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ESTADO DO MARANHÃO

Prefeitura de Santa Luzia - CNPJ: 06.191.001/0001-47


Av. Nagib Haickel - CEP: 65.390-000 / Santa Luzia – Maranhão
DEPARTAMENTO PEDAGÓGICO – SEMED

SANTA LUZIA – MA
2022
Francilene da Paixão de Queiroz
Prefeita Municipal

Antônio da Silva
Secretário Municipal de Educação

Vilma Thécia Freire Muniz


Chefia de Gabinete

Elles Carvalho Chaves


Assessor Técnico Pedagógico

Enivalda Maria de Sousa de Oliveira


Assessora Técnica Pedgógica

Cláudia Carvalho Chaves


Coordenadora Pedagógica

Katia Vieira Silva


Coord. Curricular de História e Cultura Afro Brasileira
EQUIPE
GRUPO DE AÇÃO SEMED

Vilma Thécia Freire Muniz


Chefia de Gabinete

Cláudia Carvalho Chaves


Diretora de Departamento Pedagógico

Katia Vieira Silva


Coord. Curricular de História e Cultura Afro Brasileira

Franciana Oliveira Silva


Coord. de Divisão de Gestão Escolar

Rosangela Lima Sousa


Coord. da Divisão do Censo Escolar

Francineide Ferreira da Silva


Coord. da Divisão de Educação Infantil

Misael Silva de Jesus


Supervisor dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Gilcineide Lima Silva


Coord. da Divisão de Educação no Campo e EJA

Anderson Augusto Mota Serra


Coord. Da Divisão de Cultura Indígena
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5
2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 6
3. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA E LEGISLAÇÃO .......................................... 7
4. OBJETIVO GERAL........................................................................................ 14
4.1 Objetivos específicos; ............................................................................... 14
5. METODOLOGIA ............................................................................................ 15
5.1 Os métodos; ............................................................................................... 15
6. DIAGNÓSTICO PRELIMINAR ...................................................................... 17
7. LINHAS DE AÇÃO ........................................................................................ 18
8. RESULTADOS ESPERADOS ....................................................................... 19
9. CONCLUSÃO ................................................................................................ 19
10. CRONOGRAMA .......................................................................................... 20

REFERÊNCIAS
5

1. INTRODUÇÃO

Esse projeto faz parte do Programa Melhoria da Educação, do Itaú


Social, aplicado por especialistas e tutores do Centro de Estudos das Relações
de Trabalho e Desigualdades – CEERT, para coordenadores das Secretarias
de Educação de várias cidades do país.
As lutas pela equidade racial e de gênero simbolizam as ações
históricas da população brasileira resultantes de elementos estruturais de
nossa formação social, marcada inicialmente pela instituição escravista e pela
persistência do racismo. É importante que a secretaria de educação atue na
promoção da igualdade de oportunidades para estudantes da educação básica
da rede municipal de ensino, o que passa necessariamente por garantir os
princípios da equidade racial na formulação de currículo da rede.
Este documento, a partir de um diagnóstico preliminar sobre o grau de
implementação da “Equidade Racial” nas escolas da rede municipal de ensino
de Santa Luzia - MA, propõe um conjunto de iniciativas para a adoção
transversal e combinada dessas perspectivas, a fim de superar o patriarcado e
o racismo que estruturam as desigualdades, de um modo geral, no Brasil. A
redução de desigualdades de gênero e étnico-raciais diz respeito a necessárias
mudanças nas relações e representações sociais marcadas por formas
múltiplas e sobrepostas de discriminação, intolerância e violência (fatores
geracionais, identitários e de orientação sexual, religião, classe social, origem
nacional e regional, entre outros).

