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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
TIETÊ – SP
2023
UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
TIETÊ – SP
2023
Santos Ferreira, Helen Catarina dos.
PRECONCEITO RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: AÇÕES PRE-
VENTIVAS E INTERVENTIVAS DE COMBATE AO RACISMO / Helen
Catarina dos Santos Ferreira. - 2023.
....38 f. : il. color.
Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a).
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me fortalecer e capacitar. Muitos foram os percalços pelo caminho, mas
a cada dificuldade uma força me impulsionava a não desistir e eu creio que essa força, eras tu
Senhor, por isso, obrigada.
Gratidão a meu esposo Francisco pelo incentivo, pela paciência e parceria de sempre. Te amo.
Aos meus filhos Miguel e Isaac com carinho, vocês são o melhor combustível e minha maior
motivação. Aos meus pais Iva e Francisco, obrigada por todo o apoio.
Por fim e não menos importante, agradeço a(o) professor(a) orientador(a) Dra. Merilyn
Escobar de Oliveira, por me orientar neste trabalho de conclusão de curso.
Gratidão!
“Estamos num país onde certas coisas graves e
importantes se praticam sem discurso, em silêncio, para
não chamar a atenção e não desencadear um processo de
conscientização, ao contrário do que aconteceu nos países
de racismo aberto. O silêncio, o ímplicito, a sutileza, o
velado, o paternalismo são alguns aspectos dessa
ideologia”.
Kabengele Munanga
RESUMO
O racismo é uma mazela que acomete centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. Por
acreditarmos que tal fenômeno carece de prevenção e intervenção, traremos à luz iniciativas
que tem impactado positivamente e fortalecido o enfrentamento do racismo. O presente traba-
lho tem como objetivo promover reflexões sobre o racismo cometido no âmbito escolar contra
crianças na educação básica, almejamos que dessas reflexões surjam ações que inspirem e
transformem essa tão dolorosa realidade. Partindo da urgência e relevância dessa pauta, que
necessita ser amplamente discutida, expondo seus aspectos mais implícitos, clarificando o que
para muitos tem sido ocultado, principalmente no quesito educacional. Realizamos estudo bi-
bliográfico para contextualizar a infância desde os primórdios até os dias atuais, perpassando
pelo cenário educacional atual, com suas potencialidades de enfrentamento e fragilidades so-
bre o a prevenção e combate ao racismo
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8
II – MÉTODO ......................................................................................................................... 28
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo proporcionar reflexões a cerca do tema proposto
que é o racismo nas escolas de educação infantil, intuindo mensurar os impactos causados
pelo preconceito contra crianças negras e pardas, que caracterizam parte da vasta população
negra no Brasil.
Utilizaremos o método qualitativo através de pesquisa bibliográfica. De acordo com
Gil (2022) a pesquisa bibliográfica é definida da seguinte maneira:
apenas um entre diversos maus tratos sofridos pela população negra no Brasil.
Adentraremos em períodos de mudanças no que remete a infancia, onde o capitalismo
1
promove a necessidade do aumento de mão de obra, fazendo com que os grandes centros não
suportem tantas pessoas, e com que haja uma desvalorização ainda maior da força de trabalho,
já que não podia-se mais escravizar, pagava-se pouco por jornadas exaustivas de trabalho. De
acordo com Del Priore (2010, p.347) “Houve um século em que as crueldades contra as
crianças ficou ainda mais latente, muitas crianças vítimas de abandono e violência por parte
de seus próprios pais, onde o poder público teve que untervir”. Nesse período surgiu um novo
olhar para a infância no Brasil, com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e em
1993 com o marco da infância e da juventude o Estatuto da Criança e do Adolesecnte – ECA.
Abordaremos o surgimento da educação no Brasil, desde os conhecimentos passados
de pai para filho, assim como o inacesso do conhecimento pelos pobres, período em que o
conhecimento era fragmentado e as formas de conhecimento mais cultas eram destinadas
apenas aos ricos e sacerdotes até chegarmos nos dias atuais. De acoro com Terra (2014, p.06)
“as pessoas que vinham das classes mais baixas da sociedade só poderiam adquirir
conhecimento através do dia a dia das trocas de experiência ou das escolas técnicas, já os
negros só restará a obediência”.
