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Políticas e/de Ação Afirmativa

Material e conteúdo: Prof. Penildon Silva


Filho
Docente: Cleiton Paixão
Políticas de Ação Afirmativa
 O que são as ações afirmativas?
 Politicas de ação afirmativa são medidas públicas
ou privadas, de caráter coercitivo ou não, que
visam promover a igualdade substancial, através
da descriminação positiva de pessoas integrantes
de grupos que estejam em situação desfavorável,
e que sejam vítimas de discriminação e estigma
social.
Políticas de Ação Afirmativa
 Quando surgiu o termo ações afirmativas?

 O termo ação afirmativa foi utilizado pela


primeira vez nos EUA, na década de 1960,
referindo-se a políticas governamentais voltadas
para combater-se a desigualdade entre brancos e
negros.
Políticas de Ação Afirmativa
 Qual o maior objetivo das ações afirmativas?
 O objetivo das ações afirmativas é eliminar as
desigualdades e segregações, de forma que não
se mantenham grupos elitizados e grupos
marginalizados na sociedade, ou seja, busca-se
uma composição diversificada onde não haja o
predomínio de raças, etnias, religiões, gênero,
etc.
Políticas de Ação Afirmativa
 Qual a importância das ações afirmativas para a
efetivação dos direitos humanos?
 As ações afirmativas, como políticas
compensatórias adotadas para aliviar e remediar
as condições resultantes de um passado de
discriminação, cumprem uma finalidade pública
decisiva para o projeto democrático: assegurar
a diversidade e a pluralidade social.
Políticas de Ação Afirmativa
 Qual a relação que as ações afirmativas têm com
a cidadania?
 A ação afirmativa consiste num programa
que objetiva resgatar a própria cidadania de
indivíduos marginalizados pela sociedade em
razão de discriminações e vulnerabilidades.
Políticas de Ação Afirmativa
 Qual a diferença entre política pública e ação
afirmativa?
 Se diferencia das políticas puramente anti-
discriminatórias por atuar
preventivamente em favor de indivíduos que
potencialmente são discriminados, o que pode
ser entendido tanto como uma prevenção à
discriminação quanto como uma
reparação de seus efeitos.
Políticas de Ação Afirmativa
 Quais foram os resultados das ações afirmativas?
 Todas estas medidas resultaram no aumento do
número de matrículas no ensino superior, que
chegou a 8,6 milhões em 2019, representando
21,4% da população brasileira de 18 a 24
anos (Inep, 2020).
 A maior parte dessas matrículas se dá, no
entanto, em instituições privadas de ensino.
Políticas de Ação Afirmativa
 Quais são as principais ações afirmativas?
 as bolsas de estudos;
 os auxílios financeiros;
 as cotas em instituições de ensino;
 a reserva de vagas afirmativas em instituições.
Políticas de Ação Afirmativa
Ação afirmativa: combate à discriminação racial ou de gênero.

 Discriminação, segundo a Convenção Internacional sobre a


Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial:

