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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

AULAS ESQUEMATIZADAS
AULA 1
Professor: Rodrigo Britto

SEGURIDADE SOCIAL

Objeto de estudo

Disposições constitucionais
Arts. 194 a 204 da Constituição Federal

Lei de Benefícios e serviços da Previdência Social


Lei n.º 8.213, de 24/07/1991

Lei do Custeio da Previdência Social


Lei n.° 8.212, de 24/07/1991

Regulamentação do custeio e do plano de benefícios


Decreto n.° 3.048, de 06/05/1999
Instrução Normativa n. 77/2015

Assistência social
Lei n° 8.742/93 e Decreto nº. 6.214/07
Conceituação

- Em razão da desigualdade social e da carência econômica da população, o homem precisa


buscar mecanismos de se proteger das enfermidades e da incapacidade de trabalho ou de
situações de redução ou perda de renda.
- Nessas situações, os homens, especialmente os que possuem menor renda, não conseguem
sair apenas com o seu esforço individual, necessitando do amparo do Estado para prevenir e
remediar suas necessidades.
- Assim, a Seguridade Social surge com finalidade de assegurar, à população, proteção contra
as denominadas necessidades sociais, ou seja, situações que impedem (ou dificultam) ao
indivíduo a manutenção de seu próprio sustento e de seus dependentes.
- Tal proteção é promovida por meio de serviços e benefícios de iniciativa conjunta dos Poderes
Públicos e pela sociedade.

- Conforme a Constituição Federal (CF), artigo 194:


Art. 194. A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
à Previdência e à assistência social.

Extrai-se daí que Seguridade social destina-se a estabelecer:


(i) um sistema de proteção social aos indivíduos contra as necessidades que os impeçam de
prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias
(ii) integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade
(iii) cujo objetivo é assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social

Organização (mapa mental)


A seguridade social é divida em saúde, à previdência e à assistência social.
1. Previdência social
- É organizada pela forma de regime geral - existe um regime geral para todos os trabalhadores
- Possui caráter contributivo (em regra, para receber os benefícios, deve-se contribuir)
- É obrigatória (a filiação à previdência social é obrigatória)
- Deve observar critérios que preservem o equilíbrio financeiro e autuarial
-É divida em duas partes:
(i) benefício e serviços: concessão e manutenção de benefícios, como aposentadoria por idade
e auxílio-doença; é regido pelo INSS;
(ii) custeio: cobrança e arrecadação das contribuições sociais, como a contribuição social sobre
o lucro líquido (CLSS); é regido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

2. Assistência Social (mapa mental)


- É devida somente aos necessitados, que realmente precisam do benefício para subsistência
- Não depende de contribuição para a seguridade social.
- Não precisa ser filiado ao RGPS.
- Como exemplo de assistência social, pode-se citar o programa fome zero, o bolsa família e o
benefício de prestação continuada (BPC – LOAS), que garante um salário mínimo de benefício
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de
prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.

Legislação:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos
do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas
com base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera
federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e
municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das
políticas e no controle das ações em todos os níveis.

3. Saúde (mapa mental)


- A saúde é um direito de todos e um dever do Estado
- Visa o seguinte:
(i) redução dos riscos de doença e de outros agravos (preventivo)
(ii) acesso universal e igualitário para promoção, proteção e recuperação da saúde (curativo)

Legislação:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público
dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do
orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº
29, de 2000)

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes
para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde
e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
cumprimento do referido piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de
2010)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de


saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições


privadas com fins lucrativos.

§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na


assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.

§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos,


tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a
coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.
Resumo
Espécies da seguridade social Quem tem direto Exemplo

Previdência social Quem contribui (paga) para o Aposentadorias, auxílio-doença


INSS e seus dependentes

Assistência social Independe de contribuição Benefício de prestação continuada


Pessoas de baixa renda

Saúde Independe de contribuição Atendimento no SUS


Para todos

Aplicação em prova!

1. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações

a) de iniciativa da sociedade, reguladas pelos Poderes Públicos, destinadas a assegurar os


direitos relativos a saúde, previdência e assistência social.
b) exclusivas dos Poderes Públicos, destinadas a prover, quando materialmente possível, os
direitos rela tivos a saúde, previdência e assistência social.
c) exclusivas dos Poderes Públicos, destinadas a assegurar os direitos relativos a saúde,
previdência e assistência social.
d) de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos a saúde, previdência e assistência social.
e) de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a prover, quando
materialmente possível, os direitos relativos a saúde, previdência e assistência social.

Princípios da seguridade social (mapa mental e mandala de princípios)


- Os princípios da seguridade social estão previstos no art. 194, parágrafo único, da
Constituição Federal, e são os seguintes:

(i) Universalidade da cobertura e do atendimento


- Todos os que vivem no território nacional têm direito ao mínimo indispensável à
sobrevivência com dignidade, não podendo haver excluídos da proteção social.
- A universalidade da cobertura se refere aos riscos ou necessidades sociais, de modo que a
seguridade social deve cobrir todos os riscos ou contingências sociais possíveis: doença,
invalidez, velhice, morte etc.
- A universalidade do atendimento se refere beneficiários da proteção, de modo que todas as
pessoas, toda a comunidade deve estar amparada pela seguridade social.

Cobertura Riscos ou necessidades sociais


Universalidade
Atendimento Pessoas beneficiadas

(ii) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais


(mapa mental)
- Este princípio objetiva acabar com a discriminação que os trabalhadores rurais sempre
sofreram.
- A uniformidade significa que o plano de proteção social (benefícios e serviços) será o mesmo
para trabalhadores urbanos e rurais.
- A equivalência significa que o valor das prestações pagas a urbanos e rurais deve ser
proporcionalmente igual. Em regra, o valor das prestações não pode ser inferior a um salário
mínimo.

- Deve-se observar que equivalência não é sinônimo de igualdade. Veremos mais adiante
que, por conta de suas peculiaridades, o trabalhador rural na condição de segurado
especial tem uma forma ímpar de contribuir para o sistema e para comprovar sua
atividade rural.

(iii) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços


- O legislador deve buscar na realidade social e selecionar as contingências geradoras das
necessidades que a seguridade deve cobrir. Portanto, deve selecionar as contingências e
distribuir a proteção social.
-Para bem ilustrar este princípio , temos os benefícios auxílio-reclusão e o salário-família
que são devidos exclusivamente aos segurados de baixa renda (pela Portaria no 333/2010,
baixa renda significa ter renda até R$ 1.025,81). Temos também a própria assistência
social, que somente será prestada a quem dela necessitar, o que restringe, portanto, a
sua cobertura.

(iv) Irredutibilidade do valor dos benefícios, de forma a preservar-lhe o poder aquisitivo


- Os benefícios — prestações pecuniárias — não podem ter o valor inicial reduzido. Ao longo de
sua existência, o benefício deve suprir os mínimos necessários à sobrevivência com dignidade,
e, para tanto, não pode sofrer redução no seu valor mensal.

(v) Equidade na forma de participação no custeio


Equidade no custeio (pagamento) significa dizer que cada contribuinte deve participar na
medida de suas possibilidades. Assim, quem pode mais, contribui com mais; quem pode
menos, contribui com menos.

(vi) - Diversidade da base de financiamento


- O dinheiro que entra para financiar a Seguridade Social deve ser proveniente de diversas
fontes.
- Nesse passo, o financiamento da seguridade social é de responsabilidade de toda a
comunidade (Poder Público, empresas e trabalhadores), na forma do art. 195 da CF.
- Bases diferentes no financiamento da Seguridade Social garantem maior segurança para
o sistema, pois a variedade evita que possíveis crises em determinado setor do mercado
causem grandes oscilações na arrecadação previdenciária.
- As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, destinadas à Seguridade
Social, constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.

(vii) Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa. Participação da


comunidade.
A gestão da seguridade social é quadripartite, com a participação, nos órgãos colegiados, de
representantes dos (1) trabalhadores, (2) dos empregadores, (3) dos aposentados e (4) do
Poder Público.

