Sumário: Fontes fundamentais do direito da família
Fontes do direito da família angolano Natureza jurídica do direito de família Importância do registo O parentesco A afinidade Fontes Fundamentais do Direito da Família • Os princípios fundamentais em que se estrutura o direito da família têm normalmente assento na constituição do estado, pois nela radica a concepção politica de um determinado sistema jurídico, que consagram a importância social e politica da família • Na 1º Lei constitucional aprovada com a proclamação da independência, em 11/11/975, de natureza programática e orgânica, não se fazia nenhuma menção à família, • Foi com a reforma parcial da Lei constitucional ( aprovada pela Lei nº 12/91) e depois da Lei Constituição aprovada pela Lei nº 23/ 92 que vieram consagrar os princípios fundamentais respeitantes à família e à criança nos seus artigos 29º, 30º, 31º. • A actual CRA no seu art. 35º, refere-se à família, ao casamento e a filiação, o art. 80º à infância e o art. 81º, à juventude… • O direito à vida familiar , ou seja à integração da criança na família, desde o seu nascimento , é consagrado como um direito fundamental. Fontes Fundamentais do Direito da Família • Estes princípios, consagrados como normas de direito constitucional, e obrigam o legislador ordinário. • Estas normas estão estruturalmente ligadas aos direitos fundamentais da pessoa humana e como tal constituem a pedra angular do direito. • São protegidos pelo direito constitucional ou por convenção internacional. • É considerado um direito elementar do ser humano, o direito de constituir família, seja sob a forma de casamento, seja por união de facto de forma livre e consciente, o direito de, dentro da família desenvolver a sua personalidades e as suas capacidades. Fonte Internacional e o Direito de Família • A Carta das Nações Unidas que proclamou, no seu preambulo, fé nos direitos humanos e a igualdade de direitos entre homem e mulher, como principio universal. • A DUDH, aprovada pela ONU, em 1º de Dezembro de 1948, consagra, em relação a família (art. 16º ): o direito fundamental de constituir família, impõem como regra a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher no casamento forçado, muito comum em sociedades tradicionais celebrados em idades prematuras dos futuros esposos e imposto sem e contra a vontade dos nubentes que ajustado entre as famílias, selando o futuro do casal impedindo em regra que a jovem mulher prossiga com a formação escolar e profissional reduzindo-a a uma situação de dependência. Direito Internacional e Direito de Família • O pacto internacional relativo aos direitos económicos, sociais e culturais, aprovado pelas nações unidas em 16 de Dezembro de 1996, reconhece no seu art. 10º que: • 1, 2, 3, • Além do apoio que os estados devem dar à família e de se reafirmar o direito à liberdade de casar, consagra-se neste artigo o dever do estado proteger a educação das crianças , sem discriminação em razão do nascimento e de proteger a mulher durante a gravidez. • O pacto internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, aprovado em 16 de Dezembro de 1966, no seu art. 23º, além de reafirmar os importantes princípios consagrados, dispõe: 1, 2, 3, 4, • São normas cuja importância incidem sobre os institutos familiares estruturantes. Fontes Internacional e Direito de Família • Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação da mulher, aprovada pelas ONU, em 18 de Dezembro de 1979, a que angola aderiu pela resolução nº 15/84 da assembleia do povo, consagra o seu art. 16º especificamente ao direito de família da forma seguinte. • A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos povos, aprovada pela Organização das Nações Unidas Africana em 1981, e ratificada pela resolução da assembleia nº 1 /91, consagra o seu art.18º à família. • A convenção internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada pelas Nações Unidas em 20 de Novembros de 1989 e ratificada pela resolução nº 20/90 da Assembleia do povo reserva nos seus artigosc7º, 8º e 9º, ao direito de toda criança a uma cidadania e às relações familiares, impondo o seguinte: • Carta Africana dos direitos e bem estar da criança, aprovada em 1990 e ratificada por Angola em Abril de 1992… Fontes Internacional e Direito de Família
• Trata-se de matérias de conteúdo actualizado dirigido
