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Pontos atualizados: nº 29 (Info 955); nº 10 (Info 957); nº 07 (Info 962); nº 02 (Info 855 e Info 964);
nº 07 (Info 992); nº 21 (Info 992)
1. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
1.1. Princípio da anterioridade tributária e revogação de benefício fiscal – (Info 757) –
IMPORTANTE!!! TEMA POLÊMICO!!!
Nos casos em que a majoração de alíquota tenha sido estabelecida somente na lei de conversão,
o termo inicial da contagem é a data da conversão da medida provisória em lei.
STF. Plenário. RE 568503/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 12/2/14 (Info 735)
OBS:
Imagine agora a seguinte situação: O Presidente da República editou, em 29/1/04, a Medida
Provisória 164/2004 instituindo o PIS/PASEP. Essa MP foi convertida na Lei nº 10.865,
promulgada em 30/4/04. Durante a tramitação da Medida Provisória 164/2004 no Congresso, foi
inserido no projeto de conversão um artigo majorando a alíquota do PIS incidente sobre a água
mineral. Desse modo, a majoração não havia sido prevista, originariamente, pela Medida
Provisória, tendo surgido somente quando a MP foi convertida na Lei.
O prazo de 90 dias será contado da publicação da MP ou da Lei? O prazo será iniciado da data
da publicação da lei. Em regra, o termo inicial para a contagem do prazo nonagesimal seria a data
da publicação da medida provisória e não a da lei na qual fosse convertida. Todavia, como no
caso houve o agravamento da carga tributária pela lei de conversão, a contagem do termo
iniciar-se-ia da publicação desta. Assim, segundo decidiu o STF, nos casos em que a majoração de
alíquota tenha sido estabelecida somente na lei de conversão, o termo inicial da contagem é a data
da conversão da medida provisória em lei.
2. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
2.1. IMUNIDADE DAS ENTIDADES EDUCACIONAIS E ASSISTENCIAIS: Os requisitos
para o gozo de imunidade devem estar previstos em lei complementar – (Info 855 e Info 964) –
IMPORTANTE!!! – (TJSP-2017)
OBS:
Para entendermos esse julgado, é preciso relembrar dois outros julgamentos do STF:
• o RE 56622/RS, que analisou o § 7º do art. 195 da CF/88;
• as ADIs 2028, 2036, 2228 e 2621.
RE 56622/RS
Onde estão previstas as hipóteses de imunidade tributária? A imunidade tributária deverá ser
sempre prevista na CF/88. As hipóteses mais conhecidas estão listadas no art. 150, VI, da CF/88.
Existem, contudo, inúmeras outras imunidades previstas ao longo do texto constitucional. Veja
alguns exemplos:
Art. 5º, XXXIV, “a” e “b”, LXXIII, LXXIV, LXXVI e LXXVII: imunidade que incide sobre
“taxas”.
Art. 149, § 2º, I: imunidade referente a “contribuições sociais” e CIDE.
Art. 195, § 7º: imunidade incidente sobre “contribuições sociais”.
Imunidade para entidades beneficentes de assistência social: A CF/88 conferiu imunidade para as
entidades beneficentes de assistência social afirmando que elas estão dispensadas de pagar
contribuições para a seguridade social. Veja:
Art. 195 (...)
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes
de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
Atenção: apesar de a redação do parágrafo falar em “isentas”, a doutrina afirma que se trata,
efetivamente, de uma hipótese de imunidade. Não é um caso de “isenção”.
Requisitos do § 7º do art. 195: O § 7º do art. 195 da CF/88 traz dois requisitos para o gozo desta
imunidade:
1) que se trate de pessoa jurídica que desempenhe atividades beneficentes de assistência
social.
Obs: a assistência social é tratada no art. 203 da CF/88. O STF, contudo, confere um sentido
mais amplo ao e afirma que os objetivos da assistência social elencados nos incisos do art.
203 podem ser conseguidos também por meio de serviços de saúde e educação. Assim, se a
entidade prestar serviços de saúde ou educação também poderá, em tese, ser classificada
como de “assistência social”.
A lei a que se refere o § 7º é lei complementar ou ordinária? Lei COMPLEMENTAR. Esse assunto
era extremamente polêmico na doutrina e na jurisprudência, mas o STF apreciou o tema sob a
sistemática da repercussão geral e fixou a seguinte tese (que, conforme veremos, foi
posteriormente, modificada):
Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar.
STF. Plenário. RE 566622, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 23/2/17 (repercussão geral).
A redação do § 7º fala apenas em “lei”. Por que o STF entendeu que se trata de “lei
complementar”? Como vimos acima, as imunidades tributárias são classificadas juridicamente
como “limitações constitucionais ao poder de tributar” e a CF/88 exige que este tema seja tratado
por meio de lei complementar. Confira:
Art. 146. Cabe à lei complementar: (...)
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
Isso gera alguma confusão porque aprendemos na faculdade, que, quando a CF/88l fala apenas
em "lei", sem especificar mais nada, ela está se referindo à lei ordinária. Ex: art. 5º, XXXII ("o
Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor"). Trata-se do Código de Defesa do
Consumidor, uma lei ordinária (Lei nº 8.078/90). Também aprendemos que a CF/88, quando quer
exigir lei complementar, o faz expressamente. Ex: art. 18, § 2º ("Os Territórios Federais integram a
União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei
complementar."). O § 7º do art. 195, contudo, deve ser interpretado em conjunto com o art. 146, II.
Assim, a Constituição exigiu sim lei complementar, mas não diretamente no § 7º do art. 195 e
sim na previsão geral do art. 146, II.
Maior estabilidade: Além disso, o STF afirmou que a imunidade de contribuições sociais serve
não apenas a propósitos fiscais, mas também para a realização dos objetivos fundamentais da
República, como a construção de uma sociedade solidária e voltada para a erradicação da pobreza.
Logo, esta espécie de imunidade não pode ficar à mercê da vontade transitória de governos. As
regras para gozar dessa imunidade devem ser respeitadas por todos os governos, não sendo,
portanto, correto que o regime jurídico das entidades beneficentes fique sujeito a flutuações
legislativas constantes, muitas vezes influenciadas pela vontade de arrecadar. Assim, um tema tão
sensível como esse não pode ser tratado por lei ordinária ou medida provisória. Dessa feita,
diante da relevância das imunidades de contribuições sociais para a concretização de uma
política de Estado voltada à promoção do mínimo existencial, deve incidir nesse caso a reserva
legal qualificada prevista no art. 146, II, da CF/88 (lei complementar).
Existe alguma lei que preveja os requisitos que deverão ser atendidos pela entidade para gozar da
imunidade de que trata o § 7º do art. 195 da CF/88? SIM. Os requisitos legais exigidos na parte
final do § 7º, enquanto não editada nova lei complementar sobre a matéria, são somente aqueles
previstos no art. 14 do CTN. Assim, para gozarem da imunidade, as entidades devem obedecer
às seguintes condições:
a) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer
título;
b) aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
c) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
Mas o CTN (Lei nº 5.172/66) é uma lei ordinária ou complementar? O CTN foi editado em 1966
como sendo uma lei ordinária. No entanto, ele foi "recepcionado com força de lei complementar
pela Constituição Federal de 1967, e mantido tal status com o advento da CF/1988, visto que, tanto
esta quanto aquela Magna Carta reservavam à lei complementar a veiculação das normas gerais em matéria
tributária, a regulação das limitações ao poder de tributar e as disposições sobre conflitos de competência."
(ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 249). Em suma,
atualmente, o CTN possui status de lei complementar e, portanto, atende o requisito do art. 146,
II, da CF/88.
• Por outro lado, as REGRAS SOBRE O PROCEDIMENTO de habilitação dessas entidades nos
órgãos da Administração Pública poderão ser disciplinadas por meio de lei ordinária. Ex:
previsão de que a entidade deverá obter, junto ao Conselho Nacional de Assistência Social, o
Certificado e o Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, renovado a cada três anos. Para o STF,
esta norma trata de meros aspectos procedimentais necessários à verificação do atendimento das
finalidades constitucionais da regra de imunidade.
Nas palavras do saudoso Min. Teori Zavascki, “a reserva de lei complementar aplicada à
regulamentação da imunidade tributária, prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal (CF), limita-se
à definição de contrapartidas a serem observadas para garantir a finalidade beneficente dos serviços
prestados pelas entidades de assistência social, o que não impede seja o procedimento de habilitação dessas
entidades positivado em lei ordinária.” Vale ressaltar que a lei ordinária somente poderá prever regras
que não extrapolem as exigências estabelecidas na lei complementar (atualmente, o art. 14 do
CTN).
Com base nisso, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 9.732/98, na parte em que
alterou a redação do art. 55, inciso III, da Lei 8.212/91 e acrescentou-lhe os §§ 3º, 4º e 5º, bem como
dos arts. 4º, 5º e 7º da Lei 9.732/98. A Lei 9.732/98 extrapolou os requisitos estabelecidos no art. 14
do CTN criando obstáculos novos, adicionais aos já previstos na lei complementar, sendo,
portanto, formalmente inconstitucional por afronta ao art. 146, II, da CF/88. Assim, as entidades
beneficentes que preenchiam os requisitos do art. 14 do CTN, mas que não tiveram direito à
imunidade por conta das exigências mais rigorosas da Lei nº 9.732/98 ganharam no STF a
possibilidade de reaver o valor que pagaram a título de contribuições para a seguridade social.
1º ponto: a tese fixada ficou muito abrangente e acabou por gerar uma aparente conclusão
exposta nas ADIs 2028, 2036, 2228 e 2621: A tese originalmente fixada no RE 566622 foi a seguinte:
“Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei
complementar.” STF. Plenário. RE 566622, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 23/2/17
(repercussão geral) (Info 855).
Ocorre que, no julgamento das ADIs 2028, 2036, 2228 e 2621, o STF estabeleceu uma importante
distinção:
• requisitos da imunidade devem ser previstos em lei complementar;
• aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, fiscalização e controle
administrativo podem ser disciplinados por lei ordinária.
• a lei complementar é forma somente exigível para a definição do modo beneficente de
atuação das entidades de assistência social contempladas pelo art. 195, § 7º, da CF,
especialmente no que se refere à instituição de contrapartidas a serem observadas por elas.
Diante disso, o STF achou por bem reformular a redação da tese. Compare:
Tese fixada no RE 566622 – Tema 32
Redação original Redação modificada após os embargos
Os requisitos para o gozo de imunidade hão A lei complementar é forma exigível para a
de estar previstos em lei complementar. definição do modo beneficente de atuação das
entidades de assistência social contempladas
pelo art. 195, § 7º, da CF, especialmente no
que se refere à instituição de contrapartidas a
serem por elas observadas.
Com isso, a tese fixada no RE 566622 ficou sendo um trecho da emenda das ADIs 2028, 2036, 2228
e 2621.
2º ponto: esclareceu a questão da constitucionalidade do art. 55, II, da Lei 8.212/91: O STF acolheu
parcialmente os embargos de declaração para assentar a constitucionalidade do art. 55, II, da Lei
8.212/91, na redação original e nas redações que lhe foram dadas pelo art. 5º da Lei 9.429/96 e
pelo art. 3º da Medida Provisória 2.187-13/2001.
Obs: atualmente, o art. 55 da Lei 8.212/91 não está mais em vigor. Foi revogado pela Lei
12.101/09.
Não é possível que o CEBAS seja negado em razão do descumprimento de requisitos que não
estejam previstos em lei complementar.
O certificado de entidade beneficente de assistência social é submetido à renovação periódica a
partir da demonstração dos requisitos previstos em legislação complementar vigente em cada
época.
O art. 2º, IV, do Decreto 752/93 (atualmente revogado), que fazia exigências para a concessão ou
renovação do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, é inconstitucional porque os
requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar (STF.
Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o
ac. Min. Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017).
Assim, o ato que negou a renovação de CEBAS com base no art. 2º, IV, do Decreto 752/93
violou direito líquido e certo da entidade.
STF. 1ª Turma. RMS 24065/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 12/3/19 (Info 933).
Essas circunstâncias demonstram que a imunidade tributária recíproca deve abranger os bens e
direitos integrantes do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), em consonância com a
jurisprudência do STF que impõe um requisito indispensável para a aplicação da imunidade
recíproca: a blindagem deferida pela Constituição somente incide sobre o patrimônio, a renda ou
os serviços não afetados à exploração de atividade econômica.
No julgamento do RE 594015, o STF Corte fixou a tese de que a imunidade recíproca não se
estende a empresa privada arrendatária de imóvel público quando esta explorar atividade
econômica com fins lucrativos. Esse precedente não se aplica à presente hipótese porque, com
relação ao PAR, a concessão da imunidade não irá gerar qualquer consequência prejudicial ao
equilíbrio econômico ou à livre iniciativa. Isso porque não há atividade comercial sendo
desenvolvida no âmbito do PAR.
