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NOÇÕES DE ATIVIDADES ATUARIAIS

PREVIDÊNCIA E NBC TG 33 (R2)


Thauane Lima de Souza

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Olá!
Você está na unidade Previdência e NBC TG 33 (R2). Conheça aqui um importante assunto relacionado às

noções das atividades atuariais, que está inserido no contexto de todas as empresas, relacionado com os

benefícios das pessoas físicas, que é o sistema de previdência e fundos de pensões. Vamos estudar sobre o seu

conceito, principais tipos e objetivos de cada um.

Além disso, vamos entender sobre alguns procedimentos da Norma Brasileira de Contabilidade TG 33, conhecer

sobre os principais objetivos, a sua definição, além de estudar sobre os benefícios que são destinados aos

empregados, a forma de reconhecimento e mensuração de cada um dos tipos.

Bons Estudos!

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1 Previdência
A previdência é um sistema que foi criado com o objetivo de, como o próprio nome diz, precaver uma situação.

Nesse caso, a situação que está sendo prevenida é em relação à saúde, aposentadoria do trabalhador. Todos nós,

em algum momento, vamos recorrer à previdência, por isso que esse tema é muito importante.

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1.1 Conceito de previdência

Inicialmente, vamos compreender sobre o conceito de previdência, conhecer os tipos que são permitidos no

Brasil. Sabemos que a previdência está regulamentada na Constituição Federal, e que está diretamente ligada ao

Ministério do Trabalho. Ela é responsável, entre outras coisas, pela aposentadoria dos brasileiros.

A definição trazida pela Constituição Federal, 1988, no que diz respeito à previdência está no artigo 201 e diz:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de

caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio

financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei (CF, 1988, s.p.).

Como podemos observar na definição mencionada anteriormente, a previdência apresenta alguns aspectos e

características particulares, que são: caráter contributivo e filiação obrigatória. O caráter contributivo da

previdência está relacionado com o aspecto de que toda pessoa deve contribuir, ou seja, deve recolher um valor

destinado à previdência, independente da escolha do regime que esteja enquadrada.

Com relação à filiação obrigatória, a Constituição diz que todos estão obrigados a contribuir, ou seja, nenhuma

pessoa que está vinculada a um regime de trabalho pode optar por não recolher seus impostos junto à

previdência, ela está automaticamente obrigada a contribuir.

Além dessas características, a previdência busca, como trazido pela Constituição, o equilíbrio financeiro, ou seja,

como o objetivo da previdência é a prestação de benefícios, eles devem estar em equilíbrio com o que se

arrecada, para que ocorra o equilíbrio financeiro.

Outra observação que devemos levar em consideração no texto Constitucional é a previdência trata também

sobre o equilíbrio atuarial. Isso diz respeito ao equilíbrio entre o benefício e a expectativa de vida da população,

para que não haja prejuízos por falta de planejamento.

Seguindo o artigo da nossa Constituição, temos os benefícios que ela apresenta quanto à Previdência, que são:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,

observado o disposto no § 2º (BRASIL, 1988, s.p.).

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Conforme exposto, a previdência traz uma série de benefícios à população, que vai além da aposentadoria, como

a proteção à gestante, ao desempregado, e até mesmo ao preso, por meio do auxílio reclusão. Há também a

pensão por morte, para a família que estiver desamparada, além de trazer uma cobertura quanto a doenças e

invalidez.

Além da previdência definida nos termos acima, a Constituição trata sobre uma forma de possibilidade de adesão

à previdência privada, e sua definição é apresentada no artigo 202, e diz:

O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em

relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas

que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar (BRASIL, 1988, s.p.).

A previdência privada possui algumas características diferentes da social, como o caráter complementar e

autônomo, além de ser facultativo para os trabalhadores, no entanto com aspectos que garantam os

atendimentos de todos os benefícios constitucionais.

Essa forma de previdência é optativa para os trabalhadores que querem complementar a social, e é organizada

por instituições privadas, como bancos, e pode ser acumulada com a social, ou seja, o trabalhador que se vincular

à previdência privada pode receber, quando se aposentar, os benefícios das duas aposentadorias. No entanto,

para isso, deve ter realizado as contribuições devidas nos dois regimes.

