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APS (Atividade Prática Supervisionada) - Resolução de três estudos dirigidos

relacionados aos três textos da II Unidade.

APS (Atividade Prática Supervisionada) da matéria


Políticas Públicas em Psicologia. Docente: Tais
Fernandina Queiroz.

Alyce Kelly Alves de Oliveira

ARACAJU/SE

2023
ESTUDO DIRIGIDO DO CAPÍTULO 4:
AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E A ATUAÇÃO
PROFISSIONAL DOS PSICOLÓGOS.

1. DE ACORDO COM TREVISAN E BELLEN (2008), A CONSTRUÇÃO


HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL É MARCADA POR
TRÊS ETAPAS. DESCREVA.
De acordo com Trevisan e Bellen, a primeira etapa, relativa ao modelo de
desenvolvimento do Brasil; a segunda, marcada pelo fim do período de ditadura
militar; e a terceira, caracterizada pela difusão da ideia de reforma do Estado e do
aparelho de Estado. Raupp e Milnitsky-Sapiro (2005) apontai para o fato de que
ainda há uma distância entre os projetos e as práticas e no âmbito das políticas
públicas, o que mostra a falta de articulação entre os órgãos governamentais,
denuncia a falta de eficiência do setor público, e leva ao questionamento do papel
do Estado na implementação dessas políticas.

2. PODE-SE AFIRMAR QUE A TRAJETÓRIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO


BRASIL FOI MARCADA PELA DEPENDÊNCIA COM O IMPÉRIO
LUSITANO À ÉPOCA DA COLONIZAÇÃO NO BRASIL. EXPLIQUE QUAL
A RELAÇÃO DA AFIRMATIVA COM A QUESTÃO DA ASSISTÊNCIA
SOCIAL NO BRASIL;
Os indígenas e africanos, explorados pela força de trabalho, eram
considerados selvagens, levando à necessidade de disciplina-los através da
evangelização e assimilação aos costumes dos portugueses pelos jesuítas. Essa
dependência foi crucial para o desenvolvimento da assistência, inicialmente guiada
pela caridade e princípios da Igreja Católica. A prática de oferecer assistência à
sociedade foi inicialmente vista como caridade ou filantropia, influenciada pelo
modelo assistencial que começou durante a colonização e persistiu após a
independência do Brasil, refletindo na formulação da primeira Constituição
brasileira.

3. DESCREVA RESUMIDAMENTE O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS


“DIREITOS” AO LONGO DA HISTÓRIA;
Para se entender essa prática assistencial, pautada pelas relações de poder
faz-se importante conhecer o processo de formação dos direitos. A partir do século
XVII, os direitos civis, que consistem na igualdade e liberdade a lei. estavam
relacionados com os direitos da ordem burguesa, de perante ir e vir. para exercer a
sua força de trabalho.
Posteriormente, no século XIX emergiram os direitos políticos, como resposta
às dificuldades enfrentadas pelas classes trabalhadoras, na busca pelos seus
direitos de participação na vida política e no exercício do poder, antes reservada aos
proprietários.
Os direitos, nos séculos XVIII e XIX, eram restritos aos proprietários e aos
homens livres, enquanto a outra parte da sociedade (homens não proprietários,
escravos, mulheres, índios e crianças) era excluída e estigmatizada. A partir desse
processo de exclusão, a sociedade ganha força para lutar pela conquista dos seus
direitos. Dessa forma, o surgimento dos direitos sociais, no século XX, foi um reflexo
dessa luta, em especial realizada pela classe trabalhadora. Tais direitos refletem a
luta pela garantia dos direitos à saúde, alimentação, habitação, assistência,
educação e melhor qualidade de vida para todos.

