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DIREITO

PREVIDENCIÁRIO

Profa. MSc. Susana dos Reis Machado Pretto


Legislação, organização da Seguridade Social e seu Custeio

>Órgãos da administração da Seguridade Social


>Art. 195 da Constituição Federal de 1988 e Lei n. 8.212/1991
>Relação jurídica de custeio e relação jurídica de Seguro Social
>Princípios específicos de custeio
>Aspectos da Reforma Previdenciária na prática administrativa e
judicial a partir da Emenda Constitucional n. 103 de 12 de
novembro de 2019

TÓPICO II – AULA 2
Data 07/03/2022
ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL

*O orçamento da Seguridade Social tem receita própria,


destinada exclusivamente para as prestações da
Seguridade nas áreas da Saúde Pública, Previdência
Social e Assistência Social, obedecida a Lei de Diretrizes
Orçamentárias – LDO.
*Deliberação conjunta entre os órgãos competentes –
Conselho Nacional de Previdência Social, Conselho
Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional de
Saúde –, e a gestão dos recursos é descentralizada por
área de atuação.
Educação, 2020.
.
Fonte: Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10 ed. – São Paulo : Saraiva
ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO
DA SEGURIDADE SOCIAL

Na composição de todos os conselhos listados, existem


representantes do Governo e das demais categoriais referidas,
entretanto, os aposentados ficam reservados exclusivamente
para a Previdência Social.
ART. 195 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988 E LEI N.
8.212/1991
O art. 195 da CF prevê que a seguridade social é financiada “por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios”, e pelas contribuições sociais previstas nos incs. I a IV:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
Art. 195 da Constituição Federal de 1988

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência


social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com
o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de
Previdência Social;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem


a lei a ele equiparar.
LEI N. 8.212/1991 – LEI DE
CUSTEIO
O modelo de financiamento da Seguridade Social previsto na Carta
Magna se baseia no sistema contributivo.

O Poder Público tem participação no orçamento da Seguridade,


mediante a entrega de recursos provenientes do orçamento da União
e dos demais entes da Federação, para a cobertura de eventuais
insuficiências do modelo, bem como para fazer frente a despesas
com seus próprios encargos previdenciários, recursos humanos e
materiais empregados.
LEI N. 8.212/1991 – LEI DE
CUSTEIO
A Lei n. 8.212, de 24.07.1991 (Plano de Custeio), dispõe no art. 11
que, no âmbito federal, o orçamento da seguridade social é
composto por receitas da União, receitas das contribuições
sociais e receitas de outras fontes.

Caso o orçamento da seguridade se mostre insuficiente para o


pagamento dos benefícios previdenciários, a União é responsável
por estes, na forma da Lei Orçamentária (art. 16, parágrafo único,
da Lei n. 8.212/91).
FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL
O financiamento de forma direta é feito com o pagamento de
contribuições sociais previstas nos incs. I a IV do art. 195, da
contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e para o
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP)
(art. 239), destinadas a financiar o programa do seguro- desemprego,
outras ações da previdência social e o abono previsto no § 3º (um
salário mínimo), pago aos empregados que recebem até dois salários
mínimos de remuneração mensal.
O financiamento de forma indireta é feito com o aporte de recursos
orçamentários da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal, que devem constar dos respectivos orçamentos dos entes
federativos. Esses recursos não integram o orçamento da União.
FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL
Para instituir as contribuições previstas nos incs. I a IV do art. 195,
não é necessária lei complementar, bastando a lei ordinária. Essa
questão foi levantada por ocasião da edição da Lei n. 7.689, de
15.12.1988, que instituiu a Contribuição Social sobre o Lucro das
Pessoas Jurídicas (CSSL), ainda sob a égide da redação original da
CF. O STF, então, firmou a necessidade de lei complementar apenas
para novas fontes de custeio.
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem instituir
regimes próprios de previdência e assistência social. Por isso, têm
competência para instituir e cobrar de seus servidores contribuições
destinadas ao financiamento.
Fonte: Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.
FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL
FINANCIAMENTO
Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – Coleção
esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo : Saraiva
Educação, 2020. Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos.
Forma direta / coordenador Pedro LenzaForma
– Coleção esquematizado® indireta
– 10. ed. – São Paulo :
Saraiva Educação, 2020.