Os efeitos de tais sobreposições ou intersecções de desigualdades e


discriminações devem ser considerados nas ações públicas a favor do direito à
igualdade. Na decisão da Secretaria Municipal de Educação - SEMED de
promover a transversalidade da perspectiva de Equidade Racial em seu
âmbito. Considera-se a repercussão social dessa iniciativa, com orientações da
formação mediada da Tecnologia Educacional Gestão da Educação com Foco
na Equidade Racial, proporcionando o aperfeiçoamento profissional para
implantação deste Plano de Ação.

A presente proposta, solicitada pelo Itaú Social, sugere que a


Secretaria Municipal de Educação - SEMED crie um planejamento estratégico -
Plano de Ação Institucional, para que nos próximos anos, o enfoque Equidade
6

Racial com gênero/raça/etnia, tenha sua inserção institucional ligada aos


Currículos, PPs, Planejamento Estratégico, Projetos inseridos nas ações,
rotinas, relações regularizadas e interligadas com a administração, comunidade
escolar e com a sociedade, de modo a ser a trilha da inclusão de outras
junções e perspectivas para efetivar a lei de Equidade Racial no município.

2. JUSTIFICATIVA

Sobre a Tecnologia, as ações de combate à discriminação racial, entre


outros problemas sociais, precisam de reforço nos diferentes espaços da
educação pública de Santa Luzia – MA. Entender as questões e planejar
atividades que permitam a apropriação de conhecimentos de forma equilibrada
é fundamental.

Leva-se em conta a dimensão de autonomia da Secretaria Municipal de


Educação - SEMED, dada pelo seu caráter educacional, considerando-se
potencialidades, recursos e limites, em diálogo com a administração pública, o
Conselho Municipal de Educação – CME, parcerias com outras secretarias
municipais e as equipes pedagógicas. A proposta contém, além do diagnóstico
preliminar (o problema), os fundamentos conceituais e jurídicos para o seu
enfrentamento e superação, os objetivos, a metodologia e as ações iniciais
para o primeiro ano de trabalho.

Promover a Equidade Racial e superar o racismo é compromisso


urgente do município, não só os inadiáveis referentes à Equidade Racial, mas
também os compromissos para que todos sejam inclusos neste processo. A
não aplicação da “perspectiva de gênero, de raça/etnia” nas políticas públicas
acarreta consequências jurídicas para o país que aprovaram e legalizaram
suas leis pelas convenções internacionais. É dada especial atenção aos
fundamentos constitucionais e compromissos assumidos pelo país e pelos
estados para superação da desigualdade de gênero e do racismo.

O primeiro e talvez mais importante passo é reconhecer que o


problema existe e precisa ser enfrentado, pois a negação e naturalização do
racismo são fatores que contribuem para a sua perpetuação. A luta contra a
desigualdade racial não deve ser uma pauta exclusiva de um grupo formado
7

por aqueles diretamente afetados, mas um compromisso de todo e qualquer


cidadão. Trazer esse debate para dentro da instituição pública de ensino pode
ser o pontapé para a implantação de uma cultura antirracista no setor público.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA E LEGISLAÇÃO

O termo “equidade”, quando utilizado, é compreendido como “um


princípio de justiça redistributiva, proporcional, que se pauta mais pelas
necessidades de pessoas e coletivos e por um senso reparador de dívidas, do
que pela igualdade formal diante da lei. Equidade tem em sua etimologia o
termo latino aequus (nível, equiparado, justo).

Mais do que sanções o que importa são as implicações negativas das


desigualdades para a vida dos negros e dos índios em especial. 6 A
desigualdade de gênero/etnia/raça é um problema universal e é um obstáculo
para o desenvolvimento sustentável dos países. Para a Organização
Internacional do Trabalho (OIT, 2014), “as desigualdades de gênero e raça são
eixos estruturantes dos padrões de desigualdade social no país e que
determinam fortemente as possibilidades (desiguais) de obtenção de um
trabalho decente. Isso significa que, para compreender a matriz das
diferenciações e da exclusão social presentes na sociedade brasileira e, assim,
desenhar e implementar ações sociais e políticas públicas efetivas para
superá-las, é central considerar as dimensões de gênero e raça”.