Imunidade tributária recíproca: Ela está prevista na CF/88, em seu art. 150, VI, “a”. Isso significa
que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem cobrar impostos sobre o
patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros. Vejamos a redação do dispositivo
constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI — instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Essa imunidade funciona como um instrumento de preservação e calibração do pacto federativo,
impedindo que os impostos sejam utilizados como instrumento de pressão indireta de um ente
sobre outro (Min. Joaquim Barbosa). Ex.: se os Municípios tomassem decisões administrativas que
desagradassem o Governo Estadual, este poderia, em tese, aumentar os impostos que incidiriam
sobre o Poder Público municipal.
Sabbag menciona que essa imunidade tem como fundamento, ainda, o postulado da isonomia
dos entes constitucionais. Ora, pelo fato de todos os entes estarem em pé de igualdade, não
havendo hierarquia, nenhum deles pode estar sujeito ao poder de tributar do outro ( Manual de
Direito Tributário.5. ed., São Paulo: Saraiva, p. 254).
A imunidade tributária recíproca possui status de cláusula pétrea, porque ela é um instrumento
de proteção da forma federativa (art. 60, § 4º, I, da CF/88).
Não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional, ou
seja, não pode ser considerada como um mero conselho profissional. Isso porque a OAB,
além das finalidades corporativas (relacionadas com os advogados), possui também
finalidades institucionais (ex: defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado
democrático de direito, os direitos humanos etc.).
Assim, o STF, naquele julgado, decidiu que a OAB seria um “serviço público independente”,
categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Veja os
principais trechos da ementa do acórdão:
(...) 2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à
Administração Pública Direta e Indireta.
3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um
serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades
jurídicas existentes no direito brasileiro.
4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem
referido como "autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada
independência das hoje chamadas "agências".
5. Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está
sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está
vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária.
6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função
constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à
administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a
atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou
dependência entre a OAB e qualquer órgão público.
7. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e
independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de
fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades
corporativas. Possui finalidade institucional. (...)
STF. Plenário. ADI 3026, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 08/06/2006.
Principais distinções entre a OAB e os demais Conselhos Profissionais:
CONSELHOS PROFISSIONAIS EM GERAL OAB
São autarquias. Não é uma autarquia. Não é uma entidade da
Administração Indireta.
Não se sujeita a controle hierárquico ou ministerial
da Administração Pública, nem a qualquer das
suas partes está vinculada.
São dotados de poder de polícia e poder É dotada de poder de polícia e poder arrecadador.
arrecadador.
Exercem uma atividade tipicamente pública, É mais que um mero conselho profissional. Além
qual seja, a fiscalização do exercício das finalidades corporativas (relacionadas com os
profissional. advogados), possui também finalidades
institucionais (ex: defender a Constituição, a
ordem jurídica do Estado democrático de direito,
os direitos humanos etc.).
As demandas que os envolvam são de Compete à justiça federal processar e julgar ações
competência da Justiça Federal (art. 109, I, da em que a OAB, quer mediante o conselho federal,
CF/88) (Súmula 66 do STJ). quer seccional, figure na relação processual (STF.
RE 595332/PR, julgado em 31/8/2016).
Por serem autarquias federais, os Conselhos Há polêmica. O TCU decidiu recentemente que a
Profissionais têm o dever de prestar contas ao OAB deve prestar contas. No entanto, a OAB
Tribunal de Contas da União (art. 71, II, alega que essa decisão do TCU viola o
CF/88). entendimento do STF sobre o tema
Quando vão fazer a contratação de seu pessoal A OAB, quando vai contratar seus empregados,
é imprescindível a realização de concurso não precisa realizar concurso público (STF ADI
público. STF. 1ª Turma. MS 28469, Rel. Min. 3026).
Luiz Fux, j. 9/6/15.
Só podem demitir seus servidores após prévia Pode demitir seus funcionários sem a instauração
instauração de processo administrativo (arts. de processo administrativo.
41 da CF/88 e 19 do ADCT. STF. 2ª Turma. RE
838648 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 7/4/15.
Não podem propor ações de controle O Conselho Federal da OAB é legitimado para
concentrado de constitucionalidade porque propor ADI, ADC e ADPF (art. 103, VII, da
não estão no rol do art. 103 da CF/88, que é CF/88).
taxativo.
Podem ajuizar ação civil pública porque são Pode ajuizar ações civis públicas, nos termos do
autarquias (art. 5º da Lei nº 7.347/85. STJ. 2ª art. 54, XIV da Lei nº 8.906/94.
Turma. REsp 1388792/SE, Rel. Min. Herman
Benjamin, j. 6/5/2014.
Gozam de imunidade tributária recíproca. Mesmo sem serem autarquias, gozam de
imunidade tributária recíproca.
OAB E IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
A OAB goza de imunidade tributária recíproca, mesmo não sendo uma autarquia? SIM. É pacífico
o entendimento de que a OAB goza de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da
CF/88). Isso porque ela desempenha atividade própria de Estado.
A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil é da espécie
recíproca (art. 150, VI, “a” da CF/88), na medida em que a OAB desempenha
atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado
democrático de direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a seleção
e controle disciplinar dos advogados). STF. Plenário. RE 259976 AgR, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, j. 23/03/10. STF. Plenário. RE 405267, Rel. Min. Edson Fachin, j.
06/09/18.
Órgãos da OAB: A OAB possui, em sua estrutura interna, alguns “órgãos” (obs: a palavra
“´órgãos” é utilizada pelo art. 45 da Lei nº 8.906/94). São órgãos da OAB:
I – o Conselho Federal;
II – os Conselhos Seccionais;
III – as Subseções;
IV – as Caixas de Assistência dos Advogados.
Caixas de Assistência dos Advogados: A Caixa de Assistência dos Advogados é...
- um “órgão” integrante da estrutura da OAB
- mas que possui personalidade jurídica própria (a OAB é uma pessoa jurídica e, a Caixa, outra)
- e a sua finalidade principal é prestar assistência aos advogados inscritos no respectivo no
Conselho Seccional (art. 62 da Lei nº 8.906/94).
Exemplo: A OAB/AM (Conselho Seccional) é uma pessoa jurídica. Vinculada à OAB/AM existe
um “órgão” chamado “Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas” (CAAAM). A
CAAAM é uma pessoa jurídica distinta da OAB/AM.
Serviços sociais para os advogados: A Caixa de Assistência, como já dito, é o “órgão” da OAB
responsável por oferecer serviços sociais aos advogados, estagiários inscritos no Conselho e seus
dependentes. Quais serviços? Alguns exemplos de serviços oferecidos por algumas Caixas: plano
de saúde, convênios com lojas e restaurantes, realização de eventos para os advogados, livrarias
com preços reduzidos para os advogados etc.
As Caixas de Assistência dos Advogados também gozam de imunidade tributária recíproca? SIM.
Conforme já explicado, a OAB possui finalidades institucionais e corporativas:
• finalidades institucionais: defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de
direito, os direitos humanos etc.;
• finalidades corporativas: defender os interesses da classe dos advogados. Uma parte dessas
finalidades corporativas é desempenhada pelas Caixas de Assistência.
Para o STF, ambas as atividades devem receber o mesmo tratamento de direito público. Logo,
entende-se que as Caixas de Assistências dos Advogados prestam serviço público delegado e
possuem status jurídico de ente público. Vale ressaltar, ainda, que elas não exploram atividades
econômicas em sentido estrito com intuito lucrativo. Diante disso, as Caixas de Assistência dos
Advogados devem gozar da imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, “a”, do Texto
Constitucional, tendo em vista a impossibilidade de se conceder tratamento tributário
diferenciado a órgãos da OAB, de acordo com as finalidades que lhe são atribuídas por lei.
2.5. O maquinário para impressão de livros não goza de imunidade tributária – (Info 904)
A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o
maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos.
A imunidade tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento, da
cultura e da produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer material
assimilável a papel utilizado no processo de impressão e à própria tinta especial para jornal,
mas não é aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são assimiláveis ao papel de
impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade constitucional do art. 150, VI,
“d”, da CF/88.
STF. 1ª T. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, j. 29/5/18 (Info 904).
OBS:
Imunidade tributária: Consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas
atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de uma
dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar, sendo
sempre prevista na própria CF. As normas de imunidade tributária constantes da Constituição
objetivam proteger valores políticos, morais, culturais e sociais essenciais e não permitem que os
entes tributem certas pessoas, bens, serviços ou situações ligadas a esses valores.
Imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88: O art. 150, VI, “d”, da CF/88 prevê que os “livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão” gozam de imunidade tributária quanto
aos impostos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Vamos estudar um pouco mais sobre esta previsão:
Nomenclatura: É chamada pela doutrina de imunidade tributária “cultural” ou “de imprensa”.
Razão de sua existência: Esta imunidade foi prevista pelo legislador constituinte como uma forma
de fomentar a difusão da cultura, do ensino e da liberdade de expressão , evitando que tais
manifestações fossem impedidas ou dificultadas por força do pagamento de impostos.
Histórico desta imunidade: O Min. Dias Toffoli, em rico voto no RE 330817/RJ, aponta as razões
históricas que motivaram a previsão desta imunidade. No período histórico conhecido como
Estado Novo (1937 a 1945), o Governo cobrava elevado imposto dos jornais que divulgavam
ideias contrárias ao regime quando estes importavam papeis. Por outro lado, concediam
benefícios fiscais aos jornais partidários do Governo. Era uma forma de censura indireta. A
Constituição Federal de 1946, com o intuito de acabar com este controle estatal da imprensa,
conferiu imunidade tributária ao “papel” e, além disso, com o objetivo de estimular a produção
editorial, também estendeu esta imunidade para os livros. A Constituição Federal de 1967
manteve a imunidade, prevendo que era vedado criar imposto sobre “o livro, os jornais e os
periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão” (art. 20, III, d). A Constituição Federal
de 1969 (para alguns, apenas uma Emenda Constitucional à CF/67) manteve a imunidade, com
pequena alteração em seu texto.
Imunidade objetiva: As alíneas “a”, “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da CF/88 tratam de
imunidade subjetiva. A imunidade desta letra “d” (imunidade cultural) é classificada como
objetiva (ou real). Isso porque recai apenas sobre bens (livros, jornais, periódicos e o papel) e não
se refere a impostos pessoais. “A aplicação da imunidade independe da pessoa que os produza
ou que os comercialize; ou seja, não importa se se está diante de uma editora, uma livraria, uma
banca de jornal, um fabricante de papel, um vendedor de livros, do autor ou de uma gráfica, pois
o que importa à imunidade é o objeto e não a pessoa.” (Min. Dias Toffoli).
Exemplos dessa imunidade: Quando o livro sai da gráfica, não paga IPI; quando é vendido pela
livraria, não paga ICMS; quando é importado, não paga Imposto de Importação.
Estão fora da imunidade cultural: Pelo fato da imunidade cultural não ser subjetiva, a gráfica, a
livraria e o importador pagarão IR por conta da renda que obtiverem. Isso porque as pessoas
(sujeitos) que trabalham com livros, jornais, periódicos etc. não gozam de imunidade. De igual
forma, não é qualquer bem que goza da imunidade, mas tão-somente os livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão. Assim, por exemplo, a imunidade não abrange:
• os carros da editora/jornal (deverão pagar IPVA);
• os imóveis da editora/jornal (deverão pagar IPTU).
Conceito de livros: O conceito de livro deve ser utilizado em sentido amplo. Assim, incluem-se
aqui os manuais técnicos e as apostilas (STF RE 183.403/SP).
Livros veiculados em formato digital (e-books) estão abrangidos pela imunidade? SIM. A
imunidade de que trata o art. 150, VI, “d” da CF/88 alcança o livro digital (“e-book”). O STF,
apreciando o tema sob a sistemática da repercussão geral, fixou a seguinte tese:
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal
(CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes
exclusivamente utilizados para fixá-lo. STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias
Toffoli, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).
Os “e-readers”, ou seja, aparelhos eletrônicos utilizados exclusivamente para ler livros digitais
também gozam da imunidade tributária? Ex: um Kindle (Amazon), Lev (Saraiva), Kobo (Livraria
Cultura) também estariam protegidos pela imunidade tributária? SIM.
Imagine que o livro digital está contido dentro de um CD-Rom, sendo assim vendido para o
público. Esse CD-Rom gozará de imunidade tributária? SIM.
