Você está na página 1de 20

LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO

ANA GABRIELA GUIMARÃES

QUESTÃO 01: Conforme a Constituição, quem está obrigado a contribuir para o


financiamento da seguridade social?

Art. 195, CF. A seguridade será custeado por toda a sociedade, de modo direto e indireto.

A CF/88 se preocupa em deixar muito claro que a União não é responsável por arcar, sozinha,
com o financiamento da seguridade. Os Estados/DF/Municípios também precisam destinar
verbas para esse custeio, constantes dos respectivos orçamentos anuais.

Nas Leis orçamentarias anuais da U, E e M, uma parte desse dinheiro será destinada para a
seguridade social (financiamento indireto). É a menos volumosa. Através da arrecadação de
impostos. O financiamento indireto se dá de forma interposta, quando a União, os estados, o
DF e os municípios aportam recursos orçamentários para a seguridade.

O volume mais representativo é o recolhido através da via direta: Contribuições sociais


especificamente criadas para financiar a seguridade social; O financiamento direto ocorre
quando a sociedade transfere recursos diretamente para a seguridade social, por meio do
pagamento das contribuições sociais.

O art. 195 da CF/88 especifica as contribuições sociais que poderão ser criadas pelo legislador
ordinário (no chamado financiamento direto):

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da


lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo


ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de
contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social; (Redação dada pela EC
103/19)

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele


equiparar
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

Inciso I: Sujeito passivo = Empregadores e empresas e entidades equiparadas a empresas.

Alínea a: contribuição sobre salários e demais rendimentos do trabalho independente de


vinculo empregatícios.

Alínea b: receita das pessoas jurídicas que operam no sistema econômico brasileiro.

Alínea c: o lucro.

Inciso II: do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas
alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência
Social;

Mesmo que o seu vínculo não seja de emprego. A lei previdenciária vai dar um jeito de te
encaixar.

Inciso III: jogos de azar que o sistema permite- LOTERIAS: Concurso de prognóstico.

No ambiente privado, lei 8.212 – Prado de Corrida

Inciso IV: Tributação dos atos de importação. Passou a existir a parte da EV 42/2003

“Cheque em branco”: §4º - Autoriza a criação de novas fontes para custeio da seguridade.
Novas fontes tributárias. Reaver a CPMF.

Perceba que o art. 195, caput, não criou, diretamente, as contribuições sociais. Vários
elementos precisam ser especificados para que um tributo seja cobrado, como as alíquotas,
base de cálculo, contribuintes, etc.

O que a CF/88 fez foi apontar alguns fatos geradores ou hipóteses de incidência para afirmar
que, nestes casos, o legislador ordinário poderia especificar os demais elementos e
efetivamente criar o tributo.

Essa hipótese não se confunde com a que foi mencionada na parte final do art. 195, §4º: a
possibilidade que a União tem de criar outros tributos, além dos que foram especificamente
previstos pela CF/88. É o que decorre do art. 154:

Art. 154. A UNIÃO poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior,


desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

O art. 154, I, menciona apenas os impostos. Acontece que o STF, fazendo uma leitura conjunta
deste dispositivo com o art. 195, §4º, firmou o entendimento pacífico de que a União pode
criar outras fontes de custeio para a seguridade social (novas contribuições sociais!), desde
que o faça por meio de lei complementar.

E vale lembrar que apenas a União poderá fazê-lo, pois se trata de matéria sujeita à
competência privativa (art. 22, XXIII, da CF/88).

QUESTÃO 02: Porque se diz que a “universalidade” opera em conjunto com a “seletividade”
no âmbito previdenciário?.
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de


ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,


organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

A universalidade da cobertura significa que a proteção da seguridade deve buscar atingir o


maior número possível de eventos, certos ou incertos, que configurem risco para o indivíduo.
Assim, a assistência social deveria sustentar todos os que estão sem trabalho. Obviamente,
este princípio encontra limitações na reserva do possível e também no princípio da
seletividade.

A seu turno, universalidade do atendimento significa que o maior número possível de pessoas
deveria ser atendido pelos serviços da seguridade social. Contudo, a assistência social limita
seu atendimento à parcela mais carente da população, enquanto a previdência somente
atende a quem contribui para o sistema previdenciário.

Na própria CF/88 encontramos, ainda, o art. 201, §12:

Art. 201 (...)

§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com


alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhadores de baixa renda,
inclusive os que se encontram em situação de informalidade, e àqueles sem
renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no
âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa
renda. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § 12 terá valor


de 1 (um) salário-mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)

Esse dispositivo nada mais é do que a materialização do princípio da universalidade do


atendimento. Dando-lhe concretude, o governo ampliou o número de pessoas protegidas pelo
sistema previdenciário para permitir a filiação facultativa de microempreendedores individuais
e de dono(a)s de casa mediante uma contribuição de apenas 5% do salário-de-contribuição, ao
contrário dos 20% normalmente exigidos. A Lei n. 8.212/91 – Plano de Custeio da Previdência
– repete a redação do art. 194, I, da CF/88.

Art. 194. (...)


LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a


seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

(...)

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

Em suma, o Estado deve atender o maior número possível de eventos e indivíduos, mas deve
selecionar aqueles que realmente precisam. Não podemos sustentar, por incapacidade,
qualquer um que esteja com uma unha encravada ou algo do tipo. Critérios precisam ser
estabelecidos, sob pena de os recursos existentes não serem suficientes para atender a todos.
Trata-se de uma faceta da limitação à reserva do possível.

A distributividade, por outro lado, informa que o Estado tem a obrigação de realizar a
distribuição de renda em favor dos mais necessitados. Pela união da seletividade com a
distributividade, conclui-se que, na seleção, a preferência deve ser dada àqueles que mais
precisam de ajuda.

