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DISCENTE: LUIZ PEREIRA DE FRANÇA NETO

1) Qual conceito de Seguridade Social?

O conceito de Seguridade Social pode ser encontrado na Constituição Federal, na


qual em seu art. 194 destaca que “A seguridade social compreende um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Ademais, a mesma
fundamentação pode ser extraída do art. 1º da Lei nº 8.212/91, que dispõe sobre a
organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências.

Ainda sobre o tema, segundo MARTINS (2012, p. 21):

"A Seguridade Social é um “conjunto de princípios, de regras e de instituições


destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra
contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas
e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, visando assegurar os direitos relativos a saúde, a previdência e a
assistência social”.

Logo, é possível extrair da norma constitucional que a Seguridade Social se baseia


em três pilares, quais sejam, para todas e todos a saúde, a quem contribuir a previdência
e a quem necessitar assistência social.

2) Qual a finalidade da Seguridade Social, segundo a CF/88?

Como já visto, a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações


de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Ademais, a seguridade social tem seus objetivos listados no art. 194, parágrafo
único, da Constituição Federal:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de


iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a
seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas
contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a
ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter
contributivo da previdência social;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

3) Quais as hipóteses de pagamento do BPC, segundo a LOAS?

Preliminarmente, é importante destacar que o Benefício de Prestação Continuada


(BPC) foi instituído pelo art. 203, inciso V, da Constituição Federal, consistindo em
objetivo da assistência social e tem, por sua vez, ipsis litteris, “V - a garantia de um salário
mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
conforme dispuser a lei”.

Ademais, a concessão do benefício está organizada sobre os termos da Lei nº


8.742/93 (LOAS) e, conforme, extrai-se que o pagamento terão como destinatários
pessoas idosas com 65 anos ou mais, que não têm direito à previdência social, e pessoas
com deficiência, que não estão inseridas no mercado de trabalho e não apresentem uma
renda fixa.

Para concessão do benefício, em ambos os casos, o § 3º, do art. 20, da Lei nº


8.742/93, destaca ainda sobre a necessidade de que a renda familiar do beneficiário deva
ser inferior a 1/4 do salário mínimo.

4) Para cálculo da renda per capita para fins de recebimento do BPC, quais
verbas devem ser excluídas?

São três hipóteses de verbas que devem ser excluídas do cálculo da renda para fins
de recebimento do BPC, dentre elas, a Portaria nº 1.282/2021, do Ministério da Economia,
estabelece a exclusão do benefício previdenciário até um salário-mínimo e do
Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS).
Outras verbas que não entrarão para fins do cálculo estão destacadas no art. 4º, §
2º, do Decreto nº 6.214/2007 (ANEXO):

§ 2º Para fins do disposto no inciso VI do caput, não serão computados como


renda mensal bruta familiar:
I - benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária;
II - valores oriundos de programas sociais de transferência de renda;
IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de assistência
médica, conforme disposto no art. 5º;
V - rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em ato
conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do
INSS; e
VI - rendimentos decorrentes de contrato de aprendizagem.

5) Qual conceito de Previdência Social?

A previdência social é um seguro social, mediante contribuições previdenciárias,


com a finalidade de prover subsistência ao trabalhador, em caso de perda de sua
capacidade laborativa por motivo de doença, acidente de trabalho, maternidade, reclusão,
morte e velhice.

Em outras palavras, a previdência social é o sistema público que garante as


aposentadorias dos trabalhadores brasileiros.

Vale ainda notar que, além de proteger o trabalhador para a sua aposentadoria, a
Previdência tem como missão proteger os trabalhadores contra os chamados riscos
econômicos: como a perda de rendimentos por conta de doença, invalidez, entre outros
infortúnios.

Assim, o sistema não oferece apenas aposentadorias, mas também benefícios


como auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte.

6) Quais eventos são cobertos pela Previdência Social no Brasil?

Os eventos cobertos pela Previdência Social no Brasil estão dispostos no art. 201
da Constituição Federal, são eles:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral
de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 103, de 2019)
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para
o trabalho e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de
baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
(g. n)

7) Quais as características da Previdência Social no Brasil?

A Previdência Social é formada por três regimes, a saber, o Regime Geral da


Previdência Social (RGPS), que cobre os trabalhadores do setor privado e outros, o
Regime Próprio da Previdência Social (RPPS), que provê cobertura para servidores
públicos, e, o Regime Privado Complementar, cuja adesão é facultativa, ao contrário dos
demais.

8) Sobre a assistência à saúde, pode-se dizer que é dever do Estado prestar os


serviços fornecidos pelo SUS em caráter de exclusividade?

Os serviços fornecidos pelo SUS não possuem caráter de exclusividade para o


Estado, porquanto as instituições privadas na área da saúde podem ser participar de forma
complementar na área da saúde, por meio de contrato ou convênio.