Jornais: Os jornais gozam de imunidade, mesmo que contenham publicidade em seu corpo
(anúncios, classificados etc.), considerando que isso constitui fonte de renda necessária para
continuar a difusão da cultura (Ricardo Alexandre). Contudo, algumas vezes, junto com o jornal
vêm alguns folhetos separados contendo publicidade de supermercados, lojas etc. Tais encartes
publicitários não são parte integrante (indissociável) do jornal e não se destinam à difusão da
cultura (possuem finalidade apenas comercial), razão pela qual NÃO gozam de imunidade (RE
213.094/ES).
Papel: O papel utilizado para a impressão de livros, jornais e periódicos também é imune. Não
importa o tipo e a qualidade do papel. Basta que ele seja utilizado para a produção de livros,
jornais e periódicos.
O maquinário para impressão de livros goza de imunidade tributária? NÃO. É o que foi decidido
pelo Info 904 do STF.
2.6. Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de
finalidade estatal – (Info 861) – (TJRS-2018)
A INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com
uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente um
imóvel pertencente à INFRAERO. Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária de
automóveis.
A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade
tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso.
A atividade desenvolvida pela empresa tem por finalidade gerar lucro.
Se fosse reconhecida a imunidade neste caso, isso geraria, como efeito colateral, uma vantagem
competitiva artificial em favor da empresa, que teria um ganho em relação aos seus
concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite o aumento do lucro ou a formação de
preços menores, o que provoca desequilíbrio das relações de mercado.
Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de finalidade
estatal.
STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, j.
19/4/17 (Info 861).
2.7. Sociedade de economia mista com finalidade lucrativa e que for arrendatária de imóvel
público não goza de imunidade tributária – (Info 860) – IMPORTANTE!!! – (Anal. Judic./TRE-RJ-
2017) (TJRS-2018)
A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende a
empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo
Município.
Ex: a União, proprietária de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou este
imóvel para a Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o local para armazenar
combustíveis. Antes do arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este imóvel em
virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que houve o arrendamento, a Petrobrás
passa a ter que pagar o imposto.
STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 6/4/17 (repercussão geral) (Info 860).
(Anal. Judic./TRE-RJ-2017-Consulplan): A imunidade recíproca não se estende à empresa
privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica
com fins lucrativos. BL: Info 860, STF.
OBS:
Imunidade tributária: Imunidade tributária consiste na determinação feita pela CF/88 de que
certas atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de
uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar, sendo
sempre prevista na própria CF.
Imunidade tributária recíproca: A CF/88, em seu art. 150, VI, “a”, prevê a chamada imunidade
tributária recíproca. Isso significa que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não
podem cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros. Vejamos a
redação do dispositivo constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI — instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Sabbag menciona que essa imunidade tem como fundamento, ainda, o postulado da isonomia
dos entes constitucionais. Ora, pelo fato de todos os entes estarem em pé de igualdade, não
havendo hierarquia, nenhum deles pode estar sujeito ao poder de tributar do outro (Manual de
Direito Tributário.5. ed., São Paulo: Saraiva, p. 254).
A imunidade tributária recíproca possui status de cláusula pétrea, porque ela é um instrumento
de proteção da forma federativa (art. 60, § 4º, I, da CF/88).
Imunidade subjetiva: Essa imunidade é classificada como subjetiva ou pessoal, considerando que
é outorgada em função da condição pessoal da União, dos Estados, DF e Municípios. Em outras
palavras, é imunidade subjetiva porque incide para beneficiar uma pessoa.
O contrário da imunidade subjetiva é a imunidade objetiva, que incide sobre bens. É o caso, por
exemplo, da imunidade sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão (art.
150, VI, "d", da CF).
Autarquias e fundações: As autarquias e fundações mantidas pelo Poder Público também gozam
da imunidade tributária recíproca no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Isso está previsto
expressamente no § 2º do art. 150 da CF/88:
§ 2º — A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e
aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Correios e Imunidade tributária recíproca: O exemplo mais comum de empresa pública que goza
de imunidade recíproca é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT. Isso porque os
Correios são entendidos como uma empresa prestadora de serviço público obrigatório e exclusivo
do Estado e não como exploradora de atividade econômica, embora também ofereçam serviços
dessa natureza.
A situação ocorrida foi a seguinte: A União celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com
uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente determinado
imóvel pertencente ao patrimônio público federal. A empresa privada queria deixar de pagar
IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária.
A tese da empresa foi acolhida pelo STF? NÃO. A imunidade recíproca prevista no art. 150, VI,
“a”, da Constituição Federal não foi concebida com o propósito de permitir que empresa privada
atue livremente no desenvolvimento de atividade econômica e usufrua de vantagem advinda da
utilização de bem público. Essa imunidade decorre da necessidade de observar-se, no contexto
federativo, o respeito mútuo e a autonomia dos entes. Não cabe estendê-la para evitar a
tributação de particulares que atuam no regime da livre concorrência.
Uma vez verificada atividade econômica, nem mesmo as pessoas jurídicas de direito público
gozam da imunidade (art. 150, § 3º, da CF/88).
O IPTU representa relevante custo operacional, comum a todos que exercem a atividade
econômica da recorrida. Afastar tal ônus de empresa que atua no setor econômico, a partir de
extensão indevida da imunidade recíproca, implica desrespeito ao princípio da livre concorrência
(art. 170, IV, da CF/88), por conferir ao particular uma vantagem inexistente para os concorrentes.
Como o recurso foi decidido sob a sistemática da repercussão geral, o STF fixou a seguinte tese:
Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a
pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo. STF. Plenário. RE
601720/RJ, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, j. 6/4/17
(repercussão geral) (Infos 860 e 861).
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao
livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.
STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).
A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes eletrônicos
destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos.
STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).
(TJSP-2017-VUNESP): Considerando-se o disposto no artigo 150, VI, “d” da Constituição
Federal de 1988, notadamente a expressão “… e o papel destinado à sua impressão”, é de se
concluir corretamente que a imunidade deve ser estendida também aos livros com suportes em
CD e outros meios eletrônicos, em face das interpretações evolutiva e teleológica. BL: Info 856
do STF.
2.10. A imunidade tributária subjetiva é aplicada se a entidade imune for contribuinte de fato?
– (Info 855) – IMPORTANTE!!!
Tributos indiretos: São aqueles que permitem a transferência do seu encargo econômico para uma
pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos mais conhecidos: IPI,
ICMS, ISS e IOF. Assim, quando você recebe a conta de energia elétrica, por exemplo, vai ter um
campo chamado detalhamento da conta. Nele você irá encontrar a discriminação dos itens que
você está pagando enquanto consumidor:
Consumo: R$ xxx
ICMS: yyy
Total: xxx + yyy
Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência.
Contribuinte de direito e contribuinte de fato: Assim, pode-se dizer que nos tributos indiretos
surgem as figuras do contribuinte de direito e do contribuinte de fato:
a) Contribuinte de direito: é a pessoa que realiza o fato gerador.
b) Contribuinte de fato: é a pessoa que paga efetivamente o imposto considerando que o
contribuinte de direito transferiu para ele este encargo.
Qual das duas teses foi acolhida pelo STF? A tese das entidades imunes, ou seja, haverá
imunidade neste caso.
E QUANDO A ENTIDADE IMUNE É CONTRIBUINTE DE FATO, HAVERÁ IMUNIDADE?
Vamos modificar o exemplo: Determinada entidade de assistência social adquire na loja um forno
para preparar comida para pessoas carentes. No momento de pagar o valor, ao conferir a nota
fiscal, o diretor da entidade percebe que está sendo cobrado dele o ICMS sobre a mercadoria
vendida. Ele não se conforma e alega que não deverá pagar o imposto porque a entidade é imune.
A tese da entidade foi acolhida pelo STF? NÃO. Segundo entende o STF, mesmo que o comprador
da mercadoria seja uma entidade que goza de imunidade tributária, ainda assim deverá haver a
normal incidência do imposto. As imunidades deverão ser interpretadas sob o aspecto formal (e
não econômico). Dessa forma, tem-se que:
se a entidade imune for contribuinte de direito, o imposto não incidirá;
se a entidade imune for apenas contribuinte de fato, o imposto incidirá normalmente.
Assim, a imunidade tributária subjetiva aplica-se ao ente beneficiário se ele for o contribuinte de
direito, não importando discutir se o tributo em questão pode ou não ter repercussão econômica
para terceiros. Não se pode estender ao particular vendedor (contribuinte de direito) a imunidade
tributária subjetiva que detém o adquirente de mercadoria (contribuinte de fato).
O STF possui um enunciado antigo que transmite essa mesma ideia:
Súmula 591-STF: A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende
ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos industrializados.
No exemplo que demos acima em que a entidade beneficente compra o forno, tal pessoa jurídica
irá realmente arcar com o ônus financeiro dos impostos envolvidos nessa venda (IPI e ICMS) caso
tenham sido realmente transferidos pelo vendedor (contribuinte de direito). No entanto, este valor
que será pago pela entidade não possui natureza jurídica de tributo, mas sim de "preço",
decorrente de uma relação contratual. Em outras palavras, a entidade está pagando apenas o
preço total no qual, obviamente, o vendedor embutiu todos os seus custos (a fim de que ele possa
ter lucro). Vale reiterar, porém, que o valor pago pela entidade não é tributo, mas sim preço.
Resumindo:
Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva.
Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva.
Como vimos, tributos indiretos são aqueles que permitem a transferência do seu encargo
econômico para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos
mais conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF.
Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência.
Se houver pagamento indevido de tributo, o sujeito passivo tem direito, independentemente de
prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo (art. 165 do CTN). A isso se dá o nome de
repetição de indébito.
Nos tributos diretos, a regra relativa às restituições é simples: quem pagou um valor indevido ou
maior que o devido tem direito à restituição.
Nos tributos indiretos, a questão é um pouco mais complexa.
Este entendimento do STJ permanece válido mesmo com a decisão do STF acima explicada.
Constituição estadual não pode prever imunidade tributária para tributos estaduais e
municipais incidente sobre os veículos de radiodifusão.
STF. Plenário. ADI 773/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/8/2014 (Info 755).
A entidade que goza de imunidade tributária tem o dever de cumprir as obrigações acessórias,
dentre elas a de manter os livros fiscais.
STF. 1ª Turma. RE 250844/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012.
Os Correios, mesmo sendo uma empresa pública, gozam de imunidade tributária recíproca
porque desempenham serviços públicos.
No presente julgado, o STF reafirmou o entendimento de que os veículos automotores
pertencentes aos Correios são imunes à incidência do IPVA por força da imunidade tributária
recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88).
STF. Plenário. ACO 879/PB, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
26/11/2014 (Info 769).
3.2. Correios gozam de imunidade tributária no serviço de transporte de bens e mercadorias –
(Info 767) – IMPORTANTE!!! – (TJAL-2015)
Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que desempenha
serviços públicos.
Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva, como é o
caso da entrega de cartas, também realizam alguns serviços em concorrência com a iniciativa
privada (ex: entrega de encomendas). Quando os Correios realizam o serviço de transporte de
bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa privada, mesmo assim eles gozam
de imunidade? Ficam livres de pagar ICMS?
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de
imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias.
Assim, não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias realizado pelos
Correios.
STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014 (Info 767).
(TJAL-2015-FCC): Tema de difícil equacionamento na prática do operador do direito, é a
distinção, no caso concreto, entre serviço público e atividade econômica. Questões sobre esse
tema usam chegar ao STF pelo viés da aplicação de certo regime jurídico a empresas públicas
ou sociedades de economia mista. Exemplo concreto se passa com a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos. Uma frase que adequadamente ilustra o modo pelo qual o STF trata da
matéria é: A jurisprudência do STF orienta-se no sentido de que a imunidade recíproca deve
ser reconhecida em favor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ainda que o
patrimônio, renda ou serviço desempenhado pela entidade não esteja necessariamente
relacionado ao privilégio postal. BL: Info 767, STF.
3.4. Imunidade tributária recíproca e dívidas tributárias decorrentes de sucessão – (Info 749) –
IMPORTANTE!!!
A antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista federal, que foi extinta, e a União
tornou-se sua sucessora legal nos direitos e obrigações.
A União goza de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). A RFFSA não
desfrutava do benefício pois se tratava de entidade exploradora de atividade econômica.
Os débitos tributários que a RFFSA possuía foram transferidos para a União e devem ser
pagos, não podendo este ente invocar a imunidade tributária recíproca.
O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não afasta a responsabilidade tributária
por sucessão, na hipótese em que o sujeito passivo era contribuinte regular do tributo devido.
STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 5/6/2014 (Info 749).
