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REAÇÕES E SENTIMENTOS DE

FAMILIARES frente ao suicídio

TERAPIA DO LUTO

Profa. Dra. Angela Maria Alves e Souza


Enfermeira-Docente-UFC
 o suicídio
desencadeia o luto
mais difícil de ser
enfrentado e
resolvido de
maneira eficaz em
qualquer família.

 Van Gogh
Determinantes do luto

 Quem era a pessoa


 A natureza da ligação
 Forma da morte -
NASH
 Variáveis de
personalidade
 Variáveis sociais
As Quatro Tarefas do Processo de Luto

 As quatro tarefas

 Tarefa 01 - Aceitar a realidade


da perda.

 Tarefa 02 - Elaborar a dor da


perda.

 Tarefa 03 - Ajustar-se a um
ambiente onde a pessoa
faleceu.

 Tarefa 04 - Reposicionar em
termos emocionais a pessoa
que faleceu e continuar a vida.
As reações e sentimentos mais comuns
de familiares frente ao suicídio
 Negação
 Vergonha
 Raiva
 Culpa
 Medo
 Reações físicas e
somatização.
NEGAÇÃO
 A descrença ou negação
ocorre nas primeiras horas ou
dias, quando a pessoa
enlutada diz:
“eu não posso acreditar”.

 Tem uma função protetora e


permite que as pessoas
disponha de tempo para
assimilar o impacto que
atingiu, e conseqüentes
repercussões no seu estilo de
vida.
NEGAÇÃO

 Recusa em aceitar a morte


como fato consumado.

 Pode levar meses para aceitar


a irreversibilidade da morte.
 No momento em que a pessoa
aceita e compreende que a
morte aconteceu, inicia-se o
processo de luto.
Terapia do luto

 ajudar as pessoas a falarem


sobre a perda.
 Onde a morte ocorreu?
 Como ocorreu?
 Quem lhe contou?
 Onde você estava quando ficou
sabendo?
 Como estava o enterro?
 Algumas pessoas necessitam
repetir muitas vezes o fato da
morte para que se tome
consciência de que o mesmo
realmente ocorreu.
Vergonha

 É associada ao
estigma do suicídio.
 É a que predomina.
Terapia do luto
 Estimular visitas ao túmulo ou
no local onde foram
espalhadas as cinzas pode
também aproximar as pessoas
da realidade da perda.

 Estas visitas têm suas raízes


em expectativas e práticas
culturais, mas este pode ser
um indicativo de a pessoa
estar ou não cumprindo a
tarefa I;
 requer que sejam feitas com a
escolha correta do momento,
cuidado e sensibilidade.
RAIVA
 é dirigida a pessoa morta ou
à instituição de saúde ou aos
amigos.

 uma mulher de meia – idade,


cujo o marido se matou,
caminhou dentro de sua casa
por quase seis meses
gritando:”droga, se você não
tivesse se matado, eu teria
matado você pelo que você
esta me fazendo passar”. Ela
precisava manter a raiva fora
de seu sistema.
RAIVA

 Elas percebem a morte


como uma rejeição:
quando elas
perguntam” por que,
por que, por quê?” elas
geralmente querem
dizer “por que ele me
fez isto?”.
Trabalhar a raiva
 Se a raiva não for dirigida à pessoa
que faleceu nem deslocada para outra
pessoa, ela pode ser retrofletida e
vivida como depressão, culpa ou baixa
auto-estima.
 O conselheiro pode ajudar o paciente
a entrar em contato com isso.
 Muitas pessoas não irão admitir seus
sentimentos de raiva se forem
perguntadas diretamente sobre elas.
Ou elas não têm consciência do
sentimento ou aderem à censura
cultural de não falar mal da pessoa
que faleceu.
CULPA
 Poderiam ter prevenido o
suicídio, ou por pensarem que
contribuíram para o ato.

 Em decorrência da intensidade
da culpa exacerbada,as
pessoas podem sentir a
necessidade de ser punidas e
podem interagir com a
sociedade ou desenvolvem
condutas de autodestruição.
Com ideação suicida, repetindo
o ato da outra.
CULPA

 a culpa manifesta-se com


censura. Encontrar alguém a
quem censurar pode ser uma
tentativa de afirmar o controle
e achar um significado numa
situação difícil de ser
compreendida.
CULPA

 Freqüentemente assumem a
responsabilidade da atitude da
pessoa falecida e ficam
inquietas achando que
deveriam ter feito algo para
evitar a morte.

 Especialmente difícil quando o


suicídio ocorreu no momento
de um conflito entre a pessoa
que faleceu e a de luto.
Terapia do luto

 Ajudar as pessoas a entrar


em contato com os
sentimentos negativos e
positivos é importante,
mesmo que os últimos
sejam em menor
quantidade.
MEDO
 Um medo primário
comum entre as pessoas
de luto por suicídio é o de
seus próprios impulsos
destrutivos.

