Você está na página 1de 151

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS:

SEGURIDADE E PREVIDÊNCIA
Abelardo Sapucaia
Referências bibliográficas básicas
• Manual de Direito Previdenciário - Carlos Alberto Pereira de
Castro, João Batista Lazzari.

• Direito da Seguridade Social - Sérgio Pinto Martins.


Referências bibliográficas complementares:

• Teoria dos Direitos Fundamentais - Robert Alexi

• Os Direitos Fundamentais e seus múltiplos significados na


ordem constitucional – Gilmar Ferreira Mendes
Seguridade Social
• Formada pelo tripé - Previdência Social, Assistência Social e Saúde.

• Direito da Seguridade Social: conjunto de princípios, regras e


instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social,
baseado em ações do poder público e da sociedade, com o objetivo
de garantir os direitos à previdência, saúde e assistência social.
Constituição Federal

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de


ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,


organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
“Princípios são mandados de otimização, que são caracterizados
por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que
a medida devida de sua satisfação não depende somente das
possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas.”
(Robert Alexy).
Princípios da Seguridade Social
I - Universalidade da Cobertura e do Atendimento

Universalidade da cobertura: atender ao maior número possível


de eventos durante os quais as pessoas precisam de ajuda
(idade avançada, deficiência, maternidade).

Universalidade do atendimento: conceder benefícios e serviços a


todos os que necessitem, sendo que no caso da Previdência
temos a natureza contributiva.
II - Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às
Populações Urbanas e Rurais:

Oferecer os mesmos benefícios e serviços tanto aos


trabalhadores urbanos quanto aos rurais. Isso não quer dizer
que os benefícios a serem concedidos para trabalhadores
urbanos e rurais tenham que ser no mesmo valor.
III - Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e
Serviços

Seletividade: conceder o benefício (previdenciário ou assistencial)


a quem realmente precisa.

Distributividade: diretamente ligado a ideia de solidariedade


(distribuição de renda). A previdência e assistência social é um
dos maiores mecanismos de distribuição de renda do Brasil.
Jurisprudência do STF

RE 587.970

ASSISTÊNCIA SOCIAL – ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS –


ARTIGO 203, INCISO V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ALCANCE.

A assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição


Federal beneficia brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros
residentes no País, atendidos os requisitos constitucionais e legais.
(Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 20/04/2017).
Princípios diretamente aplicados no RE 587.970:
universalidade do atendimento e distributividade.
IV - Irredutibilidade do Valor dos Benefícios

Princípio foi relativizado ao longo tempo. A interpretação atual


da jurisprudência dos Tribunais (entendimento majoritário) é
de que não pode haver redução do valor nominal do benefício.

Critérios de comparação: número de salários mínimos da


época da aposentadoria, valor do teto da época da
aposentadoria, índices de correção monetária.
AI 548.735-AgR

STF: "Recurso. Extraordinário. Benefício previdenciário.


Reajuste. Plano de Custeio e Benefícios. Lei 8.213/1991.
Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios (Art.
194, IV, da CF). Não violação. Precedentes do STF. Agravo
regimental improvido.
O critério de reajuste dos benefícios previdenciários, previsto
no inciso II do art. 41 da Lei 8.213/1991 (INPC), substituído pelo
§ 1º do art. 9º da Lei 8.542/1992 (IRSM), e, pelo § 4º do art. 29 da
Lei 8.880/1994 (IPC r), não viola o princípio estampado no art.
194, IV, da CF." (Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, DJ de
23-2-2007)
Art. 41, inciso I: Preservar em caráter permanente o valor real da
data de concessão.
V - Equidade na Forma de Participação no Custeio

A contribuição irá variar de acordo com o poder aquisitivo do


contribuinte. Quem tem mais condição financeira paga mais
(empresas), quem tem menos condições paga menos
(trabalhadores).

Entre os próprios trabalhadores há uma diferenciação


(trabalhadores urbanos pagam mais que os rurais).
Algumas empresas irã contribuir mais que outras para a seguridade
social, seja em razão da atividade econômica, da utilização intensiva
de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do
mercado de trabalho (art. 195, § 9º da CF).

Contribuição do empregador sobre a folha de salários: bancos e


outras empresas do setor (sociedade de crédito, seguradoras,
entidades de previdência complementar, etc) pagam contribuição
adicional.
Contribuição sobre a receita ou faturamento: empresas que
faturam mais, consequentemente, pagam mais contribuição
para a seguridade social, justamente em razão da aplicação do
princípio da equidade, previsto no art. 194, inciso V.
Lei 8.212/91

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,


além do disposto no art. 23, é de: (art. 195, parágrafo 9º da CF/88).

