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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

TEMA:

Classificação dos contratos quanto a: forma; ao modo e aos efeitos

Diogo José Albino


Código:61220419
2° Ano

Tete, Maio 2023


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

TEMA:

Classificação dos contratos quanto a: forma; ao modo e aos efeitos

Trabalho de campo a ser submetido na


coordenação do curso de Licenciatura em
Direito como Avaliação 3, na Universidade
Aberta ISCED
Tutor:

Tete, Maio 2023


Índice

1. Introdução ........................................................................................................................................... 4
2. OBJECTIVOS..................................................................................................................................... 5
2.1 Geral.................................................................................................................................................. 5
2.2 Especifico.......................................................................................................................................... 5
3. Conceito Contrato ............................................................................................................................... 6
3.1 Função dos contratos......................................................................................................................... 6
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ...................................................................................................... 6
5. FORMAÇÃO DO CONTRATO ........................................................................................................ 7
6. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO A FORMA .................................................... 11
7. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AO MODO .................................................... 17
8. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AOS EFEITOS .............................................. 17
9. Transformação da teoria dos contratos ............................................................................................. 18
10. Conclusão........................................................................................................................................ 20
11. Referências bibliográficas ............................................................................................................... 21
1. Introdução

A contratualidade e os negócios jurídicos inerentes sofrem impacto sensível e relevante


a partir da edição do Código Civil, sob a visão de Clóvis Beviláqua, até o presente momento,
passados mais de quinze anos da edição do Código Civil de 2002.
Esse impacto severo decorre não só da evolução e crescimento da sociedade brasileira como
um todo, numa forma esperada e idealizada, mas, principalmente, pelo ingresso do país na era
que se convencionou designar sociedade da informação, um ambiente onde prepondera abusa
pelo acesso à internet com vistas a não gerar a exclusão digital e a transformação dos
negócios jurídicos por meio de base tecnológica da informação, em possibilidades que estão
longe ainda de se esgotarem.
As tecnologias passam, assim, a impactar não só esses negócios jurídicos, como também as
relações sociais, humanas, empresariais e governamentais, através de operações diversas que
se exteriorizam em modelos próprios decorrentes das características digitais da oferta por
meio de sites, aplicativos ou qualquer outra plataforma de base tecnológica, desde a formação
até o aperfeiçoamento do contrato.
É nesse ambiente que vivenciamos o incrível crescimento das operações comerciais
electrónicas por meio de modelos B2B (business to business); B2C (business to consumer);
C2C (consumer to consumer) e E-Gov. (governo electrónico), que acabam por representar um
verdadeiro desafio na intelecção e interpretação da matéria contratual.
A partir da análise dessa transformação da teoria geral dos contratos, que se verifica em
sociedade da informação, procurar-se-á avaliar os princípios decorrentes da formação e os
principais critérios classificatórios como forma de auxiliar na interpretação, sempre sob a
referência de autores clássicos e contemporâneos como Serpa Lopes e Maria H. D. entre
outros de destaques, sugerindo-se um sistema Interpretativo que possa englobar também as
redes conexionais de contratos.
A nossa pretensão, nestas poucas linhas, é exercitar o debate e a busca de novos caminhos
para que a contratualidade possa ser bem utilizada, interpretada como forma de gerar a
harmonia nas relações, independentemente de sua natureza.

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2. OBJECTIVOS

2.1 Geral

Classificação dos Contratos quanto a:


 A forma;
 Ao modo;
 Aos efeitos.

2.2 Especifico

 Conceito contratos;
 Conhecer os princípios fundamentais;
 Saber a formação do contrato;
 Conhecer a classificação dos contratos quanto a forma; ao modo e aos efeitos;
 Breve noção de transformação da teoria dos contratos.

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3. Conceito Contrato

Contrato é o acordo de vontades que faz nascer obrigações fonte por excelência das
obrigações no direito é o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral acordo das partes e sua
manifestação externa, pois depende de mais de uma declaração de vontade, que sujeita as
partes à observância de conduta idónea à satisfação dos interesses de que regularam, visando
criar, modificar, resguardar, transmitir ou extinguir relações jurídicas. é um negocio jurídico
bilateral que representa um acordo (pacto) de duas ou mais vontades, cujos interesses se
contrapõem, já que uma das partes contratantes quer a prestação e a outra a contraprestação.

