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Turma: B1 e C1
São várias as definições compilads de contrato, mas em todas elas o dado sobrevalente
oredem jurídica.”
jurídicos.
harmonizavéis entre si, que visam estabelecer uma composição unitária de interesses.
217.º e ss, aos contratos aplicam-se também os dispositivos genéricos contidos nos artigos
contratos verbais. Dado, porém, o valor probatório dos contratos escritos, aconselha-se a
redução de todos os contratos a escrito (de modo especial, quando eles revistam um certo
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O contrato escrito pode ser celebrado por instrumento particular ou por instrumento
autoridade pública no exercício das suas funções, nº 2 do artigo 363.º e 369.º do C.C
de validade).
E aqui devemos separar (ter em atenção) os requisitos formais do contrato, a forma como
Em regra, vigora o Princípio da liberdade de forma, artigo 219.º do CC, mas por vezes, é a
própria lei que exige, que o contrato de se exteriorizar de determinada forma, sob pena de
Ex: a compra e venda de um bem imóvel, só será válida se for celebrada por escritura
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Quanto a capacidade para contratar, estão excluídos desde já os menores, artigo 123.º do
CC (excepção, artigo 13.º da LGT), os interditos, artigo 138.º do CC, os inabilitatos, artigo
152.º do CC.
contratos.
Ex: Venda de bens alheios, artigo 892.º do CC; Venda de direito litigioso, artigo 876.º do
CC (procura garantir os interesses do vendedor, evitando que a pessoa que age por sua
conta, ou o funcionário público por intermédio do qual os bens são vendidos (artigo 579.º e
2) Nome e identificação das partes: o nome completo das partes, estado civil, se for
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Dizemos redigir, porque estamos apenas a considerar os contratos escritos, que são objecto do
presente capítulo, descurando os contratos verbais.
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contribuinte, os dados pessoais do representante da mesma, e a qualidade em que
outorga.
que cada um tenha uma delas ou uma via em sua posse. Há situações em que se
torna necessária para validação do mesmo, a entrega de uma das vias junto de
determinado organismo.
Tarefa
Redija um contrato.
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Turma:B1 e C1
tem de ser tomada em consideração pelo intérprete, mas que pode, em alguns casos, ter
novos regimes.
privado.
podem, em princípio, ser validamente celebrados por qualquer forma, artigo 219.º
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prescrevendo para a sua celebração uma determinada forma (forma legal), por
uma positiva. Na sua dimensão positiva, significa que cada pessoa pode concluir
os contratos que quiser; na sua dimensão negativa, significa que nenhuma pessoa
deve concluir os contratos que não quiser, senão nos casos e nos termos previstos
negociais o conteúdo que quiserem dar-lhes: por um lado, as partes têm a liberdade
regulados na lei (contratos típicos ou nominados), por outro lado, as partes têm a
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4) Princípio da consensualidade: usa-se em duas acepções. Significa que os contratos
com eficácia real produzem os seus efeitos reais pelo mero consenso das partes, isto
formalidade, nº1 do artigo 406.º, do CC (regime geral); por outro lado, designa-se
5) Princípio da Boa-fé: embora, em alguns casos, a lei diga expressamente o que deve
entender-se por boa-fé (ou má fé), não existe uma noção legal aplicável à
291.º, nº 3, 612.º, 892.º e 898.º todos do C.C). A norma da boa-fé em sentido objectivo
relaciona-se com uma de duas coisas: ou com a conduta dos contraentes ou com o
norma (artigos 227.º, 334.º e 762.º, nº 2 todos do C.C), a boa-fé em sentido objectivo.
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sentido, a boa-fé é um conceito indeterminado (ou cláusula geral de direito
Mas a boa-fé pode também ser a convicção errónea e não culposa da existência de
7) Princípio Pacta Sunt Servanda: princípio segundo o qual os contratos devem ser
cumpridos nos exactos termos em que foram celebrados, nº1 do artigo 406.º, do CC.