Quando você pensa em universalidade plena – sistema de saúde. Sem restrição aos
destinatários (na teoria)

Quando migra para o sistema previdenciário e social, a universalidade é aplicado na pratica


em conjunto como princípio da seletividade. Na previdência social não é uma porteira aberta.
Existem vários crivos que separam “ter direito” de “não ter direito”. O FAMOSO “DESPACHO DE
INDEFERIMENTO”.

Universalidade na previdência não é plena. É mitigada.

QUESTÃO 03: Um cidadão que já conta com 17 anos de idade e que ainda não exerce uma
atividade econômica contribui para a Previdência Social?

No que tange à idade mínima, precisamos de um pouco mais de cuidado.

A partir da EC 20/98, proíbe-se qualquer trabalho aos menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos (art. 7º, XXXIII, da CF/88). Portanto, o
indivíduo precisaria ter ao menos 16 anos para se enquadrar nas hipóteses de filiação
compulsória.

No entanto, as leis n. 8.213/91 e 8.212/91 continuam prevendo a filiação para “o maior de 14


(quatorze) anos” conforme a redação original da CF/88. As leis estão desatualizadas.

Fazendo uma leitura da Lei n. 8.213/91 em conformidade com a Emenda Constitucional n.


20/98, a jurisprudência (acompanhada pela doutrina) entendia que a idade mínima para
inscrição do indivíduo seria de 16 (dezesseis) anos. Isso foi inclusive positivado pelo Decreto
3.048/99.

No entanto, o STJ vem alterando sua jurisprudência por considerar que o art. 7º, XXXIII, da
Constituição não pode ser interpretado em prejuízo da criança que tenha exercido atividade
laboral. Assim, se efetivamente comprovada nos autos, poderia ser reconhecida a filiação
antes dos 14 anos.

É vedada a filiação, como facultativo do RGPS, do indivíduo que já possui proteção


previdenciária garantida por regime próprio de servidores (RPPS).
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

De acordo com o art. 11, §3º, do decreto n. 3.048/99, a filiação na qualidade de segurado
facultativo representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro
recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições
relativas a competências anteriores à data da inscrição.

É muito comum que as crianças colaborem desde cedo. No entanto, considerando que a CF/88
veda qualquer forma de trabalho antes dos 16 anos (salvo na condição de aprendiz, a partir
dos 14), os filho(a)s somente são considerados segurados a partir dos 16 anos. Isso tem
especial relevância na concessão do salário-maternidade, em razão da gravidez precoce de
muitas meninas.

Contudo, a jurisprudência, interpretando a nova redação da CF/88, entende que a idade


mínima para filiação é de 16 anos. O Decreto n. 3.048/99 já está atualizado, no que é seguido
pelo INSS. Infelizmente, algumas questões de prova ainda querem derrubar o candidato
perguntando “...de acordo com a lei”.

O Decreto n. 3.048/99 traz um rol exemplificativo de pessoas que podem se filiar ao RGPS
como segurados facultativos:

Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se


filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na
forma do art. 199, desde que não esteja exercendo atividade remunerada
que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.

Obrigatoriamente, não. Mas se quiser, sim. O dever de contribuir para a previdência decorre do
exercício de atividade econômica.

Ingresso na máquina pública: exercício de atividade lícita com repercussão econômica.


Vinculação ao regime próprio, se existir

No ambiente privado, do mesmo modo.

Para além da obrigação de contribuir, a previdência social é um direito social, de forma que se
faz inadequado impedir que uma pessoa que queira, deixe de contribuir
Requisitos mínimos: pelo menos 16 anos (Excepcionalmente como aprendiz, a partir dos 14) e
não exercer atividade econômica que não o vincule, obrigatoriamente a um regime
previdenciário.

QUESTÃO 04: É permitida a cobrança de contribuições previdenciárias sobre aposentadorias


e pensões?

Aposentadoria e pensões concedidas em qual regime?

Regime geral: art. 195, II - veda a cobrança de contribuição sobre aposentadorias e pensões.
De modo que, no RG não é permitido.

De acordo com o art. 195, II, da CF/88, as contribuições sociais não incidem sobre a
aposentadoria e a pensão concedidas pelo regime geral de previdência social. Inicialmente,
perceba que essa regra de imunidade é específica para o regime geral de previdência (INSS).
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

Regime Próprio: após alteração do art. 40 da CF no começo dos anos 2000, é possível cobrar
contribuição sobre aposentadorias e pensões.

Este ponto diferencia o regime geral da previdência dos servidores, pois aposentados e
pensionistas de RPPS são obrigados a continuar contribuindo para o custeio da seguridade.

Importante ressaltar que a imunidade se refere ao benefício em si, e não à pessoa do


aposentado/pensionista.

Desta forma, ainda que o indivíduo esteja aposentado (e goze de imunidade sobre o
benefício), ele poderá ser sujeito passivo de contribuições previdenciárias caso venha a se
enquadrar em alguma das hipóteses de incidência.

Esta discussão foi levada ao STF na chamada “tese da desaposentação”. Basicamente,


indivíduos que já estavam aposentados, mas continuavam exercendo atividade remunerada,
pretendiam deixar de ser onerados com a contribuição incidente sobre a remuneração.

Ao julgar o mérito da ação, o STF rejeitou a pretensão dos autores.

Afirmou-se, incidentalmente, que a legislação atual homenageia o princípio da solidariedade


social, segundo o qual, em um regime básico de previdência, todos os trabalhadores
contribuem para a formação de um fundo que beneficia/protege o grupo como um todo
(regime de repartição do custeio, ao contrário do regime de capitalização que vigora, por
exemplo, na previdência privada/complementar, em que cada indivíduo contribui apenas para
si próprio).