Os governos brasileiros reconhecem, desde 1995, a existência de


racismo no Brasil. Os órgãos internacionais e nacionais de direitos humanos
também reconhecem o quanto o racismo impede o desenvolvimento da
sociedade brasileira como um todo em patamares de igualdade. A
desigualdade de gênero também foi reconhecida na mesma época e, por isso,
o Brasil aderiu à Plataforma de Ação de Viena (1992) e à Plataforma de Ação
de Beijing (1995).

Em 2013, o Ministério Público Federal (MPF) comprometeu-se


formalmente com a igualdade entre homens e mulheres, brancas/os e
negras/índios, quando aderiu ao programa governamental de equidade de
gênero e raça. Espera-se que efetivamente se fortaleça a promoção interna de
8

ações que a instituição considera recomendáveis às demais, do Estado


brasileiro. Têm sido ainda tímidas as iniciativas para estabelecer a igualdade
racial no ingresso e na ascensão nas carreiras de membros/as e servidores/as,
em especial de negros e índios.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é


umbilicalmente compromissada com a igualdade, “que não é apenas formal”,
como ressaltou Daniel Sarmento (2006, p. 62). A Assembleia Constituinte
partiu do princípio de que a sociedade brasileira é desigual e que uma das
causas é a discriminação em razão dos preconceitos de raça, que no Brasil são
fenotípicos, isto é, marcados principalmente pela cor da pele, permitindo ações
no sentido positivo, quando capazes de promover a igualdade constitutiva dos
objetivos fundamentais da República:

Construir uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a


pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação (Incisos I, III e IV do art. 3º).

Também foi incluída no texto constitucional a proibição da “diferença de


salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de cor”
(art. 7º, XXX); o dever do Estado “de proteger as manifestações das culturas
afro-brasileiras (art. 216, § 2º); e o direito à propriedade das terras ocupadas
por remanescentes de quilombos.

Desde o final da década de 1980, atos normativos e administrativos


foram concretizando as diretrizes e normas constitucionais. Embora com
dificuldades, “a ampliação das coberturas das políticas sociais teve impactos
importantes na redução da desigualdade entre brancos e negros e índios no
que diz respeito ao acesso aos serviços e benefícios” (JACCOUD, 2008, p. 58).

Só no final da primeira década do século XXI foi editada a Lei n.º


12.288, de 20/7/2010, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial. Seguiram-
se a Lei n.º 12.711, de 29/8/2011 e a Lei n.º 12.990, de 9/6/2014.

O Estatuto da Igualdade Racial é um marco referencial para a


legislação posteriormente editada e para as ações da administração pública em
todos os níveis, pois estabelece conceitos de discriminação racial ou étnico-
9

racial; desigualdade racial; desigualdade de gênero e raça; população negra;


população indígena; políticas públicas e ações afirmativas.

Assevera ser dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de


oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da
etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comunidade, especialmente
nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais e
esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
Além de invocar as normas constitucionais relativas aos princípios
fundamentais, direitos e garantias fundamentais e direitos sociais, econômicos
e culturais, o Estatuto adota como diretriz político-jurídica a inclusão das
vítimas de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o
fortalecimento da identidade nacional brasileira.

Prioriza alguns meios para promover a participação da população


negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social,
política e cultural do país, tais como:

I - Inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e


social;

II - Adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;

III - Modificação das estruturas institucionais do Estado para o


adequado enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas decorrentes
do preconceito e da discriminação étnica;

IV - Promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à


discriminação étnica e às desigualdades étnicas em todas as suas
manifestações individuais, institucionais e estruturais;

V - Eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais


que impedem a representação da diversidade étnica nas esferas pública e
privada;

VI - Estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da


sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de oportunidades e ao
combate às desigualdades étnicas, inclusive mediante a implementação de
incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no acesso aos recursos
públicos;
10

VII - Implementação de programas de ação afirmativa para o


enfrentamento das desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura,
esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia, meios de comunicação
de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.

