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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS


ADMINISTRAÇÃO E JUSTIÇA SOCIAL

THALES DA COSTA GONZAGA

AUTISMO SOB ENFOQUE DA EQUIDADE


E DA JUSTIÇA SOCIAL

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL


22 DE MARÇO DE 2023
INTRODUÇÃO

As pessoas autistas enfrentam muitas dificuldades na sociedade brasileira, especialmente em


relação à igualdade social. Essas dificuldades estão relacionadas com a falta de informação, a
discriminação e a exclusão social.
Uma das principais dificuldades é a falta de compreensão das pessoas sobre o autismo. Muitas
pessoas ainda acreditam que o autismo é uma doença e que as pessoas autistas são incapazes de conviver
em sociedade. Essa falta de informação pode levar à discriminação e à exclusão social, o que afeta
diretamente a igualdade social.
Outra dificuldade é a falta de adaptações por parte da sociedade para ajudar as pessoas autistas a se
integrarem melhor. Haja vista que em muitos locais públicos não há a presença de intérpretes de Libras, o
que dificulta a comunicação dos autistas não verbais. Além disso, muitas escolas não estão adaptadas para
receber alunos autistas, o que pode afetar ainda mais a educação e o desenvolvimento dessas pessoas.
John Rawls, filósofo político e autor da obra "Uma Teoria da Justiça", propõe uma teoria sobre a
justiça que se baseia na igualdade de oportunidades. Segundo Rawls, a sociedade deve ser organizada de
tal forma que as pessoas tenham as mesmas oportunidades, independentemente de sua condição social,
econômica ou física.
Para alcançar essa igualdade de oportunidades para as pessoas autistas na sociedade brasileira, é
preciso tomar algumas medidas. A primeira delas é a conscientização da população em geral sobre o
autismo. É necessário desmistificar as crenças errôneas e informar sobre as características e necessidades
das pessoas autistas.
Outra medida importante é a criação de políticas públicas que garantam o acesso das pessoas
autistas aos serviços básicos, como saúde, educação e transporte. Além disso, é importante investir em
adaptações e recursos tecnológicos que facilitem a integração dos autistas na sociedade. Isso inclui, por
exemplo, a utilização de tecnologia assistiva e a formação de professores e profissionais da saúde para
lidar com as necessidades específicas das pessoas autistas.
Por fim, é importante lembrar que a igualdade social não deve ser vista como um objetivo a ser
alcançado, mas como um processo contínuo de inclusão e integração de todos na sociedade. Para tanto,
estruturo essa tese com base nas perspectivas dos autores John Rawls, Amartya Sen, Flávia Piovesan e
Christophe Dejours, posto que este é um tema que ainda está em constante luta. Luta, essa, da qual, sem
muito barulho, faço parte.
REFERENCIAL TEÓRICO:

JOHN RAWLS

O liberalismo político, de acordo com o filósofo americano John Rawls, é uma filosofia política que
se baseia no princípio da igualdade de direitos e liberdades individuais. Esta filosofia política é
caracterizada pela busca da conciliação entre a igualdade e a liberdade em uma sociedade democrática.
Rawls defende que a igualdade de oportunidades é um valor fundamental no liberalismo político e
que ela deve ser assegurada por instituições democráticas, que garantam a proteção dos direitos
individuais dos cidadãos. Essas instituições devem buscar o equilíbrio entre a liberdade dos indivíduos e a
igualdade de condições, para que todos possam ter as mesmas oportunidades de alcançar seus objetivos
pessoais.
Além disso, o liberalismo político de Rawls é baseado na ideia de que deve haver uma justa
distribuição dos bens sociais, de forma que a desigualdade econômica não seja excessiva e que aqueles
que estão em desvantagem possam receber apoio do Estado. Essa distribuição justa deve ser assegurada
por um sistema de justiça social eficiente, que se preocupa não somente com os direitos individuais, mas
também com o bem-estar coletivo.
Rawls propõe ainda que a justiça social seja garantida por meio da chamada "justiça como
equidade", que é uma visão da justiça baseada em princípios como o da "lei da igualdade" e o da
"diferença aceitável". A primeira diz respeito à ideia de que todos os cidadãos devem ter os mesmos
direitos e liberdades básicos, enquanto a segunda se preocupa em garantir que as desigualdades sociais
sejam equilibradas e justas, de forma a beneficiar a sociedade como um todo.
Para Rawls, o liberalismo político é uma filosofia política que busca a justiça social por meio da
proteção dos direitos individuais e da distribuição equitativa dos bens sociais. Essa filosofia política é
defendida em oposição a outras visões políticas, como o comunismo e o conservadorismo, que valorizam
mais a igualdade econômica ou a tradição e a ordem social, respectivamente.
Em resumo, o liberalismo político de Rawls é uma filosofia política que busca a justiça social por
meio da proteção dos direitos individuais e da distribuição equitativa dos bens sociais, buscando alcançar
um equilíbrio entre a liberdade e a igualdade em uma sociedade democrática.
AMARTYA SEN