Ademais, afirmou-se que o art. 12, §4º, da Lei n. 8.212/91 é constitucional ao afirmar que “o
aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou que voltar
a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da
Seguridade Social”.

Também foram reputados válidos os dispositivos que incluem o trabalhador aposentado


dentre os sujeitos passivos da contribuição social, sempre que estiver exercendo atividade
remunerada sujeita à vinculação ao RGPS.

Por fim, foi expressamente considerada constitucional a previsão do art. 18, §2º, da Lei n.
8.213/91, segundo a qual “O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que
permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação
alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-
família e à reabilitação profissional, quando empregado” .

Assim, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral (tema 503 do STF): “No âmbito do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar benefícios e vantagens
previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à ‘desaposentação’, sendo
constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8213/91

QUESTÃO 05: É possível a criação de novas contribuições sociais para a seguridade além das
que já constam na Constituição?

Sim, nos termos do art. 195, §4º, CF


LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

Art. 195. (...) § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no
art. 154, I.

A possibilidade que a União tem de criar outros tributos, além dos que foram especificamente
previstos pela CF/88.

Art. 154. A UNIÃO poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior,


desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

O art. 154, I, menciona apenas os impostos. Acontece que o STF, fazendo uma leitura conjunta
deste dispositivo com o art. 195, §4º, firmou o entendimento pacífico de que a União pode
criar outras fontes de custeio para a seguridade social (novas contribuições sociais!), desde
que o faça por meio de lei complementar.

QUESTÃO 06: Em que difere o RGPS dos RPPS?

REGIME GERAL: é único, um só./ Destinatários: trabalhadores do setor privado da economia.


Eventualmente alcança trabalhadores da máquina pública, nos casos em que não há previsão
de regime próprio. Magnetismo jurídico. / Fundamento de validade: art. 201, CF / Quanto à
fonte das receitas: tributária.

REGIME PROPRIO: são diversos. Garantidos a servidores, federais, estaduais e municipais/


Destinatários: Cobertura específica para servidores (cargos de provimento efetivo, sim/ REDA
não/ empregado público não) da máquina pública. / Fundamento de validade: art. 40, CF /
Quanto à fonte das receitas: Administração pública coloca a outra parte em dinheiro.

No Brasil, a ampla maioria dos trabalhadores está submetida ao Regime Geral de Previdência
Social - RGPS. Ele abrange todo o setor privado, incluídos os empregados, empregados
domésticos, empresários e trabalhadores rurais. É o principal regime previdenciário que
temos, tanto em número de indivíduos atendidos como por seu caráter subsidiário: se o
trabalhador não for vinculado a um dos demais regimes obrigatórios, deverá,
necessariamente, ser vinculado ao RGPS. Ele também é o único que admite a filiação de
segurados facultativos, para possibilitar que pessoas afastadas do mercado de trabalho
participem de um regime previdenciário. É regido pelo art. 201 da Constituição e pelas Leis n.
8.212/91 e 8.213/91.

Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios é assegurado o Regime Próprio de Previdência dos Servidores – RPPS. Desde que
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

observadas as diretrizes constitucionais, cada ente federado pode criar regras específicas para
seus servidores. Assim, na prática, existem vários RPPS. No entanto, em razão da existência de
disposições gerais em comum, o RPPS também pode ser visto como um regime previdenciário
uno (essa concepção já foi cobrada em prova).

Até recentemente, as regras do art. 40 da CF/88 eram aplicáveis aos servidores de todos os
entes federados. No entanto, essa realidade mudou com o advento da EC 103/19.

Hoje, o disposto no art. 40 aplica-se, automaticamente, aos servidores públicos federais


(União). A aposentadoria e a pensão dos servidores de estados/DF/municípios seguirão a
regência das normas constitucionais e infraconstitucionais anteriores à EC 103/19, até que os
respectivos entes decidam o que pretendem fazer.

Hoje, o disposto no art. 40 aplica-se, automaticamente, aos servidores públicos federais


(União). A aposentadoria e a pensão dos servidores de estados/DF/municípios seguirão a
regência das normas constitucionais e infraconstitucionais anteriores à EC 103/19, até que os
respectivos entes decidam o que pretendem fazer.

Assim, os Estados, DF e Municípios ficaram de fora desta fase inicial da Reforma da


Previdência. Caso queiram, poderão elaborar suas próprias reformas. Também poderão aderir
à EC 103/19 por meio de ato legislativo próprio (o que seria – em tese – mais simples). Por fim,
enquanto permanecerem inertes, seguirão aplicando a legislação anterior, conforme o art. 4,
§9º, da EC 103/19.

O RPPS é exclusivo para os ocupantes de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.

Os tabeliães, notários e registradores são meros delegatários de serviços públicos. Eles fazem
concurso para ingresso na carreira, mas não se enquadram no conceito de servidor efetivo
para fins de participação em RPPS e nem para o limite etário da aposentadoria compulsória
por idade.

Pelo mesmo motivo, os servidores ocupantes de cargo temporário, celetista, mandato eletivo
ou de cargo em comissão (livre nomeação e exoneração) também são vinculados ao RGPS. O
regime próprio dos servidores é exclusivo para os titulares de cargo efetivo da administração!

Tanto o RGPS como o RPPS são regimes públicos de filiação obrigatória para quem exerce
atividades a eles vinculadas. Assim, servidores ocupantes de cargo público efetivo serão
necessariamente vinculados ao RPPS, enquanto trabalhadores da iniciativa privada são
obrigatoriamente vinculados ao RGPS.