Dica:
Gestão quadripartite = GATE = Governo + Aposentados + Trabalhadores + Empregadores
Exemplo da gestão da quadripartite:
Lei n. 8.213/91
Art. 3º Fica instituído o Conselho Nacional de Previdência Social–CNPS, órgão superior de
deliberação colegiada, que terá como membros:
I - seis representantes do Governo Federal;
II - nove representantes da sociedade civil, sendo:
a) três representantes dos aposentados e pensionistas;
b) três representantes dos trabalhadores em atividade;
c) três representantes dos empregadores.

Aplicação em prova!

1. São objetivos inspiradores na organização da Seguridade Social, a serem observados pelo


Poder Público, conforme previsão constitucional:

a) Atendimento com prioridade para atividades preventivas.


b) Universalidade da cobertura e particularidade do atendimento.
c) Caráter democrático e centralizado da administração
d) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
e) Dissemelhança dos benefícios às populações urbanas e rurais.

2. A Seguridade Social encontra-se inserida no título da Ordem Social da Constituição Federal


e tem entre seus objetivos:

a) promover políticas sociais que visem à redução da doença.


b) uniformizar o atendimento nacional.
c) universalizar o atendimento da população.
d) melhorar o atendimento da população.
e) promover o desenvolvimento regional.

3. A seguridade social, que compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos


Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social, NÃO tem como objetivo
a) a universalidade da cobertura e do atendimento e a seletividade e distributividade na
prestação dos benefícios e serviços.
b) a seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços e a equidade na
forma de participação no custeio.
c) a diversidade da base de financiamento e o caráter democrático e descentralizado da
administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
d) a equidade na forma de participação no custeio e a diversidade da base de financiamento.
e) a universalidade da cobertura e do atendimento e o caráter democrático e centralizado da
administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

4. Tendo em vista os princípios e diretrizes da Seguridade Social, nos termos do texto da


Constituição Federal e da legislação de custeio previdenciária, assinale a opção incorreta.

a) Diversidade da base de financiamento.


b) Universalidade da cobertura e do atendimento.
c) Equidade na forma de participação no custeio.
d) Irredutibilidade do valor dos benefícios e serviços.
e) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

Origem e evolução legislativa no Brasil.

Seguem os principais marcos legais da Seguridade Social:

Período Descrição

1883 e 1911 - País: Alemanha


- Chanceler Otto Von Bismarck
- Código de Seguro Social
- Introduziu uma série de proteções sociais, como o seguro contra velhice,
acidentes do trabalho (custeado pelos empregadores e independente da
comprovação de culpa) e doença (custeado por trabalhador, empregador e
Estado).
- Marco da previdência mundial.

Marcos legais Descrição

1553 – Santas Casas de


Prestavam serviços na área de assistência social.
Misericórdia

Garantiu formalmente os “socorros públicos” (artigo 179, inciso XXXI), de


Constituição de 1824
pouca regulamentação em razão da doutrina liberal de época.

Seu artigo 75 garantia a aposentadoria por invalidez aos funcionários


Constituição de 1891 públicos que se tornaram inválidos a serviço na nação, mesmo sem existir o
pagamento de contribuições previdenciárias.

1919 - Lei de Acidentes Criou o seguro de acidente de trabalho para todas as categorias, a cargo
de Trabalho (Lei 3.724) das empresas, introduzindo a noção do risco profissional.

- Cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) para os Ferroviários;


- Costuma-se atribuir à Lei Eloy Chaves o marco da Previdência Social no Brasil,
tanto que o dia 24 de janeiro é considerado oficialmente como o dia da
1923 - Lei Eloy Chaves previdência social no Brasil.
Dec-Leg. nº 4.682/1923 - Cada empresa ferroviária era obrigada a criar a sua própria CAP;
Caixas de - As CAPs eram mantidas pelas empresas, e não pelo poder público;
Aposentadorias e - O Poder Público apenas as regulamentava e as supervisionava;
Pensões - Assim, as CAPs eram de natureza privada, caráter voluntário e organizadas por
(mapa mental) empresas;
- Progressivamente, este regime das CAPs foi estendido para outras empresas
além das ferroviárias, como os portuários e marítimos.

