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Art. 195, CF. A seguridade será custeado por toda a sociedade, de modo direto e indireto.
A CF/88 se preocupa em deixar muito claro que a União não é responsável por arcar, sozinha,
com o financiamento da seguridade. Os Estados/DF/Municípios também precisam destinar
verbas para esse custeio, constantes dos respectivos orçamentos anuais.
Nas Leis orçamentarias anuais da U, E e M, uma parte desse dinheiro será destinada para a
seguridade social (financiamento indireto). É a menos volumosa. Através da arrecadação de
impostos. O financiamento indireto se dá de forma interposta, quando a União, os estados, o
DF e os municípios aportam recursos orçamentários para a seguridade.
O art. 195 da CF/88 especifica as contribuições sociais que poderão ser criadas pelo legislador
ordinário (no chamado financiamento direto):
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
Alínea b: receita das pessoas jurídicas que operam no sistema econômico brasileiro.
Alínea c: o lucro.
Inciso II: do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas
alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência
Social;
Mesmo que o seu vínculo não seja de emprego. A lei previdenciária vai dar um jeito de te
encaixar.
Inciso III: jogos de azar que o sistema permite- LOTERIAS: Concurso de prognóstico.
Inciso IV: Tributação dos atos de importação. Passou a existir a parte da EV 42/2003
“Cheque em branco”: §4º - Autoriza a criação de novas fontes para custeio da seguridade.
Novas fontes tributárias. Reaver a CPMF.
Perceba que o art. 195, caput, não criou, diretamente, as contribuições sociais. Vários
elementos precisam ser especificados para que um tributo seja cobrado, como as alíquotas,
base de cálculo, contribuintes, etc.
O que a CF/88 fez foi apontar alguns fatos geradores ou hipóteses de incidência para afirmar
que, nestes casos, o legislador ordinário poderia especificar os demais elementos e
efetivamente criar o tributo.
Essa hipótese não se confunde com a que foi mencionada na parte final do art. 195, §4º: a
possibilidade que a União tem de criar outros tributos, além dos que foram especificamente
previstos pela CF/88. É o que decorre do art. 154:
O art. 154, I, menciona apenas os impostos. Acontece que o STF, fazendo uma leitura conjunta
deste dispositivo com o art. 195, §4º, firmou o entendimento pacífico de que a União pode
criar outras fontes de custeio para a seguridade social (novas contribuições sociais!), desde
que o faça por meio de lei complementar.
E vale lembrar que apenas a União poderá fazê-lo, pois se trata de matéria sujeita à
competência privativa (art. 22, XXIII, da CF/88).
QUESTÃO 02: Porque se diz que a “universalidade” opera em conjunto com a “seletividade”
no âmbito previdenciário?.
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES
CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
A seu turno, universalidade do atendimento significa que o maior número possível de pessoas
deveria ser atendido pelos serviços da seguridade social. Contudo, a assistência social limita
seu atendimento à parcela mais carente da população, enquanto a previdência somente
atende a quem contribui para o sistema previdenciário.
(...)
Em suma, o Estado deve atender o maior número possível de eventos e indivíduos, mas deve
selecionar aqueles que realmente precisam. Não podemos sustentar, por incapacidade,
qualquer um que esteja com uma unha encravada ou algo do tipo. Critérios precisam ser
estabelecidos, sob pena de os recursos existentes não serem suficientes para atender a todos.
Trata-se de uma faceta da limitação à reserva do possível.
A distributividade, por outro lado, informa que o Estado tem a obrigação de realizar a
distribuição de renda em favor dos mais necessitados. Pela união da seletividade com a
distributividade, conclui-se que, na seleção, a preferência deve ser dada àqueles que mais
precisam de ajuda.
Quando você pensa em universalidade plena – sistema de saúde. Sem restrição aos
destinatários (na teoria)
QUESTÃO 03: Um cidadão que já conta com 17 anos de idade e que ainda não exerce uma
atividade econômica contribui para a Previdência Social?
A partir da EC 20/98, proíbe-se qualquer trabalho aos menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos (art. 7º, XXXIII, da CF/88). Portanto, o
indivíduo precisaria ter ao menos 16 anos para se enquadrar nas hipóteses de filiação
compulsória.
