua celebração, seguindo,
pois, o principio da liberdade das formas (principio do consensualismo). Ex: contrato
de mandato.

Parte da doutrina diferencia o contrato solene do contrato formal. Segundo esta linha de
pensamento, os contratos solenes são aqueles em que há exigência de escritura pública para a
sua celebração, como o contrato de compra e venda de imóvel. Por outro lado, os contratos
formais são aqueles em que há regras especiais para sua formação, como a exigência de
forma escrita.

2.7.3 Contratos Típicos e Atípicos


Quanto a tipicidade, os contratos podem ser:

a) Típicos: regulados por lei. Ex: contrato de transporte.


b) Atípicos: não regulados por lei. Ex: contratos electrónicos.

2.7.4 Contratos de Direito Público e de Direito Privado


a) Contratos de Direito Público: são os contratos em que a Administração Pública figura
em um dos pólos. São regidos pelas normas de direito público e, subsidiariamente, por
normas de direito privado, no que não lhe for incompatível. Ex: contratos
administrativos, contratos de gestão.
b) Contratos de Direito Privado: travados entre particulares e regidos pelas normas de
direito privado. Os contratos de direito privado podem ser de direito comum,
mercantis ou de consumo.

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2.7.5 Contratos Bilaterais e Unilaterais
Quanto às obrigações recíprocas, os contratos podem ser:

a) Unilaterais: impõem deveres a apenas uma das partes. Ex.: contrato de doação. Obs.:
atentar para os chamados contratos bilaterais imperfeitos.
b) Bilaterais: impõem deveres recíprocos a ambas as partes. São chamados de contratos
sinalagmáticos. Ex.: contrato de locação.
c) Plurilaterais (contratos plurimos): há direitos e deveres recíprocos entre todos os
sujeitos envolvidos no contrato. Ex.: contrato de sociedade.

2.7.6 Contratos Onerosos e Gratuitos


Quanto ao sacrifício patrimonial das partes, o contrato pode ser:

a) Gratuito ou benéfico: é aquele em que só há sacrifício de uma das partes. Há uma


prestação sem que haja uma contraprestação a ela correlata e proporcional. Ex:
doação.
b) Oneroso: é aquele em que há sacrifício patrimonial de ambas as partes, de modo que
inexiste uma prestação e uma contraprestação a ela correlata e proporcional. Ex: troca.

Todo contrato bilateral é oneroso, mas nem todo contrato unilateral é gratuito. Ex: mútuo
feneratício, que é unilateral, porém oneroso, pois há pagamento de juros.

2.7.7 Contratos Comutativos e Aleatórios


Os contratos onerosos podem ser:

a) Comutativos, quando ambas as partes sabem com exactidão suas prestações e


contraprestações;
b) Aleatórios, quando há a presença do risco (aléa), que pode recair tanto na própria
existência da coisa (contrato aleatório emptio spei – de coisa esperada), quanto na
quantidade da coisa (contrato aleatório emptio rei speratae).

2.7.8 Contratos Principais e Acessórios


Quanto às relações recíprocas, os contratos podem ser:

a) Principais: são independentes, existindo por si só. Ex: contrato de compra e venda.
b) Acessórios: são aqueles que guardam uma relação de dependência com outro contrato,
existindo em função dele. Ex: contrato de fiança, que é acessório a um contrato de
mútuo.

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Obs.: contratos coligados. Os contratos coligados constituem situação intermediária entre
os contratos principais e acessórios, pois se tratam de dois contratos principais por natureza,
mas que, por vontade das partes, estão unidos por um nexo funcional. Ex: A compra de um
terreno com imóvel para moradia (contrato principal) e a compra de outro terreno, vizinho,
para área de lazer (contrato secundário).

2.7.9 Contratos de Execução Imediata e de Execução Sucessiva


Quanto ao momento de seu cumprimento, os contratos podem ser:

a) De execução imediata (instantâneos): aqueles cujo vencimento ocorre


concomitantemente com o aperfeiçoamento do contrato.
b) De execução diferida: são contratos a termo, que deverão ser adimplidos em sua
totalidade na data do vencimento ajustada.
c) De execução continuada (execução sucessiva ou trato sucessivo): aqueles cuja
execução se dará de forma periódica.

2.8 Formas De Extinção De Contratos


A morte natural dos contratos é com o cumprimento de ambas as partes. Caso da
compra e venda. A razão pela qual se celebra o contrato é cumprida, logo ele extingue-se.
Contudo, pode acontecer que estes faleçam por outras razões.

É possível que os contratos tenham vicissitudes desde o seu nascimento. Vícios


originários que não permitem que o contrato seja válido, por outras palavras, são vícios que
não vão permitir que o contrato produza os seus efeitos normais. Como é o caso de venda de
coisa alheia, por exemplo.

2.8.1 Caducidade
A caducidade pode ser definida como a forma de extinção ex. nunc de uma situação jurídica,
ipso iure, pelo decurso do tempo, a sua principal causa, ou pela verificação de qualquer facto
superveniente a que se atribua um efeito extintivo ao vínculo contratual. É uma forma de
extinção automática porque não depende de um acto ou declaração. 10 Em termos sintéticos, as
características mais importantes da caducidade são o seu efeito automático e apenas para o
futuro. O contrato deixa de produzir efeitos a partir da altura em que caduca.

