APS (Atividade Prática Supervisionada) - Resolução de três estudos dirigidos
relacionados aos três textos da II Unidade.
APS (Atividade Prática Supervisionada) da matéria
Políticas Públicas em Psicologia. Docente: Tais Fernandina Queiroz.
Alyce Kelly Alves de Oliveira
ARACAJU/SE
2023 ESTUDO DIRIGIDO DO CAPÍTULO 4: AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS PSICOLÓGOS.
1. DE ACORDO COM TREVISAN E BELLEN (2008), A CONSTRUÇÃO
HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL É MARCADA POR TRÊS ETAPAS. DESCREVA. De acordo com Trevisan e Bellen, a primeira etapa, relativa ao modelo de desenvolvimento do Brasil; a segunda, marcada pelo fim do período de ditadura militar; e a terceira, caracterizada pela difusão da ideia de reforma do Estado e do aparelho de Estado. Raupp e Milnitsky-Sapiro (2005) apontai para o fato de que ainda há uma distância entre os projetos e as práticas e no âmbito das políticas públicas, o que mostra a falta de articulação entre os órgãos governamentais, denuncia a falta de eficiência do setor público, e leva ao questionamento do papel do Estado na implementação dessas políticas.
2. PODE-SE AFIRMAR QUE A TRAJETÓRIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO
BRASIL FOI MARCADA PELA DEPENDÊNCIA COM O IMPÉRIO LUSITANO À ÉPOCA DA COLONIZAÇÃO NO BRASIL. EXPLIQUE QUAL A RELAÇÃO DA AFIRMATIVA COM A QUESTÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL; Os indígenas e africanos, explorados pela força de trabalho, eram considerados selvagens, levando à necessidade de disciplina-los através da evangelização e assimilação aos costumes dos portugueses pelos jesuítas. Essa dependência foi crucial para o desenvolvimento da assistência, inicialmente guiada pela caridade e princípios da Igreja Católica. A prática de oferecer assistência à sociedade foi inicialmente vista como caridade ou filantropia, influenciada pelo modelo assistencial que começou durante a colonização e persistiu após a independência do Brasil, refletindo na formulação da primeira Constituição brasileira.
3. DESCREVA RESUMIDAMENTE O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS
“DIREITOS” AO LONGO DA HISTÓRIA; Para se entender essa prática assistencial, pautada pelas relações de poder faz-se importante conhecer o processo de formação dos direitos. A partir do século XVII, os direitos civis, que consistem na igualdade e liberdade a lei. estavam relacionados com os direitos da ordem burguesa, de perante ir e vir. para exercer a sua força de trabalho. Posteriormente, no século XIX emergiram os direitos políticos, como resposta às dificuldades enfrentadas pelas classes trabalhadoras, na busca pelos seus direitos de participação na vida política e no exercício do poder, antes reservada aos proprietários. Os direitos, nos séculos XVIII e XIX, eram restritos aos proprietários e aos homens livres, enquanto a outra parte da sociedade (homens não proprietários, escravos, mulheres, índios e crianças) era excluída e estigmatizada. A partir desse processo de exclusão, a sociedade ganha força para lutar pela conquista dos seus direitos. Dessa forma, o surgimento dos direitos sociais, no século XX, foi um reflexo dessa luta, em especial realizada pela classe trabalhadora. Tais direitos refletem a luta pela garantia dos direitos à saúde, alimentação, habitação, assistência, educação e melhor qualidade de vida para todos.