No entanto, o STJ vem alterando sua jurisprudência por considerar que o art. 7º, XXXIII, da
Constituição não pode ser interpretado em prejuízo da criança que tenha exercido atividade
laboral. Assim, se efetivamente comprovada nos autos, poderia ser reconhecida a filiação
antes dos 14 anos.
De acordo com o art. 11, §3º, do decreto n. 3.048/99, a filiação na qualidade de segurado
facultativo representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro
recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições
relativas a competências anteriores à data da inscrição.
É muito comum que as crianças colaborem desde cedo. No entanto, considerando que a CF/88
veda qualquer forma de trabalho antes dos 16 anos (salvo na condição de aprendiz, a partir
dos 14), os filho(a)s somente são considerados segurados a partir dos 16 anos. Isso tem
especial relevância na concessão do salário-maternidade, em razão da gravidez precoce de
muitas meninas.
O Decreto n. 3.048/99 traz um rol exemplificativo de pessoas que podem se filiar ao RGPS
como segurados facultativos:
Obrigatoriamente, não. Mas se quiser, sim. O dever de contribuir para a previdência decorre do
exercício de atividade econômica.
Para além da obrigação de contribuir, a previdência social é um direito social, de forma que se
faz inadequado impedir que uma pessoa que queira, deixe de contribuir
Requisitos mínimos: pelo menos 16 anos (Excepcionalmente como aprendiz, a partir dos 14) e
não exercer atividade econômica que não o vincule, obrigatoriamente a um regime
previdenciário.
Regime geral: art. 195, II - veda a cobrança de contribuição sobre aposentadorias e pensões.
De modo que, no RG não é permitido.
De acordo com o art. 195, II, da CF/88, as contribuições sociais não incidem sobre a
aposentadoria e a pensão concedidas pelo regime geral de previdência social. Inicialmente,
perceba que essa regra de imunidade é específica para o regime geral de previdência (INSS).
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES
Regime Próprio: após alteração do art. 40 da CF no começo dos anos 2000, é possível cobrar
contribuição sobre aposentadorias e pensões.
Este ponto diferencia o regime geral da previdência dos servidores, pois aposentados e
pensionistas de RPPS são obrigados a continuar contribuindo para o custeio da seguridade.
Desta forma, ainda que o indivíduo esteja aposentado (e goze de imunidade sobre o
benefício), ele poderá ser sujeito passivo de contribuições previdenciárias caso venha a se
enquadrar em alguma das hipóteses de incidência.
Ademais, afirmou-se que o art. 12, §4º, da Lei n. 8.212/91 é constitucional ao afirmar que “o
aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou que voltar
a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da
Seguridade Social”.
Por fim, foi expressamente considerada constitucional a previsão do art. 18, §2º, da Lei n.
8.213/91, segundo a qual “O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que
permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação
alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-
família e à reabilitação profissional, quando empregado” .
Assim, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral (tema 503 do STF): “No âmbito do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar benefícios e vantagens
previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à ‘desaposentação’, sendo
constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8213/91
QUESTÃO 05: É possível a criação de novas contribuições sociais para a seguridade além das
que já constam na Constituição?
Art. 195. (...) § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no
art. 154, I.
A possibilidade que a União tem de criar outros tributos, além dos que foram especificamente
previstos pela CF/88.
O art. 154, I, menciona apenas os impostos. Acontece que o STF, fazendo uma leitura conjunta
deste dispositivo com o art. 195, §4º, firmou o entendimento pacífico de que a União pode
criar outras fontes de custeio para a seguridade social (novas contribuições sociais!), desde
que o faça por meio de lei complementar.
No Brasil, a ampla maioria dos trabalhadores está submetida ao Regime Geral de Previdência
Social - RGPS. Ele abrange todo o setor privado, incluídos os empregados, empregados
domésticos, empresários e trabalhadores rurais. É o principal regime previdenciário que
temos, tanto em número de indivíduos atendidos como por seu caráter subsidiário: se o
trabalhador não for vinculado a um dos demais regimes obrigatórios, deverá,
necessariamente, ser vinculado ao RGPS. Ele também é o único que admite a filiação de
segurados facultativos, para possibilitar que pessoas afastadas do mercado de trabalho
participem de um regime previdenciário. É regido pelo art. 201 da Constituição e pelas Leis n.
8.212/91 e 8.213/91.
Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios é assegurado o Regime Próprio de Previdência dos Servidores – RPPS. Desde que
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observadas as diretrizes constitucionais, cada ente federado pode criar regras específicas para
seus servidores. Assim, na prática, existem vários RPPS. No entanto, em razão da existência de
disposições gerais em comum, o RPPS também pode ser visto como um regime previdenciário
uno (essa concepção já foi cobrada em prova).
Até recentemente, as regras do art. 40 da CF/88 eram aplicáveis aos servidores de todos os
entes federados. No entanto, essa realidade mudou com o advento da EC 103/19.
O RPPS é exclusivo para os ocupantes de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.
Os tabeliães, notários e registradores são meros delegatários de serviços públicos. Eles fazem
concurso para ingresso na carreira, mas não se enquadram no conceito de servidor efetivo
para fins de participação em RPPS e nem para o limite etário da aposentadoria compulsória
por idade.
Pelo mesmo motivo, os servidores ocupantes de cargo temporário, celetista, mandato eletivo
ou de cargo em comissão (livre nomeação e exoneração) também são vinculados ao RGPS. O
regime próprio dos servidores é exclusivo para os titulares de cargo efetivo da administração!
Tanto o RGPS como o RPPS são regimes públicos de filiação obrigatória para quem exerce
atividades a eles vinculadas. Assim, servidores ocupantes de cargo público efetivo serão
necessariamente vinculados ao RPPS, enquanto trabalhadores da iniciativa privada são
obrigatoriamente vinculados ao RGPS.
QUESTÃO 07: O que são regimes complementares de previdência e quais são suas principais
características?
- Previdência complementar privada: Aqui o agente patrocinador é privado. Ex. Banco. Essa é
de acesso irrestrito. É produto bancário tipicamente.
Ao lado dos regimes básicos, trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos também
podem se vincular, facultativamente, ao Regime de Previdência Complementar.
• no art. 40, §14 e ss., com relação aos servidores titulares de cargo efetivo, e
Mais uma vez, são dois subsistemas diferentes que possuem regras gerais em comum, as quais
justificam a classificação didática como um único regime previdenciário (regime de previdência
complementar).
É comum que as empresas participem dos planos fechados de previdência contribuindo com
dinheiro para a formação do fundo individual de cada empregado (como estímulo para manter
a mão de obra qualificada em seus quadros). Nessa hipótese, a empresa assume o papel de
“patrocinador” .
De acordo com o art. 40, §14, da Constituição, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão instituir regime de previdência complementar para os seus respectivos
servidores, fixando, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo RPPS,
o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social. Essa é
uma estratégia para reduzir a pressão sobre o regime básico de previdência dos servidores. O
RPPS continua existindo (vinculação obrigatória), mas os custos de sua manutenção ficam
limitados ao teto do regime geral.
Para os servidores que já estavam na ativa antes da instituição do regime complementar, ele
somente poderá ser aplicado mediante sua prévia e expressa opção.
Mesmo para os servidores que tenham ingressado no serviço público após a instituição do
regime complementar, sua filiação será facultativa. O trabalhador poderá optar por não aderir
à previdência complementar, hipótese em que sua aposentadoria máxima será equivalente ao
teto do RGPS.
Mesmo para os servidores que tenham ingressado no serviço público após a instituição do
regime complementar, sua filiação será facultativa. O trabalhador poderá optar por não aderir
à previdência complementar, hipótese em que sua aposentadoria máxima será equivalente ao
teto do RGPS.
demais. Não há que se falar em princípio da solidariedade, afinal, cada indivíduo contribui
somente para si mesmo e não para a coletividade. É uma regra de proteção ao sistema, já que
minimiza o risco de cálculos atuariais mal feitos.
Regimes básicos (RGPS e RPPS) → financiamento por repartição simples (pay as you gou) →
pacto intergeracional → princípio da solidariedade.