QUESTÃO 07: O que são regimes complementares de previdência e quais são suas principais
características?

Regimes complementares (previdência privada), visa de fato, atuar de forma complementar Às


previdências obrigatórias (Regime Geral e Regimes Específicos). Entra como uma figura
alterativa, não é obrigação é vontade de aderir. ADESÃO FACULTATIVA.

- Previdência complementar pública: pode parecer caixa previdenciária de acesso as pessoas


em geral, mas não é. Aqui o agente patrocinador é ente pública. Ex. União Federal, que só tem
acesso os servidores da União
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

- Previdência complementar privada: Aqui o agente patrocinador é privado. Ex. Banco. Essa é
de acesso irrestrito. É produto bancário tipicamente.

- Previdência complementar Fechada:

- Previdência Complementar Aberta:

Ao lado dos regimes básicos, trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos também
podem se vincular, facultativamente, ao Regime de Previdência Complementar.

A Constituição trata da previdência complementar em duas passagens distintas:

• no art. 40, §14 e ss., com relação aos servidores titulares de cargo efetivo, e

• no art. 202, com relação ao público em geral.

Ontologicamente, existem duas espécies de previdência complementar: a aberta e a fechada.


Entidades abertas permitem o ingresso de qualquer indivíduo que deseje se filiar, enquanto as
entidades fechadas são restritas a determinados grupos de indivíduos. A título de exemplo,
apenas funcionários da Petrobrás podem se filiar à Petrus, enquanto qualquer cidadão pode
contratar uma previdência complementar no Banco do Brasil.

Mais uma vez, são dois subsistemas diferentes que possuem regras gerais em comum, as quais
justificam a classificação didática como um único regime previdenciário (regime de previdência
complementar).

É comum que as empresas participem dos planos fechados de previdência contribuindo com
dinheiro para a formação do fundo individual de cada empregado (como estímulo para manter
a mão de obra qualificada em seus quadros). Nessa hipótese, a empresa assume o papel de
“patrocinador” .

De acordo com o art. 40, §14, da Constituição, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão instituir regime de previdência complementar para os seus respectivos
servidores, fixando, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo RPPS,
o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social. Essa é
uma estratégia para reduzir a pressão sobre o regime básico de previdência dos servidores. O
RPPS continua existindo (vinculação obrigatória), mas os custos de sua manutenção ficam
limitados ao teto do regime geral.

Para os servidores que já estavam na ativa antes da instituição do regime complementar, ele
somente poderá ser aplicado mediante sua prévia e expressa opção.

Mesmo para os servidores que tenham ingressado no serviço público após a instituição do
regime complementar, sua filiação será facultativa. O trabalhador poderá optar por não aderir
à previdência complementar, hipótese em que sua aposentadoria máxima será equivalente ao
teto do RGPS.

Mesmo para os servidores que tenham ingressado no serviço público após a instituição do
regime complementar, sua filiação será facultativa. O trabalhador poderá optar por não aderir
à previdência complementar, hipótese em que sua aposentadoria máxima será equivalente ao
teto do RGPS.

O regime de previdência complementar, a seu turno, adota principalmente o sistema de


capitalização (funding). Nele, o valor arrecadado por cada segurado não se comunica com os
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

demais. Não há que se falar em princípio da solidariedade, afinal, cada indivíduo contribui
somente para si mesmo e não para a coletividade. É uma regra de proteção ao sistema, já que
minimiza o risco de cálculos atuariais mal feitos.

Os indivíduos podem se vincular, facultativamente, ao Regime de Previdência Complementar.

A Constituição prevê a existência de dois tipos: a) o regime de previdência complementar dos


servidores públicos - art. 40, §16 e seguintes; e b) o regime de previdência privada
complementar - art. 202.

Entidades abertas → permitem o ingresso de qualquer indivíduo.

Entidades fechadas → restritas a grupos específicos. As entidades de previdência


complementar pública serão necessariamente fechadas.

Regimes básicos (RGPS e RPPS) → financiamento por repartição simples (pay as you gou) →
pacto intergeracional → princípio da solidariedade.

Regime complementar → sistema de capitalização (funding) → regra de proteção →


segurança.

QUESTÃO 08: Explique o “princípio da preexistência do custeio”.

Regra de controle. Art. 195, §5º, CF.

Estabelece uma vedação no sentido de que para criar novos benefícios e serviços, majorar o
valor de benefícios que já são oferecidos, ou ampliar o alcance do que já é oferecido,
(situações nas quais, inevitavelmente, teremos esforço adicional no caixa do sistema):
PRIMEIRO TEM QUE DETERMINAR A FONTE DE CUSTEIO, PARA DEPOIS DEFINIR O PACOTE DE
COBERTURA.

Não pode ultrapassar o princípio da prévia fonte de custeio, positivado no art. 195, §5º, da
CF/88:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:

(...)
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,


majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

Embora haja alguma discordância com relação à natureza (regra ou princípio), a Constituição
traz outro princípio importante no art. 195, §1º, que é o da preexistência do custeio em
relação ao benefício. Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. Tem por escopo a
manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. A jurisprudência chama a
disposição do art. 195, §5º de regra constitucional da contrapartida ou, ainda, de regra da
referibilidade (em alusão à necessária referência entre benefício e custeio).

QUESTÃO 09: É possível à administração pública impor teto para o valor dos benefícios nos
regimes próprios?

Sim, é possível. Acontece que essa autorização é de 2003 e o lapso temporal foi de 11 anos
para alguém criar coragem de impor teto: UNIÃO – teto igual ao do RGPS.

Existe um atrelamento entre este poder e um dever. É possível impor teto aos regimes próprios,
DESDE QUE o ente instituidor que impõe teto ofereça uma caixa complementar pública, em
querendo possam contribuir e buscar a diferença.

