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UNIVERSIDADE PAULISTA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

HELEN CATARINA DOS SANTOS FERREIRA

PRECONCEITO RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL


AÇÕES PREVENTIVAS E INTERVENTIVAS DE COMBATE AO
RACISMO

TIETÊ – SP
2023
UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

HELEN CATARINA DOS SANTOS FERREIRA

PRECONCEITO RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL


AÇÕES PREVENTIVAS E INTERVENTIVAS DE COMBATE AO
RACISMO

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito parcial para obtenção do título
de Licenciatura em Pedagogia. Universidade
Paulista – Polo Tietê – SP
Orientação: Prof. Dra Merilyn Escobar de
Oliveira.

TIETÊ – SP
2023
Santos Ferreira, Helen Catarina dos.
PRECONCEITO RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: AÇÕES PRE-
VENTIVAS E INTERVENTIVAS DE COMBATE AO RACISMO / Helen
Catarina dos Santos Ferreira. - 2023.
....38 f. : il. color.

....Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao curso de


Pedagogia da Universidade Paulista, TIETÊ, 2023.

....Orientador: Prof. Dra Merilyn Escobar de Oliveira.

1. Racismo. 2. Enfrentamento. 3. Educação Infantil. I. Escobar de Oliveira


Dra. Merilyn (orientador). II. Título.

Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a).
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me fortalecer e capacitar. Muitos foram os percalços pelo caminho, mas
a cada dificuldade uma força me impulsionava a não desistir e eu creio que essa força, eras tu
Senhor, por isso, obrigada.

Gratidão a meu esposo Francisco pelo incentivo, pela paciência e parceria de sempre. Te amo.

Aos meus filhos Miguel e Isaac com carinho, vocês são o melhor combustível e minha maior
motivação. Aos meus pais Iva e Francisco, obrigada por todo o apoio.

Agradeço a Universidade Paulista – UNIP, por me proporcionar a oportunidade de realizar


esta graduação através da bolsa concedida.

Por fim e não menos importante, agradeço a(o) professor(a) orientador(a) Dra. Merilyn
Escobar de Oliveira, por me orientar neste trabalho de conclusão de curso.

Gratidão!
“Estamos num país onde certas coisas graves e
importantes se praticam sem discurso, em silêncio, para
não chamar a atenção e não desencadear um processo de
conscientização, ao contrário do que aconteceu nos países
de racismo aberto. O silêncio, o ímplicito, a sutileza, o
velado, o paternalismo são alguns aspectos dessa
ideologia”.

Kabengele Munanga
RESUMO

O racismo é uma mazela que acomete centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. Por
acreditarmos que tal fenômeno carece de prevenção e intervenção, traremos à luz iniciativas
que tem impactado positivamente e fortalecido o enfrentamento do racismo. O presente traba-
lho tem como objetivo promover reflexões sobre o racismo cometido no âmbito escolar contra
crianças na educação básica, almejamos que dessas reflexões surjam ações que inspirem e
transformem essa tão dolorosa realidade. Partindo da urgência e relevância dessa pauta, que
necessita ser amplamente discutida, expondo seus aspectos mais implícitos, clarificando o que
para muitos tem sido ocultado, principalmente no quesito educacional. Realizamos estudo bi-
bliográfico para contextualizar a infância desde os primórdios até os dias atuais, perpassando
pelo cenário educacional atual, com suas potencialidades de enfrentamento e fragilidades so-
bre o a prevenção e combate ao racismo

Palavras-chave: Racismo. Educação infantil. Enfrentamento.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8

1 A TRAJETÓRIA DA INFÂNCIA NO BRASIL ............................................................... 11

1.1 Os miúdos e os curumins ................................................................................................. 13

1.2 A saga das crianças negras no Brasil .............................................................................. 16

1.2.1 Novo cenário para infância no século XX ................................................................... 18

1.3 A história da Educação no Brasil .................................................................................... 19

1.3.1 Racismo na Educação Básica ....................................................................................... 24

1.4 Ferramentas de prevenção e combate ao racismo na Educação infantil..................... 27

II – MÉTODO ......................................................................................................................... 28

Capítulo III – ANÁLISE E DISCUSSÃO ............................................................................ 31

Considerações finais ............................................................................................................... 36

Referências bibliográficas ...................................................................................................... 38


8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo proporcionar reflexões a cerca do tema proposto
que é o racismo nas escolas de educação infantil, intuindo mensurar os impactos causados
pelo preconceito contra crianças negras e pardas, que caracterizam parte da vasta população
negra no Brasil.
Utilizaremos o método qualitativo através de pesquisa bibliográfica. De acordo com
Gil (2022) a pesquisa bibliográfica é definida da seguinte maneira:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,


constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos
estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas
sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições
acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente
mediante fontes bibliográficas. (GIL, 2022, p. 44).

Para embasarmos nossa pesquisa utilizamos autores que contribuiram para a


construção de conhecimento através de suas obras. Objetivamos com essa pesquisa
compreender quais os fatores que levam ao racismo nas escolas de ensino infantil e
realizamos um percurso de conhecimento de ações afirmativas nas escolas, com vias a
prevenir e combater o racismo.
Embora tenhamos ciência das inúmeras manifestações de preconceito existentes,
delimitamos nosso tema ao preconceito racial na educação infantil e as ações preventivas e
interventivas de combate ao racismo. A escolha dessa temática surgiu da urgência em trazer à
luz um tema atual e por vezes latente.
Sendo assim, consideramos expressivo respondermos a pergunta que norteou a
pesquisa: Quais são os impactos das ações afirmativas de prevenção e combate ao racismo nas
escolas de nível infantill?
Acreditamos que tais ações afirmativas de combate e prevenção ao racismo tem
contribuido significativamente para disseminação de conhecimento, empoderamento de
crianças e adolescentes negros, contribuindo para a aceitação e elvação da auto estima desses
jovens, além de possibilitar acesso aos direitos garantidos por lei as pessoas vítimas de
preconceito racial.
Consideramos essencial contribuirmos para a reflexão, a disseminação de
conhecimento sobre o racismo. É imprescindível galgarmos por este caminho brilhantemente
9

já explorado por outros pesquisadores, e o trilhamos por acreditarmos que o conhecimento


não é imutável. Ao percebemos que também podemos contribuir para que essa bandeira que
tem sido erguida por muitos possa ser levantada também por nós, ansiando alcançar ainda
mais pessoas que engrossem esse grito que ecoa em vários cantos, que clama por justiça
social, por reparação histórica, por conscientização, mas principalmente, por transformação
real desse cenário.
O fenômeno do preconceito racial está presente desde os primórdios, através dos
portugueses contra os povos indígenas, logo após com os brasileiros e a escravização dos
negros trazidos em sua maioria do continente africano em navios negreiros. No decorrer da
construção histórica de nosso país temos nos deparado com as mais variadas expressões de
preconceito.
De acordo com BECHARA (2011, p. 946) “preconceito: conceito, sentimento ou atitude
discriminatória em relação a pessoas, ideias, etc.” Em suma trataremos do preconceito racial
que acomete inúmeras pessoas através de atos discriminatórios, que consideram o outro ser
inferior, por questões de raça, cor etnia, entre outros.
Os principais autores utilizados para a construção de nosso projeto de pesquisa foram,
Mary Del Priore e Laima Mesgravis.
No primeiro capítulo abordaremos a trajetória da infância no Brasil, realizamos
levantamento histórico desde a vinda dos portuguese para o Brasil, a vinda das crianças
portuguesas para o Brasil através da colonização, segundo Del Priore (2010, p. 26) “as
crianças embarcavam em navios portugueses com destino ao Brasil e durante o trajeto
passavam por vários infortúnios, endo que realizar os mesmos trabalhos dos marujos,
expostas a toda sorte de violências”.
Em dado momento abordamos as violências sofridas pelos indígenas, sendo obrigados
a professar uma fé que não era a deles e de abrir mão de suas crenças, sendo feridos em sua
essência. Para fortalecermos essa fala, vejamos o que diz Mesgravis (2020, p. 73) onde afirma
que, “mesmo ouvindo os sermões, participando dos eventos promovidos pelos jesuítas, os
índios resistiam as investidas deles para não abrir mão de suas crenças, porém as crianças
indígenas foram utilizadas como meio de manipulação para persuadir os índios adultos”.
Perpassaremos pela vinda dos negros para o Brasil, o período de escravatura e a
condição de sulbalternidade dispensada aos negros. De acordo com Del Priore (2010, p.140)
que enfatiza “o sofimento das crianças negras desde o nascimento, sendo privadas do leite
materno, pois as mães negras eram exauridas como amas de leite, sendo obrigadas a
amamentar os filhos das mulheres brancas, enquanto seu rebento morria de fome”, sendo este
10