4. DESCREVA QUAL A IMPORTANCIA E OS OBJETIVOS DA LEI


ORGANICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LEI N. 8742) QUE FOI
INSTITUÍDA NO ANO DE 1993;
Quanto à assistência social, ao art.203 da Constituição Federal estabelece
que esta deve ser prestada a todos que necessitem, independentemente de
contribuir ou não à singularidade social. Nesse caso, foi instituída, no ano de 1993,
a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei n. 8742), que estabelece a assistência
social como um direito de todos e dever do Estado, tendo como objetivos: proteção
à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; amparo às crianças
e adolescentes carentes, promoção da integração ao mercado de trabalho,
assistência às pessoas com deficiência e sua integração à vida comunitária, e
garantia de um salário-mínimo mensal como benefício a PCDs (pessoas com
deficiência) e ao idoso, desde que comprovem não possuir meios de se manterem
ou de serem providos pela família.
O art. 2° estabelece ainda que a assistência social deve ser realizada em
conjunto com as políticas setoriais, objetivando o enfrentamento da pobreza, a
garantia dos mínimos sociais, o provimento de condições para atender
contingências sociais e a universalização dos direitos sociais (Lei n. 8.742).
A Lei Orgânica de Assistência Social destaca, assim, os critérios universais
de elegibilidade, reiterando-se o papel do Estado como provedor dessa Política,
uma inflexão para um histórico marcado pela filantropia e discricionariedade.
Representa ainda um mecanismo institucional de coordenação mínima entre entes
federados autônomos para o alcance de objetivos Comuns, no caso, a
implementação de um novo modelo de política para a assistência social (Costa et
al., 2007).
5. QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE, DA POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO E DO ESTATUTO
DO IDOSO, NO ÂMBITO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL?
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado pela Lei n. 8.06g/9o,
inaugurou um padrão avançado de política social fundamentada na promoção e
garantia de direitos econômicos e sociais a serem assegurados à família, pela
sociedade e pelo Estado. A Constituição da República, em seu art. 227, determina
que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente educação, e ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violação, crueldade e
opressão.
O Estatuto também define, para um conjunto de entidades, o papel de
proteger a criança e ao adolescente, zelar e garantir os direitos, conforme versa o
art. 86: "A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á
por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não
governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Além dos arts. 4° e 86, o ECA constitui-se de uma série de artigos nos quais
são definidas as ações do Estado em assegurar a proteção social e garantir os
direitos de crianças e adolescentes, entre os quais se destacam: o art. 3° (assegura
os direitos fundamentais); o art. 7° (define direitos fundamentais e assegura a forma
de efetivá-los por meio de políticas sociais públicas); o art. 53° (assegura o direito à
Educação); O art. 54 (determina a responsabilidade do Estado em garantir e efetivar
o direito à Educação); os arts. 60 a 69 (proíbem o trabalho da sociedade. Fazem
parte do eixo: Ministério Público, Ministério do Trabalho e Emprego, Conselho
Tutelar, Judiciário, Defensoria Pública, Centros de Defesa dos Direitos Humanos. O
controle social visa ao acompanhamento e fiscalização do cumprimento dos direitos.
Fazem parte do eixo: entidades da sociedade civil, articuladas ou não (Cabral,
1999).
O ECA foi criado para que houvesse uma regulamentação das conquistas em
favor das crianças e adolescentes; é a lei que concretiza e expressa os novos
direitos dessa parcela da população. Com um caráter inovador que representa a
com as antigas políticas, o estatuto adota uma doutrina de Proteção Integral, que
reconhece a criança e ao adolescente como cidadãos de direito.
Além disso, descentraliza a política por meio da criação de conselhos em
níveis estadual municipal. O ECA é um instrumento que garante à criança e ao
adolescente prioridade no acesso às políticas sociais, ao estabelecer medidas de
prevenção, uma política especial de atendimento e um acesso digno à Justiça
diferenciando-se, assim, das políticas repressoras e estigmatizantes anteriores, que
vinham cercando as crianças e adolescentes das classes populares.
6. OS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DO SUAS SÃO ORGANIZADOS
SEGUNDO AS REFERÊNCIAS DA VIGILÂNCIA SOCIAL, PROTEÇÃO
SOCIAL E DEFESA SOCIAL E INSTITUCIONAL. DECREVA CADA UM
DESTES ASPECTOS;
Os serviços socioassistenciais no SUAS são organizados segundo as
seguintes referências:
Vigilância Social: refere-se à produção, sistematização de informações,
indicadores e índices territoriais das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e
social que afetam famílias e pessoas considerando-se a dimensão etária (crianças,
adolescentes, jovens, adultos e idosos), situações de vitimizações por violência,
exploração e preconceito (etnia, gênero e opção pessoal), que Ihes impossibilite de
exercer sua autonomia e integridade, fragilizando sua existência. Também se
configura a vigilância sobre os padrões de serviços de assistência social, em
especial aqueles que operam na forma de albergues, abrigos, residências,
semirresidências, moradias provisórias.
Proteção Social: os serviços de proteção básica e especial devem garantir
segurança de sobrevivência, segurança de convívio e segurança de acolhida.
Defesa Social e Institucional: os serviços de proteção básica e especial
devem ser organizados de forma a garantir aos seus usuários o acesso ao
Conhecimento dos direitos socioassistenciais e sua defesa, São direitos
socioassistenciais a serem assegurados na operação do Suas a seus usuários:
direito ao atendimento digno; direito ao tempo; direito à informação sobre o
funcionamento dos serviços; direito ao protagonismo e manifestação de seus
interesses; direito à oferta qualificada de serviço; direito de convivência familiar e
comunitária.

