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Pr Adiel
O tema ora proposto procura entender os sentidos das cotas raciais nas
Universidades Públicas. Embora já aprovada e implantada, de acordo com a
Lei nº 12.711. de 29 de agosto de 2012, a política de cotas causa grande
divergências em toda a sociedade. Por um lado, existe pessoas a favor por
achar ser uma forma de diminuir as desigualdades, por outro lado, outros se
sentem prejudicados por terem chances de passar no vestibular diminuídas.
Sempre existiu uma grande desigualdade educacional entre pobres, ricos,
negros e brancos.
A qualidade do ensino básico e o fundamental é um grande problema, pois
há uma nítida desigualdade entre o ensino público e o privado. Os alunos
provenientes de escolas particulares acabam adentrando nas melhores
Universidades, com ensino gratuito. De outro lado, há os alunos provenientes
do ensino público que acabam estudando em cursinhos preparatórios ou
faculdades particulares.
Além da discussão sobre a questão de o racismo ser pauta para a entrada a
faculdade, há também outros episódios que acontecem no dia a dia, como
por exemplo, a mulher que não é atendida de forma correta em uma loja de
grife só por ela não apresentar vestimentas de acordo com o padrão que a
butique segue; ou um goleiro de um time que é chamado em campo de
“macaco” após o seu time perder. Em São Conrado-RJ, uma mulher agrediu
um entregador e foi acusada de injúria por preconceito e lesão, tudo isso
porque o homem era negro. Isso mostra que os racismos estão em todo lugar
e a todo tempo. Tem-se propósito de fazer uma análise se o sistema de cotas
é importante ou não para o país, sendo que esse sistema já está inserido na
realidade brasileira. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a
constitucionalidade das cotas raciais e decidiu que elas são legais, desde
que fossem aplicadas de forma temporária e com o objetivo de corrigir as
desigualdades históricas.
1 CONCEITOS E SENTIDOS DAS COTAS RACIAIS
O racismo estrutural se refere a um sistema de desigualdade racial que é
mantido por instituições e estruturas sociais (OLIVEIRA; FREITAS, 2020). É
diferente do racismo individual, que se refere às atitudes e comportamentos
discriminatórios de indivíduos. Neste, as desigualdades raciais são mantidas
por meio de políticas, práticas e normas sociais que beneficiam uma raça em
detrimento de outras. Isso pode incluir, por exemplo, a não identificação de
acesso à educação, emprego, moradia, saúde e justiça criminal (ORTIZ,
2021).
O objetivo geral é verificar a inserção jurídica sobre cotas raciais nas redes
públicas de Ensino Superior. Será apresentado no trabalho três seções,
sendo elas: desigualdade racial no Brasil, fundamentação teórica das ações
afirmativas e o sistema de cotas e a concordância e discordância a respeito
de tal programa para o ingresso a vida acadêmica. A desigualdade racial é
uma questão muito presente no Brasil, que possui uma história de escravidão
e exploração de pessoas negras ao longo de séculos. Apesar dos avanços
na luta contra o preconceito e na promoção da igualdade, a desigualdade
ainda persiste em diversas áreas, como educação, saúde, mercado de
trabalho e segurança pública (SANTOS, 2015).
Na educação, por exemplo, a taxa de analfabetismo é mais alta entre
pessoas negras do que entre brancas, e a evasão escolar é maior entre
estudantes negros. Além disso, o acesso ao ensino superior é desigual:
enquanto 25,8%dos jovens brancos entre 18 e 24 anos estão matriculados
em cursos de graduação, entre jovens negros essa proporção é de apenas
9,3%, segundo dados do IBGE (2019) (COLAÇO; APARICIO, 2016). As
ações afirmativas são políticas públicas que buscam corrigir desigualdades
históricas e promover a igualdade de oportunidades para grupos socialmente
discriminados, como negros, mulheres, indígenas e pessoas com deficiência.
Essas políticas são fundamentadas em teorias da justiça social e igualitária,
que argumentam que esta não é suficiente para corrigir diferenças estruturais
(COLAÇO; APARICIO, 2016).
2 HISTÓRICO DO SISTEMA DE COTAS NO BRASIL
As cotas raciais nas universidades públicas são uma política de ação
afirmativa que busca corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão
de grupos racialmente sub-representações no ensino superior. O contexto
histórico para a implementação dessas varia de país para país. No Brasil, a
discussão sobre as cotas ganhou força a partir do final do século XX e início
do século XXI. O país possui uma longa história de desigualdades raciais
decorrentes da escravidão e do racismo estrutural (RIGUETI, 2015). Após a
abolição da escravatura em 1888, a população negra continuou a enfrentar
obstáculos socioeconômicos e educativos, o que resultou em baixa
representatividade nas instituições de ensino superior.
Ações afirmativas foram motivadas no Brasil nos anos 1960, com a criação
de programas de reserva de vagas para estudantes orientados de escolas
públicas. Somente na década de 2000 que o debate sobre as cotas raciais
ganhou destaque (STOODI, 2020). Diversos movimentos sociais, ativistas e
investigadores argumentaram que a adoção de cotas raciais seria uma
medida necessária para combater as desigualdades raciais abandonadas no
país. O marco legal para as cotas raciais no ensino superior foi estabelecido
em 2012, com a Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012), sancionada pela então
presidente Dilma Rousseff. Em 2001, a Universidade de Brasília (UnB)
tornou-se a primeira instituição de ensino superior brasileira a adotar cotas
raciais (VELLOSO, 2009).
A Lei de Cotas estabeleceu que as Universidades Federais e as instituições
de ensino técnico federal deveriam reservar uma parte das vagas para
estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas
públicas, levando em consideração a proporção de estudantes negros,
pardos e indígenas na população do Estado onde está localizada a
instituição. Essa proporção é baseada nos dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) (VIANA, 2017). Desde então, as cotas têm
sido objeto de debates acalorados no país.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DAS AÇÕES AFIRMATIVAS
Os sentidos têm suas formas de ações que são afirmativas e importantes
para a compreensão de cotas. Mas o debate ainda continua não só com as
afirmativas, mas também com as negativas desta compreensão das cotas.
Onde as discussões sobre cotas raciais ou não.
3.1 A ação afirmativa no brasil
Enquanto os povos de outras partes do mundo já convivem com essas
políticas desde meados do século XX, só mais recentemente essa discussão
teve rebatimento no Brasil, já que tal debate ganhou força apenas após o
processo de redemocratização, período em que houve uma forte demanda
dos movimentos sociais por políticas voltadas às questões como raça,
gênero, etnia, entre outras. Alguns dos marcos dessa luta foram a
Constituição Federal de 1988, a lei de cotas eleitorais para as mulheres, a
Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, a III Conferência Mundial
contra o Racismo, o lançamento do Programa Nacional dos Direitos
Humanos e alguns projetos parlamentares que defendiam a alteração no
processo de ingresso nas instituições de ensino superior com a criação de
cotas para grupos sociais específicos. Fazendo referência a esse impulso
das ações afirmativas no Brasil dos anos 1990 e 2000, Gomes afirma que