Assim, fazem parte do conjunto normativo brasileiro, com status


supralegal, entre outros instrumentos internacionais, a Convenção Internacional
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (ICERD), o
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e o Pacto
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), a
Convenção n.º 111 sobre Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação
(OIT, 1958) e a Convenção contra a Discriminação na Educação (UNESCO,
1960).

Os países signatários são monitorados pelos Comitês que


acompanham o cumprimento das disposições e estão previstos nestas
Convenções. Além disso, por fazer parte da ONU, o Brasil está sujeito a outros
mecanismos do Conselho de Direitos Humanos e de sua Comissão para os
Direitos Humanos. O Estado brasileiro é signatário da maioria dos acordos
internacionais que asseguram de forma direta ou indireta os direitos humanos
das mulheres, bem como a eliminação de todas as formas de discriminação
baseadas no gênero assim como na cor/raça/etnia.

Também assumiu compromissos decorrentes de sua participação em


conferências da ONU, cujos resultados são apresentados sob a forma de uma
declaração final. As Conferências têm como objetivo criar consenso
internacional sobre as matérias discutidas e cada país tem a responsabilidade
de decidir como implementar os princípios aprovados pela conferência como
parte de suas políticas públicas (BRASIL, 2006).

Esses instrumentos representam a luta histórica dos movimentos


feminista e de mulheres para incluir na agenda internacional os direitos das
mulheres como direitos humanos, principalmente das mulheres negras. Estes
devem ser garantidos pelo Estado e observados pela sociedade. É de
competência dos Estados e governos implementar políticas públicas orientadas
por estes instrumentos internacionais, e da sociedade através de suas
11

organizações e instituições acompanhar seu cumprimento e colaborar com sua


reflexão e crítica para seu aprimoramento.

Segundo levantamento realizado pelo Observatório de Gênero do


Brasil, os principais documentos internacionais para a promoção dos direitos
das mulheres e da igualdade de gênero são:

 Carta das Nações Unidas (1945);

 Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948);

 Convenção Interamericana Sobre a Concessão dos Direitos Civis à


Mulher (1948);

 Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher (1953);

 Convenção da OIT nº 100 (1951): Dispõe sobre igualdade de


remuneração;

 Convenção da OIT nº 103 (1952): Dispõe sobre o amparo materno;

 Convenção da OIT nº 111 (1958): Dispõe sobre a discriminação em


matéria de Emprego e Profissão;

 Promulgada pelo Decreto nº 31.643, de 23/10/1952;

 Promulgada pelo Decreto nº 52.476, de 12/9/1963;

Promulgada pelo Decreto nº 41.721, de 25/6/1957;

 Promulgada pelo Decreto nº 58.820, de 14/7/1966;

 Promulgada pelo Decreto nº 62.150, de 19/1/1968;

Convenção da OIT nº 156 (1981);

Estende aos homens a responsabilidade sobre a família. Pendente de


ratificação:

 Convenção da OIT nº 171 (1990), Dispõe sobre o trabalho noturno;

 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação Racial - CERD (1966);

 Convenção Americana de Direitos Humanos, São José (1969);


12

Em seu primeiro artigo, o documento dispõe que “Os Estados-partes


nesta Convenção comprometendo-se a respeitar os direitos e liberdades nela
reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja
sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor,
sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem
nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição
social”.

