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DIREITOS FUNDAMENTAIS DO

SER HUMANO
Pós-graduação em Serviço Social na
Educação

Profª Nilma Angélica dos Santos


As sociedades humanas são cíclicas e dinâmicas. Em se
tratando da sociedade capitalista, esta se movimenta o tempo
todo com base no conflito de interesses entre os grupos, classes e
indivíduos que querem fazer valer suas vontades perante a
sociedade. Para isso, valem-se da legitimação de suas demandas
através das leis. Ou seja, as legislações são formas encontradas,
pela sociedade, para legitimar demandas coletivas.
O advento das duas grandes guerras mundiais
fez com que a comunidade internacional
entrasse em consenso pela necessidade da
criação de um sistema de leis internacionais
que regessem as relações internacionais e que
prezassem pela defesa dos direitos humanos
independentemente de questões ligadas à
raça, cor, religião, sexo, gênero, nacionalidade
ou classe social.
Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Artigo1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos
outros com espírito de fraternidade.
Artigo
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer
espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição
política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença
uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela,
sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania. (Organização das Nações Unidas, 1948).
2. DIREITOS HUMANOS NA LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA
A Constituição brasileira , e seus artigos 5º e 6º se inspira na
declaração dos direitos humanos para citar as garantias
fundamentais do cidadão brasiler e seu direitos sociais:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
(...)
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
2.1 Educação
• A educação está relacionada com todos os aspectos da vida
humana. O processo de aprendizagem é contínuo durante toda a
vida, não se resumindo à transmissão sistemática de conhecimento
e, penetrando todos os espaços de convivência social. A família, por
ser o primeiro ciclo social do qual fazemos parte, é a responsável
pelo início do processo educacional, transmitindo os valores e
princípios de sociabilidade básicos. Posteriormente a escola, a
universidade e demais espaços de formação acadêmica irão
complementar a educação familiar e acrescentar saberes técnicos e
científicos. Ademais, pode-se citar outros fatores que contribuirão
nesse processo, como: círculos e redes sociais, ambiente de
trabalho, religião, arte, acontecimentos cotidianos, etc.
O termo tem origem no latim educare, sendo
formado por duas palavras: “ex” (que quer
dizer “fora”, ou exterior”) e “ducere” (que
quer dizer “guiar”, “instruir”, “conduzir”). Ou
seja, em latim, educação tem o significado de
“guiar para fora”, conduzir tanto para o
mundo exterior quanto para fora de si mesmo.
À medida que os seres humanos se organizam,
reproduzem, convivem e se satisfazem suas
necessidades de sobrevivência de forma
diferente ao longo do tempo em diferentes
espaços, o modelo de educação necessita
estar adaptado a essas realidades, para que os
sujeitos possam perceber-se enquanto
protagonistas do processo de aprendizagem
Direito ao trabalho
As legislações sociais surgem no Brasil,
primeiramente, com um viés exclusivista e trabalhista,
por volta da década de 1930. Naquele momento
apenas trabalhadores urbanos formalmente
integrados ao mercado de trabalho poderiam ter
acesso a direitos e proteções sociais. Vale lembrar que
até o ano de 1888 o Brasil possuía trabalho escravo e,
que, esse fato deixou marcas profundas na forma
como as relações de trabalho se estabeleceram no
país dali em diante
A primeira lei republicana voltada ao trabalhador urbano,
operário e ferroviário, foi a Lei Eloy Chaves, de 1923

Já sob a vigência do Estado novo, em 1º de maio de 1943,


nasce a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que
unificou todas as leis existentes até então sobre o trabalho
no Brasil e estendeu as garantias trabalhistas

Conforme podemos ver, a CLT, apesar de antiga e de não


ser tão completa em termos de defesa integral do direito
do trabalhador, foi uma lei inovadora e determinante para
que se lançasse as bases das modernas leis previdenciárias
e trabalhistas. Leis essas que foram ampliadas a partir da
Constituição de 1988, conhecida como a Constituição
Cidadã.
2.3Constituição Federal de 1988

O caráter inovador e libertário da CF/88 é


apresentado logo em seu artigo 1º, no qual
coloca o povo como o protagonista da República
Federativa Brasileira:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo,


que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Para o assistente social, o artigo 6º da CF/88 sintetiza
toda uma gama de áreas em que este atua. Somos
profissionais que intervimos nas expressões da questão
social mediante políticas públicas preestabelecidas pelo
Estado. Tais políticas surgem das demandas da população
traduzidas em legislações. Cada um dos direitos sociais
listados no artigo acima representa a inclusão de pautas
caras ao povo brasileiro, cuja defesa é marcada por um
processo de lutas e embates que durou décadas até que
fosse, finalmente, incluído no texto constitucional.
É a CF/88 que irá, também, consolidar o sistema de seguridade social brasileiro,
regulamentando as políticas transversais de Assistência, Previdência e Saúde:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a
seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e
rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas
contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações
de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da
previdência social;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
2.4Direito à assistência social na legislação
brasileira
Antes da promulgação da CF/88 a política e assistência no
brasil apresentava de forma fragmentada desarticulada e
pontual.