4. DESCREVA QUAL A IMPORTANCIA E OS OBJETIVOS DA LEI
ORGANICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LEI N. 8742) QUE FOI INSTITUÍDA NO ANO DE 1993; Quanto à assistência social, ao art.203 da Constituição Federal estabelece que esta deve ser prestada a todos que necessitem, independentemente de contribuir ou não à singularidade social. Nesse caso, foi instituída, no ano de 1993, a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei n. 8742), que estabelece a assistência social como um direito de todos e dever do Estado, tendo como objetivos: proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; amparo às crianças e adolescentes carentes, promoção da integração ao mercado de trabalho, assistência às pessoas com deficiência e sua integração à vida comunitária, e garantia de um salário-mínimo mensal como benefício a PCDs (pessoas com deficiência) e ao idoso, desde que comprovem não possuir meios de se manterem ou de serem providos pela família. O art. 2° estabelece ainda que a assistência social deve ser realizada em conjunto com as políticas setoriais, objetivando o enfrentamento da pobreza, a garantia dos mínimos sociais, o provimento de condições para atender contingências sociais e a universalização dos direitos sociais (Lei n. 8.742). A Lei Orgânica de Assistência Social destaca, assim, os critérios universais de elegibilidade, reiterando-se o papel do Estado como provedor dessa Política, uma inflexão para um histórico marcado pela filantropia e discricionariedade. Representa ainda um mecanismo institucional de coordenação mínima entre entes federados autônomos para o alcance de objetivos Comuns, no caso, a implementação de um novo modelo de política para a assistência social (Costa et al., 2007). 5. QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, DA POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO E DO ESTATUTO DO IDOSO, NO ÂMBITO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado pela Lei n. 8.06g/9o, inaugurou um padrão avançado de política social fundamentada na promoção e garantia de direitos econômicos e sociais a serem assegurados à família, pela sociedade e pelo Estado. A Constituição da República, em seu art. 227, determina que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente educação, e ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violação, crueldade e opressão. O Estatuto também define, para um conjunto de entidades, o papel de proteger a criança e ao adolescente, zelar e garantir os direitos, conforme versa o art. 86: "A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Além dos arts. 4° e 86, o ECA constitui-se de uma série de artigos nos quais são definidas as ações do Estado em assegurar a proteção social e garantir os direitos de crianças e adolescentes, entre os quais se destacam: o art. 3° (assegura os direitos fundamentais); o art. 7° (define direitos fundamentais e assegura a forma de efetivá-los por meio de políticas sociais públicas); o art. 53° (assegura o direito à Educação); O art. 54 (determina a responsabilidade do Estado em garantir e efetivar o direito à Educação); os arts. 60 a 69 (proíbem o trabalho da sociedade. Fazem parte do eixo: Ministério Público, Ministério do Trabalho e Emprego, Conselho Tutelar, Judiciário, Defensoria Pública, Centros de Defesa dos Direitos Humanos. O controle social visa ao acompanhamento e fiscalização do cumprimento dos direitos. Fazem parte do eixo: entidades da sociedade civil, articuladas ou não (Cabral, 1999). O ECA foi criado para que houvesse uma regulamentação das conquistas em favor das crianças e adolescentes; é a lei que concretiza e expressa os novos direitos dessa parcela da população. Com um caráter inovador que representa a com as antigas políticas, o estatuto adota uma doutrina de Proteção Integral, que reconhece a criança e ao adolescente como cidadãos de direito. Além disso, descentraliza a política por meio da criação de conselhos em níveis estadual municipal. O ECA é um instrumento que garante à criança e ao adolescente prioridade no acesso às políticas sociais, ao estabelecer medidas de prevenção, uma política especial de atendimento e um acesso digno à Justiça diferenciando-se, assim, das políticas repressoras e estigmatizantes anteriores, que vinham cercando as crianças e adolescentes das classes populares. 6. OS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DO SUAS SÃO ORGANIZADOS SEGUNDO AS REFERÊNCIAS DA VIGILÂNCIA SOCIAL, PROTEÇÃO SOCIAL E DEFESA SOCIAL E INSTITUCIONAL. DECREVA CADA UM DESTES ASPECTOS; Os serviços socioassistenciais no SUAS são organizados segundo as seguintes referências: Vigilância Social: refere-se à produção, sistematização de informações, indicadores e índices territoriais das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social que afetam famílias e pessoas considerando-se a dimensão etária (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), situações de vitimizações por violência, exploração e preconceito (etnia, gênero e opção pessoal), que Ihes impossibilite de exercer sua autonomia e integridade, fragilizando sua existência. Também se configura a vigilância sobre os padrões de serviços de assistência social, em especial aqueles que operam na forma de albergues, abrigos, residências, semirresidências, moradias provisórias. Proteção Social: os serviços de proteção básica e especial devem garantir segurança de sobrevivência, segurança de convívio e segurança de acolhida. Defesa Social e Institucional: os serviços de proteção básica e especial devem ser organizados de forma a garantir aos seus usuários o acesso ao Conhecimento dos direitos socioassistenciais e sua defesa, São direitos socioassistenciais a serem assegurados na operação do Suas a seus usuários: direito ao atendimento digno; direito ao tempo; direito à informação sobre o funcionamento dos serviços; direito ao protagonismo e manifestação de seus interesses; direito à oferta qualificada de serviço; direito de convivência familiar e comunitária.
