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UNIVERSIDADE ABERTA - ISCED

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

Cadeira: Direito de Registo e Notariado

3º Ano

TEMA:

DA ESCRITURA PÚBLICA PARA A VALIDADE DE ALGUNS ACTOS E CONTRATOS

TELMA OFLODIO COSSA MUCAVELE

Maputo, Agosto, 2023


ÍNDICE
1.Introdução.................................................................................................................................................. 3
2. QUADRO TEÓRICO.................................................................................................................................... 4
2.1. Conceito de Escritura Pública ................................................................................................................ 4
2.2. Formas e origem das escrituras pública em Moçambique .................................................................... 4
2.3. Modelo de validade de alguns Actos e contratos no nosso ordenamento jurídico Moçambicano ...... 5
2.3.1.Forma do contrato de sociedade ......................................................................................................... 6
2.3.2. Associações (Forma e comunicação) .................................................................................................. 6
2.3.3. Fundações (Instituição e sua revogação) ........................................................................................... 6
2.3.4 . Contrato de Mútuo (noção e forma) ................................................................................................. 7
2.3.5. Renda perpétua ( Noção e forma) ...................................................................................................... 7
2.3.6. Renda vitalícia (Noção e forma) .......................................................................................................... 7
3.Conclusão ................................................................................................................................................... 8
4.Referências Bibliográficas .......................................................................................................................... 9
1.Introdução

O tema do presente trabalho de campo ‘’ Da Escritura Pública para a validade de alguns actos e
contratos’’

Escritura Pública – o documento original, uno e autêntico, datado e localizado, revestido de rigorosa
formalidade própria, de força probatória plena de força executiva, lavrado pelo notário ou por quem
estiver a exercer a função notarial e por ele inequivocamente redigido na própria língua materna e
assessoradamente configurado com a lei, na forma e no conteúdo.

Assim sendo, a questão inicial do presente trabalho é: porque a escritura pública é um documento mais
importante para validar alguns actos e contratos?

Diante dessa questão urge justificar o tema, por este proporcionar ao estudante um conhecimento
amplo, especializado, metódico e como as escrituras públicas produzem inúmeros efeitos nas relações
sociais, constituindo, alterando, dissolvendo, extinguindo direitos, se justifica também por ser relevante
um conhecimento geral a seu respeito pela sociedade.

O presente trabalho guiar – se -á com os seguintes objetivos:

• Conhecer o conceito da escritura pública;


• Conhecer os requisitos da escritura púbica, saber quando é que se exige a escritura pública e
• Apresentar as formas de validade de actos e contratos em Moçambique.

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2. Quadro Teórico

2.1. Conceito de Escritura Pública

Dentro das modalidades dos documentos escritos que o artigo 363º do Código Civil (C.C) prevê, a
escritura Pública, integra a espécie dos documentos autênticos.

Para Brandelli (2011, p. 373), o conceito de escritura pública é “acto notarial mediante o qual o tabelião
recebe manifestações de vontade endereçadas à criação de atos jurídicos”. Ainda para esse autor,

‘’ é o acto notarial pelo qual o notário recebe a vontade manifestada pelas partes
endereçadas a ele, tabelião, para que instrumentalize o ato jurídico adequado; é o ato
por meio do qual o tabelião recebe a vontade das partes, qualifica essa vontade e cria o
instrumento adequado a dar vazão jurídica a esta vontade (BRANDELLI, 2011, p. 373)’’

Segundo Neves et al. (2012, p. 16), escritura “é documento solene lavrado no tabelionato de notas, que
reproduz a declaração de vontade ou negócio entabulado por uma ou várias pessoas físicas ou jurídicas
e tem a finalidade de criar, modificar ou extinguir direitos”.

O notário tem a obrigação de observar todos os deveres e cuidados em sua atuação profissional, pois,
partindo-se dos conceitos de escritura pública apresentados, isso mostra-se essencial para a lavratura
de um instrumento público perfeito, legal e eficaz.

