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ESPÍRITO SANTO
SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 21
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1 A INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS
Fonte: https://www.google.com.br
Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. E inclusão é o ato ou efeito de
incluir. Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las par-
ticipantes da vida social, econômica e política, assegurando o respeito aos seus di-
reitos no âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público.
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização
das Nações Unidas (ONU), em 1948 relaciona os seguintes direitos que valem para
todos, isto é, os chamados direitos humanos ou da cidadania:
Direitos Civis: direito à liberdade e segurança pessoal; à igualdade perante
lei; à livre crença religiosa; à propriedade individual ou em sociedade; e o direito de
opinião (Art. 3° ao 19).
Direitos Políticos: liberdade de associação para fins políticos; direito de par-
ticipar do governo; direito de votar e ser votado (Arts. 20 e 21).
Direitos Econômicos: direito ao trabalho; à proteção contra o desemprego; à
remuneração que assegure uma vida digna, à organização sindical; e direito à jorna-
da de trabalho limitada (Arts. 23 e 24).
Direitos Sociais: direito à alimentação; à moradia; à saúde; à previdência e
assistência; à educação; à cultura; e direito à participação nos frutos do progresso
científico (Art.25 ao 28).
Esses direitos foram conquistados arduamente nos últimos 200 anos. Contu-
do, segundo as condições históricas de cada país, podem ser descumpridos ou bas-
tantes fragilizados, o que indica que o esforço do Estado e da Sociedade por sua
vigência deva ser permanente. Uma coisa é certa: para fortalecê-los entre nós, a
Sociedade e o Estado brasileiros devem agir com base no princípio da associação
interdependente dos direitos, isto é, o cumprimento efetivo de um depende do cum-
primento dos outros. Por exemplo, o direito à igualdade perante a lei depende do
direito de votar e ser votado, o qual está por sua vez associado ao direito de opinião
aos direitos à educação e à saúde.
Quando isto não ocorre, os direitos de todos perdem as suas forças e, em
consequência, os direitos específicos das pessoas com deficiência também. Ora, se
o direito universal à saúde não está associado aos demais e além disso, é cumprido
de modo insuficiente pelo Estado, o direito à saúde específico das pessoas com de-
ficiência igualmente será fragilizado ou mesmo negado.
Portanto a inclusão social tem por base que a vigência dos direitos específi-
cos das pessoas com deficiência está diretamente ligada à vigência dos direitos hu-
manos fundamentais. Em virtude das diferenças que apresentam em relação às de-
mais, as pessoas com deficiência possuem necessidades especiais a serem satisfei-
tas. Tal fato significa que:
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Os direitos específicos das pessoas com deficiências decorrem de suas ne-
cessidades especiais;
É preciso compreender que as pessoas não deficientes e as pessoas com de-
ficiências não são “iguais”.
O exercício dos direitos gerais bem como nos direitos específicos destas últi-
mas está diretamente ligado à criação de condições que permitam o seu acesso di-
ferenciado ao bem-estar econômico, social e cultural.
Fonte: www.google.com.
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As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos civis e políticos dos de-
mais indivíduos. O parágrafo 7° da Declaração dos Direitos do Deficiente Mental in-
dica a possibilidade de limitar ou de suprimir tais direitos no caso das pessoas com
deficiência mental;
O parágrafo 7 da Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retar-
dadas estabelece: “Sempre que pessoas mentalmente retardadas forem incapazes
devido à gravidade de sua deficiência de exercer todos os seus direitos de um modo
significativo ou que se torne necessário restringir ou denegar alguns ou todos estes
direitos, o procedimento usado para tal restrição ou denegação de direitos deve con-
ter salvaguardas legais adequadas contra qualquer forma de abuso. Este procedi-
mento deve ser baseado em avaliação da capacidade social da pessoa mentalmente
retardada, por parte de especialistas e deve ser submetido à revisão periódica e ao
direito de apelo a autoridades superiores”;
As pessoas com deficiências têm o direito de desenvolver capacidades que
as tornem, tanto quanto possível, autoconfiantes;
O direito ao tratamento médico, psicológico e reparador, incluindo próteses e
órteses, visando a sua reabilitação, bem como o acesso a serviços que as habilitam
a desenvolver capacidades voltadas para sua integração ou reintegração social;
As pessoas com deficiência têm o direito à segurança social econômica e a
um nível de bem-estar digno. Elas têm o direito, segundo suas capacidades, ao em-
prego ou de participar de ocupação útil e remunerada;
O direito a que suas necessidades especiais sejam incluídas no planejamento
econômico e social;
As pessoas com deficiência têm o direito de viver com sua família e de parti-
cipar das atividades sociais. Elas não serão submetidas, mesmo em suas residên-
cias, a tratamento diferente (discriminatório) que não seja o necessário para melho-
rar o seu bem-estar. Se a sua permanência em instituição especializada for indis-
pensável, o ambiente e as condições deverão ser as mais próximas da vida normal;
O direito à proteção contra toda a exploração e todo o tratamento discrimina-
tório, abusivo e degradante;
As pessoas com deficiência têm o direito ao apoio jurídico qualificado quando
tal apoio mostrar-se indispensável para sua proteção. Se processos judiciais forem
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estabelecidos contra elas, o procedimento legal respeitará as suas condições físicas
e mentais;
As organizações das pessoas com deficiência devem ser consultadas em to-
dos os assuntos que dizem respeito aos direitos mencionados;
As pessoas com deficiência, suas famílias e a comunidade devem ser plena-
mente informadas, pelos meios apropriados, dos direitos contidos na Declaração.