Avançaremos para o marco regulatório da educação brasileira concebido através da
Lei 13.679 de 2013, sendo ela a Lei de Diretrizes de Bases responsável por nortear e conduzir
o ensino público e privado brasileiro no que remete a educação infantil, ensino infantil, ensino
médio regular, ensino para jovens e adultos e ensino superior.
Entraremos no celeiro do racismo, conheceremos suas formas, mas enfatizaremos o
preconceito racial como o nosso objeto de estudo. Conheceremos como se manifesta o
recismo na educação infantil. E por fim, apontaremos estratégias de prevenção e combate ao
racismo infantil.
1
Capitalismo: (ca.pi.ta.lis.mo) sm.pl. Econ. Sistema socioeconômico caracterizado pela propriedade
privada dos capitais, por um mercado livre e competitivo e pela produção voltada para o lucro. (De capital +
ismo). (Bechara, 2011, p. 380)
11
Tabela 1
Não é possível precisar o número da população indígena que habitava o Brasil na épo-
ca do descobrimento, mas de acordo com IBGE (2023) “estimava-se que estavam na casa dos
milhões, porém o despovoamento fez com que estas pessoas fossem extintas em grande escala
e atualmente não ultrapassam trezentas mil pessoas em todo o Brasil”.
13
De acordo com DEL PRIORI (2000) após o descobrimento várias embarcações vieram
de Portugal para o Brasil, no intuito de povoar o nosso país e modificar o cenário
populacional existente. A tripulação dos navios eram compostas por homens em sua maioria
sentenciados por crimes pela coroa portuguesa, entre outros como revela fragmento do texto
a seguir:
“No entanto, poucos sabem que, além de muitos homens e das escassas mulheres
que se aventuraram rumo à terra de Santa Cruz nas embarcações lusitanas do século
XVI, crianças também estiveram presentes na epopéia marítima. As crianças subiam
a bordo somente na condição de grumetes e pajens, como órfãs do Rei enviadas ao
Brasil para se casarem com os súditos da Coroa, ou como passageiros embarcados
em companhia dos pais ou de algum parente”. (DEL PRIORE, 2010, p. 19)
Embora houvessem alguns critérios para que crianças estivessem presentes nas
embarcações, era comum que crianças embarcassem sozinhas, com permissão de seus pais,
que trocavam a força de trabalho de seus filhos por soldos4 pagos pela Coroa portuguesa.
Vejamos como eram tratadas as crianças nesses navios:
“Em quaquer condição, eram os “miúdos” quem mais sofriam com o difícil dia a
dia em alto mar. A presença de mulheres era rara, e muitas vezes, proibidas a bordo,
e o próprio ambiente nas naus acabava por propiciar atos de sodomia que eram
tolerados até pela Inquisição. Grumetes e pajens eram obrigados a aceitar abusos
sexuais de marujos rudes e violentos. Crianças, mesmo acompanhadas dos pais,
eram violadas por pedófilos e as órfãs tinham que ser guardadas e vigiadas
cuidadosamente a fim de manterem-se virgens, pelo menos, até que chegassem à
colônia”. (DEL PRIORE, 2010, p. 19)
Em Portugal as crianças eram visas como seres sem valor, estando apenas um pouco
acima dos animais. De acordo com DEL PRIORE (2010, p. 22) afirma que: “para manter
sobre controle o crescimento da população Judaica em Portugal, muitas crianças judias eram
sequestradas de suas famílias e entregues a Coroa portuguesa para integrar as tripulações”. Os
judeus em suma possuiam recursos para sobreviverem, não recorriam a venda da força de
trabalho de seus filhos para se manterem, realidade que diferia da portuguesa.
2
Miúdo: (mi.ú.do) adj. 1 Muito pequeno, diminuto. [Antôn. graúdo.] §miúdos sm.pl. (Bechara, 2011, p.
835).