especificamente contra situações sociais a nível das relações familiares dos países da Africa Austral, atentatórias dos princípios estruturantes dos direitos humanos. • A nossa constituição no seu art. 26º, nº 2 diz que: • Reforçado pelo nº 3 .CRA. Estes instrumentos são relevantes na medida em que dão garantias de que os direitos fundamentais da pessoa humana não podem ser postergados por via de outros valores que com eles não se compadeçam sobretudo por praticas de direito costumeiro. Fontes do direito da família angolano • Divide-se em duas fases, antes da independência e depois da independência. • O direito colonial- • Características: • O que mais salta à vista é a dualidade de estatutos, a estrutura estabelecia o principio da diferença de estatutos, ou seja, de um lado o estatuto dos cidadãos de pleno direito ( composto por colonizadores e escassos assimilados); • Do outro lado o estatuto dos denominados « indígenas, indivíduos de raça negra que tenham nascidos ou vivido habitualmente nas colónias», a lei previa para cada colónia um estatuto próprio. • Era aplicado um duplo sistema legal: • 1 – Os cidadãos de pleno direito, estavam sujeitos às normas de direito escrito privado no que concerne ao direito da família. • 2 – Aos indígenas , regiam-se pelo direito costumeiro, limitados no entanto pelos princípios fundamentais do sistema jurídico vigente. Fontes do direito de família angolano • Neste período os princípios de ordem pública, incidiam sobre os interesses políticos e económicos do colonizador, e se as estruturas familiares não colidissem eram mantidas. Tal como aconteceu com a poligamia, o casamento sem o consentimento da mulher, etc. • O 1º código civil, 1867, e tornado extensivo às colónias em 1869, mandava em relação à Angola aplicar os usos e costumes das regedorias, além de mandar aplicar transitoriamente legislação especial. • Em 1961 foi abolido o sistema do indigenato, fruto da deflagração da luta armada, no entanto foi mantida a dualidade de estatutos de direito pessoal, que se passaram a designar como: • Estatuto do direito Escrito e Estatuto dos Usos e Costumes Locais. Direito positivo angolano posterior a independência nacional • Com a proclamação da independência nacional e a aprovação da primeiro Lei constitucional, foi instituído um novo sistema jurídico e as normas de carácter discriminatório contidas no Código Civil passaram a ser consideradas derrogadas por incostuticionalidade por via do preceituado no art. 84º, e todas que contrariassem o processo revolucionário. • No campo do direito da família foram aprovadas sucessivamente diversas leis: • 1- Lei nº 53/76, de 2 de Julho, lei que afastou as normas da concordata, permitindo a dissolução dos casamentos católicos celebrados em Angola, ou entre angolanos no exterior, autorizou a conversão da separação de pessoas e bens em divórcio e aditou novos fundamentos ao pedido de divórcio. • 2 – Lei nº 10/77 de 9 de Abril, que equiparou os direitos e deveres de todos os filhos em relação aos pais, proibiu qualquer referência a qualidade de filhos, decretou a abolição do termo «incógnito» tanto a mãe como ao pai, continha normas quanto a composição, sistemática • Quanto a sistemática, a Lei nº 1/88, que aprova o código de família que contém normas de natureza transitória e outras de natureza processual, contem ainda normas sobre a sua aplicação do no tempo (art. 3º), contagem do prazo substantivo (art. 4º); sobre a concepção de um novo prazo para a propositura da acção de impugnação da paternidade do marido da mãe. • Importante o conteúdo do preâmbulo, pois traça algumas linhas mestras que alicerçam as novas instituições de direitos de família. • Acolheu os princípios jurídico-sociais então consagrados no direito de família. • Assim o Código de Família está divido em 8 Títulos: • I- Princípios fundamentais, II- constituição da família, III – Casamento, IV – União de Facto, V – Relações entre Pais e Filhos, VI – Adopção, VII – Tutela, VIII – Alimentos. Relevância do direito costumeiro
• Actualmente, é reconhecida a validade e a força jurídica do
costume que não contrarie a constituição, nem atente contra a dignidade da pessoa humana, isto nos termos do art.7º da CRA. • o direito costumeiro continua a vigorar em angola, pois é indesmentível a sua força e persistência não só pelas raízes culturais entranhadas nas comunidades, mas ainda em razão dos privilégios que ele outorga a certos membros da família que dos mesmos não querem abdicar. • Os estudiosos reconheceram na realidade angolana que salvaguardam a inexistência do costume com efectiva vigência jurídica. • Quanto ao pluralismo jurídico, não existe uma relação unívoca com a democracia, a reflexão feita dos múltiplos aos múltiplos mecanismos de resolver conflitos analisados em Luanda. Relevância do direito costumeiro • No código de família procurou-se recolher alguns institutos tirados do direito costumeiro, aproveitando o que de rico nos ensinou a experiencia do povo. • Como exemplo: A União de Facto, regime do casamento, e quanto a relevância do vinculo do parentesco. • Assim, não foram acolhidos outros usos e costume, não conciliáveis com princípios fundamentais consagrados na lei constitucionais, ou em convenções e pactos internacionais que angola subscreveu, e que em ultima análise tem a ver com os direitos fundamentais da pessoa humana. • Portanto , em última análise, os actos que o direito não impõem nem proíbe, e que são por isso irrelevantes para ele, ficam à disponibilidade das partes, que podem escolher entre vários comportamentos. Relevância do direito costumeiro • Como apreender e atender ao direito de família costumeiro, e em que medida é compatível com os princípios fundamentais do ordenamento jurídico vigente, acrescentando a falta de documentos de direito costumeiro que é diversificado em varias etnias do pais. • A autoridade do costume coexiste em regra com dois factores • - autoridade dos chefes e a autoridade dos antepassados • Para se falar do costume como fonte de direito é necessário que se verifiquem simultaneamente dois requisitos: Relevância do direito costumeiro • - que as partes o aceitem voluntariamente • - que ele não contrarie os princípios fixados na constituição. • O estudo do direito costumeiro assume importância por duas razões fundamentais. Por um lado possibilita o conhecimento aprofundado do comportamento social de um determinado povo; por outro lado, proporciona o enriquecimento que pode advir de alguns dos seus princípios. • De qualquer forma em matéria de direito da família, o direito costumeiro não pode por si só, ser considerada como norma jurídica com poder normativo e vinculativo, obrigatório • Pode sim vigorar entre grupos nacionais, na medida em que for aceite tacitamente pelos membros de determinado agregado familiar. • Desde que não integrado na norma constitucional o direito costumeiro no geral só pode interessar aos juristas e aos tribunais como órgãos de aplicação do direito como situações de fato subjacentes ao comportamento humano. E nesse aspecto a sua importância é real. Fonte das relações jurídicas familiares • São negócios jurídicos familiares todos aqueles que constituem, modificam e extinguem as relações jurídicas familiares. • A causa nesses negócios está num interesse familiar. • No direito da família. • os negócios jurídicos familiares podem derivar de simples factos naturais (a procriação e o nascimento com vida, que vai dar origem ao vinculo da – filiação e morte que só por si faz extinguir os laços familiares). • ou consistir ou em actos unilaterais (a declaração de adopção do apelido do outro nubente), pois se precludem numa declaração de um só declarante, ou em actos bilaterais ( o acto do casamento), que se concluem com o acordo de duas vontades. • Negocio jurídico bilateral, mesmo intervindo duas vontades, o acto não se resolve num contrato propriamente dito, pois as regras que regulam o direito das obrigações não lhe são aplicáveis. Fontes das relações jurídicas familiares • São fontes dos negócios jurídicos familiares os factos ou actos jurídicos dos quais derivam os vínculos familiares previstos na lei. • Fazendo uma comparação das fontes previstas no antigo C.C, dos previstos no CF, o art. 1576º, que iniciava o Titulo IV, referente ao Direito da família, estabelecia como fontes das relações familiares, o casamento, o parentesco, a afinidade e a adopção. • O art. 7º do CF, tem uma consagração diferente. • E logo a seguir o art. 8º do CF, veremos que o parentesco deriva de uma causa natural e biológica da filiação, entretanto a adopção constitui entre o adoptante e o adoptado um vinculo igual ao da filiação biológica. • Assim o CF englobou-o dentro do mesmo instituto do parentesco, passando a abranger o parentesco por laços de sangue e o parentesco por adopção. • Ao lado do parentesco surge como fonte das relações familiares o casamento, o qual é considerados por muitos doutrinários, como Fonte das relações jurídicas familiares