Em seu artigo 203 a constituição reserva uma seção


específica para a assistência, prevendo quem seriam os
destinatários deste segmento da ordem social. Já o artigo
seguinte – 204, não somente indica a fonte primária dos
recursos que custearão tais ações, mas, sobretudo as
diretrizes a serem adotadas na política de assistência social
Em seu artigo 2º estabelece os objetivos da Assistência
Social:

Art. 2º A assistência social tem por objetivos: 3 I – a


proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de
danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente:
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e aos
adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao
mercado de trabalho; d) a habilitação e reabilitação das
pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à
vida comunitária; e e) a garantia de um salário-mínimo de
benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que
comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família;
Assistência social básica
•Programa de Atenção Integral às Famílias.
•Programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento da pobreza.
•Centros de Convivência para Idosos.
•Serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortalecimento dos
vínculos familiares, o direito de brincar, ações de socialização e de
sensibilização para a defesa dos direitos das crianças.
•Serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens na faixa etária
de 6 a 24 anos, visando sua proteção, socialização e o fortalecimento dos
vínculos familiares e comunitários. •Programas de incentivo ao
protagonismo juvenil, e de fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários.
•Centros de informação e de educação para o trabalho, voltados para jovens e
adultos.
Assistência social de média complexidade

Serviço de orientação e apoio sociofamiliar.


• Plantão Social.
• Abordagem de Rua.
• Cuidado no Domicílio.
• Serviço de Habilitação e Reabilitação na comunidade
das pessoas com deficiência.
• Medidas socioeducativas em meio-aberto (Prestação de
Serviços à Comunidade – PSC e Liberdade Assistida – LA).
Assistência social de alta complexidade
• Atendimento Integral Institucional.
• Casa Lar.
• República.
• Casa de Passagem.
• Albergue.
• Família Substituta.
• Família Acolhedora.
• Medidas socioeducativas restritivas e privativas de
liberdade (semiliberdade, internação provisória e sentenciada).

• Trabalho protegido.
2.5 Direitos referentes à crianças e
adolescentes
Assim segue alguns dos principais pontos previstos pelo ECA:
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Art. 2o Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito
anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos
de idade.
Art. 3o A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de
dignidade
Art. 4o É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e
do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia
de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b)
precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância
pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas
sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Art. 5o Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer


forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
2.6 Direitos da pessoa idosa
Vale evidenciar a responsabilidade do Estado e da sociedade, o
cumprimento pleno do estatuto do idoso contempla os seguintes
direitos fundamentais:

Proteção à vida - tem o intuito de favorecer o processo de se envelhecer


com saúde e dignidade;
Liberdade e respeito - refere-se à necessidade de tratamento respeitoso
e que não suprima as liberdades individuais do idoso. Ele deve ser livre
para exercer seu papel social, político e civil de forma individual;
Alimentação - relativo ao provimento de alimentos ao idoso que não
tiver condições econômicas de se sustentar sozinho;
Atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer - pessoas mais
velhas também têm o direito de exercitar corpo e mente, de acordo com
as possibilidades ligadas à sua faixa etária;
Atividade remunerada - outro ponto fundamental do estatuto aborda a
criação de iniciativas que facilitem a inserção ou manutenção dos idosos
no mercado de trabalho;
Previdência social - a preservação do valor real dos salários deve ser
prioridade na concessão de aposentadorias e de pensões;
Assistência social - devidamente articulada com as diretrizes do SUS
(Sistema Único de Saúde) e com a Política Nacional do Idoso, a Lei
Orgânica da Assistência Social tem o propósito de prestar o amparo que
cabe ao idoso;
Moradia - como qualquer outro cidadão, o idoso também tem direito à
habitação digna, seja sozinho, seja no seio familiar, seja em instituição
de alojamento oferecido por organizações públicas e privadas;
Meios de locomoção - a gratuidade do uso de transportes públicos é
voltada às pessoas com idade superior aos 65 anos;
Saúde - via SUS, todos os idosos devem ter acesso universal, gratuito e
de qualidade aos serviços de saúde. Além disso, as entidades são
responsáveis por criar protocolos que diminuam os riscos dos hospitais
para idoso. (BLOG VIVA MAIS, 2021).
2.7 Direito à saúde
Conforme diz a Lei 8.080/90, que seja qual for a ação relativa à saúde
com os serviços na rede pública e privada, o campo do SUS deve estar
em consonância com a CF/88, primando o artigo 198 que determina o
respeito à universalidade, à integralidade e à preservação da autonomia,
cumprindo os princípios consequentes, conforme a LOS art. 7º, Brasil
(1990)

I – A universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis


de assistência; II – Integralidade de Assistência, atendida como conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis e
complexidade do sistema; III – Preservação da autonomia das pessoas
na defesa de sua integridade física e moral; IV – Igualdade da assistência
à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie e etc.
Nesse sentido, o art. 196 da Constituição Federal afirma
que a saúde é um direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos,
bem como ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

A saúde tem fatores determinantes e condicionantes,


entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais; os níveis de saúde da população
expressam a organização social e econômica do país.

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