apenas um entre diversos maus tratos sofridos pela população negra no Brasil.
Adentraremos em períodos de mudanças no que remete a infancia, onde o capitalismo
1
promove a necessidade do aumento de mão de obra, fazendo com que os grandes centros não
suportem tantas pessoas, e com que haja uma desvalorização ainda maior da força de trabalho,
já que não podia-se mais escravizar, pagava-se pouco por jornadas exaustivas de trabalho. De
acordo com Del Priore (2010, p.347) “Houve um século em que as crueldades contra as
crianças ficou ainda mais latente, muitas crianças vítimas de abandono e violência por parte
de seus próprios pais, onde o poder público teve que untervir”. Nesse período surgiu um novo
olhar para a infância no Brasil, com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e em
1993 com o marco da infância e da juventude o Estatuto da Criança e do Adolesecnte – ECA.
Abordaremos o surgimento da educação no Brasil, desde os conhecimentos passados
de pai para filho, assim como o inacesso do conhecimento pelos pobres, período em que o
conhecimento era fragmentado e as formas de conhecimento mais cultas eram destinadas
apenas aos ricos e sacerdotes até chegarmos nos dias atuais. De acoro com Terra (2014, p.06)
“as pessoas que vinham das classes mais baixas da sociedade só poderiam adquirir
conhecimento através do dia a dia das trocas de experiência ou das escolas técnicas, já os
negros só restará a obediência”.
Avançaremos para o marco regulatório da educação brasileira concebido através da
Lei 13.679 de 2013, sendo ela a Lei de Diretrizes de Bases responsável por nortear e conduzir
o ensino público e privado brasileiro no que remete a educação infantil, ensino infantil, ensino
médio regular, ensino para jovens e adultos e ensino superior.
Entraremos no celeiro do racismo, conheceremos suas formas, mas enfatizaremos o
preconceito racial como o nosso objeto de estudo. Conheceremos como se manifesta o
recismo na educação infantil. E por fim, apontaremos estratégias de prevenção e combate ao
racismo infantil.

1
Capitalismo: (ca.pi.ta.lis.mo) sm.pl. Econ. Sistema socioeconômico caracterizado pela propriedade
privada dos capitais, por um mercado livre e competitivo e pela produção voltada para o lucro. (De capital +
ismo). (Bechara, 2011, p. 380)
11

1 A TRAJETÓRIA DA INFÂNCIA NO BRASIL

A história do Brasil começa a ser documentada a partir de meados do século XI e iní-


cio do século XVII. A terra escondida do mundo e encontrada pelos portugueses não era ina-
bitada, residia ali o povo originário do Brasil, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Pesquisa – IBGE (2023), foram batizados de “índios” por Cristóvão Colombo, por acreditar
que havia chegado na Índia.
De acordo com MESGRAVIS (2020), ao desembarcar em solo brasileiro as naus por-
tuguesas se deparam com uma terra rica em recursos naturais, com extensões ainda não calcu-
ladas e com grande potencial para ser colônia, como clarificado pela autora no texto a seguir:

“O clima quente, a fartura da natureza e a facilidade da obtenção do mínimo neces-


sário aliados a herança cultural indígena (que não praticava armazenamento e acu-
mulação) e aos valores do sistema escravista (que repudiava o trabalho como ativi-
dade indigna de homens livres) “geraram uma sociedade indolente e imprevidente”.
(MESGRAVIS, 2020, pág. 26).

Em outro momento a autora enfatiza que o sucesso da empreitada portuguesa somen-


te foi possível, por causa do conhecimento que eles adquiriram com os indígenas, que possu-
íam muitas habilidades, como completa a autora:

“O sucesso da colonização portuguesa só foi possível com a consolidação do povo-


amento, garantido pela colaboração dos indígenas e o aprendizado de seus conheci-
mentos sobre a natureza. Num primeiro momento, os europeus tinham muitas defi-
ciências, diante do meio natural desconhecido, ao passo que os índios eram capazes
de percorrer os caminhos, evitar os animais perigosos, utilizar-se das frutas, plantas
e raízes para a sua alimentação, enfim, sabiam conviver com o ambiente a que esta-
vam acostumados. Foi com os índios que os europeus aprenderam a caçar e pescar
nas matas e rios brasileiros, a colher a mandioca (e livrar-se de seu veneno), a culti-
var o milho, o fumo e a batata-doce, a alimentar-se com frutas e animais “exóticos”,
a lidar com os infernais insetos e com os caprichos do clima”. (MESGRAVIS, 2020,
pág. 26).

A autora revela que inicialmente havia colaboração entre os índios e os portugueses, os


índios por sua vez faziam o manejo da terra e fabricavam diversas ferramentas, abriam trilhas
e em troca recebiam produtos insignificantes aos olhares lusitanos, como espelhos, batons,
perfumes e etc.
De acordo com IBGE (2023), pouco depois da colonização os índios continuavam
sendo vistos como seres inferiores pelos portugueses, que passaram a escraviza-los, os índios
que se rebelavam eram mortos. Somente em 1530 se começou um movimento liderado pelos
jesuítas contra a escravização indígena, vejamos mais detalhes desse processo na tabela a se-
guir:
12

Tabela 1

2023 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Não é possível precisar o número da população indígena que habitava o Brasil na épo-
ca do descobrimento, mas de acordo com IBGE (2023) “estimava-se que estavam na casa dos
milhões, porém o despovoamento fez com que estas pessoas fossem extintas em grande escala
e atualmente não ultrapassam trezentas mil pessoas em todo o Brasil”.
13

1.1 Os miúdos2 e os curumins3

De acordo com DEL PRIORI (2000) após o descobrimento várias embarcações vieram
de Portugal para o Brasil, no intuito de povoar o nosso país e modificar o cenário
populacional existente. A tripulação dos navios eram compostas por homens em sua maioria
sentenciados por crimes pela coroa portuguesa, entre outros como revela fragmento do texto
a seguir:
“No entanto, poucos sabem que, além de muitos homens e das escassas mulheres
que se aventuraram rumo à terra de Santa Cruz nas embarcações lusitanas do século
XVI, crianças também estiveram presentes na epopéia marítima. As crianças subiam
a bordo somente na condição de grumetes e pajens, como órfãs do Rei enviadas ao
Brasil para se casarem com os súditos da Coroa, ou como passageiros embarcados
em companhia dos pais ou de algum parente”. (DEL PRIORE, 2010, p. 19)

Embora houvessem alguns critérios para que crianças estivessem presentes nas
embarcações, era comum que crianças embarcassem sozinhas, com permissão de seus pais,
que trocavam a força de trabalho de seus filhos por soldos4 pagos pela Coroa portuguesa.
Vejamos como eram tratadas as crianças nesses navios:

“Em quaquer condição, eram os “miúdos” quem mais sofriam com o difícil dia a
dia em alto mar. A presença de mulheres era rara, e muitas vezes, proibidas a bordo,
e o próprio ambiente nas naus acabava por propiciar atos de sodomia que eram
tolerados até pela Inquisição. Grumetes e pajens eram obrigados a aceitar abusos
sexuais de marujos rudes e violentos. Crianças, mesmo acompanhadas dos pais,
eram violadas por pedófilos e as órfãs tinham que ser guardadas e vigiadas
cuidadosamente a fim de manterem-se virgens, pelo menos, até que chegassem à
colônia”. (DEL PRIORE, 2010, p. 19)

Em Portugal as crianças eram visas como seres sem valor, estando apenas um pouco
acima dos animais. De acordo com DEL PRIORE (2010, p. 22) afirma que: “para manter
sobre controle o crescimento da população Judaica em Portugal, muitas crianças judias eram
sequestradas de suas famílias e entregues a Coroa portuguesa para integrar as tripulações”. Os
judeus em suma possuiam recursos para sobreviverem, não recorriam a venda da força de
trabalho de seus filhos para se manterem, realidade que diferia da portuguesa.