Ex.: a PESSOA PASSOU NUM CONCURSO PARA AUDITOS FISCAL DA RFB – R$ 17k. mas o teto é
de 7mil. Tem que oportunizar complementar.

A previdência existe para garantir a dignidade do indivíduo, e não para enriquecer ninguém.
Assim, o RGPS possui um valor máximo para pagamento de benefícios, que era de 170 mil
cruzeiros em 1991 e hoje corresponde a R$6.101,06 (2020).

Em atenção ao disposto neste §5º, o valor é atualizado anualmente de acordo com o mesmo
índice usado para reajustar o teto dos benefícios (INPC).

Seguindo a mesma lógica utilizada para o limite mínimo (mas agora em benefício do
trabalhador!) o salário-de-contribuição também observa o teto do RGPS.

Na prática, a consequência é a seguinte: o trabalhador que ganha mais do que o teto não
precisa recolher contribuições sobre a renda que ultrapassa esse limite!

Cuidado para não confundir!

A contribuição previdenciária do trabalhador é realizada com base no salário-de-contribuição.


Ele possui um teto. O trabalhador do RGPS que ganha mais do que o teto não precisa recolher
contribuições sobre a renda que ultrapassa esse limite.

A contribuição previdenciária da empresa é realizada com base na folha de pagamentos, e


folha de pagamentos não possui teto!

Por isso, o funcionário que ganhe R$10.000,00/mês terá a contribuição pessoal limitada ao
teto, mas a empresa pagará contribuição patronal sobre a íntegra dos R$10.000,00.

Os trabalhadores contribuem sobre o salário-de-contribuição (instituto que possui limite


máximo). As empresas contribuem sobre a receita, sobre o faturamento ou sobre o lucro
(institutos que não possuem teto).
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

QUESTÃO 10: Quem são as pessoas denominadas “segurados especiais”? O que justifica essa

denominação?

Segurados Especiais é denominação infraconstitucional – Lei 8.212 e 8.213. Mas a definição,


propriamente dita, está no art. 195, §8º, CF

- O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais.

- o pescador artesanal: não necessariamente precisa ser rural. Ex. Ilhéus.

Tem que ser do regime de economia familiar: não exclui a possibilidade de comercialização.
Regime de subsistência não esgota o tema, não é a única possibilidade.

-Sem trabalhadores remunerados permanentes. - Isso colide com o conceito do regime de


economia familiar pois está é composta, pelo menos majoritariamente, da força laborar da
família. De forma que, ter pessoas permanentemente (mais que 120 dias, de uma pessoa
humana, a cada ano) trabalhado no área, com remuneração, desabilita o regime de economia
família.

No que tange aos empregados, o grupo familiar pode contratar até 120 pessoas por dia no ano
civil. Isso significa 01 pessoa por 120 dias; 02 pessoas por 60 dias; 03 pessoas por 40 dias; 04
pessoas por 30 dias; etc., até o extremo 120 pessoas por 01 único dia.

De acordo com o art. 11, §10, da lei n. 8.213/91, o membro do grupo familiar que se enquadrar
em outra categoria de segurado (arrumar um emprego) ou ingressar em outro regime
previdenciário (RPPS) perde a qualidade de segurado especial.

- O tamanho da propriedade rural importa: pequena gleba do direito tributário. 4 módulos


rurais fiscais (depende da região do país, a EMBRAPA pode te ajudar)

Assim, as atividades de agropecuária devem ser exercidas em área de até 04 módulos fiscais
(unidade de medida expressa em hectares, fixada pelo INCRA para cada município, que leva
em consideração os tipos de exploração predominantes na região, a renda obtida com elas,
etc). Não se exige que o trabalhador seja o dono do terreno. Até mesmo a posse precária
serve, tendo em vista que a lei não utiliza a dominialidade como critério definidor do segurado
especial.

A limitação de área atinge apenas a produção agropecuária. Os extrativistas/seringueiros


podem explorar área maior!

Considerando o alto nível de informalidade que cerca a atividade dos segurados especiais, o
que já deu margem a inúmeras concessões indevidas (administrativas e judiciais), o legislador
vem criando mecanismos que permitam o maior controle e poder de fiscalização.

Atualmente, sua inscrição exige dados sobre o grupo familiar, identificação da propriedade em
que se desenvolvem as atividades, nome do parceiro ou meeiro outorgante, arrendador,
comodante ou assemelhado (o dono da terra).

O segurado especial, ainda que em pequena escala, exerce atividade econômica e integra a
classe dos segurados obrigatórios do RGPS. A lei n. 8.212/91 definiu alíquotas que devem ser
aplicadas sobre o resultado da venda da produção. Não há qualquer facultatividade a esse
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

respeito. O segurado especial não é livre para decidir se quer, ou não, contribuir. É obrigado a
fazê-lo.

O regime de economia familiar é definido como a atividade em que o trabalho dos membros
da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do
núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a
utilização de empregados permanentes.

QUESTÃO 11: É possível que um trabalhador contribua simultaneamente para o RGPS e para
um RPPS?

Perfeitamente possível. A obrigatoriedade decorre do exercício da atividade econômica.

Quem tem vínculos de trabalho paralelos (em regimes distintos), estará filiado aos dois
regimes de forma concomitante. Desde que observe as regras aplicáveis a cada um deles, o
indivíduo terá dois “tempos de contribuição” que devem ser considerados de forma
independente, para utilização futura.

