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DIREITO CONSTITUCIONAL:
Direito à igualdade.
• Raça: Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância (art. 5º,
§3º, da CRFB – DPECE / FCC / 2022).
• Gênero: Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém
do Pará).
• A observação de André de Carvalho Ramos: “As duas facetas da igualdade (igualdade formal ou perante a lei e
igualdade material ou efetiva) são complementares e convivem em diversos diplomas normativos no mundo.”
(Trecho das “anotações para o voto oral do Ministro Luís Roberto Barroso” no Recurso
Extraordinário n. 845.779)
Conceitos e classificações:
• Eficácia horizontal do direito à igualdade (Delegado da PCRJ / Cespe / 2022).
• Histórico precedente quanto ao tema no âmbito do Supremo Tribunal Federal foi o “caso Air France”, em que se
reconhece expressamente a incidência do princípio da igualdade (isonomia) também nas relações entre particulares.
Prevaleceu o entendimento, na oportunidade, de que, “nosso sistema constitucional é contrário a tratamento
discriminatório entre pessoas que prestam serviços iguais a um empregador. (...) Em consequência, não pode uma empresa,
no Brasil, seja nacional ou estrangeira, desde que funcione, opere em território nacional, estabelecer discriminação
decorrente de nacionalidade para seus empregados, em regulamento de empresa, a tanto correspondendo o estatuto dos
servidores da empresa, tão só pela circunstância de não ser um nacional francês.” (RE 161.243, rel. min. Carlos Velloso,
voto do min. Néri da Silveira, j. 29-10-1996, 2ª T, DJ de 19-12-1997)
Roberto Saba faz a distinção entre 2 visões de igualdade. Primeiro, explica a IGUALDADE COMO NÃO
DISCRIMINAÇÃO. Mesmo aqui, "a igualdade (...) NÃO requer do Estado tratar a todas as pessoas do mesmo
modo.” É preciso distinguir “tratamento igual” de “tratamento idêntico”.
Para que haja um tratamento desigual, contudo, tomando como partida a igualdade como não discriminação,
“qualquer classificação deve ser razoável, não arbitrária e deve se apoiar sobre algum tipo de base de diferenciação
que tenha vinculação com o propósito da legislação, de maneira que todas as pessoas em similares circunstâncias
sejam tratadas de igual forma.” Ou seja, deve haver razoabilidade e racionalidade entre a distinção realizada e
um determinado fim buscado, numa análise de legitimidade entre “meios e fins”.
Contudo, um dos desafios que este sentido de interpretação individualista enfrenta é o estabelecimento de
ações afirmativas. Como justificar, por exemplo, ações afirmativas como as cotas (em especial as raciais) para
ingresso nas universidades, quando o objetivo do vestibular é selecionar os “melhores estudantes”?
Por isso, o autor passa a desenvolver “uma visão de igualdade mais sociológica que definirei de estrutural.” Uma
versão da igualdade “não mais como não discriminação, mas sim como NÃO SUBMISSÃO ou não exclusão”. Esta
leitura estrutural da igualdade não se vincula (embora não deva ser tida como mero oposto dela) à
irrazoabilidade instrumental do critério escolhido para realizar a distinção, mas entende que o que “a
igualdade perante a lei persegue é o objetivo de evitar a constituição ou a manutenção de grupos submetidos,
excluídos ou subjugados por outros grupos.” Em decorrência de alguma “prática sistemática de exclusão social,
econômica e, sobretudo, política. Segundo esta perspectiva, evitar a consolidação de um grupo excluído,
submetido ou subjugado é o que parece subjacente como fundamento do princípio da igualdade”.