I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas
a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores
avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer
que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste
salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à
disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do
contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença
normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Vide Lei
nº 13.189, de 2015) Vigência

§ 1o No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de


desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras,
distribuidoras
de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização,
agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de
previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste
artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco
por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Vide Medida Provisória nº
2.158-35, de 2001).
STF – Constitucionalidade da contribuição adicional - RE 656.089
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ARTIGO
195, § 9º, DA CF. CSLL. ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS. INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS E EQUIPARADAS. POSSIBILIDADE ANTES E APÓS A EC Nº 20/98.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA.
1. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o estabelecimento
pela EC nº 20/98 de alíquotas diferenciadas da Contribuição Social sobre o Lucro
para as pessoas jurídicas referidas no art. 22, § 1º, da Lei nº 8.212/91 em período
anterior e posterior à introdução do § 9º do art. 195 não viola o princípio da
isonomia.
2. Em consonância com o raciocínio registrado no RE nº 235.036-5/PR, Relator o
Ministro Gilmar Mendes, pode-se afirmar que, objetivamente consideradas, as
pessoas jurídicas enquadradas no conceito de instituições financeiras ou
legalmente equiparáveis a essas auferem vultoso faturamento ou receita –
importante fator para a obtenção dos lucros dignos de destaque e para a
manutenção da tenacidade econômico-financeira. Nesse sentido, a atividade
econômica por elas exercida é fator indicativo de sua riqueza; sobressai do
critério de discrimen utilizado na espécie a maior capacidade contributiva dessas
pessoas jurídicas.
3. No julgamento do RE nº 598.572/SP, o Tribunal Pleno entendeu não ser esse
tratamento diferenciado ofensivo ao princípio da igualdade tributária,
“consubstanciado[s] nos subprincípios da capacidade contributiva, aplicável a
todos os tributos, e da equidade no custeio da seguridade social”. O Tribunal
Pleno, por fim, fixou a seguinte tese: “é constitucional a previsão legal de
diferenciação de alíquotas em relação às contribuições previdenciárias
incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras ou de entidades a
elas legalmente equiparáveis, após a edição da EC nº 20/98”.
4. Nego provimento ao agravo regimental. (Relator Min. Dias Toffoli, Dje
27/09/2016)
Em 2018 o STF analisou novamente o Tema – RE 656.089
Tratando especificamente da cobrança diferenciada da COFINS para
empresas do setor financeiro e reafirmou o entendimento: “É
constitucional a previsão legal de diferenciação de alíquotas em relação
às contribuições sociais incidentes sobre o faturamento ou a receita de
instituições financeiras ou de entidades a elas legalmente equiparáveis”.
Redação vigente até a Emenda Constitucional nº 103/2019
VI - Diversidade da Base de Financiamento;

Redação dada pela Reforma da Previdência (EC 103)


VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas
contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas
vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado
o caráter contributivo da previdência social; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
São várias as fontes de custeio da Seguridade Social
(empresas, trabalhadores, poder público, receita de concursos
de prognósticos, entre outras). Agora passará a separar das
receitas e despesas para cada um dos 3 sistemas.
Pontos que podem ser positivos: retirar das despesas da Previdência o
pagamento de benefícios assistenciais.

Pontos que podem ser negativos: querer que o sistema de repartição se


mantenha apenas com as contribuições previdenciárias arrecadadas.
VII - Caráter Democrático e Descentralizado da Administração, Mediante
Gestão Quadripartite, com Participação dos Trabalhadores, dos
Empregadores, dos Aposentados e do Governo nos Órgãos Colegiados.

A gestão dos recursos, benefícios e serviços deve ter participação de toda


a sociedade.

A participação democrática ocorre por meio de Conselhos (Conselho


Nacional de Previdência – CNPS; Conselho Nacional de Assistência Social
– CNAS; Conselho Nacional de Saúde – CNS).
Contribuições que financiam a Seguridade Social -
custeio
ART. 195 CF/1988 - FINANCIAMENTO
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos


ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Art. 7º da Lei 12.546/2011

Redação original

Art. 7º Até 31 de dezembro de 2014, a contribuição devida pelas


empresas que prestam exclusivamente os serviços de Tecnologia da
Informação (TI) e de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC),
referidos no § 4º do art. 14 da Lei nº 11.774, de 17 de setembro de
2008, incidirá sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas
canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em
substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22
da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, à alíquota de 2,5% (dois
inteiros e cinco décimos por cento).
Redação vigente atualmente

Art. 7º Até 31 de dezembro de 2020, poderão contribuir sobre o


valor da receita bruta, excluídos as vendas canceladas e os
descontos incondicionais concedidos, nº em substituição às
contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da
Lei 8.212, de 24 de julho de 1991: (Redação dada pela Lei nº
13.670, de 2018) (Vigência)
I - as empresas que prestam os serviços referidos nos §§ 4º e 5º do art.
14 da Lei nº 11.774 (TI e TIC e Call Center), de 17 de setembro de 2008;
(Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) (Produção de efeito e vigência)

III - as empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com


itinerário fixo, municipal, intermunicipal em região metropolitana,
intermunicipal, interestadual e internacional enquadradas nas classes
4921-3 e 4922-1 da CNAE 2.0. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
Produção de efeito e vigência
IV - as empresas do setor de construção civil, enquadradas nos
grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0; (Incluído pela Lei nº
12.844, de 2013) (Vigência)