Significa que o contrato deve ser cumprido ponto por ponto, ou seja, em todas as
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Turma:B1 e C1
Conceito
vendedor e o comprador. O que não impede que nele intervenham mais de dois sujeitos
Elementos
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b) Objecto: é constituído por coisa ou outro direito. A coisa pode ser corpórea e não
corpórea. Quanto ao direito, pode ser real (usufruto, artigo 1440.º do C.C, uma
servidão predial, artigo 1547.º do C.C, o direito de superfície, artigo 1528.º do C.C,
uma biblioteca, etc,) uma universalidade de direito. E pode também ser coisa
c) Preço: deve consistir em dinheiro contado, não o sendo, estamos perante uma
permuta ou outro contrato inomindo.
Classificação ou característica
é, contrato previsto e regulado pela lei, o que não impede a inserção de cláusula
que se consideram efeitos essenciais; é consensual, porque, basta o acordo das partes
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c) Quanto aos seus efeitos: é bilateral (ou sinalagmático), cria obrigações recíprocas a
e) Comutativo: as atribuições patrimoniais das partes são certas: cada uma conhece a
menos, uma das atribuições patrimoniais é incerta, havendo, para qualquer das
Forma
Regra geral, o contrato de compra e venda celebra-se mediante o simples acordo dos
compra e venda de bens imóveis, que está sujeita a escritura pública ou documento
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transmissão da propriedade não pode operar ou operando é nula, artigo 220.º e 289.º do
C.C.
apreciar a livre vontade das partes e esclarecê-las dos efeitos do acto que se propõem
Por outro lado, estando em causa o interesse público, justifica-se que o Código sancione a
Quanto as coisas móveis, vigora, como regra, o princípio oposto, da liberdade de forma.
Deste modo, a declaração pode ser expressa ou tácita, artigo 217.º do C.C, e o silêncio
vale como declaração negocial, quando esse valor lhe seja atribuído por lei, uso ou
reduzido valor que, muito frequentemente se compram e vendem, valor que não
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Tema: O contrato de Compra e Venda
oneração.
Despesas do contrato
Ilegitimidades contratuais
oneração de bens. Daí que o legislador tenha determinado a aplicação subsidiária das
normas da compra e venda a esses contratos, artigo 939.º do C.C. ex: permuta e dação em
pagamento.
Despesas do contrato
na convenção. Caso as partes tenham sido omissas neste ponto, a lei coloca estas despesas
a cargo do comprador, artigo 878.º do C.C, o que constitui a prática mais corrente nesta
matéria.
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Correm também por conta do comprador, as despesas de registo predial e as despesas
Ilegitimidades
actuar por parte de um sujeito, determinada em concreto pela sua posição numa
neste preceito estão inibidos de compar em determinadas situações, mas não inibidos de
comprar em geral.
Ex: Venda de bens alheios, artigo 892.º do CC; Venda de direito litigioso, artigo 876.º do
CC (procura garantir os interesses do vendedor, evitando que a pessoa que age por sua
conta, ou o funcionário público por intermédio do qual os bens são vendidos, artigo 579.º e
587.º, sejam tentados a sobrepor ao interesse do vendedor um interesse pessoal).
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Tema: O contrato de Compra e Venda
a) O vendedor aliena bens que não existem ao tempo do contrato. Ex: venda de uma
b) Vende uma coisa que existe, mas não se encontra em seu poder. Ex: vende os peixes
c) Vende coisa que existe, mas a que não tem direito. Ex: vende cereais que se propõe
Quanto aos frutos pendentes, o comprador adquire-os quando forem colhidos. Até à
autonomia jurídica.
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E, tratando-se de bens futuros, o comprador adquire-os no momento da aquisição pelo
vendedor.
