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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Sabrina Santos Rosa

QUESTÕES ORIENTADORAS

Santa Maria, RS
2022
1) Há direitos humanos garantidos numa sociedade capitalista neoliberal? (possibilidades e
limites) (1,5)
Os direitos humanos devem ser garantidos pelo Estado, mas em uma sociedade
capitalista neoliberal o acesso a estes torna-se cada vez mais restrito. Grande parte da
população não usufrui desses direitos fundamentais para a vida humana. Essa realidade é
expressa, por exemplo, nas próprias relações de trabalho. Dentro do neoliberalismo e da
globalização, testemunhamos muitas situações onde empresas transnacionais se deslocam
para países considerados menos desenvolvidos, não porque pretendem contribuir para com o
desenvolvimento, mas sim porque as legislações trabalhistas são mais frágeis, ou seja, salários
menores e menos impostos para pagar. Esse modelo socioeconômico também visa uma forte
imagem de meritocracia e individualidade, aumentando a competição e marginalizando a
pobreza, como se esta fosse um problema único do indivíduo, e não consequências da
sociedade em que ele está inserido, assim isentando ainda mais o Estado de seus deveres.
Nesse cenário, é crescente o aumento nas violações dos direitos, por isso, torna-se
imprescindível discutir sobre a economia conectando-a com os direitos humanos. Não se pode
criar uma economia apenas com números, sem pessoas; assim como, aprovar a implantação
de uma política que culpabiliza e aliena as classes ditas menos favorecidas. É dever do Estado
promover os direitos, embora este seja um reprodutor da própria lógica capitalista. Por
conseguinte, devemos esperar que as políticas, mesmo que econômicas, tenham artifícios para
não somente amenizar, mas resolver esse quadro. Os movimentos sociais e o aumento da
força nas políticas públicas sociais também devem estar presentes nessa luta.

2) Leis positivadas: por que a luta continua? (1,5)


Leis positivadas são aquelas produzidas pelo homem, ou seja, pelo Estado, para
garantir a proteção dos direitos de cada indivíduo e para solucionar disputas civis, além de
serem utilizadas para manter o ordenamento e a segurança. No entanto, diante do contexto de
sociedade ainda vivido atualmente, percebemos que apesar da existência dessas leis, a
violação dos direitos fundamentais para se ter uma vida humana social plena ainda é
inquietante e imensa. Como discorrido na questão anterior, o próprio modelo de sociedade
capitalista contribui para com o enfraquecimento do acesso a esses direitos, e até mesmo dos
deveres da cidadania.
Mesmo com leis que, teoricamente, deveriam garantir esses essenciais, ainda vemos
pessoas sem condições básicas de vida, tais como: a fome, a falta de habitação, de saneamento
básico, má distribuição de renda, além da precariedade do trabalho e outras dificuldades
sociais. Diante disso, é compreensível o motivo pelo qual as lutas continuam e, na verdade,
tornam-se cada vez mais fortes e presentes em nosso cotidiano. Enquanto o Estado não
cumprir com seu dever de garantir o cumprimento de leis e a obtenção de direitos, indivíduos,
grupos e comunidades continuarão lutando.
3) Qual é o contexto (realidade) de uma cidadania plena? (1,5)

Para podermos entender o contexto de cidadania em nossa sociedade, é preciso


primeiro recapitular o significado desse termo. Para todos os fins, cidadania é quando o
indivíduo possui todos os direitos civis, políticos e sociais, assim como seus deveres em
relação à sociedade em que vive, como, por exemplo, as escolhas políticas. Esse conceito, em
sua forma mais plena, seria executado quando o cidadão consegue ter seus direitos garantidos
e acessados de modo absoluto, além de exercer seu papel perante a comunidade em que está
inserido.
Contudo, quando comparamos esse conceito com a realidade apresentada no dia a dia,
percebemos que existe uma grande disparidade. Além da insuficiência na garantia dos direitos
humanos, também há uma grande falha na participação da população em projetos de lei,
órgãos consultivos e afins. Ademais, essa falha atinge principalmente ‒ se não em sua
totalidade ‒, certos grupos de indivíduos, vide a misoginia e o racismo ainda impregnados na
sociedade e, por consequência, nesses espaços. Por isso, é preciso tornar-se ciente de que,
apesar desses direitos e deveres estarem assegurados na Constituição Federal, não significa
que estejam mesmo sendo colocados em prática, com a exclusão e marginalização de muitos.
Para existir uma cidadania plena, também é necessário e urgente que o cidadão tenha noção
do seu papel perante a sociedade, através de uma educação esclarecedora e informativa, que
melhore a consciência coletiva.

4) Qual a relação do Serviço Social, direitos humanos e o Projeto Ético-Político da profissão


de assistente social? (1,5)

A principal relação na atuação do Serviço Social e do projeto ético-político da


profissão para com os direitos humanos é a emancipação humana. Os assistentes sociais
devem estar presentes nas lutas para o fortalecimento da garantia dos direitos com sua
perspectiva crítica, e essa deve ser uma pauta cotidiana dentro da profissão, visto que o
próprio Serviço Social ainda tenta remar contra a corrente do conservadorismo.
Com isso, podemos relacionar os princípios trazidos pelo código de ética do Serviço
Social com o combate às violações dos direitos humanos. Além da defesa do aprofundamento
da democracia, esse código também exemplifica o reconhecimento da liberdade, a equidade e
a ampliação e consolidação da cidadania, ‒ as barreiras dessa última tendo sido discutidas na
questão anterior. O projeto ético-político do assistente social visa a perspectiva de uma
sociedade mais justa e igualitária, através da garantia do acesso e da informação, além da
disponibilidade de viabilizar os debates sociais de grupos historicamente oprimidos,
fortalecendo a luta das minorias.
REFERÊNCIAS

DANTAS, Bruna. SILVA, Juliana. DANTAS, Maria Francisca. Projeto Ético-Político


Profissional e Direitos Humanos: relação e desafios contemporâneos. Brasília: ENPESS,
2019. Acesso em: 7 ago. 2022.

FORTI, Valeria. Direitos Humanos e Serviço Social: notas para o debate. Rio de Janeiro:
UFRJ, 2012. Acesso em: 7 ago. 2022.
MADRIGAL, Alexis Gabriel. O exercício da cidadania no desenvolvimento da sociedade.
Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 21, n. 4673, 17 abr. 2016. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/48124. Acesso em: 8 ago. 2022.

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