As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a
circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção
prevista no art. 150, § 3º da CF/88. O recebimento de remuneração pela prestação dos serviços
confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma garantia ou
prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e não de particulares que executem,
com inequívoco intuito lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou delegação,
devidamente remunerados. Não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços
públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas. Ação Direta de
Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente.
STF. ADI 3089, Relator p/ Acórdão: Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, j. 13/02/08.
4. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
4.1. Imunidade tributária obtida por assistência social versus cobrança de estacionamento de
veículos em área interna da entidade
5. ISENÇÕES
5.1. Benefícios fiscais concedidos na Constituição Estadual – (Info 755)
I – A Constituição estadual pode conceder benefícios fiscais em seu texto. Isso não precisa ser
tratado mediante lei de iniciativa privativa do Chefe do Executivo, nos termos do art. 61, § 1º,
II, “b”, da CF/88 (aplicável por simetria no âmbito estadual).
II – A CF/88 afirma que uma lei complementar federal irá conferir um tratamento tributário
adequado (diferenciado) para o ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas (art.
146, III, “c”). Essa LC ainda não existe, razão pela qual o STF entende que, enquanto isso, os
Estados-membros podem legislar sobre o tema e dar às cooperativas o tratamento que reputem
adequado.
III – A concessão unilateral de benefícios fiscais relativos ao ICMS, sem a prévia celebração de
convênio intergovernamental, nos termos do que dispõe a LC 24/1975, afronta o art. 155, § 2º,
XII, “g”, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 429/CE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/8/2014 (Info 755).
6. PEDÁGIO
6.1. Pedágio possui natureza jurídica de tarifa – (Info 750)
O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias NÃO tem natureza tributária, mas de
preço público, consequentemente, não está sujeito ao princípio da legalidade estrita.
STF. Plenário. ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 11/6/2014 (Info 750).
7. TAXAS
7.1. É inconstitucional a criação de taxa de combate a incêndios – (Info 992) –
IMPORTANTE!!! – (vide Info 871, abaixo)
7.2. É inconstitucional lei estadual que cria taxa de fiscalização da exploração de recursos
hídricos na qual o valor cobrado é muito superior em relação ao custo da atividade estatal
relacionada – (Info 962)
7.3. Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal – (Info
871) – IMPORTANTE!!!
As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o
número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte.
STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 20/6/17 (Info 870).
A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de fiscalização, na
medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização.
STF. 1ª Turma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 04/08/15.
7.5. Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato
infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos – (Info 842 e Info 844) –
IMPORTANTE!!! REPERCUSSSÃO GERAL! - (TJSC-2019) (TJMS-2020)
Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo
infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor
esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/10/16 (repercussão geral) (Info 844).
(TJMS-2020-FCC): Mostra-se compatível com as normas constitucionais que regem o Sistema
Tributário Nacional a edição de lei que, ao instituir taxa pelo exercício de poder de polícia, fixa-
lhe o limite máximo e prescreve que o respectivo valor será definido em regulamento a ser
editado pelo Poder Executivo estadual, em proporção razoável com os custos da atuação
estatal. BL: Infos 842 e 844, STF.
(TJSC-2019-CESPE): Determinada lei tributária prevê o valor do teto para a cobrança de uma
taxa de fiscalização, permitindo que ato do Poder Executivo fixe o valor específico do tributo e
autorizando o ministro da Economia a corrigir monetariamente, a partir de critérios próprios,
esse valor. A respeito dessa lei hipotética, considerando-se a jurisprudência do STF acerca do
princípio da legalidade tributária, é correto afirmar que a fixação do valor da taxa por ato
normativo infralegal, se em proporção razoável com os custos da atuação estatal, é permitida,
devendo sua correção monetária ser atualizada em percentual não superior aos índices
legalmente previstos. BL: Infos 842 e 844, STF.
7.6. A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio de
impostos (e não por taxa). (SEM INFO) – (TRF1-2015)
8. IPTU
8.1. Alíquota aplicável em caso de lei municipal declarada inconstitucional por prever
progressividade em função do valor do imóvel antes da EC 29/2000 – (Info 806)
8.2. Impossibilidade de majoração da base de cálculo por meio de decreto – (Info 713)
Explicação:
1) Antecipação do vencimento do IPTU: norma que altera o prazo de recolhimento do tributo
não encerra majoração, e, portanto, não se submete aos princípios da legalidade ou
anterioridade (art. 150, I, da CF/88 e Súmula Vinculante 50);
2) Atualização da base de cálculo do IPTU: a atualização monetária também não constitui
majoração, não se submetendo à legalidade ou anterioridade (art. 150, I, da CF/88 e Súmula
160, STJ);
3) Aumento dos valores da planta genérica do IPTU: constitui majoração da base de cálculo
do IPTU, sendo preciso repeitar os princípios da legalidade e da anterioridade, à exceção da
noventena (art. 150, § 1º, da CF/88).
(TJPR-2014-PUCPR): A lei que altere a base de cálculo do IPTU, majorando-o, não está sujeita
ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal.
(TJPE-2013-FCC): Prefeito Municipal que entrou em exercício no dia primeiro de janeiro de
2013 baixou um decreto corrigindo monetariamente, conforme índice de correção lá indicado, a
Planta Genérica de Valores utilizada para apuração da base de cálculo do Imposto sobre a
Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU e sobre o Imposto sobre a Transmissão de Bens
Imóveis por ato inter vivos a título oneroso - ITBI. Fez constar o Prefeito que a vigência do
decreto é imediata, a partir da data da publicação, já valendo para o exercício de 2013.
Inconformados com esta medida, que acabou por majorar a base de cálculo do IPTU e do ITBI,
alguns proprietários ingressaram em juízo questionando a constitucionalidade do decreto.
9. ITR
9.1. Progressividade das alíquotas do ITR – (Info 890) – IMPORTANTE!!!
É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas na Lei nº 9.393/96 e que leva
em consideração, de maneira conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel.
Essa progressividade é compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88, seja na sua redação atual,
seja na redação originária, ou seja, antes da EC 42/2003.
Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era possível a instituição da progressividade em
relação às alíquotas do ITR.
STF. 1ª Turma. RE 1038357 AgR/ SP, Rel. Min Dias Tóffoli, j. 6/2/2018 (Info 890).
OBS:
ITR: ITR é a sigla para Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Trata-se de um imposto
federal previsto no art. 153, VI, da CF/88, nos arts. 29 a 31 do CTN e na Lei nº 9.393/96. Veja o
texto da CF/88:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VI - propriedade territorial rural;
Características:
Imposto com finalidade extrafiscal.
Imposto direto.
Sujeito a lançamento por homologação.
Deve respeitar os princípios da legalidade, da noventena e da anterioridade.
Fato gerador: Segundo a redação do art. 29 do CTN, o ITR tem como fato gerador:
- a propriedade
- o domínio útil ou
- a posse
- de um bem imóvel por natureza (como definido na lei civil)
- e que esteja localizado fora da zona urbana* do Município.
Como se define o que seja imóvel rural? O conceito de imóvel rural é dado por exclusão. O CTN,
em seu art. 32, §§ 1º e 2º, explica em que consiste o imóvel urbano para fins de incidência do IPTU.
Se o imóvel não se enquadrar em tais critérios, será considerado rural.
* Assim, em regra, o ITR incide apenas sobre imóveis rurais. Se o imóvel for urbano, o imposto
devido é o IPTU.
Por que se falou “em regra”? Existe alguma exceção? Existe hipótese em que o ITR incidirá sobre
imóvel localizado em zona urbana? SIM. Segundo o STJ, incide o ITR (e não o IPTU) sobre
imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial, ainda que localizados em áreas consideradas urbanas pela legislação municipal.
Nesse sentido:
Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município,
desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola,
pecuária ou agroindustrial. STJ. 1ª S. REsp 1112646/SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
j. 26/08/2009.
Se o imóvel rural está tomado pelo “Movimento Sem-Terra” (MST), o proprietário continua
obrigado a pagar ITR? NÃO. Se o proprietário não detém o domínio ou a posse do imóvel pelo
fato de este ter sido invadido pelos “Sem-Terra”, não há fato gerador do ITR (STJ. 1ª Turma.
AgRg no REsp 1346328/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 15/12/2016).
Obrigação propter rem: O ITR, assim como o IPTU, constitui-se em obrigação propter rem. Isso
significa que o sucessor do imóvel, a qualquer título, também deverá responder pelo pagamento
do tributo.
Se o imóvel tiver mais que um proprietário: Se o imóvel pertence a dois ou mais proprietários, em
condomínio, é legítimo exigir o pagamento do ITR, em sua totalidade, de todos ou de qualquer
deles, reservando-se ao que pagou a faculdade de ressarcir-se dos demais devedores, na forma
do art. 283 do Código Civil. STJ. 1ª Turma. REsp 1232344/PA, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
julgado em 17/11/2011.
Base de cálculo: A base do cálculo do ITR é o valor fundiário que, nos termos da Lei nº 9.393/96,
consiste no valor da terra nua. Segundo o art. 10, § 1º, da Lei 9.393/96, para fins de apuração do
ITR deverá ser considerado o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a:
a) construções, instalações e benfeitorias;
b) culturas permanentes e temporárias;
c) pastagens cultivadas e melhoradas;
d) florestas plantadas;
Assim, como já dito, a base de cálculo é o valor da terra nua tributável, não importando
construções, plantações etc. Esse valor da terra nua deve ser calculado com base no preço de
mercado das terras, apurado em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador.
Área tributável: Quando vai ser calculado o valor do ITR, é necessário considerar a área tributável
do imóvel, ou seja, a área total que será considerada para fins de incidência do imposto . Isso
porque determinadas áreas do imóvel podem ser excluídas do cálculo do valor fundiário.
Segundo o art. 10, § 1º, II, da Lei 9.393/96, a área tributável é igual à área total do imóvel,
excluídas as áreas:
a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas no Código Florestal;
b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas
mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições
de uso previstas na letra “a”;
c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária,
granjeira, aquícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do
órgão competente, federal ou estadual;
d) sob regime de servidão florestal ou ambiental;
d) sob regime de servidão ambiental;
e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou
avançado de regeneração;
f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas
autorizada pelo poder público.
Assim, o art. 10, § 1º, II, da Lei nº 9.393/96 prevê que as áreas apontadas nas letras acima listadas
são partes do imóvel que estão isentas do pagamento de ITR.
Para que área de RESERVA LEGAL seja excluída da base de cálculo do ITR, é necessário que o
proprietário faça a averbação disso no registro de imóveis? SIM. O STJ entende que somente é
possível assegurar a isenção do ITR nesses casos se a área da reserva legal já estiver averbada
no registro do imóvel. A isenção de ITR prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96
depende de prévia averbação da área de reserva legal no registro do imóvel. STJ. 1ª Turma. AgRg
no REsp 1.243.685-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 5/12/2013 (Info 533).
Para que área de PRESERVAÇÃO PERMANENTE seja excluída da base de cálculo do ITR é
necessário que o proprietário faça a averbação disso no registro de imóveis? NÃO. As áreas de
preservação permanente são instituídas por lei, sendo, por isso, desnecessário que se faça
averbação no registro de imóveis.
(...) 1. Quando do julgamento do EREsp 1027051/SC (Rel. Min. Benedito Gonçalves,
Primeira Seção, DJe 21.10.2013), restou pacificado que, "diferentemente do que
ocorre com as áreas de preservação permanente, as quais são instituídas por
disposição legal, a caracterização da área de reserva legal exige seu prévio registro
junto ao Poder Público". 2. Dessa forma, quanto à área de reserva legal, é
imprescindível que haja averbação junto à matrícula do imóvel, para haver
isenção tributária. Quanto às áreas de preservação permanente, no entanto, como
são instituídas por disposição legal, não há nenhum condicionamento para que
ocorra a isenção do ITR. (...) STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no REsp 1342161/SC, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, j. 04/02/14.
Não confunda:
Área de reserva legal: é necessária a averbação no registro de imóveis ou inscrição no
CAR para que haja isenção do ITR;
Área de preservação permanente: não é necessária a averbação no registro de imóveis ou
inscrição no CAR para que haja isenção do ITR.
Alíquotas: A menor alíquota do ITR é de 0,03% e a maior é de 20%. As alíquotas do ITR devem
ser progressivas, com o objetivo de desestimular a manutenção de propriedades improdutivas,
nos termos do art. 153, § 4º, da CF/88:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VI - propriedade territorial rural; (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a
manutenção de propriedades improdutivas; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42/2003)
Progressividade é uma técnica de tributação que tem como objetivo fazer com que os tributos
atendam à capacidade contributiva.
