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Através de
formações societárias baseadas em escravidão, discriminação, padrões sociais
desarrazoados, ainda hoje se faz necessário garantir a igualdade para todos através de
normativas internacionais (DUDH; CADH; Convenções 100, 111, 156, da OIT) e
nacionais (Lei 7716/89, Lei 14532/2023).
Nesse sentido é a ideia das ações afirmativas. A igualdade não pode se limitar a
um não fazer, um não discriminar, mas ela também deve estar ligada a uma ação.
Discriminar para favorecer, para dar reconhecimento, para permitir que determinado
grupo se expresse e tenha espaço na sociedade.
O termo Jim Crow nasceu de uma canção popular e se referia a toda lei que
seguisse o princípio “separados, mas iguais”, estabelecendo o afastamento entre
negros e brancos nos trens, estações ferroviárias, hotéis, restaurantes, teatros, escolas,
entre outros. Apenas na década de 1950 que a Suprema Corte norte-americana
derrubou a ideia de “separados, mas iguais”, após casos como Brown x Board of
Education of Topeka.
O Brasil foi o último país das Américas a emancipar seus escravos, em 1888, e,
apesar da abolição da escravidão, seguiu desinteressado em integrar os habitantes
negros, partindo para uma política de “branqueamento” da população. Nesse contexto
surgiram algumas leis semelhantes às leis Jim Crow, como legislações de imigração
restritivas para encorajar a imigração europeia e proibir ou fortemente desestimular a
imigração africana. Também, leis que ofereciam generosas concessões de terras para
imigrantes europeus e, em contrapartida, negava títulos de propriedades de terra para
quilombolas.
A tese aprovada pela Suprema Corte foi formulada em três pontos: (i) até que o
Congresso Nacional edite lei específica, as condutas homofóbicas e transfóbicas, se
enquadram nos crimes previstos na Lei 7716/89; (ii) a repressão penal à homofobia e à
transfobia não restringe o exercício da liberdade religiosa, desde que tais
manifestações não configurem discurso de ódio; e (iii) o conceito de racismo ultrapassa
aspectos biológicos ou fenotípicos, alcançando a negação da dignidade e da
humanidade de grupos vulneráveis.
O direito está sendo garantido pela LGPD e pelo inciso LXXIX acrescido ao art. 5º
da CF. Entretanto, ainda há a necessidade de formação de jurisprudência sobre um
tema tão novo e adequação das leis existentes ou criação de novas para que, não
somente os dados pessoais, mas também os direitos à dignidade, à imagem, dentre
outros, sejam garantidos frente ao algoritmo. A questão envolve uma problemática
atual que alcança principalmente os trabalhadores uberizados, em especial dos
aplicativos de “work on demand” e “crowdwork”.
Nesse sentido, também há o PL 3.748/20, bem como a necessidade de se
garantir acesso, no ato da contratação para trabalho subordinado ou não, dos limites
algorítmicos, notadamente em linguagem humana.