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FALAR SOBRE IGUALDADE ENTRE

MULHERES E HOMENS É FALAR DOS


DIREITOS HUMANOS

1
O PRINCÍPIO DE IGUALDADE NO CONTEXTO
DOS DIREITOS HUMANOS

• Princípio de não discriminação

• Princípio de responsabilidade Estatal Igualdade


substantiva

• Princípio de igualdade perante a Lei


(igualdade de jure)
CEDAW

2
Antecedentes da luta pelo reconhecimento que as
mulheres são igualmente humanas como os homens.
Quer dizer, o reconhecimento que são igualmente
humanas como os homens nas suas diferenças
mútuas, portanto, com iguais direitos a ter direitos.

CONSIDERAÇÕES PARA PODER FALAR DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E


MULHERES A PARTIR DA PERSPECTIVA DOS DIREITOS HUMANOS

i) Que as mulheres são capazes de ter direitos legais;


ii) Aceitação que pessoas individuais possam ter direitos perante o Estado sob
leis internacionais;
iii) Que homens e mulheres possam ter direitos iguais, pelo menos nalguns
contextos;
iv) Aceitação de um sistema universal de direitos humanos.

Esta aceitação dá lugar a dois conceitos constituintes e indivisíveis que são:


a igualdade de todos os seres humanos e a proibição de discriminar a qualquer deles
3
v) A perspectiva de género e dos direitos humanos (ou género
inclusivo) incluía as mulheres e homens de todas as cores,
idades, capacidades, regiões e práticas sexuais, religiosas
e culturais.
PARA
DEMOSTRAR
QUE

O género não só se refere as maneiras que os papéis, as atitudes, os valores e


as relações entre mulheres e homens de todas as idades se constroem na sociedade,
senão que também o género construiu instituições sociais como o direito, o controle
social, a religião, a família, o imaginário, a ideologia, etc., as quais criam posições
sociais diferenciadas para uma determinação desigual de direitos e responsabilidades
entre os sexos, mas também entre eles;
O desenvolvimento da perspectiva de género ajudou a visibilizar as relações desiguais
de poder entre os sexos e, por sua vez, levou a perceber que a igualdade entre homens
e mulheres não era um facto consumando, senão uma aspiração da humanidade;
Esta realização é importantíssima porque permite entender que para atingir a
igualdade, há que eliminar a discriminação e, para conseguir isto último, há que
estabelecer responsabilidades. 4
OS DIREITOS HUMANOS E A IGUALDADE COMO NÃO
DISCRIMINAÇÃO

Declararão Universal dos Direitos Humanos;

Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e


Culturais;

Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos


Convenção da Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher (CEDAW);

Convenção dos Direitos da Criança;

Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as


Formas de Discriminação de Discriminação Racial.
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DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
HUMANOS

Artigo 7: não só estabelece que todos os seres


humanos são iguais perante a Lei, senão que
acrescenta que todos os humanos e todas as
humanas têm direito a todos os direitos
proclamados nesta declaração sem distinção
alguma, especificando o sexo como uma das
distinções não permitidas.

6
Pacto Internacional dos Direitos Económicos,
Sociais e Culturais

Artigo 3: os Estados comprometem-se a garantir


“aos homens e as mulheres igual título de gozar de
todos os direitos económicos, sociais e culturais
enunciados neste mesmo tratado”, estabelecendo
no Artigo 2 que os Estados comprometem-se a
assegurar esses direitos sem discriminação alguma
por qualquer motivo, entre outros, de sexo.

7
Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos

Artigo 3: estabelece que os Estados membros


estão obrigados a garantir a homens e mulheres
a igualdade no gozo de todos os direitos civis e
políticos enunciados no tratado.

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Os direitos humanos a nível regional

Carta de Banjul

Artigo 2: Toda a pessoa tem direito ao gozo dos


direitos e liberdades reconhecidos e garantidos na
presente Carta, sem nenhuma distinção,
nomeadamente de raça, de etnia, de cor, de sexo,
de língua, de religião, de opinião política ou de
qualquer outra opinião, de origem nacional ou
social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer
outra situação.

9
Os direitos humanos a nível nacional

Constituição da República
Artigo 35: (Princípio da universalidade e igualdade)
Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam
dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos
deveres, independentemente da cor, raça, sexo,
origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de
instrução, posição social, estado civil dos pais,
profissão ou opção política.
Artigo 36: (Princípio da igualdade do género)
O homem e a mulher são iguais perante a lei em
todos os domínios da vida política, económica, social
e cultural.
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Sobre o princípio de não discriminação

O que vamos perceber por discriminação desde a


perspectiva dos direitos humanos? Significa que
discriminar uma pessoa ou colectivo humano consiste em lhe
privar dos mesmos direitos.

O Comité de Direitos Humanos a tem definido como: “toda


exclusão, restrição ou preferência que se baseie em
determinados motivos como a raça, o cor, o sexo, a língua, a
religião, a opinião política ou de outra índole, a origem
nacional ou social, aposição económica, o nascimento ou
qualquer outra condição social e que tenha por objecto ou por
resultado anular ou menoscabar o reconhecimento, goze ou
exercício, em condições de igualdade, dos direitos humanos e
liberdades fundamentais de todas as pessoas” 11
Sobre o princípio de não discriminação

Convenção da Eliminação de Todas as Formas


de Discriminação contra a Mulher (CEDAW)

Artigo 1: Para os fins da presente Convenção, a expressão


"discriminação contra a mulher" significará toda a distinção,
exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por
objecto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento,
gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu
estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher,
dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos
político, económico, social, cultural e civil ou em qualquer
outro campo.
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Sobre o princípio de não discriminação

Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas


as Formas de Discriminação Racial

Artigo 1. 1: Na presente Convenção a expressão


“discriminação racial” denotará toda distinção, exclusão,
restrição ou preferência baseada em motivos de raça, cor,
linhagem ou origem nacional ou étnico que tenha por
finalidade ou por resultado anular ou menoscabar o
reconhecimento, goze ou exercício, em condições de
igualdade, em condições de igualdade, dos direitos
humanos e liberdades fundamentais nas esferas política,
económica, social, cultural ou em qualquer outra esfera da
vida pública.
13
Sobre o princípio de não discriminação

Carta de Bajul Artigo 18 – 3:


O Estado tem o dever de zelar pela eliminação de
toda a discriminação contra a mulher e de
assegurar a protecção dos direitos da mulher e da
criança tais como estipulados nas declarações e
convenções internacionais.