Em um esquema simples, imagine o caso de um servidor público que, entre os anos de 2010 e
2015, também exerceu a atividade de professor em uma universidade particular:

No exemplo acima, para um mesmo lapso temporal (2010 a 2015), temos dois “tempos de
contribuição” diferentes! Se o indivíduo mantiver essa situação por tempo suficiente, ele
poderá, no futuro, preencher os requisitos para a aposentadoria em ambos os regimes.
Também é possível que alguns períodos sejam levados de um regime para outro, por meio da
contagem recíproca do tempo de contribuição

Na iniciativa privada, o indivíduo pode acumular tantos empregos quanto deseje. No serviço
público, ressalvadas as hipóteses do art. 37, XVI, da CF/88, os cargos não são acumuláveis. Se
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

não houver vedação específica, o servidor público pode trabalhar, concomitantemente, na


iniciativa privada.

Pois bem. Quando os trabalhos paralelos implicarem na vinculação a mais de um regime


previdenciário, com contribuições específicas para cada um deles, é plenamente possível que o
indivíduo goze de benefícios concomitantes. Basta que os requisitos de carência, idade, tempo
de contribuição, etc, sejam preenchidos em ambos os regimes.

ALÉM DISSO, todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade
remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em
relação a cada uma delas.

O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou que
voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a lei (art. 12, §4º, da Lei n. 8.212/91).

QUESTÃO 12: Explique a expressão “solidariedade forçada” no âmbito do financiamento da


seguridade social e exemplifique.

Solidariedade forçada. Você pode olhar para o sistema da seguridade e dizer que não
concorda, mas você não tem escolha. As contribuições são obrigatórias.

As Contribuições patronais não tem o condão de beneficiar os donos do empreendimento.


Entrega ao sistema para ser aplicado à coletividade.

Solidariedade: A solidariedade é a pedra fundamental do sistema securitário, porque todos


estamos sujeitos a passar, em algum momento da vida, por situações nas quais não
conseguiríamos nos manter sozinhos. De acordo com Zambitte, é esse princípio que permite e
justifica que uma pessoa possa se aposentar por invalidez em seu primeiro dia de trabalho,
sem ter vertido qualquer contribuição para o sistema.

Afirmou-se, incidentalmente, que a legislação atual homenageia o princípio da solidariedade


social, segundo o qual, em um regime básico de previdência, todos os trabalhadores
contribuem para a formação de um fundo que beneficia/protege o grupo como um todo
(regime de repartição do custeio, ao contrário do regime de capitalização que vigora, por
exemplo, na previdência privada/complementar, em que cada indivíduo contribui apenas para
si próprio).

Entretanto, a adesão não é facultativa, sendo obrigatória a vinculação nos regimes


previdenciários e o pagamento de contribuição por quem é segurado.

Característica esta que distingue a previdência social das demais subespécies da seguridade
social, consoante a jurisprudência desta Suprema Corte no sentido de que seu caráter é
contributivo e de filiação obrigatória, com espeque no art. 201, todos da CF/1988.

Os regimes básicos são de filiação obrigatória para os trabalhadores da iniciativa privada


(RGPS) ou do serviço público (RPPS).
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

QUESTÃO 13: As três áreas da seguridade social são autônomas? Quais características as
tornam diferentes?

São Autônomas. Comprovadas através da gestão e orçamentos próprios.

Seguridade social: Assistência social, previdência, saúde.

A Assistência Social atua para garantir um mínimo de dignidade aos elos mais frágeis das
relações sociais: família, infância, adolescência, velhice e pessoas com deficiência. A proteção é
efetivada por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que não exige contribuição
prévia do beneficiário.

Os CRAS são sempre geridos pelo município. Os CREAS, por outro lado, podem ser municipais,
estaduais ou regionais, dependendo do programa que se deseje oferecer. Um exemplo de
proteção especializada é a Política de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI.

O benefício de prestação continuada (BPC-LOAS) é uma importante ferramenta das políticas de


assistência social. Este amparo é pago com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social -
FNAS, que é alimentado pela União, estados, DF e municípios, além do financiamento direto da
sociedade por meio das contribuições sociais.

Por já contar com uma estrutura adequada para a análise e manutenção de benefícios, o INSS
acabou recebendo a incumbência de também operacionalizar o BPC-LOAS. Isso não altera a
natureza assistencial do amparo, que não se confunde com as prestações previdenciárias
típicas da autarquia.

Previdência significa, em termos básicos, preocupação com o futuro. É a necessidade de adotar


medidas, no presente, que garantam a manutenção do indivíduo e de sua família quando
ocorrerem eventos certos (avanço da idade/morte) ou incertos (acidente incapacitante,
desemprego, gravidez, prisão) que afetem sua capacidade laborativa. A proteção
previdenciária pode ser prestada por diversos regimes (públicos ou privados), exigindo sempre
contribuição do participante.

No Brasil, a ampla maioria dos trabalhadores está submetida ao Regime Geral de Previdência
Social - RGPS. Ele abrange todo o setor privado, incluídos os empregados, empregados
domésticos, empresários e trabalhadores rurais. É o principal regime previdenciário que
temos, tanto em número de indivíduos atendidos como por seu caráter subsidiário: se o
trabalhador não for vinculado a um dos demais regimes obrigatórios, deverá,
necessariamente, ser vinculado ao RGPS. Ele também é o único que admite a filiação de
segurados facultativos, para possibilitar que pessoas afastadas do mercado de trabalho
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

participem de um regime previdenciário. É regido pelo art. 201 da Constituição e pelas Leis n.
8.212/91 e 8.213/91.

Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios é assegurado o Regime Próprio de Previdência dos Servidores – RPPS. Desde que
observadas as diretrizes constitucionais, cada ente federado pode criar regras específicas para
seus servidores. Assim, na prática, existem vários RPPS. No entanto, em razão da existência de
disposições gerais em comum, o RPPS também pode ser visto como um regime previdenciário
uno.

