Você está na página 1de 41

INTRODUÇÃO AO DIREITO

PREVIDENCIÁRIO
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

SUMÁRIO

Introdução 3

1- Aspectos Constitucionais na Seguridade Social 4


2- Salário Benefício 13
3- Valores dos benefícios 16
4- Renda mensal 19
5- Benefícios assistenciais 30
6- Precedentes 34
7- Jurisprudencias 37

Conclusão 40

Referências 41

2
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

INTRODUÇÃO

A CF reserva uma parte de seu texto à ordem social, que, como cita Michel Temer,
em artigo recentemente publicado, “é a materialização dos direitos sociais arrolados
no art.6º da Magna Carta; lá eles se afixam, aqui, se fazem valer”.

A ordem social tem como força motriz a abertura de caminhos que devem ser
traçados pela administração pública, a quem compete a tarefa de assegurar a
efetividade da cidadania à sociedade.

Dentre os direitos sociais, encontramos principalmente a fundamentação de uma


política estrutural que visa proporcionar ao indíviduo e a sua família os mínimos
vitais, base para uma vida sedimentada na dignidade.

A primeira questão que a ordem social trata corresponde à seguridade social, que
abrange a saúde, a assistência social e a previdência social; esta última que será o
foco principal do estudo que aqui se inicia.

3
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

1- ASPECTOS CONSTITUCIONAIS NA SEGURIDADE


SOCIAL
A seguridade social é definida na Constituição Federal, no artigo 194, caput, como
um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social”.

É, portanto, um sistema de proteção social que abrange os três programas sociais


de maior relevância: a previdência social, a assistência social e a saúde.

DESENVOLVIMENTO

SAÚDE (CF, artigos, 196 e seguintes):

A saúde é segmento autônomo da Seguridade Social e se diz que ela tem a


finalidade mais ampla de todos os ramos protetivos porque não possui restrição de
beneficiários e o seu acesso também não exige contribuição dos beneficiários.

A SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO (CF, art. 196).

Não importa nesta espécie de proteção social a condição econômica do beneficiário.


O Estado não pode negar acesso à saúde pública a uma pessoa sob o argumento
de que esta possui riqueza pessoal e meios de prover a sua própria saúde.

Ex.: se o Sílvio Santos quiser ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ele
poderá, na medida em que, sendo a saúde direito de todos, o Estado não pode
limitar o atendimento somente a quem não dispuser de meios pessoais para o seu
cuidado.

As ações na área da saúde são de responsabilidade do Ministério da Saúde,


instrumentalizada pelo Sistema Único de Saúde.

Assim, o INSS, autarquia responsável por gerir benefícios e serviços da Previdência


Social, não tem qualquer relação e responsabilidade em relação a hospitais, casas
de saúde e atendimentos em geral na área de saúde.
4
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

O órgão responsável pelo sistema de saúde é o SUS.

Compete ao Sistema Único de Saúde:

- executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica, e as da saúde do


trabalhador;

- participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento


básico;

- colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;

- incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

- fiscalizar e inspecionar alimentos, bem como bebidas e águas para o consumo


humano;

- participar da produção de medicamentos, equipamentos e fiscalizar procedimentos,


produtos e substâncias de interesse para a saúde.

Como se vê, as ações e serviços da saúde não se restringem à área médica, por
meio de ações remediativas, devendo haver medidas preventivas relativas ao bem-
estar da população nas áreas sanitárias, nutricionais, educacionais e ambientais
como forma de evitar situações e infortúnios no futuro, que invariavelmente
causaram, além de maior gasto financeiro para solucionar o problema, desgastes
emocionais e psicológicos.

A política nacional de saúde é regulada pelas leis 8.080/90 e 8.142/90. Seu executor
é o SUS, que é constituído por órgãos federais, estaduais e municipais (Ex.
policlínicas).

ASSISTÊNCIA SOCIAL (Constituição Federal, artigos 203 e 204)

A Constituição Federal, no artigo 203, caput estabelece que :

5
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

“A ASSISTÊNCIA SOCIAL SERÁ PRESTADA A QUEM DELA


NECESSITAR, INDEPENDENTEMENTE DE CONTRIBUIÇÃO À SEGURIDADE
SOCIAL, E TEM POR OBJETIVOS (...) ” .

A assistência social é o segmento autônomo da seguridade social que tratar


dos hipossuficientes, ou seja, daqueles que não possuem condições de prover
sua própria manutenção.

Cuidará daqueles que têm maiores necessidades, sem exigir deles (seus
beneficiários) qualquer contribuição à seguridade social.

Portanto, o Sílvio Santos não poderá valer-se dos benefícios e serviços da


assistência social, porque ele não é uma pessoa hipossuficiente (não necessita dos
serviços e benefícios da assistência social).

A atuação protetiva fornecerá aquilo que for absolutamente indispensável para


cessar o atual estado de necessidade do assistido (Exs.: alimentos, roupas, abrigos
e até mesmo pequenos benefícios em dinheiro).

A assistência social serve para cobrir as lacunas deixadas pela previdência social
que, devido a sua natureza contributiva, acaba por excluir os necessitados.

São objetivos da assistência social (CF, art. 203, incisos):

I - proteção da família, da maternidade, infância, adolescência e velhice;

II - amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência e a promoção da


sua integração à vida comunitária;

V - garantia de 1 salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de


deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a sua própria
subsistência, nem de tê-la provida por sua família

6
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

São exemplos de benefícios da assistência social: auxílio-natalidade; auxílio-funeral;


o aluguel social que o Governo está pagando às famílias vitimadas pelas chuvas na
Região Serrana do Rio de Janeiro; bolsa família; benefício de prestação continuada
(art. 203, V); abrigos, etc.

O Ministério responsável pelas ações da Assistência Social é o Ministério do


Desenvolvimento Social e combate à fome.

PREVIDÊNCIA SOCIAL (arts. 201 e 202 CF)

Este segmento autônomo da seguridade social vai se preocupar exclusivamente


com os trabalhadores e com os seus dependentes econômicos.

A previdência social é a técnica de proteção social destinada a afastar necessidades


sociais decorrentes de contingências sociais que reduzem ou eliminam a
capacidade de auto-sustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes.

Contingência social são fatos e/ou acontecimentos que, uma vez ocorridos, tem a
força de colocar uma pessoa e/ou seus dependentes em estado de necessidade,
como por exemplos invalidez (incapacidade), óbito, idade avançada, ...