V - as empresas de transporte ferroviário de passageiros,


enquadradas nas subclasses 4912-4/01 e 4912-4/02 da CNAE 2.0;
(Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Vigência)
VI - as empresas de transporte metroferroviário de passageiros,
enquadradas na subclasse 4912-4/03 da CNAE 2.0; (Redação dada
pela Lei nº 12.844, de 2013) (Vigência)

VII - as empresas de construção de obras de infraestrutura,


enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0.
(Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Vigência)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)

Lei 7.689/88

Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas


jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social.
Redação vigente antes da Reforma da Previdência

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência


social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de
que trata o art. 201; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103/2019

I - do trabalhador e dos demais segurados da previdência


social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo
com o valor do salário de contribuição, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo
Regime Geral de Previdência Social; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
STF - incidência de contribuição previdenciária sobre salário do
aposentado que retorna à atividade – RE 447.923

RECURSO EXTRAORDINÁRIO – EXIGIBILIDADE DA


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO TRABALHADOR
APOSENTADO QUE RETORNA À ATIVIDADE (LEI Nº 8.212/91,
ART. 12, § 4º, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.032/95) –
CONSTITUCIONALIDADE –
DECISÃO QUE SE AJUSTA À JURISPRUDÊNCIA

PREVALECENTE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL –

CONSEQUENTE INVIABILIDADE DO RECURSO QUE A IMPUGNA

– SUBSISTÊNCIA DOS FUNDAMENTOS QUE DÃO SUPORTE À

DECISÃO RECORRIDA – AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. (Rel.

Min. Celso de Melo, Dje 12/06/2017)


III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

O percentual dos recursos arrecadados pela loteria federal que


vai para a Seguridade Social está previsto no art. 15 da Lei
13.756/2018.

17,04% é destinado para a Seguridade Social.


IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Regulamentada pela Lei 10.865/2004


Previsão constitucional de criação de outras fontes de custeio
(art 195, § 4º da CF/88).

Art. 195, parágrafo 4º da CF

§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a


manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I.
Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo


anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;
Outros princípios aplicáveis ao custeio
Princípio da compulsoriedade da contribuição

Todas as contribuições previstas na Constituição e regulamentadas


pela legislação infraconstitucional são obrigatórias, salvo no caso do
segurado facultativo.
Princípio da precedência da fonte de custeio

Art. 195

§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser


criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.

Exceção: aposentadoria da pessoa com deficiência (redução no


tempo de contribuição) – Constituição Federal (art. 201, parágrafo 1º,
inciso I) e Lei Complementar nº 142/2013.
Princípio da anterioridade nonagesimal

Art. 195 CF/88

§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só


poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da
publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não
se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
Exceção: Súmula Vinculante 50 do STF - Norma legal que altera
o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita
ao princípio da anterioridade.
Principio da anterioridade respeitado pela Emenda
Constitucional nº 103/2019

Emenda Constitucional nº 103, de 13 de Novembro de 2019

Art. 36. Esta Emenda Constitucional entra em vigor:

I - no primeiro dia do quarto mês subsequente ao da data de


publicação desta Emenda Constitucional, quanto ao disposto
nos arts. 11 (alíquotas de contribuição do servidor público
federal titular de cargo efetivo), 28 (alíquotas de contribuição do
Regime Geral para segurado empregado, inclusive o doméstico
e trabalhador avulso), e 32 (fixa a alíquota de 20% para a
contribuição sobre o lucro das instituições bancárias);
Alíquotas de contribuição do segurado empregado antes da
Reforma da previdência – competências jan e fev/2020

Salário até 1.830,29 ------------------------- alíquota de 8%

Salário de 1.830,30 até 3.050,52 --------- alíquota de 9%

Salário de 3.050,52 até 6.101,06 --------- alíquota de 11%

As alíquotas eram aplicadas de forma efetiva.


Alíquotas de contribuição do segurado empregado após a
Reforma da previdência – a partir da competência março de
2020 (art. 28 da EC 103 – regra transitória)

Salário até 1.045,00 ------------------------- alíquota de 7,5%

Salário de 1.045,01 até 2.000,00 --------- alíquota de 9%

Salário de 2.000,01 até 3.000,00 --------- alíquota de 12%


Salário de 3.000,01 até o teto (6.101,06) --------- alíquota de 14%

As novas alíquotas serão aplicadas de forma progressiva,


incidindo cada alíquota sobre a respectiva faixa salarial.
Exemplos:

1 - Contribuição sobre 1 salário mínimo (R$1.045,00)

Regra antiga – valor da contribuição previdenciária = R$83,60


(alíquota efetiva de 8%)

Regra nova – valor da contribuição previdenciária = R$78,38


(alíquota efetiva de 7,5%)
2 - Contribuição sobre R$2.000,00

Regra antiga – valor da contribuição previdenciária = R$180,00


(alíquota efetiva de 9%)

Regra nova – valor da contribuição previdenciária = R$164,32


(alíquota efetiva de 8,22%)
3 - Contribuição sobre R$4.000,00

Regra antiga – valor da contribuição previdenciária = R$440,00


(alíquota efetiva de 11%)

Regra nova – valor da contribuição previdenciária = R$424,33

425,03 (alíquota efetiva de 10,61%)


4 - Contribuição sobre R$6.101,06

Regra antiga – valor da contribuição previdenciária = R$671,12


(alíquota efetiva de 11%)

Regra nova – valor da contribuição previdenciária = R$718,48


(alíquota efetiva de 11,78%)
Imunidade e isenção tributária

As imunidades tributárias são limitações ao poder de tributar da


Administração Pública e estão previstas na própria Constituição Federal.
É uma hipótese de não incidência do tributo prevista constitucionalmente.