- São formados no governo de Getúlio Vargas;


- Reúne as 138 CAPs existentes;
- Possuíam natureza estatal (eram organizados pelo Estado);
1930 – Institutos de
- Cada categoria possuía seu próprio IAP, que operavam de forma autônoma em
Aposentadorias e
relação aos outros;
Pensões (IAPs)
- O primeiro IAP foi o dos marítimos, seguidos pelos bancários, comerciários,
(mapa mental)
industriários, transportadores de carga, ferroviários, e empregados em serviços
públicos.
- Eram obrigatórios.

- Cria a tríplice fonte de custeio: trabalhadores, empregadores e governo.


Constituição de 1934
- Utiliza, pela primeira vez, a expressão seguro social.
Decreto-lei n. 4.890/42 - Cria a LBA – Legião Brasileira de Assistência Social

Constituição de 1946 - Utiliza, pela primeira vez, a expressão previdência social.

1960 - Lei 3.807


- Após a expansão dos IAPs, surge a necessidade de uniformização da legislação
Lei Orgânica da
e unificação administrativa dos institutos de previdência;
Previdência Social
- Uniformiza a legislação previdenciária no Brasil.
(LOPS).

- Promove unificação administrativa dos institutos de previdência;


- Todos os IPAs são fundidos em um só, formando Instituto Nacional de
1966 – Decreto-Lei 72 Previdência Social;
Instituto Nacional de - É a raiz do atual INSS;
Previdência Social - É organizado pelo estado e abrange todas as categorias.
- Embora o Decreto tenha sido editado em 1966, o INPS somente foi criado
efetivamente em 1967.

1971 – Lei
- Momento em que os trabalhadores rurais passam a gozar da proteção
Complementar 11/71
previdenciária.
FUNRURAL

1977 – Lei 6.439/77 - Institui o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Simpas),
Sistema Nacional de integrando as áreas de saúde, assistência social e previdência social;
Previdência e Assistência
Social (SIMPAS) - Foram criados e integrados diversos órgãos e entidades, com a finalidade de
aperfeiçoar a gestão;

- Os seguintes órgãos e entidades, entre outros, integravam o SIMPAS:

a) INPS – Instituto Nacional de Previdência Social


Função: conceder e manter benefícios

b) IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social


Função: promover a arrecadação e custeio

c) INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social.


Função: prestar assistência médica

d) LBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência


Função: prestar assistência às pessoas carentes

e) CEME – Central de Medicamentos


Função: prestar medicamentos às pessoas carentes

f) DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social –


gerencia os sistemas de informática previdenciáros.

- Inseriu no Direito Brasileiro a ideia de Seguridade Social, dividida em


Constituição Federal de previdência social, assistência social e saúde;
1988 - Delineia e divide de forma bastante clara as funções da previdência social,
assistência social e saúde.

- INPS se fundiu ao IAPAS para formar o Instituto Nacional de Seguridade


Social.

1990 – Instituto Nacional


do Seguro Social
- Assim, em sua origem, o INSS cuidava tanto da função de concessão e
manutenção de benefícios quanto de arrecadação e custeio;
- Nesta época, o INAMPS, que funcionava junto ao INPS, foi extinto e seu
serviço passou a ser coberto pelo SUS.

- Cria a Secretaria da Receita Previdenciária, que passa a ter a função de


arrecadação e custeio;
2005 – Lei n. 11.098
- O INSS, assim, fica responsável apenas pela concessão e manutenção de
benefícios.

- Funde a Secretaria da Receita Federal com a Secretaria da Receita


Previdenciária, criando a Secretaria da Receita Federal do Brasil, chamada de
Super-Receita;
- A Super-Receita é responsável pela arrecadação de todos os tributos, ou seja,
impostos, contribuições e outros.
2007 – Lei n. 11.457 -Então, atualmente, o INSS é responsável pela:
a) concessão de benefícios;
b) emissão de certidão de tempo de contribuição;
c) gestão do Fundo Geral de Previdência Social
- Por sua vez, SRFB ficou responsável por arrecadar e fiscalizar as contribuições
sociais.
Aplicação em prova!

1. (FCC/2012/INSS/Técnico do Seguro Social)


O INSS, autarquia federal, resultou da fusão das seguintes autarquias:
a) INAMPS e SINPAS.
b) IAPAS e INPS.
c) FUNABEM e CEME.
d) DATAPREV e LBA.
e) IAPAS e INAMPS.