Teoria Crítica da Raça:
O psicanalista Contardo Calligaris empreende a seguinte reflexão: "De onde
surge, em tantos brasileiros brancos bem intencionados, a convicção de viver em
uma democracia racial? Qual é a origem desse mito? A resposta não é difícil, diz
ele, o mito da democracia racial é fundado em uma sensação unilateral e branca
de conforto nas relações inter-raciais. Esse conforto não é uma invenção, ele
existe de fato, ele é efeito de uma posição dominante incontestada. Quando eu
digo incontestada, diz Calligaris, no que concerne à sociedade brasileira, quero
dizer que não é só uma posição dominante de fato - mais riqueza, mais poder -, é
mais do que isso, é uma posição dominante de fato, mas que vale como uma
posição de direito, ou seja, como efeito não da riqueza, mas de uma espécie de
hierarquia de castas. A desigualdade no Brasil é a expressão material de uma
organização hierárquica, ou seja, é a continuação da escravatura. Corrigir a
desigualdade que é herdeira direta, ou melhor, continuação da escravatura, diz
Calligaris, não significa corrigir os restos da escravatura, significa também
começar, finalmente, a aboli-la". Neste contexto, Calligaris conclui que: "Sonhar
com a continuação da pretensa democracia racial brasileira é aqui a expressão da
nostalgia de uma estrutura social que assegura, a tal ponto, o conforto de uma
posição branca dominante, que o branco e só ele pode se dar ao luxo de afirmar
que a raça não importa".
Caroline Lyrio Silva e Thula Pires - Teoria Crítica da Raça como referencial teórico
necessário para pensar a relação entre Direito e racismo no Brasil.
Teoria Crítica da Raça no pensamento de Thula Pires:
• Direito como instrumento de controle social e manutenção de hierarquias: “o direito representa e reproduz as dinâmicas de opressão socialmente
existentes.”
• Cegueira da cor:
• “A cegueira da cor, assim como a defesa de uma perspectiva neutra, objetiva, imparcial e ahistórica da realidade levam, ao contrário, à
preservação das hierarquias raciais, de gênero, morais e sociais que se pretende superar.”
• Meritocracia:
• “O conceito de meritocracia, no mesmo sentido, vai forjar a ideia de que, em âmbito institucional principalmente, o critério de definição
dos papéis sociais seja o mérito. (...) Todas as questões envolvendo o processo seletivo e os critérios que informaram a definição dos tais
critérios objetivos são invisibilizadas e mais uma vez reforçada a crença na universalidade e neutralidade das sociedades modernas.”
• Sinônimo: discriminação positiva – TJSP / Vunesp / 2015 (discriminação reversa? DPEPE / Cespe / 2018).
• Dimensões da igualdade para André de Carvalho Ramos: “Há duas dimensões da igualdade. A primeira dimensão consiste na proibição de
discriminação indevida e, por isso, é denominada vedação de discriminação negativa. A segunda dimensão trata do dever de impor uma determinada
discriminação para a obtenção da igualdade efetiva, e por isso é denominada “discriminação positiva” (ou “ação afirmativa”).”
• *Temporariedade (exceção):
• “(...) a adoção de ações afirmativas, em geral, deve ter um prazo de duração (temporariedade), devendo tais políticas ser extintas quando
atingidos os seus objetivos. No entanto, a observância desse critério não será cabível em hipóteses específicas, tais como a de políticas positivas
desenvolvidas em relação a grupos indígenas ou pessoas com deficiência.” (Marcelo Novelino) = Nathalia Masson.
• 2ª onda do feminismo:
• A partir da década de 1960.
• Movimento hippie, guerra do Vietnã, ditaduras na América Latina, etc.
• Combate à violência de gênero.
• Direitos sexuais e reprodutivos, etc.
• Simone de Beauvoir (“O Segundo Sexo”) de 1949: “Não se nasce mulher, torna-se”.
• Gênero como construção social.
• Gênero vs. Sexo.
• “Revolução sexual” e o desenvolvimento da pílula.
• 3ª onda do feminismo:
• Décadas de 1980 e 1990.
• Reconhecimento de diversas identidades femininas.
Feminismo interamericano e a jurisprudência da Corte IDH: