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1 INTRODUÇÃO
2 O PRINCÍPIO DA IGUALDADE
2.2 DESIGUALDADE
Políticas públicas são ações e programas implementados pelo governo para resolver
problemas sociais, econômicos ou políticos e promover o bem-estar geral da população. As
políticas públicas podem abranger uma ampla gama de áreas, desde educação, saúde e
habitação até segurança pública, meio ambiente e desenvolvimento econômico.
As políticas públicas podem ser criadas e implementadas em diferentes níveis
governamentais, incluindo o federal, estadual e municipal. Elas são elaboradas e
implementadas por meio de leis, decretos, regulamentos e programas, que estabelecem as
diretrizes, objetivos e metas a serem alcançados.
As políticas públicas são importantes porque elas ajudam a promover o bem-estar e a
qualidade de vida da população, além de criar um ambiente mais justo e equitativo. Elas
também podem ser usadas para corrigir desigualdades sociais, promover a igualdade de
oportunidades e melhorar a eficiência e eficácia dos serviços públicos.
Algumas das principais áreas em que as políticas públicas podem ter um impacto
significativo incluem saúde, educação, segurança pública, habitação, transporte e meio
ambiente. Para garantir o sucesso de uma política pública, é importante que ela seja bem
planejada, com objetivos claros e mensuráveis, e que seja implementada de forma eficiente e
transparente.
As políticas públicas devem ser baseadas em evidências e na consulta à população e às
partes interessadas, para garantir que as soluções propostas sejam adequadas e relevantes para
as necessidades da sociedade. Além disso, é importante que as políticas públicas sejam
monitoradas e avaliadas regularmente, para garantir que estejam alcançando seus objetivos e
que os recursos públicos sejam usados de forma eficiente e eficaz.
3 COTAS
Desigualdade social é a diferença existente entre diferentes classes sociais que leva em
consideração fatores econômicos, educacionais e culturais. Hodiernamente, a desigualdade é
um dos maiores problemas enfrentados pelos países.
O sistema de opressão da sociedade brasileira desilustra as minorias, portanto, muitas
vezes, os mesmos não chegam à universidade, dado que, acham que esse espaço não lhes
convém, que é inatingível. Todavia, após a lei de cotas estamos acompanhando esse cenário
mudar.
O problema histórico das oportunidades injustas acompanhou minorias como os
negros mesmo após a abolição da escravatura, uma vez que, o Estado não ofereceu condições
mínimas de sobrevivência, nem por meio de políticas públicas como moradia e trabalho ou
mesmo oportunidade de atingir os mesmos, o que fez a desigualdade persistir até hoje.
Assim, é aparente que as políticas afirmativas como as cotas são de suma importância
para a sociedade, vez que, gera inclusão. Pois, quanto mais minorias ingressarem na faculdade
e concluírem seus estudos, mais oportunidades terão no mercado de trabalho e,
consequentemente, uma vida mais segura e confortável.
As cotas são políticas públicas destinada a dar prioridade a determinados grupos que
sofrem com as desigualdades sociais por raça, gênero ou deficiência. O objetivo é
proporcionar um acesso mais igualitário a oportunidades decentes.
Como já mencionado, a desigualdade vem de um processo histórico que foi enraizado
no nosso pais e por conta disse hoje temos uma realidade que no Brasil, que é um pais
majoritariamente negro mas que raramente o vemos em profissões que necessitam de
faculdade, como medico, advogado etc.
As cotas são reservas para determinados grupos minoritários, a Lei de Cotas (Lei
12.711/2012) garante que vagas sejam reservadas para negros, indígenas e deficientes em
instituições de ensino superior. Com isso, quando se adota o sistema de cotas em um processo
seletivo, uma porcentagem das vagas é reservada para pessoas desses grupos.
Posto isto, é visível que o sistema de cotas garante o acesso desses grupos minoritários
ao processo seletivo de instituições de ensino superior, por meio de programas como Sisu,
ProUni, Fies ou até mesmo vestibular próprio da faculdade que adere. Ainda, as cotas podem
garantir vagas para concursos públicos.
A Lei representa uma forma de ação afirmativa, isto é, ações ou medidas especiais ou
temporárias tomadas pelo Estado, de forma espontânea ou compulsória, com o objetivo de
eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo igualdade de oportunidades e
tratamento, e compensando as consequências da discriminação.
Logo, vemos que a lei busca promover a diversidade e o pluralismo nos contextos
acadêmicos, como forma de reduzir as desigualdades socioeconômicas, e também representar
as populações negras, indígenas, deficientes, de baixa renda e públicas no ensino superior
conforme afirma o artigo 1 e parágrafo único.
Dessa maneira, as faculdades públicas oferecem um sistema de cota dupla: uma parte
das vagas reservadas para alunos de escolas públicas, independentemente da raça, e uma parte
para alunos de escolas públicas que se identificam como pretos, pardos ou de outra raça.
Isto é, as vagas destinadas à cota (50% do total de vagas de uma instituição) serão
subdivididas, metade para alunos de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou
inferior a um salário mínimo e meio per capita e metade para estudantes de escolas públicas
com renda familiar superior a um salário mínimo e meio.
Em ambos os casos, também é considerado o percentual mínimo correspondente ao
conjunto da população negra, parda e indígena do estado, segundo o último censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Decreto nº 7.824/2012 estabelece as condições gerais de permanência, estabelece o
acompanhamento sistemático da permanência e normas transitórias para as instituições
federais de ensino superior. Existe também, o Regulamento Normativo n.º 18/2012 do
Ministério da Educação, que estabelece os conceitos básicos da legislação aplicável, estipula
o método e a fórmula de cálculo das reservas, estipula as condições de candidatura reservados
e estabelece um regime de preenchimento das mesmas.
A fiscalização ficará a cargo de uma comissão formada por representantes do
Ministério da Educação, da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial
(Seppir) e da Fundação Nacional do Índio (Funai), com representantes de outros órgãos e
entidades também envolvendo a sociedade civil.
Assim, é perceptível que o autor entendia que o Brasil era miscigenado exatamente
pelo fato de não haver discriminação. Ainda, o autor que era um dos militantes contra o
racismo, trazia a ideia de que a melhor coisa que aconteceu no Brasil foi a mistura das raças e
que estávamos prestes a formar uma raça nova.
Posto isto, entendemos que Gilberto Freyre estava operando com os conceitos de raça,
povos atrasados, povos adiantados, superioridade, inferioridade, raça branca, raça negra etc. e
além disso, trazendo para o imaginário popular que não existia discriminação no pais
porquanto existia uma suposta democracia racial.
Com isso, surgiu um impasse, dado que, os brasileiros acreditavam que o racismo de
fato não afetava o país e quando achamos que não existe um problema não tentamos resolver.
Dessa maneira, o Brasil ficou tão conhecido como um país que não existia racismo que o
mundo inteiro achava que existia uma democracia racial no mesmo.
Com isso, a UNESCO, que é um órgão das nações unidas voltada para a ciência,
cultura e educação, em 1950, pós guerra, a qual a ONU havia entendido que um dos motivos
era discriminação, encomenda um estudo a respeito do racismo, para tentar compreender se
existe algum país onde há uma democracia racial e tentar identificar os elementos que esse
país tem para tentar aplicar em outros países, ou seja, a ideia era que o Brasil representava
esse país não racista e que ele deveria ser modelo para todos os outros países.
Logo, a UNESCO encomenda o estudo com dois grandes sociólogos entendedores do
assunto, que foi Florestan Fernandes e Roger Bastide, os quais fizeram um estudo amplo
sobre o tema e contaram com o apoio do movimento negro. Desse modo, logo quando
Florestan começa os seus estudos ele chega a conclusão que o Brasil é extremamente racista.
No entanto, o racismo no Brasil é diferente daquele que existia na África e nos Estados
Unidos, porque nesses países o racismo era declarado e no Brasil o racismo era velado.
Ainda, Florestan identifica que existe racismo porque existe desigualdade racial e
existe desigualdade racial porque não existe democracia. A abolição ocorreu em 1888.
Entretanto, após o processo de abolição não existiu nenhum tipo de política que auxiliasse as
pessoas negras a se inserirem dentro da sociedade.