7. O SUAS ESTABELECE DOIS NÍVEIS DE ATENÇÃO DISTINTOS PARA A
POLÍTICA DE ASSITENCIA SOCIAL. DESCREVA CADA UM DESSES NÍVEIS E EXPLIQUE COMO SE DÁ A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO; O Sistema Único de Assistência Social (Suas) distribuiu dois diferentes níveis de atenção para a política de assistência social: a Proteção Social Básica (baixa complexidade) e a Proteção Social Especial (média e alta complexidade). Para concretizar as ações socioassistenciais e reafirmar o papel central do Estado na prestação da assistência social, o Suas prevê a criação de dois equipamentos públicos específicos: os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) para a Proteção Básica e os Centros de Referência Especial da Assistência Social (Creas) para a Proteção Especial. 8. DESCREVA DE FORMA RESUMIDA COMO TEM SE CONFIGURADO A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO SISTEMA ÚNICO DE ASSITÊNCIA SOCIAL (SUAS), DESTACANDO OS DESAFIOS E AVANÇOS ALCANÇADOS: A prática do psicólogo no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) tem evoluído ao longo dos anos, desempenhando um papel crucial no atendimento às demandas sociais e emocionais das pessoas em situação de vulnerabilidade. Alguns desafios incluem: ● Sobrecarga de trabalho: Muitos psicólogos no SUAS enfrentam uma grande carga de trabalho devido à alta demanda por serviços de saúde mental e emocional. ● Recursos limitados: A falta de recursos financeiros e materiais pode dificultar a oferta de serviços de qualidade, como capacitação, supervisão e estrutura física adequada. ● Estigma e preconceito: Ainda existe um estigma em relação à busca de apoio psicológico, o que pode dificultar o acesso das pessoas aos serviços disponíveis no SUAS. Em contrapartida, alguns avanços são: ● Maior reconhecimento: A atuação dos psicólogos no SUAS ganhou maior reconhecimento pela importância de sua contribuição para o bem-estar das pessoas em situação de vulnerabilidade. ● Capacitação: Muitos profissionais recebem treinamento e capacitação para lidar com as complexidades das demandas no SUAS, o que melhora a qualidade do atendimento. ● Articulação com outros setores: Os psicólogos se articulam com profissionais de outras áreas, fortalecendo a abordagem integrada no SUAS. Em resumo, a prática do psicólogo no SUAS tem se desenvolvido para atender às necessidades emocionais e psicossociais das pessoas em situação de vulnerabilidade, embora diante de desafios como sobrecarga de trabalho e recursos limitados. No entanto, os avanços incluem maior reconhecimento e capacitação, bem como a integração com outros setores para proporcionar um atendimento mais abrangente e eficaz. ESTUDO DIRIGIDO DO CAPÍTULO 5: A PSICOLOGIA E O ACOMPANHAMENTO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI
1. Descreva resumidamente o trajeto dos direitos humanos da criança no
Brasil; No Brasil, durante as primeiras décadas do século XX, a assistência a crianças e adolescentes esteve fortemente marcada pelo controle e repressão, pois estava vinculada às instituições jurídicas e policiais, ou, ainda, a instituições particulares beneficentes. O recolhimento de crianças, especialmente nos períodos de repressão política, eram práticas constantes no país. Em 1899, foi criado o Instituto de Proteção e Assistência à Infância, responsável pelo atendimento aos menores de 8 anos e pela regulamentação das leis. Começava-se a delinear uma doutrina da situação irregular, estabelecendo uma divisão radical no universo da infância e adolescência: os que estão sob a proteção da família e os que não estão, ou seja, aqueles que apresentariam uma tendência à marginalização. Rizzini (2011) faz referência à Lei n. 947, de 29 de dezembro de 1902. que institui as colônias direcionadas a menores acusados criminalmente, a órfãos e aos que estivessem vagando sozinhos em vias públicas. A autora lembra-nos, ainda, de que, uma vez internado, o menor deveria manter-se na colônia até os dezessete anos. Muitas foram as críticas a essas instituições de internamento, acusadas de cometerem diversos abusos e violações, mas, somente depois da aprovação do Código de Menores, em 1927, as