• A única fonte com dignidade para gerar relações
familiares, sendo as demais derivadas. • Este não é o ponto de vista do CF, que teve em conta o facto de na sociedade angolana ter muito mais relevância o vínculo do parentesco baseado na filiação do que o do casamento formalizado. • Daí ter previsto que para além do casamento, a UF, constitui também uma das fontes das relações familiares. • Carecendo apenas o seu reconhecimento. Natureza jurídica do direito da família • Quanto a natureza há que dizer que são traços gerais do direito de família que caracterizam este ramo de direito e ajudam à sua compreensão, mas que admitem, áreas diferenciadas de excepções, pelo que não devem ser encaradas de forma monolítica e de valor absoluto. • 1- natureza de grupo intercorrente • A esta comunidade o estado dá o apoio necessário à sua protecção e fortalecimento pois é no reforço do núcleo familiar que depende o desenvolvimento dos membros que integram a própria sociedade e o estado. • Porém, o grupo familiar não tem natureza de pessoa jurídica, não sendo titular de direitos e deveres de forma autónoma, ai o interesse juridicamente tutelado é o interesse de cada membro, e não o grupo familiar em si. • É um direito de grupo, tal como o direito do trabalho e o cooperativo se desenvolve dentro de um grupo restrito. • É intercorrente porque circula de membro para membro em reciprocidade. Natureza jurídica do direito da família • Dentro das relações de grupo, podem caracterizar-se como de natureza relativa, reciproca e intercorrente, entre os membros baseados no principio da solidariedade. • 2 – Natureza funcional: • Pois são verdadeiros poderes funcionais, porque devem ser exercidos de acordo com a função social que a lei lhes atribui, ou seja o fim em vista, a qual o direito é exercido tem que ser aquele que é permitido por lei, sob pena de abuso do direito. • Os direitos que regulam as relações familiares são, simultaneamente um direito e um dever. • O interesse juridicamente tutelado, é o interesse social, o interesse do direito desviado do fim legal conduz ao abuso do direito. Natureza jurídica • 3 – Predomínio da Natureza imperativa e oponibilidade: • Os institutos do direito da família são regulados na sua generalidade por normas inderrogáveis e natureza imperativa. • As normas relativas ao instituto do casamento, a sua dissolução por divórcio, a filiação, as relações de parentesco, a adopção e a tutela, não podem ser derrogadas ou substituídas por outras estabelecidas por acordo das partes. • Muito dos seus efeitos, são os que a lei estatui, não podendo ser objecto de disposição e vontade das partes. • 4 - São também de oponibilidade absoluta porque o respectivo titular pode opô-los erga omnes, ou seja o titular do direito pode invocá-los quer em relação à pessoa membro de família, quer em relação a terceiro. • São direitos estatuídos por lei e como tal oponíveis a todos. Natureza jurídica • Natureza pessoal: titularidade exclusiva • Uma das características essenciais do direito da família é o facto de ser um direito de natureza eminentemente pessoal, é atribuído a alguém na qualidade concreta e no seu próprio interesse. Tem que ser exercido pelo seu titular de forma estritamente pessoal e exclusiva. • Embora exista relações de natureza patrimonial, o direito de família não é susceptível de valoração e compensação económica, pois não têm por objecto relações jurídicas patrimoniais. • Da natureza pessoal, deriva como consequência o facto de serem direitos indisponíveis, não podem ser cedidos ou transmitidos a outrem por vontade das partes. • São direitos intransmissíveis quer inter vivos ou mortis causa, pois extinguem-se com a morte do seu titular. Excepcionalmente a lei permite que alguns direitos de acção se transmitam post mortem a certos herdeiros. Natureza jurídica • Exemplo dos art. 68º, nº 1, art. 123º, b), art. 189º, todos do CF. • São direitos que não estão sujeitos a condição ou a termo. • São em regra direitos irrenunciáveis, pois a lei não consente que os seus titulares a ele renunciem. Excepto art. 201º, do CF. • São também direitos inalienáveis e imprescritíveis, relevância em relação as « acções de estado» art. 