3.1 Função dos contratos

O contrato é o negócio jurídico que tem por objectivo criar, modificar, transferir ou
extinguir obrigações (art. 81 do Código Civil). A função do contrato é fazer circular riquezas
através das obrigações que proporcionam a troca de bens e a prestação de serviços. Trata-se,
portanto, de um instrumento básico da autonomia privada e o pressuposto de qualquer
sistema económico. Quanto à estrutura, isto é, quanto a sua constituição, o contrato apresenta
basicamente duas partes: a) o chamado preâmbulo, onde se indicam as pessoas que
estabelecem o contrato; b) o contexto onde essas partes estabelecem as regras desse contrato
em disposições que se chamam cláusulas.

4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

O direito contratual, isto é, o conjunto das regras jurídicas que disciplinam os contratos
no direito brasileiro é formado basicamente por normas jurídicas de natureza supletiva ou
dispositiva. Sua aplicação deve observar os seguintes princípios:

 Autonomia da vontade;
 Consensualíssimo;
 Força obrigatória;
 Boa-fé;
 Relatividade nos efeitos.

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Autonomia da vontade - Significa que em matéria contratual predomina a vontade das
partes que se manifesta no poder de contratar, na escolha do contrato, na escolha do conteúdo
do contrato e na escolha da pessoa com quem contratar.
Dada autonomia é, porém, limitada pela ordem pública e pelos costumes, bem como pela
interrupção do Estado através do chamado dirigismo, que é o conjunto de meios de
intervenção do Estado no campo da autonomia privada. Essa intervenção se faz, quer através
da obrigação, quer através de possibilidade de revisão judicial dos contratos.

Consensualíssimo - Significa que na maioria dos casos basta o acordo de vontades para fazer
nascer o contrato. Somente nos contratos reais (comodato, mútuo e depósito) é necessária a
entrega de uma coisa para que o contrato exista.

Força obrigatória - Significa que, uma vez concluído, o contrato passa a ter força de lei
entre as partes contratantes.

Boa-fé - É o princípio segundo o qual as partes contratantes devem proceder segundo os


ditames da lealdade.

Relatividade nos efeitos - É o princípio segundo o qual o contrato só produz efeito entre as
partes contratantes, não afectando terceiros.

Elementos e requisitos do contrato

Como todo ato jurídico, o contrato exige, para sua formação, determinados elementos, e para
sua validade, determinados requisitos.
Tais elementos são: manifestação de vontade, objecto e forma. E os requisitos são:
capacidade do agente, licitude do objecto e legalidade da forma.

5. FORMAÇÃO DO CONTRATO

A alteridade ou a impossibilidade de autocontratada deve preponderar na formação de


contratos (vide art. 117 Cód. Civ.), salvo condições excepcionais como no caso da
representação ou do mandato para negócios com o próprio mandante (mandato em causa
própria).

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São inúmeras as espécies de contrato e, em especial, nas operações de compra e venda, deve-
se investigar sua natureza para fins de aplicabilidade do direito.
A compra e venda, à luz do art. 481 do Cód. Civ., é contrato pelo qual alguém se obriga a
transferir o domínio de uma coisa mediante o pagamento de certo preço. Assim, a compra e
venda, no direito brasileiro, por si só não transfere o domínio. Gerando o contrato uma
obrigação de dar consistente da transferência do domínio e o pagamento por parte do
comprador (Franco, 2014, p. 32).
Os elementos do contrato são, assim, o consentimento, a coisa e o preço (condições).
Convergindo a vontade nesses elementos, a compra e venda é perfeita e acabada, salvo se
outro condicionante foi estabelecido pelas partes.
Os contratos mercantis são destinados à consecução de negócios jurídicos frutos de
actividade empresarial. O contrato civil destina-se às actividades sem a característica da
profissional idade e da empresarial idade.
Contratos bancários envolvem relações com Instituições Financeiras. Contratos
consumeristas envolvem relação de consumo e contratos administrativos envolvem interesses
com administração pública em género.
Segundo a doutrina, as fases da formação do vínculo contratual são as seguintes (Diniz, 2006,
p. 89):

a) Negociações preliminares

As negociações prévias, sondagens e trocas de correspondências electrónicas para o


estabelecimento de regras iniciais para um futuro contrato, próprios da autonomia privada da
manifestação da vontade, são admissíveis no direito e, sempre com base em investigação do
caso concreto, a quebra da expectativa de contratar pode gerar uma responsabilidade não
contratual, aquiliana, baseada nos arts. 186 e 927 do Código Civil.