O Capítulo 11 do livro A ideia de Justiça, de Amartya Sen, trata do conceito de vidas, liberdades e
capacidades como base para a discussão sobre a justiça. Segundo o autor, a justiça deve ser entendida
como a promoção das condições que permitam que as pessoas tenham a oportunidade de levar vidas que
considerem valiosas e significativas. E para que isso seja possível, é preciso que sejam garantidas as
liberdades fundamentais para a realização dessas vidas.
Sen argumenta que a noção de liberdade é essencial para a compreensão da justiça. As liberdades
fundamentais são aquelas que permitem que as pessoas tenham autonomia em suas escolhas e ações,
possibilitando que desenvolvam suas capacidades e busquem seus objetivos. Mas o autor ressalta que a
mera existência dessas liberdades não é suficiente para garantir justiça. É preciso que as pessoas também
tenham as capacidades necessárias para aproveitar essas liberdades e buscar seus objetivos.
Sen enfatiza que as capacidades são as reais capacidades que as pessoas têm de fazer algo, e não
apenas suas competências ou habilidades. Elas podem ser diretamente relacionadas às liberdades
fundamentais, por exemplo, a capacidade de ler e escrever está relacionada com a liberdade de expressão
e a capacidade de decidir sobre sua vida está relacionada com a liberdade de escolha. Mas elas não se
limitam a isso, incluindo também aspectos como saúde, nutrição, moradia, educação, lazer, entre outras.
O autor destaca que a promoção das capacidades é um objetivo principal da justiça, pois é a partir
delas que as pessoas podem buscar suas realizações e objetivos. E para que isso seja possível, é preciso
levar em consideração as diferentes necessidades e circunstâncias de cada pessoa, considerando as
desigualdades sociais e econômicas existentes.
O Capítulo 12 do livro, por sua vez, trata das interações entre as capacidades e os recursos. Sen
argumenta que a distribuição de recursos pode afetar significativamente a capacidade das pessoas de
realizarem suas vidas e alcançarem seus objetivos. Os recursos são geralmente definidos como bens e
insumos materiais, como dinheiro, propriedades, alimentos e medicamentos. No entanto, Sen ressalta que
esses recursos não são suficientes para garantir a promoção das capacidades.
O autor afirma que é preciso considerar tanto os recursos quanto as capacidades das pessoas e sua
interação mútua. Por exemplo, os recursos podem influenciar a capacidade de uma pessoa de desenvolver
uma habilidade ou competência, como o acesso a uma boa educação. Por outro lado, as capacidades
desenvolvidas também podem afetar a capacidade de uma pessoa de acessar recursos, como um emprego
bem remunerado.
Sen argumenta que a justiça deve buscar promover a distribuição justa de recursos e também a
promoção das capacidades das pessoas. É preciso considerar as diferentes necessidades e circunstâncias
de cada pessoa, buscando reduzir as desigualdades existentes e garantir que todos tenham a oportunidade
de levar vidas valiosas e significativas.
Em suma, os capítulos 11 e 12 de A ideia de Justiça destacam a importância das liberdades
fundamentais, das capacidades e dos recursos na promoção da justiça. Segundo Amartya Sen, a justiça
deve buscar promover a distribuição justa de recursos e também a promoção das capacidades das pessoas,
tendo em vista as diferentes necessidades e circunstâncias de cada indivíduo. Em outras palavras, todos
devem ter as condições necessárias para buscar suas realizações e objetivos, sem discriminação ou
desigualdades sociais e econômicas.