10
COSTA, Mário Júlio de Almeida, Direito das obrigações, 12ª ed., Coimbra, Almedina, 2014. P. 245

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2.8.2 Denúncia
A denúncia é uma forma de extinção dos contratos unilateral, ad libitum, para o futuro
de um contrato de duração indeterminada, impedindo a sua prossecução ou renovação
automática. Ao contrário da caducidade, a denúncia não é um efeito automático, depende de
um acto jurídico, de uma declaração.11

Se olharmos para o artigo 1103 vemos que a sua epígrafe é "denúncia justificada".
Ora, se se faz depender o direito de denunciar o contrato de um conjunto de pressupostos,
estamos na verdade a falar de uma espécie de resolução sem efeitos retroactivos. Nestes casos
temos de ser capazes de ler os artigos e, mediante a sua análise, depreender qual é que é o
instituto de cessação que lá está mediante a observação de certas características. A epígrafe
do artigo pouco importa.

2.8.3 Revogação
Na sua base, a revogação afasta-se muito da denúncia e da caducidade. A revogação é,
no fundo, um novo contrato que resulta pura e simplesmente da previsão do artigo 406 nº l.
Também pode ser conhecida por distrato e funda-se numa lógica muito simples: se as partes
entraram no contrato livremente e por mútuo acordo, também devem poder sair dele de
acordo com os mesmos pressupostos.12

Assim, a revogação corresponde a um acordo de extinção da relação contratual pelas


respectivas partes, prevista pelo artigo 406º nºl na parte em que se fala da extinção por mútuo
consentimento. Importa acrescentar ainda que a revogação apenas produz efeitos para o
futuro e não carece de fundamento.

2.8.4 Rescisão
Apesar de ainda se usar esta terminologia na linguagem corrente, a figura da rescisão
já não existe no nosso ordenamento jurídico. Há semelhança do que se passa com o
empréstimo, esta figura desapareceu com o novo Código Civil já que eram institutos do
Código de Seabra. O que importa aqui é ver o que é que se quer na realidade dizer e perceber
qual é a forma de extinção contratual que deveria lá estar.

É de realçar que, no entanto, a rescisão vem referenciada uma vez no nosso código
civil actual, no artigo 702º nºl. A professora considera que este foi um deslize do legislador.

11
Idem, p. 250
12
COSTA, Mário Júlio de Almeida, Ob CIt, p. 254

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2.8.5 Resolução
A resolução está regulada por um regime jurídico geral, previsto pelo artigo 4325 e ss.
Acontece que nenhum destes artigos nos fornece uma definição legal da resolução, pelo que a
professor Joana Farrajota define-a como a forma de cessação dos contratos unilateral, e que
possui efeitos retroactivos (artigo 4335), pelo menos tipicamente.

Assim sendo, esta figura confunde-se com a denúncia unilateral e com a denúncia
justificada, que vimos como casos especiais. Daqui depreendemos que as fronteiras não são
estanques.13 A fonte deste instituto pode ser legal ou convencional, isto por força do artigo
4325 n51. Ou seja, o próprio contrato pode ter uma cláusula que preveja a possibilidade de
resolução. Neste sentido, discute-se se há limites à autonomia das partes. Há uma querela
doutrinária enorme em torno da resolução que resulta da convenção das partes, precisa mente
no que toca aos limites desta.

13
Idem, p. 258

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3 Conclusão
Concluindo, todos sabem que a Revolução Francesa foi o marco da superação política do
Antigo Regime que ainda dividia a sociedade em estratos, com privilégios para alguns grupos
e a discriminação de outros. A Revolução foi a reacção da burguesia à perpetuação dessa
condição medieval nas instituições políticas (“pas des diferences”, “pas des priviléges”) e
suas conseqüências mais imediatas foram o fim das diferenças, a garantia da igualdade de
tratamento a todos os indivíduos (“egalité”) e o levantamento das restrições impostas aos
cidadãos comuns (“liberté”). Não é à toa que liberdade e igualdade tenham sido os dois
primeiros brados do lema revolucionário.

Foi precisamente a partir desse ponto, assegurada a liberdade para a realização dos
interesses económicos da burguesia, aliada à igualdade presumida de condições entre os
indivíduos, que pode florescer a ideia, transformada em dogma, da autonomia da vontade, ou
seja, o dogma da liberdade incondicionada do indivíduo para situar-se como bem lhe
aprouvesse perante o mundo.

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4 Bibliografia
Doutrina

 GOMES, Orlando, Contratos, 17.edicao. editora Forense, Rio de Janeiro, 1996.


 SENISE, Roberto, Manual de Direito civil, 3.edicao, Volume III, editora RT, São
Paulo, 2005.
 TARTUCE, Flávio, Direito civil: teoria geral dos contratos e contratos em espécie,
editora Método, São Paulo, 2006.
 AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 5.edicao, editora Renovar, Rio de
Janeiro, 2003.
 ASCENSÃO, José de Oliveira, Direito civil, 5ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2012.
 FARIA, Jorge Leite Areias Ribeiro de, Direito das obrigações, Vol. I, Coimbra,
Almedina, 2003.
 COSTA, Mário Júlio de Almeida, Direito das obrigações, 12ª ed., Coimbra,
Almedina, 2014.

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