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Relações Étnico-Raciais
no Brasil
Profa. Dra. Neusa Meirelles
Medidas legais necessárias:
Na defesa de direitos fundamentais das crianças, visto que lhes são negados
direitos básicos, como educação, alimentação e o direito a brincar.
Proteção aos idosos, aos indígenas e às mulheres, porque são segmentos sociais
alvos de violência sistemática, quase diária, em números alarmantes.
Artificialismo legal
Embora o legislador brasileiro vise corrigir, com a lei, a realidade social desigual,
violenta e injusta, trata-se de um recurso artificial, visto que “a força da lei” é
ineficiente (ou ineficaz) para mudar comportamentos e mentalidades. Todavia, se
leis já existem, é preciso ampliar a discussão popular sobre o tema, de tal forma
que novas e adequadas atitudes em relação aos idosos, crianças, negros e
indígenas sejam incorporadas à cultura brasileira.
A Constituição de 1988
(b) promover a igualdade racial, nos campos político, econômico, social, cultural e
outros da vida pública ou privada;
(e) abrir caminhos para a implantação de políticas públicas adotadas pelo Estado
com o objetivo da promoção da igualdade racial;
(f) incentivar as ações afirmativas, adotadas pelo Estado ou pela iniciativa privada,
para a promoção da igualdade de oportunidades.
Interatividade
Esse documento é conhecido como Lei nº 6.001. Promulgada em 1973, ela dispõe
sobre as relações do Estado e da sociedade brasileira com os índios,
considerando-os “relativamente incapazes”, devendo permanecer sob tutela por
um órgão indigenista estatal. Entre 1910 a 1967, a tutela coube ao Serviço de
Proteção ao Índio (SPI); atualmente, a Fundação Nacional do Índio (Funai), até
completa integração à sociedade. Trata-se de uma concepção integracionista,
entendendo que os índios devam ser integrados à sociedade vigente, abrindo mão
de sua organização social e cultural, vista como primitiva, e assimilar os valores
sociais dos não índios.
A Constituição e os Índios
A Constituição Federal de 1988 rompe com essa visão, reconhece o direito dos
índios de manter e preservar a própria cultura, em uma perspectiva
multiculturalista. Apesar de não tratar de maneira expressa da capacidade civil, a
Constituição reconheceu, no seu Art. 232, a capacidade processual dos índios,
afirmando que “os índios, suas comunidades e organizações, são partes legítimas
para ingressar em juízo, em defesa dos seus direitos e interesses”.
O Código Civil e os Índios
Significa que os índios podem, inclusive, entrar em juízo contra o Estado, o seu
suposto tutor. O novo Código Civil retira os índios da condição de “relativamente
incapazes” e estipula que sua condição específica será regulamentada em
legislação própria, o que ainda não foi realizado.
Índios e a questão da terra
O Brasil tem uma das legislações mais modernas do mundo, no que diz respeito a
vários temas da vida coletiva, mas as diretrizes para a educação nacional
merecem destaque. Em 1996, foi aprovada a Lei nº 9.394, que ficou mais
conhecida como nova LDB. Sem dúvida, um documento importante para os
brasileiros, sobretudo para a população negra do Brasil, pois fornece
pressupostos importantes para a ampliação do debate sobre relações
étnico-raciais e afrodescendência.
Ensino e matrizes culturais
Segundo o Art. 26, da LDB, de 1996, o ensino de História do Brasil deveria levar
em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias presentes na formação
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. Mas
em 09/01/2003, a Lei 10.639 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional de 1996 e incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade
da temática História e Cultura Afro-Brasileira.
Alterações legais
Importante notar que maiores detalhes foram considerados nos documentos dos
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (2004) e Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) de 2018.
Conceito de africanidades brasileiras
Salum (2005) alerta para que se entenda a história dos povos africanos
semelhante à de toda humanidade: a da sobrevivência material, mas também
espiritual, intelectual e artística. No século XVI, quando Portugal iniciou a empresa
colonial no Brasil, realizando um dos maiores genocídios culturais registrados na
história, as populações africanas já dominavam inúmeras tecnologias,
incorporadas à colonização, juntamente com a mão de obra especializada, na
condição de escrava.
Saberes e tecnologias africanas
Segundo Schwarcz (2001, p. 38-39), “no Brasil, país de larga convivência com a
escravidão, o cativeiro vigorou durante mais de três séculos, e sabe-se que a
diáspora foi de tal vulto que um terço da população africana deixou,
compulsoriamente, seu continente de origem rumo às Américas. Um deslocamento
dessa monta acabou alterando cores, costumes e a própria estrutura da sociedade
local. A escravidão, em primeiro lugar, como regime que supõe a posse de um
homem por outro, legitimou com sua vigência a hierarquia, naturalizou o arbítrio e
inibiu toda discussão sobre cidadania”.
Servidão e senhorio
Num meio social como o nosso, onde “cada coisa tem um lugar demarcado e,
como corolário, cada lugar tem sua coisa”, índios e negros têm uma posição
demarcada num sistema de relações sociais concretas, sistema que é orientado de
modo vertical: para cima e para baixo, nunca para os lados.
Três aspectos da presença africana no Brasil
Munanga e Gomes (2006, p. 98) citam: a Revolta dos Alfaiates (Bahia, 1798), a
Cabanagem (Pará, 1835-1840), a Sabinada (Bahia, 1837-1838) e a Balaiada
(Maranhão, 1838-1841). Deve-se acrescentar a Revolta dos Malês, em Salvador,
em 1835; e a Guerra dos Palmares (Alagoas, 1695) quando, depois de muita luta e
traição, o chefe do quilombo Zumbi acabou preso e morto.
Quilombos e resistência