Sabe-se que o Brasil é formado por uma diversidade étnica e cultural que o
coloca como país multicultural, consequência das miscigenações entre povos
díspares ao percurso de sua história. Entretanto, alguns dos grupos contextualizados nessa diversidade precisam de políticas educacionais peculiares que permitam assegurar os princípios constitucionais de modo igualitário para todos. Por conseguinte, vê-se o racismo ambiental enraizado mediante à população das periferias e favelas da cidade de Amapá (AP), além da precariedade exorbitante do transporte público, haja vista que a ação na organização social é preestabelecida por dificuldades com impactos e enfrentamentos significativos a curto e longo prazo. Verifica-se, assim, como marcador de desigualdade os impactos sociais, como por exemplo, áreas de ponte e conjuntos habitacionais se deparam com inúmeras dificuldades no processo de desenvolvimento da integração com pontos centrais da cidade A partir dessas verificações o recorte racial é relevante para este documento designado para o Congresso Nacional da Negritude do PSOL, pois será possível visualizar quais são os reais problemas que atinge a negritude macapaense, vislumbra-se a conscientização por parte da população em sua totalidade e o fortalecimento de um programa antirracista nacional inclusivo e holista. É de suma importância olhar a si para que o conhecimento se torne a sua formação de identificação e para que a identidade seja vista como o produto de diversas origens, ou seja, as origens são apenas a entrada de uma longa formação de trocas entre outros. Como diria o escritor Godoy (1999 p.79) “olhar a si é, então olhar ao ser do outro e ter a percepção desta mesma e particular no processo em cada um. Cada um é, além disso, o outro, múltiplo e cada múltiplo, por conseguinte, todos”. Quando se entende isso, acontece uma abertura para o outro e, assim, para si próprio. A procura de abrangência dos componentes estruturantes das ações, pautas e programas governamentais, em variáveis ambientes da vida social, tem cooperado para multiplicação de pesquisas acerca de políticas públicas setoriais, concernentes a uma rede de elementos empíricos que coaduna com o diálogo entre sua formulação e sua prática, isto é, o vínculo entre o que se sugere dar cumprimento e o que se realmente executa. Nesse ínterim, é relevante que a formulação de políticas públicas deva ser abarcada como o processo através do qual o governo de Amapá traduza suas finalidades em programas e ações, que produzirão efeitos ou as transformações desejadas no mundo legítimo, possuindo impactos no curto, mas consistindo como horizonte temporal transformador e primordial o longo prazo. Os maiores obstáculos à inclusão dos impactos e influencias das políticas públicas sobre a vida dos indivíduos estão no enfrentamento de elaboração e/ou acesso a identificadores de sua efetividade, isto é, em que alcance os objetivos e escopos que guiaram sua formulação têm sido adquiridos. Logo, as demandas da população LGBTQIAP+: precisam passar pelo processo de incentivo para o desenvolvimento econômico, cultural e educacional, sabe-se que os “corpos racionalizados” que transgridem os modelos de gênero e sexualidade, precisam de legitimidade, implementação e avaliação de políticas públicas, numa área de conhecimento que se estabelece pela multidisciplinaridade e com isso merece destaque as bases de ampliação para recursos a esse grupo social não tão somente apenas em momentos pontuais e celebrativos. Outro ponto crucial que precisa ser trabalhado com afinco é a educação. Atualmente, a legislação educacional em vigência estabeleceu níveis de ensino que admitem o preparo de modalidades da educação, garantindo os direitos e formalizando o ensino do nível básico nas fases de educação infantil, fundamental e médio (LDBEN 9.394/1996). No entanto, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s) Gerais para Educação Básica, preparou os níveis da educação existentes, e estabeleceu como categoria: Ensino Profissional Técnico de Nível Médio, além dos critérios operacionais para educação do campo, Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Indígena, Educação Especial, Diretrizes com base para atendimento aos jovens em situação de itinerância, bem como da Educação Escolar Quilombola. Todas são conduzidas pela Lei de diretrizes e Bases da Educação. Há, na configuração atual, uma busca por passagens que firmem as políticas públicas educacionais que colaboram para abordar a história e cultura afro-brasileira nas escolas. Nas comunidades quilombolas, por exemplo, buscam-se apoiar seus saberes, suas maneiras de vida particular, de modo a criar uma educação peculiar que aprecie o ambiente e sua ancestralidade. Tais diretrizes contribuem para garantir o desenvolvimento e respeito a valorização da cultura e arte nacional e regional. A formação do ensino nas escolas, além de adotar as diretrizes características para essa modalidade da educação, determina que a integração educacional esteja vinculada à cultura. Também promove uma pedagogia inerente, que leve em conta as especificações étnicas-raciais de cada comunidade, além de seus valores, tradição, crenças, civilização, cultura e história. Sabe-se que infelizmente o racismo estrutural se relaciona às condições de convivência desde quando os colonizadores brancos atribuíram a matança dos indígenas e da população negra escravizada e se desponta até os dias atuais. Trata- se de um contexto histórico, onde os privilégios e favorecimentos de uma determinada classe social orientam os vínculos de subalternidade de um povo sobre o outro, vigente nas instituições, na política, na economia e na cultura, provocando o genocídio de pessoas negras, o encarceramento em massa, a pobreza, a violência contra mulheres, principalmente a falta de empregabilidade que assola não apenas no estado de Macapá, mas no Brasil em geral. Sem falar que as moradias no Brasil seguem o padrão da especulação imobiliária, dos altos prédios e condomínios fechados em espaços para quem tem médio e grande poder aquisitivo, isto é, para atender a poucos. Em contrapartida, os ambientes inóspitos, por vezes alagados, encostas, em vilas, vielas, morros e favelas em total insegurança de moradia e de vida, abrigados ao povo negro e empobrecido. Infelizmente são essas pessoas que vivem desprovidas da atenção de políticas públicas de governos e de Estado, onde os serviços que são básicos não chegam ou quando advém é de modo muito precário, descontínuo e de má qualidade. Essa é a realidade e condição onde mora e como vive a maioria de trabalhadoras e trabalhadores pobres e negros, nas periferias e quebradas nas grandes cidades, e milhões de pessoas em cidades pequenas pelo o Brasil, onde a promoção a direitos fundamentais é uma utopia O direito de morar, ter acesso a alimentação, água potável, saúde, educação, transporte seguro, lazer, segurança, trabalho, é condição mínima indispensável para que as pessoas possam existir em seus territórios. O Amapá possui uma população predominantemente negra, com forte presença de comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. A negritude amapaense se caracteriza por sua rica cultura afrodescendente, presente nas tradições, culinária, religião e musicalidade. No entanto, a população negra ainda enfrenta desafios históricos como a violência também. Conforme o Atlas da Violência, divulgado em 2020, a taxa de homicídios de negros no Brasil deu um pulo de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes entre 2008 e 2018, o que concebe aumento de 11,5% no momento, intensificando a tese de que as vítimas por homicídio têm cor e classe social. Escancarando a realidade de um país assinalado desde sempre pelas desigualdades e pelo racismo vigente.