A isenção é uma hipótese de exclusão do crédito tributário, em razão de


previsão constitucional ou legal expressa. O crédito existe, mas a
legislação dispensa o pagamento do tributo.
Art. 195 CF
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,
podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor
do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de
Previdência Social;
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.
Contribuição mensal inferior ao salário mínimo
Emenda Constitucional nº 103 incluiu o parágrafo 14 no art. 195 da CF
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência
cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal
exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de
contribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
Regulamentado transitoriamente pelo art. 29 da EC 103
Art. 29. Até que entre em vigor lei que disponha sobre o § 14 do
art. 195 da Constituição Federal, o segurado que, no somatório
de remunerações auferidas no período de 1 (um) mês, receber
remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de
contribuição poderá:
I - complementar a sua contribuição, de forma a alcançar o
limite mínimo exigido;
II - utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo
de contribuição de uma competência em outra; ou
III - agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de
diferentes competências, para aproveitamento em
contribuições mínimas mensais.
Parágrafo único. Os ajustes de complementação ou
agrupamento de contribuições previstos nos incisos I, II e III do
caput somente poderão ser feitos ao longo do mesmo ano civil.
Antes do segurado complementar ou agrupar a
contribuição ele contará para fins de carência ou
qualidade de segurado?

Princípio da vedação ao retrocesso social


Princípio da vedação da proteção insuficiente
Princípio da dignidade da pessoa humana
O sistema previdenciário brasileiro
A Reforma da Previdência (Emenda Constitucional nº 103, de 13/11/2019)
alterou toda estrutura do Regime Geral de Previdência Social.
Acabou com a aposentadoria por tempo de contribuição, ficando apenas a
aposentadoria por idade com um tempo mínimo de contribuição.
Esse tempo mínimo que é de 20 anos para homens e 15 anos par mulheres
(segurados filiados após a vigência da Reforma) poderá ser alterado por lei
– art. 19 da Emenda 103.
Desconstitucionalização do tempo mínimo.
Estabeleceu regras de transição e inúmeras regras transitórias.
Não tem regra de transição para cálculo dos benefícios.

Constitucionalização ainda que momentânea de vários temas.


Exemplos:
requisitos para concessão da aposentadoria especial (art. 21), critério de
cálculo da maioria dos benefícios (art. 26), alíquotas de contribuição
previdenciária (art. 28).
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL
Redação do caput do art. 201 da Constituição antes da Reforma da
Previdência
A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, nos termos da lei, a.
Redação do caput do art. 201 da Constituição a vigência da
Emenda 103

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do


Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e
de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Redação anterior

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade


avançada;

Redação nova

I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou


permanente para o trabalho e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego


involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao


cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto
no § 2º.
Princípios previstos no caput do art. 201 da CF

Filiação obrigatória: a pessoa física que exerce atividade


remunerada a lei enquadra expressamente na condição de
segurado da Previdência Social, salvo algumas exceções.
Caráter contributivo: quase todos os segurados obrigatórios
contribuem para o sistema previdenciário. Exceção: segurado
especial quando não há comercialização da produção.

A não observância deste princípio não pode impedir a concessão do


benefício previdenciário, salvo se o segurado for o responsável pelo
recolhimento da contribuição.
Equilíbrio financeiro e atuarial: incluído no texto constitucional
pela EC 20/98. Busca manter a saúde financeira do sistema
previdenciário, levando em consideração o custeio (valor arrecado),
o pagamento dos benefícios e variáveis demográficas (expectativa
de sobrevida, população economicamente ativa, etc).
VEDAÇÃO DE ADOÇÃO DE REQUISITOS E CRITÉRIOS DIFERENCIADOS
NA CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS:
Redação anterior
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a
concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de
previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e
quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos
definidos em lei complementar.
Redação nova

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados


para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei
complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de
contribuição distintos da regra geral para concessão de
aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados:
I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
interdisciplinar;

II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a


agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou
associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação.
GARANTIA DO VALOR MÍNIMO DOS BENEFÍCIOS:

Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o


rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário mínimo (art. 201, § 2º teve a redação anterior mantida).

No caso da pensão por morte durante a tramitação da PEC na


Câmara dos Deputados tentaram retirar essa garantia do texto
constitucional, salvo se pensão por morte fosse a única fonte de
renda formal do dependente.
CORREÇÃO DOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO:

Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo


de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.

O índice de correção está previsto na legislação


infraconstitucional – art. 29-B da Lei 8.213/91 – INPC - Índice
Nacional de Preços ao Consumidor
MANUTENÇÃO DO VALOR REAL DOS BENEFÍCIOS:

Assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-


lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei).