A previdência social no Brasil teve início em 1888, por meio do Decreto n° 9.912-A, ficou regulamentada a

aposentadoria para os trabalhadores dos Correios. E por meio da Lei 3.397, foi criada a Caixa de Socorros em

cada estado. Esta Caixa tinha o objetivo de trazer benefícios para pessoas com doenças e invalidez, além de ter

um sistema de pensão por morte, para a família do falecido. No entanto, desde o ano de 1888, muitas mudanças

aconteceram na legislação, até a atual reforma da previdência em 2019, a qual apresenta certas particularidades

e observações.

Fique de olho
A Secretaria de Previdência do Ministério da Economia traz no seu site o histórico de toda a
história da Previdência no Brasil, apresentando todas as legislações de cada época e
apresentando os aspectos importantes, que vale a pena serem lidos e estudados. Basta acessar
o link: <http://www.previdencia.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/historico/>.

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A previdência é um programa que visa proteger o trabalhador brasileiro e é muito importante para o

desenvolvimento do país. Além de atender às pessoas em maior estado de vulnerabilidade, garantindo os

direitos da população, regidos pela Constituição Federal.

Assista aí

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/dd7e52e2c6bac78dd3bd8390de05050d

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1.2 Contribuições previdenciárias

A previdência, como vimos, é classificada como social e privada e cada uma delas apresenta características

específicas, além de atender a necessidades diferentes, no entanto, ambas, as previdências recebem um

pagamento dos seus contribuintes. Para a previdência social, como vimos, esse pagamento é obrigatório e é

denominado contribuição previdenciária.

O Regime Geral de Previdência Social é o regime que rege a previdência social no Brasil e é elaborado pelo

Ministério da Fazendo e o Instituto Nacional do Seguro Social. A contribuição que o trabalhador paga com

relação ao imposto da previdência é denominada contribuição previdenciária e sua alíquota leva em

consideração fatores como idade de aposentadoria e de entrada no mercado de trabalho.

De acordo com a Constituição Federal, são contribuintes da previdência:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos

termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à

pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre

aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (BRASIL, 1988, s.

p.).

Como observado, os contribuintes da previdência são bem variados e cada um irá contribuir com um percentual

diferente, com o objetivo único de propiciar um desenvolvimento da previdência social, para que ela possa arcar

com a manutenção dos benefícios sociais estabelecidos por lei.

O primeiro contribuinte definido na Constituição Federal é o trabalhador, o qual o valor do imposto irá incidir

sobre a folha de pagamento de funcionários, e sobre a receita da empresa. Esse imposto é denominado INSS, e o

valor da alíquota é de 20% para empresas que não operam no regime fiscal de Simples Nacional. As empresas

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optantes pelo regime de tributação de simples nacional devem recolher o percentual de alíquota proporcional ao

valor do faturamento, quanto maior o faturamento, maior o percentual de alíquota.

O outro contribuinte definido pela Constituição Federal é o trabalhador, nesse caso, a legislação apresenta uma

exceção, que são aquelas pessoas que já estão aposentadas, e que recebem pensão. Elas não devem pagar o

imposto, sendo classificadas como isentas.

Além desses dois contribuintes, é recolhido um percentual para o INSS do valor das receitas dos jogos de

loterias, sorteios, apostas. A definição desse tipo de jogo está apresentada na Lei nº 8.212, de 1991, e diz:

§ 1º Consideram-se concursos de prognósticos todos e quaisquer concursos de sorteios de números,

loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos âmbitos federal, estadual, do

Distrito Federal e municipal (BRASIL, 1988, s.p.).

Por fim, a Constituição apresenta o último contribuinte do INSS, que é o importador de produtos, o qual também

terá retido o valor referente à contribuição previdenciária, com o objetivo de financiar a Previdência Social no

Brasil.

Figura 1 - Previdência
Fonte: Pollyana Ventura, iStock, 2020.

#ParaCegoVer: Na imagem, há duas pessoas se cumprimentando e uma delas está segurando a carteira de

trabalho.