A Previdência Social, como visto, tem em mira contingências bem específicas:


aquelas que atingem o trabalhador e, via reflexa, seus dependentes, pessoas
consideradas economicamente dependentes do segurado. Essa dependência pode
ser presumida por lei (no caso de cônjuges, filhos menores e/ou incapazes) ou
comprovada no caso concreto (no caso de pais que dependiam economicamente do
filho que veio a óbito).

É o que estabelece a legislação:

Artigo 16 da Lei 8.213/91: São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social,


na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer


condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;

7
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

II - os pais

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº
12.470, de 2011)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do


direito às prestações os das classes seguintes.

§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do


segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma
estabelecida no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,


mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do
art. 226 da Constituição Federal.

§ 4º. A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e das


demais deve ser comprovada.

Logo, os beneficiários da Previdência Social são, EXCLUSIVAMENTE, OS


TRABALHADORES E SEUS DEPENDENTES previstos na legislação previdenciária
exclusivamente.

A Previdência Social tem natureza de seguro social; por isso, exige-se a contribuição
dos seus segurados.

Assim, “O só estado de necessidade advindo de uma contingência social não


dá direito à proteção previdenciária. Requer-se que a pessoa atingida pela
contingência social tenha a qualidade, o “status” de contribuinte do sistema
de previdência social”. (Eduardo Rocha Dias; José Leandro Monteiro de Macêdo,
in Curso de Direito Previdenciário, Editora Método, 2008, p. 32).

8
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

A contribuição é da essência da previdência social já que o sistema é contributivo,


devendo haver previsão de fundo de custeio para arcar com os gastos provenientes
da concessão e manutenção de benefícios previdenciários.

O regime jurídico da Previdência Social, como um todo, parte da premissa da


obrigação contributiva do segurado (Exs.: período de carência; cálculo do valor das
prestações pecuniárias).

A contribuição do trabalhador é obrigatória. Todo e qualquer cidadão quer exercer


atividade laborativa remunerada deve, obrigatoriamente, contribuir para a
Previdência Social. Assim, a contribuição ao sistema geral de previdência social é
compulsória para o empregado e para os demais trabalhadores, como por exemplo,
os profissionais liberais.

“No Brasil, qualquer pessoa, nacional ou não, que venha a exercer atividade
remunerada em território brasileiro filia-se, automaticamente, ao Regime Geral
de Previdência Social – RGPS, sendo obrigada a efetuar recolhimentos ao
sistema previdenciário (somente se excluem desta regra as pessoas já
vinculadas a regimes próprios de previdência” (Fábio Zambite Ibrahim,
in Resumo de Direito Previdenciário, 4ª edição, 2005, Editora Ímpetus, página
21).

Admitem-se como segurado da Previdência Social, também, pessoas que não


exerçam atividades laborativas remuneradas, mas que, por vontade própria,
contribuam facultativamente para a Previdência Social. São os segurados
facultativos, por exemplo, a dona de casa, o estudante.

Essa possibilidade de contribuição de forma facultativa decorre da aplicação do


princípio da universalidade de atendimento, na área da Previdência Social.

Esses segurados facultativos contribuem com o intuito de no futuro usufruírem


benefícios previdenciários que sem essa contribuição não teriam direito.

9
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Todavia, essa contribuição lhes dará direito a um número restrito de benefícios, até
porque eles não pertencem à mesma categoria dos demais contribuintes, são
facultativos, não exercem atividade remunerada.

Por fim, a previdência social tem caráter legal, em contraposição ao caráter


contratual. Isso porque todo o regramento da Previdência Social está contido na lei,
não existindo espaço para acordo de vontades na relação de seguro social.

Exs.: espécies de benefícios a serem concedidos, requisitos para a concessão de


benefícios, rol de dependentes econômicos do segurado, valor da contribuição
previdenciária, a vinculação à previdência social, etc.

Principais normas constitucionais acerca da previdência social:

“Art. 201, CF - A previdência social será organizada sob a forma de regime


geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios
que preservem equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá, nos termos da lei, a:

I- cobertura de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Exemplos: Auxílio-


doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte, aposentadoria por idade)

II- proteção à maternidade, especialmente à gestante; (salário-maternidade)

III- proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (seguro-


desemprego);

IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de


baixa renda;

V- pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou


companheiro e dependentes, observado o disposto no parágrafo segundo.

Parágrafo primeiro: É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados


para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de
previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem á saúde ou a integridade física e quando
10
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos da lei


complementar.

Parágrafo segundo: Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição


ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário-
mínimo.

Parágrafo Terceiro: Todos os salários de contribuição considerados para o


cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.

Parágrafo quarto: É assegurado o reajustamento dos benefícios para


preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei.

Parágrafo quinto: É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na


qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de
previdência.

Parágrafo sexto: A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá


por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.

Parágrafo sétimo: É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência


social, nos termos da lei, observadas as seguintes condições:

I – 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e 30 (trinta) anos de


contribuição, se mulher;

II- 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos de


idade, se mulher, reduzido em 5 (cinco) anos o limite para os trabalhadores
rurais de ambos os sexos e para os que exerçam atividades em regime de
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
artesanal.

Parágrafo oitavo: Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior


serão reduzidos em 5 anos para o professor que comprove exclusivamente

11
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no


ensino fundamental e médio.

Parágrafo nono: Para efeito de aposentadoria, é assegurada contagem


recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade
privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência
social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em
lei.”

12
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

2- SALÁRIO BENEFÍCIO

É a base de cálculo para aferição da renda mensal inicial dos benefícios de


prestação continuada (com exceção do salário-família, salário-maternidade,
pensão por morte e auxílio-reclusão), ou seja, não é o valor final que o segurado
vai receber quando lhe for concedido um benefício previdenciário.
Nas palavras do mestre Sérgio Pinto Martins (2015, p.327):

“Salário de benefício é a média aritmética de um certo número de contribuições


atualizadas utilizada para o cálculo da renda mensal inicial do benefício. O salário
de benefício não é ainda o valor do benefício, pois é necessário aplicar o
coeficiente de cálculo para chegar à renda mensal.”
Até o ano de 1998, o art. 202 da CF/88 dispunha que o salário de benefício era
aferido com base na média dos últimos 36 salários de contribuição. Contudo, a
Emenda Constitucional nº 20 de 1998 modificou o dispositivo legal não mais se
referindo à maneira de aferição do salário de benefício passando tal tarefa para a
competência do legislador ordinário.
Sabe quando ouvimos, principalmente de idosos, a famosa frase “eu contribuí
sobre 10 salários e só recebo 1”!?!?

