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3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - A trajetória do Sistema Único da Assistência Social – SUAS
10 UNIDADE 3 - O SUAS: Antes e Depois
17 UNIDADE 4 - A Norma Operacional Básica - NOB/SUAS
17 4.1 A divisão de competências e responsabilidades entre as três esferas de governo
22 4.3 Quadro sinótico com os principais instrumentos de gestão para elaboração do Plano de Assistência Social
SUMÁRIO
23 4.4 A forma de gestão financeira e orçamentária
30 UNIDADE 5 - NOB/RH
33 UNIDADE 6 - Atuação de psicólogos e assistentes sociais na assistência social
33 6.1 O Serviço Social e a Assistência Social
UNIDADE 1 - Introdução
Com esta notícia vinda da Agência Sena- dência da República, o SUAS, que já tem a
do, iniciamos o nosso curso de Gestão do adesão de 99,5% dos municípios brasilei-
SUAS: ros, passa a vigorar como lei.
go dos estudos.
A assistência social
como campo de ação
Promulgada a Consti-
governamental registra
tuição que reconhece
no Brasil duas ações
a assistência social
inaugurais: a criação do Primeira redação: A Lei
como dever de Estado
Conselho Nacional de Orgânica da Assistência
no campo da seguri-
Serviço Social (CNSS); e, Social (LOAS) é vetada no
dade social e não mais
na década de 40, a Congresso Nacional.
política isolada e com-
criação da Legião
plementar à Previdên-
Brasileira de Assistência
cia.
(LBA).
1977 1989
os níveis de gestão de cada uma dessas De acordo com suas competências, as es-
esferas; feras de gestão do SUAS assumem responsa-
bilidades na gestão do sistema e na garantia
as instâncias que compõem o processo de sua organização, eficiência e efetividade
de gestão e como elas se relacionam; na prestação dos serviços, projetos, progra-
os principais instrumentos de gestão a mas e benefícios socioassistenciais.
serem utilizados; e, Responsabilidades da gestão munici-
a forma de gestão financeira que con- pal e do distrito federal:
sidera os mecanismos de transferência, os 1. Cumprir o que determina os arts. 14 e
critérios de partilha e de transferência de re- 15 da LOAS, que estabelecem as competên-
cursos. cias dos municípios e Distrito Federal com a
O CNAS aprovou também em 13/12/2006, política de Assistência Social;
a Norma Operacional Básica de Recursos Hu- 2. Atender aos requisitos previstos no art.
manos (NOB/RH) – instrumento responsável 30 e seu parágrafo único da LOAS, incluído
pela definição das responsabilidades na po- pela Lei nº 9.720/98, ou seja, a efetiva insti-
lítica de trabalho na área. A NOB/RH foi uma tuição e funcionamento do:
das deliberações da 5ª Conferência Nacional
de Assistência Social que aconteceu em de- a. Conselho de Assistência Social, de com-
zembro de 2005. posição paritária entre governo e sociedade
18
níveis de gestão estabelecidos pela NOB/ gestão estadual e apontar para o aprimora-
SUAS 2005 e apontar para o aprimoramen- mento da gestão e qualificação dos serviços
to da gestão e qualificação dos serviços do do SUAS sob sua responsabilidade.
SUAS.
UNIDADE 5 - NOB/RH
ção profissional por tipo de serviço socio- i) Devolução das informações colhidas
assistencial. nos estudos e pesquisas aos usuários, no
sentido de que estes possam usá-las para
São princípios éticos que orientam
o fortalecimento de seus interesses;
a intervenção dos profissionais da
área de assistência social: j) Contribuição para a criação de meca-
nismos que venham desburocratizar a re-
a) Defesa intransigente dos direitos lação com os usuários, no sentido de agili-
socioassistenciais;
zar e melhorar os serviços prestados.
b) Compromisso em ofertar serviços,
programas, projetos e benefícios de qua-
lidade que garantam a oportunidade de
convívio para o fortalecimento de laços
familiares e sociais;
de intervenção de conteúdos os mais diver- com o Serviço Social, pois confundir e iden-
sos, que vão além de medidas ou projetos de tificar o Serviço Social com a Assistência So-
Assistência Social. cial reduz a identidade profissional, que se
inscreve em um amplo espectro de questões
Os(as) assistentes sociais possuem e de-
geradas com a divisão social, regional e inter-
senvolvem atribuições localizadas no âmbito
nacional do trabalho.