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Como podemos observar, os contribuintes da previdência são variados, no entanto, o valor arrecadado pelo

governo tem um objetivo comum que é o de garantir a manutenção das atividades da Previdência Social em prol

dos trabalhadores.

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2 Fundos de pensão
Os fundos de pensão são valores que a pessoa paga e que dá direito à aposentadoria complementar, são

pertencentes à previdência fechada, pois só pode se afiliar a ela quem pertence à empresa. Esses fundos de

pensão são dotados de particularidades e características particulares, e é sobre esse assunto que vamos estudar

a seguir.

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2.1 Conceito de fundos de pensão

Os fundos de pensão são definidos como previdência complementar e têm caráter privado. Segundo Balera e

Santos (2019):

As entidades fechadas de previdência complementar, também conhecidas como fundos de pensão,

são regidas pelas leis complementares 108 e 109, de 29 de maio de 2001, e pelas demais regras

emanadas pelos órgãos reguladores do sistema. São pessoas jurídicas de direito privado submetidas

à disciplina legal de idêntica natureza, não importando se seus patrocinadores são empresas

públicas ou sociedades de economia mista ou empresas privadas; exceção para as entidades criadas

a partir da EC 41/03 e Lei 1.618/2012, que tratam do regime de previdência complementar dos

servidores públicos federais (BALERA e SANTOS, 2019, p. 05).

Como destacado no texto, os fundos de pensão são regulamentados por leis específicas e têm o objetivo de

constituir suas próprias reservas para custear seus participantes, além de garantir que o fundo tenha reserva

suficiente para arcar com os benefícios pagos a seus contribuintes.

Os fundos de pensão são fundamentados pela Lei Complementar n°108, e diz:

Art. 8º A administração e execução dos planos de benefícios compete às entidades fechadas de

previdência complementar mencionadas no art. 1º desta Lei Complementar.

Parágrafo único. As entidades de que trata o caput organizar-se-ão sob a forma de fundação ou

sociedade civil, sem fins lucrativos.

Art. 9º A estrutura organizacional das entidades de previdência complementar a que se refere esta

Lei Complementar é constituída de conselho deliberativo, conselho fiscal e diretoria-executiva

(BRASIL, 2001, s.p)

Como destacado no trecho acima, a legislação regulamenta que os fundos de pensão só poderão se organizar sob

forma de fundação, ou sociedade, pois essas formas de empresas não visam ao lucro, e os fundos de pensão,

conforme estabelecidos por lei, não podem buscar esse fim.

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Figura 2 - Fundos de pensão
Fonte: Pogonici, iStock, 2020.

#ParaCegoVer: Na imagem, há uma ampulheta com o símbolo de cifrão transformado em areia, simbolizando o

dinheiro sendo investido no tempo.

Segundo Pontual, a maior quantidade de fundos de pensão no Brasil é encontrada:

no Sul e no Sudeste. Os planos oferecidos pelos fundos de pensão dividem-se, basicamente, em três:

benefício definido, contribuição definida e misto. O plano de benefício definido consiste em calcular

previamente os valores a serem recebidos na aposentadoria a partir de operações atuariais. As

contribuições podem ser ajustadas para garantir o pagamento dos benefícios. Já o plano de

contribuição definida fixa previamente os pagamentos referentes às contribuições, e os benefícios

serão estabelecidos em função dos recursos acumulados atingidos pelo fundo, que incluem as

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contribuições e os rendimentos financeiros. Os planos mistos conjugam características dos planos de

benefício e de contribuição definida (PONTUAL, 2019, s.p.)

Como relatado no trecho acima, os fundos de pensão têm um grau de risco, e cada tipo vai aumentar ou diminuir

o risco para o beneficiário. O fundo de pensão definido como benefício definido é o de menor risco para o

contribuinte, pois no início da adesão ao plano ele já faz a opção do valor que irá receber.

O fundo de pensão definido como plano de contribuição é aquele valor que é fixado e o pagamento estará

atrelado aos recursos que foram acumulados. Por fim, temos os planos mistos, que misturam as duas opções dos

planos descritos acima.