Regime jurídico
necessárias para que o comprador adquira os bens vendidos. Por isso, se vendeu
uma coisa alheia deve adquiri-la; se vendeu uma res nullius (coisa sem dono ou
vendedor pode ser acordado pelas partes e, neste caso, a sua responsabilidade
contrato e, se já tiver realizado a sua prestação, exigir a restituição dela por inteiro,
prestação, tem o direito de pedir a sua restituição, nos termos prescritos para o
enriquecimento sem causa, artigo 795.º, nº1 do c.c. Mas tem uma excepção: se foi
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atribuído carácter aleatório à compra e venda, o comprador não pode repetir o que
pagou e, se ainda não pagou, é obrigado a fazê-lo, porque se entende que a compra
a) Compra e venda sob reserva de a coisa agradar ao comprador: artigo 923.º do c.c.
Não existe aqui contrato de compra e venda, mas proposta de venda que o
vendedor está vinculado à sua proposta de venda. Por isso, é obrigado a facultar a
decidir aceitar a proposta, deve obedecer aos prazos fixados no nº 1 do artigo 228.º,
do C.C.
entregue ao comprador, este não se pronunciar dentro desses prazos: trata-se duma
situação em que o silêncio vale como declaração negocial, artigo 218.º do c.c. A
rejeição pode ser feita por qualquer dos meios de declaração previstos na lei, artigo
217.º do C.C.
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b) Compra e venda sob reserva de a coisa não agradar ao comprador: artigo 924.º do
comprador, artigo 289.º do C.C, ex vi 433.º do C.C. Não estamos perante uma
A resolução implica a aplicação dos artigos 432.º e seguintes, em tudo o que não se
encontrar especialmente previsto nesta secção, por isso, os efeitos são os da anulação ou
declaração de nulidade do acto, artigo 433.º do C.C, devendo o comprador restituir a coisa
comprada e o vendedor, o preço recebido, artigo 289.º, nº 1 ex vi artigo 433.º do C.C. Deste
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modo se o vendedor não estiver em condições de restituir o preço não pode resolver o
dinheiro, não queira recorrer ao crédito para não sentir o peso dos encargos ou que não
tenha acesso a ele, e não pretenda despojar-se definitivamente dos bens que vende.
quanto a: perda ou deterioração da coisa, artigo 1269.º, ex vi art. 289.º, nº 3; os frutos 1270.º,
mas sem eficácia rectroativa, ou seja, ex tunc. Por isso, os frutos que a coisa tenha
modo, sendo a cláusula a retro oponível a terceiros, os bens regressarão livres de ónus ou
encargos constituídos pelo comprador; e a locação caduca se, entretanto, a coisa tiver sido
Cláusulas nulas art. 928.º, nº 2 do c.c. A nulidade destas cláusulas não afecta a validade da
venda a remir, assim como das cláusulas do contrato; por isso, no caso de ter sido
estipulada a restituição dum preço superior, a nulidade diz respeito somente ao excesso.
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Prazos para resolução, o direito de o vendedor pedir a resolução da venda a retro não
pode prolongar-se por demasiado tempo, sob pena de causar dificuldades à livre
Ao ser indicado os dois ou cinco anos mostra que se lhes deve aplicar o regime de
caducidade e não de prescrição, artigo 298.º, nº 2, do c.c, por isso, estão sujeitos ao regime
2) Tratando-se de coisa imóvel, é necessário que o vendedor (porque se trata dum acto
Reembolso do preço e de despesas, art. 931.º e 883.º, nº 1 do c.c. Esta obrigação não é
imperativa. Por isso, as partes podem acordar num prazo de caducidade superior ou
inferior.
Venda de coisa ou direito comum, artigo 933.º do CC: diferente é a situação de algum dos
consortes alienar a sua quota com cláusula a retro; neste caso, pode resolver o contrato
sem a intervenção dos outros, porque não vende a coisa ou direito comum, mas apenas a
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Se for pedida a divisão da coisa comum quer pelo proprietário quer pelo outro ou outros
comproprietários, o alienante deve ser chamado a intervir na acção para que possa
Tarefa: a venda retro foi alvo de severas critícas. Quais são os fundamentos?
Artigo 934.º do CC; A legislação que se ocupa das vendas a prestações realizadas por
prestação.
Falta de pagamento, Artigo 934.º do CC. Estamos perante disposição legal que derroga o
regime consagrado nos artigos 781.º e 801.º, nº 2 do c.c, nos termos dos quais a falta de
contrato.