qualquer distinção, exclusão, restrição, ou preferência baseada em


raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha o
propósito ou efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento,
gozo ou exercício em pé de igualdade de Direitos Humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro canto da vida pública (art 1º).
(GOMES, 2001)
Políticas de Ação Afirmativa
Tipos de discriminações:
1) discriminação intencional ou tratamento
discriminatório: as pessoas são explicitamente
discriminadas, na escolha para postos de
emprego, na definição salarial, na ascensão
hierárquica nas corporações, no tratamento
desigual dispensado pela justiça à população
negra, mulher, imigrante ou refugiado, insígenas,
entre outras populações vulnerabilizadas.
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2) discriminações legítimas ou ações afirmativas ou a
discriminação positiva: “um tratamento preferencial a
um grupo historicamente discriminado, impedindo que
o princípio da igualdade formal, expresso em leis que
não levam em consideração os fatores de natureza
cultural e histórica, funcione na prática como
mecanismo perpetuador da desigualdade”. A lei deve
estabelecer mecanismos que se contraponham à
herança histórica que reproduz a desigualdade e o status
quo.
Políticas de Ação Afirmativa
3) discriminação por impacto desproporcional ou adverso.
Esta não necessariamente é de caráter intencional, deliberado,
planejado, há procedimentos administrativos e legais ou
normativos de órgãos públicos e de empresas que acabam por
reproduzir a desproporcionalidade no acesso aos bens materiais,
aos postos de trabalho, aos espaços de poder e usufruto de
resultados econômicos na sociedade. Isso ocorre quando uma
determinada norma, instituída de forma aparentemente “neutra”,
estabelece um mecanismo igual de seleção ou acesso, mas
reproduz uma desigualdade de fato.
4) discriminação na aplicação do direito, é muito aproximada da
de efeito desproporcional, pois não tem na sua formulação uma
intencionalidade explícita de discriminar, excluir ou estigmatizar
nenhum grupo social, mas são os seus resultados que e
conduzem a uma interpretação de que seu funcionamento
operou dentro de uma discriminação.
Políticas de Ação Afirmativa
5) discriminação de fato é uma tipologia que procura
caracterizar a postura de dirigentes e formuladores de
políticas públicas que não compreendendo a existência
de desigualdades e discriminações, ou inconscientes de
seu próprio racismo, perpetuam essa situação pela
simples falta de ações para corrigir a situação social de
fato.
6) discriminação manifesta ou presumida é aquela que
pode ser detectada por disparidade estatística,
observando-se as diferenças de situação dos grupos
sociais no acesso aos direitos sociais, fundamentais
básicos (GOMES, 2001).
Políticas de Ação Afirmativa
Ações afirmativas são:
 uma política voltada para reverter as tendências
históricas que conferiram às minorias e às mulheres
uma posição de desvantagem, particularmente nas áreas
de educação e emprego. Ela visa além da tentativa de
garantir igualdade de oportunidades individuais ao
tornar crime a discriminação, e tem como principais
beneficiários os membros de grupos que enfrentaram
preconceitos, segundo Cashmore (2000, p. 31)
Políticas de Ação Afirmativa
Ações afirmativas: conceito

 Segundo o autor Ahyas Siss(2003, p. 111), ações


afirmativas são “...compreendidas enquanto
instrumento político corretivo do hiato entre o
princípio constitucional da igualdade e um
complexo conjunto de relações sociais
profundamente hierarquizado.

 As ações afirmativas se constituem, então, como


uma discriminação positiva, que superam a ilusão
de que no Estado liberal todos têm iguais condições
e oportunidades numa sociedade de classes.
Políticas de Ação Afirmativa
Políticas universalistas e ações afirmativas

 “Ações universalistas atingem a todos os cidadãos de igual


forma, mas deve-se compreender o processo de formação
histórica da sociedade, garantindo melhores condições a
grupos socialmente excluídos para que estes possam
competir com equidade pelos recursos e postos na
sociedade, coisa que apenas as ações universalistas não
garantem.

 Essa concepção de que as ações afirmativas são um


aprimoramento das políticas públicas para promover a
justiça social, e não estão em contradição com as políticas
universalistas, está presente em Siss (2003)”.
Políticas de Ação Afirmativa

Ainda segundo Siss (2003, p. 111):

 Leis ou intervenções políticas que compreendam ações do


Estado, voltadas para determinados grupos específicos os
quais foram e são colocados em desvantagem, quando
acompanhadas de ações universalistas, podem ser
extremamente úteis para reduzir os altos índices de
desigualdades existentes entre os grupos, como, por
exemplo, os brancos e os afro-brasileiros.