Os fundos de pensão serão fiscalizados pelo Conselho de Gestão de Previdência Complementar, órgão vinculado

ao Ministério da Previdência Social. De acordo com Pontual, o conselho tem a função de:

dispor das diretrizes básicas para o sistema de previdência complementar no país, bem como

harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência privada com as políticas de

desenvolvimento social, econômico e financeiro do governo. Outras atribuições da SPC são:

supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades relacionadas com a previdência

complementar fechada; analisar e definir os pedidos de autorização para constituição,

funcionamento, fusão, incorporação, agrupamento, transferência de controle e reforma dos estatutos

das entidades fechadas da previdência privada; e fiscalizar as atividades dessas entidades quanto ao

cumprimento da legislação e das normas em vigor, além de aplicar penalidades em casos de

irregularidades (PONTUAL, 2019, s.p.).

Os fundos de pensão são opções para as pessoas que desejam complementar sua aposentadoria, e por ser algo

que envolve os direitos das pessoas, o governo é responsável por estabelecer as regras e diretrizes para que

todos os direitos sejam atendidos, e a garantia de que os princípios constitucionais sejam cumpridos.

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2.2 Composição do fundo de pensão

Os fundos de pensão, como vimos anteriormente, são entidades que não visam ao lucro e que beneficiam às

pessoas que contribuem. No entanto, para ser criado um fundo de pensão, é necessário que ele tenha um mínimo

de órgão para sua composição, como o conselho fiscal, conselho deliberativo e a diretoria executiva.

Cada órgão será responsável por uma parte específica do fundo, além de uma finalidade e controle diferenciado.

Os conselhos deliberativos terão caráter de órgãos de representação, os conselhos fiscais serão responsáveis

pelo controle e as diretorias executivas pelas questões financeiras e patrimoniais.

Fique de olho

O Ministério da Previdência Social lançou uma cartilha que trata especificamente sobre os
fundos de pensão, apresentando características, vantagens e outras informações relevantes
que vale a pena serem estudadas. Basta acessar o link: <http://sa.previdencia.gov.br/site
/arquivos/office/3_110824-161854-177.pdf>.

São inúmeras as vantagens que o indivíduo tem quando está inserido num plano de previdência complementar,

ou fundo de pensão, pois vai garantir uma melhor qualidade de vida, por meio de uma renda maior que a da sua

aposentadoria, além de a garantia de, como os fundos não têm caráter lucrativo, todos os valores gerados vão ser

repassados para os beneficiários. Além disso, os fundos têm uma baixa taxa de administração, pelo mesmo

motivo de não buscarem o lucro, os valores cobrados são baixos, em comparação a outras aplicações.

Sem dúvida, os fundos de pensão são uma excelente escolha para as pessoas que estão pensando em uma

qualidade de vida melhor no futuro. Quem optar por esse tipo de investimento, ainda conta com a fiscalização

dos órgãos do governo para fiscalizar e orientar as instituições responsáveis.

Segundo Oliveira, os fundos de pensão:

ocupam lugar cada vez mais central no capitalismo contemporâneo, caracterizado por complexas

relações capital-trabalho e uma densa rede de inter-relações entre empresas, trabalhadores e

finanças. Esses fundos passaram a constituir importantes fontes de renda previdenciária

complementar para trabalhadores corporativos (ou associados a organizações profissionais

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/sindicais) e tornaram-se players centrais dos mercados financeiros globais, enquadrando-se na

categoria dos grandes investidores institucionais. Estes são responsáveis pela gestão de parcela

substancial do estoque da riqueza financeira mundial (OLIVEIRA, 2017, p. 17).

Os fundos de pensão são considerados como uma conquista dos trabalhadores, pois a previdência social, devido

à grande demanda de contribuintes, não supre a necessidade de todos. Atualmente, tem passado por um

processo de crise, o que originou a sua reforma em 2019. Por isso, a garantia de uma forma complementar de

renda para o aposentado é, sem dúvida, um benefício esperado por muitos contribuintes.