3
Curumim: (cu.ru.mim) sm.AM Menino, garoto. [Pl: curumins] [Do tupi]. (Bechara, 2011, p. 473)
4
Soldo: (sol.do) [ô] sm Bras. Salário de militar. (Bechara, 2011, p. 1058)
14
5
Gentio: 1 Indivíduo que professa o paganismo. 2Indivíduo que não é civilizado, bárbaro, selvagem.3
Indígena, índio. (Bechara, 2011, p..673)
15
MESGRAVIS (2020), enfatiza que embora os índios ouvissem suas pregações, eles
não se convertiam ao evangelho pregado e tampouco abandonavam seus costumes, como
veremos no trecho a seguir:
Através das falas das autoras fica nítida a forma como a infância era compreendida
naquela, época, onde as crianças portuguesas eram tratadas como pequenos adultos falantes,
sendo expostas a todos os tipos de riscos, tendo que realizar atividades semeslhantes as dos
adultos, e em questão de apreço estando apenas um degrau acima dos animais. Já as crianças
indígenas eram vistas como folhas em branco passíveis de qualquer preenchimento que se
desejasse realizar por parte dos jesuítas e literalmente conduzidas a perda de sua essência e
crenças, ímpelidas a professar uma fé impposta e usadas para manipular e convencer os índios
adultos a se converterem ao evangelho pregado pelos jesuítas.
16
Os negros não vieram para o Brasil, pois o verbo “vir” denota escolha. De acordo com
PRINSKY (2010) eles foram trazidos contra a vontade, para serem escravizados até exaurir
suas forças, sendo a melhor opção em um cenário de mais valia idealizado pelos grandes
produtores e ruralistas do Brasil, vejamos o que diz o autor:
Diante dessa estrutura de escravização, os negros trazidos para o Brasil tinha em média
entre 15 e 24 anos, não havia predileção por idosos e crianças, por não possuirem grande
capacidade laborativa. De acordo com DEL PRIORE (2010) “pouquissimas crianças negras
vieram trazidas para o Brasil, mas não demorou para as mulheres negras começarem a
procriar. Porém eram impedidas de viver a maternidade em sua plenitude”. Isso porque o
grande interesse dos patrões era que essa escrava que teve bebê, sirva de ama de leite para os
filhos dos patrões, a autora materializa essa ideia a seguir:
Para os donos, a maior serventia das crianças nascidas no lugar era o fato de tornar
possível a existência de uma mam de leite para alimentar seus filhos. Mas para isso,
não havia necessidade de sobrevivência do filho da escrava. Essa mentalidade,
certamente não deliberada e clara, mas sutil, tornava a vida de uma criança escrava
pouco valorizada. Mas a ama de leite era importante e o aleitamento era visto como
valioso, tanto pela Igreja como pelos conceitos médicos vigentes e assim, as
mulheres escravas que davam à luz , eram empregadas como fornecedoras de
alimento para crianças de outras categorias. Chegavam a ser alugadas por um bom
preço para essa finalidade. Isso, evidentemente prejudicava seus próprios filhos que
muitas vezes sofriam grandemente com a escassez do leite materno. (DEL PRIORE,
2010, p. 114)
O século XX é marcado por um cenário em que a infância é marcada por altos índices
de criminalidade. De acordo com Del Priore(2010), uma ordem social foi estabelecida, com a
libertação dos escravos e com a vinda de muitos imigrantes para o Brasil, para suprir a
escassez de mão de obra em meio a industrialização. As pessoas eram definidas como
trabalhador ou vagabundo, para as crianças ficava também decretado o trabalho ou o crime.
De acordo com DEL PRIORE (2010), houve o aumento dos empregos em fábricas e as
jornadas exaustivas a que muitos operários eram submetidos não eram suficientes para
conseguir o mínimo necessário para sobreviverem. Por esta razão, muitas crianças eram
submetidas a jornadas de trabalho semelhantes a dos adultos, como revela a autora no trecho a
seguir:
Veio um século no qual muitas crianças e jovens experimentaram crueldades
inimagináveis. Crueldades geradas no próprio núcleo familiar, nas escolas,nas
fábricas e escritórios, nos confrontos entre gangues, nos internatos ou nas ruas entre
traficantes e policiais. A dureza da vida levou os pais a abandonarem cada vez mais
os filhos e com isso surgiu uma nova ordem de prioridades no atendimento social
que ultrapassou o nivel da filantropia privada e seus orfanatos, para elevá-las as
dimensões de problema de Estado com políticas sociais e legislações específicas.