 Eles podem concorrer, como o apontam os resultados de


sua aplicação em outros países, para equiparar ambos os
grupos na raia de competição por bens materiais e
simbólicos em momentos específicos.
Políticas de Ação Afirmativa
1) A criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR), pela Lei 10.678, de 23 de maio de 2003, com a função de: assessorar
direta e imediatamente o Presidente da República na formulação, coordenação e
articulação de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade racial (...);

2) Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR), criada pelo Decreto


nº 4.886, de 20 de novembro de 2003: prioridade para trabalhar de forma
transversal as políticas de inclusão do negro, envolvendo todas as áreas do
governo;

3) Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), ligado à SEPPIR,


também pela Lei 10.678, de 23 de maio de 2003;

4) A realização da 1ª Conferência Nacional da Igualdade Racial, de 11 a 13 de maio


de 2005, em Brasília;

5) A instituição da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, criada pela lei


no 7.353, de 29 de agosto de 1985, mas tornada, no início de 2003, uma secretaria
com status de ministério;
Políticas de Ação Afirmativa

6) a Lei 10.639, que estabelecia a obrigatoriedade do


ensino da História da África, da Contribuição dos
Negros para a Cultura Brasileira e da luta dos negros no
Brasil no currículo do ensino fundamental e médio das
escolas brasileiras.

7) O Programa Universidade para Todos (Prouni) criou


vagas para alunos de graduação nas escolas privadas,
com bolsas integrais e parciais para alunos
exclusivamente egressos de escolas públicas, mas
também garantindo uma representação étnico-racial,
proporcional às representações dos grupos étnicos de
cada estado da federação.
Políticas de Ação Afirmativa

 O “mito da democracia racial” revelou-se mais eficiente que


a ideologia estadunidense, e seguiu a tradição ibérica que
combinou a hierarquização rígida da sociedade com a
dissimulação e o escamoteamento das desigualdades.

 A afirmação de que o Brasil é mestiço, que aqui há uma


convivência pacífica entre as “raças”, e que a violência de
outros países contrastava com uma harmonia a servir de
exemplo de boa convivência para outras nações embalavam
um discurso hegemônico que congelava uma situação de
profunda desigualdade.
.
Políticas de Ação Afirmativa
“Num mundo em que já foram desmantelados, em grande
parte, os sistemas jurídicos de segregação racial como o
Jim Crow dos Estados Unidos e o apartheid da África do
Sul, prevalecem formas de racismo caracterizadas pela não
formalidade, porém firmemente implantadas na estrutura
institucional das sociedades.

Ao estudar esse fenômeno, as forças mundiais preocupadas


com o racismo e os direitos humanos encontram no Brasil
um modelo paradigmático desse tipo de racismo informal e
institucional, que, disfarçado em harmonia e bondade,
passou a ser reconhecido como racismo muito
recentemente” (NASCIMENTO, 2002)
Políticas de Ação Afirmativa

As gerações ou dimensões de direitos (BOBBIO, 1996; SILVÉRIO,


2003)

 Direitos civis e políticos, os direitos de primeira dimensão: direito à


vida, à propriedade, à liberdade de opinião, de associação, de
sufrágio universal, de locomoção.
 Direitos de segunda geração também são essenciais: direitos à
habitação, ao trabalho, à saúde, à educação, à seguridade social.
 Direitos de terceira geração: direitos coletivos e difusos, como ter
um meio ambiente saudável, à preservação do patrimônio cultural, à
liberdade de orientação sexual e de não discriminação de gênero.

Ações afirmativas: efetivação dos direitos de diversas gerações e


resultado de um processo de conquistas sociais de diversos grupos,
como negros, mulheres, juventude, nordestinos, homossexuais,
quilombolas e outros.
Políticas de Ação Afirmativa
 As ações afirmativas no Brasil são elementos de fortalecimento
da reciprocidade social, da cooperação e da confiança, que é a
definição de Capital Social. Esse conceito de Capital Social foi
elaborado por Robert Putnam (1996).
 O estabelecimento de reserva de vagas nas universidades
contribui para a inclusão social de segmentos historicamente
discriminados, aumentando a coesão social e a intensificação da
solidariedade social de diversas maneiras, a exemplo da
participação mais diversificada dos diferentes grupos sociais nas
instituições. Dessa maneira, as ações afirmativas contribuem para
o fortalecimento do Capital Social.
 Outra forma em que o Capital Social pode ser fortalecido é pelo
processo de ação dos movimentos sociais que demandam essas
reivindicações, ao alicerçar laços e relações sociais no seu interior
e o sentimento de pertencimento, auto-estima e reconhecimento
dos direitos a serem reivindicados.
Obrigado!

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