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3 NBC TG 33 (R2)
A Norma Brasileira de Contabilidade 33 apresenta informações sobre os benefícios que os empregados têm

direito em uma relação de trabalho. Além de demonstrar características importantes sobre cada um, trazendo

informações importantes que vão proporcionar ao trabalhador um conhecimento mais amplo sobre o tema. É

sobre esse tema que vamos estudar a seguir.

Assista aí

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/e4077fbebb9a3b86dffa8b5e72d12714

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3.1 Características da NBC TG 33

A NBC TG 33 é uma norma que tem o objetivo de demonstrar como é feito o processo de contabilização dos

benefícios e apresentar os tipos e características de cada um deles. No entanto, é necessário compreender

algumas características, como por exemplo, quando um trabalhador presta serviço na empresa com o objetivo de

receber benefícios no futuro, esse valor deve ser contabilizado no passivo.

As normas de contabilidade têm a função de orientar a todos os usuários que estejam em busca de informações.

No entanto, a NBC TG 33 deve ser aplicada em todas as empresas que utilizam qualquer benefício definido por

ela.

Algumas definições são trazidas por essa norma com o objetivo de facilitar o entendimento dos termos

contábeis, de acordo com a NBC TG 33:

Benefícios a empregados são todas as formas de compensação proporcionadas pela entidade em

troca de serviços prestados pelos seus empregados ou pela rescisão do contrato de trabalho.

Benefícios de curto prazo a empregados são benefícios (exceto benefícios rescisórios) que se espera

que sejam integralmente liquidados em até doze meses após o período a que se referem as

demonstrações contábeis em que os empregados prestarem o respectivo serviço. Benefícios pós-

emprego são os benefícios a empregados (exceto benefícios rescisórios e benefícios de curto prazo a

empregados), que serão pagos após o período de emprego (CFC, 2015, s.p.).

Como observado no trecho acima, a NBC busca definir o que é benefício, e traz o conceito de que qualquer

compensação que a empresa oferecer ao empregado em troca de serviço, será definido como benefício, e os de

curto prazo serão aqueles com compensação de, no máximo, 12 meses. Os pós-emprego são os benefícios que os

trabalhadores irão receber após as atividades da empresa.

Além desses termos, a NBC traz a definição de alguns planos, e de acordo com a NBC TG33:

Planos de benefício definido são planos de benefícios pós-emprego que não sejam planos de

contribuição definida.

Planos de benefícios pós-emprego são acordos formais ou informais nos quais a entidade se

compromete a proporcionar benefícios pós-emprego a um ou mais empregados.

Planos de contribuição definida são planos de benefícios pós-emprego nos quais a entidade

patrocinadora paga contribuições fixas a uma entidade separada (fundo), não tendo nenhuma

obrigação legal ou construtiva de pagar contribuições adicionais se o fundo não possuir ativos

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suficientes para pagar todos os benefícios aos empregados relativamente aos seus serviços do

período corrente e anterior (CFC, 2015, s.p.).

Essas definições dizem respeito aos tipos de classificação dos benefícios, e que estão baseados na característica

de cada um. Além desses apresentados, temos o plano multiempregadores, que é conceituado como aquelas

contribuições que são definidas ou aqueles planos predeterminados.

Com relação aos benefícios de curto prazo, eles devem ter prazo de liquidação de 12 meses. A norma diz que

caso a empresa reclassifique, durante o exercício esse tempo, ele não precisa ser redefinido. No entanto, no

momento que houver mudanças quanto à sua liquidação, eles devem ser reclassificados.

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3.2 Benefícios pós-emprego

A NBC TG33 apresenta algumas definições e características dos benefícios pós-emprego, e os exemplifica como

as aposentadorias, o seguro de vida e as assistências médica. Os benefícios também abrangem os acordos que o

empregador fizer com o empregado após o encerramento do vínculo empregatício.

De acordo com a NBC TG 33, os benefícios pós-emprego são classificados como:

planos de contribuição definida ou de benefício definido, dependendo da essência econômica do

plano decorrente de seus principais termos e condições.