Além dos tratados e declarações já indicados no item anterior dão


fundamento ao Plano os seguintes:

 Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966);

 Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Ensino (1967);

 Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,


Desumanos ou Degradantes (1984);

 Convenção sobre os Direitos da Criança (1989)20;

 Convenção nº 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais (1989);

 Declaração dos Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias


Nacionais Étnicas Religiosas e Linguísticas (1992);

 Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação Racial, reconhecendo a competência do Comitê
Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial para receber e
analisar denúncias de violação dos direitos humanos cobertos na
mencionada convenção;

 Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (1999);

 Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos


Indígenas (2007);

 Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial


e Formas Correlatas de Discriminação (2013);
13

 A Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Formas de


Discriminação Racial, da Organização das Nações Unidas (ONU)
assim define a discriminação racial, em seu artigo 1º: Significa qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor,
ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de
impedir ou dificultar o reconhecimento e/ou exercício, em bases de
igualdade, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos
campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da
vida pública.

Na Declaração da III Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia


e Intolerâncias Correlatas, lê-se, entre os argumentos iniciais:

Estamos convencidos de que racismo, discriminação racial,


xenofobia e intolerância correlata revelam-se de maneira
diferenciada para mulheres e meninas, e podem estar entre os
fatores que levam a uma deterioração de sua condição de vida,
à pobreza, à violência, às múltiplas formas de discriminação e
à limitação ou negação de seus direitos humanos.

Como assinalam os/as autores/as do Guia de Enfrentamento ao


Racismo Institucional, resultado de uma colaboração dialógica que reuniu
organizações feministas e antirracistas, instituições governamentais e
organismos do Sistema ONU, o reconhecimento do racismo como uma
dimensão estruturante da desigualdade social brasileira é fundamental para
enfrentá-la e significa assumir que esta dimensão “se manifesta e se expressa
em diferentes níveis, a partir de diferentes mecanismos”.

Entendemos que o racismo pode se expressar no nível pessoal e


internalizado, determinando sentimentos e condutas; no nível interpessoal,
produzindo ações e omissões; e, também, no nível institucional, resultando na
indisponibilidade e no acesso reduzido a serviços e a políticas de qualidade; no
menor acesso a informação; na menor participação e controle social; e na
escassez generalizada de recursos (GELEDÉS, s/d).
14

4. OBJETIVO GERAL

O objetivo dessa Tecnologia Educacional será um mediador das


dimensões das relações humanas para a Equidade Racial, do respeito,
proteção e cumprimento de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais das pessoas afrodescendentes e indígenas. Avançar articulando
políticas, projetos e práticas antirracistas e construtoras de equidade racial nos
sistemas de ensino, desenvolvendo ações que deverão contribuir com a
instituição escolar e para a redução do preconceito e discriminação racial na
escola, rendimento e evasão escolar, bem como a promoção da convivência
por meio do respeito à diversidade que deverão ser implementados através
deste Plano de Ação.

4.1 Objetivos específicos;

 Acesso e permanência igualitários para os diferentes grupos


populacionais;

 Aumentar o rendimento escolar de crianças adolescentes negras


indígenas;

 Diminuir a considerada evasão escolar de estudantes negros;

 Fomentar a representatividade étnico-racial no currículo, nos espaços


escolares e em materiais didáticos;

 Configurar a escola como espaço acolhedor e seguro, onde práticas


de preconceito e discriminação racial sejam coibidas e no qual o
projeto educacional vise à formação de sujeitos não racistas e
antirracistas;

 Conceder acesso à história e cultura afro-brasileiras e indígenas


como direito de crianças e jovens;
15

5. METODOLOGIA

Nesta Tecnologia Educacional, entenderemos que nosso papel,


enquanto classe educadora das outras pessoas é obter conhecimentos que
rompam com o cenário de desigualdade causado pelo racismo. Esse estudo se
fundamentará em diagnósticos, entrevistas, pesquisa qualitativa, quantitativa e
em campo, bem como pesquisa bibliográfica e documental utilizando
produções teóricas, música, contos, avaliação monitorada e a legislação
existente sobre o tema da questão racial na educação, em sites e artigos, leis
federais e declarações internacionais.

