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Resumo - Diretrizes da Lei Orgânica da Assistência

Social - LOAS (Lei 8.742 de 1993)


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RESUMO:

A Assistência Social é reconhecida pela Constituição Federal de 1988 como política


pública não contributiva, dever do Estado e direito do cidadão que dela precisar. A
assistência social é uma política pública da Secretaria Nacional de Assistência Social
(SNAS), que está organizada por meio do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS) , atuante em todo o Brasil. Tem por objetivo garantir proteção social aos
cidadãos, apoiando os indivíduos, as famílias e a comunidade no enfrentamento de
suas dificuldades, por meio de serviços, benefícios, projetos e programas. Com um
modelo de gestão participativa, o SUAS articula os esforços e os recursos dos
Municípios, dos Estados e da União para a execução e o financiamento da Política
Nacional de Assistência Social. É importante ressaltar que o atual modelo de
Assistência Social é fruto da evolução da Seguridade Social brasileira, como explicado
nas lições de Itamar Franco e Jutahy Magalhães Junior:

A construção do direito da Assistência Social é recente na história do Brasil. Durante


muitos anos a questão social esteve ausente das formulações de políticas no país. O
grande marco é a Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã, que
confere, pela primeira vez, a condição de política pública à assistência social,
constituindo, no mesmo nível da saúde e previdência social, o tripé da seguridade
social que ainda se encontra em construção no país. A partir da Constituição, em 1993
temos a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), no 8.742, que
regulamenta esse aspecto da Constituição e estabelece normas e critérios para
organização da assistência social, que é um direito, e este exige definição de leis,
normas e critérios objetivos. (FRANCO E MAGALHÃES JUNIOR, 2009, p. 4).

Como sucintamente explicado pelos ilustres autores, antes da Constituição de 1988, a


Assistência Social era assistencialista, ligada à filantropia e tinha uma concepção
culpabilizadora dos indivíduos. Além disso, era eventual, incerta, fragmentada, com
fim em si mesma e incapaz de provocar mudanças nas vidas dos cidadãos. Após a
referida Constituição Federal, a Assistência Social ficou ligada ao Direito Social e
Dever Estatal, sendo o Estado o responsável pela proteção social. Nessa perspectiva,
a política pública não contributiva tem, hodiernamente, diretrizes que regem as ações
governamentais na área da assistência social. A atual política pública de Assistência
Social tem uma concepção contextualizada das situações em uma dada realidade
social, histórica, cultural, econômica, e política, sendo voltada ao desenvolvimento
individual, familiar e coletivo, de forma contínua e transformadora.

As diretrizes da LOAS são descritas no art. 204 da Constituição da Republica


Federativa do Brasil de 1988 e no Art. 5º da Lei Orgânica da Assistência Social –
LOAS. Como supracitado no presente trabalho, antes da Constituição de 1988, a
Assistência Social não era dever do Estado, o que faz o Art. 5º da LOAS ter

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indiscutível relevância, posto que ele tem a finalidade de definir e confirmar o dever do
Estado na política de Assistência Social brasileira. Este importante artigo da seara da
Seguridade Social tem a seguinte redação, nos moldes da Carta Magna vigente:

Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I -


descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II - participação
da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas
e no controle das ações em todos os níveis; III - primazia da responsabilidade do
Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo.
(BRASIL, 1993)

O Inc. I do Art. 5º da LOAS, traz a primeira diretriz da política pública da Assistência


Social do Brasil, que é a descentralização político-administrativa para os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de
governo. A descentralização foi definida pelo art. 11 da LOAS como as ações das
esferas de governo na área de Assistência Social que são realizadas de forma
articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
coordenação e execução dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, sendo as competências de cada esfera do
governo discriminadas pelos Arts. 12 a 15 da LOAS.

O SUAS, sistema descentralizado e participativo da Assistência Social, possui


instâncias deliberativas, as quais são: o Conselho Nacional de Assistência Social
(CNAS), os Conselhos Estaduais de Assistência Social (CEAS), o Conselho de
Assistência Social do Distrito Federal (CASDF) e os Conselhos Municipais de
Assistência Social (CMAS), todos com caráter permanente e composição paritária
entre governo e sociedade civil, conforme o art. 16 da LOAS.

O Inc. II do Art , 5º, que impõe a participação da população, por meio de organizações
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os
níveis, abre um amplo espaço para o debate sobre o controle social da política da
assistência no Brasil, ainda que o país esteja atrasado em termos de assistência à
população. Teoricamente, a participação dos usuários se concentra nas conferências
de assistência e nos conselhos. Na prática, infelizmente, pouco se vê a população
participando da organização e da criação de projetos, políticas e programas.

O último inciso, sobre a primazia da responsabilidade do Estado na condução da


política de assistência social em cada esfera de governo, deixa claro a
responsabilidade estatal de conduzir a política de Assistência Social. A
responsabilidade deste inciso não é uma responsabilidade compartilhada com as
entidades, e sim uma responsabilidade integral do Estado. Nessa perspectiva, o inc. III
do art. 5º vai de encontro ao Estado, uma vez que decide politicamente a gestão da

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assistência social em todo o território brasileiro. Através da leitura da Lei Orgânica da
Assistência Social – LOAS, com foco em seu artigo 5º é possível notar a importância
que tem a política pública não contributiva. Sendo um direito de todos que precisam, a
Assistência Social tem um papel indiscutivelmente importante na sociedade, sendo um
dos meios para reduzir as desigualdades sociais no país.

REFERÊNCIAS:

ASSISTÊNCIA social. Gov.br. Disponível em: <https://www.gov.br/cidadania/pt-


br/acoeseprogramas/assistência-social>. Acesso em: 14 out. 2020.

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituição.htm>. Acesso em: 9 out.
2020.

FRANCO, Itamar. MAGALHÃES JÚNIIOR, Jutahy. LOAS Anotada. Brasília: Ascom,


2009.

SILVA, Edson Oliveira da. Assistência Social. [s.d.]. 57 slides. Material apresentado
para a disciplina Seguridade Social (Direito) da FANESE.

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