2. (CESPE/2010/TCE-BA/Procurador)
Julgue o próximo item, a respeito da seguridade social.
Na evolução da previdência social brasileira, o modelo dos institutos de aposentadoria e
pensão, que abrangiam determinadas categorias profissionais, foi posteriormente substituído
pelo modelo das caixas de aposentadoria e pensão, que eram criadas na estrutura de cada
empresa.

3. (CESPE/2010/DPU/Defensor Público)
Em relação aos institutos de direito previdenciário, julgue o item que se segue.
A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n.º 4.682/1923), considerada o marco da Previdência
Social no Brasil, criou as caixas de aposentadoria e pensões das empresas de estradas de
ferro, sendo esse sistema mantido e administrado pelo Estado.

4. (Analista Legislativo–CD/ Cespe/ 2002)


Com relação à evolução e à organização institucional da previdência social no Brasil, julgue o
seguinte item.
No Brasil, o primeiro texto constitucional a adotar a expressão Seguridade Social foi a
Constituição de 1937.

Legislação Previdenciária

Autonomia
- O Direito é separado em ramos para facilitar o seu estudo e aprendizagem.
- Um ramo do direito alcança autonomia quando é estruturado de forma orgânica e está apto a
se separar dos demais ramos do direito.
- Para parte da doutrina, o direito da seguridade social nada mais é do que ramo do direito do
trabalho – portanto, não teria verdadeira autonomia. Porém, hoje prevalece o entendimento
de que se trata de ramo autônomo da ciência jurídica.

Conteúdo
A legislação previdenciária contém preceitos de Seguridade Social, ou seja, regulamenta a
assistência social, a saúde e a previdência social.

Fontes
a) Conceito de fontes
- Fonte significa nascente de água.
- No âmbito do Direito Previdenciário, a fonte é empregada como metáfora, por lembrar a
fonte de um rio, que é o lugar de onde as suas águas saem da terra; assim, quando se fala em
fonte do direito previdenciário está se falando sobre a origem/surgimento deste ramo do
Direito.
- Portanto, fontes são os instrumentos responsáveis pelo surgimento e exteriorização das
normas jurídicas previdenciárias.

Classificação - primárias e secundárias


- primárias: são as fontes mais importantes, de uma perspectiva estatal. Podem inovar no
mundo jurídico, criando direitos e obrigações, desde que respeitada a Constituição Federal.
São as leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas e medidas provisórias.
- secundárias: não poderão contemplar novos direitos e obrigações, mas apenas
regulamentar as fontes primárias para o seu fiel cumprimento. São fontes secundárias:
decretos, instruções normativas, resoluções, portarias, memorandos, orientações internas e
outras.

c) Espécies de fontes
(i) Legislação
A lei é considerada um ato normativo que apresenta as seguintes características:
a) escrita - corporificada em um texto;
b) geral – destinada a toda a sociedade;
c) abstrata – não regula uma situação jurídica concreta;

Na legislação estão compreendidos:


- Constituição
Nas Constituições brasileiras, sempre houve menção à seguridade social – a começar pela
Carta Imperial de 1824, que tratava dos socorros públicos. Na CF/88, há grande número de
previsões sobre seguridade social.
É a norma suprema.

- Leis Ordinárias e Complementares (+ medidas provisórias e leis delegadas)


Embora existam inúmeras leis contemplando aspectos da seguridade social, algumas são de
maior relevo:
Lei nº 8.212/91 (Plano de Custeio da Seguridade Social): trata do custeio da seguridade social,
estabelecendo quais receitas são a ela destinadas, quem são seus
contribuintes, conceito de salário-de-contribuição (base de incidência das contribuições
previdenciárias), etc.

Lei nº 8.213/91 (Plano de Benefícios da PrevidênciaSocial): trata dos benefícios da previdência


social – beneficiários, condições para obtenção, conceito de dependentes, etc.

Lei nº 8.742/93 (LOAS): trata da assistência social – objetivos, princípios, financiamento,


benefícios (benefício de prestação continuada) e serviços, etc.
Lei nº 8.080/90: trata da saúde – SUS, serviços privados de atendimento à saúde,
financiamento do sistema, etc.