Por meio de diagnósticos, a situação de crianças, adolescentes e


jovens negras (os), reconhecerá as especificidades relacionadas às
populações indígenas e se apropriará de conhecimentos relacionados à
implementação de normativas que ampliem o acesso à diversidade étnico-
racial em um processo formativo com propostas de reflexões e práticas nas
escolas municipais.

Para os técnicos, gestores e profissionais da educação serve como


documento orientador, com conceitos e práticas de gestão para a Equidade
Racial que apoie no processo de implementação das leis nº 10.639/2003 e nº
11.645/2008.

5.1 Os métodos;

O planejamento estratégico tem sido feito mediante levantamento do


diagnóstico da rede municipal de ensino e o Plano de Ação: O último segue a
normatização do Ministério da Educação para as escolas públicas, Projetos e
Ações de Gestão aplicados nos currículos pedagógicos, nos PPs e
planejamentos educacionais. As atividades escolares podem ser sugeridas por
membros/as do campo pedagógico, que devem encaminhar suas propostas, as
quais são avaliadas “quanto à consistência do Grupo de Trabalho formalizado
pela Portaria Nº 070/2022 – SEMED de Santa Luzia - MA, dando à importância,
à necessidade para a realização das ações e à viabilidade administrativa da
gestão escolar”.
16

A escola é um espaço plural de reflexão crítica e dialógica com todos


os seus componentes, internamente e com a sociedade, para construir,
disseminar e aplicar saberes com o objetivo de concretizar para todos e todas
os direitos fundamentais e o Estado Democrático de Direito na luta pela
Equidade Racial.

Os projetos deverão compor o Calendário Escolar, onde os mesmos


serão classificados por modalidade da Educação Básica: (Educação Infantil e
Ensino Fundamental do 1º ao 9º Ano e Educação de Jovens e Adultos - EJA).
Pode-se incluir, no Plano de Atividades, aquelas que foram propostas pela
Secretaria de Educação ou pela própria escola.

É imprescindível à busca do conhecimento e da investigação para as


reflexões sobre o objeto pesquisado, exemplo (racismo). O olhar do
pesquisador não pode ser limitado, tendo em vista que a realidade é dinâmica.

A partir da compreensão da realidade é que se buscará traçar as


estratégias de intervenção para apresentar aos alunos, pais e comunidade
escolar, a importância de se valorizar a cultura do outro, reconhecendo-os
também, como sujeitos dos direitos. Para desenvolver as ações interventivas
através de questionários consideramos ser preciso compreender o pensamento
dos alunos, pais e funcionários sobre as questões tratadas neste trabalho como
segue:

 Se o conhecimento sobre a história do povo negro e indígena os faz sentir


valorizados e valorizar o outro;

 O que entendem por racismo e preconceito;

 Se já foram vítimas dessas ações e o que poderiam fazer para contribuir para
a melhor convivência e tolerância no ambiente escolar;

 O sentimento de pertencimento e de conhecimento de sua raça;

 Conhecimento de sua ascendência negra e indígena, tanto dos que se


declararam negros e pardos quanto dos que se declararam pertencentes as
outras raças;

 Percepção se o negro/afrodescendente é valorizado e reconhecido na


sociedade;
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 Conhecimento sobre a história do povo negro e origem desse conhecimento;

 Se sofreu preconceito e discriminação;

 Opinião sobre quais posições o negro pode ocupar na sociedade;

 Percepção e entendimento sobre os direitos humanos;

 Considerações sobre a importância de se combater o racismo na escola;

Como cada aluno é integrante da comunidade escolar poderá contribuir


para valorizar as diferenças e melhor convívio na escola. Objetivamos a partir
dessas ações descritas, dos dados coletados e dos resultados obtidos, ter
subsídios para ampliar as atividades voltadas para a valorização do
afrodescendente e indígena, trabalhar estas ações ao longo do ano letivo e
envolver os pais, alunos e comunidade escolar para assim contribuir para a
redução do preconceito e discriminação racial.

