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POLITICA PÚBLICA DE

PROMOÇÃO DA
IGUALDADE RACIAL
Profa. Dra. Zelma
Madeira
POLITICAS DE PROMOÇÃO DA
IGUALDADE RACIAL
 Política pública pode ser entendida como uma estratégia de ação
formulada, planejada, executada e avaliada a partir de uma racionalidade
coletiva em que tanto o Estado como a sociedade desempenham papeis
ativos;
 Fatos e conteúdos históricos – Centenário da Abolição ( 1988), Marcha
Zumbi de Palmares(1995), GT Interministerial no Governo FHC ( 1996)
que reconhece o racismo no Brasil , Comemorações do Brasil 500anos
( 2000), III Conferencia Internacional contra o Racismo , Xenofobia e
formas correlatas de intolerância (2001 em Durban )
POLITICA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
RACIAL
A consolidação da Política Nacional de
Promoção da Igualdade Racial vincula-se às
mobilizações populares do movimento
negro, principalmente no período de
redemocratização. Os sujeitos políticos
inseridos nas organizações negras, partidos
políticos, mídia e outros grupos de pressão
denunciaram o racismo e exigiram com
urgência uma ação coletiva pública.
OBJETIVOS DAS POLITICAS DE
IGUALDADE RACIAL
Visa melhorar a eficiência do setor público na efetivação da política de
promoção da igualdade racial, elaborando de forma sistemática uma
gestão coerente com o enfrentamento ao racismo, com metas explícitas
de redução das desigualdades sociorraciais e ações de
fortalecimento/reconhecimento identitários desses grupos étnico-raciais
discriminados, por meio de estratégias da transversalidade nas políticas
setoriais, do eixo da descentralização e do controle social. ( MADEIRA,
2020:157)
POLITICA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
RACIAL

REPRESSIVA VALORATIVA AFIRMATIVA


AÇÕES REPRESSIVAS

Visam a combater o ato


discriminatório, por meio da
legislação criminal como a que
tipifica o racismo como crime
inafiançável na CF de 1988,
regulamentada pela Lei Caó (Lei nº
7.716/1989);
Valorizativas
com o desígnio de combater os
estereótipos negativos construídos
historicamente, valorizando a pluralidade
étnica, como as leis 10.639/2003 e
11.645/2008 que torna obrigatório o
ensino da cultura e história dos Africanos,
Afro-brasileiros e indígenas nos
currículos escolares.
buscam garantir a oportunidade de acesso
dos grupos discriminados, ampliando sua
Afirmativ participação em setores da vida
a econômica, política, institucional,
cultural e social por tempo determinado.
Politicas de Ação Afirmativa

“... Podem ser definidas como um conjunto de


políticas públicas e privadas de caráter
compulsório, facultativo ou voluntário,
concebidas com vistas ao combate à
discriminação racial, de gênero, por deficiência
física e de origem nacional, bem como para
corrigir ou mitigar os efeitos presentes da
discriminação praticada no passado, tendo por
objetivo a concretização do ideal de efetiva
igualdade de acesso a bens fundamentais como
a educação e o emprego”. (Joaquim Barbosa –
Ministro do Supremo Tribunal Federal / STF)
Politicas de ação Afirmativa
 Como a lei das cotas sociais e raciais nas universidades federais (Lei nº
12.711/2012),
 Nas universidades estaduais do Ceará (Lei 16.197/2017)
 Cotas para os concursos públicos (Lei nº 12.990/2014), que reservam
20% das vagas para os que se autodeclaram negro/as.
 Cotas nos concursos e seleções públicas do Ceará 17.432/2021
 A modalidade de cotas raciais foi alvo de debates acalorados, resultado
de um país que exaltou a miscigenação/branqueamento e o mito da
democracia racial e adiou o debate sério sobre a pertença e as relações
raciais.
Dificuldades enfrentadas diante do recorte da temática etnicorracial nas
políticas públicas