7. O SUAS ESTABELECE DOIS NÍVEIS DE ATENÇÃO DISTINTOS PARA A


POLÍTICA DE ASSITENCIA SOCIAL. DESCREVA CADA UM DESSES
NÍVEIS E EXPLIQUE COMO SE DÁ A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO;
O Sistema Único de Assistência Social (Suas) distribuiu dois diferentes níveis
de atenção para a política de assistência social: a Proteção Social Básica (baixa
complexidade) e a Proteção Social Especial (média e alta complexidade). Para
concretizar as ações socioassistenciais e reafirmar o papel central do Estado na
prestação da assistência social, o Suas prevê a criação de dois equipamentos
públicos específicos: os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) para a
Proteção Básica e os Centros de Referência Especial da Assistência Social (Creas)
para a Proteção Especial.
8. DESCREVA DE FORMA RESUMIDA COMO TEM SE CONFIGURADO A
PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO SISTEMA ÚNICO DE ASSITÊNCIA
SOCIAL (SUAS), DESTACANDO OS DESAFIOS E AVANÇOS
ALCANÇADOS:
A prática do psicólogo no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) tem
evoluído ao longo dos anos, desempenhando um papel crucial no atendimento às
demandas sociais e emocionais das pessoas em situação de vulnerabilidade.
Alguns desafios incluem:
● Sobrecarga de trabalho: Muitos psicólogos no SUAS enfrentam uma grande
carga de trabalho devido à alta demanda por serviços de saúde mental e
emocional.
● Recursos limitados: A falta de recursos financeiros e materiais pode dificultar
a oferta de serviços de qualidade, como capacitação, supervisão e estrutura
física adequada.
● Estigma e preconceito: Ainda existe um estigma em relação à busca de apoio
psicológico, o que pode dificultar o acesso das pessoas aos serviços
disponíveis no SUAS.
Em contrapartida, alguns avanços são:
● Maior reconhecimento: A atuação dos psicólogos no SUAS ganhou maior
reconhecimento pela importância de sua contribuição para o bem-estar das
pessoas em situação de vulnerabilidade.
● Capacitação: Muitos profissionais recebem treinamento e capacitação para
lidar com as complexidades das demandas no SUAS, o que melhora a
qualidade do atendimento.
● Articulação com outros setores: Os psicólogos se articulam com profissionais
de outras áreas, fortalecendo a abordagem integrada no SUAS.
Em resumo, a prática do psicólogo no SUAS tem se desenvolvido para
atender às necessidades emocionais e psicossociais das pessoas em situação de
vulnerabilidade, embora diante de desafios como sobrecarga de trabalho e recursos
limitados. No entanto, os avanços incluem maior reconhecimento e capacitação,
bem como a integração com outros setores para proporcionar um atendimento mais
abrangente e eficaz.
ESTUDO DIRIGIDO DO CAPÍTULO 5:
A PSICOLOGIA E O ACOMPANHAMENTO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO
COM A LEI