2
Miúdo: (mi.ú.do) adj. 1 Muito pequeno, diminuto. [Antôn. graúdo.] §miúdos sm.pl. (Bechara, 2011, p.
835).
3
Curumim: (cu.ru.mim) sm.AM Menino, garoto. [Pl: curumins] [Do tupi]. (Bechara, 2011, p. 473)
4
Soldo: (sol.do) [ô] sm Bras. Salário de militar. (Bechara, 2011, p. 1058)
14

As crianças que sobreviviam as violências sofridas nas embarcações, aos naufrágios, a


fome, sede, entre outros, chegavam em solo brasileiro e logo eram obrigadas a casar para
constituir família ou eram tratadas como propriedade dos adultos.
De acordo com DEL PRIORE (2010, p. 55), “no ano de 1549 desembarcava no Brasil
a Companhia de Jesus, composta por padres jesuítas, que buscavam pela conversão do gentio5
e a doutrinação das crianças indígenas”. Tal busca não era exclusiva dos padres jesuítas, pois
outros padres de outras denominações religiosas passaram também a ter interesse em educar
as crianças, por compreenderem que elas seriam mais fáceis de persuadir, vejamos o que diz a
autora a seguir:
É bem verdade que a infância estava sendo descobeta nesse momento no Velho
Mundo, reesultado da transformação nas relações entre indivíduo e grupo, o que
enseja o nascimento de novas formas de afetividade e a própria “afirmação da
infância” na qual, Igreja e Estado tiveram um papel fundamental. Nesse sentido, foi
também este movimento “que fez a Companhia escolher crianças indígenas como
‘papel blanco’ a cera virgem em que tanto se desjava escrever e increverse”. (DEL
PRIORE, 210, p. 58)

Na cultura indígena as crianças são ensinadas desde muito pequenas a terem


autonomia, eram inseridas nas mais variaadas atividades como caça, pesca e eram ensinadas
sobre seus ancestrais, realizando seus rituais e professando suas crenças. Porém, as crenças
dos indígenas era conflitante com a crença imposta pelos jesuítas, que tinham como propósito
a evangelização dos índios. Tal imposição não foi aceita pelos índios adultos, levando os
jesuítas a buscar através do ensino das crianças indígenas o meio para acesso e adesão dos
índios adultos, eles buscavam a confiança delas e quando conseguiam era motivo de festa para
os jesuítas, como explicita Del Priore (2010) no trecho a seguir:

O regozijo era generalizado quando os meninos passavam a abominar os costumes


de seus pais, como aqueles descritos pelo irmão Correa, em julho de 1554, “tão
vivos, tão bons e tão atrevidos, que quebram as tinas cheias de vinho para que seus
pais não bebam”. Anos mais tarde, em uma carta endereçada ao irmão Geral padre
Diego Laynes, em setembro de 1559, o irmão Blázquez relatava vários exemplos de
como os meninos, além de fazerem processos na doutrina, repreendiam duramente
seus pais, e delatavam aos padres os mais velhos que teimavam em praticar seus
“horríveis” costumes, às escondidas, é claro; um dos moços da escola chegara a
denunciar seu próprio pai, que sevalia de um feiticeiro sem os padres o saberem.
(DEL PRIORE, 2010, p. 60)

5
Gentio: 1 Indivíduo que professa o paganismo. 2Indivíduo que não é civilizado, bárbaro, selvagem.3
Indígena, índio. (Bechara, 2011, p..673)
15

MESGRAVIS (2020), enfatiza que embora os índios ouvissem suas pregações, eles
não se convertiam ao evangelho pregado e tampouco abandonavam seus costumes, como
veremos no trecho a seguir:

A experiência demonstrava a grande dificuldade da conversão de adultos que


ouviam constantemente as pregações, participavam das procissões, cantos e festas,
mas que insistiam em fazer suas guerras tribais, comer seus prisioneiros e viver
segundo seus costumes sexuais. A evangelização das crianças indígenas, nesse
contexto, foi vista como a grande esperança dos jesuítas; não só elas se converteriam
mais facilmente como seriam “um meio para a conversão do gentio”. Vários índios
interessavam-se em entregar seus filhos para serem ensinados pelos padres como
uma forma de estabelecer alianças. (MESGRAVIS, 2020, p. 73)

Através das falas das autoras fica nítida a forma como a infância era compreendida
naquela, época, onde as crianças portuguesas eram tratadas como pequenos adultos falantes,
sendo expostas a todos os tipos de riscos, tendo que realizar atividades semeslhantes as dos
adultos, e em questão de apreço estando apenas um degrau acima dos animais. Já as crianças
indígenas eram vistas como folhas em branco passíveis de qualquer preenchimento que se
desejasse realizar por parte dos jesuítas e literalmente conduzidas a perda de sua essência e
crenças, ímpelidas a professar uma fé impposta e usadas para manipular e convencer os índios
adultos a se converterem ao evangelho pregado pelos jesuítas.
16

1.2 A saga das crianças negras no Brasil

Os negros não vieram para o Brasil, pois o verbo “vir” denota escolha. De acordo com
PRINSKY (2010) eles foram trazidos contra a vontade, para serem escravizados até exaurir
suas forças, sendo a melhor opção em um cenário de mais valia idealizado pelos grandes
produtores e ruralistas do Brasil, vejamos o que diz o autor:

Havia um problema real, a ausência de mão de obra em escala suficiente, obediente


e de baixo custo operacional para que o projeto da grande lavoura se estabelecesse
adequadamente. Se essa mão de obra fosse uma mercadoria em cima da qual os
mercadores pudessem ganhar, comprando barato e vendendo caro, melhor ainda. O
negro foi, portanto, trazido para exercer o papel de força de trabalho compulsório
numa estrutura que estava se organizando em função da grande lavoura. (PRINSKY,
2010, p. 23)

Diante dessa estrutura de escravização, os negros trazidos para o Brasil tinha em média
entre 15 e 24 anos, não havia predileção por idosos e crianças, por não possuirem grande
capacidade laborativa. De acordo com DEL PRIORE (2010) “pouquissimas crianças negras
vieram trazidas para o Brasil, mas não demorou para as mulheres negras começarem a
procriar. Porém eram impedidas de viver a maternidade em sua plenitude”. Isso porque o
grande interesse dos patrões era que essa escrava que teve bebê, sirva de ama de leite para os
filhos dos patrões, a autora materializa essa ideia a seguir:

Para os donos, a maior serventia das crianças nascidas no lugar era o fato de tornar
possível a existência de uma mam de leite para alimentar seus filhos. Mas para isso,
não havia necessidade de sobrevivência do filho da escrava. Essa mentalidade,
certamente não deliberada e clara, mas sutil, tornava a vida de uma criança escrava
pouco valorizada. Mas a ama de leite era importante e o aleitamento era visto como
valioso, tanto pela Igreja como pelos conceitos médicos vigentes e assim, as
mulheres escravas que davam à luz , eram empregadas como fornecedoras de
alimento para crianças de outras categorias. Chegavam a ser alugadas por um bom
preço para essa finalidade. Isso, evidentemente prejudicava seus próprios filhos que
muitas vezes sofriam grandemente com a escassez do leite materno. (DEL PRIORE,
2010, p. 114)

O conceito de criança no Brasil império, que corresponde ao século XIX, é definido


pela autora da seguinte forma:

Criança, neste momento, é a cria da mulher, da mesma forma que os animais e


plantas também possuem as suas crianças. Tal significado também provém da
ssociação da criança no ato da criação, onde criar significa amamentar, ou, como as
plantas não amamentam, alimentar com sua própria seiva. Somente com a utilização
generalizada do termo pelo senso comum, já nas primeiras décadas do século XIX,
que os dicionários assumiram o uso reservado da palavra “criança” para aespécie
humana. (DEL PRIORE, 2010, p.140)
17

Nos anos que se seguiam, houve o aumento em grandes proporções da missigenação,


filhos de brancos com negros, de brancos com índios, de índios e negros. Tal fenômeno nos
fez ser o país que somos hoje, totalmente missegenado onde facilmente se encontra pessoas de
diferentes etnias, cores e etc.
As crianças negras não possuiam valor algum, eram vistas como brinquedo para os
pequenos senhores que se utilizavam deles a seu bel prazer. O que podemos constatar com
tudo o que foi dito até agora é que por séculos houve a desvalorização da infância. Porém,
nem todos concordavam com o tratamento destinado a infância no Brasil e resolveram lutar
para que crianças e adolecentes tivesse garantidos seus direitos e apartir daí houve um novo
olhar para a infância.
18

1.2.1 Novo cenário para infância no século XX

O século XX é marcado por um cenário em que a infância é marcada por altos índices
de criminalidade. De acordo com Del Priore(2010), uma ordem social foi estabelecida, com a
libertação dos escravos e com a vinda de muitos imigrantes para o Brasil, para suprir a
escassez de mão de obra em meio a industrialização. As pessoas eram definidas como
trabalhador ou vagabundo, para as crianças ficava também decretado o trabalho ou o crime.
De acordo com DEL PRIORE (2010), houve o aumento dos empregos em fábricas e as
jornadas exaustivas a que muitos operários eram submetidos não eram suficientes para
conseguir o mínimo necessário para sobreviverem. Por esta razão, muitas crianças eram
submetidas a jornadas de trabalho semelhantes a dos adultos, como revela a autora no trecho a
seguir:
Veio um século no qual muitas crianças e jovens experimentaram crueldades
inimagináveis. Crueldades geradas no próprio núcleo familiar, nas escolas,nas
fábricas e escritórios, nos confrontos entre gangues, nos internatos ou nas ruas entre
traficantes e policiais. A dureza da vida levou os pais a abandonarem cada vez mais
os filhos e com isso surgiu uma nova ordem de prioridades no atendimento social
que ultrapassou o nivel da filantropia privada e seus orfanatos, para elevá-las as
dimensões de problema de Estado com políticas sociais e legislações específicas.
(DEL PRIORE, 2010, p. 347)