Na prática, a progressividade funciona da seguinte forma: a lei prevê alíquotas variadas para o
imposto e o aumento dessas alíquotas ocorre na medida em que se aumenta a base de cálculo.
Assim, na progressividade, quanto maior a base de cálculo, maior será a alíquota. O exemplo
comum citado pela doutrina é o do imposto de renda, que é progressivo. No IR, quanto maior for
a renda (BC), maior será o percentual (alíquota) do imposto. Quanto mais a pessoa ganha, maior
será a alíquota que irá incidir sobre seus rendimentos.
Progressividade do ITR: A Lei 9.393/96 estabeleceu que a progressividade do ITR deveria levar
em consideração dois critérios, a serem apreciados conjuntamente:
1) o grau de utilização da terra (quanto mais improdutiva, maiores as alíquotas); e
2) a área da propriedade rural (quanto maior a área, maiores as alíquotas).
Ocorre que o art. 153, § 4º, I, da CF/88 previu apenas o critério da produtividade, não falando
nada sobre a possibilidade de o ITR ser progressivo também em função da área do imóvel. Diante
disso, surgiu uma corrente defendendo que a Lei nº 9.393/96, ao estabelecer a progressividade em
razão da área do imóvel, seria inconstitucional por violar o art. 153, § 4º, I, da CF/88.
Essa tese foi acolhida pelo STF? A Lei nº 9.393/96 violou a CF/88 ao prever alíquotas progressivas
em função do grau de utilização da propriedade e também em razão da área do imóvel? NÃO. O
STF não concordou com a tese e decidiu que:
É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas na Lei nº
9.393/96 e que leva em consideração, de maneira conjugada, o grau de utilização
(GU) e a área do imóvel. Essa progressividade é compatível com o art. 153, § 4º, I,
da CF/88, seja na sua redação atual, seja na redação originária, ou seja, antes da EC
42/2003.
Mesmo no período anterior à EC 42/03, era possível a instituição da progressividade
em relação às alíquotas do ITR. STF. 1ª T. RE 1038357 AgR/ SP, Rel. Min Dias
Tóffoli, j. 6/2/2018 (Info 890).
A Lei nº 9.393/96 estabeleceu que a progressividade das alíquotas do ITR deveria levar em
consideração não só o grau de utilização da terra (GU), como também a área do imóvel, tendo em
vista que tais critérios não são isolados, mas sim conjugados. Assim, quanto maior for o território
rural e menor o seu aproveitamento, maior será a alíquota de ITR. Essa sistemática potencializa a
função extrafiscal do ITR e desestimula a manutenção de propriedade improdutiva.
Progressividade do ITR era permitida mesmo antes da EC 42/2003: Vale ressaltar que a redação do
art. 153, § 4º, I, da CF/88 foi dada pela EC 42/2003. Compare:
Redação originária Redação dada pela EC 42/2003
Art. 153 (...) Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI terá suas § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
alíquotas fixadas de forma a desestimular a I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas
manutenção de propriedades improdutivas e de forma a desestimular a manutenção de
não incidirá sobre pequenas glebas rurais, propriedades improdutivas; (Incluído pela
definidas em lei, quando as explore, só ou com Emenda Constitucional nº 42/2003)
sua família, o proprietário que não possua outro
imóvel.
O STF registrou que, mesmo antes da EC 42/03, já era possível que a Lei instituísse alíquotas
progressivas do ITR, razão pela qual a Lei nº 9.393/96 nasceu compatível com o texto
constitucional. Nesse sentido:
(...) I – Nos termos do art. 145, § 1º, da CF, todos os impostos, independentemente de
seu caráter real ou pessoal, devem guardar relação com a capacidade contributiva
do sujeito passivo e, tratando-se de impostos diretos, será legítima a adoção de
alíquotas progressivas. II – Constitucionalidade da previsão de sistema
progressivo de alíquotas para o imposto sobre a propriedade territorial rural
mesmo antes da EC 42/2003. (...) STF. 2ª T. RE 720945 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, j. 09/09/14.
Mas o ITR é um imposto real... mesmo assim ele pode ser progressivo? Mesmo não sendo um
imposto pessoal, o ITR pode ser progressivo? SIM. Para o STF, é irrelevante se um imposto é real
ou pessoal para fins de verificar se ele pode ou não se sujeitar à técnica da progressividade . O §
1º do art. 145 da CF/88 não proíbe que os impostos reais sejam progressivos. Nesse sentido: STF.
Plenário. RE 562045/RS, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Cármen
Lúcia, julgado em 6/2/2013 (Info 694).
Imunidade das pequenas glebas rurais: O art. 153, § 4º, II, da CF/88 prevê uma imunidade
tributária específica relacionada com o ITR:
Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel;
Alguns autores afirmam que a lei a que se refere o art. 153, § 4º, II, deveria ser uma lei
complementar já que se trata de limitação ao poder de tributar (art. 146, II, da CF/88). Apesar
disso, esse dispositivo foi regulamentado pela Lei nº 9.393/96, cujo art. 2º previu:
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide
sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o
proprietário que não possua outro imóvel.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis
com área igual ou inferior a :
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no
Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na
Amazônia Oriental;
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.
Não viola a isonomia a ausência de previsão do pagamento de juros, pela taxa referencial do
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), quando se verifica que a soma dos
recolhimentos por estimativa realizados ao longo do ano é maior do que o valor devido, com
base em efetiva apuração anual do lucro real, pois não existe mora da Fazenda Nacional.
STF. 1ª T. RE 479956/SC, Rel. Min. Rosa Weber, j. 22/10/2019 (Info 957).
10.2. É constitucional a limitação do direito de compensação de prejuízos fiscais do IRPJ e da
base de cálculo negativa da CSLL – (Info 945)
É inconstitucional a aplicação retroativa de lei que majora a alíquota incidente sobre o lucro
proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo ano-base,
tendo em vista que o fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada operação de
exportação, à luz da extrafiscalidade da tributação na espécie.
A Súmula 584 do STF permanece válida. No entanto, este enunciado não se aplica para as
hipóteses em que o tributo tenha função extrafiscal.
STF. Plenário. RE 592396/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 3/12/15 (repercussão geral) (Info 810).
OBS: Vejamos o teor da Súmula 584 do STF:
Súmula 584-STF: Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base,
aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a
declaração.
10.4. Regime de caixa previsto no art. 12 da Lei 7.713/88 é inconstitucional – (Info 764)
O ICMS é um imposto de competência estadual. Apesar disso, o art. 158, inciso IV da CF/88
determina que o Estado deverá repassar 25% da receita do ICMS aos Municípios . Esse repasse
será realizado após cálculos que são feitos para definir o valor da cota-parte que caberá a cada
Município, segundo critérios definidos pelo art. 158, § único, da CF/88 e pela lei estadual.
A Constituição do Estado do Amapá previu que seria competência do TCE homologar os
cálculos das cotas do ICMS devidas aos Municípios.
Este dispositivo é inconstitucional.
Sujeitar o ato de repasse de recursos públicos à homologação do TCE representa ofensa ao
princípio da separação e da independência dos Poderes.
STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 25/10/18 (Info 921).
OBS:
Repartição do ICMS: É um imposto de competência estadual. A CF/88 determina que o Estado
deverá repassar 25% da receita do ICMS aos Municípios. Veja:
Art. 158. Pertencem aos Municípios: (...)
IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
A CF/88 determina ainda que seja feito um cálculo para que os Municípios onde ocorreram os
fatos geradores do ICMS (ex: venda da mercadoria) recebam mais que os outros. Assim, os
Municípios nos quais mais se vendeu mercadorias (p. ex.) que geraram o recolhimento de ICMS
receberão, em tese, cotas maiores de repasse. Confira o texto constitucional:
Art. 158 (...)
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas
no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios:
I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações
relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em
seus territórios;
II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos
Territórios, lei federal.
Vale ressaltar que, no mínimo, 3/4 dos 25% a que os Municípios têm direito deverão obedecer a
esse critério. No entanto, é possível que no 1/4 restante o Estado adote outros critérios para
repartir o valor do ICMS.
1/4 (no máximo) deverão ser repartidos conforme critérios que o Estado definir em lei
estadual. Ex: receberão mais os Municípios com maior preservação do meio ambiente,
com menor IDH, com maior população etc.
Assim, a cota-parte que será repassada a cada Município depende desses cálculos.
Desse modo, a CE/AP estabeleceu que, após serem feitos os cálculos de quanto cada Município
deverá receber a título de ICMS (normalmente este cálculo é feito pela Secretaria de Fazenda), o
TCE deverá homologar ou não esse resultado. A Assembleia Legislativa do Amapá argumentou
que essa competência poderia ser concedida ao TCE considerando que a CF/88 conferiu ao TCU a
competência para realizar os cálculos das quotas relacionadas com os Fundos de Participação dos
Estados (FPE) e dos Municípios (FPM), nos termos do art. 161, parágrafo único:
Art. 161. Cabe à lei complementar: (...)
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159,
especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I,
objetivando promover o equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre
Municípios; (...)
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas
referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II.
A ALE/AP alegou, portanto, que o art. 112, XVII, foi inspirado no § único do art. 161 da CF/88 e
que, portanto, poderia ser reputado, constitucional em homenagem ao princípio da simetria.
Essa previsão do art. 112, XVII, da CE/AP é constitucional? NÃO. Sujeitar o ato de repasse de
recursos públicos à homologação do Tribunal de Contas do Estado representa ofensa ao princípio
da separação e da independência dos Poderes. Como o TCE é um órgão auxiliar da Assembleia
Legislativa, o STF entendeu que, condicionar o repasse das cotas-partes dos Municípios à
homologação do TCE significaria, ao fim e ao cabo, condicionar este pagamento à ingerência da
Assembleia Legislativa. Para os Ministros, não há semelhança entre a atividade de gerenciamento
dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM), exercida pelo TCU com
base no art. 161, parágrafo único da CF/88, com a homologação dos cálculos de quotas do ICMS
pelo TCE. Não há que se falar em simetria neste caso porque inexiste simetria entre os Fundos
de Participação e quotas de repasse de ICMS. São situações distintas. No caso do FPE e do FPM,
o próprio TCU efetua os cálculos das quotas-partes cabíveis aos entes federados à luz de
estimativas demográficas fornecidas pelo IBGE. Os fundos de participação são de natureza
contábil, desprovidos de personalidade jurídica e de gerenciamento do TCU por força da CF/88.
Situação diversa diz respeito ao repasse obrigatório às municipalidades das verbas arrecadadas
pelo estado-membro referente ao ICMS, uma vez que não é fundo financeiro e possui relativa
liberdade de conformação. Dessa forma, o TCE é completamente alheio ao processo de definição
dos critérios das quotas, da mesma forma que o TCU não participa dos repasses na arrecadação de
tributos federais, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
11.2. É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de
importação editada após a vigência da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002 – (Info 887) –
IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!! – (TJSP-2018)
É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importação
editada após a vigência da EC 33/01 (12/12/01), mas antes da LC federal 114/2002, visto que é
plena a competência legislativa estadual enquanto inexistir lei federal sobre norma geral,
conforme art. 24, § 3º, da CF/88.
Nesse sentido, o STF julgou válida lei do Estado de SP, editada em 21/12/01, que prevê a
incidência de ICMS sobre importação de veículo por pessoa física e para uso próprio. Não há
inconstitucionalidade uma vez que a lei foi editada após a EC 33/2001, que autorizou a
tributação.
STF. 2ª T. ARE 917950/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, j.
5/12/17 (Info 887).
OBS:
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II — operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;
Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos
geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
circulação de mercadorias;
prestação de serviços de transporte intermunicipal;
prestação de serviços de transporte interestadual;
prestação de serviços de comunicação.
Vale ressaltar que incide o ICMS mesmo que “as operações e as prestações se iniciem no exterior” (art.
155, II, da CF/88).
ICMS importação: A CF/88 prevê que haverá cobrança de ICMS nos casos de mercadoria
importada do exterior ou nas hipóteses de serviço prestado no exterior. Ex: uma empresa que
fabrica roupas deverá pagar ICMS se importou da China uma máquina têxtil para utilizar em sua
linha de produção. Até aqui, tudo bem, sem muitas dúvidas. A polêmica está na resposta para as
três perguntas a seguir:
Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa física não contribuinte habitual
do imposto, haveria incidência de ICMS?
Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa jurídica não comerciante (não
contribuinte habitual do imposto), haveria incidência de ICMS?
Se a mercadoria foi importada pela empresa sem finalidade comercial (não seria
utilizada em sua cadeia produtiva), mesmo assim haveria incidência de ICMS?
A resposta para tais perguntas irá depender do momento em que foi realizado o FG, isto é, se
antes ou depois da EC 33/2001.