FLÁVIA PIOVESAN

O texto da autora Flávia Piovesan intitulado "Direitos Humanos: desafios e perspectivas


contemporâneas" apresenta uma visão crítica sobre a atualidade dos direitos humanos. A autora evidencia
que o cenário atual do mundo ainda enfrenta muitos desafios e problemas, sobretudo em relação à
manutenção e garantia dos direitos humanos.
A partir da análise da autora, identifica-se que a problemática atual dos direitos humanos tem se
intensificado em virtude da globalização e das pressões exercidas por sistemas políticos autoritários e
eleições questionáveis. Esses desafios são multifacetários e compõem um quadro difícil, pois muitos
obstáculos ainda devem ser superados para garantir a proteção e a promoção desses direitos.
Piovesan aponta ainda que os direitos humanos são considerados, atualmente, um paradigma para
os sistemas políticos, para a sociedade e para a proteção do indivíduo. Importante salientar que a
manutenção desses direitos não é uma tarefa exclusiva do poder público, mas sim de toda a sociedade em
geral. Há um debate muito amplo em torno da extensão que os direitos humanos possuem e se estas
extensões são realmente justas.
Os desafios na implementação dos direitos humanos são inúmeros e demandam muita atenção, em
especial, na perspectiva do Estado, que exerce um papel crucial na garantia da proteção destes direitos. É
crucial que o Estado leve em consideração o papel fundamental dos direitos humanos, assim como nas
normas que foram estabelecidas, a fim de garantir a proteção desses direitos para todos os cidadãos.
A autora destaca ainda que a luta pela garantia dos direitos humanos é uma luta contínua, e que
muitos desafios ainda se apresentam. Alguns desses desafios estão ligados a questões de gênero, raça, e à
exclusão social e aqui se insere as pessoas com Transtorno do Espectro Autista.
Em relação à questão de gênero, a autora menciona que há uma necessidade de esforços redobrados
no sentido de reduzir a desigualdade de gênero existente em muitos países. Ainda que haja avanços
significativos na luta pela garantia dos direitos humanos das mulheres, muito ainda precisa ser feito,
como a proteção das mulheres em situação de vulnerabilidade e combatendo os preconceitos que ainda
existem em nossa sociedade.
Em relação à questão racial, a autora aponta que é claro o racismo e a exclusão racial, o que faz
necessária uma ação muito mais efetiva por parte do Estado, visando à garantia da justiça e da igualdade
racial.
Por fim, a autora aborda a questão da exclusão social, afirmando que a proteção dos direitos
humanos deve ser uma questão de todos, e que nenhuma pessoa pode ficar à margem dos seus direitos
mais fundamentais.
Diante do exposto, pode-se concluir que os desafios em relação aos direitos humanos são muitos.
No entanto, é fundamental a conscientização da sociedade acerca da sua importância e das necessidades
de sua manutenção e defesa, visando à garantia de justiça e igualdade para todos.

CHRISTOPHE DEJOURS

O livro "A Banalização da Injustiça Social", de Christophe Dejours, analisa a relação entre o
sofrimento psíquico e o trabalho, mostrando como a exploração de indivíduos pode ser considerada
banalizada.

Capítulo 1 - Como tolerar o intolerável?


Neste capítulo, Christophe Dejours aborda como é possível que uma sociedade tolera a injustiça, a
violência e a dor evitando levantes populares. Ele aponta que isso acontece porque a sociedade, de forma
inconsciente, se acostuma e normaliza essas situações, tornando-as banais. Essa banalização é um
processo de aceitação da violência que ocorre diariamente nas vidas das pessoas, reduzindo a importância
que deve ser dada a ela.
O autor argumenta que essa banalização da violência pode ser vista em vários contextos, tais como
o trabalho, a escola, o lar e o ambiente político. Ele também destaca que é a própria cultura e história das
sociedades que acabam por normalizar esse tipo de comportamento, reforçando estruturas de poder e
fazendo com que as pessoas se calem diante dessas situações.