■ Contribuições sociais ■ Recursos orçamentários

Fonte: Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.
RELAÇÃO JURÍDICA DE
CUSTEIO E RELAÇÃO
JURÍDICA DE SEGURO
SOCIAL
Na relação jurídica atinente a custeio, o Estado é identificado como o sujeito
ativo, destinatário das contribuições sociais, ainda, que as contribuições sociais
sejam destinadas à Seguridade Social, fazendo parte do orçamento parafiscal e
não do fiscal, sendo os contribuintes (empregadores, segurados e entes
federados) os sujeitos passivos. Nessa relação a subsunção de um fato à hipótese
de incidência dá início ao dever de pagar as contribuições sociais.
Já na relação jurídica relativa às prestações da Seguridade Social, os
beneficiários é quem são os sujeitos ativos e o Estado o sujeito passivo,
ocorrendo uma inversão dos polos. Nesta outra relação, o dever de prestar um
benefício se inicia com a ocorrência de um risco social protegido, havendo um
beneficiário e, desde que ele o requeira.
Fonte :https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-previdenciario/plano-de-custeio-da-seguridade-social/#:~:text=Na%20rela%C3%A7%C3%A3o%20jur%C3%ADdica%20atinente%20a,empregadores%2C
%20segurados%20e%20entes%20federados
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
PARA O CUSTEIO DA
SEGURIDADE SOCIAL
O conceito de contribuição social dado por Hugo de Brito
Machado é de:
“espécie de tributo com finalidade constitucionalmente
definida, a saber, intervenção no domínio econômico,
interesse de categorias profissionais ou econômicas e
seguridade social”.
A contribuição para a Seguridade Social é uma espécie de
contribuição social, cuja receita tem por finalidade o
financiamento das ações nas áreas da saúde, previdência e
assistência social.
Fonte: Manual de Direito Previdenciário / Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. – 23. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.
Constituem contribuições sociais: (parágrafo único do art. 195 do
Decreto n. 3.048, de 6.5.1999):

>as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou


creditada aos segurados e demais pessoas físicas a seu serviço,
mesmo sem vínculo empregatício;

>as dos empregadores domésticos, incidentes sobre o salário de


contribuição dos empregados domésticos a seu serviço;

>as dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição;


>as das associações desportivas que mantêm equipe de futebol
profissional, incidentes sobre a receita bruta decorrentes dos
espetáculos desportivos de que participem em todo o território nacional
em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de
qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e
símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos
desportivos;
>as incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da
produção rural;
>as das empresas, incidentes sobre a receita ou o faturamento e o
lucro;
>as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.
Fonte: Manual de Direito Previdenciário / Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. – 23. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.
A LEI N. 11.457, DE 16.03.2007, TORNOU A UNIÃO O
SUJEITO ATIVO DE TODAS ESSAS CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS.
SUJEITO ATIVO LEI N. 8.212/91 LEI N. 11.457/2007

■ Previdenciárias ■ INSS ■ União (Super-Receita)

■ Não previdenciárias ■ União ■ União (Super-Receita)

Lei n. 11.941/2009, no art. 33 da Lei n. 8.212/91- compete à Secretaria da Receita


Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas
à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das
contribuições sociais. Fonte: Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo : Saraiva
Educação, 2020.
NATUREZA JURÍDICA: PREDOMINA NA DOUTRINA E NA
JURISPRUDÊNCIA O ENTENDIMENTO DE QUE SÃO TRIBUTOS,
MAIS PRECISAMENTE CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS.
CONTRIBUIÇÕES CUSTEIO DA SEGURIDADE
SOCIAL SÃO GÊNERO CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS SÃO
CONTRIBUIÇÕES
ESPÉCIE.
Das receitas Do importador de bens ou
Dos dos serviços
Das empresas trabalhadore concursos do exterior ou de quem a
s e demais de lei a ele equiparar
segurados prognóstic
os
■ sobre a
remuneração paga
ou creditada a ■ sobre os
segurados a seu salários de
serviço; contribuiçã
■ sobre a receita e o
faturamento; o
■ sobre o lucro.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE
CUSTEIO
O Plano de Custeio ligado às áreas do direito tributário, administrativo, financeiro,
constitucional e social, se pauta pelos princípios jurídicos inerentes a estes ramos,
entre outros princípios, podem ser citados a necessidade de planejamento,
anterioridade, legalidade, etc.
1. Regra da Contrapartida
A regra da contrapartida é expressa no artigo 195 e, mesmo em se tratando de uma
norma que fixa um guide para o sistema da Seguridade Social, ela é uma regra
constitucional que não pode ser relativizada. Por essa regra se define que para cada
benefício ou serviço deve haver uma correspondente fonte de custeio, sendo que o
sistema deve ser mantido em equilíbrio, sem objetivar lucros ou ter prejuízos.
Assim, ao aumento de uma despesa social deve corresponder o aumento de uma
receita, sendo o inverso também verdadeiro. Esse é o texto constitucional da regra
da contrapartida: “Art. 195 (…) § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.”
2. Equidade na Forma de Participação no Custeio