O que ocorria era que o segurado poderia ter trabalhado durante 30 anos, mas
para calcular o valor de seu benefício só eram utilizados os últimos 36 salários de
contribuição.

Essa regra gerava uma possibilidade de fraude e desiquilíbrio na Seguridade


Social.

Tomemos como exemplo o segurado que requereu sua aposentadoria após 30


anos de contribuição na regra antiga. Este segurado passou 27 anos contribuindo
sobre o mínimo e nos últimos 36 meses começou a verter contribuições para a
Previdência no patamar máximo para, assim, receber o benefício.
13
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Ou seja, durante 90% do tempo de contribuição do segurado a Previdência recebia


o mínimo, mas no momento de efetuar o pagamento do benefício ao segurado
deveria fazer sobre uma contribuição muito mais alta uma vez que o segurado
passou a contribuir a mais nos últimos 36 meses de contribuição.

Dessa forma, com redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99, o art. 29 da lei
8.213/90 disciplinou o salário de benefício que atualmente se utiliza não só
dos últimos 36 meses de contribuição, mas de 80% dos maiores salários de
contribuição de todo o período contributivo, vejamos:
1 – para as aposentadorias por idade e tempo de contribuição, consiste na média
aritmética simples dos maiores salários de contribuição, correspondentes a 80% de
todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;
2 – para a aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e
auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição,
correspondentes a 80% de todo o período contributivo.

REGRA DE TRANSIÇÃO
Mas e para quem se filiou à previdência antes da entrada em vigor da
Lei nº 9.876, de 26.11.99, vale a regra antiga, ou seja, calcula-se o salário de
benefício fazendo a média dos últimos 36 salários de contribuição ou segue a
nova regra que consiste na média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo
multiplicada pelo fator previdenciário?
Encontramos a resposta para esta questão no caput do
artigo 3º Lei nº 9.876 de 26.11.99, vejamos:

"Art. 3º Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de
publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a concessão
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário-de-
benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-
contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período
contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto

14
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei nº 8.213, de 1991, com a redação dada
por esta Lei.”

Já o SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO é a base de cálculo para definir qual o valor


do salário de benefício e da contribuição que será recolhida pelo segurado. Em
regra, é a remuneração do empregado ou o valor que o segurado facultativo
declara. (Imprescindível a leitura integral do art. 28 da Lei 8.212/91)

O salário de contribuição é auferido de maneira diferente para cada espécie de


segurado conforme se verifica no art. 28 da Lei 8.212/91 que, além de demonstrar
em que consiste o salário de contribuição, também disciplina as parcelas que
integram o salário de benefício e aquelas que não o integram.
Definido o salário de contribuição, a este será aplicada a alíquota previamente
definida em lei para chegar ao valor que o segurado irá contribuir.

As alíquotas de contribuições estão disciplinadas na lei 8.212/91 e variam entre 8%


e 20%. Para melhor entender, tomamos como exemplo o art. 20 da 8.212/91 que
dispõe que “a contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do
trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota
sobre o seu salário-de-contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o
disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela”:

A RMI (renda mensal inicial) é o valor inicial que o do benefício previdenciário


que o segurado irá receber e é calculada multiplicando-se o salário de benefício
por certo percentual previamente determinado em lei. No caso da aposentadoria
por tempo de contribuição o percentual mencionado será de 100% do SB para o
professor, aos 30 anos de contribuição e 25 anos de contribuição para a
professora, conforme dispõe o art. 56 da Lei 8.213/90.

15
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

3- VALORES DOS BENEFÍCIOS

Os segurados da Previdência que recebem acima do salário mínimo terão seus


benefícios reajustados em 3,43%, conforme o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC). O índice foi oficializado pela Portaria Nº 9 do Ministério da
Economia, publicada nesta quarta-feira (16), no Diário Oficial da União (DOU). O
reajuste vale desde 1º de janeiro de 2019.

O teto dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) passa a
ser de R$ 5.839,45 (antes era de R$ 5.645,80). As faixas de contribuição ao INSS
dos trabalhadores empregados, domésticos e trabalhadores avulsos (veja tabela
abaixo) também foram atualizadas.

As alíquotas são de 8% para aqueles que ganham até R$ 1.751,81; de 9% para


quem ganha entre R$ 1.751,82 e R$ 2.919,72; e de 11% para os que ganham entre
R$ 2.919,73 e R$ 5.839,45. Essas alíquotas, relativas aos salários de janeiro,
deverão ser recolhidas apenas em fevereiro, uma vez que, em janeiro, os segurados
pagam a contribuição referente ao mês anterior.

O piso previdenciário, valor mínimo dos benefícios do INSS (aposentadoria, auxílio-


doença, pensão por morte) e das aposentadorias dos aeronautas, será de R$
998,00. O piso é igual ao novo salário mínimo nacional, fixado em R$ 998 por mês,
em 2019.

Já para aqueles que recebem a pensão especial devida às vítimas da síndrome da


talidomida, o valor sobe para R$ 1.125,17, a partir de 1º de janeiro de 2019.

No auxílio-reclusão, benefício pago a dependentes de segurados presos em regime


fechado ou semiaberto, o salário de contribuição terá como limite o valor de R$
1.364,43.

O Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC


/LOAS) – destinado a idosos e a pessoas com deficiência em situação de extrema
pobreza –, a renda mensal vitalícia e as pensões especiais para dependentes das
vítimas de hemodiálise da cidade de Caruaru (PE) também sobem para R$ 998,00.

16
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Já o benefício pago a seringueiros e a seus dependentes, com base na Lei nº


7.986/89, passa a valer R$ 1.996,00.

A cota do salário-família passa a ser de R$ 46,54, para o segurado com


remuneração mensal não superior a R$ 907,77, e de R$ 32,80, para o segurado
com remuneração mensal superior a R$ 907,77 e inferior ou igual a R$ 1.364,43.

Os recolhimentos efetuados em janeiro – relativos aos salários de dezembro


passado – ainda seguem a tabela anterior.

Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e


trabalhador avulso, a partir de 1º de janeiro de 2019

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento


ao INSS

até R$ 1.751,81 8%

de R$ 1.751,82 até R$ 2.919,72 9%

de R$ 2.919,73 até R$ 5.839,45 11%

Fator de reajuste dos benefícios concedidos de acordo com as


respectivas datas de início, aplicável a partir de janeiro de 2019

DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO REAJUSTE (%)

Até janeiro/2018 3,43

em fevereiro/2018 3,20

em março/2018 3,01

17
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

em abril/2018 2,94

em maio/2018 2,72

em junho/2018 2,28

em julho/2018 0,84

em agosto/2018 0,59

em setembro/2018 0,59

em outubro/2018 0,29

em novembro/2018 0,00

em dezembro/2018 0,14

18
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

4- RENDA MENSAL

Os elementos fundamentais para cálculo dos benefícios da previdência social


são: salário de contribuição (SC); salário de benefício (SB); e renda mensal
inicial (RMI).
No que diz respeito a renda mensal inicial, é a primeira parcela do benefício a ser
pago ao segurado do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. A renda mensal
inicial é calculada a partir do valor do salário de benefício, aplicando-se uma alíquota
que varia conforme o tipo de benefício:
- auxílio doença: 91% do salário de benefício;
- aposentadoria por invalidez: 100% do salário de benefício;
- auxílio acidente: 50% do salário de benefício;
- aposentadoria especial: 100% do salário de benefício;
- aposentadoria por idade: 70% do salário de benefício + 1% a cada 12
contribuições até o limite de 30%;
- aposentadoria por tempo de contribuição: 70% do salário de benefício + 5%
para cada ano completo posterior ao tempo mínimo exigido, até o limite de 100% do
salário de benefício;
- pensão por morte: 100% do salário de benefício;
- auxílio reclusão: 100% do salário de benefício.
O cálculo da renda mensal inicial, em regra, é o seguinte:
RMI = SB x c
Onde:
RMI = renda mensal inicial;
SB = salário de benefício; e
c = coeficiente de cálculo, alíquota que se aplica sobre o salário de benefício,
variando conforme o tipo de benefício.
A renda mensal inicial não pode ter valor inferior a um salário mínimo e nem possuir
valor superior ao limite máximo do salário de contribuição (art. 20, § 2º da
Constituição Federal). As exceções dizem respeito ao salário família (pago ao
segurado de baixa renda em razão de possuir filho inválido de qualquer idade),
auxílio acidente (não substitui o rendimento do segurado), salário maternidade e

19
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

aposentadoria por invalidez (desde que o segurado necessite de auxílio permanente


de terceiro).

O cálculo do valor de aposentadorias é a forma como os sistemas do INSS estão


programados para cumprir o que está previsto na legislação em vigor e definir o
valor inicial que vai ser pago mensalmente ao cidadão em função da sua
aposentadoria.

É importante frisar que não há qualquer intervenção manual no cálculo do valor do


benefício, uma vez que este valor é obtido a partir das informações constantes no
cadastro de vínculos e remunerações de cada cidadão armazenados no banco de
dados denominado CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais.

Legislação

A forma de cálculo dos benefícios previdenciários está definida na seção III da Lei
8.213/91, que teve nova redação a partir de 29/11/1999, data da publicação da Lei
9.876/99. Desde então, existem duas regras em vigor:

 a primeira é a que ficou expressa na Lei 8.213/91 que se aplica a todos os


cidadãos que se filiaram ao INSS (RGPS) a partir da alteração do texto da lei
ocorrida em 29/11/1999;
 Art. 29 O salário de benefício consiste:
 I – para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art.
18, na média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período
contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;
 II – para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I
do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período
contributivo.
 a segunda é a chamada regra transitória, para todos aqueles que já eram
filiados do INSS (RGPS) até 28/11/1999, prevista nos artigos 3º a 7º da Lei
9.876/99;

20
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

 Art. 3º Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data
de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a
concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no
cálculo do salário de benefício, será considerada a média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no
mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido
desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II
do caput do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta
Lei.
 …
 § 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do
inciso I do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se
refere o caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do
período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do
benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.
A diferença básica entre uma regra e outra é quanto ao período em que houve
contribuições e que será levado em consideração no momento do cálculo, ou seja:

 para o cidadão que já era filiado até 28/11/1999, o período considerado será a
partir da competência julho/1994 em diante (prevista na Lei 9.876/99)
 para o cidadão que se filiou ao INSS (RGPS) a partir de 29/11/1999, data da
publicação da Lei 9.876/99, será considerado todo o período em que houve
contribuições a partir daquela data.

Percebe-se ainda, na regra transitória, que, nos casos das aposentadorias por
Tempo de Contribuição, Por Idade e Especial (alíneas b, c e d do Art. 18), também
existe um limite para o divisor no momento do cálculo da média, 60% do período
decorrido, que será melhor exemplificado mais abaixo.
O fato da regra transitória ter estipulado que os recolhimentos a serem considerados
seriam aqueles a partir da competência julho/1994 é justificado como sendo a
alteração da moeda Cruzeiro Real (CR$) para Real (R$) a partir de 01/07/1994.
Cabe esclarecer ainda que este cálculo é apenas o cálculo inicial, ou seja, após o
sistema encontrar o valor do “salário de benefício“, ainda poderão ser efetuados
21
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

outros cálculos conforme o benefício, os quais serão demonstrados nos exemplos


abaixo.

Forma de cálculo
Valor do “Salário de Benefício”

Em todos os benefícios previdenciários, o chamado “salário de benefício” é o


primeiro cálculo que o sistema realiza antes de aplicar as demais regras para se
chegar ao valor da “Renda Mensal Inicial” ou RMI, que será o valor pago
mensalmente ao cidadão. Como a legislação possui a regra geral e a regra
transitória em vigor, explicaremos cada uma delas:

Regra transitória
1 – O sistema verificará qual o número de meses decorridos desde 07/1994 até o
mês anterior ao requerimento do benefício bem como o número do divisor mínimo a
ser utilizado no cálculo
Por exemplo: cidadão fez pedido de aposentadoria em 01/2015

julho/1994 a 12/2014 = 246 meses


divisor mínimo (60%) = 147,6 que será arredondado para 148 meses
2 – O sistema verificará quantos meses possuem recolhimentos (período
contributivo) dentro de todo o período decorrido para definir quantos serão
somados (no mínimo 80% até 100%) para apurar a média
Exemplo 1: o cidadão possui 246 meses com recolhimentos (todos)
80% do período contributivo = 196,8 que será arredondado para 197

o sistema verifica que 197 é maior que o divisor mínimo 148


o sistema irá somar os 197 maiores salários encontrados e dividirá por 197
Exemplo 2: o cidadão possui 200 meses com recolhimentos
80% do período contributivo = 160

o sistema verifica que 160 é maior que o divisor mínimo 148


o sistema irá somar os 160 maiores salários encontrados e dividirá por 160

22
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Exemplo 3: o cidadão possui 150 meses com recolhimentos