674º do CPC. Estão sujeitas a um regime processual específico. • O direito não se extingue pelo facto do decurso do tempo embora, exista a caducidade relativamente ao direito de intentar acções familiares, arts. 70º, 98º, 112º. • São por natureza indivisíveis, pois não podem ser usados parcialmente, não pode o seu titular usufruir de uma parte dos direitos e dispensar outra. Natureza formal, tipicidade e susceptibilidade de posse • É um direito que se caracteriza pela natureza formal e por vezes solene. • Para a sua constituição e alteração é necessário muitas vezes a intervenção de determinados órgãos do estado, como os tribunais, (arts. 97º e ss, 66º e ss, 212º e ss, 224º), as conservatórias do registo civil (art.º 33º, 175º.) ou o notário para a celebração e autenticação dos documentos e até excepcionalmente a intervenção do ministro da justiça, art. 73º, d). • A característica da tipicidade deriva da natureza . Os institutos do direito da família são limitados numerus clausus, significa que só são permitidos os institutos previstos na lei. Natureza jurídica • A enumeração dos institutos é de natureza taxativa, e só os que estão previstos na lei de família é que podem ser reconhecidos. É o que acontece com o casamento, divórcio, a filiação etc. • Alguns direitos de família são susceptíveis de posse, o que se traduz na detenção em concreto e no exercício dos correspondentes direitos e deveres próprios de certa situação familiar. Com relevância temos o estado da posse de filho, que consiste em alguém aparecer como sendo tratado e considerado como filho de certa pessoa. E também posse de estado da pessoa quando por exemplo, homem e mulher vivam como se casados fossem e como tal sejam reputados nas suas relações sociais embora não haja registo de casamento. • A posse de direito da família constitui, no entanto, mera presunção legal da titularidade do direito respectivo. Estabilidade: o estado jurídico de familiar • As relações familiares são por sua própria natureza , de carácter duradouro, delas resultando situações jurídicas estáveis permanentes que se chamam de estados. • Status familiae, ou estado civil: caracterizado pela situação jurídica de cada pessoa em relação a determinado grupo familiar • Os estados de família que se conhecem no casamento são estados de solteiro, de casado, de divorciado ou de viúvo. • Em relação a filiação temos: o estado de filho, • quanto ao parentesco e a afinidade temos: o estado de parente, o estado de afim, etc. • Os direitos pessoais familiares persistem enquanto dura a situação objectiva que lhes serve de suporte. Importância e obrigatoriedade do registo civil
• Assim, eles só se extinguem ou se alteram por
causas previstas na lei. Por exemplo a morte do cônjuge ou o divórcio que dissolvem o casamento. • IMPORTÂNCIA DO REGITO CIVIL • Os direitos pessoais e os direitos familiares pela importância social que tem na vida de cada cidadão e da sociedade em geral, estão sujeitos a um regime especial de registo que se denomina de registo civil. • O registo civil torna públicos os factos pertinentes à identificação de cada cidadão, e ao seu estado familiar. • É pelo registo eu se prova a condição de cidadão. Importância e obrigatoriedade do registo civil • Como regra o registo civil é obrigatório, nos termos da Lei 1/88, art. 9º, que mantém a obrigatoriedade do registo de todos os actos previstos na lai do registo civil. • O art. 1º do CRC define quais os factos que constituem objecto de registo civil. • Na falta destes a prova só poderá ser feita por outro meio que conste das acções de estado ou registo civil art. 4º do CRC. • No nosso pais o registo civil esta institucionalizado como função dos órgãos do estado de âmbito nacional. Portanto o seu fortalecimento e integração em todo território nacional é de importância vital para a consolidação das próprias estruturas do estado. Natureza especifica da garantia • Os direitos pessoais da família, defende alguma doutrina, são direitos em que a garantia é frágil ou resultam de normas de juridicizaçao de preceitos morais fracamente coercíveis. • A violação dos direitos imposto por lei fica muitas vezes sem sanção. • Sendo o direito de família eminentemente pessoal, se o titular o não quiser exercer ou o exercer ao arrepio da lei, o estado ou o titular do direito só indirectamente o pode coagir. • Diferente no direito das obrigações em que se pode obter execução especifica, mas há que ponderar se pode ou não face à lei obter indeminização por danos morais, dado que nada na lei pareça proibir tal ressarcimento. • Na concepção subjacente ao CF vigente não era aceitável o princípio da indeminização em virtude da violação dos deveres familiares. Natureza especifica da garantia • Isto porque na concepção socialista do direito não se aceitava, o pretium doloris, ou seja que os danos morais pudessem ser compensados com valores materiais. • Já outros sistemas aceitavam o pedido de indeminização por danos morais no caso de faltas familiares graves, art.