Pode-se perceber que a inclusão social das pessoas com deficiência depende
do seu reconhecimento como pessoas, que apresentam necessidades especiais ge-
radoras de direitos específicos, cuja proteção e exercício dependem do cumprimento
dos direitos humanos fundamentais
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tos relativos a todos, as pessoas com deficiência devem ter direitos específicos,
que compensem, na medida do possível, as limitações e/ou impossibilidades a que
estão sujeitas.
Por isto é preciso repetir que os não deficientes e as pessoas com deficiência
não iguais, no sentido de uma igualdade apenas abstrata e formal, isto é, que não
considera as diferenças existentes entre os dois grupos.
E que as pessoas com deficiência apresentam necessidades especiais, que
exigem um tratamento diferenciado para que possam realmente ser consideradas
como cidadãos. Assim, a Constituição estabelece as seguintes normas relativas:
Ao Trabalho
Fonte: www.guiainclusivo.com.br
Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXXI. Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador com deficiência.
Art.37 – Administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
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princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também ao se-
guinte:
VII. a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pes-
soas.
Com deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
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na gênese das recentes disposições de igualdade de oportunidades educativas para
crianças com necessidades educacionais especiais. Despontava, então, uma fase
de esperança e luta por melhores tempos, espelhada num renascimento humanista,
cada vez mais crescente e que atingiu seu auge nos anos 60. Nesse período, oco-
reu uma mudança de perspectiva em relação ao tipo de inserção das pessoas defi-
cientes na força de trabalho, que havia sido originada no pós-guerra. A demanda,
que antes tinha por objetivo preencher lacunas, agora se daria no sentido de integrar
os indivíduos deficientes com base em seus direitos como seres humanos e indiví-
duos pertencentes a uma sociedade (SANTOS, 1995; CORREIA, 1997).
Paralelo aos dois fatos já mencionados, o avanço científico dessa época trou-
xe informações importantes sobre aqueles grupos considerados minorias sociais.
Estudos sociológicos, realizados nos Estados Unidos, citados por Santos (1995),
revelaram a escassez ou carência total de acesso às provisões sociais, de saúde e
educacionais, pelas minorias étnicas. Pesquisas nas áreas médica, educacional e
psicológica defendiam uma abordagem menos paternalista em relação aos indiví-
duos deficientes e enfatizavam que a “excepcionalidade”, necessariamente, não de-
ve se constituir num impedimento total para a aprendizagem dos indivíduos deficien-
tes, nem significar uma incapacidade deles em frequentar o ambiente escolar.
As novas tendências no campo educacional, em oposição à visão positivista,
trariam à tona a concepção de educação como instrumento para o desenvolvimento
de um saber e de uma consciência críticas; com abordagens pedagógicas centradas
no aluno, visando a sua formação, como futuro cidadão, como agente social ativo e
histórico.
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institucional, dentro de escolas especiais, centros de reabilitação, oficinas protegidas
de trabalho, clubes recreativos especiais, etc. (SASSAKI, 1997).
Ao final daquela década, a ideia de integração social foi ampliada e o objetivo
da nova abordagem passou a promover a integração das pessoas portadoras de
deficiência nos sistemas sociais gerais, como a educação, o trabalho, a família e o
lazer. O fator propulsor de tal mudança de perspectiva foi a elaboração e a divulga-
ção de um importante princípio – o princípio da normalização (SASSAKI, 1997).
Em 1969, na Dinamarca, Nirje – Diretor da Associação Sueca para Crianças
Retardadas - formula o princípio da normalização, que se constituiria na base
conceitual do processo de integração social dali em diante. Em sua redação inicial, o
princípio referia-se apenas a pessoas com deficiência, como se pode constatar: “O
princípio de normalização significa colocar ao alcance dos retardados mentais, uns
modos e umas condições de vida diário o mais parecido possível às formas e condi-
ções de vida do resto da sociedade” (STEELNLANDT 1991, in CARVALHO, 1997,
p.45).
Este princípio foi generalizado a partir de 1972, por Wolfensberg, para todas
as pessoas com deficiências e contemplou tanto os meios possíveis, quanto os re-
sultados alcançados. Isto quer dizer que, para Wolfensberg, a normalização era a
utilização de meios tão culturalmente normativos quanto fosse possível para estabe-
lecer e/ou manter condutas e características pessoais o mais culturalmente normati-
vas quanto fosse possível (STEELLANDT, 1991).
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Fonte: vereadorcarlosleite.com.br
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gação. Entretanto, se o processo de integração social tem consistido no esforço de
inserir na sociedade pessoas com deficiência que alcançaram um nível compatível
com os padrões sociais vigentes, tal esforço tem se mostrado unilateral em nossos
dias; um esforço somente da pessoa portadora de deficiência e de seus aliados - a
família, a instituição especializada e algumas pessoas envolvidas na causa da inser-
ção social - segundo Sassaki (1997).
Da forma como está sendo realizada hoje, a integração escolar/social pouco
ou nada exige da sociedade em termos de modificação de atitudes, de espaços físi-
cos, de objetos e de práticas sociais. A sociedade “cruza seus braços” e aceita o
deficiente desde que ele se torne capaz de adaptar-se ao seu contexto social e às
formas de desempenhar os papéis sociais necessários.
Essa prática reflete o, ainda vigente, modelo médico de compreensão da defi-
ciência. O modelo médico de compreensão da deficiência significa compreender es-
te fenômeno tendo, como referência, um conjunto de significados construídos histo-
ricamente, fundamentados em uma explicação médica da deficiência. Dentro de
uma visão organicista de Ser Humano, a explicação médica focaliza a deficiência no
indivíduo desviante, enfatiza o diagnóstico e prognóstico clínico (a médio e longo
prazo) e tem como objetivo fundamental: classificar, comparar e normatizar o desvi-
ante.
O modelo médico de deficiência parte do pressuposto de que as pessoas por-
tadoras de uma deficiência são doentes e debilitadas, pois estão afastados de um
“estado normal” de condição humana, que, nesse caso, seria aquele estado conside-
rado dentro da norma – o ser normal, o ser saudável. Por conta das diferenças que
apresentam os deficientes, dentro desse modelo, são discriminados como incompe-
tentes para o exercício de atividades sociais (educação, lazer e trabalho), desconsi-
derados em seus direitos e deveres, reconhecidos como indivíduos incompetentes
para aprender, pensar e decidir, estando submetidos a um permanente estado de
dependência em relação a outras pessoas. De forma geral, nas interações sociais
realizadas tendo como referência este modelo de compreensão do fenômeno, as
pessoas acabam se relacionando com o quadro etiológico da condição deficiente e
não com o seu portador.
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Fonte: www.upf .
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lar adaptada às suas necessidades específicas. Para que tal objetivo seja alcança-
do, deve haver uma diversidade de possibilidades e de serviços disponíveis a esse
aluno, opções que vão da inserção em classes regulares ao ensino em escolas es-
peciais. O processo de integração, nesse modelo, é representado por uma estrutura
denominada “sistema de cascata” em que é oferecido ao deficiente um ambiente
menos restritivo possível, em todas as etapas da integração, com a garantia desse
aluno poder transitar ao longo do “sistema”.
“Mainstreaming“ seria uma concepção de integração parcial, porque o sistema
de cascata prevê serviços segregados que não ensejam o alcance dos objetivos da
normalização. Os alunos que se encontram em serviços segregados, raramente se
deslocam para outros menos segregados (MANTOAN, 1998).
O sistema de cascata e as políticas de integração no modelo mainstreaming,
em muitos casos, acabam sendo usados pela escola para ocultar o seu fracasso em
relação a alguns alunos, isolando-os e somente integrando aqueles que não consti-
tuem um desafio à sua competência (DORÉ et al.,1996).
A seleção dos alunos que se enquadram nas situações de mainstreaming é
feita utilizando-se um processo de avaliação e seleção (supostamente “objetivo”),
que irá apontar quais serão elegíveis para serem integrados. Entretanto, a objetivi-
dade desse processo é questionável e os critérios utilizados, em muitos casos, são
subjetivos, arbitrários e inadequados para revelar a real condição daquele aluno.
Seguindo o curso das transformações das práticas sociais relacionadas à
forma de inserção social das pessoas com necessidades especiais e aos tipos de
atendimento oferecidos a eles, observamos o surgimento de uma quinta fase, na
segunda metade da década de 80, incrementando-se nos anos 90: é a fase da In-
clusão Escolar.
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3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Fonte: www.vitoria.es.gov.br
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inserção escolar e vinha questionar as políticas e a organização da educação espe-
cial, assim como o conceito de integração (mainstreaming). De todas as críticas que
os defensores da inclusão fazem ao processo de integração/mainstreaming, talvez,
a mais radical seja aquela que afirma que a escola acaba ocultando seu fracasso em
relação aos alunos com dificuldades, isolando-os em serviços educacionais especi-
ais segregados (DORÉ et al.,1996).
Em relação ao surgimento do movimento inclusivista na Educação, apesar
dos estudiosos da área concordar que países desenvolvidos como os EUA, o Cana-
dá, a Espanha e a Itália foram os pioneiros na implantação de classes e de escolas
inclusivas, não foi possível definir, com exatidão, a partir da bibliografia pertinente, o
marco exato do início do movimento de Inclusão Escolar. Em sua retrospectiva histó-
rica, Semeghini (1998) comenta que, desde a década de 50, a escola inclusiva está
atuante em vários países da Europa com o desenvolvimento de projetos e progra-
mas de inclusão, apontando a década de 70 como sendo o marco do surgimento do
processo de Inclusão Escolar nos EUA.
Mrech (1997; 1998; 1999) acredita que tanto o movimento de Integração Es-
colar e o subsequente movimento da Educação Inclusiva surgiram nos EUA em con-
sequência da promulgação da Lei Pública 94.142, de 1975. Outros autores relatam
que o conceito de inclusão surgiu, nos EUA, relacionado à implantação em 1986 de
uma política educacional denominada “Regular Education Iniciative (REI)”, que de-
fendia a adaptação da classe regular de modo a tornar possível inserir ali o maior
número possível de alunos com necessidades especiais; incentivando os serviços
de educação especial e outros serviços especializados a associarem-se ao ensino
regular (CORREIA,1997; DORÉ et al.,1996).
Sem a preocupação com a precisão histórica de seu surgimento, o fato é que
depois de um período de intensas discussões e críticas a respeito do processo de
integração/mainstreaming e suas possíveis limitações, ao final dos anos 80 e início
da década de 90, começaram a tomar vulto as discussões em torno do novo para-
digma de atendimento educacional – a Inclusão Escolar.
Na realidade, tanto o processo de integração quanto o de inclusão escolar
são formas de inserção escolar ou sistemas organizacionais de ensino cuja origem
se fundamenta no mesmo princípio, o princípio da normalização. Apesar da origem
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comum no mesmo princípio e de terem basicamente o mesmo significado, os concei-
tos de Integração e de Inclusão escolar estão fundamentados em posicionamentos
divergentes quanto à consecução de suas metas. A Integração Escolar remete à
ideia de uma inserção parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa, en-
quanto que o processo de Inclusão refere-se a uma forma de inserção radical e sis-
temática, total e incondicional, de toda e qualquer criança no sistema escolar comum
(WERNECK, 1997; MANTOAN, 1997; 1998).
Normalizar uma pessoa, dentro do paradigma inclusivista, segundo Werneck
(1997), não significa torná-la normal; significa garantir-lhe o direito de ser diferente e
de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. Em relação à
área educacional, continua Werneck, normalizar é oferecer ao aluno com necessi-
dades especiais os recursos profissionais e institucionais adequados e suficientes
para que ele tenha condições de desenvolver-se como estudante, pessoa e cidadão.
Dessa forma, o objetivo fundamental da Inclusão Escolar é não deixar criança
alguma fora do sistema escolar e garantir que todas possam frequentar a sala de
aula do ensino regular da escola comum, e, que está escola, por sua vez, adapte-se
às particularidades de todos os alunos para concretizar o objetivo da diversidade,
proposto pelo modelo inclusivista. O paradigma da Inclusão não admite diversifica-
ção de atendimentos pela segregação e, na busca de um ensino especializado no
aluno, procura soluções que atendam às suas diversidades, sem segregá-los em
atendimentos especializados ou em modalidades especiais de ensino (WERNECK,
1997; MANTOAN, 1996; 1997).
Portanto, a inserção proposta no modelo da inclusão é muito mais completa,
radical e sistemática, não admitindo que ninguém fique fora da escola; por isso, os
pressupostos da inclusão provocam o questionamento das políticas educacionais e
da organização da educação especial e regular, assim como o conceito de mains-
treaming e de integração.
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Fonte: https://www.ufpe.br
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tece atualmente, quando são os alunos que devem se adaptar aos modelos e expec-
tativas da escola. Se a meta do processo de Inclusão é que todo e qualquer edu-
cando seja inserido na escola comum, então, a escola inclusivista deve preparar-se
para oferecer um ambiente propício ao desenvolvimento das potencialidades de to-
dos os tipos de alunos, qualquer que seja sua deficiência, diferença, déficit ou ne-
cessidades individuais (WERNECK, 1997; SEMEGHINI, 1998).
O princípio da Inclusão, sintetiza Correia (1997), apela para uma escola que
tenha sua atenção voltada para a criança-todo, e não só a criança-aluno, respei-
tando os três níveis de desenvolvimentos essenciais – o acadêmico, o sócio emoci-
onal e o pessoal, de modo a proporcionar a essa criança uma educação apropriada,
orientada para a maximização de seu potencial.
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BIBLIOGRAFIA
21
MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: história e políticas públi-
cas. São Paulo: Cortez, 1996.
Clotilde Rossetti-Ferreira
Link:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65642005000200009U
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LEITURA COMPLEMENTAR
Introduzindo a questão
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Para situarmos historicamente as reformas na área da educação, no Brasil,
apontamos que, primeiramente, surgiram as "escolas especiais" ou "centros de con-
vivência", destinados exclusivamente às "crianças especiais" (na década de 1950,
foram criadas as primeiras APAEs) (Ferreira, 2004). Surge, em um segundo momen-
to, apresentada na Lei 5692/71 (Brasil, 1971), a "integração escolar". Instituíram-se
então as "classes especiais", sendo estas, salas de aula dentro de escolas regula-
res, destinadas às crianças com necessidades especiais. Finalmente, desde há al-
guns anos, há um novo movimento que busca a "inclusão escolar" e entende que
crianças com e sem necessidades especiais deveriam ocupar uma mesma sala de
aula. Marco/motor na constituição do discurso da "inclusão escolar" tem sido citado
como ocorrido a partir da "Conferência Mundial de Necessidades Educacionais e
Especiais: acesso e qualidade", organizada pela ONU, em Salamanca (Espanha),
em 1994. O princípio que guia a resultante Declaração é de que escolas regulares
devem acomodar a todas as crianças, independentemente de suas condições físi-
cas, intelectuais, sociais e emocionais (ONU, 1994). No Brasil, verifica-se que a "in-
clusão escolar" passa a aparecer em Leis, a partir de 1996 &– como na Lei de Dire-
trizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996).
Considerando-se a inclusão social ou, dentro desta, a inclusão escolar de cri-
anças com necessidades especiais, entende-se que os profissionais de saú-
de representam mediadores importantes no processo de inclusão. Esses, de forma
dominante, são destacados interlocutores junto às famílias, por elas procurados em
função dos quadros, das limitações e/ou dificuldades da criança, o que os tem feito
ocupar uma importante posição na abordagem e no encaminhamento dessas crian-
ças.
Dada à atualidade e complexidade da questão, a qual se encontra imersa em
contradições e conflitos, pela sua história, pelas múltiplas perspectivas, pelos dife-
rentes interlocutores e instituições envolvidos, propusemo-nos a investigar tais pro-
cessos inclusivos de crianças com necessidades especiais, através do projeto de
mestrado "A inclusão social e escolar de crianças com necessidades especiais, sob
a óptica dos profissionais de saúde" (Roriz, 2002). Dentro dessa investigação, reali-
zamos uma revisão bibliográfica sobre o assunto. É o resultado dessa revisão que
aqui será apresentado.
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