Posto isto, a pesquisa do Florestan Fernandes fez com que o mesmo chegasse à
conclusão que em momento algum os as pessoas negras foram de alguma forma compensados
pelo processo de escravidão. Então, pode-se pensar que por isso tínhamos uma dívida
histórica, dado que, durante todo o processo histórico pós-abolição nada foi feito para inserir
os negros dentro da sociedade, de modo que eles foram jogados na marginalidade e isso
seguiu até que existiu um grande movimento negro.
Um grande nome da liderança negra é o André Rebouças, um engenheiro negro, muito
bem articulado, muito amigo Joaquim nabuco, que era uma pessoa com fortes influências, que
trouxe algumas sugestões, por exemplo, reforma agrária, a qual seria uma forma de
compensar os negros e conseguir inseri-los dentro da sociedade após o processo de
escravidão, entre outras, mas nada disso foi feito.
Com isso, o que aconteceu foi que os negros foram cada vez mais jogados para a
marginalidade, visto que, existia um projeto de imigração, que era um projeto de
branqueamento, logo, os negros não conseguiam emprego, pois trouxeram os imigrantes para
o Brasil e os mesmos ocuparam as vagas disponíveis.
Ainda, na época a ideologia era que o negro representava o atraso e o branco
representava o progresso. Desse modo, a empresas, comerciantes etc. não tinham interesse em
contratar um negro se havia um branco buscando também a mesma vaga. Então, na grande
maioria, o regime assalariado, os brancos quem ocupavam, posto que, as empresas,
comerciantes etc. não queriam empregar o negro que dias atrás era escravo.
Posto isto, é perceptível que esse fator histórico impacta na realidade de hoje e pensar
que os arranjos sociais que nós temos hoje não tem nada a ver com o passado é ignorância,
pois, é nítido que na época não existia democracia racial e ainda que com o passar do tempo
teve melhora ainda não foi atingido uma democracia racial no Brasil.
Segundo o censo de 2010 existia mais de 190 bilhões de brasileiros e de acordo o
IBGE de 2016 51% da população brasileira corresponde aos negros, isto é, mais da metade da
população é negra e ainda sim o Brasil não é um país democrático racialmente e por isso algo
deve ser feito.
Uma possível solução para amenizar esse impasse de desigualdade racial seria a
aplicação de cotas, que é uma política de curto prazo, o que é extremamente necessário, dado
que, igualdade racial é um direito e quando tratamos de direito é algo que precisamos ter no
agora e não podemos esperar. As políticas de curto prazo são necessárias para efetivar a
democracia racial, no entanto, deve ser aplicada em conjunto com políticas públicas de longo
prazo, pois somente com a aplicação do conjunto de políticas públicas conseguimos de fato
alcançar a democracia.
Desse modo, as cotas estão relacionadas a uma porcentagem de vagas tanto no ensino
superior quanto relacionado ao emprego público. Segundo José Jorge de Carvalho que é
grande estudioso de cotas no Brasil, um dos pioneiros responsáveis pela adoção de cotas
Universidade de Brasília e professor da mesma, afirma que o primeiro país a adotar as cotas
foi a Índia, graças ao líder dos Daletis, em 1948. Logo depois, em 1960, os Estados Unidos
também adotaram o programa de cotas
No Brasil, a lei de cotas sociais foi sancionada em 2012. Todavia, a UFRJ já em nos
anos 2000 iniciou a aplicação de cotas sociais em seus vestibulares. Ainda, a UNB começou a
aplicar as cotas raciais em 2004, sendo a pioneira no caso das cotas raciais.
Em 1995, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a presidência e iniciou o
debate de necessidade de uma reparação do povo negro. O ex-presidente sociólogo, estudou
essa relação da democracia racial e considerou importante fazer e promover algumas políticas
para que o Brasil conseguisse alcançar a democracia racial.
No entanto, somente no governo seguinte, em 2003, governo Lula, que foi criado uma
secretaria para a promoção da igualdade racial, ou seja, compreendeu-se que deveria existir
um órgão para tentar aplicar medidas que trouxesse de fato uma democracia racial.