O STF entendeu que a redação do art. 155, § 2º, O Governo, com o objetivo de modificar esse
IX, “a”, da CF/88 não autorizava a cobrança do entendimento do STF e autorizar a cobrança do
ICMS importação nos três casos acima listados. ICMS, editou a EC 33/01 alterando a redação do
art. 155, 2º, IX.
Só pagava o ICMS importação quem fosse
contribuinte habitual do imposto. Assim, atualmente, com a redação dada pela EC
33/01, o ICMS incide sobre toda e qualquer
importação.
Independentemente de a pessoa ser contribuinte
ou não do ICMS, deverá pagar o ICMS
importação.
Veja a redação originária da CF/88: Veja a redação atual da CF/88:
Incide também o ICMS: Incide também o ICMS:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do a) sobre a entrada de bem ou mercadoria
exterior, ainda quando se tratar de bem destinado a importados do exterior por pessoa física ou
consumo ou ativo fixo do estabelecimento, assim como jurídica, ainda que não seja contribuinte
sobre serviço prestado no exterior, cabendo o imposto habitual do imposto, qualquer que seja a sua
ao Estado onde estiver situado o estabelecimento finalidade, assim como sobre o serviço prestado no
destinatário da mercadoria ou do serviço; exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver
situado o domicílio ou o estabelecimento do
destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
Na época, o STF chegou a editar uma súmula Diante da nova redação da CF/88, o
espelhando seu entendimento: entendimento exposto nessa Súmula 660 está
Súmula 660-STF: Não incide ICMS na importação de SUPERADO. A referida súmula não vale mais.
bens por pessoa física ou jurídica que não seja
contribuinte do imposto.
As leis estaduais editadas antes da EC 33/01 e que autorizavam a incidência do ICMS importação
em todos os casos foram “validadas” com a edição da EC 33/2001? NÃO. Os Estados-membros
que se precipitaram e previram em suas leis estaduais a incidência do ICMS importação em todos
os casos fizeram isso sem o necessário fundamento de validade constitucional. Logo, as leis
estaduais e os lançamentos tributários realizados antes da EC 33/01 são inválidos, considerando
que o sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente.
As leis estaduais autorizando a incidência do ICMS importação e que foram editadas após a EC
33/01, mas antes da LC federal 114/2002 são válidas? SIM.
Veja o que diz o art. 24, § 3º da CF/88 invocado como fundamento para a validade das leis
estaduais editadas após a EC 33/2001 e antes da LC federal 114/2002.
Art. 24 (...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
11.4. Inconstitucionalidade de lei estadual que concede isenção de ICMS para empresas
patrocinadoras de bolsas de estudo – (Info 856)
No Rio Grande do Sul foi editada uma lei prevendo que as empresas transportadoras teriam
duas opções de tributação do ICMS:
1ª) poderiam continuar com o sistema normal de créditos e débitos inerente ao ICMS;
2ª) poderiam aderir a um regime tributário opcional no qual teriam a redução da base de
cálculo para o percentual de 80%, condicionada ao abandono do regime de apuração normal de
créditos e débitos.
O STF entendeu que não é inconstitucional lei estadual que permita que o contribuinte opte
por um regime especial de tributação de ICMS com base de cálculo reduzida, mediante
expressa renúncia ao aproveitamento de créditos relativos ao imposto pago em operações
anteriores, ainda que proporcional. Esta norma não viola o princípio da não cumulatividade.
Assim, se a empresa contribuinte optar pelo sistema da base de cálculo reduzida, não terá
direito ao creditamento de ICMS.
STF. 1ª T. AI 765420 AgR-segundo/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa
Weber, j. 21/2/17 (Info 855).
O ICMS é um imposto estadual. A CF/88 e a LC 87/96 determinaram que não deveria incidir
ICMS nas operações e prestações destinadas ao exterior. Como isso causou uma perda de
arrecadação, foi prevista uma forma de compensação por meio da qual a União deveria
transferir recursos aos Estados.
Os critérios para compensar os Estados por conta das desonerações de ICMS sobre as
exportações estão previstos no art. 91 do ADCT.
O caput do art. 91 exige que seja editada uma nova lei complementar para regulamentar os
critérios de compensação dos Estados. No entanto, o § 3º prevê que, até a edição da nova lei
complementar, devem ser adotados para o repasse os critérios estabelecidos no Anexo da LC
87/96, com a redação da LC 115/2002.
Como já se passaram muitos anos sem que o Congresso Nacional tenha editado a lei
complementar de que trata o art. 91 do ADCT, foi proposta uma ADI por omissão por conta
desta lacuna.
O STF julgou procedente a ação e declarou haver mora, por parte do Congresso Nacional, em
editar a aludida lei complementar. Diante disso, o STF fixou um prazo de 12 meses para que o
Legislativo faça a lei.
Na decisão, o STF consignou que, se for ultrapassado o prazo de 12 meses sem que a lei seja
editada, o Tribunal de Contas da União (TCU) deverá:
a) fixar o valor total a ser transferido anualmente aos Estados-Membros e ao Distrito Federal,
considerando os critérios dispostos no art. 91 do ADCT, a saber, as exportações para o exterior
de produtos primários e semielaborados, a relação entre as exportações e as importações, os
créditos decorrentes de aquisições destinadas ao ativo permanente e a efetiva manutenção e
aproveitamento do crédito do imposto a que se refere o art. 155, § 2º, X, “a”, do texto
constitucional;
b) calcular o valor das quotas a que cada um fará jus, levando em conta os entendimentos entre
os Estados-Membros e o Distrito Federal realizados no âmbito do Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz).
STF. Plenário. ADO 25/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 30/11/16 (Info 849).
OBS:
Dever constitucional de legislar: Existe, no caso, um dever constitucional de legislar, previsto no
art. 91 do ADCT, e uma omissão legislativa que perdura por mais de 13 anos. Isso traz
consequências econômicas relevantes, sobretudo em relação a determinados Estados-Membros.
Embora falte a lei complementar exigida pela Constituição, a legislação em vigor traz critérios
provisórios para os repasses. Isso, entretanto, não basta para afastar a omissão em debate. Ao
contrário, o sentido de provisoriedade do § 2º do art. 91 do ADCT só confirma a lacuna legislativa
e não tem o condão de convalidá-la. Está, portanto, configurado o estado de inconstitucionalidade
por omissão, em razão de mora do Poder Legislativo.
11.7. Judiciário não pode alterar os critérios de compensação das desonerações de ICMS
decorrentes das exportações previstos no art. 91 do ADCT e na LC 87/96 – (Info 849)
O ICMS é um imposto estadual. A CF/88 e a LC 87/96 determinaram que não deveria incidir
ICMS nas operações e prestações destinadas ao exterior. Como isso causou uma perda de
arrecadação, foi prevista uma forma de compensação por meio da qual a União deveria
transferir recursos aos Estados.
Os critérios para compensar os Estados por conta das desonerações de ICMS sobre as
exportações estão previstos no art. 91 do ADCT.
O caput do art. 91 exige que seja editada uma nova lei complementar para regulamentar os
critérios de compensação dos Estados. No entanto, o § 3º prevê que, até a edição da nova lei
complementar, devem ser adotados para o repasse os critérios estabelecidos no Anexo da LC
87/96, com a redação da LC 115/02. Portanto, o próprio texto constitucional transitório já previu
a solução a ser adotada até a vinda da nova lei complementar.
Dessa forma, o Poder Judiciário não pode alterar os índices de repasse da União aos Estados
previstos no art. 91 do ADCT e na LC 87/96, criando novos critérios. Tal atitude equivaleria a
uma inovação no ordenamento jurídico contra o direito posto, violando a cláusula da separação
dos Poderes.
STF. Plenário. ACO 1044/MT, Rel. Min. Luiz Fux, j. 30/11/16 (Info 849).
OBS:
O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II — operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior;
Fatos geradores: Eduardo Sabbag afirma que, resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos
geradores (Manual de Direito Tributário. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1061):
circulação de mercadorias;
prestação de serviços de transporte intermunicipal;
prestação de serviços de transporte interestadual;
prestação de serviços de comunicação.
Vale ressaltar que, mesmo antes da EC 3/93, que incluiu esta previsão na CF/88, os Estados já
adotavam a técnica da substituição tributária progressiva e o STF considerava legítima. Assim,
mesmo antes da EC 3/93 era possível a substituição tributária para a frente.
Exemplo dado por Ricardo Alexandre: “A” é uma refinaria de combustíveis que vende a gasolina
para os distribuidores (“B”), que revendem para os postos de gasolina (“C”), que, por fim,
vendem ao consumidor final (“D”). Para o Estado é mais fácil cobrar de “A” todo o tributo que irá
incidir sobre a cadeia produtiva. Assim, “A” pagará o imposto por ele devido como contribuinte e
também os impostos que irão incidir sobre as vendas futuras (nesse caso, pagará como substituto
tributário/responsável tributário). (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 10ª
ed. São Paulo: Método, 2016, p. 317-319).
Assim, todo o tributo é pago de uma só vez por “A”, sendo calculado sobre o valor pelo qual se
presume que a mercadoria será vendida ao consumidor. (ALEXANDRE, Ricardo, p. 319).
E se o fato gerador presumido não ocorrer? Ex: a refinaria pagou o imposto relacionado com as
vendas futuras na qualidade de responsável tributário; suponhamos, no entanto, que houve um
acidente no distribuidor e ele perdeu toda a gasolina que revenderia; logo, o FG que se presumiu
que ocorreria não aconteceu, apesar de o imposto já ter sido pago. O que fazer neste caso? A
CF/88 determina expressamente que, se o fato gerador presumido não se realizar, a
Administração Pública deverá restituir a quantia paga, de forma imediata e preferencial (art. 150,
§ 7º).
E se o fato gerador presumido ocorrer, mas com um valor diverso do que foi presumido e
calculado? Ex: a refinaria pagou o imposto relacionado com as vendas futuras na qualidade de
responsável tributário; suponhamos que o imposto foi calculado presumindo que o distribuidor
venderia o combustível por R$ 1,00 o litro, mas, na realidade, diante de uma crise no mercado, ele
só conseguiu vender por R$ 0,70; logo, a base de cálculo do imposto (valor da mercadoria
efetivamente vendida) foi inferior àquela que havia sido presumida; diante disso, na prática,
pagou-se um valor de imposto maior do que o que seria realmente devido. O que fazer neste caso?
Haverá direito à restituição do valor pago a mais de imposto? SIM. O STF decidiu que é devida a
restituição da diferença do ICMS pago a mais, no regime de substituição tributária para a frente,
se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida.
A substituição tributária, prevista no art. 150, § 7º, da CF/88, tem como fundamento o princípio da
praticidade. Por meio desta técnica, o Estado consegue comodidade, economicidade e eficiência na
execução administrativa das leis tributárias. No entanto, a praticidade tributária encontra freio nos
princípios da igualdade, capacidade contributiva e vedação do confisco, bem como na arquitetura
de neutralidade fiscal do ICMS.
Desse modo, é papel do Poder Judiciário tutelar situações que extrapolem o limite da
razoabilidade, como é o caso em tela, no qual o contribuinte paga um valor maior do que
efetivamente devido, tendo, portanto, direito de ser restituído.
Para o Min. Edson Fachin, a tributação não pode se transformar em uma ficção jurídica, em uma
presunção absoluta (juris et de jure) na qual o fato gerador presumido assuma um caráter
definitivo e sejam desprezadas as variações decorrentes do processo econômico.
Não permitir a restituição nestes casos representaria injustiça fiscal inaceitável em um Estado
Democrático de Direito, fundado em legítimas expectativas emanadas de uma relação de
confiança e justeza entre Fisco e contribuinte. Desse modo, a restituição do excesso atende ao
princípio que veda o enriquecimento sem causa, haja vista a não ocorrência da materialidade
presumida do tributo.
Este Convênio foi impugnado por meio de uma ADI, tendo o STF, em 2002, julgado improcedente
a ação, declarando que essa previsão de não-restituição do imposto não violava a Constituição
Federal. Em outras palavras, o STF, ao contrário de agora, decidiu que não deveria haver a
restituição do imposto caso a base de cálculo efetiva fosse menor do que aquela presumidamente
calculada. Veja trecho da ementa:
(...) O fato gerador presumido, por isso mesmo, não é provisório, mas definitivo, não
dando ensejo a restituição ou complementação do imposto pago, senão, no primeiro
caso, na hipótese de sua não-realização final. Admitir o contrário valeria por
despojar-se o instituto das vantagens que determinaram a sua concepção e adoção,
como a redução, a um só tempo, da máquina-fiscal e da evasão fiscal a dimensões
mínimas, propiciando, portanto, maior comodidade, economia, eficiência e
celeridade às atividades de tributação e arrecadação. (...) STF. Plenário. ADI 1851,
Rel. Min. Ilmar Galvão, julgado em 08/05/2002.