Nos planos de contribuição definida, a obrigação legal ou construtiva da entidade está limitada à

quantia que ela aceita contribuir para o fundo. Assim, o valor do benefício pós-emprego recebido

pelo empregado deve ser determinado pelo montante de contribuições pagas pela entidade

patrocinadora (e, em alguns casos, também pelo empregado) para um plano de benefícios pós-

emprego ou para uma entidade à parte, juntamente com o retorno dos investimentos provenientes

das contribuições (CFC, 2015, s.p.).

Um tipo de benefício pós-emprego é o plano multiemprego e deve ser classificado como benefício definido, além

disso, deve ser contabilizado no grupo do ativo e no custo. Um exemplo desse modelo é o regime de repartição

simples, no qual as contribuições são separadas por período, que vão ser vencidas e, se gerarem benéficos

futuros, eles serão pagos com contribuições futuras.

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Figura 3 - Benefícios
Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2020.

#ParaCegoVer: Na imagem, há um grupo de pessoas de mãos dadas em círculo e, dentro do círculo, algumas

imagens e palavras, entre elas “Benefícios”.

Existem casos em que ocorre um excedente do benefício do plano multiempregador. Nesse caso, deve ser

contabilizado como ativo ou passivo, de acordo com o acerto entre o empregado e o empregador. Por ser um

pouco complexo o entendimento, a NBC TG 33 apresenta um exemplo. É o que vamos ver a seguir:

A entidade participa de plano multiempregador de benefícios definidos e não prepara avaliações do

plano com base nesta norma. Portanto, contabiliza o plano como se fosse um plano de contribuição

definida. A avaliação da posição não baseada nesta norma mostra déficit de $ 100 milhões no plano.

O plano fez um acordo contratual sobre um cronograma de contribuições com os empregadores

participantes do plano que irá eliminar o déficit nos próximos cinco anos. As contribuições totais da

entidade, de acordo com o contrato, são de $ 8 milhões.

A entidade deve reconhecer o passivo pelas contribuições ajustadas pelo valor do dinheiro no tempo

e a despesa no resultado (CFC, 2015, s.p.).

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Como observado no exemplo trazido pela norma, a contabilização deverá ser feita, nesse caso, nas contas do

passivo e em despesa, com o objetivo de contabilizar os valores referentes aos benefícios de plano

multiempregador, em situações que exista déficit.

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4 Planos de previdência
A NBC TG 33 apresenta também alguns planos que são definidos como planos de previdência, apresentando

alguns seguros, planos de contribuição definida, seu reconhecimento e mensuração. São essas informações que

vamos estudar nos itens a seguir.

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4.1 Conceito de plano de previdência social

Os planos de previdência social são aqueles públicos, nos quais a entidade é obrigada a participar, por serem

instituídos pela Constituição Federal. No entanto, a sua forma de contabilização e registro será semelhante ao

plano de multiempregador.

De acordo com a NBC TG 33, os planos devem ser classificados como:

planos de benefício definido ou de contribuição definida dependendo da obrigação da entidade em

relação ao plano. Muitos planos governamentais de previdência social, como o brasileiro, são

custeados em regime de repartição simples (pay-as-you-go): as contribuições são fixadas em um

nível que se espera sejam suficientes para cobrir os benefícios concedidos que vençam no mesmo

período; benefícios futuros obtidos durante o período corrente serão pagos com contribuições

futuras. Contudo, na maioria dos planos de previdência social, a entidade não tem obrigação legal ou

construtiva de pagar esses benefícios futuros, sendo que a sua única obrigação é a de pagar as

contribuições à medida que se vencem e, se a entidade deixar de empregar membros do plano da

previdência social, ela não terá a obrigação de pagar os benefícios auferidos por seus empregados

em anos anteriores (CFC, 2015, s.p.).

Os planos de previdência, na maioria dos casos, serão definidos como plano de contribuição definida. Em apenas

alguns casos excepcionais, essa classificação pode modificar, passando a ser benefício definido.

Além dos planos de previdência social, a legislação trata sobre os seguros de benefícios, que são prêmios que a

empresa pode pagar aos empregados com o objetivo de custear os benefícios. Esses seguros podem ser

estabelecidos por meio de apólices de seguro e, em casos que tiver a apólice no nome do empregador, ou de um

grupo de participantes, a empresa não tem a obrigação de pagar o benefício, ficando de responsabilidade

exclusiva da seguradora.