º 1792 do Código Civil Português. • No entanto há certas violações dos deveres familiares que pela sua gravidade, constituem ilícito penal, tanto assim que os códigos penais tipificam os denominados crimes contra a família. • O anteprojecto do Código Penal, nos art.º 168 e 169. Relativamente ao crime contra a liberdade sexual, pune como agressão sexual, todo o acto realizado por meio de violência coacção ou colocação da vitima em situação de inconsciência ou de impossibilidade de poder resistir. Natureza especifica da garantia • Prevê ainda especificamente crimes contra a família, que abrangem os crimes contra o casamento, o estado civil e a filiação e contra outros bens jurídicos familiares, como o abandono material, a subtracção ou entrega de menor, a divulgação de falsa paternidade, arts. 221º e 232º. • A Lei contra a Violência Doméstica, Lei 25/11, de 14 e Julho. • Quando não constituem um ilícito penal a violação dos deveres familiares pode conferir ao titular do direito ofendido a faculdade de exercício de direitos é o caso do direito a pedir divórcio por violação dos deveres conjugais por parte de outro cônjuge.
• No caso de violação dos deveres paternais, o MP ou outro representante
legal do menor podem vir pedir a inibição da autoridade paternal relativamente a quem a esteja a exercer.
• Ainda no Anteprojecto do Código Penal, prevê-se como pena acessória para
os crimes de natureza sexual, a decretação da inibição da autoridade paternal para o agente do crime, art. 187º
• Começa-se a manifestar , através de diversos mecanismos instituídos com o
propósito da protecção da família de forma assegurar maior protecção. O parentesco • Noção: o parentesco é o vinculo que une duas pessoas, em consequência de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um ascendente comum. • No CF, o conceito de parentesco por laços de sangue vem previsto no art.º9. • Neste conceito temos como facto biológico, alguém descender da outra ou ambas descenderem de um progenitor comum. • O conceito é baseado em regra em laços carnais ou de sangue, mas não é uniforme a aceitação por todos os povos, pois em algumas estruturas familiares não são só os laços de sangue que estabelecem as relações de parentesco. • Importante lembrar que no direito romano a família de tipo patriarcal era agnática, pois estavam submetidos à pátria potesta. PARENTESCO • Assim, há quem distinga entre a agnátio, que é o vinculo é o vinculo que se estabelece pela subordinação comum ao seu chefe, da cognático, que é o vinculo de parentesco baseado na comunidade de sangue. • Quando se dá prevalência aos laços de parentesco, teremos a família de linhagem; • Se atender mais aos laços de aliança teremos a família lar, mais restrita. • Os dois conceitos de parentesco podem aparecer nas sociedades tradicionais africanas nas quais em certos casos, a mulher é considerada como membro da família embora não estando ligadas por laços de sangue ao marido e seus familiares. Linhas e graus de parentesco
se forem tomadas em consideração de forma mais
ampla as relações de parentesco vamos encontrar a família extensa ou grande família. se os laços de parentesco forem restringidos ou limitados temos a família estreita ou restrita que representa a tendência das famílias modernas. pode ainda aceitar-se o parentesco espiritual, como o do direito canónico que liga os padrinhos aos seus afilhados, figura que surge igualmente com maior ou menor relevância quando alguém é introduzido por outrem numa determinada comunidade. Linhas e graus de parentesco • a) Linhas de Parentesco • O conceito de parentesco do CF, é o mesmo que constava do código civil.art.º1578. • No entanto o CF, não consente qualquer tipo de descriminação entre parentesco legitimo e parentesco ilegítimo. Do ponto de vista deste código, “o parentesco legítimo era definido como sendo aquele que derivava de pessoas unidas pelo casamento” e parentesco natural como sendo aquele que advinha de pessoas não unidas pelo casamento. Nas linhas de parentesco distingue-se entre a linha paterna e linha materna, que identificam a ascendência pelo lado do pai e ascendência pelo lado da mãe. O em certos sistemas predomina ou uma ou outra, o nosso código não faz qualquer descriminação. Parentesco