Todos os Ministros que votaram pela rejeição da ADI 1851 já saíram do STF e houve, no caso, um
overriding, que ocorre quando o Tribunal supera parcialmente um entendimento anterior da
própria Corte, modificando o âmbito de incidência do precedente.
E por que se diz que houve uma superação parcial? Porque o caso julgado na ADI 1851 não é
idêntico ao que foi apreciado novamente pela Corte. Na ADI 1851 estava sendo analisada uma
espécie de substituição tributária facultativa, na qual a empresa poderia aderir ou não e, se
aderisse, teria direito a alguns incentivos fiscais, tendo, por outro lado, que seguir as regras do
Convênio, que não previa a restituição.
Nas ADI 2675/PE e ADI 2777/SP e no RE 593849/MG estava sendo discutida substituição
tributária obrigatória, na qual o contribuinte tinha que compulsoriamente aderir.
Esta distinção, contudo, não é mais importante. Isso porque a tese fixada no RE 593849/MG foi
bastante ampla e enfática, abrangendo inclusive os casos envolvendo o Convênio ICMS 13/97,
que já havia sido julgado constitucional e que agora não é mais válido.
Vale ressaltar que Pernambuco e São Paulo, que não aderiram ao Convênio, possuem leis
estaduais que determinam a restituição caso a base de cálculo da operação seja menor. Desse
modo, tais leis estaduais, ao contrário do Convênio, asseguram o direito aos contribuintes.
Referidas leis estaduais também foram questionadas no STF e a Corte decidiu que tais atos
normativos estão corretos ao assegurar a restituição caso haja um pagamento antecipado do ICMS
a maior. Por isso, as ADI 2675/PE e ADI 2777/SP propostas contra as leis foram julgadas
improcedentes.
STF não está vinculado aos efeitos de suas decisões anteriores: As decisões definitivas de mérito
proferidas pelo STF em ADI produzem eficácia contra todos e efeito vinculante. Tais efeitos,
contudo, não vinculam o próprio STF. Assim, se o STF decidiu, em uma ADI, que determinado ato
normativo é constitucional, a Corte poderá, mais tarde, mudar seu entendimento e decidir que
este mesmo ato é inconstitucional. Isso para evitar a petrificação da interpretação constitucional.
Em suma, o efeito vinculante conferido à decisão proferida na ADI está limitado aos demais
órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo, mas não à Suprema Corte.
Modulação dos efeitos: Vimos acima que a decisão do STF no RE 593849/MG representou uma
superação parcial do entendimento anterior da Corte. Como houve essa mudança, o STF decidiu
modular os efeitos do novo julgamento. Ficou definido o seguinte:
1) Este entendimento do STF permitindo direito à restituição vale:
para todos os processos judiciais que já haviam sido ajuizados e que estavam aguardando
o posicionamento do STF na repercussão ora decidida; e
para as operações futuras, ou seja, para as situações em que, após a decisão do STF,
houver pagamento a maior, surgindo o direito à restituição.
Segundo o Min. Edson Fachin, a modulação é necessária para se atender ao interesse público,
evitando surpresas, como o ajuizamento de ações rescisórias e de novas ações sobre casos até
agora não questionados.
11.9. Incide ICMS sobre a tarifa de assinatura básica mensal de telefonia – (Info 843) –
IMPORTANTE!!!
11.10. Somente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por
estimativa – (Info 790)
Quando se fala em regime de apuração, isso significa a forma por meio da qual o valor tributo
será calculado.
No caso do ICMS, existem vários regimes de apuração do imposto.
A LC 87/96 autoriza que os Estados membros adotem o regime de apuração por estimativa.
O Estado-membro pode estabelecer o regime de estimativa por meio de Decreto? NÃO.
Somente lei em sentido formal pode instituir o regime de recolhimento do ICMS por
estimativa.
STF. Plenário. RE 632265/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/6/2015 (Info 790).
11.11. É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o ICMS
sem a prévia celebração de convênio intergovernamental – (Info 777)
É inconstitucional lei estadual que concede benefícios fiscais relacionados com o ICMS sem a
prévia celebração de convênio intergovernamental (art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e LC
24/1975).
No caso concreto, o STF julgou inconstitucionais dispositivos da lei estadual que previam
parcelamento do pagamento de ICMS em quatro anos sem juros e correção monetária e
também os artigos que conferiam créditos fictícios de ICMS de forma a reduzir artificialmente
o valor do tributo. Além disso, a Corte entendeu inconstitucional dispositivo que autorizava o
Governador do Estado a conceder benefício fiscal por ato infralegal, tendo havido violação à
regra da reserva legal (art. 150, § 6º, da CF/88).
Por outro lado, o STF considerou constitucional dispositivo de lei estadual que estabeleceu a
suspensão do pagamento do ICMS incidente sobre a importação de matéria-prima ou de
material intermediário, e transferiu o recolhimento do tributo do momento do desembaraço
aduaneiro para o momento de saída dos produtos industrializados do estabelecimento. O
Supremo entendeu que tais dispositivos são constitucionais porque a jurisprudência permite o
legislador estadual, mesmo sem convênio, preveja o diferimento (retardamento) do
recolhimento do valor devido a título de ICMS se isso não implicar redução ou dispensa do
valor devido. Diferir o recolhimento do valor não significa benefício fiscal e, portanto, não
precisa da prévia celebração de convênio.
Modulação dos efeitos. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para que ela tenha eficácia
somente a partir da data da sessão de julgamento. Ponderou que se trata de benefícios
tributários inconstitucionais, mas que se deveria convalidar os atos jurídicos já praticados,
tendo em vista a segurança jurídica e a pouca previsibilidade, no plano fático, quanto às
consequências de eventual decretação de nulidade desses atos, existentes no mundo jurídico há
anos. Deve-se chamar atenção para esse fato porque, em regra, a jurisprudência do Supremo
não tem admitido a modulação dos efeitos nessas hipóteses.
STF. Plenário. ADI 4481/PR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/3/2015 (Info 777).
11.14. O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular – (Info 734)
O ICMS é um imposto estadual que tem como um dos fatos geradores a prestação onerosa de
serviços de comunicação. Existem alguns serviços prestados pelas empresas que são acessórios
aos serviços de comunicação.
Exs: troca de titularidade de aparelho celular, conta detalhada, troca de aparelho etc.
Não incide ICMS sobre a prestação de serviços acessórios aos serviços de comunicação.
STF. Plenário. RE 572020/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, j.
6/2/14 (Info 734).
11.16. ITCMD: ITCMD pode ser progressivo – (Info 694) – IMPORTANTE!!! – (TJMS-2020)
A lei pode prever a técnica da progressividade tanto para os impostos pessoais como também
para os reais.
O § 1º do art. 145 da CF/88 não proíbe que os impostos reais sejam progressivos.
O ITCMD (que é um imposto real) pode ser progressivo mesmo sem que esta progressividade
esteja expressamente prevista na CF/88.
Ao contrário do que ocorria com o IPTU (Súmula 668-STF), não é necessária a edição de uma
EC para que o ITCMD seja progressivo.
STF. Plenário. RE 562045/RS, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min.
Cármen Lúcia, j. 6/2/13 (repercussão geral – tese 21) (Info 694).
(TJMS-2020-FCC): A respeito dos impostos estaduais e municipais, é correto afirmar: O
Estado-Membro pode instituir Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)
progressivo, com base no valor da doação ou da sucessão causa morte. BL: Info 694, STF.
12. ISSQN
12.1. É inconstitucional lei municipal que crie restrições não previstas no art. 9º, §1º, do DL
406/68 para que sociedades de advogados tenham direito ao regime do ISSQN Fixo – (Info 938) –
REPERCUSSÃO GERAL!!!
12.2. Incide ISS sobre o serviço prestado pelos planos de assistência à saúde – (Info 841 e Info
932) – REPERCUSSÃO GERAL!!! Atenção! PGM!! Atualize Info 841 do STF!!!
O STF, ao julgar embargos de declaração opostos contra acórdão prolatado no dia 29/09/16,
alterou a redação da tese fixada para excluir a menção que era feita ao seguro-saúde. Assim, a
tese do RE 651703/PR passa a ser a seguinte:
As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88.
STF. Plenário. RE 651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 29/09/16 (repercussão geral) (Info 841).
STF. Plenário. RE 651703 ED-primeiros a terceiros/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 28/2/19 (Info 932).
OBS:
ISSQN: Significa Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Algumas vezes, você encontrará
apenas a sigla ISS. Trata-se de um tributo de competência dos Municípios. Em âmbito nacional, o
ISSQN é disciplinado pela LC 116/03, que estabelece suas normas gerais. Vale ressaltar, no
entanto, que cada Município, para cobrar este imposto, precisa editar uma lei ordinária municipal
tratando sobre o assunto. Esta lei local, obviamente, não pode contrariar a LC 116/2003 e nem
prever serviços que não estejam expressos na lei federal.
Fato gerador: O ISSQN incide sobre a prestação dos serviços listados no anexo da LC 116/2003.
Confira o texto constitucional:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em
lei complementar. (...)
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei
complementar:
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior;
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais
serão concedidos e revogados.
Exemplos: quando o médico atende o paciente em uma consulta, ele presta um serviço, sendo isso
fato gerador do ISSQN; quando o cabeleireiro faz uma escova progressiva na cliente, ele também
presta um serviço e deverá pagar ISSQN. Todos os serviços que estão sujeitos ao pagamento de
ISSQN encontram-se previstos na lista anexa à LC 116/03. Se não estiver nesta lista, não é fato
gerador deste imposto. Vale ressaltar que esta lista é taxativa (exaustiva).
Serviços que não podem ser objeto de ISS: Existem determinados serviços que não podem ser
objeto de ISSQN, seja por vedação constitucional, seja porque foram excluídos pela LC 116/03.
Assim, não incide ISSQN sobre:
a) prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, considerando que se trata de fato gerador de ICMS (art. 156, III, da
CF/88);
b) exportações de serviços para o exterior do País (art. 156, § 3º, II, da CF/88);
c) prestação de serviços em relação de emprego (art. 2º, II, da LC 116/03);
d) prestação de serviços pelos trabalhadores avulsos (art. 2º, II, da LC 116/03);
e) prestação de serviços pelos diretores e membros de conselho consultivo ou de
conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como pelos sócios-gerentes e
gerentes-delegados (art. 2º, II, da LC 116/03);
f) prestação de serviços pela Administração Pública direta, autárquica e fundacional,
em virtude da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88);
g) operações de locação de bens móveis (Súmula vinculante 31).
Planos de saúde: A LC 116/03 estabelece que as operadoras de planos de saúde deverão pagar
ISS, considerando que este serviço se encontra previsto no item 4 da lista anexa:
4 – Serviços de saúde, assistência médica e congêneres. (...)
4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de
assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres.
4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros
contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano
mediante indicação do beneficiário.
A questão chegou até o STF. As operadoras de planos de saúde devem pagar ISS? SIM. No dia
29/09/2016, o STF negou a tese das empresas e decidiu que: As operadoras de planos privados
de assistência à saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. STF. Plenário. RE 651703/PR,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão geral) (Info 841).
Ainda, vale ressaltar que a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a base de cálculo
do ISS sobre planos de saúde é o preço pago pelos consumidores, diminuído dos repasses
feitos pela contribuinte aos demais prestadores de serviços de saúde (hospitais, clínicas,
laboratórios, médicos, etc.). (STJ. 2 Turma. REsp 1.722.550-PE. Rel. Min. Herman Benjamin. j.
06/03/2018).
Problema: Houve, contudo, um “problema”: na tese fixada, o STF afirmou expressamente que
incide ISS tanto no caso dos serviços desempenhados pelas operadoras de PLANO DE SAÚDE
como também na hipótese de SEGURO-SAÚDE. Em outras palavras, o STF falou o seguinte:
serviços de plano de saúde e serviços de seguro-saúde devem pagar ISS. Veja a redação literal da
tese fixada pelo STF no dia 29/09/2016:
“As operadoras de planos privados de assistência à saúde (plano de saúde e
seguro-saúde) realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88”.
Desse modo, o STF, no acórdão do dia 29/09/2016, ao decidir também sobre o seguro-saúde,
ampliou indevidamente o tema que estava sendo discutido.