2.2. Formas e origem das escrituras pública em Moçambique

De acordo com art. No 85 do Código do notariado, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 3/2006 de 23 de
Agosto, devem celebrar-se por escritura pública, além de outros especialmente previstos na lei:

a) Os actos que importem reconhecimento, constituição, aquisição, modificação, divisão ou extinção dos
direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação, enfiteuse, superfície ou de servidão sobre coisas
imóveis;

b) Os actos que importem revogação, rectificação ou alteração de negócios que, por força da lei ou por
vontade das partes, tenham sido celebrados por escritura pública, sem prejuízo do disposto nos artigos
221o e 222° do Código Civil;

c) Os actos de constituição, modificação e distrate de hipoteca voluntária ou de consignação de


rendimentos, e de fixação ou alteração de prestações mensais de alimentos, quando onerem coisas
imóveis;

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d) Os actos de alienação ou repúdio de herança, ou de legado, de que faça parte coisas imóveis;

e) Os actos de constituição, dissolução e simples liquidação de sociedades comerciais e de sociedades


civis sob a forma comercial. bem como os actos de alteração dos respectivos pactos sociais em que
entrem coisas imóveis;

f) Os actos de constituição, modificação, dissolução ou liquidação das sociedades civis, em que entrem
coisas imóveis;

g) Os actos de constituição, dissolução e liquidação de associações e de fundações, bem como os actos


de alteração dos respectivos estatutos em que entrem coisas imóveis;

h) A cessão de hipoteca ou do grau de prioridade do seu registo, a extinção da garantia hipotecária e a


cessão ou penhor de créditos hipotecários;

i) A divisão, a cessão e o penhor de quotas de sociedades por quotas em que entrem coisas imóveis;

j ) Os negócios de transmissão da propriedade de estabelecimentos comerciais ou industriais;

k) O contrato de promessa de alienação ou oneração de coisas imóveis ou móveis sujeitos a registo, e o


pacto de preferência respeitante a bens das mesmas espécies, quando as partes lhes queiram atribuir
eficácia real;

l) O contrato de renda perpétua e o de renda vitalícia se a coisa ou direito alienado for imóvel;

m) A habilitação e justificação notariais; n) A partilha de coisas imóveis ou de quotas de sociedades de


que façam parte coisas imóveis.

2.3. Modelo de validade de alguns Actos e contratos no nosso ordenamento jurídico Moçambicano

A escritura pública é o nome atribuído às formalidades associadas à validade e exequibilidade de


determinada classe de actos ou contratos em Moçambique. A teoria por detrás da lei baseasse no facto
de que alguns actos ou contratos implicam determinadas consequências e as pessoas precisam de ser
alertadas para o significado dos seus actos. Por está razão a lei insiste no cerimonial e na participação do
Notário.1 o mesmo só pode ser feito por escritura pública – neste caso, uma escritura pública de
constituição de sociedade, Associações, fundações, contracto de Mútuo, Renda perpétua, Renda vitalícia
e Habilitação notarial.

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2.3.1. Forma do contrato de sociedade 2

O contrato de sociedade é o título previsto para a constituição de uma sociedade comercial. A forma do
contrato de sociedade, em sentido amplo, compreende três elementos distintos: um, relativo à
celebração do contrato; outro, referente ao seu registo; e, outro ainda, que diz respeito à sua
publicação.

O contrato de sociedade pode ser celebrado por documento escrito assinado por todos os sócios, com
assinatura reconhecida presencialmente, devendo ser celebrado por escritura pública, no caso em que
entrem bens imóveis. O contrato de sociedade, ou os estatutos, como é comummente designado,
apresenta as regras internas pelas quais a sociedade se irá reger e, bem assim, a relação entre os sócios.
Os estatutos podem ser mais simples ou mais detalhados conforme desejado pelos sócios.

2.3.2. Associações (Forma e comunicação)

De acordo com Art. no 168 do Código Civil: 3


1 - O acto de constituição da associação, os estatutos e as suas alterações devem constar de
escritura pública, sem prejuízo do disposto em lei especial.
2 - O notário, a expensas da associação, promove de imediato a publicação da constituição e dos
estatutos, bem como as alterações destes, nos termos legalmente previstos para os actos das
sociedades comerciais.
3 - O ato de constituição, os estatutos e as suas alterações não produzem efeitos em relação a
terceiros, enquanto não forem publicados nos termos do número anterior.