(DEL PRIORE, 2010, p. 347)
O artigo 227 da Constituição Federal afirma que será “com absoluta prioridade” que
se deverá assegurar os direitos às crianças e aos adolescentes, princípio que se
repetirá no parágrafo único do arigo 4º do ECA, a garantia da prioridade
compreende primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias,
precedência no atendimento de serviços públicos ou de relevância pública,
preferência na formulação e execução das políticas sociais públicas; destinação
privilegiada de recursos
públicos nas áreas relacionadas com à proteção à infância e à juventude. (DEL
PRIORE, 2010, p. 366)
De acordo com SAVIANE (2016), o homem precisa construir sua própria existência ,
o homem só existe em sociedade e a educação é o eixo norteador das civilizações, vejamos o
que diz a autora no trecho a seguir:
TERRA (2014) explica que as primeiras escolas no Brasil foram criadas em 1549
pelos padres jesuítas. O acesso a educação no Brasil por muito tempo foi um privilégio para
poucos, apenas as famílias donas de muitas posses podiam investir para que seus filhos
recebecem formação, o que em suma consistia em longos anos no exterior. Tudo o que se
aprendia era passado de pai para filho, nas tribos os ensinamentos eram transmitidos de
acordo com o aprendido com os ancestrais, vejamos o que diz a autora sobre a educação da
época:
“...nas sociedades tribais a educação era difusa, as crianças aprendiam com os
adultos, imitando os seus gestos e comportamentos, a “educação era para a vida e
por meio da vida”. Todo conhecimento deveri ser transmitido, pois ele era uma
questão de sobrevivência. Com a sedentarização, o desenvolvimento de técnicas, da
escrita, da urbanização e do comércio alteram as relações e surgem diferenças na
organização social que se refletem também na educação. Se antes ela era integral e
universal, ela se tornava, então, privilégio, saindo do espaço natural de convivência
para um lugar específico. Surgem as escolas.” (TERRA, 2014, p.02)
Não por acaso, o saber e a cultura nos grandes impérios eram privilégio dos
sacerdotes. Depositários do conhecimento sobre as competências mais altas e
complexas, a poderosa casta dos religiosos controlava sua irradiação segundo
critérios bem definidos. As ciência esotéricas e sagradas eram restritas a formação
de sacerdotes. Os estudos “intelectuais”, como matemática, geometria e astronomia,
além de noçoes sobre valores morais e filosóficos, eram exclusivos para as classes
dominantes. O dominio da leitura e da escrita elevou os escribas a um status
intermediário de trabalhador qualificado. Para os segmentos ou classes considerados
inferiores – artesãos, camponeses, artistas e guerreiros – eram reservadas as técnicas
elementares de produção, transmitidas de pai para filho ou na prática nas oficinas de
ofício. Na base da pirâmide social, aos escravos era ensinado apenas um conceito
fundaental – a obediência. (TERRA, 2014, p.06)
20
Ao longo desse tempo, a educação passou a ser realizada à luz dos novos conceitos
da Patrística6. A pregação da época dos apóstolos é substituída pela catequese. (do
grego, instruir por meio de perguntas e respostas). A mesma palavra originou a
expressão catecismo (compêndio7 de uma ciência ou doutrina religiosa). Surgem as
primeiras escolas que preparavam os adultos para recebr o batismo. Quando as
crianças foram admitidas nesas escolas, passou-se a ensinar leitura, escrita e canto.
Além da instrução religiosa. (TERRA, 2014, p.28)
O século das Luzes teve princípio e consolidou-se ancorado nas ideias de grandes
filósofos que com seus pensamentos subsidiaram o iluminismo, trazendo elementos para
reflexão da sociedade pelos detrimentos sofridos por séculos, vejamos a seguir:
6
Patrística: Filosofia de origem cristã que, tendo por base o cristianismo e sendo estabelecida pelos
Santos Padres da Igreja Católica, vigorou nos primeiros séculos da era cristã e, dentre outras coisas,
buscava combater a descrença individual ou o aparecimento de novas religiões, especialmente aque-
las derivadas do platonismo e do aristotelismo. Ideologia ou ciência que se dedica ao estudo da dou-
trina dos Santos Padres da Igreja Católica; história ou qualquer narrativa que tem por base essa ideo-
logia. Etimologia (origem da palavra patrística). A palavra patrística deriva do latim eclesiástico “pa-
trística”, pelo francês patristique, com o sentido de “doutrina dos Santos Padres”. (DICIO,
https://www.dicio.com.br/patristica/)
7
Compêndio: Publicação que resume um assunto para estudo. Compêndio de biologia. 2 Resumo, síntese. (Do
lat. Compendium, ii). (Bechara, 2011, p.432)
21
Originado a partir de ideias de filósofos como John Lucke, Baruch Spinoza e Pierre
Bayle, o Iluminismo promovia o intercâmbio cultural em oposição à intolerância e
aos abusos de poder da Igreja e do Estado. Apesar de suas posições “subversivas”, o
movimento conquistou simpatizantes e recebeu apoio dos membros da nobreza e até
príncipes reinantes, que tentaram aplicar seus conceitos em seus planos de governo.