Tanto o RGPS como o RPPS são regimes públicos de filiação obrigatória para quem exerce
atividades a eles vinculadas. Assim, servidores ocupantes de cargo público efetivo serão
necessariamente vinculados ao RPPS, enquanto trabalhadores da iniciativa privada são
obrigatoriamente vinculados ao RGPS.

Ao lado dos regimes básicos, trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos também
podem se vincular, facultativamente, ao Regime de Previdência Complementar. A Constituição
trata da previdência complementar em duas passagens distintas:

• no art. 40, §14 e ss., com relação aos servidores titulares de cargo efetivo, e

• no art. 202, com relação ao público em geral.

Ontologicamente, existem duas espécies de previdência complementar: a aberta e a fechada.


Entidades abertas permitem o ingresso de qualquer indivíduo que deseje se filiar, enquanto as
entidades fechadas são restritas a determinados grupos de indivíduos. A título de exemplo,
apenas funcionários da Petrobrás podem se filiar à Petrus, enquanto qualquer cidadão pode
contratar uma previdência complementar no Banco do Brasil.

Os serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde – SUS também independem de


contribuição prévia.

O famoso SUS - Sistema Único de Saúde - compreende as ações e serviços de saúde de forma
gratuita para o indivíduo, não havendo necessidade de contribuição para acesso ao sistema.

O art. 199 da CF/88 afirma que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada. Em razão da
importância da matéria, a atuação da iniciativa privada na saúde deve seguir as diretrizes
estabelecidas pelo governo. Todos os entes federados detêm competência legislativa sobre a
saúde (competência concorrente), sendo, em regra, vedada a participação de empresas
estrangeiras nesta seara.

O governo é proibido de fazer auxílios ou subvenções para entidades voltadas ao lucro. O


dinheiro público só pode ser usado para ajudar hospitais filantrópicos/sem fins lucrativos.

Por outro lado, na hipótese dos serviços oferecidos pelo SUS serem insuficientes, o governo
poderá firmar contratos e convênios com a rede privada para oferecer o atendimento à
população. Nesse caso, os recursos serão transferidos como contraprestação pelos serviços
prestados, e não à guisa de auxílio/subvenção.

Estão incluídas no campo de atuação do SUS (dentre outras) as ações de vigilância sanitária,
saneamento básico, orientação alimentar e proteção ao meio ambiente (inclusive o meio
ambiente do trabalho). Em linhas gerais, tudo o que tem potencial de afetar a saúde dos
indivíduos pode ser objeto de ações do SUS.
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

QUESTÃO 14: É verdade que para obter aposentadoria por tempo de contribuição no RGPS é
necessário atender ao limite mínimo de idade?

Me perdi.

Antes: aposentadoria por idade.

Depois:

Fator previdenciário é uma equação regulada por alguns elementos: idade, sobrevida,
quantidade de contribuições. Você poderia aposentar por idade, mas o fator previdenciário te
incentivava a continuar contribuindo.

Com a reforma de 2019, o passo foi mais largo. Não foi o mecanismo inibidor da pessoa se
aposentar com idade relativamente baixa: NÃO TEM MAIS COMO SE APOSENTAR COM
APENAS TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, TENDO QUE COMBINAR COM A IDADADE. A mistura
entre: a antiga aposentadoria por tempo de contribuição e por idade.

Hoje: IDADE MÍNIMA E PARA OBTER ESSA APOSENTADORIA POR IDADE VOCÊ PRECISA DE UMA
QUANTIDADE MINIMA DE CONTRIBUIÇÕES.

A aposentadoria por tempo de contribuição não existe para quem entrou na aposentadoria
depois de 2019. Para quem estava antes disso, existem as regras de transição.

Até a edição da EC 103/19 (reforma da previdência), tínhamos três benefícios programáveis:

a) aposentadoria por idade,

b) aposentadoria por tempo de contribuição, e

c) aposentadoria especial.

A aposentadoria por tempo de contribuição era severamente criticada pela doutrina. Como
não havia previsão de idade mínima, era possível – e relativamente comum – que indivíduos
na casa dos 50 anos se aposentassem para serem sustentados pela coletividade, sem qualquer
problema de saúde.

No regime dos servidores, a aposentadoria puramente por tempo de contribuição acabou com
a EC 20/98.10 Agora, a reforma da previdência promovida pela EC 103/19 fez o mesmo no
regime geral.

Em outras palavras, a CF/88 passa a exigir IDADE + TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO para que o
indivíduo se aposente, unindo duas espécies de aposentadoria que, antes, eram distintas.

Assim, atualmente temos apenas duas espécies de benefícios programáveis:

a) a aposentadoria por idade e tempo de contribuição, e

b) a aposentadoria especial.

Considerado que a legislação previdenciária possui aplicação imediata (tempus regit actum), os
indivíduos que já possuíam direito adquirido poderão continuar se valendo das regras antigas,
se tiverem preenchido todos os requisitos para a aposentadoria até o dia 13/11/2019 (data de
promulgação da emenda 103/19).
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

Considerado que a legislação previdenciária possui aplicação imediata (tempus regit actum), os
indivíduos que já possuíam direito adquirido poderão continuar se valendo das regras antigas,
se tiverem preenchido todos os requisitos para a aposentadoria até o dia 13/11/2019 (data de
promulgação da emenda 103/19).

E fique atento, pois a EC 103/19 não revoga nenhum artigo da lei n. 8.213/91, mas torna vários
de seus dispositivos incompatíveis com o regramento constitucional atualmente em vigor

Antes da EC 103/19, a aposentadoria por idade era deferida de acordo com o art. 48 da lei n.
8.213/91:

Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida
a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade,
se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

Este benefício tinha apenas dois requisitos: a) a carência e b) a idade mínima.