6. DIAGNÓSTICO PRELIMINAR

O diagnóstico preliminar feito pela Secretaria Municipal de Educação


- SEMED revisado e aprimorado mediante as decisões do Grupo de Trabalho,
encontrando dificuldade em adquirir informações do sistema proporcional à
realidade do município. O Plano de Ação propõe soluções e sugestões
metodológicas na medida em que venham a ser adotadas para suas
atualizações e novas práticas de registro e gestão de dados.

Isto significa rever padrões e rotinas, assim como formulários ou


cadastros que contenham os campos e as perguntas que permitem a coleta
das informações necessárias do Sistema PEGE - Programa Estatístico e
Gestor Escolar - Plataforma digital que integra Secretaria de Educação,
Escolas, Professores, Alunos/Pais/Responsáveis e o CENSO ESCOLAR 2021,
em sua execução, ao monitoramento e à avaliação das ações institucionais em
perspectiva de gênero e étnico-racial.

Após a atualização do diagnóstico em 2023, no que couber, pois é


preciso que permitam a comparação e o alinhamento com as bases de dados
da Escola, do PEGE e do Censo Escolar sobre o quadro de docentes e
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discentes e funcionários da educação e alunos. Destaca-se que o Diagnóstico


tenha informações organizadas ampliadas acerca dos/as integrantes de suas
carreiras, segundo as variáveis sexo, raça/cor, idades, cargos e funções de
chefia, titulações e resultado, em grande medida, da adesão institucional no
município de Santa Luzia – MA.

É importante destacar o caráter voluntário e auto declaratório.

7. LINHAS DE AÇÃO

 Diagnóstico preliminar dos dados;

 Políticas Institucionais Pedagógica e Científica (princípios, modalidades,


marcos teórico-históricos-metodológicos, normatização educacionais,
estratégias, atividades e prioridades);

 Política Editorial;

 Políticas de informação e de gestão do conhecimento;

 Pesquisa;

 Extensão;

 Avaliação;

 Comunicação social;

 Participação em redes interinstitucionais no campo educacional (Escolas de


Governo e outras instituições educacionais;

 Parcerias e diálogos com a sociedade civil organizada;

 Criar Ouvidoria;
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8. RESULTADOS ESPERADOS

Curto prazo: Mobilizar a gestão municipal e tê-la engajada para o


avanço das práticas de equidade racial na educação municipal; implementar o
Plano de Ação para a inserção da Equidade Racial nos processos de gestão e
pedagógico, com aval da governança; divulgação e socialização das ações
desenvolvida;

Médio prazo: orientar as estratégias da Secretaria Municipal de


Educação pelas leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008; inserir a questão da
Equidade Racial nos processos da Secretaria Municipal de Educação -
SEMED, no Currículo Municipal e no Projeto Político (PPs) das escolas, para
que os profissionais da educação sejam capazes de implementar ações de
Equidade Racial em seu cotidiano escolar;

Longo prazo: aumentar o desempenho, rendimento e reduzir a evasão


escolar entre crianças, adolescente e jovem negra (os) e indígenas; ter escolas
implementando PPs dotados de metas de Equidade Racial, levando em
consideração também as discussões de gênero e de direitos;

9. CONCLUSÃO

A palavra raça foi desconstruída e também vem sendo ressignificada,


seja nos sentidos afirmativos da contínua estrutura de novos significados por
coletivos e movimentos negros, seja nos usos estatístico-populacionais e em
estudos sobre racismo e discriminação racial. Neste caso, as categorias ditas
“raça-cor” contribuem para a produção de diagnósticos, avaliações e estudos
sobre o racismo (e as diversas formas de discriminação), para a compreensão
das barreiras de acesso a serviços públicos, em suma, subsidiam políticas
públicas e institucionais afirmativas, contra discriminatórias e de promoção da
igualdade.