(TERRA, 2014, p.45)
Somente após este período de luta e de ruptura é que as camadas mais empobrecidas
da população começaram a acessar a educação, mas para tanto se fez necessário a estrturação
de um sistema que contemplasse integralmente os mais variados tipos de conhecimento, assim
surge o ensino integral, vejamos abaixo:
A LDB é uma lei “pesada”, que envolve muitos interesses orçamentários e interfere
em instituições públicas e privadas de grande relevÂncia nacional como escolas e
universidades. Não teria qualquer condição de passar com um texto “avançado”, no
sentido de ser “a lei dos sonhos do educador brasileiro”. Como o congresso
brasileiro é sobretudo um “pesadelo”, as leis importantes não podem deixar de sair
com sua cara e são, pelo menos em parte, também um pesadelo. Lei realmente “boa”
22
Para DEMO (1997, p.11) “a lei não tem o caráter utópico, embora tenha contribuído
para delimitar a atuação profissional de diretores, coordenadores supervisores, diretores,
enfim, de todos os agentes envolvidos no âmbito educacional”, assim, comopropor estratégias
que tornem o ensino mais atratativo, em suma, não foi plenamente alcançado. A LDB foi
atualizada em 04 de maio de 2022, pela Lei nº14.333.
De acordo com LIMA (2022, p.13) “A LDB é uma lei nacional que disciplina a
educação escolar tanto em escolas públicas, quanto privadas, sendo a lei mais importante da
educação brasileira”. A lei inclinada para a gestão democrática, oferecendo aos docentes e
discentes possibilidades de novos meios de atuação e aprendizagem, vejamos o que diz a Lei
em relação a educação:
II. Educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade: : (Incluído
pela Lei 12.746, de 2013)
23
IV. Acesso público e gratuito dos ensinos fundamental e médio para todos os que
não concluíram na idade própria. (Redação dada pela Lei 12.746, de 2013).
VII. Oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com caracte risticas e
modalidades adequadas às suas necessiddes e disponibilidades, garantindo-se aos
que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola.
Como dito pelos autores, todas as culturas são essenciais para o surgimento de outras
culturas. Porém, muitas culturas se sobrepõem a outras, julgando-se superiores, chegando a
travar verdadeiras guerras por considerar que a cultura do outro é ruim, para tal preconceito
BORGES; MEDEIROS E D’ ADESKY (2002,0p.8) reforçam que: “O etnocentrismo é a ten-
dência que todas as culturas têm de considerar superiores seus próprios valores e crenças”.
A história de nosso país passou por períodos extremamente difíceis onde o
autoritarismo e intolerância predominaram, gerando perda irreparáveis, inclusive, de vidas
humanas. Porém, o Brasil não foi único, podemos dizer que o mundo padecia por tanta
ignorância e extremismo, foi nesse contexto que a aputa sobre direitos humanos passou a ser
evidente e urgente, vejamos o que diz os autores a seguir:
8
Racismo: Doutrina que prega a superioridade uma raça sobre as outras. 2 Práticas de preconceito raci-
al. (De raça + ismo). (Bechara, 2011, p.979)
25
CAVALLEIRO (2010, p.32) enfatiza que no âmbito educacional os negros tem ficado
aquém dos demais, “se intensificando com o currículo pedagógico que exclui da história
vários autores negros, assim como professores que adotam o silêncio para não se posicionar
mediante situações de racismo para com seus alunos ou com eles mesmos”, como clarifica a
autora no trecho abaixo:
Na escola pública de primeiro grau é possível verificar a existência de um ritual
pedagógico que, para Luis Alberto Gonçalves vem reproduzindo a exclusão e,
consequentemente, a marginalização escolar de crianças e jovens negros. Para ele
“o ritual pedagógico do silêncio” exclui dos curriculos escolares a história de luta
dos negros na sociedade brasileira e “impõe Às crianças negras um ideal do ego
branco”(APUD. GONÇALVES, 1987, p.28)
Penso que a não percepção do racismo por parte das crianças também está ligada a
estratégia da democracia racial brasileira, que nega a existência do problema, A
ausência do debate social condiciona uma visão limitada do preconceito por parte do
grupo familiar, impedindo a criança de formar uma visão crítica sobre o problema.