80% do período contributivo = 120

o sistema verifica que 120 é menor que o divisor mínimo 148 porém a quantidade
total de meses com recolhimento (150 meses) ainda assim é maior
o sistema irá somar os 148 maiores salários encontrados e dividirá por 148,
desconsiderando os demais (2 recolhimentos)
nesse caso foram utilizados 98% dos salários encontrados para que o cálculo fosse
mais benéfico

Exemplo 4: o cidadão possui 100 meses com recolhimentos


80% do período contributivo = 80

o sistema verifica que 80 é menor que o divisor mínimo 148 bem como a quantidade
total de 100 meses de recolhimentos também
o sistema irá somar os 100 maiores salários encontrados e dividirá por 148
nesse caso, como a quantidade total de recolhimentos é inferior a 60% do tempo
total decorrido, o divisor mínimo sempre será aplicado

Regra Geral
Como, na regra geral, só serão computados recolhimentos efetuados a partir de
29/11/1999, o sistema verificará qual a quantidade de meses que possui
recolhimentos (período contributivo) e efetuará a soma da quantidade de meses
que representa 80% do período, selecionando, neste caso, os meses em que
houveram recolhimentos com maior valor
Exemplo 1: o cidadão possui 200 meses com recolhimentos
80% do período contributivo = 160

o sistema irá somar os 160 maiores salários encontrados e dividirá por 160
Exemplo 2: o cidadão possui 100 meses com recolhimentos
80% do período contributivo = 80

23
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

o sistema irá somar os 80 maiores salários encontrados e dividirá por 80

Fator Previdenciário

Com a publicação da Lei 9.876/99, também foi criado o chamado “Fator


Previdenciário”. A aplicação do fator previdenciário pode, conforme o caso,
aumentar ou diminuir o valor do “salário de benefício”, sendo que, na aposentadoria
por tempo de contribuição, inclusive a do professor, a sua aplicação é obrigatória e,
nas aposentadorias por idade, por idade do deficiente físico e tempo de contribuição
do deficiente físico, ela é opcional, ou seja, o fator previdenciário somente será
aplicado se for mais vantajoso para o cidadão.

Esta verificação e aplicação é feita de forma automática. A obtenção do índice do


fator previdenciário se dará a partir da seguinte fórmula matemática:

Sendo que:

 f = fator previdenciário;
 Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
 Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;
 Id = idade no momento da aposentadoria;
 a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

Para facilitar a obtenção do índice de fator previdenciário conforme a idade e o


tempo de contribuição, o Ministério da Previdência Social publica anualmente a
tabela completa com todos os índices disponíveis, os quais poderão ser aplicados
diretamente no salário de benefício encontrado no cálculo inicial.

Cálculo da “Renda Mensal Inicial” (RMI)

Após o cálculo inicial do “Salário de Benefício”, bem como da aplicação do “Fator


Previdenciário”, de acordo com o tipo de aposentadoria, os sistemas do INSS
executam o último cálculo para obter o valor final que será pago mensalmente ao
cidadão.

24
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Nesse caso, cada tipo de aposentadoria também pode ser calculada de uma forma
diferente da outra conforme o texto vigente na Lei 8.213/1991. Mostraremos com
exemplos como é feito o cálculo de cada tipo de “Aposentadoria”:

Aposentadoria por idade


Regra: 70% do valor do “Salário de Benefício” acrescido de 1% para cada grupo de
12 contribuições (cada ano completo de trabalho) até o limite de 100% do “Salário
de Benefício”. Esse cálculo está previsto no artigo 50 da Lei 8.213/91 com um
complemento através do artigo 7º da Lei 9.876/99 (opção da aplicação do fator
previdenciário). Caso essa Aposentadoria seja requerida com base na Lei
Complementar 142/2013 (na condição de deficiente físico), a aplicação do Fator
Previdenciário será opcional.
Exemplo 1: o cidadão homem possui 30 anos de contribuição e 65 anos de idade
“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário = 0,896 (não foi aplicado por não ser vantajoso)

Multiplicação pela alíquota de 0,70 + 0,30 (30 anos completos de trabalho) = R$


2.000,00 x 1,00

Renda Mensal Inicial = R$ 2.000,00

Exemplo 2: o cidadão homem possui 15 anos de contribuição e 65 anos de idade


“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário = 0,436 (não foi aplicado por não ser vantajoso)

Multiplicação pela alíquota de 0,70 + 0,15 (15 anos completos de trabalho) = R$


2.000,00 x 0,85

Renda Mensal Inicial = R$ 1.700,00

Exemplo 3: o cidadão homem possui 20 anos de contribuição e 65 anos de idade


“Salário de Benefício” = R$ 800,00

Fator previdenciário = 0,586 (não foi aplicado por não ser vantajoso)
25
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Multiplicação pela alíquota de 0,70 + 0,20 (20 anos completos de trabalho) = R$


800,00 x 0,90 = R$ 720,00
Renda Mensal Inicial = R$ 788,00
*Neste exemplo, houve a chamada equiparação ao valor do salário mínimo, uma vez
que, mesmo somando a parcela de 70% do salário de benefício com a parcela de
acréscimo por tempo de trabalho (20%), o valor final ainda assim ficou abaixo no
salário mínimo vigente, que é de R$ 788,00 em 01/2015

Exemplo 4: o cidadão homem possui 33 anos de contribuição e 68 anos de idade


“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário = 1,140 (será aplicado por ser vantajoso) = R$ 2.280,00


Multiplicação pela alíquota de 0,70 + 0,30 (33 anos completos de trabalho) = R$
2.280,00 x 1,00
Renda Mensal Inicial = R$ 2.280,00

**Neste exemplo, houve a aplicação do fator previdenciário, uma vez que era
vantajoso ao cidadão, bem como houve a limitação da parcela por tempo de trabalho
(30% ao invés de 33%) uma vez que a soma das parcelas não pode ser superior a
100%

Aposentadoria por Tempo de Contribuição


O cálculo da Aposentadoria por Tempo de Contribuição será feito de acordo com o
tempo total apurado, ou seja, se o cidadão possui tempo de contribuição
proporcional, integral, de professor ou na condição de deficiente físico. Caso essa
Aposentadoria seja requerida com base na Lei Complementar 142/2013 (na
condição de deficiente físico), a aplicação do Fator Previdenciário será opcional.
Vejamos como é feito o cálculo de acordo com cada caso:
 Proporcional