colônias deixaram de receber esse público. Tantos eram os equívocos na assistência brasileira ao público infanto-juvenil que, em 1943, uma comissão revisora do Código de Menores chegou a ser organizada, influenciada pelos movimentos internacionais pela efetivação dos direitos humanos. No entanto, com o golpe militar, a comissão foi desfeita e os trabalhos, baseados fundamentalmente na Declaração dos Direitos da Criança, foram interrompidos. Em 10 de outubro de 1979, foi publicado o novo Código de Menores, que ainda mantinha a doutrina da situação irregular, com a tônica da cultura internação, segregando os considerados "delinquentes". O processo de lutas e articulações de entidades não governamentais, representantes progressistas das políticas públicas e agentes do mundo jurídico culmina com a revogação do Código de Menores da Política Nacional de Bem-Estar do Menor e com a aprovação do ECA. E por meio do ECA que temos a consagração da Doutrina da Proteção Integral. Ou seja, pela primeira vez, a criança e ao adolescente são pensados como sujeitos de direitos, eliminando0-se o caráter punitivo do Código anterior. 2. Explique de que forma o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), propõe uma superação no trato com a questão relacionada às crianças e adolescentes; É por meio do ECA que temos a consagração da Doutrina da Proteção Integral. Ou seja, pela primeira vez, a criança e o adolescente são pensados como sujeitos de direitos, eliminando-se o caráter punitivo do Código anterior. Trata-se de um novo modelo, que se intenciona democrático e participativo, no qual família, sociedade e Estado são cogestores do Sistema de Garantias, que não se restringe à infância e juventude pobres, protagonistas da doutrina da situação irregular, mas sim a todas as crianças e adolescentes, lesados em seus direitos fundamentais de pessoas em desenvolvimento. A Doutrina da Proteção Integral tem seu alicerce jurídico e social na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, citada alhures, que pensava todos os direitos, para todas as crianças.
3. A Política de atendimento presente no ECA, indica formas de
intervenção que visam prover e satisfazer direitos, propondo políticas públicas e políticas complementares. Descreva as quatro linhas de ação dessa política descritas no texto; As quatro linhas de ação dessa política são: políticas sociais básicas, assistência social, proteção especial e garantia de direitos. Quando as políticas sociais básicas falham, ou seja, quando os direitos básicos, universais não são garantidos, são necessárias intervenções mais complexas.
4. O ECA prevê, pelo artigo 112, seis diferentes medidas socioeducativas.
Descreva. Advertência: consiste em uma espécie de repreensão verbal feita pelo magistrado ao acusado, que deve ser reduzida a termo (documentada) e assinada. Obrigação de reparar o dano: em caso de prejuízo patrimonial, o infrator deve devolver, restituir e compensar a vítima. Prestação de Serviços à Comunidade: consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse coletivo, junto a hospitais, entidades assistenciais, escolas e outros estabelecimentos, não podendo ultrapassar 6 meses. Liberdade Assistida: pressupõe certa restrição de direitos em que o adolescente passa a ser auxiliado, acompanhado e orientado sistematicamente por profissionais, sem o afastamento do convívio familiar. Essa medida tem um prazo mínimo de 6 meses, podendo ser prorrogada quando necessário. Inserção em regime de semiliberdade: consiste em colocar o adolescente infrator em uma unidade de atendimento para o cumprimento de atividades pedagógicas e formativas. Dessa forma, priva parcialmente a sua liberdade visto que sua estadia na unidade não é integral e há a garantia do convívio familiar. Internação em estabelecimento educacional (privação de liberdade): trata-se de uma medida privativa da liberdade, apenas para atos infracionais graves, com base no respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. O adolescente infrator é designado para unidades socioeducativas, ficando afastado da família e da comunidade por um período mínimo de 6 meses e máximo de 3 anos.