Tem-se a ideia de que não existe racismo, principalmente por parte dos professores,
por isso não se fala dele. Por outro lado, há a vasta experíência dos professores em
ocultar suas atitudes e seus comportamentos preconceituosos, visto que estes
9
Minoria: Inferioridade em número. Uma minoria votou. 2 Antrop. Comunidade com caracte-
rísticas diferentes das da sociedade em que está inserida. (Do lat. Minor, oris (menor) + ia¹). Bechara,
2011, p. 832.
26
É possível afirmar que os danos causados pelo racismo são inúmeros, principalmente
quando se ainda é criança, não se sabe do que “riem” nem “porquê” riem, tampouco, se
compreende o não ser bonito pelo seu cabelo crespo, seus lábios grossos, seu nariz mais largo,
o tom escuro de sua pele todas características de pessoas negras que, infelizmente, os faz
sofrer discriminação, ridicularizando sua aparência, os fazendo se sentir inferiores. Porém, o
preconceito pode não doer somente na alma, mas pode também ser empreendido também
através da violência, manifesta nas suas mais variadas faces, dentre elas a física.
27
Segundo CAVALLEIRO (2010) muitos professors não sabem lidar com a questão do
racismo em sala de aula e por vezes acabam por culpabilizar a vítima, há muitas falas que
permeiam não somente o imaginário, mas também as falas de muitos profissionais da
educação, que infelizemente em suma não estão preparados para desenvolver projetos que
contribuam para um abiente escolar não racisita.
28
II – MÉTODO
africano, onde eram trancafiados em grandes embarcações, entituladas “navios negreiros” que
singravam os mares rumo ao Brasil.
Esta pesquisa trata do preconceito sofrido por crianças negras, e neste momento da
história, pudemos acessar informações de como era a vida das crianças negras escravizadas
em solo brasileiro. A violação direitos ocorria desde o nasciento, onde muitas das vezes esses
bebês não consumiam o leite materno, pois suas mães eram vendidas como amas de leite,
sendo incubidas de amamentar bebês brancos, deixando o seu rebento abandonado a própria
sorte. Quando crescidos com idades entre 5 e 12 anos, já eram inseridos na rotina de fazeres
dosmésticos, servindo os patrões e demais empregados, sem direito a afeto, alimentação e
vida digna, em suma traziam no nome o ofício, ex: Maria Mucama, João Pintor, etc.
Analisamos que o cenário pós escravidão foi muito caótico, pois os negros
escravizados foram libertos de seus cativeiros, passaram a ser homens e mulheres livre,
porém, foram despedidos de mãos vazias, sem dinheito ou terras, sem emprego remunerado
ou perspectiva de futuro, onde sucubiram a margem da sociedade, passando a aderir a
mendicância e a cometer delitos como forma desesperada de sobrevivência. Sucederam-se
longos tempos em que a infância neste país contemplou o mais cruél abandono, que só foi
atenuado pela promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1993.
Também discutimos aspectos legais sobre a educação infantil através da Lei de Diretrizes de
Base da Educação, onde identificamos que há a necessidade de melhor capacitar os
professores para lidar com situações e racismo e abordá-las de forma a contribuir com uma
educação igualitária e sem preconceitos.
O ambiente escolar por muito tempo foi restrito as pessoas de pele clara e
potencialmente ricas. Houve uma longa trajetória de lutas para que as pessoas sem poder
aquisitivo e negras pudessem adentrar nesses ambientes. Até hoje vivemos os resquícios dessa
segregação, que afeta com maior força as crianças negras.
Compreendemos através da pesquisa que há muitos profissionais empenhados em
contribuir para um ambiente escolar equitativo e livre de preconceitos, mas também nos
deparamos com metodologias ultrapassadas e que potencializam o racismo. Lém de um
currículo educacional ultrapassado, que não contempla todos os atores realmente envolvidos
na história da construção desse país. A pesquisa mostrou-se de muita relevância, pois nos traz
parâmetros para uma atuação profissional que seja amparada num olhar mais aguçado,
comprometido e direcionado, tornando a ação realmente eficaz.