Somente com a promulgação da Constitição Federal em 1988, houve a formulação e


confecção do grande marco para crianças e adolescentes no Brasil, o Estatuto da criança e do
adolescente que veio para nortear sobre os deveres e garantir os direitos de crianças e
adolescentes, com vias a ampará-los e protegê-los, como outrora nunca fora feito. A autora
testifica esta afirmação no trecho a seguir:

O artigo 227 da Constituição Federal afirma que será “com absoluta prioridade” que
se deverá assegurar os direitos às crianças e aos adolescentes, princípio que se
repetirá no parágrafo único do arigo 4º do ECA, a garantia da prioridade
compreende primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias,
precedência no atendimento de serviços públicos ou de relevância pública,
preferência na formulação e execução das políticas sociais públicas; destinação
privilegiada de recursos
públicos nas áreas relacionadas com à proteção à infância e à juventude. (DEL
PRIORE, 2010, p. 366)

Através do Estatuto da Criança e do Adolecente – ECA um novo horizonte pode ser


vislumbrado, com a valorização da infância e a garantia de proteção e viabilização de seus
direitos. A seguir conheceremos a história da educação no Brasil.
19

1.3 A história da Educação no Brasil

De acordo com SAVIANE (2016), o homem precisa construir sua própria existência ,
o homem só existe em sociedade e a educação é o eixo norteador das civilizações, vejamos o
que diz a autora no trecho a seguir:

Ora, a educação é inerente a sociedade humana, originando-se do mesmo processo


que deu origem ao homem. Desde que o homem é homem ele vive em sociedade e
se desenvolve pela mediação da educação. A humanidade se constituiu a partir do
momento em que determinada espécie natural de seres vivos se destacouda natureza
e, em lugar de sobreviver adaptando-se a ela necessitou, para continuar existindo,
adaptar a natureza de si. (SAVIANE, 2016, EPUB)

TERRA (2014) explica que as primeiras escolas no Brasil foram criadas em 1549
pelos padres jesuítas. O acesso a educação no Brasil por muito tempo foi um privilégio para
poucos, apenas as famílias donas de muitas posses podiam investir para que seus filhos
recebecem formação, o que em suma consistia em longos anos no exterior. Tudo o que se
aprendia era passado de pai para filho, nas tribos os ensinamentos eram transmitidos de
acordo com o aprendido com os ancestrais, vejamos o que diz a autora sobre a educação da
época:
“...nas sociedades tribais a educação era difusa, as crianças aprendiam com os
adultos, imitando os seus gestos e comportamentos, a “educação era para a vida e
por meio da vida”. Todo conhecimento deveri ser transmitido, pois ele era uma
questão de sobrevivência. Com a sedentarização, o desenvolvimento de técnicas, da
escrita, da urbanização e do comércio alteram as relações e surgem diferenças na
organização social que se refletem também na educação. Se antes ela era integral e
universal, ela se tornava, então, privilégio, saindo do espaço natural de convivência
para um lugar específico. Surgem as escolas.” (TERRA, 2014, p.02)

Segundo a autora, na antiguadade a educação era fragmentada e cada área de


conhecimento era destinada de acordo com a hierarquia social predominante da época, como
clarifica a utora a seguir:

Não por acaso, o saber e a cultura nos grandes impérios eram privilégio dos
sacerdotes. Depositários do conhecimento sobre as competências mais altas e
complexas, a poderosa casta dos religiosos controlava sua irradiação segundo
critérios bem definidos. As ciência esotéricas e sagradas eram restritas a formação
de sacerdotes. Os estudos “intelectuais”, como matemática, geometria e astronomia,
além de noçoes sobre valores morais e filosóficos, eram exclusivos para as classes
dominantes. O dominio da leitura e da escrita elevou os escribas a um status
intermediário de trabalhador qualificado. Para os segmentos ou classes considerados
inferiores – artesãos, camponeses, artistas e guerreiros – eram reservadas as técnicas
elementares de produção, transmitidas de pai para filho ou na prática nas oficinas de
ofício. Na base da pirâmide social, aos escravos era ensinado apenas um conceito
fundaental – a obediência. (TERRA, 2014, p.06)
20

É possível compreender que a situação posta revela um ciclo de poder, que


dificilmente seria rompido, onde uma pequena parcela abastada detém o poder obtido através
do amplo conhecimento, enquanto para os pobres restavam o conhecimento do senso comum,
aquele adquirido através das experiências cotidianas e para os que viviam em condição de
escravo era atribuido a servidão sem nenhum tipo de questionamento e a escuridão da
ignorância do saber.
De acordo com TERRA (2014) a Igreja Católica exerceu grande controle sobre as formas de
disseminar conhecimento, eram os responsáveis por realizar a triagem de tudo o que poderia
ou não ser acessado pelas pessoas, como testifica a auora a seguir:

Ao longo desse tempo, a educação passou a ser realizada à luz dos novos conceitos
da Patrística6. A pregação da época dos apóstolos é substituída pela catequese. (do
grego, instruir por meio de perguntas e respostas). A mesma palavra originou a
expressão catecismo (compêndio7 de uma ciência ou doutrina religiosa). Surgem as
primeiras escolas que preparavam os adultos para recebr o batismo. Quando as
crianças foram admitidas nesas escolas, passou-se a ensinar leitura, escrita e canto.
Além da instrução religiosa. (TERRA, 2014, p.28)

Mudanças ocorreram no cenário educacional no século XIV à XVIII, com a


reformulação do comércio que passou a exigir mais conhecimento educacional. Com as mais
variadas trnsformações de âmbito político, social e econômico. Como a autora clarifica a
seguir:
A partir do início do século XVIII – o século das Luzes – surgiu na França o
Iluminismo, um movimento intelectual que buscava reformar a sociedade por meio
do poder da razão e do conhecimento racional, em sobreposição aos preconceitos e
arcaícos sistemas ideológicos. Espalhando-se por todo o mundo. O movimento
inspirou as revoluções sociais que eclodiram em seguida. (TERRA, 2014, p.38)

O século das Luzes teve princípio e consolidou-se ancorado nas ideias de grandes
filósofos que com seus pensamentos subsidiaram o iluminismo, trazendo elementos para
reflexão da sociedade pelos detrimentos sofridos por séculos, vejamos a seguir:

6
Patrística: Filosofia de origem cristã que, tendo por base o cristianismo e sendo estabelecida pelos
Santos Padres da Igreja Católica, vigorou nos primeiros séculos da era cristã e, dentre outras coisas,
buscava combater a descrença individual ou o aparecimento de novas religiões, especialmente aque-
las derivadas do platonismo e do aristotelismo. Ideologia ou ciência que se dedica ao estudo da dou-
trina dos Santos Padres da Igreja Católica; história ou qualquer narrativa que tem por base essa ideo-
logia. Etimologia (origem da palavra patrística). A palavra patrística deriva do latim eclesiástico “pa-
trística”, pelo francês patristique, com o sentido de “doutrina dos Santos Padres”. (DICIO,
https://www.dicio.com.br/patristica/)
7
Compêndio: Publicação que resume um assunto para estudo. Compêndio de biologia. 2 Resumo, síntese. (Do
lat. Compendium, ii). (Bechara, 2011, p.432)
21

Originado a partir de ideias de filósofos como John Lucke, Baruch Spinoza e Pierre
Bayle, o Iluminismo promovia o intercâmbio cultural em oposição à intolerância e
aos abusos de poder da Igreja e do Estado. Apesar de suas posições “subversivas”, o
movimento conquistou simpatizantes e recebeu apoio dos membros da nobreza e até
príncipes reinantes, que tentaram aplicar seus conceitos em seus planos de governo.
(TERRA, 2014, p.45)

Somente após este período de luta e de ruptura é que as camadas mais empobrecidas
da população começaram a acessar a educação, mas para tanto se fez necessário a estrturação
de um sistema que contemplasse integralmente os mais variados tipos de conhecimento, assim
surge o ensino integral, vejamos abaixo:

A partir de então, os processos pedagógicos deveriam oferecer uma educação


integral, e não somente treinar para o desempenho de uma atividade produtiva ou
transmitir conhecimentos, como ensinar a ler, escrever e contar. A escola substituia
em parte o papel da família, incutindo valores morais e éticos em crianças e jovens
que deriam se transformar em cidadãos civilizados e produtivos. Durante esse
processo, a obediência cega, típica do mundo medieval e das monarquias
absolutistas, foi sendo substituíada por uma vontade disciplinada, cabendo ao
professor a tarefa de orinetar essa disciplina. (TERRA, 2014, págs. 58 e 59)

LUIZ e MARCHETTI (2020) ao testificarem a “respeito das instituições de Educação


Infantil, que somente a partir da década de 1960, essas instituições foram reconhecidas como
habilitadas para proporcionar ensino de qualidade”. A criação e ampliação desses espaços se
deram em decorrência a ampliação da industrialização, vejamos:

Assim, as políticas públicas eram direcionadas à criação de creches junto às


indústrias, bem como os congressos científicos indicavam a importância da
regulamentação das relações de trabalho e o reconhecimento do trabalho feminino. A
origem dessas instituições estava relacionada diretamente ao desenvolvimento da
industrialização e da inserção da mulher no mercado de trabalho. (LUIZ e
MARCHETTI, 2020, p. 4)

De acordo com DEMO (1997) “após um período muita insafisfação np Âmbito


educacional surgiu em 1996 a Lei nº 13.394 Lei das Diretrizes de Base da educação, que
estabelecia parâmetros de divisão, atuação profissional, conteúdos a se abordar, entre outros”.
A Lei Darcy Ribeiro veio para padrozizar as metodologias de ensino. A lei traz o nome do
senador Darcy Ribeiro em homengem a seu empenho, que entre outras coisas conseguiu que
ela fosse menos extensa, atendo-se ao que de fato importava. O autor enfatiza que:

A LDB é uma lei “pesada”, que envolve muitos interesses orçamentários e interfere
em instituições públicas e privadas de grande relevÂncia nacional como escolas e
universidades. Não teria qualquer condição de passar com um texto “avançado”, no
sentido de ser “a lei dos sonhos do educador brasileiro”. Como o congresso
brasileiro é sobretudo um “pesadelo”, as leis importantes não podem deixar de sair
com sua cara e são, pelo menos em parte, também um pesadelo. Lei realmente “boa”
22

só pode provir de um comgresso “bom”. Não é, obviamente, nosso caso, pelo


menos por enquanto, (DEMO, 1997, p. 10)

Para DEMO (1997, p.11) “a lei não tem o caráter utópico, embora tenha contribuído
para delimitar a atuação profissional de diretores, coordenadores supervisores, diretores,
enfim, de todos os agentes envolvidos no âmbito educacional”, assim, comopropor estratégias
que tornem o ensino mais atratativo, em suma, não foi plenamente alcançado. A LDB foi
atualizada em 04 de maio de 2022, pela Lei nº14.333.
De acordo com LIMA (2022, p.13) “A LDB é uma lei nacional que disciplina a
educação escolar tanto em escolas públicas, quanto privadas, sendo a lei mais importante da
educação brasileira”. A lei inclinada para a gestão democrática, oferecendo aos docentes e
discentes possibilidades de novos meios de atuação e aprendizagem, vejamos o que diz a Lei
em relação a educação:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,
nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente,
pormeio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
(LIMA, 2022, p. 17)

De acordo com a autora a educação escolar será realizada em ambiente específico e a


educação num todo de forma generosa. O ato de educar é complexo e exige coletividade,
vejamos o que diz a Lei:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de


liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (LIMA, 2022, p. 19)

É dever do Estado garantir que as seguintes garantias da educação sejam cumpridas,


como prevê a LDB em seu Art. 4º, que estabelece:

I. Educação básica obrigatória e gratuíta dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de


idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei 12.746, de 2013).

a)Pré-escola: (Incluída pela Lei 12.746, de 2013)


b)Ensino fundamental: (Incluído pela Lei 12.746, de 2013)
c) Ensino médio: (Incluído pela Lei 12.746, de 2013)

II. Educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade: : (Incluído
pela Lei 12.746, de 2013)
23

III. Atendimento educacional especializadogratuito aos educandos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento, e altas habilidades e super dotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferncialmente narede regular
de ensino. (Redação dada pela Lei 12.746, de 2013).

IV. Acesso público e gratuito dos ensinos fundamental e médio para todos os que
não concluíram na idade própria. (Redação dada pela Lei 12.746, de 2013).

V. Acesso aos niveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,


segundo a capacidade de cada um;
VI. Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII. Oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com caracte risticas e
modalidades adequadas às suas necessiddes e disponibilidades, garantindo-se aos
que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola.

VIII. Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de


programas suplementares de materia didático-escolar, transporte, alimentação e
assitência à saúde; (Redação dada pela Lei 12.746, de 2013). (LIMA, 2022 págs: 24
e 25)

A Lei de Diretrizes de Bases contribuiu para a garantia de direitos de crianças,


adolescentes, jovens e adultos na educação, pois através de sua promulgação grndes avanços
foram conquistados em prol da educação no Brasil.
24

1.3.1 Racismo8 na Educação Básica

Ao tratarmos de racismo, não podemos deixar de mencionar que os ato de discrimina-


ções não ocorrem apenas com negros e índios, mas também com o estrangeiro com pessoas
com necessidades especiais, com idosos, com pessoas obesas, pessoas transgênero, pode ocor-
rer por religião, por orientação sexual, por classe social, enfim, por inúmeros fatores.
O objeto desta pesquisa é o preconceito racial, propriamente dito “racismo”, especifi-
camente com os negros. Embora muito se tenha avançado em termos de protetividade, de ca-
nais de denúncia, somos todos os dias bombardeados por notícias de racismo, todos devem
conhecer alguém que tenha sido vítima de racismo, isso quando a vítima não tenha sido você
mesmo.
Para atribuir valor, se faz necessário o conhecimento, para nomear é preciso experi-
mentar para minimamente nos conectarmos, com a essência do objeto observado e dele ab-
sorver informações, conhecimento e sentimento. De acordo com BORGES, MEDEIROS E D’
ADESKY (2002), tudo que conhecemos sobre cultura advém de outras culturas, vejamos no
trecho a seguir:
Todas as tradições culturais são tributárias de outras culturas; os povos estão cons-
tantemente estabelecendo conexões uns com outros, num processo complexo e di-
nâmico de troca de experiências históricas. Consequentemente, não há culturas pu-
ras ou totalmente isoladas, pois nenhuma dela s é inerte ou autônoma. (BORGES,
MEDEIROS E D’ ADESKY, 2002, p.8)

Como dito pelos autores, todas as culturas são essenciais para o surgimento de outras
culturas. Porém, muitas culturas se sobrepõem a outras, julgando-se superiores, chegando a
travar verdadeiras guerras por considerar que a cultura do outro é ruim, para tal preconceito
BORGES; MEDEIROS E D’ ADESKY (2002,0p.8) reforçam que: “O etnocentrismo é a ten-
dência que todas as culturas têm de considerar superiores seus próprios valores e crenças”.
A história de nosso país passou por períodos extremamente difíceis onde o
autoritarismo e intolerância predominaram, gerando perda irreparáveis, inclusive, de vidas
humanas. Porém, o Brasil não foi único, podemos dizer que o mundo padecia por tanta
ignorância e extremismo, foi nesse contexto que a aputa sobre direitos humanos passou a ser
evidente e urgente, vejamos o que diz os autores a seguir:

8
Racismo: Doutrina que prega a superioridade uma raça sobre as outras. 2 Práticas de preconceito raci-
al. (De raça + ismo). (Bechara, 2011, p.979)
25

Assim, a declaração de 1948, instaurava uma conexão simultaneamente universa-


lista e individualista dos direitos humanos. Fundada na primazia da pessoa huma-
na, visava a proteção de cada indivíduo, sem nenhuma distinção étnica, linguistíca,
cultural, nacional, racial, geográfica ou outra. Atualmente a ONU e seus estados-
membros e comprometem também a proteger as minorias9 culturais em seus res-
pectivos territórios. (BORGES, MEDEIROS E D’ ADESKY, 2002, p.8)

De acordo com CAVALLEIRO (2010) o racismo é real, é concreto, embora, no Brasil


ele seja velado isso não o torna inexistente, pelo contrário, passa a ser ainda mais perigoso,
vejamos:
Essa ideologia, apropriada pelos cidadãos, produz um certo “alivio” , eximindo-os
de suas responsabilidades pelos problemas sociais vividos pelos negros.
Tragicamente, estes são, em diversas situações, culpabilizados por se encontrarem
em situação precária, pois, supostamente, lhes faltam vontade e esforço próprios
para alterar sua condição de vida. Essa forma de pensar sobre os indivíduos negros
também é utilizada para justificar a exploraçãoecômica a que estão submetidos,
acarretando-lhes outras perdas nos campos social e econômico: condições precárias
de moradia, aceeso restrito aos serviços de saúde e educação e alto indíce de
desemprego. (CAVALLEIRO, 2010, págs. 29 e 30)

CAVALLEIRO (2010, p.32) enfatiza que no âmbito educacional os negros tem ficado
aquém dos demais, “se intensificando com o currículo pedagógico que exclui da história
vários autores negros, assim como professores que adotam o silêncio para não se posicionar
mediante situações de racismo para com seus alunos ou com eles mesmos”, como clarifica a
autora no trecho abaixo:
Na escola pública de primeiro grau é possível verificar a existência de um ritual
pedagógico que, para Luis Alberto Gonçalves vem reproduzindo a exclusão e,
consequentemente, a marginalização escolar de crianças e jovens negros. Para ele
“o ritual pedagógico do silêncio” exclui dos curriculos escolares a história de luta
dos negros na sociedade brasileira e “impõe Às crianças negras um ideal do ego
branco”(APUD. GONÇALVES, 1987, p.28)