O índice de reajuste para os benefícios do INSS para o ano de


2020 foi de 4,48%.
Precedente – STF – Revisão de aposentadoria – AR 1.500

AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE

PROVENTOS. INEXISTÊNCIA DE ERRO DE FATO.

INAPLICABILIDADE DO ART. 58 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES

CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. AÇÃO JULGADA

IMPROCEDENTE.
1. O fato, supostamente inquinado de erro, apresentou-se como o

próprio objeto da controvérsia sobre a qual se manifestou o

Supremo Tribunal Federal. A matéria posta nos autos é

eminentemente de direito - houve julgamento antecipado da lide

pelo magistrado de 1º grau -, e o acórdão rescindendo não admitiu

fato inexistente tampouco considerou inexistente fato que tenha

efetivamente ocorrido.
2. A pretensão de mérito do Autor, que consiste no reajuste de

sua aposentadoria especial em números de salários mínimos

desde abril de 1989 até maio de 1992, não se coaduna com a

assentada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

Precedentes.
3. O art. 58 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
aplica-se somente quando o benefício foi concedido antes da
promulgação da Constituição da República, o que não se tem
no caso vertente, pois o Autor obteve aposentadoria especial
em 15.11.1988, logo após a promulgação da Constituição da
República. Incidência da Súmula 687 do Supremo Tribunal
Federal.
4. O critério de atualização a ser utilizado no caso dos autos

está disposto na Lei n. 8.213/1991.

5. Ação Rescisória não serve para o amplo reexame da causa e

de seus eventuais incidentes processuais.

6. Ação Rescisória julgada improcedente. (Rel. Min. Cármen

Lúcia, Dje 28/08/2009).


PARTICIPANTE DE RPPS – VEDAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO COMO

SEGURADO FACULTATIVO PARA O REGIME GERAL

Art. 201, parágrafo 5º da CF/88

§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na

qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime

próprio de previdência. (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 20, de 1998)


REGRA PERMANENTE DO ART. 201 DA CF PARA CONCESSÃO DE

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS – FIM DA APOSENTADORIA POR

TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Art. 201, parágrafo 7º da CF

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência

social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:


Incisos alterados pela Emenda 103/2019

I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e


dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de
contribuição;

II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco)


anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e para os que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal
Foi alterada a redação do inciso I do parágrafo 7º para acabar

com a aposentadoria por tempo de contribuição.

Restando como possibilidade o enquadramento nas regras de

transição (4 regras) para que já contribuía para o RGPS.


CONTAGEM RECÍPROCA E COMPENSAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Art. 201, parágrafo 9º da CF/88 – redação anterior

§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem

recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na

atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos

regimes de previdência social se compensarão financeiramente,

segundo critérios estabelecidos em lei.


Art. 201, parágrafo 9º da CF/88 – redação nova

§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem

recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de

Previdência Social e os regimes próprios de previdência social,

e destes entre si, observada a compensação financeira, de

acordo com os critérios estabelecidos em lei.


Art. 201, parágrafo 9º-A incluído pela Emenda Constitucional nº 103

§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas atividades de que tratam os arts.
42, 142 e 143 (policiais militares e bombeiros militares; militares das forças
armadas; tempo de serviço militar obrigatório) e o tempo de contribuição ao
Regime Geral de Previdência Social ou a regime próprio de previdência social
terão contagem recíproca para fins de inativação militar ou aposentadoria, e a
compensação financeira será devida entre as receitas de contribuição referentes
aos militares e as receitas de contribuição aos demais regimes.
Previsão constitucional para que benefícios não
programados sejam concedidos pelo setor privado

Redação anterior – dada pela Emenda 20

§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do


trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime
geral de previdência social e pelo setor privado.
Redação nova dada pela Emenda 103

§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de


benefícios não programados, inclusive os decorrentes de
acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente
pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo setor
privado.
INCLUSÃO PREVIDENCIÁRIA PARA ATENDER TRABALAHDORES DE BAIXA
RENDA

Redação anterior

Art. 201, parágrafos 12 e 13 da Constituição Federal

§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para


atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se
dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-
lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo.
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que
trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores
às vigentes para os demais segurados do regime geral de
previdência social. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 47, de 2005)
Redação nova

§§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão


previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender
aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se
encontram em situação de informalidade, e àqueles sem
renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho
doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda.
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o
§ 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 219, DE 25 DE AGOSTO
DE 2015
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA À
SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 133, DE 01 DE JUNHO DE
2015. EMENTA: SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS. DEDUÇÃO DE
MATERIAIS.
Na impossibilidade de discriminação do valor dos serviços e dos
materiais empregados na prestação de serviços odontológicos por
pessoas físicas, a base de cálculo da contribuição social
previdenciária corresponderá a 60% (sessenta por cento) do valor
bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços,
tanto nos casos do contratante ser pessoa jurídica como pessoa
física.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURADO CONTRIBUINTE
INDIVIDUAL. OPÇÃO POR REGIME DE TRIBUTAÇÃO. CABIMENTO.