Advém da aplicação dos princípios da isonomia e da capacidade


contributiva no Direito Previdenciário. Por ele se define que quem tem
melhores condições econômicas contribuirá mais para o custeio do sistema e
quem pode menos contribuirá menos, de forma a se respeitar as desigualdades
entre as pessoas e não serem as contribuições sociais um novo fator de
iniquidade social. O professor Wagner Balera define esse princípio:
“A necessária congruência estrutural entre isonomia e equidade, exige ponto
de equilíbrio entre a capacidade econômica dos contribuintes e o esforço
financeiro que, dele e dos poderes públicos, será cobrado para a constituição
do fundo comum de proteção social.”
3. Diversidade na Base de Financiamento
A Seguridade Social deverá ser financiada por uma larga base de recursos
provenientes de toda a sociedade, em especial, trabalhadores,
empregadores e o Estado. Dele decorre a regra constitucional que define a
competência da União para identificar novos signos de riqueza para poder
instituir novos tributos que possam contribuir para a manutenção do sistema da
Seguridade Social. Assim, ele se expressa sobre dois aspectos: um objetivo
(diversidade de contribuições sociais) e outro subjetivo (toda a sociedade é
chamada a contribuir para a seguridade). Na definição do Professor Wagner:
“Do ponto de vista objetivo, o princípio impõe a diversificação dos fatos que
gerarão contribuições sociais. Em perspectiva subjetiva, o comando exige
consideração das pessoas naturais, ou jurídicas que serão chamadas a verter
contribuições …”
Fonte: :https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-previdenciario/plano-de-custeio-da-seguridade-social/#:~:text=Na%20rela%C3%A7%C3%A3o%20jur%C3%ADdica%20atinente
%20a,empregadores%2C%20segurados%20e%20entes%20federados
ASPECTOS DA REFORMA
PREVIDENCIÁRIA NA PRÁTICA
ADMINISTRATIVA E JUDICIAL A PARTIR
DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 103 DE
12 DE NOVEMBRO DE 2019
Com a EC n. 103/2019, o dispositivo foi alterado,
passando a determinar que cada setor da Seguridade
Social – Previdência Social, Saúde e Assistência Social –
tenha rubricas contábeis específicas, com identificação
das receitas e despesas vinculadas, preservado o caráter
contributivo da previdência social, o que tem como
objetivo dar transparência e confiabilidade à
arrecadação e aplicação dessas verbas.
Santos. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.
Fonte: Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos
ASPECTOS DA REFORMA PREVIDENCIÁRIA NA
PRÁTICA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL A
PARTIR DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 103
DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019
A) estabelecer alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica, da
utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural
do mercado de trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases de cálculo
diferenciadas apenas no caso das alíneas “b” e “c” do inciso I do caput;
B) evitar a “sangria” de recursos da Seguridade Social para o Sistema Único de
Saúde – SUS e entidades beneficentes, em detrimento do pagamento de benefícios
previdenciários;
C) conceder moratória e o parcelamento em prazo máximo de 60 meses, e, na
forma de lei complementar, por outro lado, veda a remissão e a anistia da Emenda
Constitucional n. 103/2019 que alterou, novamente, os §§ 9 e 11 do mesmo artigo.
As mudanças autorizam o legislador: contribuições sociais de que tratam a alínea “a”
do inciso I e o inciso II do caput.
A EC 103/2019 E O LIMITE
MÍNIMO DO SALÁRIO DE
CONTRIBUIÇÃO
- Quanto à necessidade de observância do limite mínimo do salário
de contribuição, a EC n. 103/2019 fixou no art. 195, § 14, que o
segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição
ao RGPS a competência cuja contribuição seja igual ou superior
à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria,
assegurado o agrupamento de contribuições.

Fonte: Manual de Direito Previdenciário / Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. – 23. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 103 DE 12
DE NOVEMBRO DE 2019
- A EC n. 103/2019 alterou o art. 195, II, e passou a permitir a
adoção de alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário
de contribuição do segurado.
- O art. 195, § 11, da CF, foi alterado pela EC n. 103/2019,
resultando em regras que restringem os prazos para moratória e
parcelamento, que não podem superar 60 (sessenta) meses.
- O § 9º do art. 195 foi novamente alterado pela EC n. 103/2019,
passando a autorizar também a adoção de bases de cálculos
diferenciadas apenas no caso de contribuições sobre a receita
ou o faturamento e sobre o lucro (inciso I, b e c).
Há regra de transição, aplicável enquanto não editada a lei
ordinária, para os segurados que já estejam no RGPS na data da
entrada em vigor da EC n. 103/2019: se o segurado desejar, poderá
(a) complementar a contribuição para alcançar o mínimo exigido.

-A Emenda Constitucional n. 103/2019 alterou


substancialmente o regime de aposentadorias e pensões do
Regime Geral de Previdência Social e também do Regime
Próprio de Previdência Social dos servidores públicos federais .
Fonte: Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 10. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.

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