 O caráter residual dessas políticas, com poucos investimentos e


fragmentação dos programas e ações;
 Ausência de uma base conceitual para a formulação dos programas e
ações que consiste, por parte do Estado, em entender as
determinantes do racismo para mudar a mentalidade;
 A insuficiente interconexão entre as desigualdades etnicorraciais e as
desigualdades sociais e o racismo institucional que promove a
desigualdade etnicorracial por meio da oferta hierarquizada dos
serviços, benefícios e oportunidades (THEODORO, 2008).
AVANÇOS INSTITUCIONAIS SIGNIFICATIVOS
 A CF/1988 trouxe significativos avanços, entre eles, a configuração do racismo como
crime inafiançável e imprescritível (Artigo 5º), regulamentada pela Lei Caó ( lei N.
7.716/89)
 Lei 10.639/03 e 11.645/2008
 Estatuto da Igualdade racial ( lei n. 12.288/10)
 Criação da SEPPIR em 2003
 A implantação das cotas raciais e sociais nas universidades federais por meio da Lei
12.711/12 e das cotas raciais para os concursos públicos ( Lei 12.990/14) que reservam
20% das vagas para aqueles que se autodeclaram negro.
 Avanço na conceituação do racismo institucional, como um dos principais entraves para
implementação e efetividade das politicas publicas 
 Implantação do modelo de politica públicas baseada na transversalidade e no controle
social, espaço participativo e democracia participativa.
Esses ganhos institucionais não guardam
unanimidade quanto ao seu significado no
Para Oliveira, essas
enfrentamento das desigualdades raciais estratégias não tocam no
cerne do problema, que é
entender que o racismo é
Para Oliveira (2016), ao afirmar que o tema da questão racial estrutural, e, como
ainda ocupa os subterrâneos da institucionalidade. elemento estruturante das
Essa situação tem levado o movimento negro a tomar algumas divisões de classe,
estratégias, como a presença maior de negros e negras na permanece na sociedade
máquina pública, na intenção de que sua presença possa ir capitalista, não ficou
eliminando o racismo institucional; outros fazem uma aposta restrito ao modo de
produção escravista
na formação dos agentes públicos por meio de capacitações,
colonial.
cursos, seminários, acreditando que o problema reside no
despreparo e má formação desses profissionais.
Década dos Afrodescendentes -2015-2024
 Objetivo de promover o
respeito, a proteção e o
cumprimento de todos os
direitos humanos e as
liberdades fundamentais
dessa população.
Tem negro/as e indigenas no Ceará ?
Politica de Igualdade Racial no Ceará – 2015-2020
 PIR visa melhorar a eficiência do setor público na efetivação da política de
promoção da igualdade racial, elaborando de forma sistemática uma gestão
coerente com o enfrentamento ao racismo, com metas explícitas de redução das
desigualdades sociorraciais e ações de fortalecimento/reconhecimento identitários
desses grupos étnico-raciais discriminados, por meio de estratégias da
transversalidade nas políticas setoriais, do eixo da descentralização e do controle
social. ( MADEIRA, 2020:157)
 CEPPIR/GABGOV – desde 2010 – transversalidade e articulação politica –
grupos de interesse população negra, povos e comunidades tradicionais : indígenas,
quilombolas, ciganos e povos de terreiros .14 Etnias indigenas , mais de 100
Comunidades Remanescentes de Quilombo ( 55 certificadas e nenhuma titularizada
), maior presença de Umbandistas.
AÇÕES DA CEPPIR 2015-2020