O segurado contribuinte individual que trabalhe por conta própria, sem relação
de trabalho com empresa ou equiparada, pode optar pela forma de
recolhimento prevista no § 2º, do art. 21, da Lei nº 8.212, de 1991,
independentemente do valor do seu salário de contribuição, o que implicará a
exclusão do seu direito à aposentadoria por tempo de contribuição, caso não
realize a complementação do recolhimento prevista no § 3º do art. 21 da Lei nº
8.212, de 1991.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Constituição da República, de 1988, art. 201, §§ 12 e
13, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005; Lei nº
8.212, de 1991, art. 21, III, e §§ 2º e 3º, na redação dada pela Lei nº 12.470, de
2011, art. 28; Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº
3.048, de 1999, art. 199A, inciso I e §§1º e 2º; e Instrução Normativa RFB nº
971, de 2009, art. 65 e §§ 6º e 7º e art. 205.

SC Cosit nº 2192015.
Facultatividade do Regime de Previdência Complementar

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar


e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social, será facultativo, baseado na constituição de
reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
O Regime de Previdência Complementar continuará

sendo facultativo, mesmo para os novos segurados

do RGPS.

A capitalização foi retirada da Reforma da

Previdência.
Outros princípios Constitucionais aplicáveis ao direito
previdenciário

Direito adquirido

CF – art. 5º

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido.


“... significa direito incorporado ao patrimônio do titular, bem seu. É
direito. A aquisição, referida no título, quer dizer que qualquer ataque
exterior por via de interpretação ou de aplicação da lei. Distinto do
interesse ou da faculdade, não pode ser alterado por esta.”

Wladimir Novaes Martinez no livro Princípios no Direito Previdenciário


(2001, p 259)
Discussão sobre o direito adquirido para regra de acumulação
de benefícios (regra nova)

A reforma da previdência restringe o recebimento de aposentadoria


e pensão por morte – art. 24 da EC 103

Garante o recebimento do benefício mais vantajoso e um percentual


dos demais benefícios.
Exemplo: aposentada do INSS recebe aposentadoria desde 2018, cujo valor
atual é R$3.000,00, o marido servidor público aposentado da União faleceu
em 14/11/2019 e deixou uma pensão de R$5.200,00.

A pensão é o benefício mais vantajoso, portanto, receberá um percentual


da aposentadoria.

A aposentadoria pode ser reduzida mesmo tendo direito adquirido ao


benefício antes da Reforma?
Direito adquirido ao benefício mais vantajoso

É obrigação do INSS (órgão responsável pela concessão do


respectivo benefício previdenciário) conceder sempre o
benefício calculado com base na regra mais vantajosa, devendo
considerar todas as hipóteses possíveis de cálculo do
benefício.
Regime Geral – IN 77/2015

Art. 687. O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer
jus, cabendo ao servidor orientar nesse sentido.

Na prática o INSS cumpre essa obrigação?


Precedente do STF – RE nº 630.501
APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. CUMPRE OBSERVAR O
QUADRO MAIS FAVORÁVEL AO BENEFICIÁRIO, POUCO IMPORTANDO O
DECESSO REMUNERATÓRIO OCORRIDO EM DATA POSTERIOR AO
IMPLEMENTO DAS CONDIÇÕES LEGAIS. CONSIDERAÇÕES SOBRE O
INSTITUTO DO DIREITO ADQUIRIDO, NA VOZ ABALIZADA DA RELATORA
– MINISTRA ELLEN GRACIE – SUBSCRITAS PELA MAIORIA
Atribuo os efeitos de repercussão geral ao acolhimento da tese
do direito adquirido ao melhor benefício, assegurando-se a
possibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos
ou revisados de modo que correspondam à maior renda mensal
inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas
mensais que estariam percebendo na mesma data caso
tivessem requerido o beneficio em algum momento anterior,
desde quando possível a aposentadoria proporcional, com
efeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da
data de entrada do requerimento, respeitadas a decadência do
direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas.”
(Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 26/08/2013)
Direito ao melhor benefício com base na regra antiga:
Segurado deu entrada no benefício de aposentadoria no dia seguinte ao dia
do aniversário e havia se desligado do emprego a 45 dias atrás.

INSS retroagiu a data da DER para o dia posterior ao desligamento do


emprego (art. 49, inciso alínea b, combinado com art. 54 da Lei 8.213/91),
mas concedeu a aposentadoria com incidência de fator previdenciário.

Segurado ganhou 45 dias a mais de benefício, mas recebeu 700,00


por mês a menos.
Direito ao melhor benefício, inclusive, com base nas regras de
transição da Emenda 103/2019

a) Regra do número mínimo de pontos: mulher 30 anos, homem 35


anos + número mínimo de pontos (soma da idade com o tempo de
contribuição)

O número de pontos para o ano de 2019 era de 86 pontos mulher e 96


pontos homem. Aumento de 1 ponto a cada ano até atingir 100
pontos para as mulheres e 105 pontos para homens.
b) Regra da idade mínima: mulher 30 anos, homem 35 anos + idade
mínima.