Não é incomum que, antes mesmo de se firmar um contrato preliminar, as partes resolvam
demonstrar a vontade de contratação através da constituição de protocolos ou compromissos
de entendimentos que possam demonstrar um pouco de suas intenções e, ainda, possibilitar o
Início da fase de “due diligence” para as auditorias contábeis e legais, que se fazem
necessárias em certos negócios.

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Acompanham, nessa fase, compromissos de sigilo e de confidencialidade e, em alguns casos,
a exclusividade temporal para a realização do negócio. Todavia, essa é ainda uma fase não
vinculante, salvo vontade expressa em sentido contrário.

b) Contrato preliminar

O contrato preliminar ou pacto de contracenado objectiva delimitar os contornos


principais do contrato definitivo e está previsto nos arts. 462 a 466 do Cód. Civ. Esse contrato
deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. A depender da
necessidade registaria de seu objecto, deve ser levado ao registo competente. Na ausência de
registo, o vendedor poderá responder por perdas e danos na venda do bem a terceiros.
Inexistindo cláusula de arrependimento nesse contrato, quaisquer das partes poderão exigir a
celebração do contrato definitivo. Se uma parte não der execução ao contrato preliminar, a
outra parte poderá considerá-lo desfeito e pedir as perdas e danos.
Aproxima-se, em sua natureza, de uma promessa de contratar em que ambas as partes se
comprometem a concluir um contrato definitivo.

c) Proposta

A proposta, policitação ou oferta é uma declaração unilateral e receptícia da vontade, por


meio da qual uma pessoa manifesta sua intenção de se considerar contratualmente vinculada,
caso a outra pessoa aceite a oferta, sem condições.
A proposta, segundo o art. 427 do Cód. Civ. é vinculante com relação ao que se formula se o
contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio e das circunstâncias do caso.
O efeito jurídico da proposta atinge tão só o policitante, respondendo por perdas e danos,
caso retire a oferta de forma injustificada.
O oblato que aceita proposta de forma incondicional, se obriga pelos seus termos. O
policitante pode-se arrepender da oferta e esta não o obrigará caso a retractação chegue ao
oblato antes da proposta ou ao mesmo tempo desta. Desse modo, também não obriga o
policitante se houver cláusula expressa nesse sentido; se houver actos de negociação que
modificarem o negócio; se houver a exoneração do policitante e se não respeitado o prazo de
oferta.

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d) Aceitação

A aceitação, segundo Maria Helena Diniz, é a manifestação da vontade, expressa ou


tácita, da parte do destinatário de uma proposta, feita dentro do prazo, aderindo a esta em
todos os seus termos, tornando o contrato definitivamente concluído, desde que chegue
oportunamente ao conhecimento do ofertante (DINIZ, 2006, p. 97).
A aceitação pode ser expressa, quando o oblato declara a aquiescência, ou tácita, quando por
ato inequívoco do aceitante se permite concluir pela anuência.
A aceitação deve ainda ser oportuna, em que a força vinculante ocorre da tempestiva
manifestação da vontade, e conclusiva ou integral, sem condicionantes.
Todavia, muito embora o direito brasileiro admita a manifestação da vontade pelo silêncio em
certos casos, nas ofertas específicas relacionadas às operações que decorrem de relação de
consumo, o silêncio encontra óbice como manifestação de vontade principalmente no âmbito
do sistema de protecção contra a abusividade de cláusulas e condutas contrárias ao direito do
consumidor, a exemplo de mercadorias entregues na residência do consumidor sem o pedido
deste, que acabam por ser vistas como amostras grátis.
O oblato pode se arrepender, desde que sua retractação chegue ao ofertante antes da aceitação
ou juntamente com ela. Desse modo, não gerará a aceitação o vínculo obrigacional.
Finalizando. Não aceita a proposta, não há obrigação do proponente ou policitante. Aceita a
proposta, encerra-se o ciclo contratual.

e) Conclusão do contrato

O negócio jurídico contratual reputa-se celebrado no lugar em que a proposta é expedida


ou onde é conhecida, como dispõe o art. 435 do Cód. Civ. O local da conclusão do negócio é
de relevo ao direito internacional privado, em que se prevê que a obrigação resultante do
contrato considera-se constituída no lugar onde residir o proponente, mas se a relação for
consumerista, haverá foro de preferência do consumidor como uma vantagem contratual,
observado o princípio da hipossuficiência.
O momento da conclusão do contrato depende da relação entre presentes ou entre ausentes.
Na relação entre presentes, o contrato aperfeiçoa-se e o vínculo se estabelece no momento
exacto em que convergiram as vontades entre o oblato e o policitante acerca da oferta e de
sua aceitação (coisa- -preço-condições).