Menezes Leitão, entende que, “a lei entende que tal constitui uma solução demasiado
drástica nas vendas a prestações, caso o comprador falte ao pagamento de uma prestação,
que não exceda a oitava parte do preço”. E continua: “para que tal aconteça, é necessário
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estarem em falta duas prestações, independentemente do seu valor, ou que a prestação que
se deixou de realizar excedesse um oitavo do preço”.
No entanto, para este regime especial: não resolução e não perda do benefício do prazo
tivesse sido entregue ao comprador, a resolução estaria afastada, artigo 886.º do CC.
Pelo contrário, se faltar mais do que uma prestação, haverá lugar à resolução do
contrato por força dos artigos 801.º, nº 2 e 808.º. Quanto ao risco de perecimento da
para o dano causado e estimula o comprador a cumprir. Todavia, porque têm sido
cometidos abusos que favorecem o vendedor, normalmente a parte mais forte, o código
totalidade do preço não for paga, o comprador perderá as prestações pagas. O comprador
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5.000.000,00 ao comprador, ou seja, a diferença entre a metade do preço e o total das
prestações pagas. Mas se o prejuízo exceder o valor das prestações pagas, o comprador
perde o que pagou, porque o montante da cláusula penal coincide com o total das
prestações pagas.
Qunto ao risco de perecimento da coisa, corre por conta do comprador, n.º 3 do artigo
796.º do CC.
A excepção prevista no artigo 934.º in fine, tem carácter imperativo; por isso, este regime
não pode ser afastado pelo beneficiário (comprador) para que não seja vitima da sua
própria fraqueza.
essenciais da compra e venda, artigo 879.º, al.c), ser substituída pela entrega do seu título
representativo.
A sua prática tem sido muito importante no âmbito das transacções comerciais, nas quais é
Situação análoga ocorre na compra e venda de coisas que estão em viagem. Nestes casos,
documento de transporte, uma cautela de penhor, uma ordem de entrega, etc.), titulam a
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mercadoria vendida. Por isso, basta que o documento seja entregue ao comprado para que
É preciso ter em conta que, o objecto da venda não são os documentos, mas sim, as coisas
Para que estas normas sejam aplicadas é necessário que se verifiquem dois requisitos:
Por isso, se a coisa ainda não tiver sido entregue ao transportadr ou expedidor ou à
797.º do CC;
transporte.
comprador deve o preço. Esta obrigação persiste mesmo que as mercadorias já não
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A ratio destas regras é a suposição de que se vende aquilo que foi entregue ao
Estas regras não se aplicam se, ao tempo do contrato, o vendedor já conhecia a perda ou os
defeitos da coisa e dolosamente não os revelou ao comprador de boa fé. Neste caso, não
´devido o preço e o comprador pode anular o acto com fundamento nos defeitos, nos
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Turma: B1 e C1
Sumário: Conceito.
Forma.
Ilegitimidades
A doação pode definir-se como um contrato em que uma das partes (doador) transfere
para outra (donatário) a propriedade de uma coisa, a titularidade de um direito, a
assunção de uma obrigação ou prática de um acto material (construção ou plantação em
solo alheio sem contraprestação; o trabalho a favor de outra pessoa sem salário, etc.).
Elementos da doação
2) Objecto: pode recair sobre bens de qualquer natureza, imóveis e móveis, simples
ou compostas, etc., mas, há uma restrição: a doação não pode abranger bens
Ex: prodigalidade.
Característica:
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artigo 578.º do CC, na diminuição do passivo daquele (perdão, remissão, nº 2 do
um dever, artigo 941.º do C.C. Assim, quem cumpre uma obrigação natural não faz
Forma
da intenção do doador, evitando que um contrato que lhe impõe um sacrifício patrimonial
Capacidade e legitimidade
Quanto a capacidade do doador, artigo 948.º do c.c. Equipara-se a capacidade activa nas
doações à capacidade contratual geral, artigo 67.º do c.c, não podem fazer doações os
menores, os interditos, artigo 138.º e segts do c.c e os inabilitados, artigo 152.º do c.c.