A idade mínima de 2019 era de 56 anos para mulheres e 60 anos para


homens. Aumento de 6 meses a cada até completar 62 anos para
mulheres e 65 anos homens.
c) Pedágio de 50% : mulher 30 anos de contribuição + pedágio de 50% do
tempo que faltava para cumprir o tempo mínimo em 13/11/2019.

Homem 35 anos de contribuição + pedágio de 50% do tempo que faltava


para cumprir o tempo mínimo em 13/11/2019.

Para se encaixar nesta regra a mulher precisava ter mais de 28 anos em


homem mais de 33 anos em 13/11/2019.

Não tem exigência de idade mínima para esta regra.


d) Pedágio de 100% : mulher 30 anos de contribuição + pedágio de 100%
do tempo que faltava para cumprir o tempo mínimo em 13/11/2019.

Homem 35 anos de contribuição + pedágio de 100% do tempo que faltava


para cumprir o tempo mínimo em 13/11/2019.

Para se encaixar nesta regra a mulher precisa cumprir a idade mínima de


57 anos e o homem a idade mínima de 60 anos.

.
Segurada com 57 anos de idade e 31 anos de contribuição deu entrada no
pedido de aposentadoria por tempo em março de 2020.

O INSS terá que apurar o valor da aposentadoria com base na regra antiga
e verificar se ela cumpriu os requisitos de uma ou mais regras de transição
da Emenda 103/2019.

1º Tem o número mínimo de pontos para anular o fator previdenciário.

2º Cumpriu os requisitos também das regras de transição do artigo 15


(número mínimo de pontos) e art. 16 (regra da idade mínima) da EC 103.
3º E se considerarmos que o segurada com mais de 30 anos de
contribuição e a segurado com mais de 35 anos se enquadra na
regra do pedágio de 100% (art. 20) ou de 50% (art. 17), no caso
concreto a segurada terá cumprido os requisitos para 5 regras
de aposentadoria diferentes.
Regra do descarte – o § 6º do art. 26 da Emenda 103 permite a
exclusão de contribuições que resultem em redução do valor do
benefício, desde que mantido o tempo mínimo de contribuição.

O segurado deve indicar o período a ser excluído ou INSS terá a


obrigação de excluir, tendo em vista do direito ao benefício mais
vantajoso?
Princípio da dignidade da pessoa humana

Constituição Federal

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;


Utilizado principalmente nas hipóteses de cessação ilegal e
indeferimento de benefício.

Cessação de benefício por incapacidade – única fonte de renda


do segurado.

Indeferimento de pensão por morte.


Princípio da isonomia/igualdade

Art. 5º da CF/88

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Homem com 38 anos de contribuição e 60 anos de idade cumpre os
requisitos para aposentadoria com base na regra do pedágio do
100% (art. 20 da EC 103) – aposentadoria com 100% da média.

Homem 38 anos de contribuição e 59 anos de idade (97 pontos)


cumpre os requisitos para aposentadoria com base na regra do
número mínimo de pontos (art. 15 da EC 103) – aposentadoria com
96% da média.
Um trabalhador com o mesmo tempo de contribuição que o outro,
mas com um ano a menos na idade não teria direito ao mesmo
percentual da média por força do princípio da isonomia?
Princípios da Administração Pública

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
Natureza social e alimentar dos benefícios previdenciários

CF/88

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,


o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
Princípios implícitos

Princípio da vedação ao retrocesso social: proibição da


supressão ou redução, ainda que parcial, de direitos sociais.

Princípio da vedação da proteção insuficiente: em matéria de


previdenciária e assistência social o Estado poderia deixar de
proteger alguma situação de risco social?
Princípio da vedação da proteção insuficiente, princípio da
universalidade do atendimento X princípio da legalidade.

Ex: caso do menor sob guarda.

A Lei 8.213/91 só equipara a filho o enteado e o menor tutelado.


Outros princípios constitucionais aplicáveis ao processo
previdenciários na via judicial e/ou administrativa

Princípio do acesso à justiça

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário


lesão ou ameaça a direito;
Ampla defesa e contraditório

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Razoável duração do processo

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são


assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Interpretação das normas constitucionais e leis de proteção
social

Normas constitucionais: conflito entre princípios.

Princípio da legalidade X princípio da dignidade da pessoa


humana, vedação ao retrocesso social, natureza social e
alimentar do benefício previdenciário
Ponderação entre princípios
Neste sentido Alexy explica que:

“As possibilidades jurídicas são determinadas por regras e essencialmente


por princípios opostos. Princípios contém pois, tomados respectivamente
em si, sempre somente um comando prima facie. A determinação da
medida comandada de cumprimento de um princípio em relação às
exigências de um princípio oposto é a ponderação. Por essa razão a
ponderação é a forma de aplicação específica do princípio.”
Leis de proteção social
Lei 8.213/91

LOAS – Lei 8.742/93

Lei Complementar 142/2013

Interpretação sistemática entre a Constituição Federal e as


normas infraconstitucionais.
1º Exemplo: cálculo da aposentadoria na regra transitória do
pedágio de 50% - cálculo da média de todas os salários de
contribuição, multiplicado pelo fator previdenciário.