A autora complementa dizendo que tal ritual compromete o aprendizado e o


desenvolvimento da personalidade de alunos negros por não dar importância as relações
étnico-raciais, desencadeando nos alunos brancos a crença de superioridade, gerando muitas
das vezes a não percepção do racismo por parte das crianças como exemplifica a autora:

Penso que a não percepção do racismo por parte das crianças também está ligada a
estratégia da democracia racial brasileira, que nega a existência do problema, A
ausência do debate social condiciona uma visão limitada do preconceito por parte do
grupo familiar, impedindo a criança de formar uma visão crítica sobre o problema.
Tem-se a ideia de que não existe racismo, principalmente por parte dos professores,
por isso não se fala dele. Por outro lado, há a vasta experíência dos professores em
ocultar suas atitudes e seus comportamentos preconceituosos, visto que estes

9
Minoria: Inferioridade em número. Uma minoria votou. 2 Antrop. Comunidade com caracte-
rísticas diferentes das da sociedade em que está inserida. (Do lat. Minor, oris (menor) + ia¹). Bechara,
2011, p. 832.
26

constituem uma prática condenável do ponto de vista da educação. (CAVALLEIRO,


2010, p.33)

É possível afirmar que os danos causados pelo racismo são inúmeros, principalmente
quando se ainda é criança, não se sabe do que “riem” nem “porquê” riem, tampouco, se
compreende o não ser bonito pelo seu cabelo crespo, seus lábios grossos, seu nariz mais largo,
o tom escuro de sua pele todas características de pessoas negras que, infelizmente, os faz
sofrer discriminação, ridicularizando sua aparência, os fazendo se sentir inferiores. Porém, o
preconceito pode não doer somente na alma, mas pode também ser empreendido também
através da violência, manifesta nas suas mais variadas faces, dentre elas a física.
27

1.4 Ferramentas de prevenção e combate ao racismo na Educação infantil

A autora salienta que o uso de pesquisas para mensurar os indíces de racismo na


educação infantil, tem sido uma importante ferramenta para prevenção e combate do racismo,
como veremos a seguir:
A realização de pesquisas com o objetivo de compreender a dinÂmica das relações
multiétnicas no âmbito da educação infantil representa um recurso de avanço no
combate ao racismo brasileiro, visto que estudos dessa natureza revelam como se
dão as relações interpessoais, seus benefícios e seus prejuízos para os indivíduos que
convivem na escola, bem como fornecem subsídios para a elaboração de novas
prática educacionais, quer seja na família, quer seja na escola. (CAVALLEIRO,
2010, p.37)

Fica claro no pensamento da autora, que se faz necessária a elaboração de novos


projeto pedagógico em que se desmistifique o sentimento de inferioridade negra, de
preferência nos anos iniciais, como salienta a autora:

A possibilidade das crinaças receberem uma educação de fato igualitária, desde os


primeiros anos escolares representa um dever dos profissionais da escola, pois as
crianças dessa faixa-etária são ainda desprovidas de autonomia para aceitar ou negar
o aprendizado proporcionado pelo professor. E tornam-se vítimas indefesas dos
preconceitos e esteriótipos transmitidos pelos mediadores sociais, dentre os quais o
professor. Promover uma educação para o entendimento das diferenças étnicas, livre
de perconceitos, representa uma possibilidade real da formação da formação de
sujeitos menos preconceituosos nas novas gerações. (CAVALLEIRO, 2010, págs.37
e 38)

A autora alerta para a necessidade e a importância da prevenção em meio a todo esse


processo, acompanhemos:

A prevenção de préticas discriminatórias, penso, requer um trabalho sistemático de


reconhecimento precoce da diversidade étnica e dos possíveis problemas que o
preconceito a discriminação acarretam em solo brasileiro, desde a educação infantil
– familiar e escolar. Tal prática pode agir preventivamente no sentido de evitar que
pensamentos preconceituosos e práticas discriminatórias sejam interiorizados e
cristalizados pelas crianças , num pe´riodo em que elas se encontram muito sensíveis
as influências externas, cujas marcas podem determinar sérias consequências para a
vida adulta. (CAVALLEIRO, 2010, p.38)

Segundo CAVALLEIRO (2010) muitos professors não sabem lidar com a questão do
racismo em sala de aula e por vezes acabam por culpabilizar a vítima, há muitas falas que
permeiam não somente o imaginário, mas também as falas de muitos profissionais da
educação, que infelizemente em suma não estão preparados para desenvolver projetos que
contribuam para um abiente escolar não racisita.
28

II – MÉTODO

O método utilizado é o qualitativo, realizado através da pesquisa bibliográfica, da lei-


tura e fichamento dos conteúdos estudados. Escolhemos o método qualitativo para melhor
mensurar os fatos, numa ordem que traga clareza ao leitor.
Através da leitura e análise realizada das referências escolhidas para fundamentar este estudo,
foi possível percorrer os caminhos trilhados pela infância no Brasil, desde os primórdios com
o povo originário “índios”, a saga dos navios portugueses para chegarem em solo brasileiro,
trazendo em seu interior muitas crianças que compunham a tripulação.
As crianças foram retratadas desde os primórdios da história do Brasil a que temos
conhecimento, conhecemos a trajetória das crianças portuguesas que eram em sua maioria
trocadas por soldos pelos seus pais, que os entregava a Coroa portuguesa para compor as naus
portuguesas. Conhecemos as crianças indígenas que eram tidas como folhas em branco pelos
padres jesuítas, incubidos de catequizar os indígenas, e tomaram por estratégia, utilizar os
curumins para alcanças os indios mais velhos. a educação, o racismo, esses foram os temas
principais abordados nets pesquisa.
Priore, Pinsky e Megrasvis, ressaltam a falta de apreço que se tinha pelos infantes
naquela época, o quão eram desvalorizados e não protegidos. Eram exppostos aos mesmos
trabalhos que os adultos, exauridos sem nenhuma compaixão, vistos como pequenos adultos
falantes, não havia amor para com a infância naquele período. Tal depreciação perdurou por
muito tempo só se começou a se pensar na infância de maneira mais cuidadosa a partir do
século XVIII.
No decorrer deste estudo, conhecemos um pouco da história dos curumins, de como
eram tratados pelos padres jesuítas e como foram tão vilmente utilizadas como atalho para
manipular os índios adultos. Deixando evidente a intolerância religiosa e comportamental dos
portugueses para com o povo indígena, que forma obrigados a abrir mão de sua essência,
crenças e costumes para continuar subsistindo, de dodos da terra passaram a ser escravizados
e aqueles que se rebelassem eram cruelmente assassinados.
O Brasil passou a ter uma demanda de trabalho muito maior do que a mão de obra
existente, os índios já não eram suficientes para o tanto que se empreendia neste país nquela
época. Inspirados em outros países ao redor do mundo, o Brasil optou pela escravização de
homens e mulheres negras, que eram arrancados de seus lares, a maioria do continete
29

africano, onde eram trancafiados em grandes embarcações, entituladas “navios negreiros” que
singravam os mares rumo ao Brasil.
Esta pesquisa trata do preconceito sofrido por crianças negras, e neste momento da
história, pudemos acessar informações de como era a vida das crianças negras escravizadas
em solo brasileiro. A violação direitos ocorria desde o nasciento, onde muitas das vezes esses
bebês não consumiam o leite materno, pois suas mães eram vendidas como amas de leite,
sendo incubidas de amamentar bebês brancos, deixando o seu rebento abandonado a própria
sorte. Quando crescidos com idades entre 5 e 12 anos, já eram inseridos na rotina de fazeres
dosmésticos, servindo os patrões e demais empregados, sem direito a afeto, alimentação e
vida digna, em suma traziam no nome o ofício, ex: Maria Mucama, João Pintor, etc.
Analisamos que o cenário pós escravidão foi muito caótico, pois os negros
escravizados foram libertos de seus cativeiros, passaram a ser homens e mulheres livre,
porém, foram despedidos de mãos vazias, sem dinheito ou terras, sem emprego remunerado
ou perspectiva de futuro, onde sucubiram a margem da sociedade, passando a aderir a
mendicância e a cometer delitos como forma desesperada de sobrevivência. Sucederam-se
longos tempos em que a infância neste país contemplou o mais cruél abandono, que só foi
atenuado pela promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1993.
Também discutimos aspectos legais sobre a educação infantil através da Lei de Diretrizes de
Base da Educação, onde identificamos que há a necessidade de melhor capacitar os
professores para lidar com situações e racismo e abordá-las de forma a contribuir com uma
educação igualitária e sem preconceitos.
O ambiente escolar por muito tempo foi restrito as pessoas de pele clara e
potencialmente ricas. Houve uma longa trajetória de lutas para que as pessoas sem poder
aquisitivo e negras pudessem adentrar nesses ambientes. Até hoje vivemos os resquícios dessa
segregação, que afeta com maior força as crianças negras.
Compreendemos através da pesquisa que há muitos profissionais empenhados em
contribuir para um ambiente escolar equitativo e livre de preconceitos, mas também nos
deparamos com metodologias ultrapassadas e que potencializam o racismo. Lém de um
currículo educacional ultrapassado, que não contempla todos os atores realmente envolvidos
na história da construção desse país. A pesquisa mostrou-se de muita relevância, pois nos traz
parâmetros para uma atuação profissional que seja amparada num olhar mais aguçado,
comprometido e direcionado, tornando a ação realmente eficaz.
Findamos por observar que os danos oriundos do racismo na vida das crianças podem
gerar danos extensos, tais danos podem ser evitados, carecendo que seja adotado por parte de
30