1. Ações de fortalecimento institucional de órgãos e conselhos


2. Capacitação dos agentes publicos
3. Capacitações e articulação com movimentos sociais
4. reuniões de articulação política e institucionais com secretários e gestores
estaduais e municipais – Transversalidade
5. acompanhamento e encaminhamento para resolução de conflitos fundiários
e regularização dos territórios das comunidades indígenas e quilombolas.
6. Politica de edital - Celebração de convênio com o Governo federal para
execução de projetos
7. Realização de Campanha Educativa
8. Ações no contexto de Pandemia do Coronavírus ( Covid-19)
CONSELHO ESTADUAL DE
PROMOÇÃO DA IGUALDADE
RACIAL - COEPIR
 Criação e implementação de instância de máxima
importância para a efetivação do controle social e
promoção da diálogo entre governo e sociedade, o
COEPIR, criado por meio da Lei nº15.953, de 14 de
janeiro de 2016, em pleno funcionamento e a iniciar
sua segunda gestão.

 Segunda gestão – 2018 -2020

 Terceira gestão – 2021-2023


CONFERENCIAS
 A I Conapir Em 2005 teve como tema:
Estado e Sociedade: promovendo a Igualdade
Racial
 II Conapir em 2009 com o tema os Avanços,
desafios e perspectivas da Política Nacional
de Promoção da Igualdade Racial
 A III Conapir, em 2013, teve como tema: A
democracia e desenvolvimento sem racismo:
por um Brasil afirmativo.
 A IV Conapir , em 2018, teve como tema:
Reconhecimento , Justiça , Desenvolvimento e
Igualdade de Direito
 Ceará realizou em 2017
CAMPANHA CEARA SEM RACISMO- Respeite Minha
História, respeite minha Diversidade

Buscar a igualdade racial a partir de uma


concepção ampliada de combate ao racismo
estrutural, com capacidade de envolver toda
a sociedade, com reconhecimento, estimulo e
compromisso do Estado de forma educativa e
democrática, incentivando as práticas que
contribuam para o aprimoramento da Justiça
racial no Ceará.
 Trata do combate ao racismo pelo viés do impacto
cultural
 Está em sintonia com a Década Internacional dos
Afrodescendentes (2015-2024)
 Interiorização do debate sobre os efeitos perversos
do racismo no Ceará
 Desenvolve um diálogo aberto e franco sobre
diversidade étnico racial num amplo espectro do
público alvo
 Vencedora do Premio Innovare em dezembro 2020
CONTEXTO ATUAL
 Contexto político pós- Impeachment da Presidenta Dilma
 Impactos nas politicas publicas e congelamento dos gastos no
âmbito da proteção social PEC 95
 Neoliberalismo Hiper reacionário
 Governo Bolsonaro – autoritário , populista , racista ,
LGBTfobico , antidemocrático
 Desestruturação da SEPPIR, inversão dos propósitos da
Fundação cultural Palmares e dos espaços de deliberação
pública e de controle social e politico
 Pandemia da Covid-19 – aspectos biológico/doença, politico,
jurídico , ideológico/cultural ( imaginário social), econômico
DESAFIOS DO CONTEXTO ATUAL
 Reorganização do mundo pós-pandemia – vida em constante risco
 Fortalecimento das politicas sociais públicas
 Criar uma ambiência democrática
 Pessoas brancas atuarem como aliados na luta antirracista- novos
agentes sociais com capacidade de reconhecer as consequências de uma
sociedade racializada – lugares de privilégios e a naturalização das
hierarquias raciais.
 Lutas antirracista – confronto com as estruturas que reproduzem as
desigualdades
 Antirracismo como diretriz : programa amplo de enfrentamento ao
racismo institucional
 Construir consensos em busca de um novo pacto civilizatório, cabe trazer
ao centro os conflitos contraditórios que fazem parte da sociedade, e
assim enfrentar o racismo, numa ambiência democrática para termos
justiça e igualdade.
OBRIGADA

zelma.madeira@uece.br
zelma.madeira@casacivil.ce.gov.br
Professora da Graduação e do Mestrado em Serviço Social da UECE
Assessora Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Ceará
POLITICA
PUBLICA PARA
IGUALDADE
RACIAL
Profa. Dra. Zelma
Madeira

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