Logo, o intuito da secretaria é aplicar políticas que tragam uma maior igualdade entre
as raças, podemos pensar em várias medidas, mas como já mencionado, é importante que
façam medidas de longo prazo, dado que normalmente as medidas de longo prazo são mais
eficientes, mas também, é importante a medida de curto prazo, como as cotas raciais.
Quando falamos em democracia estamos falando de direitos e temos que ter todos os
povos representados, então se há um país com vários tipos de povos os mesmos devem ocupar
todos os cargos existentes e não apenas um determinado, o que não ocorre no Brasil. Dessa
forma, uma maneira de forçar essa mudança de cenário e fazer com que esse cenário seja mais
representativo tanto nos cargos públicos como nas instituições de ensino superior, que seria o
caso cotas.
As ações afirmativas estão ligadas a uma discriminação, mas é uma discriminação ao
contrário. A ideia da democracia é que todos sejam iguais perante a lei, mas na prática essa
igualdade nem sempre acontece, dado que, existem problemas históricos, preconceitos etc.
Assim, compreende-se que deve ser realizado uma discriminação ao contrário, também
chamada de discriminação positiva para corrigir essas desigualdades e trazer uma igualdade
na prática.
O principal teórico, professor da Harvard, filósofo contemporâneo, John Rawls,
explana sobre as medidas compensatórias, a questão da justiça etc. Inclusive, foi um dos
apoiadores das cotas quando implantada nos Estados Unidos.
Dessa maneira, o teórico traz a questão do mérito, uma vez que, uma pessoa com
maior pontuação que a pessoa beneficiária das cotas por vezes não consegue a vaga, mas o
cotista sim. Todavia, a ideia das cotas é uma compreensão de que são realidades diferentes da
pessoa cotista e do não cotista, pois a realidade da pessoa que faz o ensino público e a
realidade da pessoa que estuda em instituição privada não são as mesmas.
Ainda, o que se observa é que o ensino público decai muito se comparado ao
particular. Logo, a adoção das cotas é o aceite desse fato, a entrada dos alunos deve ser
meritocrata mas que eles concorram entre si, isto é, já que a situação dos alunos cotistas e dos
alunos não cotistas são diferentes para haver meritocracia deve ser segregado para assim
haver uma concorrência justa.
As cotas raciais são uma política pública que tem como objetivo corrigir
desigualdades históricas que afetam determinados grupos sociais, em especial a população
negra e indígena. Essa política busca promover a inclusão social e garantir que pessoas que
historicamente tiveram menos acesso a oportunidades, como o acesso à educação, tenham a
chance de conquistar espaços que antes lhes eram negados.
A necessidade das cotas raciais se dá em razão da desigualdade estrutural que afeta a
sociedade brasileira. O racismo e a discriminação racial são problemas históricos em nosso
país e têm impactos profundos no acesso das pessoas negras a oportunidades e recursos, como
educação, emprego e renda.
Assim, as cotas raciais surgem, portanto, como uma medida para enfrentar esses
problemas, ampliando o acesso de pessoas negras e indígenas a espaços de poder e a
oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Essa política busca garantir o
direito à igualdade de oportunidades, combatendo a discriminação e a exclusão social.
Dessa maneira, as cotas raciais são importantes porque, além de promoverem a
inclusão social, têm o potencial de transformar a sociedade, promovendo maior diversidade e
representatividade em diversos setores. Isso é fundamental para que a sociedade como um
todo possa se desenvolver de forma mais equilibrada, justa e democrática.
No entanto, é importante destacar que as cotas raciais não são uma solução definitiva
para a desigualdade e a discriminação racial, mas sim uma medida que contribui para o
enfrentamento desses problemas. Além das cotas, é necessário que outras políticas públicas
sejam adotadas, com o objetivo de enfrentar as raízes da desigualdade, como o racismo
estrutural e a exclusão social.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 ago. 2012. Seção 1, p.1.
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da União, Brasília, DF, 17 mar. 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 15 fev.
2023.
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BRASIL ESCOLA. Maiores países do planeta. Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em:
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2023.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 51. ed. São Paulo: Global, 2006.
Piovesan, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 16ª ed. São
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Piovesan, Flávia. Direitos Humanos e a Igualdade Inclusiva. In: SANTOS, Boaventura de
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