Estabelece uma vedação no sentido de que para criar novos benefícios e serviços, majorar o
valor de benefícios que já são oferecidos, ou ampliar o alcance do que já é oferecido,
(situações nas quais, inevitavelmente, teremos esforço adicional no caixa do sistema):
PRIMEIRO TEM QUE DETERMINAR A FONTE DE CUSTEIO, PARA DEPOIS DEFINIR O PACOTE DE
COBERTURA.
Não pode ultrapassar o princípio da prévia fonte de custeio, positivado no art. 195, §5º, da
CF/88:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
(...)
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Embora haja alguma discordância com relação à natureza (regra ou princípio), a Constituição
traz outro princípio importante no art. 195, §1º, que é o da preexistência do custeio em
relação ao benefício. Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. Tem por escopo a
manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. A jurisprudência chama a
disposição do art. 195, §5º de regra constitucional da contrapartida ou, ainda, de regra da
referibilidade (em alusão à necessária referência entre benefício e custeio).
QUESTÃO 09: É possível à administração pública impor teto para o valor dos benefícios nos
regimes próprios?
Sim, é possível. Acontece que essa autorização é de 2003 e o lapso temporal foi de 11 anos
para alguém criar coragem de impor teto: UNIÃO – teto igual ao do RGPS.
Existe um atrelamento entre este poder e um dever. É possível impor teto aos regimes próprios,
DESDE QUE o ente instituidor que impõe teto ofereça uma caixa complementar pública, em
querendo possam contribuir e buscar a diferença.
Ex.: a PESSOA PASSOU NUM CONCURSO PARA AUDITOS FISCAL DA RFB – R$ 17k. mas o teto é
de 7mil. Tem que oportunizar complementar.
A previdência existe para garantir a dignidade do indivíduo, e não para enriquecer ninguém.
Assim, o RGPS possui um valor máximo para pagamento de benefícios, que era de 170 mil
cruzeiros em 1991 e hoje corresponde a R$6.101,06 (2020).
Em atenção ao disposto neste §5º, o valor é atualizado anualmente de acordo com o mesmo
índice usado para reajustar o teto dos benefícios (INPC).
Seguindo a mesma lógica utilizada para o limite mínimo (mas agora em benefício do
trabalhador!) o salário-de-contribuição também observa o teto do RGPS.
Na prática, a consequência é a seguinte: o trabalhador que ganha mais do que o teto não
precisa recolher contribuições sobre a renda que ultrapassa esse limite!
Por isso, o funcionário que ganhe R$10.000,00/mês terá a contribuição pessoal limitada ao
teto, mas a empresa pagará contribuição patronal sobre a íntegra dos R$10.000,00.
QUESTÃO 10: Quem são as pessoas denominadas “segurados especiais”? O que justifica essa
denominação?
Tem que ser do regime de economia familiar: não exclui a possibilidade de comercialização.
Regime de subsistência não esgota o tema, não é a única possibilidade.
No que tange aos empregados, o grupo familiar pode contratar até 120 pessoas por dia no ano
civil. Isso significa 01 pessoa por 120 dias; 02 pessoas por 60 dias; 03 pessoas por 40 dias; 04
pessoas por 30 dias; etc., até o extremo 120 pessoas por 01 único dia.
De acordo com o art. 11, §10, da lei n. 8.213/91, o membro do grupo familiar que se enquadrar
em outra categoria de segurado (arrumar um emprego) ou ingressar em outro regime
previdenciário (RPPS) perde a qualidade de segurado especial.
Assim, as atividades de agropecuária devem ser exercidas em área de até 04 módulos fiscais
(unidade de medida expressa em hectares, fixada pelo INCRA para cada município, que leva
em consideração os tipos de exploração predominantes na região, a renda obtida com elas,
etc). Não se exige que o trabalhador seja o dono do terreno. Até mesmo a posse precária
serve, tendo em vista que a lei não utiliza a dominialidade como critério definidor do segurado
especial.
Considerando o alto nível de informalidade que cerca a atividade dos segurados especiais, o
que já deu margem a inúmeras concessões indevidas (administrativas e judiciais), o legislador
vem criando mecanismos que permitam o maior controle e poder de fiscalização.