Parte do cálculo com base na regra nova (art. 26 da EC 103) e


parte com base na regra antiga (art. 29, parágrafo 7º da Lei
8.213/91).
Art. 26 da EC 103/2019

Parágrafo único. O benefício concedido nos termos deste


artigo terá seu valor apurado de acordo com a média aritmética
simples dos salários de contribuição e das remunerações
calculada na forma da lei, multiplicada pelo fator
2º Exemplo: cálculo da aposentadoria da pessoa com
deficiência, cujos requisitos foram cumpridos após a Reforma
da Previdência – o art. 22 da Emenda 103 diz que a
aposentadoria será concedida na forma da Lei Complementar
142, inclusive, quanto aos critérios de cálculo.
Lei Complementar 142/2013

Art. 8o A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado com


deficiência será calculada aplicando-se sobre o salário de benefício,
apurado em conformidade com o disposto no art. 29 da Lei no 8.213, de 24
de julho de 1991, os seguintes percentuais:

I - 100% (cem por cento), no caso da aposentadoria de que tratam os


incisos I, II e III do art. 3º ; ou
II - 70% (setenta por cento) mais 1% (um por cento) do salário de benefício
por grupo de 12 (doze) contribuições mensais até o máximo de 30% (trinta
por cento), no caso de aposentadoria por idade.
Interpretação sobre o período básico de cálculo
Art. 26 EC 103/2019

Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regime próprio de


previdência social da União e do Regime Geral de Previdência Social, será
utilizada a média aritmética simples dos salários de contribuição e das
remunerações adotados como base para contribuições a regime próprio
de previdência social e ao Regime Geral de Previdência Social, ou como
base para contribuições decorrentes das atividades militares de que
tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, atualizados
monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do período
contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da
contribuição, se posterior àquela competência.

§ 2º O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a 60% (sessenta


por cento) da média aritmética definida na forma prevista no caput e no §
1º, com acréscimo de 2 (dois) pontos percentuais para cada ano de
contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte) anos de contribuição nos
casos:
3º Exemplo: segurado contribuiu por 1 ano depois de julho de 1994 sobre o
teto e completou os requisitos para aposentadoria por idade (65 anos de
idade e 15 anos de contribuição).

O cálculo de acordo com o art. 26 da Emenda Constitucional 103 é média


simples dos salários de contribuição correspondente a 100% do período
contributivo desde julho de 1994.
Período contributivo desde julho de 1994 = 12 contribuições de março de
2019 a fevereiro de 2020.

Média simples das contribuições sobre o teto = R$5.853,89

Aposentadoria com 60% desta média?

R$3.512,33

Ou aplicaria o divisor fixo previsto na Lei 9.876/99 (art. 3º § 2º - divisor


mínimo de 60% do período decorrido desde julho de 1994) = 185 meses
Entendimento do STF sobre regime jurídico híbrido – RE 671.628

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
SERVIÇO. DIREITO ADQUIRIDO. ARTIGO 3º DA EC N. 20/98. CONTAGEM DE
TEMPO DE SERVIÇO POSTERIOR A 16.12.1998. BENEFÍCIO CALCULADO
NOS TERMOS DAS NORMAS VIGENTES ANTES DO ADVENTO DA
REFERIDA EMENDA. IMPOSSIBILIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM
CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DESTA CORTE
1. O segurando que queira incorporar tempo de serviço posterior ao
advento da EC n. 20/98 para se aposentar, não pode se valer da legislação
anterior para calcular o benefício previdenciário, devendo, sim, submeter-
se ao novo ordenamento, com observância das regras de transição.
Porquanto, de forma diversa, se criaria um regime misto de aposentadoria
incompatível com a lógica do sistema. Nesse sentido, RE n. 575.089,
Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 24.10.08, assim
ementado:
EMENTA: INSS. APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO. DIREITO
ADQUIRIDO. ART. 3º DA EC 20/98. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO
POSTERIOR A 16.12.1998. POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO CALCULADO EM
CONFORMIDADE COM NORMAS VIGENTES ANTES DO ADVENTO DA
REFERIDA EMENDA. INADMISSIBILIDADE. RE IMPROVIDO. I - Embora
tenha o recorrente direito adquirido à aposentadoria, nos termos do art. 3º
da EC 20/98, não pode computar tempo de serviço posterior a ela, valendo-
se das regras vigentes antes de sua edição.
II - Inexiste direito adquirido a determinado regime jurídico, razão pela qual
não é lícito ao segurado conjugar as vantagens do novo sistema com
aquelas aplicáveis ao anterior. III - A superposição de vantagens
caracteriza sistema híbrido, incompatível com a sistemática de cálculo dos
benefícios previdenciários. IV - Recurso extraordinário improvido.”

2. In casu, o acórdão originariamente recorrido assentou:


“APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. EC Nº 20, DE 1998. TEMPO
DE SERVIÇO POSTERIOR A 16-12-1998. Inviável a utilização de tempo de
serviço posterior a 16-12-1998 e a aplicação do regramento anterior à EC
nº 20/98, sem as alterações por ela estabelecidas.”

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (Rel. Min. Luiz Fux, Dje
24/04/2012)
Obrigado pela atenção!
Abelardo Sapucaia

Você também pode gostar