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Já na relação entre ausentes, vigora, no direito brasileiro, a teoria da expedição (art. 434 do
Cód. Civ.), tornando-se o contrato aperfeiçoado, perfeito e acabado no momento da
expedição da aceitação incondicional, salvo excepções, quando então se aplica a teoria da
recepção.
Entre as excepções tem-se o fato de o proponente ter-se comprometido a esperar a resposta; o
fato de a proposta não chegar no prazo estipulado e a retractação mencionada.

1. Teoria da declaração, segundo a qual o contrato se aperfeiçoa no momento em que o oblato


declara concordar com os respectivos termos;
2. Teoria da expedição, segundo a qual o contrato se aperfeiçoa no momento em que o oblato
expede a resposta;
3. Teoria da recepção, segundo a qual é o momento em que a resposta é recebida que
caracteriza os contratos;
4. Teoria da cognição, segundo a qual o contrato está fechado no momento em que o
proponente recebe a resposta do oblato.

6. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO A FORMA

a) Solene ou formal: aquele contrato que deve respeitar os requisitos estipulados em lei para
que haja sua validade.
b) Não solene ou informal: decorre da ausência de disposição legal específica, de modo a
poder ser feito o contrato de qualquer forma.
c) Consensual: são aqueles contratos que se consideram formados pela simples oferta e
aceitação.
d) Reais: são contratos em que só serão considerados firmados com da entrega da coisa
objecto do negócio jurídico, como no contrato de mútuo.

A existência de aspectos comuns a diversas espécies de contratos toma conveniente a sua


classificação. Podemos, assim, dividir os contratos em:

 Contratos unilaterais e contratos bilaterais;


 Contratos onerosos e contratos gratuitos;
 Contratos consensuais e contratos reais;
 Contratos comutativos e contratos aleatórios;

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 Contratos de execução imediata, diferida e sucessiva;
 Contratos civis e contratos mercantis;
 Contratos preliminares e contratos definitivos.

a) Contratos unilaterais e contratos bilaterais

Todos os contratos são bilaterais na sua formação, visto que exigem duas ou mais pessoas
colocadas em posições antagónicas para que se estabeleça o acordo de vontades que
caracteriza o contrato. No entanto, eles podem ser unilaterais e bilaterais, conforme produzam
efeitos para uma ou ambas as partes. São contratos bilaterais: a compra e venda, a locação, a
troca e a empreitada, o transporte, etc. São contratos unilaterais: a doação, o mútuo, o
depósito. A importância desta distinção reside no fato de que determinados institutos só
existem nos contratos bilaterais, tais como a cláusula resolutiva tácita, a execução do contrato
não-cumprido: exceptio non adimpleto contractus, os vícios redibitórios, evicção, as arras ou
sinal.

b) Contratos onerosos e contratos gratuitos

Contratos onerosos são aqueles em que existem vantagens e ónus para ambas as partes.
Contratos gratuitos são aqueles em que existem vantagens apenas para uma das partes e ónus
para outro exemplo: doação, mútuo.

c) Contratos consensuais e contratos reais

Contratos consensuais são aqueles que se formam com um simples acordo de vontades.
Exemplo: compra e venda, doação, locação. Contratos reais são aqueles que além do acordo
exigem a entrega de uma coisa. Exemplo: comodato, mútuo e depósito.

d) Contratos comutativos e contratos aleatórios

Os comutativos são aqueles em que cada uma das partes conhece, no momento da
celebração, a extensão de suas vantagens e desvantagens. Contratos aleatórios são aqueles em
que, na celebração, uma das partes não sabe a extensão de suas obrigações.

