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UNIDADE 2 - AULA 2 - O antirracismo na legislação

brasileira

Fonte: https://www.ecycle.com.br/component/content/article/36-
eba/8114-antirracismo-precisa-ser-praticado-por-pessoas-e-
empresas.html
Para mudar nossa realidade, por mais complexa que seja,
precisamos sem dúvida de leis que amparem as chamadas
“minorias”, fortalecendo, assim, os movimentos sociais na garantia
de proteção e equidade de direitos e oportunidades.

No caso das relações etnicorraciais, precisamos de uma legislação


antirracista, que ajude a coibir atitudes discriminatórias e sirva de
base para uma ampla discussão popular capaz de transformar
comportamentos e mentalidades, por mais profundas que sejam
suas raízes e as resistências enfrentadas.
A carta maior: a Constituição Brasileira de 1988

“Art 5º, XLII –A prática do racismo constitui crime inafiançável e


imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.”
❑Inafiançável e não prescreve.
❑Promulgada a Lei 7.716/89: crime resultante de preconceito de
raça ou cor.
❑Modificada em seus artigos pela Lei 9.459/97 –art. 140, Código
Penal.

❑Brasil: primeiro país em todo o continente americano a regular


práticas racistas por meio de legislação específica.
Estatutos específicos: o ECA e o Estatuto da Igualdade Racial

Visam a proteger grupos de minorias, bem como promover sua


inclusão social e a garantia de acesso a direitos fundamentais
desses cidadãos.
Segundo o Portal Brasil, “um estatuto é um regulamento ou código
com significado e valor de lei ou de norma”
(disponível em: http://w ww .brasil.gov.br).

Alguns exemplos: Estatuto do Idoso, Estatuto do Índio, Estatuto da


Criança e do Adolescente (ECA) e Estatuto da Igualdade Racial.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990

“Art. 5º: Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer


forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.”
❑Crianças e adolescentes passam a ser tratados como cidadãos de
direitos.
❑Consequência de intenso debate internacional: Declaração Universal
dos Direitos Humanos, em 1948; Declaração dos Direitos da Criança,
em 1959 (ONU), e Convenção Internacional dos Direitos da Criança,
em 1989 (ONU).
Estatuto da Igualdade Racial, Lei 12.288, de 20 de julho de 2010

❑ Em maio de 2003, o senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou o


projeto de lei do Senado que instituiu o Estatuto da Igualdade
Racial.
❑ No dia 20 de julho de 2010, o projeto foi aprovado com emendas
validando, por meio da Lei 12.288, o Estatuto da Igualdade
Racial.
❑ O documento versa sobre os principais direitos garantidos à
população afrodescendente no Brasil, bem como busca
combater toda forma de discriminação e intolerância étnica.
Principais pontos do Estatuto da Igualdade Racial

❑ Pena de até três anos para quem praticar racismo pela internet.
❑ Incentivo à contratação de negros pelas empresas.
❑ Reconhecimento da capoeira como esporte.
❑ Reserva, nos partidos políticos, de 10% das vagas para candidatos
negros (atualmente, só há reserva para mulheres).
❑ Retira a obrigatoriedade de cotas nas universidades públicas para
alunos negros.
Aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Fonte:
https://teoriaedebate.org.br/2009/11/01/estatuto-da-igualdade-racial-
para-entender-e-avaliar-2/
Leis e diretrizes educacionais

❑Grande influência do ECA sobre os debates educacionais a partir de


sua publicação em 1990.
❑Processos sociais de conquistas de direitos são lentos, graduais e
integrados.
❑Resultado de amplo e longo debate entre grupos e movimentos.
❑A igualdade racial não pode ser encarada como uma necessidade
apenas do movimento negro, mas de todos os brasileiros que
buscam encontrar suas verdadeiras raízes históricas e culturais e
querem viver em uma sociedade mais justa e igualitária.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394, de
1996

Art. 26 do Cap. 2 § 4º – “O Ensino de História do Brasil levará em


conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a
formação do povo brasileiro, especialmente, das matrizes indígena,
africana e europeia”.

Daí a aprovação da Lei 10.639, de 2003, foi um passo, garantindo a


afirmação, o reconhecimento e a valorização dos negros no quadro
da diversidade da cultura brasileira.
Lei 10.639, de 2003

❑ Altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e inclui no


currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro -brasileira”.
❑ Essa legislação consegue chamar a atenção de autoridades,
educadores e da sociedade para a importância da inclusão no
currículo escolar da perspectiva etnicorracial.
❑ Institui o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra.
Parecer no003/2004

❑Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações


Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e
Africana de 2004 – Parecer CNE (Conselho Nacional de Educação)
nº 003/2004.
❑Traz orientações, informações e estratégias para a implantação da
Lei 10.639.
❑Busca identificar as contribuições da Lei 10.639 para o
reconhecimento e a valorização da diversidade etnicorracinal
brasileira, passo fundamental para uma sociedade de fato
igualitária e livre do racismo.
Plano Nacional de Implementação do Parecer nº 003/2004

Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares


Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino
de História e Cultura Afrobrasileira e Africana, de 13 de maio de
2009.