1. Descreva resumidamente o trajeto dos direitos humanos da criança no


Brasil;
No Brasil, durante as primeiras décadas do século XX, a assistência a
crianças e adolescentes esteve fortemente marcada pelo controle e repressão, pois
estava vinculada às instituições jurídicas e policiais, ou, ainda, a instituições
particulares beneficentes. O recolhimento de crianças, especialmente nos períodos
de repressão política, eram práticas constantes no país.
Em 1899, foi criado o Instituto de Proteção e Assistência à Infância,
responsável pelo atendimento aos menores de 8 anos e pela regulamentação das
leis. Começava-se a delinear uma doutrina da situação irregular, estabelecendo uma
divisão radical no universo da infância e adolescência: os que estão sob a proteção
da família e os que não estão, ou seja, aqueles que apresentariam uma tendência à
marginalização.
Rizzini (2011) faz referência à Lei n. 947, de 29 de dezembro de 1902. que
institui as colônias direcionadas a menores acusados criminalmente, a órfãos e aos
que estivessem vagando sozinhos em vias públicas. A autora lembra-nos, ainda, de
que, uma vez internado, o menor deveria manter-se na colônia até os dezessete
anos. Muitas foram as críticas a essas instituições de internamento, acusadas de
cometerem diversos abusos e violações, mas, somente depois da aprovação do
Código de Menores, em 1927, as colônias deixaram de receber esse público.
Tantos eram os equívocos na assistência brasileira ao público infanto-juvenil
que, em 1943, uma comissão revisora do Código de Menores chegou a ser
organizada, influenciada pelos movimentos internacionais pela efetivação dos
direitos humanos. No entanto, com o golpe militar, a comissão foi desfeita e os
trabalhos, baseados fundamentalmente na Declaração dos Direitos da Criança,
foram interrompidos. Em 10 de outubro de 1979, foi publicado o novo Código de
Menores, que ainda mantinha a doutrina da situação irregular, com a tônica da
cultura internação, segregando os considerados "delinquentes".
O processo de lutas e articulações de entidades não governamentais,
representantes progressistas das políticas públicas e agentes do mundo jurídico
culmina com a revogação do Código de Menores da Política Nacional de Bem-Estar
do Menor e com a aprovação do ECA. E por meio do ECA que temos a
consagração da Doutrina da Proteção Integral. Ou seja, pela primeira vez, a criança
e ao adolescente são pensados como sujeitos de direitos, eliminando0-se o caráter
punitivo do Código anterior.
2. Explique de que forma o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente),
propõe uma superação no trato com a questão relacionada às crianças
e adolescentes;
É por meio do ECA que temos a consagração da Doutrina da Proteção
Integral. Ou seja, pela primeira vez, a criança e o adolescente são pensados como
sujeitos de direitos, eliminando-se o caráter punitivo do Código anterior. Trata-se de
um novo modelo, que se intenciona democrático e participativo, no qual família,
sociedade e Estado são cogestores do Sistema de Garantias, que não se restringe
à infância e juventude pobres, protagonistas da doutrina da situação irregular, mas
sim a todas as crianças e adolescentes, lesados em seus direitos fundamentais de
pessoas em desenvolvimento. A Doutrina da Proteção Integral tem seu alicerce
jurídico e social na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, citada
alhures, que pensava todos os direitos, para todas as crianças.

3. A Política de atendimento presente no ECA, indica formas de


intervenção que visam prover e satisfazer direitos, propondo políticas
públicas e políticas complementares. Descreva as quatro linhas de ação
dessa política descritas no texto;
As quatro linhas de ação dessa política são: políticas sociais básicas,
assistência social, proteção especial e garantia de direitos. Quando as políticas
sociais básicas falham, ou seja, quando os direitos básicos, universais não são
garantidos, são necessárias intervenções mais complexas.

4. O ECA prevê, pelo artigo 112, seis diferentes medidas socioeducativas.


Descreva.
Advertência: consiste em uma espécie de repreensão verbal feita pelo
magistrado ao acusado, que deve ser reduzida a termo (documentada) e assinada.
Obrigação de reparar o dano: em caso de prejuízo patrimonial, o infrator deve
devolver, restituir e compensar a vítima.
Prestação de Serviços à Comunidade: consiste na realização de tarefas
gratuitas de interesse coletivo, junto a hospitais, entidades assistenciais, escolas e
outros estabelecimentos, não podendo ultrapassar 6 meses.
Liberdade Assistida: pressupõe certa restrição de direitos em que o
adolescente passa a ser auxiliado, acompanhado e orientado sistematicamente por
profissionais, sem o afastamento do convívio familiar. Essa medida tem um prazo
mínimo de 6 meses, podendo ser prorrogada quando necessário.
Inserção em regime de semiliberdade: consiste em colocar o adolescente
infrator em uma unidade de atendimento para o cumprimento de atividades
pedagógicas e formativas. Dessa forma, priva parcialmente a sua liberdade visto
que sua estadia na unidade não é integral e há a garantia do convívio familiar.
Internação em estabelecimento educacional (privação de liberdade): trata-se
de uma medida privativa da liberdade, apenas para atos infracionais graves, com
base no respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. O
adolescente infrator é designado para unidades socioeducativas, ficando afastado
da família e da comunidade por um período mínimo de 6 meses e máximo de 3
anos.