Também não podem doar os seus representantes legais, artigo 949.º, nº 2 do c.c. Esta
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por espírito de liberalidade, é essencialmente pessoal, e contrariaria a natureza da doação
Mas há uma excepção, isto no caso previsto no artigo 2182.º, nº 2 do c.c, sendo uma
Esta norma quer tão somente dizer que, as doações são de carácter pessoal, não podendo
ser feita por meio de representante, mas quando a doação é feita para uma generalidade
Ex: A faz uma doação a família de João, que são imensos, filhos, tios avó, sobrinho, neto,
e nomeie o patriarca da família para proceder a repartição dos bens por ele doados.
com o tempo da declaração negocial. Ora, tendo presente que a proposta de doação
somente caduca se não for aceita durante a vida do doador, ou seja, o donatário pode
aceitar enquanto o doador viver, artigo 945.º, nº1 do c.c., o momento em que a
em que se fez a declaração negocial o doador era capaz, a proposta mantém a sua validade
doador era incapaz quando fez a proposta e entretanto se tornou capaz antes da referida
deve ser considerada a lei determina artigo 950.º, nº 2 do c.c. Capacidade passiva, artigo
951.º, nº 1 do cc.
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Ilegitimidades
1) Da posição do sujeito face ao bem: com a doação de bens alheios, artigo 956.º do
c.c. A doação de bens alheios é nula, artigo 956.º, nº 1 primeira parte, que se ajusta
ao artigo 940.º do c.c. No entanto o doador não pode opôr a nulidade ao donatário
por força do artigo 953.º a lei sanciona com nulidade, por estar em causa a
disposições dos artigos, artigos 286.º e 289.º e segts, a nulidade verifica-se mesmo
que a doação seja feita por meio de interposta pessoa, artigo 579.º, nº 2, 2198.º do c.c.
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Turma: B1 e C1
Sumário: Noção
Caractrística
proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem
Contrato de Depósito
Características
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2) Bilateral imperfeito: entre as obrigações das partes não existe nexo lógico de
contrapõem.
3) Pode ser gratuito ou oneroso, 1158.º do C.C: presume-se gratuito, excepto se tiver
por objecto actos que o depositário pratique por profissão, ex vi artigo 1186.º do CC.
sua perfeição.
É um contrato que assenta essencialmente na confiança, uma vez que não se entrega, à
guarda de outrem, as próprias coisas, desde que nele não se deposite uma confiança plena.
Elementos do Depósito
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b) Entrega da coisa: é elemento essencial, porque sem ela não existe contrato. Na
noção de depósito, refere-se que “uma das partes entrega à outra uma coisa imóvel
entrega da coisa é normalmente, material, mas pode bastar uma tradição simbólica,
v.g., entrega das chaves de automóvel para guardar, ou mesmo, brevi manu, v.g., o
depositar uma universitas rerum (v.g., um rebanho, uma colecção de quadros, etc.),
cofre, caixa, mala, envelope ou outro invólucro, etc., o depositário deve restituí-lo
artigo 1124.º, comodato, artigo 1135.º, al a), locação, artigo 1043.º, penhor, artigo
Modalidade:
1) Regular: é o previsto no artigo 1185.º do C.C, ou seja, aquele que tem por objecto
uma coisa não fungível, obrigando-se o depositário a guardá-la e a restituí-la
quando o depositante exigir. Ex:
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2) Irregular, artigo 1205.º c.c: é o depósito de coisa fungível, no qual o depositário
assume a obrigação de restituir coisa do mesmo género, qualidade e quantidade
(tantundem eiusdem generis et qualitatis). Ex: guardar certas moedas ou notas ou
certas medidas de cereal, para serem restituídas elas mesmas, o depósito é regular;
mas quando é para restituir apenas em género e qualidade diz-se irregular.