5. A lei n.12.594 de 18 de janeiro de 2012, constitui-se como um marco na
direção da efetivação do ECA. Para tanto este sistema demanda uma série de mudanças em vários setores, descreva tais mudanças. A necessidade de melhorias nos padrões arquitetônicos das unidades de internação, eliminado as características de unidades prisionais, e adaptando-as às necessidades educacionais dos adolescentes, conforme aponta o ECA. o Sinase pode ser considerado um subsistema do sistema de "proteção geral de direitos" de crianças e adolescentes, logo, a vigência da lei demandará mudanças em vários setores, como: construção de novas unidades e desativação das impróprias; medidas socioeducativas definidas com metas, considerando as condições individuais, idade, capacidades, projetos de vida, condições familiares e de saúde de cada adolescente; maior agilidade na construção do Plano Individual de Atendimento (PIA): garantia de acesso à educação e à capacitação profissional, com matrícula em escola pública; atenção integral à saúde (ações de promoção à saúde, cuidados especiais em saúde mental, saúde sexual e reprodutiva etc.); maior vigilância quanto ao uso do isolamento, que fica vedado, exceto quando for imprescindível à segurança (devendo se comunicar às autoridades competentes em até 24 horas, quando for o caso) etc. Vale salientar que assinaram a Lei do Sinase os ministros da Justiça, da Saúde, da Fazenda, do Planejamento e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o que nos leva a pensar que, a partir de então, a política poderia efetivamente assumir um caráter intersetorial, tendo em vista que, anteriormente, havia pouco interesse dos demais setores pelo sistema socioeducativo. Sendo assim, a política de proteção à criança e ao adolescente, em suas várias expressões, também necessita romper com as iniciativas endógenas e transitar por diferentes áreas e setores, o que aumentaria sua resolutividade. Como vimos, a Lei do Sinase já nasce envolta em inúmeros obstáculos. Além da fragmentação, a persistência de estereótipos e a seletividade da política ainda se mostram evidentes, em um país que insiste em resolver as sequelas da 'questão social' intensificando as ações de controle e repressão. 6. Descreva as duas críticas direcionadas à execução da política criminal, discutidas no texto; Dentre as críticas à execução da política criminal, duas merecem destaque neste ensaio: a seletividade e o desempenho estigmatizante da justiça. Com relação à primeira, o que está em jogo é a desmistificação do princípio de igualdade, segundo o qual seríamos todos iguais perante a lei.
7. O Texto faz uma crítica aos laudos e outros documentos psicológicos
produzidos no contexto prisional. Tais críticas apontam para três elementos presentes nos documentos. Descreva-os; Sumariamente, podem-se apontar três elementos presentes nos documentos que justificam o posicionamento da autora: Um determinismo cego, mecânico e simplista que permitiu a formulação de uma equação resumida na fórmula carências familiares na infância + miséria = crime. Nesta acepção, o indivíduo seria escravo absoluto de sua vida pregressa (já preconceituosamente analisada), não lhe restando alternativa que não cumprir seu destino de criminoso. Segundo a pesquisadora, circulou-se “tautologicamente [...] este tipo de raciocínio: se tenho diante de mim alguém que está preso e condenado, este alguém só pode ser criminoso e, como tal, só pode ter história de criminoso (Rauter, 2003, P. 91). Assim, a história pregressa foi apresentada pelos profissionais. Como uma montagem cuja finalidade foi confirmar no indivíduo o rótulo de delinquente. A patologização dos arranjos familiares que fugiam do padro burguês, incluindo aí situações domésticas nas quais houve, por exemplo, a morte ou abandono do pai, a ausência da mãe (ainda que por motivos de trabalho) e os agrupamentos compostos por outros indivíduos que não a família conjugal. A avaliação eugênica de que haveria uma deterioração cultural, um desvirtuamento, ou até estados de "incultura" que levariam produção do fenômeno do crime. Não se trata aqui de uma apreciação sobre a diversificação de costumes e tradições, mas de entendê-las como um desvio relativo a um padrão “correto” que, por óbvio, era o das elites.