Ainda, de acordo com a NBC TG 33, quando:

a entidade custeia uma obrigação de benefícios pós-emprego ao contribuir para uma apólice de

seguro pela qual a entidade (direta ou indiretamente por meio do plano, utilizando-se de mecanismo

de fixação de prêmios futuros ou por meio de relacionamento com a seguradora) mantém a

obrigação legal ou construtiva, o pagamento dos prêmios não corresponde a um acordo de

contribuição definida. Como, consequência, a entidade:

(a) deve contabilizar a apólice de seguro elegível como ativo de plano, e

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(b) deve reconhecer outras apólices de seguro como direitos de reembolso (CFC, 2015, s.p.).

Como vimos, os prêmios de seguro devem ser contabilizados em ativo, quando a apólice for elegível e, em outros

casos, a contabilização deve ser feita como direito de reembolso.

Os planos de seguro e previdência que a empresa possui com o objetivo de beneficiar os trabalhadores são uma

ferramenta importante na relação empregador e empregado. Esses registros devem ser devidamente

contabilizados e escriturados, seguindo os princípios e normas contábeis que norteiam toda a atividade

empresarial.

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4.2 Registros contábeis e benefícios

A Norma Brasileira de Contabilidade TG 33 apresenta forma e hipóteses de registro e escrituração dos benefícios

e como eles interferem no balanço patrimonial da empresa, com o objetivo de orientar e regulamentar a forma

de escrituração dos lançamentos contábeis.

Segundo a NBC TG 33, as empresas devem registrar:

o valor líquido de passivo (ativo) de benefício definido na demonstração contábil.

64. Quando a entidade obtiver superávit no plano de benefício definido, ela deve mensurar o valor

líquido de ativo de benefício definido como sendo o menor dentre:

(a) o superávit no plano de benefício definido; e

(b) o teto de ativo (asset ceiling), determinado pela aplicação da taxa de desconto especificada no

item 83 (CFC, 2015, s.p.).

Conforme exposto na definição apresentada, a empresa deverá registrar no balanço patrimonial, na conta do

passivo, o valor do benefício, e em situações em que a empresa apresentar superávit, o valor deverá ser

registrado no ativo, sendo considerado o valor líquido da operação. Deve ser calculado o menor valor para o

superávit e para a aplicação da taxa de desconto, para poder estar de acordo com o princípio contábil da

prudência, que diz que, em hipóteses em que existe mais de um valor para os ativos, deve sempre ser

considerado o de menor valor, com o objetivo de não apresentar um valor falso, representando uma

supervalorização indevida dos seus bens.

Existem alguns métodos de avaliação definidos como métodos de avaliação atuarial, entre eles o método de

crédito unitário projetado, que de acordo com a NBC TG33:

A entidade deve utilizar o Método de Crédito Unitário Projetado para determinar o valor presente

das obrigações de benefício definido e o respectivo custo do serviço corrente e, quando aplicável, o

custo do serviço passado (CFC, 2015, s.p.).

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Figura 4 - Registro de lançamentos
Fonte: Rawf8, iStock, 2020.

#ParaCegoVer: Na imagem, há um notebook e, em sua tela, vários gráficos e planilhas, representando o registro

dos lançamentos.

A norma apresenta exemplos que simulam os lançamentos que acontecem dentro da empresa. Vamos analisar

um deles para esclarecer uma forma de registro dos benefícios. De acordo com a NBC TG 33:

Um plano de benefício definido proporciona o benefício de pagamento único de $ 100 devido por

ocasião da aposentadoria, para cada ano de serviço prestado.

Atribui-se a cada ano o benefício de $ 100. O custo do serviço corrente é o valor presente de $ 100. O

valor presente da obrigação de benefício definido é o valor presente de $ 100, multiplicado pelo

número de anos de serviço na data a que se referem as demonstrações contábeis.

Se o benefício for devido imediatamente quando o empregado se desliga da entidade, o custo do

serviço corrente e o valor presente da obrigação de benefício definido refletem a data em que se

espera que o empregado se desligue.