Contrato de Empreitada
mobiliário e mesmo, embora não sejam actividades pacíficas, escrever um livro, lavar ou
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passar a ferro roupa, organizar espetáculos, elaborar projectos de engenharia e arquitetura,
Figuras afins
proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem
prestação de serviço o risco onera o beneficiário, enquanto na empreitada corre por conta
do c.c, mas, enquanto naquele contrato o mandatário se obriga a praticar um ou mais actos
mandante, al a), do artigo 1161.º, e 1162.º do c.c, enquanto o empreiteiro deve respeitar o
que foi convencionado e obedecer às artis leges. Outra diferença consiste na presunção de
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Todavia, embora se obrigue a praticar actos jurídicos, o mandatário pode também praticar actos materiais, como
entregar uma coisa, e o empreiteiro, obrigado a praticar actos materiais, pode também praticar actos jurídicos, como
obter uma licença de construção.
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responde, como comitente, por danos causados pelo mandatário a terceiros, artigo 500.º do
c.c, o dono da obra não pode ser responsabilizado objectivamente por actos lesivos de
restituição da coisa depositada, artigo 1185.º, a empreitada visa a realização de uma obra,
seja construção, seja reparação, artigo 1207.º; o depósito é, por presunção, gratuito, artigo
Execução da obra: artigo 1208.º do c.c, 762.º, nº 2, 1221.º, 1222.º, nº 1, 1223.º e 1225.º do c.c.
neste caso, informar o dono da obra dos defeitos que observar no projecto ou nos
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Caderno de Encargo, compreende o projecto, as condições jurídicas e técnicas a que a construção da obra deve
obedecer, a qualidade dos materiais, a responsabilidade do empreiteiro, as alterações e retificações do projecto, o
preço, a forma de pagamento, as penalidades, os prazos, etc.
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materiais fornecidos pelo dono da obra, do perigo de utilização, etc. Por outro lado,
sanções: o empreiteiro pode ser compelido à eliminação dos defeitos, artigo 1221.º,
n.º 1, do artigo 1222.º, ou à indemnização dos danos causados, artigo 1223.º e 1225.º
todos do CC.
Daqui resulta:
1) O dono da obra desde que suporte as despesas e não perturbe a execução, pode
2) Este direito, porque reconhecido por norma imperativa, não pode ser retirado, ou
seja, não pode ser afastado por cláusula, doutro modo, a cláusula que o retire é
execução deve obedecer; por isso, não deve perturbar o andamento ordinário da
empreiteiro. Por isso, findo o contrato, o dono da obra pode fazer valer os seus
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expressamente com a obra executada, a sua concordância tem o valor de verificação
final. Simplesmente, esta concordância não significa adesão global, mas somente de
indicou ao empreiteiro, está actuando com os ditames da boa-fé; por isso, se mais
tarde, se fizer valer dessa situação, estará a agir contra facto próprio e, assim, torna-
da obra pode resolver o contrato a todo momento, n.º 2, do artigo 801.º, do CC;
7) A fiscalização pode ser feita pelo dono da obra ou por terceiro, mas a nomeação não
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b) A regra do n.º 2, também é supletiva. Se os materiais empregados forem de
nada se disser no contrato, não terá direito de aumento de preço, pois, ele só está
mesmo que o dono da obra insista no seu emprego, o empreiteiro não deve utilizá-
ordem pública.
tenha sido feita com deformidades ou com vícios. Mas podem também corresponder a
mesa redonda com 3 metros feita com menos um metro. Os vícios são imperfeições que
excluem ou reduzem o valor da obra ou a sua aptidão para uso ordinário ou previsto no
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O conjunto das deformidades e vícios denomina-se defeitos que podem ser aparentes ou
ocultos: aparentes são os que o dono da obra conhece fazendo o uso da diligência normal
do bonus pater familias. Ocultos: os desconhecidos ao dono da obra e não detectáveis por
aquele homem médio, ou seja, se for o caso, pelo perito ou técnico médio contratado para
recorrer à exceptio nom rite adimpleti contractus, e assim, afastar o pagamento do preço
com base nas desconformidades da obra ao que foi acordado. O empreiteiro pode não
responder pelos defeitos e erros do projecto, artigo 573.º. isto quer dizer que há situações
empreiteiro não permite evitar o defeito; se dono da obra conhecendo os defeitos durante
a execução, manifestou a sua concordância com a obra assim executada, artigo 1209º, nº 2
in fine; se dono da obra conheceu os defeitos e aceitou a obra sem reserva, artigos 1219.º;
entrega da obra se recorrer à exceptio non adimpleti contractus, artigo 428.º, ou ao direito
de retenção, artigo 754.º e seguintes, por virtude do não pagamento das prestações do
preço.