Atualmente, sua inscrição exige dados sobre o grupo familiar, identificação da propriedade em
que se desenvolvem as atividades, nome do parceiro ou meeiro outorgante, arrendador,
comodante ou assemelhado (o dono da terra).
O segurado especial, ainda que em pequena escala, exerce atividade econômica e integra a
classe dos segurados obrigatórios do RGPS. A lei n. 8.212/91 definiu alíquotas que devem ser
aplicadas sobre o resultado da venda da produção. Não há qualquer facultatividade a esse
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respeito. O segurado especial não é livre para decidir se quer, ou não, contribuir. É obrigado a
fazê-lo.
O regime de economia familiar é definido como a atividade em que o trabalho dos membros
da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do
núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a
utilização de empregados permanentes.
QUESTÃO 11: É possível que um trabalhador contribua simultaneamente para o RGPS e para
um RPPS?
Quem tem vínculos de trabalho paralelos (em regimes distintos), estará filiado aos dois
regimes de forma concomitante. Desde que observe as regras aplicáveis a cada um deles, o
indivíduo terá dois “tempos de contribuição” que devem ser considerados de forma
independente, para utilização futura.
Em um esquema simples, imagine o caso de um servidor público que, entre os anos de 2010 e
2015, também exerceu a atividade de professor em uma universidade particular:
No exemplo acima, para um mesmo lapso temporal (2010 a 2015), temos dois “tempos de
contribuição” diferentes! Se o indivíduo mantiver essa situação por tempo suficiente, ele
poderá, no futuro, preencher os requisitos para a aposentadoria em ambos os regimes.
Também é possível que alguns períodos sejam levados de um regime para outro, por meio da
contagem recíproca do tempo de contribuição
Na iniciativa privada, o indivíduo pode acumular tantos empregos quanto deseje. No serviço
público, ressalvadas as hipóteses do art. 37, XVI, da CF/88, os cargos não são acumuláveis. Se
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ALÉM DISSO, todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade
remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em
relação a cada uma delas.
O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou que
voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a lei (art. 12, §4º, da Lei n. 8.212/91).
Solidariedade forçada. Você pode olhar para o sistema da seguridade e dizer que não
concorda, mas você não tem escolha. As contribuições são obrigatórias.
Característica esta que distingue a previdência social das demais subespécies da seguridade
social, consoante a jurisprudência desta Suprema Corte no sentido de que seu caráter é
contributivo e de filiação obrigatória, com espeque no art. 201, todos da CF/1988.
QUESTÃO 13: As três áreas da seguridade social são autônomas? Quais características as
tornam diferentes?
A Assistência Social atua para garantir um mínimo de dignidade aos elos mais frágeis das
relações sociais: família, infância, adolescência, velhice e pessoas com deficiência. A proteção é
efetivada por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que não exige contribuição
prévia do beneficiário.
Os CRAS são sempre geridos pelo município. Os CREAS, por outro lado, podem ser municipais,
estaduais ou regionais, dependendo do programa que se deseje oferecer. Um exemplo de
proteção especializada é a Política de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI.
Por já contar com uma estrutura adequada para a análise e manutenção de benefícios, o INSS
acabou recebendo a incumbência de também operacionalizar o BPC-LOAS. Isso não altera a
natureza assistencial do amparo, que não se confunde com as prestações previdenciárias
típicas da autarquia.
No Brasil, a ampla maioria dos trabalhadores está submetida ao Regime Geral de Previdência
Social - RGPS. Ele abrange todo o setor privado, incluídos os empregados, empregados
domésticos, empresários e trabalhadores rurais. É o principal regime previdenciário que
temos, tanto em número de indivíduos atendidos como por seu caráter subsidiário: se o
trabalhador não for vinculado a um dos demais regimes obrigatórios, deverá,
necessariamente, ser vinculado ao RGPS. Ele também é o único que admite a filiação de
segurados facultativos, para possibilitar que pessoas afastadas do mercado de trabalho
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participem de um regime previdenciário. É regido pelo art. 201 da Constituição e pelas Leis n.