A EC 103/19 (reforma da previdência) alterou profundamente o cenário das aposentadorias


voluntárias no regime geral de previdência. Se antes tínhamos uma aposentadoria por idade e
outra por tempo de contribuição, agora temos um único benefício que exige tanto o requisito
etário quanto o contributivo.

A aposentadoria meramente por idade (art. 201, §7º, II), que era facultada a todos os
segurados, hoje subsiste apenas para os segurados especiais!

Tratando da aposentadoria voluntária (idade + TC), o Congresso fixou a idade mínima no texto
permanente da CF/88. A seu turno, o tempo mínimo de contribuição poderá ser definido (e
posteriormente alterado) por meio de lei.

Para evitar o vácuo legislativo, a EC 103/19 traz um artigo (temporário) que regula este
requisito até que seja editada eventual lei ordinária. Assim, o requisito etário encontra-se no
art. 201, § 7º, da CF/88. O requisito contributivo está no art. 19 da EC 103/19:

Art. 201 (...) § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de


previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

(Redação da EC n. 20, de 1998) I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se


homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo
mínimo de contribuição; (Redação da EC n. 103, de 2019)

EC 103/19 Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a
que se refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o
segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de
entrada em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado aos 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco) anos de
idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de contribuição, se
mulher, e 20 (vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.

Essa regra aplica-se ao trabalhador urbano que se filiar ao RGPS após a promulgação da EC
103/19. Temos regras de transição para quem já estava filiado em nov/2019.

Por hora, é interessante notar que a lei n. 8.213/91 traz uma hipótese de aposentadoria por
idade compulsória no RGPS. É o que vemos no art. 51:

Art. 51. A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde
que o segurado empregado tenha cumprido o período de carência e
completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65
(sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino, sendo compulsória, caso em
que será garantida ao empregado a indenização prevista na legislação
trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a
imediatamente anterior à do início da aposentadoria.

Perceba que a hipótese é diferente da que encontramos no regime dos servidores públicos. No
regime geral, se o indivíduo estiver disposto e o patrão de acordo, não há idade máxima para
que o trabalhador se aposente. De forma quase literal, o céu é o limite.

No entanto, se o trabalhador já tiver atingido os 70/homem ou 65/mulher, a empresa pode


(voluntariamente) requerer a aposentadoria em nome do indivíduo, que ficará obrigado a
deixar o serviço ativo. Do ponto de vista trabalhista, isso equivale à dispensa sem justa causa.

QUESTÃO 15: O que significa “contagem recíproca” do tempo de contribuição? Inclui os


regimes complementares?

Ao longo da vida, é muito comum que os indivíduos mudem de emprego. Quando essa
mudança envolve a transferência de um regime previdenciário para outro, a Constituição
garante que o tempo seja aproveitado, reciprocamente, para obtenção da aposentadoria.
§9º, ART. 201, CF:

§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do


tempo de contribuição entre o Regime Geral de Previdência Social e os
regimes próprios de previdência social, e destes entre si, observada a
compensação financeira, de acordo com os critérios estabelecidos em lei.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na


administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos
regimes de previdência social se compensarão financeiramente. Essa compensação permite
LISTA DE EXERCÍCIOS II DIREITO PREVIDENCIÁRIO
ANA GABRIELA GUIMARÃES

que um trabalhador migre de um sistema básico para o outro, caso, por exemplo, tenha
trabalhado anos na iniciativa privada e depois ingresse no serviço público.

Em linhas gerais, para que o tempo seja “levado” de um regime para o outro, o órgão de
origem deverá emitir uma CTC - Certidão de Tempo de Contribuição que especifique os
detalhes necessários para a averbação no órgão de destino.

STF, RE 255.827. A contagem recíproca do tempo é um direito do indivíduo,


independentemente da compensação financeira entre os regimes

Contagem recíproca é garantia constitucional que eu posso levar minhas contribuições de um


regime obrigatório para outro. Passei num concurso público. Posso levar minhas contribuições
do RGPS para o Regime próprio? Sim, e vice versa.

Regra que visa evitar a contagem dobrada do tempo. Naquele período em que houver
contribuições simultâneas, neste período não posso me valer da contagem recíproca. Art. 96
da Lei 8.213/91:

Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será
contado de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas
seguintes:

I – não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições


especiais

II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade


privada, quando concomitantes;

Inclui os Regimes complementares? Não se comunica com previdências obrigatórios e não há


regime de compensação financeira.

Nas hipóteses em que o vínculo não estava sujeito à filiação obrigatória ou em que não houve
recolhimento de contribuições pela alíquota padrão, o trabalhador precisará
efetuar/complementar os pagamentos antes de aproveitar o tempo para a contagem
recíproca, conforme o art. 130, §9º, do decreto n. 3.048/99:

Art. 130 (...) § 9º A certidão só poderá ser fornecida para os períodos de


efetiva contribuição para o Regime Geral de Previdência Social, devendo ser
excluídos aqueles para os quais não tenha havido contribuição, salvo se
recolhida na forma dos §§ 7ºa 14 do art. 216. (Incluído pelo Decreto nº
3.668, de 2000)

QUESTÃO 16: É verdade que nenhum benefício do RGPS pode ter valor inferior ao SM?

Não é verdade. §§ do 201, CF. Tem benefício que pode: Salário família e Auxílio acidente.

Aquele que seja substitutivo da fonte de renda, não pode ter valor inferior ao salário mínimo.

Você também pode gostar