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e) Contratos de execução imediata, diferida e sucessiva

Denomina-se de execução imediata aquele em que o cumprimento da obrigação se faz no


momento da celebração. O de execução diferida é aquele em que o cumprimento da
obrigação é posterior à celebração do contrato. O de execução sucessiva ou continuada é
aquele cujo cumprimento das obrigações é protraído no tempo.

f) Contratos civis e contratos mercantis

Contratos civis se caracterizam pela onerosidade, incidência sobre bens móveis,


enquanto os mercantis são de provas mais fáceis. Contratos civis são o oposto dos mercantis.

g) Contratos preliminares e contratos definitivos

Contratos preliminares são aqueles que têm por objecto a celebração de um contrato
definitivo. Já os definitivos fazem nascer, para ambas as partes, obrigações. São exemplos de
contratos preliminares: promessa de venda unilateral, opção e a promessa de venda bilateral.

A importância da classificação dos contratos reside no fato de que existem determinados


institutos que só se aplicam a determinadas espécies contratuais. Assim, somente nos
contratos bilaterais é que se aplicam:
1. Exceptio non adimpleti contractus (excepção do contrato não-cumprido) - significa a
possibilidade que tem a parte de um contrato bilateral de recusarse a cumprir a sua obrigação
enquanto a outra parte não cumprir a sua (art. 1.092 do Código Civil).
2. Cláusula resolutiva tácita - é a que presume existir em um contrato obrigação da outra
parte. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a rescisão do contrato (art. 1.092,
parágrafo único, do Código Civil).

3. Vícios redibitórios - são os defeitos ocultos da coisa que a tornam imprestável ou lhe
diminuem o valor.
Quanto à sua natureza, os vícios redibitórios consistem numa garantia legal aos contratos
translativos de domínio ou de uso; baseia-se no princípio da boa-fé, que deve existir entre as
partes contratantes. Os vícios redibitórios diferem do erro essencial porque este é de natureza
subjectiva, enquanto aqueles são de natureza objectiva. Além disso, os prazos prescricionais

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respectivos são diferentes. Por outro lado, a existência de erro dá origem a uma acção de
anulação do contrato, enquanto o vício redibitório dá origem à acção redibitória destinada a
desfazer o contrato, ou a uma acção estimatória destinada a pedir abatimento do preço do
objecto (art. 1.101 do Código Civil).
Para que se configure o vício redibitório é preciso que o defeito seja oculto e que exista no
momento do contrato, além de ser desconhecido pelo comprador (art. 1.106 do Código Civil).
Evicção e arras - evicção é a perda do direito de propriedade ou de posse em virtude de uma
sentença que atribui esse direito a outra pessoa. A pessoa que sofre os efeitos da evicção
chama-se evicto, e a que indevidamente lhe cause prejuízo chama-se evictor.
A evicção possibilita à pessoa prejudicada - isto é, o evicto - mover uma acção de perdas e
danos contra o evictor. Todavia, para que isso seja possível é necessário que na acção de
reivindicação o réu peça ao juiz que o processo seja comunicado à pessoa que lhe vendeu o
objecto (denunciação à lide).
O evictor é obrigado a indemnizar o evicto pelos prejuízos a ele causados com a evicção, e
que podem consistir na obrigação de devolver:
1. O preço;
2. O valor dos frutos que o evicto foi obrigado a indemnizar e ainda eventuais honorários de
advogados e custas judiciais em que o evicto possa ter sido condenado na acção de evicção
(arts. 1.107 e 1.109 do Código Civil).
Arras ou sinal são quantias dadas como presunção da realização do contrato. As arras ou
sinal consistem normalmente em dinheiro, podendo serem abatidas do preço final ou
devolvidas integralmente.

As arras podem ser de duas espécies:


1. Arras confirmatórias, quando se destinam apenas a confirmarem a realização do contrato;
2. Arras penitenciais, quando além de confirmarem o contrato permitem, todavia, o
arrependimento de ambas as partem (arts. 1.094 e 1.095 do Código Civil). Riscos significam
o prejuízo decorrente da perda ou deterioração da coisa objecto do contrato. Em princípio
aplica-se a regra res peri dominó (a coisa perece para o dono). Essa regra nos contratos
bilaterais enuncia-se do seguinte modo: a coisa perece para o devedor (res peri delitoris). E,
nos contratos unilaterais, a coisa perece para o credor (res peri creditoris). Efeitos do
contrato.
O principal efeito do contrato é criar obrigações para uma ou para ambas as partes. Em
relação ao modo como se manifestam, existem efeitos fundamentais:

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 Princípio da obrigatoriedade, segundo o qual, uma vez firmado o contrato, é de
cumprimento a obrigação para ambas as partes sob pena de a parte inadimplente
responder por perdas e danos;
 Princípio da intangibilidade, segundo o qual, uma vez firmado o contrato, suas
disposições são insusceptíveis de mudança, a não ser mediante acordo de ambas as
partes através de um instrumento chamado aditamento ou termo aditivo;
 Princípio da relatividade significa que, em princípio, o contrato produz obrigações
apenas entre as partes que nele intervêm. Existem, todavia, alguns contratos que são
excepção a esse princípio, como, por exemplo, a enipenação a favor de terceiro, que é
o contrato em que uma pessoa convenciona a outra determinadas vantagens a favor
de um terceiro (arts. 1.090, 1.099 e 1.100 do Código Civil).

Ocorre a extinção dos contratos de três formas:


 Resilição;
 Resolução;
 Rescisão.

 Resilição significa voltar atrás e pode ser feita unilateral ou bilateralmente. No


segundo caso, faz-se através do distrato e, no primeiro, implica normalmente o
pagamento de multa.
 Resolução é a extinção de um contrato quando ocorre inadimplemento de uma ou de
ambas as partes. Se existir cláusula resolutiva expressa, não é preciso prévia
rectificação judicial; todavia, no caso de uma cláusula tácita, é necessária a prévia
notificação sob pena de impossibilidade da acção de resolução.
 Rescisão é a extinção do contrato em que exista lesão, isto é, grande desequilíbrio
entre os direitos de ambas as partes devido a incapacidade, imaturidade ou até
situação de perigo de uma das partes. Cláusula penal é a cláusula acessória aos
contratos em que se estabelece uma sanção para a parte que descumprir suas
obrigações.
Quanto à sua natureza, é uma disposição acessória de modo que sua existência, qualidade e
quantidade dependem do contrato principal. Sua finalidade é estabelecer previamente o valor
das perdas e danos em que a parte inadimplente seria condenada pelo fato de descumprir o
contrato e causar prejuízo (art. 915). A cláusula penal destina-se a fixar perdas e danos para o

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caso de total inadimplemento ou para o de inadimplemento relativo, isto é, atraso no
cumprimento da obrigação.
No primeiro caso chama-se cláusula penal compensatória e destina-se a substituir a obrigação
principal. Nesse caso, diz-se que a cláusula penal é alternativa, isto é, o devedor deve cumprir
sua obrigação ou pagar a cláusula penal. Todavia, o direito de escolha cabe ao credor (art.
918 do Código Civil). Cláusula penal moratória é a que se destina ao pagamento de perdas e
danos decorrentes do atraso do devedor no cumprimento de sua obrigação.
Diferentemente da cláusula penal compensatória, que é alternativa, a moratória é cumulativa,
isto é, o código permite que o credor exija o pagamento da cláusula moratória mais o da
cláusula compensatória (art. 919). O valor da cláusula penal pode igualar-se, mas não pode
ser superior ao valor da obrigação principal, com excepção do mútuo. O Decreto n.

6.1 Compra e venda

Contrato de compra e venda é aquele em que uma das partes se obriga a transferir a
propriedade de um bem, e a outra a pagar o respectivo preço. A eficácia do contrato de
compra e venda no direito brasileiro é apenas obrigacional, no sentido de que crie apenas
obrigações, sem transferir a propriedade; esta se transfere por tradição, que nos imóveis toma
o nome de transcrição (art. 1.122 do Código Civil).

Características do contrato de compra e venda:

1. Bilateral;
2. Consensual;
3. Oneroso;
4. Cumulativo ou aleatório;
5. De execução imediata, diferida e sucessiva.

Como todo negócio jurídico, a compra e venda exige agente capaz, objecto lícito e forma
legal. Exige ainda, como elementos típicos, o consentimento e o preço. Além da capacidade
de fato, isto é, aptidão para a prática de actos da vida diária, a compra e venda exige também
a legitimação, que é a posição jurídica da pessoa em face de determinada relação jurídica, ou
de forma mais simples, a aptidão para a prática de determinado acto.