Após 6 anos, o MEC, juntamente com a Subsecretaria de Políticas de


Ações Afirmativas da SEPPIR ( SubAA), toma a iniciativa de publicar
este Plano, visando a facilitar o processo de implantação da Lei
10.639/2003 em todas as escolas brasileiras.
Estatuto do Índio

❑Lei 6.001/73: dispõe sobre as relações do Estado e da


sociedade brasileira com os índios e os coloca como sendo
relativamente incapazes e devem ser tutelados.
❑Constituição Federal de 1988: reconhece o direito do índio
de manter e preservar sua própria cultura.
❑Novo Código Civil (2003): retira os índios da condição de
relativamente incapazes, estipula legislação própria.
❑Estatuto está em construção.
Enquanto o Estatuto do Índio (Lei 6.001), promulgado
em 1973, previa prioritariamente que as populações
deveriam ser "integradas" ao restante da sociedade, a
Constituição passou a garantir o respeito e a proteção
à cultura das populações originárias. “O constituinte
de 1988 entende que a população indígena deve ser
protegida e ter reconhecidos sua cultura, seu modo de
vida, de produção, de reprodução da vida social e sua
maneira de ver o mundo”.
Na Constituição de 1988, os direitos dos índios estão
expressos em capítulo específico (Título VIII, Da Ordem
Social, Capítulo VIII, Dos Índios) com preceitos que
asseguram o respeito à organização social, aos
costumes, às línguas, crenças e tradições.

“A população indígena hoje no Brasil tem o direito de


buscar maior integração, bem como de se manter intacta
em sua cultura, aldeada, se assim entender que é a
melhor forma de preservação”.
Ainda no texto constitucional, os direitos dos índios sobre
suas terras são definidos como “direitos originários”, isto é,
anteriores à criação do próprio Estado e que levam em conta
o histórico de dominação da época da colonização.

“O direito indígena se insere dentro dessa problemática de


como lidar com os resquícios da desigualdade derivada de
uma colonização que continua criando um panorama de
genocídio, de negação da humanidade, da dignidade, das
coisas mais básicas”.
De acordo com o texto constitucional, a obrigação de proteger
as terras indígenas cabe à União. Nas Disposições
Constitucionais Transitórias, fixou-se em cinco anos o prazo para
que todas as terras indígenas no Brasil fossem demarcadas.
Porém, o prazo não se cumpriu. A lesão mais grave aos direitos
indígenas se refere, justamente, à demarcação de terras. “Os
povos que estão fora da Amazônia Legal – os tupinambás, os
pataxós – são os mais massacrados por conta dessa dificuldade.
Trazer a ideia de que o indígena só tenha direito dentro do seu
território é uma grande ofensa. Os direitos são válidos em todo
o território nacional.”
Também há garantias aos povos indígenas em outros
dispositivos ao longo da Constituição. No Artigo 232,
é garantida aos povos indígenas a capacidade
processual, ao trazer expresso que “os índios, suas
comunidades e organizações, são partes legítimas
para ingressar em juízo, em defesa dos seus direitos
e interesses”.
A Constituição prevê que a responsabilidade de defender
judicialmente os direitos indígenas é atribuição do Ministério
Público Federal (Art. 129, V). Já a competência de legislar sobre
populações indígenas é exclusiva da União (Art. 22. XIV). Processar
e julgar a disputa sobre direitos indígenas, por sua vez, é
competência dos juízes federais (Art. 109. XI).

O texto constitucional também diz que o Estado deve “proteger as


manifestações das culturas populares, inclusive indígenas” (Art.
215) e garantir “o respeito a utilização de suas línguas maternas e
processos próprios de aprendizagem” (Art. 210).
Lei 11.645/08

Propõe a obrigatoriedade do ensino de história e


cultura indígena nas escolas da educação básica.

O Congresso Nacional foi o proponente desta lei


11.645/08, que, diferentemente da 10.639/03, não
passou por um período anterior e longo de
debates.
História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no Currículo

I- O QUE DIZ A LEI?


Art. 1o
O art. 26-A da Lei no 9.394, da LEI Nº 11.645, DE 10/03/2008
e 20/12/1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 26-A
Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino
médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da
história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá
diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação
da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o
estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos
povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro
e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas
contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à
história do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos


povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de
literatura e história brasileiras.

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