Regra: 70% do valor do “Salário de Benefício” (multiplicado pelo Fator


Previdenciário), acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma do
tempo mínimo previsto na legislação, até o limite de 100%. Esse cálculo está
previsto no artigo 9º da Emenda Constitucional 20/1998, o qual também estipula a
26
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

soma do tempo mínimo a ser considerado, tempo normal + adicional. Consulte o


“Esclarecimento sobre a regra transitória” na página sobre Aposentadoria por Tempo
de Contribuição para entender melhor.
Para os exemplos, vamos considerar que um cidadão homem possui hoje 55 anos
de idade e 34 anos de contribuição

Exemplo 1: supondo que em 16/12/1998 já tinha 20 anos de contribuição


tempo mínimo necessário = 34 anos

“Salário de Benefício” = R$ 1.500,00

Fator previdenciário 0,679 = R$ 1.018,50

Multiplicação pela alíquota de 0,70 + 0,00 (não possui anos completos de trabalho
além do mínimo necessário) = R$ 712,95

Renda Mensal Inicial = R$ 788,00


*Neste exemplo, houve a chamada equiparação ao valor do salário mínimo, uma vez
que, mesmo somando a parcela de 70% do salário de benefício com a parcela de
acréscimo por tempo de trabalho, o valor final ainda assim ficou abaixo no salário
mínimo vigente, que é de R$ 788,00 em 01/2015

Exemplo 2: supondo que em 16/12/1998 já tinha 25 anos de contribuição


tempo mínimo necessário = 32 anos

“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário 0,679 = R$ 1.358,00

Multiplicação pela alíquota de 0,70 + 0,10 (2 anos completos além do mínimo


necessário) = R$ 1.086,40

Renda Mensal Inicial = R$ 1.086,40

Exemplo 3: supondo que em 16/12/1998 já tinha 30 anos de contribuição


tempo mínimo necessário = 30 anos
27
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário 0,679 = R$ 1.358,00

Multiplicação pela alíquota de 0,70 + 0,20 (4 anos completos além do mínimo


necessário) = R$ 1.222,20

Renda Mensal Inicial = R$ 1.222,20

 Integral
Regra: 100% do valor do “Salário de Benefício” multiplicado pelo Fator
Previdenciário. Esse cálculo está previsto no artigo 29 da Lei 8.213/91

Exemplo 1: o cidadão homem possui 35 anos de contribuição e 55 anos de idade


“Salário de Benefício” = R$ 1.000,00

Fator previdenciário 0,700 = R$ 700,00

Renda Mensal Inicial = R$ 788,00


*Neste exemplo, houve a chamada equiparação ao valor do salário mínimo, uma vez
que o valor do salário de benefício multiplicado pelo fator previdenciário será menor
que o salário mínimo em vigor em 01/2015

Exemplo 2: o cidadão homem possui 37 anos de contribuição e 60 anos de idade


“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário 0,902 = R$ 1.804,00

Renda Mensal Inicial = R$ 1.804,00

Exemplo 3: o cidadão homem possui 40 anos de contribuição e 63 anos de idade


“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário 1,110 = R$ 2.220,00

Renda Mensal Inicial = R$ 2.220,00

28
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

*Neste exemplo, em função da idade do cidadão e do tempo total de contribuição, a


aplicação do fator previdenciário aumentou o valor do salário de benefício e
consequentemente da RMI

 Professor
Regra: 100% do valor do “Salário de Benefício” multiplicado pelo Fator
Previdenciário. Esse cálculo está previsto no artigo 29 e no artigo 56 da Lei
8.213/91. O cálculo é idêntico à Aposentadoria por Tempo de Contribuição –
integral, sendo que a única diferença é o tempo de contribuição reduzido em cinco
anos e o acréscimo de 5 ou 10 anos de contribuição na escala da tabela do Fator
Previdenciário (professor ou professora respectivamente).

Exemplo 1: o cidadão homem possui 30 anos de contribuição como professor e 55


anos de idade
“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Fator previdenciário 0,700 = R$ 1.400,00

Renda Mensal Inicial = R$ 1.400,00

Aposentadoria Especial
Regra: 100% do valor do “Salário de Benefício”. Esse cálculo está previsto no artigo
29 e no artigo 57 da Lei 8.213/91.

Exemplo 1: o cidadão homem possui 15 anos de contribuição em atividade


analisada e convertida como tempo “especial” e 40 anos de idade
“Salário de Benefício” = R$ 2.000,00

Renda Mensal Inicial = R$ 2.000,00


*Não há qualquer cálculo adicional ou aplicação de Fator Previdenciário

29
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

5- BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS

O Benefício Assistencial (ou Benefício de Prestação Continuada – BPC) é a


prestação paga pela previdência social que visa garantir um salário mínimo mensal
para pessoas que não possuam meios de prover à própria subsistência ou de tê-la
provida por sua família. Pode ser sub-dividido em Benefício Assistencial ao Idoso,
concedido para idosos com idade acima de 65 anos e no Benefício Assistencial à
Pessoa com Deficiência, destinado às pessoas com deficiência que estão
impossibilitadas de participar e se inserir em paridade de condições com o restante
da sociedade.

O Benefício Assistencial é garantia constitucional do cidadão, presente no art. 203,


inciso V da Constituição Federal, sendo regulamentado pela Lei 8.742/93 (Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Muitas pessoas chamam esse benefício de LOAS. Essa é uma denominação


equivocada, embora seja extremamente comum, visto que LOAS é a Lei que dá
origem ao benefício.

Tem direito ao benefício os idosos com idade acima de 65 anos que vivenciam
estado de pobreza/necessidade (o antigo conceito de estado de miserabilidade), ou
pessoas com deficiência que estão impossibilitadas de participar e se inserir em
paridade de condições com o restante da sociedade, e que também vivenciam
estado de pobreza ou necessidade.
Destaca-se que para obtenção do benefício não é preciso que o requerente tenha
contribuído para o INSS, bastando que este preencha os requisitos que serão
apresentados abaixo. Portanto, contribuições previdenciárias NÃO são um requisito.