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7. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AO MODO

O modo pelo qual os contratos existem pode ser classificado como :

a) Principal;
b) Acessório;
c) Derivado.

a) Principal: trata-se de contrato fruto da convergência de vontades, estabelecendo relação


jurídica originária entre as partes.
b) Acessório: espécie de contrato que se constitui em função do contrato principal, sendo
garantia ou complementação deste.
c) Derivado: configura um contrato novo que só surge em razão da existência de uma relação
jurídica contratual pretérita. Não se comunica, porém com o contrato principal.

Um contrato é considerado principal quando é autónomo, existe sem que dependa da


existência de outro acordo de vontades. Ele provém de uma vontade originária entre as partes
envolvidas.

8. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AOS EFEITOS

Em linhas gerais, os contratos podem ser classificados da seguinte forma:

a) Típicos;
b) Atípicos e
c) Mistos.

De forma geral, quando encontrar resistência de outra parte e já tiver elementos necessários
para celebração do contrato principal, a parte pode exigir judicialmente a conclusão de um
contrato futuro e definitivo. Excepto se existir uma cláusula que prevê a possibilidade de
arrependimento A extinção do contrato mediante resolução tem como causa a inexecução ou
incumprimento por um dos contratantes. O inadimplemento pode ser voluntário (culposo), ou
não (involuntário). Decorre de comportamento culposo de um dos contraentes, com prejuízo
ao outro essa classificação se presta a analisar a carga de obrigações das partes no negócio

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jurídico e não o número de contratantes. Se o contrato é um acordo de vontades, por certo que
o número de contratantes deve ser no mínimo dois.

9. Transformação da teoria dos contratos

São marcantes e profundas as transformações decorrentes da teoria geral dos contratos.


O contrato, como um acordo de vontades que envolve proposta e aceitação, vem-se
adaptando aos fatos decorrentes da evolução social do cidadão como um ser social. A
aceitação é, assim,
Substituída por uma actuação clara da vontade de modo suficiente para o estabelecimento de
um vínculo contratual.
O contrato passa, assim, a se constituir como uma espécie de negócio jurídico de natureza
bilateral ou plurilateral como melhor será visto, fundado na vontade humana expressada em
sintonia com o direito posto e a ordem jurídica.
Maria Helena Diniz, com base em escólio de Antunes Varela, apresenta o contrato como um
acordo entre a manifestação de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica,
destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de
adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial
(Diniz, 2006, p. 9).
A substituição de um indivíduo fim na contratualidade por um ser social actuante e integrado
no ambiente informacional, que vem sendo sentida no âmbito dos negócios jurídicos, é
premissa legal também estabelecida na Lei 12.965/14, que tratou do marco civil de internet.
O Contrato, segundo Verçosa, é uma modalidade de negócio jurídico fundado em acordo de
vontades, celebrado entre um mínimo de duas partes, que concordam em vincular-se
juridicamente com o objectivo de poderem alcançar um fim económico, aceitando as
obrigações decorrentes do acordo e o recebimento das prestações correspondentes
(Verçosa, 2014, p. 101).
Parece-nos que uns dos principais elementos de transformação nos negócios jurídicos de até
então consiste na possibilidade de as relações serem efectivados através de transmissão de
dados pelo sistema de auto-estrada informacional, gerando um comércio electrónico mundial
e o crescimento da utilização de tecnologias disruptivas voltadas para o compartilhamento, a
exemplo dos aplicativos de veículos para transportes de coisas e pessoas, locações de imóveis
de particulares ou terceiros, alimentação em rede, etc.