8.212/91 e 8.213/91.
Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios é assegurado o Regime Próprio de Previdência dos Servidores – RPPS. Desde que
observadas as diretrizes constitucionais, cada ente federado pode criar regras específicas para
seus servidores. Assim, na prática, existem vários RPPS. No entanto, em razão da existência de
disposições gerais em comum, o RPPS também pode ser visto como um regime previdenciário
uno.
Tanto o RGPS como o RPPS são regimes públicos de filiação obrigatória para quem exerce
atividades a eles vinculadas. Assim, servidores ocupantes de cargo público efetivo serão
necessariamente vinculados ao RPPS, enquanto trabalhadores da iniciativa privada são
obrigatoriamente vinculados ao RGPS.
Ao lado dos regimes básicos, trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos também
podem se vincular, facultativamente, ao Regime de Previdência Complementar. A Constituição
trata da previdência complementar em duas passagens distintas:
• no art. 40, §14 e ss., com relação aos servidores titulares de cargo efetivo, e
O famoso SUS - Sistema Único de Saúde - compreende as ações e serviços de saúde de forma
gratuita para o indivíduo, não havendo necessidade de contribuição para acesso ao sistema.
O art. 199 da CF/88 afirma que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada. Em razão da
importância da matéria, a atuação da iniciativa privada na saúde deve seguir as diretrizes
estabelecidas pelo governo. Todos os entes federados detêm competência legislativa sobre a
saúde (competência concorrente), sendo, em regra, vedada a participação de empresas
estrangeiras nesta seara.
Por outro lado, na hipótese dos serviços oferecidos pelo SUS serem insuficientes, o governo
poderá firmar contratos e convênios com a rede privada para oferecer o atendimento à
população. Nesse caso, os recursos serão transferidos como contraprestação pelos serviços
prestados, e não à guisa de auxílio/subvenção.
Estão incluídas no campo de atuação do SUS (dentre outras) as ações de vigilância sanitária,
saneamento básico, orientação alimentar e proteção ao meio ambiente (inclusive o meio
ambiente do trabalho). Em linhas gerais, tudo o que tem potencial de afetar a saúde dos
indivíduos pode ser objeto de ações do SUS.
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QUESTÃO 14: É verdade que para obter aposentadoria por tempo de contribuição no RGPS é
necessário atender ao limite mínimo de idade?
Me perdi.
Depois:
Fator previdenciário é uma equação regulada por alguns elementos: idade, sobrevida,
quantidade de contribuições. Você poderia aposentar por idade, mas o fator previdenciário te
incentivava a continuar contribuindo.
Com a reforma de 2019, o passo foi mais largo. Não foi o mecanismo inibidor da pessoa se
aposentar com idade relativamente baixa: NÃO TEM MAIS COMO SE APOSENTAR COM
APENAS TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, TENDO QUE COMBINAR COM A IDADADE. A mistura
entre: a antiga aposentadoria por tempo de contribuição e por idade.
Hoje: IDADE MÍNIMA E PARA OBTER ESSA APOSENTADORIA POR IDADE VOCÊ PRECISA DE UMA
QUANTIDADE MINIMA DE CONTRIBUIÇÕES.
A aposentadoria por tempo de contribuição não existe para quem entrou na aposentadoria
depois de 2019. Para quem estava antes disso, existem as regras de transição.
c) aposentadoria especial.
A aposentadoria por tempo de contribuição era severamente criticada pela doutrina. Como
não havia previsão de idade mínima, era possível – e relativamente comum – que indivíduos
na casa dos 50 anos se aposentassem para serem sustentados pela coletividade, sem qualquer
problema de saúde.
No regime dos servidores, a aposentadoria puramente por tempo de contribuição acabou com
a EC 20/98.10 Agora, a reforma da previdência promovida pela EC 103/19 fez o mesmo no
regime geral.
Em outras palavras, a CF/88 passa a exigir IDADE + TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO para que o
indivíduo se aposente, unindo duas espécies de aposentadoria que, antes, eram distintas.
b) a aposentadoria especial.