Capítulo 2 - O trabalho entre sofrimento e prazer


Neste capítulo, Dejours discute a relação entre trabalho, prazer e sofrimento. Ele destaca que, se
para alguns o trabalho pode ser fonte de realização pessoal, para outros, a realidade é bem diferente. O
autor aponta que o trabalho pode ser um lugar de sofrimento, onde a dor física e psicológica ocorre
diariamente.
Dejours também destaca que a evolução tecnológica e o mercado de trabalho, com o uso da
terceirização e precarização, têm agravado a situação das pessoas e como elas acabam sendo exploradas.
Ele destaca que, em muitos casos, o ambiente de trabalho não é propício para a realização de um trabalho
com qualidade e que as relações de poder podem impor condições abusivas e exploração.

Capítulo 3 - O sofrimento negado


Neste capítulo, o autor aborda a questão do sofrimento negado, ou seja, situações em que as pessoas
são submetidas a uma pressão excessiva e são forçadas a exercer suas atividades em condições
degradantes. Ele aponta que, muitas vezes, as pessoas que sofrem intentam esconder o sofrimento, o que
torna o problema invisível e difícil de resolver.
Dejours destaca que, nesses casos, é importante trazer os trabalhadores para o centro da discussão e
reconhecer o sofrimento que eles experimentam. Isso envolve a necessidade de se desenvolver uma
cultura organizacional que valorize suas contribuições e promova a prevenção e solução dos problemas.