8. Diante da realidade desafiadora do contexto das crianças e
adolescentes em conflito com a Lei, qual a contribuição da psicologia para a garantia dos direitos desse público; A atuação dos psicólogos teria contribuído, assim, com a criminoso, "detectando reprodução do estigma e descontroles afetivos, todos eles localizados nos segmentos mais pobres da população”. ESTUDO DIRIGIDO DO CAPÍTULO 6: DESAFIOS, AMEAÇAS E COMPROMISSOS PARA OS PSICÓLOGOS: AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO EDUCATIVO.
1. Discuta qual a questão inicial enfrentada pelos psicólogos no contexto
das políticas públicas de educação; A questão inicial crucial é a de como promover uma educação inclusiva e de qualidade para todos os estudantes. Isso envolve lidar com diversas dimensões, como diferenças individuais, necessidades específicas de aprendizagem, disparidades socioeconômicas e barreiras à participação plena na educação. Além disso, os psicólogos podem se deparar com desafios relacionados à promoção do bem-estar emocional e social dos estudantes, à prevenção e intervenção em casos de bullying, à identificação e suporte aos estudantes com necessidades especiais, e à avaliação e aprimoramento dos métodos de ensino. É com este objetivo que refletimos aqui sobre as dificuldades e os limites dos profissionais que enfrentam a realidade do trabalho nos serviços públicos de Educação, em contato direto com a pobreza, a exclusão, a opressão e a violência, resultado do impacto do sistema capitalista sobre as pessoas, trabalhadoras, que dependem do serviço público para viver. Se a natureza do sofrimento das pessoas é determinada pelo modo como vivem, o modo como vivem é fruto do tipo de sociedade em que vivem. É preciso uma análise detalhada e abrangente desta realidade – o capitalismo como modo de vida e o impacto desse modo de vida na formação das pessoas. Chegar às raízes do problema, como afirma Baumann (2009), não é uma solução instantânea, mas é ainda a única que pode apontar para a possibilidade de enfrentamento à crise do capital, que incide sobre a vida cotidiana em todas as suas dimensões, tanto dos profissionais quanto daqueles que se beneficiam dos serviços. Enfatizar essa articulação é resgatar a concepção da ontologia de pressupostos marxistas, que nos fundamenta. Essa concepção constrói nosso olhar e nos reconstrói perante o mundo, delimitando que a investigação genética é, antes de mais nada, uma posição teórico-política. Assim, anunciamos desde já a perspectiva da práxis, tal como a define Janousek (1972), da teoria-ação, do fazer refletido que vivemos e professamos durante a realização dos nossos trabalhos e que, aqui, utilizamos para iluminar a discussão a que nos propusemos para o âmbito da relação entre a Psicologia e as políticas públicas nos contextos educativos. 2. De acordo com Souza (2006), citado no texto, há três mecanismos para se observar na implementação de Políticas Públicas. Descreva-os; A adoção de políticas restritivas de gastos (sobretudo nos países considerados “em desenvolvimento”, como os da América Latina); novos modelos de governo, substituindo as políticas dos pós-guerra por orçamentos mais equilibrados e ajustes fiscais; e a recomposição democrática de países recém-saídos de processos ditatoriais (que ainda não conseguiam formar coalizões políticas capazes de equacionar a questão social). Esses fatores interferiram nos resultados efetivos da aplicação das políticas e, certamente, geraram conflitos inerentes às decisões de investimentos públicos em diferentes dimensões da vida social e distintos projetos de governo. Trata-se de um campo, ramo das ciências políticas, que procura entender como e por que os governos optam por determinadas ações, pois as políticas públicas, depois de formuladas, desdobram-se em planos, programas, projetos, bancos de dados, sistemas de informações e pesquisas (Souza, 2006). Há, portanto, ainda segundo a síntese de Souza (2006), três mecanismos para se chamar a atenção do que deve ser implementado como políticas públicas: a divulgação de indicadores que desnudam a dimensão do problema; eventos que acentuam ou mantêm o problema, tais como desastres naturais; e visibilidade às informações que evidenciam as falhas das políticas e seus resultados. Esses três mecanismos ajudam a fornecer a real dimensão do problema social para o qual as políticas deveriam ser planejadas. No entanto, não é isso que acontece. No caso da relação da Psicologia com as políticas públicas, nem sempre essas ações são partilhadas entre profissionais e estudantes para uma compreensão da realidade concreta. As propostas de formação dos psicólogos passam longe de uma real leitura e análise da realidade social que tenha como elemento importante uma análise econômica.