Considerado que a legislação previdenciária possui aplicação imediata (tempus regit actum), os
indivíduos que já possuíam direito adquirido poderão continuar se valendo das regras antigas,
se tiverem preenchido todos os requisitos para a aposentadoria até o dia 13/11/2019 (data de
promulgação da emenda 103/19).
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Considerado que a legislação previdenciária possui aplicação imediata (tempus regit actum), os
indivíduos que já possuíam direito adquirido poderão continuar se valendo das regras antigas,
se tiverem preenchido todos os requisitos para a aposentadoria até o dia 13/11/2019 (data de
promulgação da emenda 103/19).
E fique atento, pois a EC 103/19 não revoga nenhum artigo da lei n. 8.213/91, mas torna vários
de seus dispositivos incompatíveis com o regramento constitucional atualmente em vigor
Antes da EC 103/19, a aposentadoria por idade era deferida de acordo com o art. 48 da lei n.
8.213/91:
Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida
a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade,
se homem, e 60 (sessenta), se mulher.
A aposentadoria meramente por idade (art. 201, §7º, II), que era facultada a todos os
segurados, hoje subsiste apenas para os segurados especiais!
Tratando da aposentadoria voluntária (idade + TC), o Congresso fixou a idade mínima no texto
permanente da CF/88. A seu turno, o tempo mínimo de contribuição poderá ser definido (e
posteriormente alterado) por meio de lei.
Para evitar o vácuo legislativo, a EC 103/19 traz um artigo (temporário) que regula este
requisito até que seja editada eventual lei ordinária. Assim, o requisito etário encontra-se no
art. 201, § 7º, da CF/88. O requisito contributivo está no art. 19 da EC 103/19:
EC 103/19 Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a
que se refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o
segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de
entrada em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado aos 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco) anos de
idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de contribuição, se
mulher, e 20 (vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.
Essa regra aplica-se ao trabalhador urbano que se filiar ao RGPS após a promulgação da EC
103/19. Temos regras de transição para quem já estava filiado em nov/2019.
Por hora, é interessante notar que a lei n. 8.213/91 traz uma hipótese de aposentadoria por
idade compulsória no RGPS. É o que vemos no art. 51:
Art. 51. A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde
que o segurado empregado tenha cumprido o período de carência e
completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65
(sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino, sendo compulsória, caso em
que será garantida ao empregado a indenização prevista na legislação
trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a
imediatamente anterior à do início da aposentadoria.
Perceba que a hipótese é diferente da que encontramos no regime dos servidores públicos. No
regime geral, se o indivíduo estiver disposto e o patrão de acordo, não há idade máxima para
que o trabalhador se aposente. De forma quase literal, o céu é o limite.
Ao longo da vida, é muito comum que os indivíduos mudem de emprego. Quando essa
mudança envolve a transferência de um regime previdenciário para outro, a Constituição
garante que o tempo seja aproveitado, reciprocamente, para obtenção da aposentadoria.
§9º, ART. 201, CF:
que um trabalhador migre de um sistema básico para o outro, caso, por exemplo, tenha
trabalhado anos na iniciativa privada e depois ingresse no serviço público.
Em linhas gerais, para que o tempo seja “levado” de um regime para o outro, o órgão de
origem deverá emitir uma CTC - Certidão de Tempo de Contribuição que especifique os
detalhes necessários para a averbação no órgão de destino.
Regra que visa evitar a contagem dobrada do tempo. Naquele período em que houver
contribuições simultâneas, neste período não posso me valer da contagem recíproca. Art. 96
da Lei 8.213/91:
Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será
contado de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas
seguintes:
Nas hipóteses em que o vínculo não estava sujeito à filiação obrigatória ou em que não houve
recolhimento de contribuições pela alíquota padrão, o trabalhador precisará
efetuar/complementar os pagamentos antes de aproveitar o tempo para a contagem
recíproca, conforme o art. 130, §9º, do decreto n. 3.048/99:
QUESTÃO 16: É verdade que nenhum benefício do RGPS pode ter valor inferior ao SM?
Não é verdade. §§ do 201, CF. Tem benefício que pode: Salário família e Auxílio acidente.
Aquele que seja substitutivo da fonte de renda, não pode ter valor inferior ao salário mínimo.