Capítulo 4 - A mentira instituída


Neste capítulo, o autor discute a questão da mentira instituída, ou seja, a difusão de uma percepção
ideológica de que a sociedade é meritocrática e que o sucesso e o fracasso ocorrem por mérito individual.
O autor argumenta que essa visão inculcada produz uma cultura a-doente que ignora as relações de poder
e privilégio que existem em nossa sociedade.
Dejours destaca que essa mentira constitui uma estratégia para convencer as pessoas a acreditarem
que o bom desempenho no trabalho dependerá de sua competência individual, ocultando as incertezas e
desigualdades que envolvem o mundo do trabalho. Ele afirma que a desigualdade social e econômica
continua a ser uma questão importante na sociedade atual e que a mentira instituída deve ser combatida.
DESENVOLVIMENTO:
A exclusão social das pessoas com transtorno do espectro autista no contexto contemporâneo do
Brasil é um problema complexo, mas que pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas e teorias
relacionadas à justiça social, aos direitos humanos e ao liberalismo político: "A Banalização da Injustiça
Social", de Christophe Dejours, "Direitos Humanos: desafios e perspectivas contemporâneas", de Flávia
Piovesan, A ideia de Justiça, de Amartya Sen, e as Ideias Fundamentais do liberalismo político, de John
Rawls.
Para Dejours, a injustiça social é banalizada na sociedade contemporânea, em que a lógica do
mercado e a busca pelo lucro são exaltadas em detrimento dos valores humanitários e dos direitos sociais.
Segundo o autor, a exclusão social é um dos efeitos perversos dessa lógica, que transforma as pessoas em
meros objetos de consumo e ignora as suas necessidades e sentimentos. Para Dejours, é necessário
repensar a forma como a sociedade organiza a sua economia e a sua política, de modo a garantir uma
distribuição mais justa de riquezas e oportunidades.
Esta perspectiva está em sintonia com a visão de Flávia Piovesan sobre os desafios contemporâneos
dos direitos humanos. Em seu livro, a autora destaca a necessidade de se avançar em termos de igualdade
e dignidade para todos os seres humanos, independentemente das suas características ou condições.
Piovesan denuncia a existência de múltiplas formas de exclusão, como a discriminação racial, de gênero,
de orientação sexual e de deficiência, que ainda persistem em nossa sociedade e violam os princípios
fundamentais dos direitos humanos.
Nesse sentido, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que frequentemente é
objeto de exclusão e estigmatização. As pessoas com TEA enfrentam dificuldades para se inserir em
diferentes esferas sociais, como escola, trabalho, lazer e religião. Isso ocorre principalmente devido à
falta de compreensão e de políticas públicas que valorizem a diversidade e garantam o acesso aos direitos
humanos.
No que tange ao debate sobre a justiça, é possível fazer uma ponte com a obra de Amartya Sen.
Para o autor, a justiça deve ser pensada a partir da perspectiva das capacidades, ou seja, do que as pessoas
são capazes de realizar em termos de escolhas e oportunidades. Sen defende uma visão ampliada de
justiça, que considera não apenas a distribuição de recursos, mas também a qualidade de vida e o
empoderamento das pessoas. Essa perspectiva é importante para a inclusão das pessoas com TEA, uma
vez que muitas vezes elas são privadas de diferentes capacidades e oportunidades devido aos estigmas e
limitações sociais.
Por fim, trazemos a perspectiva do liberalismo político de John Rawls. Para o autor, a justiça deve
ser pensada a partir dos princípios de liberdade e igualdade, em que cada um pode buscar seus interesses
e desenvolver suas potencialidades desde que respeite os mesmos direitos dos outros. O papel do Estado é
garantir o acesso a esses direitos e a possibilidade de todos participarem do processo democrático através
do "véu da ignorância". Ou seja, o Estado deve agir como um agente imparcial que busca promover o
bem-estar e reduzir as desigualdades na sociedade.
Nesse contexto, a exclusão social das pessoas com TEA é uma violação dos princípios
fundamentais do liberalismo político, uma vez que elas são privadas das mesmas oportunidades e
liberdades que os demais membros da sociedade. É necessário, portanto, uma ação efetiva do Estado para
garantir o acesso aos direitos e a inclusão dessas pessoas na sociedade, como forma de promover uma
justiça social mais ampla e democrática. A exclusão social das pessoas com transtorno do espectro autista
no contexto contemporâneo do Brasil é um problema complexo que pode ser abordado a partir de
diferentes perspectivas e teorias.
A exclusão social das pessoas com transtorno do espectro autista é um problema que tem sido
objeto de discussão e reflexão nas últimas décadas. Apesar de os direitos das pessoas com deficiência
serem protegidos pela legislação brasileira, a realidade é que ainda há muitos desafios a serem
enfrentados para que esses direitos sejam efetivamente garantidos.
Flávia Piovesan, em seu livro "Direitos Humanos: desafios e perspectivas contemporâneas",
apresenta diversas ideias sobre como combater a exclusão social que podem ser aplicadas às pessoas com
transtorno do espectro autista. Uma das principais ideias é a necessidade de se promover a inclusão social
dessas pessoas, oferecendo-lhes condições de acesso à educação, ao trabalho, à cultura e ao lazer.
Para a autora, a inclusão social começa pela educação. É fundamental que as escolas ofereçam uma
educação que leve em consideração as necessidades e particularidades das pessoas com transtorno do
espectro autista. Para isso, é preciso investir em formação de professores e em recursos educacionais que
permitam o desenvolvimento pleno desses alunos.
Além disso, é importante que as empresas ofereçam oportunidades de trabalho para as pessoas com
transtorno do espectro autista. Para a autora, as empresas têm um papel fundamental na inclusão social
das pessoas, pois o trabalho é um elemento fundamental para a realização pessoal e a autonomia.
Outra ideia apresentada por Flávia Piovesan é a importância da cultura na inclusão social das
pessoas, sobretudo, às pessoas com transtorno do espectro autista. A autora defende que é preciso
oferecer acesso à cultura e ao lazer para essas pessoas, de forma a permitir que elas tenham experiências
enriquecedoras e possam desenvolver suas habilidades e potencialidades.
Para que essas ideias sejam colocadas em prática, é necessário que haja um compromisso dos
poderes públicos e da sociedade como um todo. É preciso que sejam destinados recursos para a formação
de professores, para a adequação das escolas e para a oferta de oportunidades de trabalho. É preciso
também que as empresas assumam sua responsabilidade social e promovam a inclusão social das pessoas
com transtorno do espectro autista.
Um dos principais desafios é combater o preconceito e a discriminação que ainda existem em
relação às pessoas com deficiência. Muitas vezes, essas pessoas são vistas como incapazes, e isso acaba
se refletindo em sua exclusão social. É fundamental que a sociedade compreenda que as pessoas com
transtorno do espectro autista têm potencialidades e habilidades que podem ser desenvolvidas, e que a
inclusão social é um direito fundamental que deve ser garantido a todos.
Para Flávia Piovesan, é preciso que os direitos humanos sejam entendidos como uma agenda de
transformação social, que busca promover a inclusão social e a igualdade de oportunidades para todos. É
preciso que sejam adotadas medidas concretas para combater a exclusão social das pessoas com
deficiência, e que essas medidas sejam pautadas pela perspectiva dos direitos humanos.
Em suma, a exclusão social das pessoas com transtorno do espectro autista é um problema que deve
ser enfrentado pela sociedade como um todo. É preciso que sejam promovidas políticas públicas que
garantam o acesso à educação, ao trabalho, à cultura e ao lazer para essas pessoas. É preciso também
combater o preconceito e a discriminação, de forma a promover uma sociedade mais inclusiva e
igualitária. E é preciso que as ações em prol da inclusão social sejam orientadas pela perspectiva dos
direitos humanos, de forma a garantir que esses direitos sejam efetivamente respeitados e protegidos.