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Sobre o princípio de não discriminação

Protocolo à Carta Africana dos Direitos


Humanos e dos Povos, relativo aos Direitos da
Mulher em África

Artigo 1.f: “Discriminação em relação à Mulher”, toda a


distinção, exclusão ou restrição ou tratamento diferente
com base no sexo, cujos objectivos ou efeitos
comprometem ou proíbem o reconhecimento, o usufruto,
ou exercício, pela Mulher, independentemente do seu
estado civil, dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais em todas as esferas da vida.

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As responsabilidades do Estado

Porquê não se tem eliminado a discriminação entre


homens e mulheres?
Vontade política de quem tem poder para o fazer;
Religiões patriarcais que aberta ou solapadamente se
opõem à igualdade entre os sexos;
Os costumes e tradições misóginas que entronizam
(aclamam) a superioridade do sexo masculino;
Os estereótipos sexuais que mantém a inferioridade dos
papéis femininos;
As políticas neo-liberais que têm contribuído para a
feminização da pobreza, etc., entre outros,

MAS SOBRETUDO 
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Há uma falta de desenvolvimento doutrinário
sobre o que se deve entender por “igualdade
entre homens e mulheres”, junto com a proibição
da “discriminação baseada no sexo” ou “ a
discriminação contra as mulheres” a partir do
contexto dos direitos humanos, quer dizer, a
partir da óptica de que estes dois princípios
geram obrigações legais dos Estados.

17
A CEDAW e as responsabilidades do Estado

ligam a igualdade entre mulheres e homens com


a não discriminação contra as mulheres com o
princípio de responsabilidade estatal;
detalha as obrigações estatais com relação a
uma série de direitos humanos para alcançar a
igualdade;
obriga aos EP a adoptar as medidas apropriadas
para eliminar a discriminação contra a mulher
nas esferas do emprego, da saúde, da educação,
etc., e na vida social e económica em condições
de igualdade com os homens; 

18
A CEDAW e as responsabilidades do Estado

estabelece que os EP não só deverão proibir toda


discriminação na Lei ou na prática, senão que
lhe deverão garantir às mulheres a protecção
efectiva contra todo acto de discriminação
praticada por qualquer pessoa, organização ou
empresa

estabelece que os EP estão obrigados a tomar


todas as medidas apropriadas para modificar os
padrões sócioculturais e os estereótipos, os
prejuízos e as práticas culturais que estejam
baseadas em ideias sexistas 
19
A CEDAW e as responsabilidades do Estado

estabelece as medidas de carácter temporário ou


acções positivas para acelerar o ganho da
igualdade entre homens e mulheres;

estabelece que a forma de avaliar se um EP está


dando iguais oportunidades às mulheres como
aos homens, é na igualdade de resultado;

exige que para implementar uma política de


igualdade de oportunidades se tenha em conta os
factores sociais que incidem nessa desigualdade;

20
A CEDAW e as responsabilidades do Estado

Tudo o anterior requer um Estado


intervencionista que não só reconheça a
igualdade entre homens e mulheres senão que
tome todas as mediadas para que exista
igualdade na Lei, na protecção das leis e nos
benefícios das mesmas;

Mas também, todas as pessoas têm a obrigação


de se tratar como iguais dentro das suas
diferenças.

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Igualdade perante a Lei ou igualdade de jure,
formal ou substantiva

a igualdade como princípio normativo, não em termos de


ser senão de dever ser;
quer dizer que a igualdade não é um facto senão um
valor estabelecido perante;
a igualdade se concebe só como um dos três princípios
que juntos constituem a realização prática do princípio da
igualdade;
trata-se de uma igualdade baseada no gozo e no
exercício dos direitos humanos que, portanto, permite
trato distinto, ainda por parte da Lei, quando a situação é
distinta 

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Contudo, a igualdade formal não elimina todas as
desigualdades reais, que existem na sociedade,
entre homens e mulheres, dai que se requer da
conjunção dos outros dois princípios, a saber, o
princípio de não discriminação e a intervenção e
responsabilidade do Estado

Por isso é importante observar que o problema


não é a igualdade de jure em si, senão o facto de
que muitas das vezes não se reconheça que as
mulheres estão numa situação desigual e
discriminatória com respeito aos homens ou que
se utilize o standard masculino para a garantia
dos direitos das mulheres 
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Finalmente, há que observar que a
igualdade no contexto dos direitos
humanos e mais especificamente no
âmbito da CEDAW, não trata de igualar às
mulheres com os homens, senão que se
trata de uma igualdade no reconhecimento,
gozo e exercício dos direitos humanos de
ambos. Para isto, se deve atingir a
igualdade de oportunidades, a igualdade no
acesso às oportunidade e a igualdade de
resultados;
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Direitos sexuais

P. de não discriminação

P. a responsabilidade
Estatal

P. da igualdade de jure

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Direitos reprodutivos

P. de não discriminação

P. a responsabilidade
Estatal

P. da igualdade de jure

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