Findamos por observar que os danos oriundos do racismo na vida das crianças podem
gerar danos extensos, tais danos podem ser evitados, carecendo que seja adotado por parte de
30
toda a sociedade com ênfase no âmbito escolar uma postura de enfrentamento da questão
racial, tão pormenorizada por muitos. Há a real necessidade de expormos sobre as males
trazidos pelo racismo, de forma direta e clara.
A pesquisa teve como focos: os alunos, os professores, o abandono sofrido por muitas
crianças no período da industrialização, também dos avanços legais em prol da infância no
Brasil como a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Trouxemos as crianças
vítimas de preconceito racial e os danos sofridos em decorrência do racismo. A pesquisa
passou por três estapas, sendo elas: levantamento bibliográfico; leitura e fichamento das obras
escolhidas e elaboração do projeto de pesquisa.
O tempo de duração foi do dia 24 de março de 2023 à 10 de maio de 2023.
31
Através da pesquisa empreendida foi possível compreender através da autora Mary Del
Priore a saga das crianças em solo brasileiro, que é retratada em suas mais variadas
expressões, abrangendo crianças portuguesas, indígenas, negras, imigrante, infratoras,
marginalizadas. A autora também nos fez percorrer pelos caminhos árduos de outrora, onde a
desvalorização da infância era pano de fundo, em uma sociedade não habituada ao cuidar e
proteger esses frágeis seres. Ao analisarmos sua obra “A história das crianças no Brasil”, nos
deparamos com uma história inicialmente triste, mas que revelou a construção social de novos
rumos para a infância, através do acesso ao sistema de garantia de direitos, com a
promulgação da Constituição Federal (1988), que possiblitou que em 1990 fosse estabelecido
o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, um grande marco que delimitou direitos e
deveres previstos em forma de lei. É inegável que muito se conquistou em prol dos direitos
das crianças, mas não podemos ser alheios ao fato de que, ainda há muito a desbravar.
O preconceito racial é claramente retratado tanto por Del Priore, quanto por Prinsky,
onde os autores estabelecem o quanto a crueldade era empreendida pelos que cometiam atos
racistas. O rebaixamento intelectual sofrido pelo povo negro, a escravização a que foram
submetidos, o abandono a própria sorte após a abolição da escravatura, sendo lançados a
liberdade de mãos vazias e sebdo desqualificados para exercer funções remuneradas, restando
apenas a margem da sociedade onde ainda muitos de nós permanece. Prinky nos traz em sua
obra exatamente o sentimento do negro arrancado de seu pais, do seio de sua família, que em
muitos casos eram famílias de posses, homens culturalmente desenvolvidos, com inúmeras
potencialidades, com altos níveis de inteligência, desempenhando funções de destaque em
seus lugares e que foram bruscamente arrancados de sua terra mãe, forçados a realizarem os
piores e mais dolorosos trabalhos, tratados como inferiores até mesmo aos animais, sendo
odiados gratuitamente, por um único fato: possuir pele negra.
Embora o Brasil seja um pais onde o racismo não é escancarado, como em outros
países como o Estados Unidos da América, isso não significa que isto seja verdade. No Brasil
há racismo e em grandes proporções, tal prática está enraigada em boa parte da nossa
população, transparecendo nas falas, piadas, oportunidades, salários e etc.evolução deste país
Através da leitura e análise empreendida das obras dos autores consultadas, fica nítida
que a história do povo negro não foi inclusa na história deste país, resumindo-se apenas a
escravização deste povo. Porém, os negros contribuiram massivamente e intelectualmente
para a construção e desenvolvimento do Brasil. Há uma grande sucessão de equívocos em
32
10
Multiculturalismo: Prática d acomodar culturas distintas, numa única sociedade, sem preconceito ou
discriminação. BECHARA, 2011, p. 846.
33
Pesquisar sobre o local em que está inserido e as problemáticas que assolam o âmbito
escolar em que atua é primordial para promover eeflexões e caminhos para a renovação da
práxis profissional. O autor salienta que a inovação é determinante para o êxito da ação
empreendida. IFES (2017,p. 10), enfatiza que busca-se como perfil de professor, o
“intelectual transformador capaz de desenvolver uma prática pedagógica preocupada com os
oprimidos e eficaz na emancipação dos sujeitos”. Mas para tal, é importante intencionar e
eleger uma formação docente capaz de modificar a Educação, com identidade crítica e
emancipatória, como clarifica o autor a seguir:
Essa nova conjectura proposta, não dá a ver que a criação de uma consciência de
diversidade, mas resultará em professores engajados com o multiculturalismo, aptos a
promover espaços de reflexão, vejamos como seria este profissional através da óptica do
autor:
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Etnocentrismo: Concepção ou visão de mundo de quem elege os valores e as regras de sua própria
sociedade ou cultura como medida ideal para avaliar outras culturas e sociedades. BECHARA, 2011, p.615.