toda a sociedade com ênfase no âmbito escolar uma postura de enfrentamento da questão
racial, tão pormenorizada por muitos. Há a real necessidade de expormos sobre as males
trazidos pelo racismo, de forma direta e clara.
A pesquisa teve como focos: os alunos, os professores, o abandono sofrido por muitas
crianças no período da industrialização, também dos avanços legais em prol da infância no
Brasil como a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Trouxemos as crianças
vítimas de preconceito racial e os danos sofridos em decorrência do racismo. A pesquisa
passou por três estapas, sendo elas: levantamento bibliográfico; leitura e fichamento das obras
escolhidas e elaboração do projeto de pesquisa.
O tempo de duração foi do dia 24 de março de 2023 à 10 de maio de 2023.
31

CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO

Através da pesquisa empreendida foi possível compreender através da autora Mary Del
Priore a saga das crianças em solo brasileiro, que é retratada em suas mais variadas
expressões, abrangendo crianças portuguesas, indígenas, negras, imigrante, infratoras,
marginalizadas. A autora também nos fez percorrer pelos caminhos árduos de outrora, onde a
desvalorização da infância era pano de fundo, em uma sociedade não habituada ao cuidar e
proteger esses frágeis seres. Ao analisarmos sua obra “A história das crianças no Brasil”, nos
deparamos com uma história inicialmente triste, mas que revelou a construção social de novos
rumos para a infância, através do acesso ao sistema de garantia de direitos, com a
promulgação da Constituição Federal (1988), que possiblitou que em 1990 fosse estabelecido
o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, um grande marco que delimitou direitos e
deveres previstos em forma de lei. É inegável que muito se conquistou em prol dos direitos
das crianças, mas não podemos ser alheios ao fato de que, ainda há muito a desbravar.
O preconceito racial é claramente retratado tanto por Del Priore, quanto por Prinsky,
onde os autores estabelecem o quanto a crueldade era empreendida pelos que cometiam atos
racistas. O rebaixamento intelectual sofrido pelo povo negro, a escravização a que foram
submetidos, o abandono a própria sorte após a abolição da escravatura, sendo lançados a
liberdade de mãos vazias e sebdo desqualificados para exercer funções remuneradas, restando
apenas a margem da sociedade onde ainda muitos de nós permanece. Prinky nos traz em sua
obra exatamente o sentimento do negro arrancado de seu pais, do seio de sua família, que em
muitos casos eram famílias de posses, homens culturalmente desenvolvidos, com inúmeras
potencialidades, com altos níveis de inteligência, desempenhando funções de destaque em
seus lugares e que foram bruscamente arrancados de sua terra mãe, forçados a realizarem os
piores e mais dolorosos trabalhos, tratados como inferiores até mesmo aos animais, sendo
odiados gratuitamente, por um único fato: possuir pele negra.
Embora o Brasil seja um pais onde o racismo não é escancarado, como em outros
países como o Estados Unidos da América, isso não significa que isto seja verdade. No Brasil
há racismo e em grandes proporções, tal prática está enraigada em boa parte da nossa
população, transparecendo nas falas, piadas, oportunidades, salários e etc.evolução deste país
Através da leitura e análise empreendida das obras dos autores consultadas, fica nítida
que a história do povo negro não foi inclusa na história deste país, resumindo-se apenas a
escravização deste povo. Porém, os negros contribuiram massivamente e intelectualmente
para a construção e desenvolvimento do Brasil. Há uma grande sucessão de equívocos em
32

nossa história ao começarmos pelo “descobrimento”, parimos da premissa de que só se


descobre o que estava escondido, o que não era o caso do Brasil. Outro ponto a se destacar é
que o que a história chama de “colonização” não passa de “invasão” ou “inapropriação”, pois
o nosso país não era deserto, havia aqui os donos da terra que eram os índios. Mas como a
história do Brasil foi escrita pelos europeus, os mesmos que usurparam nossas terras, mataram
boa parte do povo originário desta terra e escravizaram os negros, fica claro qual o papel seria
atribuído a cada um deles, que seria de acordo com o ideal europeu.
Tais lacunas tem gerado a falta de identificação do povo negro em nossa história,
fazendo com que muitas crianças não se sintam incluídas, vistas, representadas, pois tudo em
nossa história é contada a partir do ideário branco, tornando dolorosa a existência para as
pessoas negras que por vezes, abrem mão de sua essência, recorrendo a tentativas
desenfreadas de adequação para poderem ser minimamente aceitas por uma sociedade que
ainda os enxerga como inferiores.
A escola tem papel fundamental na modificação da história, que só será possível
através da ampliação de práticas de inclusão da cultura negra no currículo escolar, cedendo
espaço para que haja sua difusão.
Ao buscamos por niciativas que promovam um novo currículo que paute pela
vlorização da cultura negra africana nas escolas, podemos citar que o o Plano Nacional de
Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana tem colocado as
atribuições dos sistemas educacionais e das instituições de ensino para a implementação na
referida Lei Nº 10.639 de 2003, através de estudos, perquisas e observações realizadas por
docentes do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, para promover o ensino das relações
étnico raciais em contexto escolar.
IFES (2017, p.6) revela sobre a necessidade de responder corretamente as mudanças do
mundo globalizado, inferindo o quento é importante que os profissionais da educação estejam
capacitados a tratar de temas complexos em sala de aula, aptos a promover diálogo, reflexão e
transformação através de uma nova estruturação do currículo escolar, com a inserção
multiculturalismo10, como veremos a seguir:

A Educação, no contexto do Multiculturalismo, torna-se a principal estratégia para a


construção da sociedade multicultural. Por conseguinte, devemos considerar que

10
Multiculturalismo: Prática d acomodar culturas distintas, numa única sociedade, sem preconceito ou
discriminação. BECHARA, 2011, p. 846.
33

uma Educação comprometida multiculturalmente é aquela capaz de proporcionar o


repensar sobre ações cotidianas de discriminação e de preconceito e de questionar o
monoculturalismo e o etnocentrismo11 presentes na sociedade, inclusive na escola.
Isso tudo a partir da reflexão crítica dos processos históricos, culturais e sociais de
dominação, por meio da desconstrução, da articulação e do resgate, de forma a
promover o respeito e a valorização da diversidade cultural, de gênero e de classe.
(IFES, 2017, p. 6)

De cordo com o autor o multiculturalismo é a resposta aos inúmeros desafios propostos


na atualidade pela diversidade cultural. Desta forma compreende que para responder
satisfatoraimente as diversas demandas culturais existentes, se faz necessário que o professor
esteja em conssonância com a realidade em que atua, como refere o autor, vejamos :

O professor, para desenvolver uma Educação Multicultural, precisa de uma


formação que envolva os saberes e os conhecimentos do trabalho docente de forma
que possibilite sua atuação na sociedade e no contexto onde está inserido, visando a
formação de sujeitos emancipados e críticos quanto aos aspectos políticos,
econômicos e culturais. Essa perspectiva é necessário pensarmos com que saberes e
conhecimentos o professor trabalha uma Educação Multicultural. (IFES, 2017, p.
10)

Pesquisar sobre o local em que está inserido e as problemáticas que assolam o âmbito
escolar em que atua é primordial para promover eeflexões e caminhos para a renovação da
práxis profissional. O autor salienta que a inovação é determinante para o êxito da ação
empreendida. IFES (2017,p. 10), enfatiza que busca-se como perfil de professor, o
“intelectual transformador capaz de desenvolver uma prática pedagógica preocupada com os
oprimidos e eficaz na emancipação dos sujeitos”. Mas para tal, é importante intencionar e
eleger uma formação docente capaz de modificar a Educação, com identidade crítica e
emancipatória, como clarifica o autor a seguir:

Salienta-se, nessa concepção, o profissional pensante, reflexivo e intelectual, capaz


de considerar as questões sociais que envolvem sua profissão como elemento
dinamizador. As questões multiculturais, especialmente a diversidade étnico–racial,
impõe à Educação desafios que não podem ser respondidos com modelos
tradicionais de práticas pedagógicas. Daí a necessidade de formar profissionais
capazes de pensar diante as situações e de propor novas práticas. (IFES, 2017, p. 11)

Essa nova conjectura proposta, não dá a ver que a criação de uma consciência de
diversidade, mas resultará em professores engajados com o multiculturalismo, aptos a
promover espaços de reflexão, vejamos como seria este profissional através da óptica do
autor:

11
Etnocentrismo: Concepção ou visão de mundo de quem elege os valores e as regras de sua própria
sociedade ou cultura como medida ideal para avaliar outras culturas e sociedades. BECHARA, 2011, p.615.
34

Diante das concepções apresentadas, consideramos como professor comprometido


multiculturalmente aquele capaz de questionar as diferenças na formação social,
política e econômica da sociedade, de problematizar visões de mundo, de participar
da construção de políticas educacionais que contribuam para uma educação da
diversidade. E, ainda, que promova a igualdade social e a valorização da pluralidade
cultural, emancipando os sujeitos quanto à dominação ideológica e ao preconceito.
(IFES, 2017, p. 14).