• Pode ainda classificar-se o parentesco por duplo, sendo o de
irmãos de pais comuns com as mesmas linhas maternas e paternas. • E parentesco simples em que só há um vinculo que une o irmão ao outro irmão, ou seja, pelo lado paterno ou materno. • O parentesco costuma ser classificado consoante as suas linhas e seus graus, que servem para determinar a proximidade e a natureza do vinculo nos termos do art.º10 do CF. • As linhas de parentesco são classificadas segundo o art.º11, nº 1 do CF da seguinte forma: • a) linha recta, estirpe que liga as pessoas que descendem uma das outra. • b) linha colateral ou transversal que liga as pessoas que têm um ascendente comum. • O nº 2 do art.º11, classifica ainda a linha recta descendente e ascendente. Parentesco
1- Na linha colateral não existe ascendência ou
descendência, pelo facto dos parentes terem um ascendente comum. Quanto aos irmãos germano ou bilaterais é que pode haver simultaneamente a mesma ascendência paterna ou materna. Aos irmãos unilaterais- consoante sejam consanguíneos ou uterinos. Graus • O parentesco é medido em graus, e é tanto mais próximo quanto menos são os graus de parentesco entre dois parentes. • A contagem dos graus de parentesco se faz contando as gerações entre as pessoas em causa, ou contando os parentes incluindo na linha de parentesco e excluindo o progenitor comum, consoante se trate de linha recta ou colateral art.12º. • Limites de Parentesco – tal como dispunha o art.º1582 do CC, o art.13º do CF, dispõe que na linha recta não há limites de parentesco, pois resultam do facto natural do termo da longevidade humana. • Na linha colateral o parentesco podia produzir-se indefinidamente, daí o limite previsto na lei. • No direito canónico a contagem de graus de parentesco faz-se contando só o numero de gerações entre o ascendente comum e os parentes em causa. Segundo este critério os irmãos são parentes em 1º grau; os primos co-irmãos, parentes em 2º grau; os primos segundo em 3º grau, etc.. Efeitos do parentesco: direitos, obrigações e incapacidades
• O parentesco produz importantes efeitos de diversa
natureza, derivam direitos, obrigações e impedimentos. Em diversas legislações cada vez mais os efeitos produzem-se entre parentes mais próximos, já que a família extensa vai perdendo a sua importância social, e restringindo-se o circulo familiar, vai ganhando maior relevo a família restrita. • a) Efeitos sucessórios, é o principal efeito do parentesco, onde o art.2131º,que faz referencia ao chamamento dos sucessores legítimos, a ordem porque são chamados art.2132º, e os herdeiros legitimários previsto no art.2157º, todos do C.C. Efeitos do parentesco • b) Outro dos efeitos importante é a obrigação e direito a alimentos, provem do direito de assistência que deve existir entre os membros da família. • O art.249º, nº 1 do CF dispõe sobre quem está obrigado a prestar alimentos ao menor. • Entre os maiores, o nº 2 do mesmo artigo dispõem sobre quem se estabelece a obrigação de alimento. • c) impedimento matrimonial • O parentesco produz também efeitos no campo matrimonial, pois, há tipos de parentesco que importem a proibição absoluta de contrair casamento entre parentes da linha recta (mãe e filho, pai e filha) e ainda o casamento entre parentes 2º grau da linha colateral, nos termos do artigo 26º do CF. Efeitos do parentesco • d) Exercícios de funções e direito de accionar. • O parentesco também relevância no exercício de certas funções de natureza familiar, como a de membro do conselho de família (art.17º nºs 1 e 2), ou a de tutor de menor e interdito (arts. 233º e 235) do CF. • De igual modo podem os herdeiros propor certas acções de estado, como a do reconhecimento da união de facto por morte de um dos companheiros ( art. 123º, b) e de impugnação de declaração de filiação ( art. 189º), e os parentes na linha recta tem o direito de prosseguir na acção de anulação do casamento ( art. 68º, nº 1), todos do CF. Efeitos do parentesco • e) Impedimentos e inabilidades • O parentesco impede por outro lado o exercício em determinados casos, das funções de alguém que nela esta investido. Pode fundamentar o impedimento do juiz, no caso do art.122º, nº 1, b) e d) do CPC. • O art. 618º, b), do CPC, define quais as inabilidades legais, por ordem moral, para depor como testemunha, mencionando o descendentes e ascendentes. • O art.