 Alguns parecem carregar


consigo uma sensação
de destino ou ruína, isso
é especialmente comum
em filhos de vitimas de
suicídio.
Estratégias no atendimento aos familiares
e amigos do suicida
 Estabelecer uma
comunicação
adequada entre os
membros da família.
 Fazer contato logo em
seguida com a pessoa
enlutada antes de
fazerem distorções.
 Ajudar os indivíduos a
lidarem com os seus
sentimentos de culpa .
 Corrigir atitudes
distorcidas em relação
a pessoa falecida, pois
os mitos familiares
começam cedo.
 Encorajar o
extravasamento do
sentimento de raiva.
 Explorar o sentimento
de abandono que pode
ser sentido.
 Facilitar o planejamento do futuro inserido
na perspectiva de conviver com a ausência
do ente querido.

 Ajudar os familiares a contemplar o futuro,


inclusive os efeitos da morte em longo
prazo;

 Não pensar que todas as famílias iram se


desagregar. Algumas famílias aproximam
com essa crises.

 Se houver pessoas suficientes com esse


tipo de perda, considere iniciar um grupo de
pessoa de luto na sua comunidade.
Momentos críticos

 em torno do primeiro
aniversário de morte, pois,
todos os tipos de
pensamentos e sentimentos
surgem nesta época e, com
freqüência, a pessoa
precisará de um apoio extra.

 Os conselheiros devem
fazer observações na
agenda sobre a data de
morte e depois fazer
contatos nessas épocas
críticas.
 Exemplo disto :
 “Eu sei como você está se
sentindo”;
 “Seja um menino forte”;
 “A vida é para os vivos”;
 “Isto logo vai passar”;
 “Você está enfrentando bem”;
 “Isto terminará dentro de um
ano”;
 “Você ficará bem”; “Agüente
firme”.

 As pessoas sentem-se como


desamparadas e um
comentário como “ eu não sei
o que lhe dizer” pode fazer
com que o/a enlutado(a) se
sinta compreendido em sua
dor.
Técnicas de aconselhamento do luto
 Linguagem evocativa - “Seu
filho morreu” versus “Você
perdeu seu filho”. Falar do
ente falecido no passado
também pode ajudar.

 Usar símbolos - pedir ao


enlutado para trazer fotos do
falecido, cartas por ele
escritas, áudios ou vídeos,
jóias, ter um foco concreto
para falar para o falecido e
não sobre o falecido.

 Escrever - esta técnica é útil,


pois a pessoa enlutada
expressa seus sentimentos e
pensamentos, e isto pode
ajudá-la a cuidar do trabalho
inacabado.
 Desenhar - figuras também pode ser útil na expressão dos sentimentos e
pensamentos.

 Encenação – encenar situações em que ela sente medo ou que se sente


inadequada é uma das formas de desenvolver habilidades. Os assuntos da
tarefa III é bom serem trabalhados com esta técnica.

 Imaginação dirigida – facilitar a pessoa a imaginar aquela que faleceu,


tanto de olhos fechados ou visualizando sua presença numa cadeira vazia.

 Reestruturação cognitiva - Ao ajudar o cliente a identificar estes


pensamentos e os testes de realidade da adequação ou
supergeneralização.

 Livro de memórias – uma atividade em que a família enlutada pode fazer é


um livro de memórias do familiar que perdeu. Este livro pode incluir histórias
sobre fatos da família, coisas dignas de serem lembradas como fotografias,
poemas, desenhos feitos por vários membros da família, inclusive crianças.

 “Quando  psiquiatra infantil americana,
uma pessoa Nancy Rappaport, cuja mãe
comete se matou quando ela tinha 4,
suicídio, as decidiu escrever um livro sobre
respostas o assunto e transformou o
vão com ela” próprio luto em um estudo
— Nancy sobre o impacto desse tipo de
Rappaport morte na vida dos filhos de
quem o comete — In her wake
(O despertar dela).
BIBLIOGRAFIA
 ARRIÉS, P. O Homem Diante da Morte. Vol. I e II, 2 ed., Rio de
Janeiro, Francisco Alves, 1989.
 BECKER, E. A Negação da Morte. Rio de janeiro, Record, 1973.
 BOWLBY, J. Apego e Perda. São Paulo,Martins Fontes, 1984.
 PARKES, M. Luto: Estudo sobre a perda na vida adulta. São Paulo,
Summus Editorial, 1998.
 STEDEFORD, A. Encarando a Morte. Porto Alegre, Artes Médicas,
1998.
 WALSH, F. e McGOLDRICK, m. Morte na Família: Sobrevivendo as
perdas.Porto Alegre, Artes Médicas, 1998.
 Worden, J. W. Terapia do Luto, 2ed., Porto Alegre, Artes Médicas,
1998.
Que possamos ser PONTES enquanto
pessoas e profissionais

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