REQUISITOS

No que concerne aos requisitos para obtenção do benefício, o idoso precisa ter 65
anos ou mais e comprovar o estado de pobreza ou necessidade. Já a pessoa com
30
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

deficiência deve comprovar, além do estado de pobreza ou necessidade (requisito


sócioeconômico), que possui deficiência e que, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas.
Assim, em síntese, o Benefício Assistencial possui os seguintes requisitos:

Para o idoso:
 Ter mais de 65 anos de idade.

 Vivenciar estado de pobreza/necessidade.

Para o portador de deficiência:


 Possuir deficiência (pode ser de qualquer natureza) que, em interação com uma ou
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas (art. 3º, inciso IV da Lei
13.146/2015).
 Vivenciar estado de pobreza/necessidade.

ESTADO DE NECESSIDADE/ POBREZA

O estado de miserabilidade foi um conceito construído pela jurisprudência, com base


no entendimento restritivo do INSS, no sentido de comprovar e demonstrar o estado
de miserabilidade do grupo familiar do requerente do benefício. Ou seja, a
jurisprudência dominante exigia que o grupo familiar fosse verdadeiramente
miserável para a concessão do benefício.

Ocorre que a Constituição e as leis pertinentes ao tema em nada reclamam miséria


ou estado degradante e/ou indigno do grupo familiar, ao passo que se o legislador
não restringiu, não cabe aos intérpretes restringir direitos sociais.
31
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

O entendimento mais contemporâneo acerca do requisito sócioeconômico do


benefício diz respeito ao estado de pobreza ou necessidade, não mais ao antigo
estado de miserabilidade. Nesse sentido o STF já decidiu que: “…o critério de renda
familiar por cabeça nele previsto como parâmetro ordinário de aferição da
miserabilidade do indivíduo para fins de deferimento do benefício de prestação
continuada. Permitiu, contudo, ao Juiz, no caso concreto, afastá-lo, para assentar a
referida vulnerabilidade com base em outros elementos“. (ARE 937070).

CadÚnico
Com a publicação do Decreto nº 8.805/2016, a inscrição no Cadastro Único de
Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico – passou a ser requisito
obrigatório para a concessão do benefício. O cadastramento deve ser realizado
antes da apresentação de requerimento à unidade do INSS para a concessão do
benefício.

Grupo familiar
Compõem a família do beneficiário do Benefício Assistencial o cônjuge ou
companheiro, os pais (inclusive madrasta ou padrasto), irmãos solteiros, filhos
solteiros, enteados solteiros e menores tutelados. Desde que todos vivam sob o
mesmo teto.

Conceito de incapacidade
Outra questão que é bastante debatida é o conceito de incapacidade, sendo que a
jurisprudência dominante entende que a incapacidade para a vida independente não
é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a
impossibilidade de prover seu próprio sustento.
Logo, a incapacidade parcial e temporária também pode ser suficiente para o
deferimento do benefício.

32
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Cumulação do Benefício Assistencial com outros benefícios


O Benefício Assistencial não pode ser acumulado com outros benefícios
previdenciários ou outro benefício de prestação continuada.

Qual o valor do Benefício Assistencial?


O valor do Benefício Assistencial é de um salário mínimo e não há décimo terceiro
salário.

Revisão e cessação
O Benefício Assistencial deve ser revisto a cada dois anos, para verificar se o
beneficiário ainda reúne as condições de concessão do benefício, cessando
imediatamente no momento em que superadas as condições ou com a morte do
beneficiário.

33
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

6- PRECEDENTES
Afinal de contas, o que é um precedente? Em termos gerais, é a decisão tomada
sob um contexto fático, cuja razão de decidir (ratio decidendi) será utilizada para
decidir casos futuros. Na sistemática do novo Código de Processo Civil, os
precedentes judiciais ganharam eficácia vinculante, estabelecendo um rol de
decisões (artigo 927) que, em princípio, deverão ser seguidas obrigatoriamente por
todos os juízes:
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

I – as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de


constitucionalidade;

II – os enunciados de súmula vinculante;

III – os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de


demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial
repetitivos;

IV – os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria


constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

V – a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

Importante salientar que no âmbito dos Juizados Especiais Federais, as Súmulas e


enunciados exarados pela Turma Nacional de Uniformização e pelas Turmas
Regionais de Uniformização possuem caráter vinculante apenas para as causas que
tramitam neste microssistema, em que pese possam ter eficácia persuasiva.

De outra banda, temos a jurisprudência, que se consubstancia em um conjunto de


decisões e interpretações dadas pelos tribunais sobre uma determinada matéria. O
precedente insere-se dentro deste conceito. Todavia, a jurisprudência em sentido
lato não possui eficácia vinculante, apenas persuasiva.

Muito embora o rol de decisões do artigo 927 do CPC tenha caráter vinculante, estas
decisões não encerram a discussão sobre a matéria, quando houver possibilidade
34
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

de se demonstrar a distinção do caso concreto com a decisão vinculante ou ainda a


superação do entendimento.

Assim, é imprescindível para o Advogado Previdenciarista conhecer os precedentes


obrigatórios e a jurisprudência relacionada a todas as matérias do Direito
Previdenciário, na medida em que constituem argumentos de elevado valor para
convencimento, ou até vinculação, do julgador da causa.

Precedentes Vinculantes
STF – Tema 27 (Repercussão Geral) – É inconstitucional o § 3º do artigo 20 da Lei
8.742/1993, que estabelece a renda familiar mensal per capita inferior a um quarto
do salário mínimo como requisito obrigatório para concessão do benefício
assistencial de prestação continuada previsto no artigo 203, V, da Constituição.[-]
(RE 567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013)

STF – Tema 173 (Repercussão Geral) – Os estrangeiros residentes no País são


beneficiários da assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição
Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.

STF- Tema 312 (Repercussão Geral) – Interpretação extensiva ao parágrafo único


do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 para fins do cálculo da renda familiar de que trata o
art. 20, §3º, da Lei nº 8.742/93.

STJ – Tema 185 (Recursos Repetitivos) – A limitação do valor da renda per capita
familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não
possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja,
presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita
inferior a 1/4 do salário mínimo.

35
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

STJ – Tema 640 (Recursos Repetitivos) – Aplica-se o parágrafo único do artigo 34


do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03), por analogia, a pedido de benefício
assistencial feito por pessoa com deficiência a fim de que benefício previdenciário
recebido por idoso, no valor de um salário mínimo, não seja computado no cálculo
da renda per capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93.