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E neste ponto, o acesso à internet como um elemento essencial ao exercício da cidadania,
juntamente com a liberdade de expressão e a privacidade, com clara contribuição para o
desenvolvimento da personalidade, formam a disciplina do uso da internet no Brasil,
reconhecendo- se não só a escala mundial da rede, no tocante à abrangência de suas
complexas relações e ramificações, como também prestigiando o princípio da livre iniciativa
e da livre concorrência no âmbito do respeito aos direitos humanos, pluralidade e diversidade.
O exercício da cidadania em meios digitais, por sua vez, junta-se aos fundamentos
relacionados à abertura e colaboração, com vistas à finalidade social da rede (Simão F., 2015,
p. 47).
O direito subjectivo clássico e inviolável e neste ambiente digital acaba por objectivar na sua
concretude a função social, afastando a vontade como a fonte absoluta de direitos para buscar
uma fonte que observe os interesses sociais e transindividuais.
As relações contratuais acabam por ser mais sutis e diversas do passado, preponderando
contratos de fato ou verbais. A aceitação cede espaço aos actos de cumprimento consistentes
da apropriação e utilização dos bens, como ocorre, por exemplo, em parte dos negócios
Jurídicos electrónicos.
Para o fomento das actividades empresariais, são utilizados contratos tipos, visando massas
específicas de pessoas no sistema de contratação por adesão.
A principiologia tem papel preponderante no auxílio do sistema interpretativo desses
contratos, sempre se observando a boa-fé de natureza objectiva, com reflexos na vontade real
do contratante e nos resultados esperados.
Formam-se, no âmbito empresarial, redes neurais de contratos ou coligação de contratos com
vistas a um objectivo negocial único de um grupo de pessoas e empresas, com desafios de
toda a ordem no sistema interpretativo da vontade e do próprio negócio jurídico.
São admissíveis negócios jurídicos de natureza processual como dispõe o art. 190 do Código
de Processo Civil, sempre na busca da eficiência sistémica e interpretativa e da restauração
do sinalagma.

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10. Conclusão

Os desafios impostos pela evolução social e pela multiplicidade de negócios jurídicos,


que se colocam num mundo cuja integração das redes computacionais de internet tem sido
cada vez mais presente tanto na criação de redes sociais como no crescimento do comércio
electrónico e de propostas de compartilhamento com a geração de novos negócios
decorrentes de tecnologias disruptivas, que possibilitam a criação de aplicativos específicos
por meio dos quais também se realizam operações digitais, levam à constatação de que o
contrato, como instituto jurídico, ainda sofrerá maiores aprimoramentos e se distanciará do
mo delo idealizado no Código Beviláqua, não a partir de seu sistema classificatório, mas, sim,
no que tange à sua formação e interpretação.
Os interesses envolvidos na contratualidade do futuro não poderão se afastar do conceito
de que vivemos numa sociedade em rede, na qual as informações são transmitidas na
velocidade do pensamento e a vigilância é constante. O simples fato de se transmitir dados
pessoais ou contratuais pela auto-estrada da informação e a fragilidade da protecção dos
dados sensíveis, com reflexos na privacidade e na intimidade, será elemento que precisará de
um tratamento mais sofisticado do ponto de vista da preservação da confiança no comércio e
nas operações electrónicas.
O incremento de negócios decorrentes da utilização de processadores computacionais no
modelo “big data”, que buscam dados estruturados e não estruturados e os monetizam de
alguma maneira, também parece ser um desafio para a contratualidade a partir das regras
clássicas voltadas para a permissão e aceitação.
Os novos modelos de negócios, que surgem da evolução da internet para uma internet
das coisas que liga bens às pessoas, reduzindo custos de operação e gerando um consumo
diferenciado e cativo, necessitarão de tratamento específico do ponto de vista da
interpretação. Os Contratos ainda serão a forma de gerar o crescimento social por meio do
fomento dos negócios jurídicos, principalmente pelo meio digital. Todavia, há que se ter o
necessário preparo social e jurídico para que o país possa ser visto como um bom cumpridor
de contratos, criando as estruturas necessárias para garantir a preservação dos direitos
contratados.

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11. Referências bibliográficas

Beviláqua, C. (1940) Código Civil dos Estados Unidos do Brasil comentado. Rio de Janeiro:
Rio. v. II. (Edição Histórica).
Cassettari, C. (2013) Elementos de direito civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva.
De Lucca, N. Simão F. Adalberto; L. Cíntia R. P (2015). de. (Coord.). Direito e Internet III:
Marco Civil da Internet: lei n. 12.965/204. São Paulo: Quartier Latin, t.
Diniz, M. H. (2006) Tratado teórico e prático dos contratos. 6. ed. São Paulo: Saraiva. v. 1.
Fontes, M. R. F. (Org.). Contratos bancários. São Paulo: Quartier Latin, 2006. p. 57-80.
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Simão F. A. Sistema interpretativo da rede conexional de contrato em ambiente de sociedade
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Waisberg, I. Verçosa, H. M. (2014) Duclerc. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais.

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