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Disciplina: Diversidade e Direitos Humanos

Semana: 6

DIVERSIDADE E DIREITOS HUMANOS


(Aula – Semana 6)

UNIDADE II – DIREITOS HUMANOS, DIREITOS FUNDAMENTAIS E


CONSTITUIÇÃO FEDERAL (CF/88)

DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS (parte I)

Objetivo: Apresentar os fundamentos dos Direitos Fundamentais através dos


estudos substanciais sobre “cidadania” e seus alicerces para a democracia no
Estado moderno.

CONTEÚDO

CONCEITOS E INTERPRETAÇÕES SOBRE CIDADANIA:

Cidadania diz respeito às mudanças históricas, sociais, políticas, cíveis


e econômicas, pela qual esta palavra perpassa e se modifica no decorrer da
história, de acordo com as demandas de Direitos Fundamentais das sociedades
aplicadas pelo Estado.

Estas mudanças históricas e o processo de construção da “cidadania”


ocorrem posteriores à crise do feudalismo no séc. XVI, principalmente, com o
marco histórico da Reforma Protestante com o surgimento da Idade Moderna.

No alvorecer da Idade Moderna, temáticas civis como liberdade religiosa


e propriedade privada da terra, dentre outras, faziam as mobilizações e
manifestações de movimentos sociais frente aos poderes da cristandade (Clero
+ Monarquia) para a conquista da “cidadania” da época. Temos, então, os
primeiros direitos civis fundamentais conquistados no embrião do Estado
Moderno frente ao feudalismo.

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No decorrer destes séculos XVI até nossos dias atuais, gradativamente


vem surgindo novas conquistas de Direitos como sendo fundamentais para a
vida e qualidade vida. São os Direitos Fundamentais.

Na atualidade, cidadania é uma palavra corriqueira de diversas


interpretações pelo senso comum. Por isso, quando se fala sobre cidadania, de
uma forma geral na sociedade, e se compara com seu significado fundamental
e mais importante para o Direito, há um problema na interpretação de
“cidadania” que provém do pensamento cotidiano atual.

Cidadania muitas vezes é confundida com o mesmo significado de


assistência social, ou de ajudar as pessoas mais necessitadas sob o princípio
da solidariedade social. Não que ajudar as pessoas e fazer assistência social
estejam incorretas, mas tratar esta temática “cidadania” sob o entendimento de
fazer assistência social e, retirando sua compreenção fundamental relacionada
aos compromissos fundamentais do Estado com os cidadãos, aí temos um
grande equívoco.

Os meios de comunicação transmitem, seguidamente, reportagens


de instituições de governo e também empresariais prestando assistencialismo
através de doações e serviços das mais diversificadas formas (cestas básicas,
remédios, ferramentas de trabalho, donativos em dias comemorativos etc...)
como sendo de cidadania.

No entanto, esta assistência social, repassada para a compreensão da


sociedade como sendo cidadania, acaba retirando os holofotes da
responsabilidade Constitucional do Estado para a garantia dos Direitos
Fundamentais a todos os cidadãos e cidadãs.

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Este entendimento de cidadania como sendo assistência social não se


configura, na totalidade, e nem no mais importante significado de cidadania que
são os Direitos Fundamentais resguardados e garantidos pelo Estado.

Quais seriam os conceitos de cidadania como objetivo do Estado para


com os cidadãos? Podemos sistematizar como sendo os acessos aos
mecanismos de poder, ou meios, que permitem o ACESSO IGUALITÁRIO
(EQUITATIVO) aos direitos e deveres enquanto cidadãos submetidos ao
Estado.

Mecanismos de poder são todos os espaços na sociedade que


representam e fornecem caminhos para seu desenvolvimento. Quando falamos
em mecanismos de poder econômico, por exemplo, nos referimos aos bancos,
projetos de desenvolvimento, decisões de governo que afetam a economia de
todos, instituições públicas responsáveis, empresas geradoras de trabalho e
emprego, oportunidades de empreendedorismos, enfim, locais e espaços que
proporcionam acesso à economia.

Há vários outros exemplos de mecanismos de poder, como o acesso ao


poder politico, acesso aos meios de comunicação, às instituições de saúde, de
educação e muitos outros. Observemos o ensino superior. Todos tem iguais
oportunidades de acesso a este mecanismo de poder? Claro que não, por isso
é compromisso do Estado em criar programas e leis para diminuir esta
desigualdade. Ou seja, o Estado está garantindo a cidadania dos estudantes
de nível superior se criar programas e leis específicas para tal.

Daí nos vem a pergunta, todos tem IGUAL oportunidade de ACESSO a


esses locais e espaços? Sabemos que não!

Este Estado, ou seja, os três poderes são CO-RESPONSÁVEIS pelo


seu desenvolvimento. Ele foi criado, na história, para gerir a sociedade e

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garantir sua vida e qualidade de vida através de leis, políticas públicas e
programas de acordo com a Constituição Federal de 1988.

Logo, cidadania é a responsabilização do Estado na garantia e


implantação dos Direitos Fundamentais na sociedade brasileira para o
acesso igualitário (equitativo) de todos aos mecanismos de poder.

Se entendermos esta responsabilização do Estado, também


entenderemos o por quê na sociedade existirem movimentos sociais e direitos
humanos, uma vez que, são grupos sociais que exigem e reivindicam do Estado
o cumprimento de suas responsabilidades constitucionais (CF/88) para as
quais ele foi criado.

Cidadania na sua compreenção mais profunda está relacionada com a


história de construção do Estado Moderno, desde o sec. XVI até nossos dias
atuais como um conjunto gradativo de objetivos do Estado que visam
democratizar os mecanismos de poder na sociedade, tornando-a mais
humanizada, desenvolvida e civilizada. Para isto que foi criado o “Estado
democrático de Direito”.

Por isso, quando dizemos “Estado Democrático de Direito” significa que


este país é governado por três poderes (municipal, estadual e federal), uma
estrutura enorme, que tem como pilar a democracia e consequentemente a
cidadania especificada nos Direitos Fundamentais. Quando estes Direitos
Fundamentais são omitidos, ou violados por Estado, que os deveria garantir,
surgem movimentos sociais reivindicando-os. A maioria dos movimentos
sociais são também de Direitos Humanos, ou seja, lutam frente ao Estado para
a garantia de seus direitos.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DURIGUETTO, Maria L.; MONTAÑO, Carlos. Estado, Classes e Movimento


Social. São Paulo: Editora Cortez, 2013.

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788524921216/epubcfi
/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dcover]!/4/4/2%4051:1

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