5. A lei n.12.594 de 18 de janeiro de 2012, constitui-se como um marco na


direção da efetivação do ECA. Para tanto este sistema demanda uma
série de mudanças em vários setores, descreva tais mudanças.
A necessidade de melhorias nos padrões arquitetônicos das unidades de
internação, eliminado as características de unidades prisionais, e adaptando-as às
necessidades educacionais dos adolescentes, conforme aponta o ECA.
o Sinase pode ser considerado um subsistema do sistema de "proteção geral
de direitos" de crianças e adolescentes, logo, a vigência da lei demandará
mudanças em vários setores, como: construção de novas unidades e desativação
das impróprias; medidas socioeducativas definidas com metas, considerando as
condições individuais, idade, capacidades, projetos de vida, condições familiares e
de saúde de cada adolescente; maior agilidade na construção do Plano Individual
de Atendimento (PIA): garantia de acesso à educação e à capacitação profissional,
com matrícula em escola pública; atenção integral à saúde (ações de promoção à
saúde, cuidados especiais em saúde mental, saúde sexual e reprodutiva etc.); maior
vigilância quanto ao uso do isolamento, que fica vedado, exceto quando for
imprescindível à segurança (devendo se comunicar às autoridades competentes em
até 24 horas, quando for o caso) etc.
Vale salientar que assinaram a Lei do Sinase os ministros da Justiça, da
Saúde, da Fazenda, do Planejamento e da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, o que nos leva a pensar que, a partir de então, a política
poderia efetivamente assumir um caráter intersetorial, tendo em vista que,
anteriormente, havia pouco interesse dos demais setores pelo sistema
socioeducativo.
Sendo assim, a política de proteção à criança e ao adolescente, em suas
várias expressões, também necessita romper com as iniciativas endógenas e
transitar por diferentes áreas e setores, o que aumentaria sua resolutividade.
Como vimos, a Lei do Sinase já nasce envolta em inúmeros obstáculos. Além
da fragmentação, a persistência de estereótipos e a seletividade da política ainda se
mostram evidentes, em um país que insiste em resolver as sequelas da 'questão
social' intensificando as ações de controle e repressão.
6. Descreva as duas críticas direcionadas à execução da política criminal,
discutidas no texto;
Dentre as críticas à execução da política criminal, duas merecem destaque
neste ensaio: a seletividade e o desempenho estigmatizante da justiça. Com relação
à primeira, o que está em jogo é a desmistificação do princípio de igualdade,
segundo o qual seríamos todos iguais perante a lei.

7. O Texto faz uma crítica aos laudos e outros documentos psicológicos


produzidos no contexto prisional. Tais críticas apontam para três
elementos presentes nos documentos. Descreva-os;
Sumariamente, podem-se apontar três elementos presentes nos documentos
que justificam o posicionamento da autora:
Um determinismo cego, mecânico e simplista que permitiu a formulação de
uma equação resumida na fórmula carências familiares na infância + miséria =
crime. Nesta acepção, o indivíduo seria escravo absoluto de sua vida pregressa (já
preconceituosamente analisada), não lhe restando alternativa que não cumprir seu
destino de criminoso. Segundo a pesquisadora, circulou-se “tautologicamente [...]
este tipo de raciocínio: se tenho diante de mim alguém que está preso e condenado,
este alguém só pode ser criminoso e, como tal, só pode ter história de criminoso
(Rauter, 2003, P. 91). Assim, a história pregressa foi apresentada pelos
profissionais. Como uma montagem cuja finalidade foi confirmar no indivíduo o
rótulo de delinquente.
A patologização dos arranjos familiares que fugiam do padro burguês,
incluindo aí situações domésticas nas quais houve, por exemplo, a morte ou
abandono do pai, a ausência da mãe (ainda que por motivos de trabalho) e os
agrupamentos compostos por outros indivíduos que não a família conjugal.
A avaliação eugênica de que haveria uma deterioração cultural, um
desvirtuamento, ou até estados de "incultura" que levariam produção do fenômeno
do crime. Não se trata aqui de uma apreciação sobre a diversificação de costumes e
tradições, mas de entendê-las como um desvio relativo a um padrão “correto” que,
por óbvio, era o das elites.