da elaboração, execução e avaliação de polí-
ticas públicas, como também na assessoria a A Assistência Social, que possui interface
movimentos sociais e populares. com todas as Políticas Públicas, envolve, em
seus processos operativos, diversificadas
O primeiro curso de Serviço Social no Brasil
entidades públicas e privadas, muitas das
surgiu em 1936 e sua regulamentação ocor-
quais sequer contam com assistentes sociais
reu em 1957. O processo de reconceituação
em seus quadros, mas com profissionais de
gestado pelo Serviço Social, desde a década
outras áreas ou redes de apoio voluntárias
de 1960, permitiu à profissão enfrentar a
nacionais e internacionais.
formação tecnocrática conservadora e cons-
truir coletivamente um projeto ético-político Serviço Social, portanto, não é e não deve
profissional expresso no currículo mínimo de ser confundido com Assistência Social, em-
1982 e nas diretrizes curriculares de 1996 e bora desde a origem da profissão, os(as)
no Código de Ética de 1986 e 1993, nos quais assistentes sociais atuem no desenvolvi-
as políticas sociais e os direitos estão pre- mento de ações sócio-assistenciais, assim
sentes como uma importante mediação para como atuem nas políticas de saúde, edu-
construção de uma nova sociabilidade. Tra- cação, habitação, trabalho, entre outras. A
ta-se de uma profissão de nível superior, que identidade da profissão não é estática e sua
exige de seus(as) profissionais formação te- construção histórica envolve a resistência
órica, técnica, ética e política, orientando-se frente às contradições sociais que configu-
por uma Lei de Regulamentação Profissional ram uma situação de barbárie, decorrentes
e um Código de Ética. do atual estágio da sociabilidade do capital
em sua fase de produção destrutiva, com
A Assistência Social, como um conjunto
graves consequências na força de trabalho.
de ações estatais e privadas para atender
A política de Assistência Social, por sua vez,
as necessidades sociais, no Brasil, também
comporta equipes de trabalho interprofis-
apresentou nas duas últimas décadas uma
sionais, sendo que a formação, experiência e
trajetória de avanços que a transportou, da
intervenção histórica dos(as) assistentes so-
concepção de favor, da pulverização e dis-
ciais nessa política social não só os habilitam
persão, ao estatuto de Política Pública e da
a compor as equipes de trabalhadores(as),
ação focal e pontual à dimensão da univer-
como atribuem a esses(as) profissionais um
salização. A CF/88 situou-a no âmbito da
papel fundamental na consolidação da As-
Seguridade Social e abriu caminho para os
sistência Social como direito de cidadania.
avanços que se seguiram. A Assistência So-
cial, desde os primórdios do Serviço Social, Os(as) assistentes sociais brasileiros(as)
tem sido um importante campo de trabalho vêm lutando em diferentes frentes e de di-
de muitos(as) assistentes sociais. versas formas para defender e reafirmar
direitos e políticas sociais que, inseridos em
Não obstante, não pode ser confundida
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um projeto societário mais amplo, buscam sional dos(as) assistentes sociais brasilei-
cimentar as condições econômicas, sociais e ros(as), do Conselho Federal de Serviço So-
políticas para construir as vias da equidade, cial e dos Conselhos Regionais de Serviço
num processo que não se esgota na garan- Social na luta pela Assistência Social não se
tia da cidadania. A concepção presente no pauta pela defesa de interesses específicos
projeto ético-político profissional do Serviço de uma profissão ou de um segmento. Suas
Social brasileiro articula direitos amplos, uni- lutas fundamentam-se no reconhecimen-
versais e equânimes, orientados pela pers- to da liberdade, autonomia, emancipação e
pectiva de superação das desigualdades plena expansão dos indivíduos sociais; na
sociais e pela igualdade de condições e não defesa intransigente dos direitos humanos
apenas pela instituição da parca, insuficien- e na recusa do arbítrio e do autoritarismo;
te e abstrata igualdade de oportunidades, na ampliação e consolidação da cidadania,
que constitui a fonte do pensamento liberal. com vistas à garantia dos direitos das classes
trabalhadoras; na defesa da radicalização da
São esses parâmetros que balizam a de-
democracia, enquanto socialização da par-
fesa da Seguridade Social, entendendo que
ticipação política e da riqueza socialmente
esta deve incluir todos os direitos sociais
produzida; no posicionamento em favor da
previstos no artigo 60 da CF/88 (educação,
equidade e justiça social, que assegurem
saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança,
universalidade de acesso aos bens e servi-
previdência e Assistência Social) de modo a
ços, bem como sua gestão democrática; e no
conformar um amplo sistema de proteção
empenho para a eliminação de todas as for-
social, que possa responder e propiciar mu-
mas de preconceito.