Lei Complementar nº 7/70: regulamenta o PIS (Programa de Integração Social), estabelecendo


regras sobre contribuições, quotas e rendimentos, etc.

Lei Complementar nº 8/70: regulamenta o PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do


Servidor Público), estabelecendo regras sobre contribuições, quotas e rendimentos, etc.

Lei Complementar nº 109/2001: Regime da Previdência Privada ou Complementar.

- Atos do Poder Executivo (atos normativos secundários)


São extremamente importantes, haja vista a necessidade de regulação da matéria
previdenciária.

Quais são os atos normativos secundários?


- Decretos e Regulamentos: destaque para Decreto nº 3048/99, que institui o Regulamento da
Previdência Social (RPS) e para o Decreto nº 6.214/07, que regulamenta o benefício de
prestação continuada (LOAS).

Portarias: frequentemente expedidas pelo Ministério da Previdência Social ou


Interministeriais, contêm instruções para a execução de leis, decretos e regulamentos. Ex:
portarias que tratam da revisão do valor de benefícios.

Ordens de serviço e instruções (ou orientações) normativas: expedidas pelo Ministério da


Previdência Social, complementam as portarias, visando a uniformizar procedimentos em
matéria de seguridade social (normas de execução). Ex: ordens de serviços para construção de
APS ou procedimento para arrecadação de contribuições;
Circulares: expedidas internamente pelo Ministério da Previdência Social, para seus membros
e funcionários. Exemplo: memorando circulares.

(ii)

Jurisprudência (não é fonte)


- É o conjunto de decisões reiteradas sobre determinada matéria.
- Uma decisão isolada não caracteriza a jurisprudência.
- Desse modo, a jurisprudência não é considerada como fonte jurídica de nomas
previdenciárias.
- Desde 2003, Conselho Pleno do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) tem
competência para uniformizar jurisprudência por meio da edição de Enunciados. Os demais
órgãos julgadores devem observar entendimento (efeito vinculante: art. 15, §1º da Portaria
MPS 323/07).

(iii) Doutrina
- A Doutrina consiste na exposição, explicação e sistematização do Direito, consubstanciada
nas manifestações dos estudiosos, jurisperitos ou jurisconsultos, através de tratados, livros
didáticos, monografias, conferências, etc.
- A doutrina é resultado do estudo que pensadores - juristas e filósofos do direito - fazem a
respeito do direito.
- Não é considerada fonte de direito previdenciário, pois este envolve necessariamente normas
de ordem pública.
(iv) tratados, convenções e acordos internacionais que versem sobre matéria
previdenciária
Art. 85-A, Lei nº 8.212.
Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou
organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária,
serão interpretados como lei especial.

OBS: o Brasil mantém acordo internacional, entre outros, com: Argentina, Cabo Verde,
Espanha, Chile, Grécia, Itália, Luxemburgo, Uruguai, Portugal, Japão.

Interpretação
A aplicação de qualquer norma ao caso concreto, entretanto, envolve atividade prévia de
interpretação: é preciso delimitar os contornos da lei para determinar a que hipóteses ela se
aplica. Para tanto, a doutrina aponta métodos tradicionais de interpretação (também
aplicáveis às normas de direito da seguridade social):

Quanto ao meio
i. Método interpretação gramatical ou filológica, literal, semântica, textual ou verbal:
busca o sentido da norma por meio da análise de seus termos (palavras, expressões,
pontuação, etc). Basta a simples leitura para se interpretar a norma.

ii. Método histórico: busca o sentido da norma por meio da análise de seus antecedentes, bem
como de seu processo de formação (discussões legislativas, ambiente histórico de produção,
etc).
iii.Método lógico ou sistemático: busca o sentido da norma em face do conjunto de leis, de
maneira global.
iv. Método teleológico: busca o sentido da norma com base em sua finalidade – não apenas na
vontade do legislador, mas no problema que a norma deseja resolver.