8. Diante da realidade desafiadora do contexto das crianças e


adolescentes em conflito com a Lei, qual a contribuição da psicologia
para a garantia dos direitos desse público;
A atuação dos psicólogos teria contribuído, assim, com a criminoso,
"detectando reprodução do estigma e descontroles afetivos, todos eles localizados
nos segmentos mais pobres da população”.
ESTUDO DIRIGIDO DO CAPÍTULO 6:
DESAFIOS, AMEAÇAS E COMPROMISSOS PARA OS PSICÓLOGOS: AS
POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO EDUCATIVO.

1. Discuta qual a questão inicial enfrentada pelos psicólogos no contexto


das políticas públicas de educação;
A questão inicial crucial é a de como promover uma educação inclusiva e de
qualidade para todos os estudantes. Isso envolve lidar com diversas dimensões,
como diferenças individuais, necessidades específicas de aprendizagem,
disparidades socioeconômicas e barreiras à participação plena na educação.
Além disso, os psicólogos podem se deparar com desafios relacionados à
promoção do bem-estar emocional e social dos estudantes, à prevenção e
intervenção em casos de bullying, à identificação e suporte aos estudantes com
necessidades especiais, e à avaliação e aprimoramento dos métodos de ensino.
É com este objetivo que refletimos aqui sobre as dificuldades e os limites dos
profissionais que enfrentam a realidade do trabalho nos serviços públicos de
Educação, em contato direto com a pobreza, a exclusão, a opressão e a violência,
resultado do impacto do sistema capitalista sobre as pessoas, trabalhadoras, que
dependem do serviço público para viver. Se a natureza do sofrimento das pessoas é
determinada pelo modo como vivem, o modo como vivem é fruto do tipo de
sociedade em que vivem. É preciso uma análise detalhada e abrangente desta
realidade – o capitalismo como modo de vida e o impacto desse modo de vida na
formação das pessoas. Chegar às raízes do problema, como afirma Baumann
(2009), não é uma solução instantânea, mas é ainda a única que pode apontar para
a possibilidade de enfrentamento à crise do capital, que incide sobre a vida
cotidiana em todas as suas dimensões, tanto dos profissionais quanto daqueles que
se beneficiam dos serviços.
Enfatizar essa articulação é resgatar a concepção da ontologia de
pressupostos marxistas, que nos fundamenta. Essa concepção constrói nosso olhar
e nos reconstrói perante o mundo, delimitando que a investigação genética é, antes
de mais nada, uma posição teórico-política. Assim, anunciamos desde já a
perspectiva da práxis, tal como a define Janousek (1972), da teoria-ação, do fazer
refletido que vivemos e professamos durante a realização dos nossos trabalhos e
que, aqui, utilizamos para iluminar a discussão a que nos propusemos para o âmbito
da relação entre a Psicologia e as políticas públicas nos contextos educativos.
2. De acordo com Souza (2006), citado no texto, há três mecanismos para
se observar na implementação de Políticas Públicas. Descreva-os;
A adoção de políticas restritivas de gastos (sobretudo nos países
considerados “em desenvolvimento”, como os da América Latina); novos modelos
de governo, substituindo as políticas dos pós-guerra por orçamentos mais
equilibrados e ajustes fiscais; e a recomposição democrática de países
recém-saídos de processos ditatoriais (que ainda não conseguiam formar coalizões
políticas capazes de equacionar a questão social).
Esses fatores interferiram nos resultados efetivos da aplicação das políticas
e, certamente, geraram conflitos inerentes às decisões de investimentos públicos
em diferentes dimensões da vida social e distintos projetos de governo. Trata-se de
um campo, ramo das ciências políticas, que procura entender como e por que os
governos optam por determinadas ações, pois as políticas públicas, depois de
formuladas, desdobram-se em planos, programas, projetos, bancos de dados,
sistemas de informações e pesquisas (Souza, 2006).
Há, portanto, ainda segundo a síntese de Souza (2006), três mecanismos
para se chamar a atenção do que deve ser implementado como políticas públicas: a
divulgação de indicadores que desnudam a dimensão do problema; eventos que
acentuam ou mantêm o problema, tais como desastres naturais; e visibilidade às
informações que evidenciam as falhas das políticas e seus resultados. Esses três
mecanismos ajudam a fornecer a real dimensão do problema social para o qual as
políticas deveriam ser planejadas. No entanto, não é isso que acontece. No caso da
relação da Psicologia com as políticas públicas, nem sempre essas ações são
partilhadas entre profissionais e estudantes para uma compreensão da realidade
concreta. As propostas de formação dos psicólogos passam longe de uma real
leitura e análise da realidade social que tenha como elemento importante uma
análise econômica.