º216, nº tem normas proibindo certos parentes de serem testemunhas (art.218º), proíbe as perguntas sobre certos factos aos parentes, afins e cônjuge. • O art.º 125 do CPC, torna extensivo aos representantes do MP e aos funcionários judiciais os artigos do CPC, o extensivo o disposto no art.º122. Parentesco
• f) relevância noutros ramos do direito
• O vinculo de parentesco tem relevância no campo do direito penal, art.º 150, a), 151 CP. Afinidade
Noção de Afinidade Linhas, Graus, contagem Efeitos Noção de afinidade
• A lei define o vinculo de afinidade como sendo aquele que
liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro cônjuge. • É o vinculo que deriva da aliança entre marido e mulher e que se estende à família do outro cônjuge. Não advém de laços de sangue mas do casamento. • O art. 14º do CF diz: «os parentes de um dos cônjuges são afins de outro cônjuge» • Inicia-se com o casamento e só produz efeitos a partir da sua celebração, ou seja, não tem efeitos retroactivos. • A afinidade não advém do facto natural da procriação, e tem como causa o facto jurídico do casamento, constituindo-se em relação a um parentesco alheio, mas como a afinidade não gera afinidade, já não liga o cônjuge aos afins de outro cônjuge. linhas e graus da Afinidade • O art. 15º do CF diz que a afinidade se determina pelas mesmas linhas e graus que definem o parentesco, por laços de sangue. • Tal conceito restrito não é o que predominou no passado e que ainda predomina na sociedade tradicional africana, em que o casamento vai estabelecer vínculos de aliança entre os próprios familiares de ambos os cônjuges. • Segundo o conceito vigente que é o restrito, os irmãos de um dos cônjuge são cunhados de outro, mas os cônjuges destes não são seu afins. • Da mesma forma, se alguns dos cônjuges tiver filhos de anteriores matrimónios, estes filhos não são afins entre si, e por isso nada impede que venham a contrair matrimónio. • No caso de o casamento ser declarado nulo extingue de imediato o vínculo. • De igual modo, a UF que não chegou a ser reconhecida não é causa de constituição do vinculo da afinidade. Efeitos da Afinidade • mencionado, art.249º, prevê no seu nº 1, d) do CF a obrigação de prestação de alimentos. • o principal efeito da afinidade é o de constituir impedimento matrimonial, a afinidade na linha recta nos termos da alínea a) do art.26º do CF. • Segundo o CF, a afinidade também tem relevância, para o exercício de certos cargos de natureza familiar, como o de membro do conselho de família ( art.17º, nº 1), o cargo de tutor do menor ( art. 233º, nº 2). • Também impede que alguém seja chamado a depor como testemunha, nas causas cíveis, e nos processos de natureza criminal, o impedimento de abrange também os afins do 2º grau, art.º 150, CPP. • Constitui igualmente caso de impedimento e de suspeição do juiz e do MMP, nos termos da lei processual, art.º 122, b) e 125 do CPC. Não cessação da afinidade • o vinculo da afinidade depende do próprio casamento do qual ele deriva. • O código civil no seu art.º 1585, orientava que o vinculo da afinidade perdurava mesmo depois da dissolução por morte ou por divorcio. Esta é também a posição adoptada por outras legislações como o direito Francês, Italiano e Espanhol. • Entre nos o projecto do código de família propunha de forma diferente, defendendo que em certos casos não se justificava a perduração do vinculo da afinidade. • Apos a discussão popular do projecto, prevaleceu a opinião de que o vinculo devia prevalecer em todos os casos art.º 15, nº 2 do CF. Apesar de reconhecer que o vinculo da afinidade torna-se ténue no caso de dissolução por divórcio. • Em qualquer caso é preciso ter em conta que a dissolução do casamento, faz com que os parentes do ex-cônjuges que surjam depois da dissolução do casamento não seja afins do outro cônjuge. Depois da dissolução do casamento já se não constitui o vinculo de afinidade.