Assim, devido ao efeito do desconto a valor presente, eles são inferiores às quantias que seriam

determinadas se o empregado saísse no final do período a que se referem as demonstrações

contábeis (CFC, 2015, s.p.).

Essa situação retrata uma empresa que tem um valor de benefício fixo, cujo valor do benefício é multiplicado

pelo número de anos. Caso o trabalhador seja demitido, o custo deverá ser calculado baseado no tempo em que o

empregado iria se desligar, gerando um valor de diferença no presente, que será menor que o valor que iria ser

pago se ele não fosse demitido.

Além dessa situação, a norma apresenta a seguinte:

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Um plano paga o benefício de $ 100 para cada ano de serviço. A aquisição de direito aos benefícios

ocorrerá após dez anos de prestação de serviço. O benefício de $ 100 é atribuído a cada ano. Em cada

um dos primeiros dez anos, o custo do serviço corrente e o valor presente da obrigação refletem a

probabilidade de que o empregado possa não completar dez anos de serviço (CFC, 2015, s.p.).

A situação apresentada é representada por um fato no qual a empresa vem pagando um valor fixo de benefício

proporcional ao tempo de serviço e o empregado terá direito a esse valor após 10 anos. Caso ele seja demitido

antes dos 10 anos, esse valor não será incorporado e terá que ser feito um ajuste de valor presente.

Por fim, concluímos que a NBC TG 33 tem o objetivo de proporcionar a todos uma forma de transparência dos

registros contábeis, auxiliando no processo de escrituração dos benefícios. Apresenta, ainda, uma série de

situações que podem ocorrer dentro da empresa e o que fazer com cada uma delas, além de adequar cada

registro aos princípios contábeis, para que tudo seja feito de acordo com o que a legislação ordena.

Assista aí

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/6f3f20ff00e5e27fccbd859d6cd661ca

é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• entender o conceito de previdência social e conhecer as diferenças entre a previdência social, privada e
complementar;
• estudar os tipos fundos de pensão que existem no Brasil e suas principais características;
• compreender a norma brasileira de contabilidade TG 33 e os benefícios estabelecidos por ela;
• aprender sobre os benefícios de previdência social e a forma de contabilização e registro no balanço
patrimonial.

Referências
BALERA, W. SANTOS, F. S. Da inaplicabilidade da Lei 7.492/86 aos fundos de pensão, 16 de junho de 2019.

Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2019-jun-16/opiniao-inaplicabilidade-lei-749286-aos-fundos-

pensao >. Acesso em: 02 mar. 2020.

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BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF:

Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/

Constituiçao.htm. Acesso em: 02 mar. 2020).

BRASIL. Decreto nº 9.912-A, de 26 de março de 1888. Disponível em: < https://www2.camara.leg.br/legin/fed

/decret/1824-1899/decreto-9912-a-26-marco-1888-542383-publicacaooriginal-50955-pe.html >. Acesso em:

02 mar. 2020.

BRASIL. Lei complementar nº 108, de 29 de maio de 2001 .Disponível em: < http://www.planalto.gov.br

/ccivil_03/leis/lcp/lcp108.htm >. Acesso em: 02 mar. 2020.

BRASIL. Lei nº3.397, de 24 de novembro de 1888. Disponível em: < https://www2.camara.leg.br/legin/fed

/leimp/1824-1899/lei-3397-24-novembro-1888-542068-publicacaooriginal-49329-pl.html >. Acesso em: 02

mar. 2020.

BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis

/l8212cons.htm >. Acesso em: 02 mar. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 33, de 06 de novembro de 2015. Disponível em: <

http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG33(R2).pdf>. Acesso em: 02 mar. 2020.

OLIVEIRA, G. C., et al. Os fundos de pensão e o financiamento de longo prazo no Brasil: possibilidades e

limites. 2017. Disponível em: < https://revistas.pucsp.br/rpe/article/viewFile/28113/23114 >. 02 mar. 2020.

PONTUAL, H. D. Fundos de pensão. Agência Senado. Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/noticias

/entenda-o-assunto/fundos-de-pensao >. Acesso em: 02 mar. 2020.

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