3. Descreva qual o maior desafio que o psicólogo enfrenta na escola ao


romper com o modelo hegemônico;
Há quem considere o psicólogo como um profissional da saúde e, por isso,
sua prática se restringe só atendimento dos problemas e queixas da escola, a partir
das unidades básicas de saúde. Nessa concepção, as dificuldades escolares dos
estudantes e as queixas dos professores envolvendo os mais diversos problemas
são analisadas pela referência do modelo médico, das doenças e dos distúrbios
psicológicos, e tratadas como problemas das crianças (Machado, 2003: Moyses &
Colares, 1997).
Uma outra compreensão considera o psicólogo como um profissional que
pode estar presente em diferentes espaços da vida cotidiana, no entanto, para isso,
deve ser formado com referências em outro modelo de desenvolvimento e de
práticas que atenda às necessidades de uma grande parcela da população, não
apenas aquela que tem poder aquisitivo e procura por atendimento aos seus
problemas (Guzzo, 2003: Parker, 2007, Prilleltenski, 1994).
Assim, rompendo com um modelo hegemônico de formação, o psicólogo na
escola defronta-se com um enorme desafio: o de construir um entendimento do que
acontece dentro e fora das escolas públicas que escape aos fundamentos da prática
médico-clínica da cura de doenças, o que implica contribuir, ao mesmo tempo, para
que a escola se torne um espaço de desenvolvimento de crianças, jovens e suas
famílias, espaço este que finca raízes para a vida adulta consciente e emancipada
em uma sociedade historicamente situada.

4. Descreva as três estratégias descritas por Prilleltensky e Nelson (2002),


para que os Psicólogos tenham influência nas políticas Públicas de
educação;
Dentro dessa perspectiva de que se devem traçar encaminhamentos que
propiciem uma ação mais efetiva do psicólogo nas políticas públicas, com vistas a
uma mudança social, os pesquisadores Prilleltensky e Nelson (2003) trazem uma
importante contribuição ao elencarem três estratégias e papéis que os psicólogos
precisam assumir quando pretendem ter influência na área:
● Promover a investigação e a divulgação da política social: estratégia válida
quando se baseia nos valores da pesquisa ação participante, em razão desse
tipo de método se configurar como um potencial transformador da realidade.
● Aliar-se e fazer parcerias com as organizações de movimentos sociais assim
os psicólogos devem exercer o papel de organizadores, consultores,
pesquisadores, bem como de cidadãos participativos que conhecem e lutam
pelos seus direitos.
● Combater o capitalismo por meio de pesquisa, educação e resistência: o
psicólogo deve trabalhar em parceria com os grupos desfavorecidos e outros
aliados para enfrentar o capitalismo. A pesquisa, a educação e a organização
tornam-se estratégias indispensáveis quando se pretende enfrentar o papel
cada vez mais poderoso das corporações transnacionais e dos governos que
as apoiam.
Em geral, Prilleltensky e Nelson (2002) enfatizam a importância de os
psicólogos tornarem-se mais envolvidos ativamente em organizações de
movimentos sociais e em suas comunidades. Além disso, Prilleltensky (1994)
considera que, para haver mudanças, é preciso que a maioria se oriente por valores
baseados em uma ética que promova a responsabilidade da comunidade, a
participação democrática, a justiça distributiva e a autodeterminação. Isso significa a
ética do cotidiano, a ética social, que contrasta com a da Psicologia tradicional
focalizada no indivíduo (a ética individual).

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