Quando tratamos de multiculturalismo é preciso cautela, para não reproduzirmos ações


equivocadas, como a guetização cultural, o folclorismo o reducionismo identitário e o
multiculturalismo reparador. Vejamos o que diz o autor sobre esse conceitos:

Consiste numa redução do multiculturalismo, na educação, em valorização de


costumes, festas e aspectos folclóricos, como por exemplo: feiras culturais e
celebrações e/ou comemorações de dias, como: Dia do Índio, Dia da Consciência
Negra, etc. Sem um trabalho crítico e contextualizado, essas atividades pontuais
reforçam a discriminação. E, assim, o multicultural é visto como algo exótico. Ou
então, o reducionismo identitário pode apresentar-se como uma falsa prática
multicultural, que ao se abordar a diversidade pode-se negar o diverso no diverso.
Como exemplo temos o discurso de respeito ao afro-brasileiro, porém esquecemos a
diversidade 16 cultural africana. Já na guetização cultural, as propostas curriculares
são exclusivas para seus grupos curriculares. (IFES, 2017, p. 16).

Em suma o autor sugere que uma prática pedagógica realmente eficiente seria aquele
que se pauta em refletir sobre os erros do passado, para evitar que eles se repitam no futuro,
que só será possível através da ressignificação de ações que mesmo intuindo combater a
discriminação acabavam por promovê-la.
De acordo com IFES (2017, p.19) “a cultura negra no Brasil deve ser vista como uma
particularidade cultural construída historicamente por segmentos étnicos de origem africana,
organizados em grupos, de maneira não isolada, mas no contato com outros grupos étnicos e
povos”. Infelizmente, a sociedade encontra-se despreparada para assimilar tantos termos
decorrentes das reflexões sobre o racismo e as questões raciais no Brasil, causando enganos
até mesmo aos pesquisadores, professores e demais estudiosos da causa. A escola é vista
como berço não só para esses equivocos, mas também para a reprodução das desigualdades
sociais, como salienta o autor, vejamos:

O entendimento da escola como reprodutora de desigualdades socioeconomicas e


culturais foi evidenciado por autores como Bowles and Gintis (1976) e Willis
(1977), dentre outros. Esses autores demonstraram como instituições de ensino
reproduzem interesses das elites econômicas e políticas em sociedades capitalistas a
partir das mensagens e práticas educativas expressas na organização e estrutura
dessas instituições escolares. (IFES, 2017, p. 20).
35

Clarifica o autor que as diferenças sociais são o combustível para manter as


engrenagens da discriminação funcionando a pleno vapor, vejamos:

Na sociedade brasileira, as estratégias utilizadas pelos grupos dominantes para


controlar o desenvolvimento da transmissão social e do capital cultural continuam a
apoiar-se erroneamente na ideia de que a pertença étnico-racial não é um fator
preponderante na posição socioeconômica, na renda, na mobilidade social e na
realização educacional. (IFES, 2017, p. 24).

O preconceito está arraigado em nossa sociedade, evidencia-se sem pudor algum em


nossas escolas e reproduz-se assustadoramente em nosso meio. A análise dos autores
estudados nos permite ver claramente que o racismo é um produto socialmente construído, o
resultado dessa construção alimenta os altos indíces de desemprego, da população carcerária,
dos números de jovens assassinados, dos baixos indíces em cargos de liderança e de acesso a
diploma de nível superior. Os grandes heróis retratados em nossa história não são negros. As
grandes personalidades de nossa sociedade não são negras, mas é possível de vez em quando
mirarmos mesmo que acidentalmente e encontrarmos um ou outro negro assumindo papel de
destaque em alguma história, principalmente nas não oficializadas.
A análise explanada delineia o racismo sofrido por crianças na Educação Infantil, pois
a falta de representatividade impacta na forma de como cada criança negra se vê refletida na
sociedade. A frustração a que são submetidas por não caber nos moldes de uma sociedade
estereotipada, em que o que é retratado como belo, não condiz com ser negro.
Por fim, as lutas de uma parcela de profissionais da educação não pode ser ignorada,
mas sim ovacionada e amplamente divulgada, como os professores pesquisadores do Instituto
Federal do Espírito Santo, que empreenderam seus esforços para contextualizar a
discriminação e traçaram através de suas pesquisas um perfil profissional que possa
transformar essa realidade. Profissionais propositivos é disso que precisamos e é nisso que
devemos nos inspirar, para que possamos ter êxito na luta contra o racismo, e a escola possa
ser não um local onde as diferenças se evidenciam, mas um local de solo fértil para novos
proposições capazes de impactar positivamente nossa sociedade.
36

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que este trabalho alcançou o seu objetivo, pois possibilitou a reflexão
sobre o racismo na educação infantil, confirmando-se a hipótese que grandes são os danos
causados as crianças vítimas de racismo, mas revelando-nos o quanto que ações afirmativas
fazem a diferença em sua prevenção e combate.
Através da pesquisa empreendida foi possível mensurar a existência dessa enorme
ferida, que se mostra difícil de cicatrizar, pois para tal, necessita ser tratada para que se possa
obter a cura. O racismo existe e infelizmente, ainda em grandes proporções e para combatê-lo
se faz necessário que esse debate seja constante, que as iniciativas aumentem e que a
sociedade não permaneça velando o que já é notório há muito tempo.
Precisamos falar sobre racismo, e esse falar deve ser feito com clareza, com
consciência, sem pormenorizar ou constranger a quem possui este local de fala, a quem acessa
em seu íntimo as dores oriundas do racismo.
O presente trabalho nos conectou a uma realidade vivenciada por inúmeras crianças
negras que não se veem representadas nas histórias infantis e tampouco nos livros didáticos, a
não ser pelo único papel depreciativo atribuído aos negros, descrito nos livros de história, o de
escravos, sem inteligência, sujos e sem alma. Infelizmente, estigmas foram criados quanto ao
potencial de pessoas negras, o que torna primordial refletirmos constantemente para
desmistificar a cada um deles.
As crianças foram retratadas desde os primórdios da história do Brasil a que temos
conhecimento, conhecemos a trajetória das crianças portuguesas que eram em sua maioria
trocadas por soldos pelos seus pais, que os entregava a Coroa portuguesa para compor as naus
portuguesas. Conhecemos as crianças indígenas que eram tidas como folhas em branco pelos
padres jesuítas, incubidos de catequizar os indígenas, e tomaram por estratégia, utilizar os
curumins para alcanças os indios mais velhos. a educação, o racismo, esses foram os temas
principais abordados neta pesquisa.
No decorrer deste estudo, conhecemos um pouco da história dos curumins, de como
eram tratados pelos padres jesuítas e como foram tão vilmente utilizadas como atalho para
manipular os índios adultos. Perapassamos pela história do povo negro escravizado e dos
imigrantes que vieram espontâneamente para trabalhar nas fábricas. Retartamos o abandono
sofrido por crianças e adolescentes que passaram a ser criminalizados por estarem na rua,
sendo rotulados como “vagabundos” e levados para as instituções que acolhiam menores
“infratores.
37

Trouxemos novas perspectivas trazidas através da promulgação da Lei: 8.069 de 13 de


julho de 1993, o Estatuto da Criança e do Adolescente que nos impele a acatar as diretrizes
que o compõe, trazendo esperança para a infância brasileira. Perpassamos sobre as leis que
amparam a educação brasileira, como a Lei de Diretrizes de Bases e o Plano Nacional da
Educação. Compreendemos que a escola tem papel fundamental na modificação da história,
que só será possível através da ampliação de práticas de inclusão da cultura negra no currículo
escolar, cedendo espaço para que haja sua difusão.
Findamos, acrescentando que a reestruturação de política públicas voltadas para a
Educação, o investimento em capacitação profissional para os servidores escolares, assim
como a maturação de um novo curriculo que contemple as reais necessidades de apredizagem,
são ações que podem impulsionar ainda mais as ações preventivas e intervetinvas já
existentes, para que o racismo ou qualquer outro ato discriminatório seja abolido de nossa
sociedade.
38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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preconceito e discriminação na educação infantil/Eliane dos Santos Cavalleiro. 6ª ed. São
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