Quanto à finalidade
i. Método restritivo: quando a lei diz mais do que queria, deve o intérprete restringir seu
alcance. (Exemplo: salário-maternidade - a lei determinou que todos os segurados terão
direito ao descanso de 120 dias no momento do parto de seus filhos, enquanto, na verdade,
somente as mulheres tem direito a este benefício).
ii. Método extensivo: quando a lei diz menos do que queria, deve o intérprete ampliar seu
alcance. (Exemplo: norma que proíbe a entrada de cães nos prédios do INSS. É evidente que
está proibida a entrada de qualquer animal, como gatos, jeque, cavalo e outros).
iii. Método declarativo ou estrito – Há concordância entre o signo de linguagem e o
significado a ela atribuído;

Quanto a origem
i. Autêntica: quando interpretada pelo próprio autor da norma. É o que ocorre quando o
legislador edita uma nova lei para explicar os termos da norma anterior.
ii. Jurisprudencial: é efetuada pelo juiz.
iii. Doutrinária: é efetuada pelos especialistas do Direito.

Integração
Integrar significa preencher lacuna (omissões) existente no ordenamento jurídico. Para tanto, o
intérprete se utilizará de técnicas jurídicas diversas:

(i) analogia: ampliação da abrangência de uma norma jurídica para abarcar situação
semelhante àquela originalmente tutelada pela norma (ex.: companheiro homoafetivo);
(ii) costumes: - o costume consiste na prática de uma determinada forma de conduta, repetida
de maneira uniforme e constante pelos membros da comunidade com a convicção da
necessidade social daquela prática.
(iii) princípios gerais do direito: princípios são utilizados para conferir coerência à norma. Não
apenas os princípios específicos da seguridade social, mas os gerais do direito: igualdade,
dignidade da pessoa humana, liberdade, etc.

Vigência da norma
- É o tempo de existência norma jurídica, ou seja, é o período que vai do momento em que ela
entra em vigor, passando a ter força vinculante, até o momento em que ela é revogada ou se
esgota o prazo prescrito pelo ordenamento jurídico para a sua duração.
- Salvo quando a lei estabelecer de forma diversa, a sua vigência começa, em todo o país,
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada, passando, a partir de então, a ter força
vinculante.
- Este prazo entre a publicação e o início de vigência da norma é chamado de vacacio legis.
Observação: a lei que instituir ou modificar as contribuições sociais só entram em vigor 90 dias
após a data da publicação (anterioridade nonagesimal ou mitigada).

Quadro resumo
Fases Métodos

Fonte 1. Legislação

(origem da norma 2. Tratados internacionais


de direito Observação: doutrina, costume e jurisprudência não são consideradas
previdenciário) fontes do direito previdenciário.

i. Método gramatical ou literal


ii. Método histórico
iii.Método lógico ou sistemático
iv. Método teleológico
Interpretação
v. Método restritivo
(compreensão da
vi. Método extensivo
norma)
vii. Método declarativo
viii. Autêntica
ix. Jurisprudencial
x. Doutrinária

Integração
i. analogia
(ocorre quando a lei é
ii. costumes
omissa / possui
iii. princípios gerais do direito
lacunas)

Aplicação em prova!

Prova: CESPE - 2008 - DPE-CE - Defensor Público


1. A legislação previdenciária, tanto em matéria de benefícios como de custeio, submete-se a
uma das regras gerais presentes na Lei de Introdução ao Código Civil, passando a viger,
portanto, 45 dias após a sua publicação, ressalvadas as estipulações em contrário.

Prova: FCC - 2012 - INSS - Técnico do Seguro Social


2. Em relação às fontes do direito previdenciário:
a) o memorando é fonte primária.
b) a orientação normativa é fonte primária.
c) a instrução normativa é fonte secundária.
d) a lei delegada é fonte secundária.
e) a medida provisória é fonte secundária.

Prova: FCC - 2012 - INSS - Técnico do Seguro Social


3. A interpretação da legislação previdenciária deve observar
a) o costume, quando mais favorável ao segurado.
b) a Jurisprudência do Juizado Especial Federal.
c) a analogia, quando mais favorável ao segurado.
d) os princípios gerais de direito, na omissão legislativa.
e) o princípio do in dúbio pro societate em qualquer situação.

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