1) Por convenção se não estiver fixado por entidade pública (pouco frequente);
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2) Atender-se-á ao preço que o empreiteiro normalmente pratica à data da conclusão
3) O preço pode incidir sobre a obra global e por unidade a executar, por exemplo:
constução de parede a tanto por metro; abertura de estrada a tanto por quilómetro,
etc.
4) Por outro, também se aplica o artigo 805.º, n.º 3. Se o preço for acordado em
retribuição uma quota da obra a construir, termos uma empreitada e uma dação em
cumprimento;
6) O preço deve ser pago no local onde a obra é entregue, artigo 885.º, n.º 1 do CC,
aplicável por analogia. Se, por acordo das partes, dever ser pago antes ou depois da
Mandato
Noção, artigo 1157.º do CC. (No direito romano era um contrato gratuito porque se
julgava um favor, baseado na amizade; a palavra mandato vem de dare porque, na Roma
prometida)
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1) Os actos praticados pelo mandatário, na sequência do mandato, são normalmente,
negócios jurídicos, mas também podem ser simples actos jurídicos (encarrega-se
devedor para pagar, publicar uma obra literária, efectuar um pagamento, etc.);
2) O mandato não se confunde com o negócio pelo qual alguém se obriga a levar uma
mandato é essencialmente um facere per conto altrui; por isso, não há mandato no
contrato pelo qual alguém se obriga a realizar com terceiro, por sua conta, um
negócio jurídico.
4) Porque o mandatário actua em seu nome, embora por conta do mandante, o acto
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João de Matos Antunes Varela, chame-se procuração ao título ou documento em que o mandante investe
certa pessoa na categoria de seu mandatário. Mas a representação não pressupõe necessariamente a procuração:
pode resultar de outros negócios jurídicos (a sociedade, a prestação de serviço, etc.) ou da lei (representante legal). O
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mandatário produzem-se imediatamente na esfera jurídica do mandante, artigo
1178.º do CC.
Elementos
jurídico ou outro acto jurídico: comprar ou vender um bem, arrendar um imóvel, celebrar
interpelar o devedor para pagar, publicar uma obra literária, efectuar um pagamento e;
deste, embora, em alguns casos, possa ser de terceiro, como sucede com o mandato de
crédito, artigo 629.º do CC. O mandatário não pode actuar no seu exclusivo interesse; de
Capacidade
impondo-se o princípio segundo o qual quem não tem capacidade para pessoalmente
Mandato impõe a obrigação de celebrar actos jurídicos por conta doutrem, a Procuração confere o poder de os
celebrar em nome doutrem. Eles podem existir juntos ou um sem o outro.
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Quanto aos menores, interditos e inabilitados, os actos que puderem realizar, podem, por
mandato, ser praticados por mandatário, artigo 127.º, 139.º e 154.º e 156.º (inabilitados
Forma
Como contrato consensual, o mandato não está sujeito a forma especial. A excepção ocorre
no mandato judicial.
realizar, artigo 262.º e segts. Por isso, se o mandato constar do mesmo documento, deve
revestir essa forma para que o negócio celebrado seja válido, mas tal acontecerá por
Quanto ao mandato sem representação, relativamente ao qual a lei não exige forma
especial, a doutrina tem entendido que, para estar sujeita a execução específica a obrigação
CC, o mandato deve obedecer à forma do contrato-promessa, n.º 2 do artigo 410.º do CC.
Para reter: esta exigência de forma não é requisito de validade do contrato, mas apenas uma