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A DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS COMO PRINCÍPIO FUNDAMENTAL

DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO FRENTE AO GOVERNO


ULTRACONSERVADOR DE BOLSONARO
Laís Zatti de Souza1
Izanete Antunes Bonamigo2
Jodeylson Islony de Lima Sobrinho3

Eixo Temático: Eixo Temático I (Serviço Social: Fundamentos, Formação e Trabalho


Profissional).

RESUMO
O presente trabalho traz à tona a discussão do avanço do conservadorismo e do neoliberalismo
no atual governo de Bolsonaro (Partido Liberal – PL, 2019-2022), com o acirramento das
desigualdades sociais, ataque aos direitos humanos, exclusão dos ditos “diferentes”, negação
da ciência, governo com tendência genocida e características neofacistas, impactando
diretamente na liberdade democrática. Assim sendo, nosso objetivo é analisar a questão dos
direitos humanos nesse Governo, e como isso se relaciona com o Serviço Social brasileiro,
tendo em vista que a defesa dos direitos humanos é princípio fundamental dessa profissão.
Partimos do materialismo histórico-dialético como método de análise, e nos utilizamos da
pesquisa bibliográfica e documental, sob a perspectiva da análise qualitativa do material
coletado. Assim sendo, chegamos a algumas considerações, dentre elas, a de que o Estado,
sob o Governo Bolsonaro vem atacando diretamente os direitos humanos, e coloca a própria
sociedade para resolver suas questões e demandas, e que isso vai impactar também no
Serviço Social, tendo em vista o seu lugar na divisão sócio-técnica do trabalho, o que coloca
certas responsabilidades aos profissionais e às entidades representativas do Serviço Social na
direção da defesa dos direitos humanos.

PALAVRAS-CHAVE: Direitos Humanos; Serviço Social; Ultraconservadorismo.

1. INTRODUÇÃO

Na segunda metade da década de 1990, o debate acerca dos Direitos


Humanos entrou em pauta no Serviço Social, enquanto expressão do
amadurecimento da reflexão ética e da renovação da profissão, ao tempo em
que se avança o neoliberalismo e a ameaça da perca dos direitos já
conquistados. Assim sendo, a viabilização dos direitos é tarefa primordial na
profissão da Assistente Social, pois a defesa, a garantia e a ampliação dos
direitos estão enraizadas na nossa profissão, sendo objeto de nossa ação
profissional.

1
Discente do 3° ano do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
campus de Francisco Beltrão (UNIOESTE/FB). E-mail: laiszatti6@gmail.com
2
Discente do 3° ano do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
campus de Francisco Beltrão (UNIOESTE/FB). E-mail: izaneteantunesbona@gmail.com
3
Professor Adjunto do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
campus de Francisco Beltrão (UNIOESTE/FB). Orientador do trabalho. E-mail:
jodeylson.sobrinho@unioeste.br

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2. METODOLOGIA

O método aqui usado é o materialismo histórico-dialético, a partir de uma


pesquisa bibliográfica e documental, com abordagem qualitativa, pois a
presente pesquisa busca compreender e entender o impacto do
conservadorismo bolsonarista no trabalho profissional das Assistentes Sociais,
tendo em vista seu princípio fundamental da defesa intransigente dos direitos
humanos.

3. DIREITOS HUMANOS NO SERVIÇO SOCIAL DIANTE DO AVANÇO DO


CONSERVADORISMO NO GOVERNO BOLSONARO

Devemos entender que os direitos humanos não devem ser tratados


como apologia ao capitalismo, mas sim como estratégia de resistência à
opressão e a degradação da vida humana coma ideia de uma nova ordem
societária, emancipatória. Nessa perspectiva, o Estado que deveria ser o objeto
de garantia dos Direitos Humanos, tem se saído omisso, e em casos mais
extremos são eles os próprios violadores, isso se expressa com discriminação,
repressão, violência e o avanço do conservadorismo que na atual conjuntura
ganha novos ares, ficando assim mais evidente também no atual governo de
Bolsonaro (Partido Liberal-PL, 2019-2022), que mescla elementos do
neoliberalismo com o conservadorismo presente (ANTUNES, 2018).
Ainda nesses tempos de governo Bolsonaro, com características
neofacistas, se traz à tona o perigo à liberdade democrática, enquanto direito
humano, tendo em vista que o governo de extrema direita e conservador, não
admite a diversidade humana, na qual o “diferente” aos valores morais
conservadores é rechaçado, excluído, reprimido e por muitas vezes se utiliza
de forças armadas legalizadas para conter e oprimir esse “diferente”.
Com o mesmo viés, esse governo de extrema direita reprime qualquer
forma de organização da classe trabalhadora, que lutam até mesmo pelos
direitos que em algum momento da história já foram conquistados. Nessa
lógica, o que temos visto é o avanço do desmonte das políticas e dos
direitos sociais, tendo os trabalhadores vivenciados perdas das vinculações