3. Descreva qual o maior desafio que o psicólogo enfrenta na escola ao
romper com o modelo hegemônico; Há quem considere o psicólogo como um profissional da saúde e, por isso, sua prática se restringe só atendimento dos problemas e queixas da escola, a partir das unidades básicas de saúde. Nessa concepção, as dificuldades escolares dos estudantes e as queixas dos professores envolvendo os mais diversos problemas são analisadas pela referência do modelo médico, das doenças e dos distúrbios psicológicos, e tratadas como problemas das crianças (Machado, 2003: Moyses & Colares, 1997). Uma outra compreensão considera o psicólogo como um profissional que pode estar presente em diferentes espaços da vida cotidiana, no entanto, para isso, deve ser formado com referências em outro modelo de desenvolvimento e de práticas que atenda às necessidades de uma grande parcela da população, não apenas aquela que tem poder aquisitivo e procura por atendimento aos seus problemas (Guzzo, 2003: Parker, 2007, Prilleltenski, 1994). Assim, rompendo com um modelo hegemônico de formação, o psicólogo na escola defronta-se com um enorme desafio: o de construir um entendimento do que acontece dentro e fora das escolas públicas que escape aos fundamentos da prática médico-clínica da cura de doenças, o que implica contribuir, ao mesmo tempo, para que a escola se torne um espaço de desenvolvimento de crianças, jovens e suas famílias, espaço este que finca raízes para a vida adulta consciente e emancipada em uma sociedade historicamente situada.
4. Descreva as três estratégias descritas por Prilleltensky e Nelson (2002),
para que os Psicólogos tenham influência nas políticas Públicas de educação; Dentro dessa perspectiva de que se devem traçar encaminhamentos que propiciem uma ação mais efetiva do psicólogo nas políticas públicas, com vistas a uma mudança social, os pesquisadores Prilleltensky e Nelson (2003) trazem uma importante contribuição ao elencarem três estratégias e papéis que os psicólogos precisam assumir quando pretendem ter influência na área: ● Promover a investigação e a divulgação da política social: estratégia válida quando se baseia nos valores da pesquisa ação participante, em razão desse tipo de método se configurar como um potencial transformador da realidade. ● Aliar-se e fazer parcerias com as organizações de movimentos sociais assim os psicólogos devem exercer o papel de organizadores, consultores, pesquisadores, bem como de cidadãos participativos que conhecem e lutam pelos seus direitos. ● Combater o capitalismo por meio de pesquisa, educação e resistência: o psicólogo deve trabalhar em parceria com os grupos desfavorecidos e outros aliados para enfrentar o capitalismo. A pesquisa, a educação e a organização tornam-se estratégias indispensáveis quando se pretende enfrentar o papel cada vez mais poderoso das corporações transnacionais e dos governos que as apoiam. Em geral, Prilleltensky e Nelson (2002) enfatizam a importância de os psicólogos tornarem-se mais envolvidos ativamente em organizações de movimentos sociais e em suas comunidades. Além disso, Prilleltensky (1994) considera que, para haver mudanças, é preciso que a maioria se oriente por valores baseados em uma ética que promova a responsabilidade da comunidade, a participação democrática, a justiça distributiva e a autodeterminação. Isso significa a ética do cotidiano, a ética social, que contrasta com a da Psicologia tradicional focalizada no indivíduo (a ética individual).
Adolescentes em conflito com a lei: um estudo com os adolescentes da Casa Marista de Semiliberdade nas práticas discursivas acerca dos direitos fundamentais do Estatuto da Criança e do Adolescente