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Públicas
Pessoal
e noSocial
Assistência Trabalho
11
Módulo
Módulo
Desenvolvimento
Políticas Pessoal
Públicas Setorias
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Conteudista/s
Mariana de Sousa Machado Neris (Conteudista, 2021).
Enap, 2021
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
1. Constitucionalização: do assistencialismo à política de assistência social... 5
Referências.............................................................................................................. 14
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
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Módulo
1 Do assistencialismo à política
pública de assistência social
1. Constitucionalização: do assistencialismo à
política de assistência social
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a assistência social como
política pública de estado e a importância de sua constitucionalização para o
rompimento das práticas fragmentadas, pontuais e esporádicas na área.
Para começar a nossa jornada, convido você a pensar na seguinte situação hipotética:
no seu município deve haver algum morador de rua que sempre circula na mesma
área. Essa pessoa geralmente está só, pede esmola para se alimentar, dorme na rua
e sobrevive pela ajuda que recebe das pessoas que o enxergam e que se comovem
com a situação para prestar-lhe uma ajuda.
Já parou para pensar quais são as necessidades básicas daquela pessoa que está
na rua? Alimentação, moradia, emprego? De fato, todas essas. No entanto, é preciso
também conhecer o contexto socioeconômico em que essa pessoa está inserida
a fim de se estabelecer uma abordagem que não apenas atenda às necessidades
imediatas de sobrevivência, como também aponte caminhos para a interrupção do
ciclo de violações de direitos em que o indivíduo está inserido.
A atuação do poder público perante um caso como esse nem sempre foi a mesma.
Ao longo da história mais recente do Brasil, tivemos marcos importantes que
definiram abordagens baseadas em fundamentos distintos: ora como dever moral
Esse processo também influenciou na criação de perfis profissionais cada vez mais
especializados, como o surgimento da primeira escola de Serviço Social, em 1936,
Os anos 1980 e 1990 foram marcados pela influência de movimentos sociais, pela
revisão dos aspectos técnico-burocráticos e, culminando nas mudanças legislativas
subsequentes, por um debate mais profundo sobre as desigualdades de classes: uma
nova compreensão baseada em critérios ético-políticos distintos do tradicionalismo
filosófico. Na prática, inaugurou-se uma nova relação entre Estado e Sociedade.
A partir dos anos seguintes, começamos a verificar uma grande mudança. Em 2003,
a política de assistência social passa a se conformar na estrutura que conhecemos
como Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Veja a seguir uma linha do tempo com os principais marcos da trajetória sócio-
histórica da assistência social no Brasil:
Revolução Industrial
1891: Encíclica Papal Rerum Novarum
Ação social baseada em princípios e diretrizes ditados pela igreja
1930
1940-1979
1980
1990
Não compreenda de forma pejorativa essa perspectiva. Mesmo que existam primeiras-
damas qualificadas para assumirem cargos de confiança e de gestão, deve-se evitar
a sua designação como gestora da pasta pelo critério exclusivo de ser cônjuge do
dirigente municipal. É importante lembrar que a política de assistência social busca
sua profissionalização por meio da ruptura da filantropia e do assistencialismo.
Dessa forma, o primeiro-damismo pode representar não apenas retrocesso sob a
ótica da qualificação da política pública, como pode incidir em questionamentos
sobre nepotismo, prática esta vedada pela Constituição Federal. Por isso, Prefeito e
Prefeita, recomendamos avaliar essa designação, a fim de colaborar com a ruptura
dessa visão assistencialista.
Isso posto, é importante que você compreenda que a trajetória da Assistência Social
no Brasil sinaliza uma nova relação entre poder público e sociedade sob a ótica
do direito. Portanto, gerir a assistência social no município, no Distrito Federal, no
estado ou mesmo no governo federal, não é uma atividade optativa, não é ocasional
e não está isenta de elementos históricos, técnicos, políticos e metodológicos na
sua execução. Assim, esperamos que faça bom uso dessas informações para o seu
cotidiano no enfrentamento de questões sociais.
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de caracterizar os princípios e as diretrizes
da Política Nacional de Assistência Social.
Mas foi somente em 1993 que houve, de fato, uma reestruturação político-
administrativa no seu desenho de ofertas, de gestão, de financiamento e de controle
Mas, afinal, quais são os públicos da assistência social? São as famílias e os indivíduos
que vivenciam situação de vulnerabilidade e/ou risco social ou pessoal decorrentes
de:
• pobreza;
• falta de acesso às políticas públicas;
• deficiência e dependência de cuidados;
• vulnerabilidades próprias aos ciclos de vida: crianças, adolescentes e idosos;
• trabalho infantil;
• ato infracional (adolescentes);
• violência, negligência e abandono;
• situação de rua;
• afastamento do convívio familiar por medida protetiva ou socioeducativa;
• emergência social, etc.
https://cdn.evg.gov.br/cursos/490_EVG/videos/modulo01_video01.mp4
Você, gestora ou gestor municipal, deve se recordar disto: o governo federal não
executa sozinho essa política! A relevância da diretriz da descentralização político-
administrativa consiste em afirmar que a coordenação e as normas gerais cabem
à esfera federal e que a coordenação e a execução dos respectivos programas
competem às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes
e de assistência social. Não há comandos paralelos, mas respeita-se o comando
único das ações em cada esfera de governo, considerando-se as diferenças e as
características socioterritoriais locais.
Referências
LEÃO XIII, Papa. Carta Encíclica “Rerum Novarum”. Roma: Libreria Editrice Vaticana,
1981. Disponível em: https://www.vatican.va/content/leo-xiii/pt/encyclicals/
documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum.html. Acesso em: 4 out. 2021.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência
Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1993. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm. Acesso em: 4 out. 2021.