danças nas perversas condições econômicas
e sociais dos(as) cidadãos(ãs) brasileiros(as). Estes são alguns dos princípios funda-
A Seguridade Social deve pautar-se pelos mentais que estruturam o Código de Ética
princípios da universalização, da qualifica- dos(as) assistentes sociais brasileiros, que
ção legal e legítima das políticas sociais como orientam e imprimem direção à intervenção
direito, do comprometimento e dever do Es- do CFESS e que devem fundamentar a inter-
tado, do orçamento redistributivo e da es- venção dos assistentes sociais na política de
truturação radicalmente democrática, des- Assistência Social (CFESS, 2005).
centralizada e participativa.
exercício profissional seja efetuado com dig- pesquisa com um olhar para o grupo familiar.
nidade, rejeitando situações em que a Psico- As ações devem ser integradas com outros
logia esteja sendo aviltada. profissionais dentro do serviço, bem como
com outros serviços visando o trabalho em
VII. O(a) psicólogo(a) considerará as rela-
rede.
ções de poder nos contextos em que atua e
os impactos dessas relações sobre as suas Nesse sentido, a formação do(a) psicólo-
atividades profissionais, posicionando-se de go(a) deve se nortear pelo compromisso de
forma crítica e em consonância com os de- contribuir com a construção e desenvolvi-
mais princípios deste Código. mento do conhecimento científico em Psico-
logia, pela compreensão dos múltiplos refe-
A partir desses compromissos éticos
renciais que buscam apreender a amplitude
entende-se que a atuação dos(as) psicólo-
do fenômeno psicológico em suas interfaces
gos(a) no SUAS deve estar fundamentada na
com os fenômenos biológicos e sociais, pelo
compreensão da dimensão subjetiva dos fe-
reconhecimento da diversidade de perspec-
nômenos sociais e coletivos, sob diferentes
tivas necessárias para a compreensão do
enfoques teóricos e metodológicos, com o
ser humano e incentivo à interlocução com
objetivo de problematizar e propor ações no
campos de conhecimento que permitam a
âmbito social.
apreensão da complexidade e multideter-
O(a) psicólogo(a), nesse campo, pode de- minação do fenômeno psicológico. Além
senvolver diferentes atividades em espaços disso, deve-se nortear pela compreensão
institucionais e comunitários. Seu trabalho crítica dos fenômenos sociais, econômicos,
envolve proposições de políticas e ações culturais e políticos do país, fundamentais
relacionadas à comunidade em geral e aos ao exercício da cidadania e da profissão, pelo
movimentos sociais de grupos étnico-ra- respeito à ética nas relações com clientes e
ciais, religiosos, de gênero, geracionais, de usuários(as), com colegas, com o público e
orientação sexual, de classes sociais e de na produção e divulgação de pesquisas, tra-
outros segmentos socioculturais, com vistas balhos e informações e pelo aprimoramento
à realização de projetos da área social e/ou contínuo (BRASIL, 2004).
definição de políticas públicas. Deve realizar
O exercício profissional do(as) psicó-
estudos, pesquisas e supervisão sobre te-
logo(as) envolve as seguintes competên-
mas pertinentes à relação do indivíduo com a
cias e habilidades gerais (BRASIL, 2004):
sociedade, com o intuito de promover a pro-
blematização e a construção de proposições desenvolver ações de prevenção, pro-
que qualifiquem o trabalho e a formação no moção, proteção e reabilitação da saúde
campo da Psicologia. psicológica e psicossocial, tanto em nível in-
dividual quanto coletivo, bem como a realizar
Por meio de atuação interdisciplinar, o(a)
seus serviços dentro dos mais altos padrões
psicólogo(a) pode atender a crianças, ado-
de qualidade e dos princípios da ética/bioé-
lescentes e adultos, de forma individual e/
tica;
ou em grupo, priorizando o trabalho coletivo,
possibilitando encaminhamentos psicológi- avaliar, sistematizar e decidir as condu-
cos, quando necessário, desenvolvendo mé- tas mais adequadas, baseadas em evidên-
todos e instrumentais para atendimento e cias científicas;
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REFERÊNCIAS
pela Assistência Social: sentido e compro- Social na perspectiva dos direitos: crítica
misso, Brasília, CFESS, 2005. aos padrões dominantes de proteção aos
pobres no Brasil. Brasília: Thesurus, 1996.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SO-
CIAL – CFESS. Manifesta: Serviço Social é SAWAIA, B. (Org.). As Artimanhas da Ex-
profissão. Assistência Social é Política Pú- clusão: análise psicossocial e ética da desi-
blica. Brasília, CFESS, 2005. gualdade social. Petrópolis: Vozes, 2002.
MORE, C. L. O. O. ; MACEDO, R. M. S. de . A
Psicologia na Comunidade: uma proposta
de intervenção. São Paulo: Casa do Psicó-
logo, 2006.