CONCLUSÃO

Em conclusão, o transtorno do espectro autista é uma condição complexa e variada que afeta não
apenas a pessoa diagnosticada, mas também sua família e comunidade. Analisando a perspectiva de
equidade social de Flávia Piovesan, John Rawls, Amartya Sen e Christophe Dejours no Brasil, é possível
perceber que o acesso a diagnóstico, tratamentos e inclusão social ainda é limitado para as pessoas com
TEA.
A abordagem de Piovesan sobre a igualdade de oportunidades no acesso a serviços de saúde e
educação é fundamental na garantia de direitos das pessoas com TEA. No entanto, a realidade no Brasil é
que muitas famílias enfrentam dificuldades para acessar esses serviços devido à falta de investimento e
falta de informação. Rawls reforça a necessidade de garantir a igualdade de oportunidades para todos os
indivíduos, independentemente de suas diferenças. Nesse sentido, a criação de políticas públicas que
visem à inclusão de pessoas com TEA nas escolas regulares é uma medida essencial para garantir a
equidade social.
Em relação à perspectiva de Amartya Sen, destaca-se a importância de considerar a capacidade das
pessoas com TEA de terem voz e exercerem sua cidadania de forma plena. Isso requer ações que
busquem explorar as habilidades e potencialidades dessas pessoas, bem como o acesso a recursos que
lhes permitam participar da vida social. Por fim, a perspectiva de Christophe Dejours destaca a
importância do trabalho no processo de inclusão social. A inclusão de pessoas com TEA no mercado de
trabalho não só é benéfica para o indivíduo, mas também para a sociedade como um todo.
Em resumo, a equidade social para pessoas com transtorno do espectro autista no Brasil requer
ações que visem à igualdade de oportunidades, garantia de direitos, fortalecimento da cidadania e
inclusão social. É necessário que o tema seja tratado com a seriedade e prioridade que merece, e que a
sociedade como um todo compreenda que a diversidade é uma riqueza e que todos têm o direito de
participar plenamente da vida social. Assim, é possível se alcançar uma sociedade verdadeiramente justa
e solidária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS CONSULTADAS

Capítulo 1 - Como tolerar o intolerável?; Capítulo 2 - O trabalho entre o sofrimento e o prazer; Capítulo 3
- O sofrimento negado; Capítulo 4 - A mentira instituída. In. DEJOURS, Christophe. A banalização da
injustiça social. Tradução Luiz Alberto Monjardim. 7 ed. Editora FGV, 2019.

PIOVESAN, Flávia. DIREITOS HUMANOS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS.


Rev. TST, Brasília, vol. 75, no 1, jan/mar 2009, pp. 107-113. Disponível em
https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/6566/010_piovesan.pdf

Capítulo 11 - Vidas, liberdades e Capacidades; e Capítulo 12 - Capacidades e recursos. In. SEN, Amartya.
A ideia de Justiça. Tradução de Denise Bottmann e Ricardo Doninelli Mendes. São Paulo: Companhia
das Letras, 2011. pp. 259-301

O Liberalismo Político: Ideias Fundamentais. In. RAWLS, John. O Liberalismo Político. Tradução:
Álvaro de Vita. São Paulo: Martins Fontes, 2011. pp. 3-55.

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