2.3.3. Fundações (Instituição e sua revogação)

De acordo com Art. no 185 do Código Civil: 4


1 - As fundações visam a prossecução de fins de interesse social, podendo ser instituídas por ato
entre vivos ou por testamento.
2 - A instituição por atos entre vivos deve constar de escritura pública, salvo o disposto em lei
especial, e torna-se irrevogável logo que seja requerido o reconhecimento ou principie o respetivo
processo oficioso.
3- Aos herdeiros do instituidor não é permitido revogar a instituição, sem prejuízo do disposto acerca
da sucessão legitimária.

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4 - O ato de instituição, bem como os seus estatutos e suas alterações devem ser publicitados nos
termos legalmente previstos para as sociedades comerciais, não produzindo efeitos em relação a
terceiros enquanto não o forem.

2.3.4 . Contrato de Mútuo (noção e forma)

Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra dinheiro ou outra coisa fungível,
ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo género e qualidade. (art. No.1142.
Código Civil)
O contrato de mútuo é valido se for celebrado por documento assinado pelo mutuário, com
assinatura reconhecida presencialmente. (art. No.1143. Código Civil)

2.3.5. Renda perpétua ( Noção e forma)

Contrato de renda perpétua é aquele em que uma pessoa aliena em favor de outra certa soma de
dinheiro, ou qualquer outra coisa móvel ou imóvel, ou um direito, e a segunda se obriga, sem limite de
tempo, a pagar, como renda, determinada quantia em dinheiro ou outra coisa fungível. (art. No.1131.CC)

De acordo com Artigo 1232.º do CC, Sem prejuízo do disposto em lei especial, a renda perpétua só é
válida se for constituída por escritura pública ou por documento particular autenticado.

2.3.6. Renda vitalícia (Noção e forma)

Contrato de renda vitalícia é aquele em que uma pessoa aliena em favor de outra certa soma de
dinheiro, ou qualquer outra coisa móvel ou imóvel, ou um direito, e a segunda se obriga a pagar certa
quantia em dinheiro ou outra coisa fungível durante a vida do alienante ou de terceiro (art. No.1138.CC)

Sem prejuízo da aplicação das regras especiais de forma quanto à alienação da coisa ou do direito e do
disposto em lei especial, a renda vitalícia deve ser constituída por documento escrito, sendo necessária
escritura pública ou documento particular autenticado. (art. No.1138.CC)

___________________________
1
https://www.salcaldeira.com/index.php/pt/publicacoes/livros/doc_download/377-
2
https://www.acismoz.com/wp-content/uploads/2017/06/Comp-Reg-Guide-ed-5-PORT.pdf
3
Decreto-Lei n.º 47344 - Diário do Governo n.º 274/1966, Série I de 1966-11-25
4
Ibidem.pag.43

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3.Conclusão

Com este trabalho, concluiu – se, que, a escritura pública, acto exclusivo do notário de notas, para
validar alguns actos e contratos, advém da manifestação qualificada da vontade das partes. São
aplicáveis a ela, directamente, vários princípios inerentes à actividade notarial. É essencial quando
expressamente exigido por lei e, caso inobservada essa regra, afeta a validade do acto. Na lavratura de
todas as escrituras públicas devem ser observadas as normas gerais expressamente previstas em lei no
país.

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4. Referências Bibliográficas

BRANDELLI, Leonardo. Teoria geral do direito notarial. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

NEVES, Gustavo Bregalda; LOYOLA, Kheyder; SILVA, Clícia Maria Roquetto; CABAÑAS, Bruno. Cartório.
São Paulo: Rideel, 2012.

Legislação

Código do notariado, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 3/2006 de 23 de Agosto

Código Civil- aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47344 - Diário do Governo n.º 274/1966, Série I de 1966-11-
25

Internet

https://www.acismoz.com/wp-content/uploads/2017/06/Comp-Reg-Guide-ed-5-PORT.pdf

https://www.salcaldeira.com/index.php/pt/publicacoes/livros/doc_download/377-

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