A manutenção das categorias do IBGE, dentre outras justificativas, tem


em consideração que elas informam uma ampla gama de pesquisas e
indicadores sociais, portanto são ainda necessárias para as correlações entre
20

bases de dados públicas, de modo a que possam se manter comparáveis. É


importante destacar o caráter voluntário e auto declaratório. A longa história
das classificações utilizadas pelo IBGE remonta aos primeiros censos no Brasil
e se imbrica ao processo de construção identitária nacional. São classificações,
portanto não são imutáveis nem livres de ambiguidades.

10. CRONOGRAMA DE AÇÃO 2022 - 2023

TAPAS/AÇÕES ANO - MESES AÇÕES DAS ÁREAS


ESTRATÉGICAS
Elaboração e apresentação Reunião com GT e gestores da rede
do Plano de Ação municipal Mês 10 - 2022 municipal de ensino para implementação
de Santa Luzia-MA. do Plano de Ação
Normatização do Plano de Encaminhar ao Conselho Municipal de
Ação Municipal. Mês 10 - 2022 Educação o Plano de Ação para ser
normalizado e direcionado às escolas.
Mobilizar Políticas Palestras, divulgação na rede de ensino
Institucionais Pedagógicas Mês 10 e 11 de 2022 para os princípios, modalidades, marcos
e para apresentação do teórico-históricos-metodológicos,
Plano de Ação. normatização educacionais, estratégias,
atividades para combater o racismo.
Orientações para os Acompanhamento dos Coordenadores
Coordenadores de Mês 10 a 12 de 2023 no campo para divulgar, mobilizar e
Currículos dos Anos Iniciais conscientizar os profissionais da
e Finais da SEMED. educação.
Levantamento de dados no No ato da matrícula será atualizado todo
Sistema PEGE com Mês 01 - 2023 o sistema para informações e
campos obrigatórios para diagnósticos futuros da rede municipal
raça/cor/gênero. de ensino.
Parcerias e diálogos com a Mobilizar outras secretarias com
sociedade civil organizada; Ano 2022 e 2023 programas sociais para combater as
desigualdades no município;
Orientar as estratégias da Inserir a questão da equidade racial nos
Secretaria municipal de processos da Secretaria, no currículo
Educação pelas leis nº Ano 2022 - 2023 municipal e no Projeto Político (PP) das
10.639/2003 e nº escolas; ter profissionais da Secretaria
11.645/2008; capazes de implementar ações de
equidade racial em seu cotidiano

Aumentar o desempenho, Atividade das escolas implementando


rendimento e reduzir a PPs dotados de metas para Equidade
evasão escolar entre Racial, levando em consideração
crianças, adolescente e Ano 2023 também as discussões de gênero;
jovem negra (os) e
indígenas.

Oficinas educativas para Ano 2023 Oficina de sensibilização sobre questões


21

Equidade Racial de gênero e étnico-raciais para combater


racismo:
Oficinas de diagnóstico e proposição de
ações (no mínimo três):
Consolidação com as sugestões e
críticas realizadas nos questionários das
escolas;
Recurso Pedagógico Desenvolver estratégias para adquiri
Recurso Tecnológico Ano 2023
recursos necessárias no desempenho
Recurso Cultura
das ações através do Planejamento
escolar.

REFERENCIAS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. .Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais Anísio Teixeira ( INEP/DAES/GACGIES). Documento Orientador.
Especificidades do Instrumento de Avaliação Institucional Externa para as
Escolas de Governo (EGov), Brasília, 2016.

QUEIROZ, Tânia Dias, Temas transversais & conteúdos normais:


proposta prática de construção do conhecimento transversal: 1°ciclo. São
Paulo: Didática Paulista, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 8ª ed. São Paulo: Editora Paz e Terra,
1980.
MBEMBE, A. A crítica e a razão negra. São Paulo: editora N-1, 2018.

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai.


www.etnolinguistica.org

https://melhoriadaeducacao.org.br/
https://www.ceert.org.br/
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