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Em suma o autor sugere que uma prática pedagógica realmente eficiente seria aquele
que se pauta em refletir sobre os erros do passado, para evitar que eles se repitam no futuro,
que só será possível através da ressignificação de ações que mesmo intuindo combater a
discriminação acabavam por promovê-la.
De acordo com IFES (2017, p.19) “a cultura negra no Brasil deve ser vista como uma
particularidade cultural construída historicamente por segmentos étnicos de origem africana,
organizados em grupos, de maneira não isolada, mas no contato com outros grupos étnicos e
povos”. Infelizmente, a sociedade encontra-se despreparada para assimilar tantos termos
decorrentes das reflexões sobre o racismo e as questões raciais no Brasil, causando enganos
até mesmo aos pesquisadores, professores e demais estudiosos da causa. A escola é vista
como berço não só para esses equivocos, mas também para a reprodução das desigualdades
sociais, como salienta o autor, vejamos:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos que este trabalho alcançou o seu objetivo, pois possibilitou a reflexão
sobre o racismo na educação infantil, confirmando-se a hipótese que grandes são os danos
causados as crianças vítimas de racismo, mas revelando-nos o quanto que ações afirmativas
fazem a diferença em sua prevenção e combate.
Através da pesquisa empreendida foi possível mensurar a existência dessa enorme
ferida, que se mostra difícil de cicatrizar, pois para tal, necessita ser tratada para que se possa
obter a cura. O racismo existe e infelizmente, ainda em grandes proporções e para combatê-lo
se faz necessário que esse debate seja constante, que as iniciativas aumentem e que a
sociedade não permaneça velando o que já é notório há muito tempo.
Precisamos falar sobre racismo, e esse falar deve ser feito com clareza, com
consciência, sem pormenorizar ou constranger a quem possui este local de fala, a quem acessa
em seu íntimo as dores oriundas do racismo.
O presente trabalho nos conectou a uma realidade vivenciada por inúmeras crianças
negras que não se veem representadas nas histórias infantis e tampouco nos livros didáticos, a
não ser pelo único papel depreciativo atribuído aos negros, descrito nos livros de história, o de
escravos, sem inteligência, sujos e sem alma. Infelizmente, estigmas foram criados quanto ao
potencial de pessoas negras, o que torna primordial refletirmos constantemente para
desmistificar a cada um deles.
As crianças foram retratadas desde os primórdios da história do Brasil a que temos
conhecimento, conhecemos a trajetória das crianças portuguesas que eram em sua maioria
trocadas por soldos pelos seus pais, que os entregava a Coroa portuguesa para compor as naus
portuguesas. Conhecemos as crianças indígenas que eram tidas como folhas em branco pelos
padres jesuítas, incubidos de catequizar os indígenas, e tomaram por estratégia, utilizar os
curumins para alcanças os indios mais velhos. a educação, o racismo, esses foram os temas
principais abordados neta pesquisa.
No decorrer deste estudo, conhecemos um pouco da história dos curumins, de como
eram tratados pelos padres jesuítas e como foram tão vilmente utilizadas como atalho para
manipular os índios adultos. Perapassamos pela história do povo negro escravizado e dos
imigrantes que vieram espontâneamente para trabalhar nas fábricas. Retartamos o abandono
sofrido por crianças e adolescentes que passaram a ser criminalizados por estarem na rua,
sendo rotulados como “vagabundos” e levados para as instituções que acolhiam menores
“infratores.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEL PRIORE, Mary. (Org). História das crianças no Brasil. 7ª ed. São Paulo:
Contexto, 2010
PINSKY, Jaime. A escravidão no Brasil/Jaime. 21ª ed. São Paulo: Contexto, 2010
SAVIANI, Dermeval. A lei da educação. LDB : trajetória, limites e perspectivas. 13. ed.
Campinas: Autores Associados, 2019. E-book. - A lei da educação: LDB [livro eletrônico] :
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TERRA, Márcia de Lima Elias. História da Educação / Biblioteca Universitária Pearson. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014