TNU – Súmula 48 – Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação


continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde
necessariamente com situação de incapacidade laborativa, é imprescindível a
configuração de impedimento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos,
a ser aferido no caso concreto, desde a data do início sua caracterização.

TNU – Súmula 79 – Nas ações em que se postula benefício assistencial, é


necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de
assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo
inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal.

TNU – Súmula 80 – Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS),


tendo em vista o advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores
ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da
pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social
por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida
no meio social pelo requerente.

TRF/4 – Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas nº 12 (processo nº


5013036-79.2017.4.04.0000/TRF): o limite mínimo previsto no art. 20, § 3º, da Lei
8.742/93 („considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência
ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do
salário-mínimo‟) gera, para a concessão do benefício assistencial, uma presunção
absoluta de miserabilidade

36
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

7- JURISPRUDÊNCIA

AGRAVO INTERPOSTO EM FACE DA DECISÃO QUE NÃO ADMITIU INCIDENTE


REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA FORMULADO PELA
PARTE AUTORA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA
DAS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO § 1º DO ART. 20 DA LEI N.º 8.742/1993 E NO
ART. 16 DA LEI N.º 8.213/1991. INEXISTÊNCIA DE MISERABILIDADE NO CASO
CONCRETO. GASTOS COM FÁRMACOS. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA N.º 042 DA TNU. AGRAVO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. O conceito de grupo familiar, para fins de concessão de
benefício assistencial, é obtido mediante interpretação restritiva das disposições
contidas no § 1º do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 e no art. 16 da Lei n.º 8.213/91. 2.
Entretanto, no caso em tela, o benefício assistencial não foi indeferido apenas em
função da consideração, na renda per capita familiar, dos valores percebidos pelos
filhos da parte autora. Não foi concedido porque o quadro, como um todo, do grupo
familiar não transparece condição de miserabilidade. 3. Não se conhece de incidente
de uniformização que implique reexame de matéria de fato (Súmula n.º 042 da
TNU). 4. Agravo a que se nega provimento. ( 5006669-26.2015.4.04.7108, TURMA
REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator DANIEL MACHADO DA
ROCHA, juntado aos autos em 09/06/2017)
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 34
DO ESTATUTO DO IDOSO (LEI Nº 10.741/2003). APLICAÇÃO ANALÓGICA.
EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO RECEBIDO POR MEMBRO
IDOSO DO GRUPO FAMILIAR. EXCLUSÃO DE FILHO MAIOR SOLTEIRO DO
GRUPO FAMILIAR. POSSIBILIDADE. 1. Reafirmação da jurisprudência de que “o
disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) se
aplica por analogia para a exclusão de um benefício previdenciário de valor mínimo
recebido por membro idoso do grupo familiar, o qual também fica excluído do grupo
para fins de cálculo da renda familiar per capita” (IUJEF 2007.70.51.006794-0, Rel.
Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DOU 19.02.2009; e IUJEF nº 000163-
67.2007.404.7066, Rel. Juiz Federal Antonio Fernando Schenkel do Amaral e Silva,
DOU 24.08.2010). 2. Reiteração, ainda, do entendimento de que na vigência anterior
à Lei 12.435/2011 o “filho maior e capaz, para fins da Lei 8.742, de 7/12/1993, não
integra o conceito de família para o cômputo da renda per capita” (IUJEF

37
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

2007.70.50.002041-0, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Ivori


Luís da Silva Scheffer, D.E. 16/03/2009). 3. Pedido conhecido e provido. (, IUJEF
2005.71.95.002705-6, TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO,
Relator para Acórdão MARCELO MALUCELLI, D.E. 10/06/2014)

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REQUISITOS.1. O direito ao


benefício assistencial pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos: a)
condição de deficiente (incapacidade para o trabalho e para a vida independente, de
acordo com a redação original do art. 20 da LOAS, ou impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas, conforme redação atual do referido
dispositivo) ou idoso (neste caso, considerando-se, desde 1º de janeiro de 2004, a
idade de 65 anos); e b) situação de risco social (estado de miserabilidade,
hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) da parte autora e de sua
família.2. A propriedade de automóvel não tem o condão de infirmar, por si só, a
hipossuficiência econômica da parte requerente, quando o conjunto probatório deixa
evidente, com outros elementos, a situação de miserabilidade da unidade familiar.
Precedentes.3. Atendidos os pressupostos, mostra-se devido o benefício.(TRF4
5001917-93.2015.4.04.7016, QUINTA TURMA, Relator PAULO AFONSO BRUM
VAZ, juntado aos autos em 16/12/2016)

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RESTABELECIMENTO. INCAPACIDADE PARA O


TRABALHO E PARA A VIDA INDEPENDENTE. SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL.
REQUISITOS PREENCHIDOS. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO […] 3.
No cálculo da renda familiar per capita, devem ser excluídos os gastos despendidos
em virtude da deficiência da parte autora (medicamentos, alimentação especial e
fraldas descartáveis). 4. Operada a exclusão dos gastos despendidos em virtude da
deficiência da parte autora, tem-se que a renda mensal per capita é superior a ¼ do
salário mínimo, mas inferior a meio salário mínimo, valor este que, segundo
entendimento do Supremo Tribunal Federal (Reclamação n. 4374 e RE n. 567985),
seria razoável para ser utilizado como referência para aferição da renda familiar per
capita. Não obstante isso, a situação de risco social ainda poderia ser demonstrada
por outros meios de prova, segundo precedente do STJ (REsp 1112557/MG, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
38
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

28/10/2009, DJe 20/11/2009[ …] (TRF4 5018371-71.2012.4.04.7108, SEXTA


TURMA, Relator CELSO KIPPER, juntado aos autos em 16/09/2013)

39
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

CONCLUSÃO

A análise do sistema da seguridade social, em todo o seu espectro de atuação, com


as devidas particularidades de cada uma delas, permite-nos o entendimento
completo de todos os programas sobre os quais são voltadas as suas ações que
tem por finalidade a proteção do trabalhador e seus dependentes bem como a
assistência aos necessitados, mediante a contribuição de toda a sociedade,
trabalhador, empregador, empresa, etc ... de acordo com o poder econômico de
cada cidadão.

40
INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Referências bibliográficas:
DIAS, Eduardo Rocha; MACÊDO, José Leandro Monteiro de. Curso de Direito
Previdenciário – São Paulo : Método, 2008.
IBRAHIM, Fábio Zambite. Resumo de Direito Previdenciário – Niterói/RJ: Ímpetus, 4ª
edição, 2005.

41

Você também pode gostar