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trabalhistas, previdenciárias, e até mesmo as exclusões jurídico-normativa
de acesso a esses direitos, com forte agravo aos Direitos Humanos no
Brasil.
Vale destacar que no âmbito do Serviço Social crítico se tem uma
compreensão dos Direitos Humanos numa perspectiva emancipatória, a partir
da leitura marxiana e marxista, como expressão das lutas populares e não a de
Direitos Humanos autoritários, ou mesmo aquela concepção dos Direitos
Humanos pregados pelo Estado atual e pela mídia, que pregam que os Direitos
Humanos servem exclusivamente para defender “bandidos” (CFESS, 2013). O
que nos leva a depreender que nessa sociabilidade há determinado grupos
considerados humanos e outros “subumanos”, sendo assim, não tendo
garantido os direitos constitucionais de todos os indivíduos pertencentes a essa
sociedade, não sendo assim respeitados os Direitos Humanos.
De acordo com as entidades representativas do Serviço Social brasileiro,
o conjunto Conselho Federal e Regionais de Serviço Social (CFESS/CRESS),
o contexto atual sócio-histórico de avanço do conservadorismo e da barbárie
sob o capital, os desafios se ampliam e se complexificam em tempos de luta e
resistência, mas permaneceremos atentos e fortes na construção cotidiana de
uma sociabilidade justa, com igualdade substantiva de mulheres e homens
verdadeiramente livres e emancipados.
Insta salientar, em um governo que possui um projeto neoliberal-
conservador, autocrático, negacionista da ciência, genocida, observa-se o
acirramento das desigualdades sociais, a expropriação das condições de
trabalho e o desmonte dos direitos sociais e humanos, tendo também a
precarização das políticas sociais públicas, corte de verbas em todas as
áreas, salientando o sucateamento que envolve a saúde e a educação,
portanto, é indiscutível que o atual governo conservador é um banalizador da
vida e consequentemente um criminalizadorda classe trabalhadora, e
recrudescedor dos Direitos Humanos no Brasil.

Imbricados nessa sociedade desigual, o serviço social vem garantir o


atendimento as necessidades da classe trabalhadora, com o levante
da bandeira dos direitos humanos, os serviços de atendimento às
necessidades sociais, campo privilegiado de atuação dos assistentes
sociais (IAMAMOTO; CARVALHO, 2008, p.24)

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Atrelados a essa luta, assistentes sociais com ‘’aprimoramento
profissional de forma contínua, colocando-o a serviço dos princípios deste
código’’ (CFESS, 1993, p.4), o Conjunto CFESS-CRESS, a ABEPSS e a
ENESSO, somam forças para fomentar e enfrentar os desafios do cotidiano da
classe trabalhadora, buscando mediações, articulações, suportes para a
superação das desigualdades de classe.
Não obstante, nesse embate dos direitos humanos, que afirma sendo
todos os homens são possuidores dos direitos civis, políticos, sociais, culturais
e ambientais, o profissional de serviço social, prima pela universalização e
ampliação desses direitos (RUIZ, 2013, p. 31).
Com o Código de Ética do/a Assistente Social de 1993, no qual contém
11 princípios para o trabalho profissional, nos coloca um entendimento de que
o/a Assistente Social atua em um campo contraditório e limitado, mas que deve
buscar de fato efetivar os direitos humanos, de forma a minimizar a
discriminação da classe trabalhadora e promover a viabilização da democracia
para todos os indivíduos pertencentes aquela determinada sociedade.

A efetivação desses princípios remete a luta no campo democrático


popular por direitos que acumule forças políticas, base organizativa e
conquistas materiais e sociais capazes de dinamizar a luta contra-
hegemônica no horizonte de uma nova ordem societária, em que o
homem seja a medida de todas as coisas (IAMAMOTO, 2015, p. 226).
Então, levando em consideração que a violação dos direitos humanos
influencia no acirramento das desigualdades sociais, na naturalização da
violência e na mediocrização da vida, o resultado é a geração de um retrocesso
no que tange os direitos conquistados e não efetivados na sua forma mais
ampla de viabilização.
Destarte, num governo conservador e omisso de fragilização das
legislações, restrição de políticas sociais, de repressão aos movimentos das
classes trabalhadoras, de discriminação aos “diferentes”, exige novas formas
de atuação dos/as Assistentes Sociais, mesmo que muitas vezes, os/as
próprios/as profissionais são “engessados/as” pelo Estado na efetivação dos
direitos humanos, na seleção e exclusão dos mesmos aos direitos sociais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Portanto, os Direitos Humanos frutos de uma construção histórica e
social, fazem parte das ações dos movimentos sociais, e procura-se uma
emancipação política do sujeito nessa construção social, sendo assim, os
movimentos sociais, bem como as representações do Serviço Social brasileiro,
conjunto CFESS/CRESS são instituições essenciais no processo da defesa
dos Direitos Humanos, ainda mais porque essa defesa é um princípio
fundamental da nossa profissão, o que nos pode limiar ao combate de práticas
criminosas que ameacem romper com seus ideais, pois só nos sentiremos
livres para ações políticas e emancipatórias quando de fato essa liberdade for
efetivada.
Nesse cariz da universalidade dos direitos, faz-se de suma importância a
luta dos/as assistentes sociais em prol dos direitos humanos, com criticas a
realidade, e no fortalecimento de ações engajadas nessas lutas, perante o
sistema capitalista, que por muitas vezes faz com que essa profissão seja
reprimida pela atual conjuntura.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletário de serviços


na era digital. 1a. ed. São Paulo: Boitempo, 2018.

CFESS, CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Resolução CFESS nº


273, de 13 de março de 1993. Código de Ética Profissional dos Assistentes
Sociais, com alterações introduzidas pelas resoluções CFESS nº 290/94 e nº
293/94. Brasília (DF), 1993.

CFESS, CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Tempo de luta e


resistência. O conjunto CFESS-CRESS e a defesa dos direitos humanos: sem
movimento não há liberdade. Inscrita, Brasília, 14, 2013.

IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no


Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 24a. ed. São
Paulo: Cortez, 2008.

IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço social na contemporaneidade:


trabalho e formação profissional. 11a. ed. São Paulo: Cortez, 2015.

RUIZ, Jefferson S. L. Projeto Ético-Político e exercício profissional em


Serviço Social: Os princípios do Código de Ética articulados á atuação crítica
de assistentes sociais, Princípio 2. Rio de Janeiro: Ediouro Gráfica e Editora,
2013.

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