Por sua vez, o seguinte julgamento destaca tal participação:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE POR INSTITUIÇÕES
PRIVADAS. TABELA. PORTARIAS. TETO ORÇAMENTÁRIO.
ATUALIZAÇÃO PELO IPCA-IBGE. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE PREVISÃO LEGAL OU CONTRATUAL. 1. A CF/1988 prevê a saúde
como direito social (art. 6º) e como dever do Estado (art. 196), havendo
permissão para que as instituições privadas atuem de forma complementar
do Sistema Único de Saúde (art. 199, § 1º). 2. Para regulamentar as ações e
serviços de saúde foi editada a Lei n. 8.080/90, dispondo sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes. 3. A participação
complementar de instituições privadas na área da saúde, através de
contrato ou convênio, pressupõe a integração ao Sistema Único de
Saúde, com a submissão a todas as suas diretrizes, princípios e objetivos.
4. Especificamente sobre os critérios e valores para a remuneração dos
serviços prestados pelas instituições privadas em caráter complementar,
a Lei nº 8.080/90 atribuiu competência ao Ministério da Saúde. 5. Por sua
vez, a Portaria nº 1.034/10, ao regulamentar a participação complementar das
instituições privadas de assistência à saúde no âmbito do SUS, determinou,
para efeito de remuneração dos serviços prestados, a utilização obrigatória
da Tabela de Procedimentos SUS. 6. O Ministério da Saúde remunera os
serviços prestados pelas instituições privadas com base em estudos e notas
técnicas aplicáveis ao setor, considerando, de outro lado, as possibilidades
orçamentárias do Estado, sem que se possa falar em direito adquirido a
reajuste de convênios pelos índices de inflação ou outro índice que não tenha
sido determinado por aquele órgão. 7. Não existe qualquer fundamento legal
ou contratual que albergue a pretensão da apelante. Ao aderir ao sistema de
participação complementar ao SUS, seja por meio de contrato ou de
convênio, a instituição privada se submete aos termos e condições
estipulados pelo ente contratante, em especial no tocante à remuneração, que
pressupõe a análise de condicionantes técnicas, inclusive do impacto
orçamentário resultante das ações e serviços públicos de saúde. 8. (...) (TRF-
3 - Ap: 00062145920164036100 SP, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL CONSUELO YOSHIDA, Data de Julgamento: 03/05/2018,
SEXTA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1
DATA:11/05/2018)

Nesse sentido, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada e, por fundamento,


conta com respaldo na Constituição Federal, em seu art. 199.

9) O Estado pode verter recursos públicos da saúde para auxiliar instituições


privadas com fins lucrativos? Fundamente.

Segundo o § 2º, do art. 199, da Constituição Federal, “É vedada a destinação de


recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos”.

10) O participante de RPPS pode ser filiado ao RGPS em que hipótese?

Preliminarmente, é imperioso destacar que, comumente, o participante de regime


próprio de previdência social não pode ser filiado ao RGPS, sob a qualidade de segurado
facultativo, por força do § 2º, do art. 11, do Decreto nº 3.048/99.

Todavia, o mesmo dispositivo destaca a existência de duas hipóteses para que o


participante de RPPS seja filiado ao RGPS, quais sejam, quando o participante esteja
afastado do trabalho e sem perceber vencimentos e na impossibilidade de contribuição
como facultativo no RPPS a que está vinculado.

Por outro lado, o participante de RPPS pode ser contribuir ao RGPS como
contribuinte individual, desde que seu cargo público seja acumulável com outra função.

11) Quem pode ser dependente do segurado do RGPS?

Os dependentes do segurado do RGPS estão dispostos no art. 16 da Lei nº


8.213/91, quais sejam:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição


de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave. (g. n)

Nesse sentido, importante destacar que a legislação estabelece que os dependentes


estejam divididos em três classes, cada uma referente a cada inciso destacado acima,
observada também a sua ordem.

No mais, a divisão em classes importa na distribuição equivalente do benefício


previdenciário entre dependentes de uma mesma classe, assim como na exclusão de
dependente incluído em classe posterior quando dependente de classe anterior receber o
benefício.

Sendo assim, se um cônjuge e um filho não emancipado forem dependentes do


segurado, o benefício previdenciário será dividido entre ambos, assim como, se um
segurado ter como dependente um cônjuge, automaticamente o seu pai e/ou irmão não
emancipado estarão excluídos.

12) Quais as regras para concessão do período de graça do segurado empregado


que tem o contrato rescindido sem justa causa?

O período de graça é considerado como o tempo em que a pessoa deixa de


contribuir para a previdência social, mas mantém a sua qualidade de segurado, e
corresponde ao período de 12 meses para os segurados obrigatórios, no mínimo, e de 6
meses para os segurados facultativos.

Por sua vez, aos segurados por conta de ingresso no serviço militar terão o período
de 3 meses de graça.

No mais, para o segurado obrigatório, em caso de: a) 120 contribuições ou mais à


Previdência Social, seu período é estendido por mais 12 meses, ou seja, conseguirá manter
a qualidade de segurado por 24 meses após parar de contribuir para a previdência; e, b)
desemprego voluntário, também será estendido o período de graça para o segurado por
mais 12 meses.

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