A tese da embargante foi acolhida pelo STF? SIM. O Plenário do STF deu provimento aos
embargos de declaração para corrigir a tese jurídica fixada no julgamento do dia 29/09/2016,
dela excluindo a menção que havia sido feita a “seguro-saúde”. Isso porque, conforme já
explicado, a discussão sobre a incidência ou não do ISS sobre seguro-saúde não estava
contemplada pelo Tema 581 que foi afetado.
Mas me diga uma coisa: os serviços de seguro-saúde estão ou não sujeitos ao pagamento de ISS?
Esse tema ainda não foi enfrentado pelo STF. Prevalece na doutrina que não. Os serviços de
seguro-saúde não estariam sujeitos ao pagamento de ISSQN, considerando que:
• não estão expressamente previstos na lista anexa; e
• já sofrem a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Logo, se
tivessem que pagar ISSQN e IOF, haveria bitributação.
Plano de saúde x seguro-saúde:
PLANO DE SAÚDE SEGURO-SAÚDE
A operadora do plano de saúde oferece O beneficiário do seguro-saúde escolhe livremente o
serviços de saúde para os usuários por meio hospital, médico, laboratório, fisioterapeuta etc. que
de uma rede de atendimento que inclui quiser e depois o seguro reembolsa o usuário com
hospitais, médicos, laboratórios, base em uma tabela de serviços.
fisioterapeutas, psicólogos etc. e que constam Ex: cada consulta gera reembolso de R$ 200,00.
de uma lista de instituições e profissionais
credenciados.
A regra é que o usuário seja atendido apenas A regra é o reembolso. Assim, o usuário escolhe o
pelas instituições e profissionais profissional que quiser e depois pede o reembolso,
credenciados. Excepcionalmente, há casos de limitado aos valores da tabela do seguro.
reembolso.
Talvez o principal exemplo seja a Unimed. Ex: Sulamérica, Caixa Seguros, Bradesco Seguros.
Serviço sujeito ao pagamento de ISS Serviço sujeito ao pagamento de IOF (pacífico).
(pacífico). Prevalece que não está sujeito ao ISS.
12.3. Lei municipal que veicula exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN – (Info 841)
É inconstitucional lei municipal que veicule exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN
fora das hipóteses previstas em lei complementar nacional. Também é incompatível com o
texto constitucional medida fiscal que resulte indiretamente na redução da alíquota mínima
estabelecida pelo art. 88 do ADCT, a partir da redução da carga tributária incidente sobre a
prestação de serviço na territorialidade do ente tributante.
STF. Plenário. ADPF 190/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 29/09/16 (Info 841).
OBS:
Alíquota do ISSQN: A alíquota máxima do ISS é de 5% (art. 8º, II, da LC 116/03). Com o objetivo
de evitar “guerra fiscal” entre os Municípios, o art. 88 do ADCT da CF estabeleceu uma alíquota
mínima de ISS no valor de 2%. Assim, nenhuma lei municipal, a pretexto de atrair empresas para
ali se instalarem, poderá prever alíquota inferior a 2%. Confira o texto do ADCT:
Art. 88. Enquanto lei complementar não disciplinar o disposto nos incisos I e III do §
3º do art. 156 da Constituição Federal, o imposto a que se refere o inciso III do caput
do mesmo artigo:
I - terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para os serviços a que se referem
os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa ao Decreto-Lei nº 406, de 31 de
dezembro de 1968;
II - não será objeto de concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais, que
resulte, direta ou indiretamente, na redução da alíquota mínima estabelecida no
inciso I.
Base de cálculo: A base de cálculo do ISS é o PREÇO DO SERVIÇO, ou seja, o valor pago pelo
tomador do serviço ao prestador como contraprestação pela utilidade oferecida. Assim, o valor
que o contribuinte irá pagar é de 5% sobre o preço do serviço prestado (no caso de AL máxima).
Preço do serviço = valor total da nota: Quando se fala em preço do serviço, isso significa o valor
total cobrado pelo serviço, ou seja, a “receita bruta” obtida pelo prestador, sem descontar
impostos e outros custos que ele tenha. Ex: se a consulta do médico é R$ 1.000,00, o ISS a ser pago
é de R$ 50,00, ou seja, 5% sobre o valor total da nota, não importando que o médico ainda vá
pagar impostos e que ele receberá ao final um valor líquido menor.
O fato gerador do ISS - a prestação de serviços - tem matriz constitucional no art. 156, III
(serviços de qualquer natureza definidos em lei complementar), não sendo possível entender o
ato de subempreitar como sendo um serviço passível de tributação. O imposto não grava o ato
de subempreitar, nem a subempreitada em si, mas, unicamente, a prestação do serviço pela
subempreiteira.
Ora, o serviço executado pela subempreiteira é exatamente aquele que a empreiteira deixou de
executar.
Portanto, a empreiteira só pode se sujeitar à tributação na parte do serviço que ela executou. A
dedução de subempreitada já tributada foi a técnica encontrada pelo legislador para conferir
praticidade ao cálculo do imposto devido pela empreiteira.
Não permitir a dedução seria o mesmo que exigir o imposto sem prestação de serviço, ou seja,
sem que houvesse ocorrência do fato gerador, o que conduz à inconstitucionalidade gritante.
Se o fisco recebe duas vezes por um determinado serviço prestado resta claro que um deles (o
recebimento) é ilegítimo e inconstitucional. Por isso, o STF, ao contrário do STJ, vem
considerando inconstitucional a tributação da subempreitada já tributada."
STF. RE 603.497.
(TJRS-2016): O preço das subempreitadas e dos materiais empregados na obra, na atividade de
construção civil, não integra a base de cálculo do ISS.
14. IPI
14.1. Empresas que adquirem insumos, matéria prima e material de embalagem de indústrias
da ZFM possuem direito ao creditamento de IPI mesmo que a venda tenha ocorrido sob o regime
de isenção – (Info 938) – REPERCUSSÃO GERAL!!!
14.2. O art. 2º da Lei 8.393/91 era constitucional – (Info 860) – REPERCUSSÃO GERAL!!!
14.3. Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural – (Info 813) –
IMPORTANTE!!! – (TJPA-2019)
Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural, ainda que não
desempenhe atividade empresarial, e o faça para uso próprio.
STF. Plenário. RE 723651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 03/02/2016 (Info 813).
Incide IPI sobre veículo importado para uso próprio, haja vista que tal cobrança não viola o
princípio da não cumulatividade nem configura bitributação.
STJ. 1ª S. REsp 1396488-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 25/09/19 (recurso repetitivo – revisão
do Tema 695) (Info 657).
(TJPA-2019-CESPE): Segundo a assentada jurisprudência do STJ, quando um cidadão
brasileiro importa diretamente um veículo automotor, a incidência de imposto sobre produtos
industrializados (IPI) é imponível, mesmo que o bem se destine a uso próprio. BL: Info 657,
STJ.
14.4. Descontos incondicionais e sua não incidência na base de cálculo do IPI – (Info 757)
Os descontos incondicionais não devem integrar a base de cálculo do IPI. Ex: se o preço “cheio”
do produto era 120, mas foi dado um desconto de 20 para o adquirente, a base de cálculo do IPI
será 100 (e não 120).
É inconstitucional, por ofensa ao art. 146, III, a, da CF/88, o § 2º do art. 14 da Lei 4.502/1964, com
a redação dada pelo art. 15 da Lei 7.798/1989, no ponto em que determina a inclusão de
descontos incondicionais na base de cálculo do IPI.
STF. Plenário. RE 567935/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 4/9/2014 (repercussão geral) (Info 757).
14.5. Selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte – (Info
735)
É incompatível com a CF/88 o art. 3º do Decreto-Lei 1.437/75, que autorizava que o Fisco
exigisse do contribuinte o ressarcimento pelo custo dos selos do IPI.
Assim, o selo para controle de recolhimento de IPI não pode ser cobrado do contribuinte, sob
pena de violação ao princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF/88).
STF. Plenário. RE 662113/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/2/2014 (Info 735).
15. IOF
15.1. IOF e transmissão de ações de companhias abertas – (Info 813)
É constitucional o art. 1º, IV, da Lei nº 8.033/90, uma vez que a incidência de IOF sobre o
negócio jurídico de transmissão de títulos e valores mobiliários, tais como ações de
companhias abertas e respectivas bonificações, encontra respaldo no art. 153, V, da CF, sem
ofender os princípios tributários da anterioridade e da irretroatividade, nem demandar a
reserva de lei complementar.
Art. 1º São instituídas as seguintes incidências do imposto sobre operações de crédito, câmbio e
seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários:
IV - transmissão de ações de companhias abertas e das consequentes bonificações emitidas.
STF. Plenário. RE 583712/SP, Rel. Min. Edson Fachin, j. 4/2/16 (repercussão geral) (Info 813).
16. PIS/COFINS
16.1. O valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de cálculo do PIS/PASEP e
COFINS – (Info 857) – ATUALIZAR INFO 594 DO STJ!!!
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de cálculo
para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 15/3/2017 (repercussão geral) (Info
857).
Obs: o STJ possui entendimento em sentido contrário: STJ. 1ª Seção. REsp 1.144.469-PR, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 594).
17. PIS/PASEP
17.1. É válida a cobrança da contribuição para o PASEP das empresas estatais, ao passo que as
empresas privadas recolhem para o PIS, tributo patrimonialmente menos gravoso – (Info 927)
Não ofende o art. 173, § 1º, II, da CF/88 a escolha legislativa de reputar não equivalente a
situação das empresas privadas com relação às sociedades de economia mista, às empresas
públicas e suas respectivas subsidiárias exploradoras de atividade econômica, para fins de
submissão ao regime tributário das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e
para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), à luz dos princípios
da igualdade tributária e da seletividade no financiamento da Seguridade Social.
STF. Plenário. RE 577494/PR, Rel. Min. Edson Fachin, j. 13/12/2018 (repercussão geral) (Info
927).
OBS:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
(...)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto
aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
17.2. Incide PIS/PASEP sobre negócios jurídicos praticados por cooperativa com terceiros –
(Info 835)
A receita auferida pelas cooperativas de trabalho decorrentes dos atos (negócios jurídicos)
firmados com terceiros se insere na materialidade da contribuição ao PIS/PASEP.
STF. Plenário. RE 599362/RJ ED, Rel. Min. Dias Toffoli j. 18/08/16 (repercussão geral) (Info 835).
17.3. Incide PIS/PASEP sobre negócios jurídicos praticados por cooperativa com tomadores de
serviço – (Info 766)
18. IR / IPI
18.1. União pode conceder incentivos relacionados com o IR e o IPI mesmo que isso diminua os
repasses destinados ao FPM – (Info 847)
Atenção: são 22,5% distribuídos ao longo do ano + 1% até o dia 10 do mês de julho de cada ano +
1% até o dia 10 do mês de dezembro de cada ano. Logo, o total é 24,5%.
Obs: o Fundo de Participação dos Municípios é um instrumento contábil utilizado para facilitar o
repasse, permitindo uma melhor organização dos valores para que depois eles sejam repartidos
entre os Municípios. Para fins didáticos, você pode imaginar o FPM como sendo uma conta
bancária onde o dinheiro é depositado para depois ser dividido entre os Municípios, segundo
critérios previstos na legislação.
Isenções fiscais e impacto na arrecadação dos Municípios: Algumas vezes a União, a fim de
fomentar determinados setores da economia, concede incentivos, benefícios ou isenções fiscais
relacionados com o IR ou o IPI. Em outras palavras, são conferidos "descontos" desses impostos.
Ocorre que, com esses incentivos, o valor da arrecadação diminuiu e, consequentemente, o repasse
que é destinado aos Municípios também fica menor. Diante disso, alguns Municípios começaram
a ingressar com ações judiciais questionando todas as vezes que a União concede tais benefícios
afirmando que eles são diretamente prejudicados. Foi o caso do Município de Itabi (SE). A União
concedeu isenção de IR e IPI para determinado setor econômico e este Município ajuizou ação
pedindo que a desoneração concedida pelo Governo Federal não fosse computada na cota do FPM
destinado a ele (Itabi). Em outros termos, requereu que, mesmo havendo a isenção, o valor
repassado a ele não diminuísse.
A questão chegou até o STF. O pedido do Município de Itabi foi acolhido? NÃO. O poder de
arrecadar atribuído à União implica também o poder de isentar. Assim, quando a CF/88
determina que o FPM será composto pelo produto dos dois impostos (IR e IPI), isso inclui o
resultado das desonerações. De acordo com o inciso I do art. 159 da CF/88, a União deve entregar
um percentual sobre o “produto da arrecadação” do IR e do IPI ao Fundo de Participação dos
Municípios. De fato, essas transferências efetuadas pela União são de suma importância para as
finanças municipais e para a manutenção de sua autonomia financeira. Entretanto, aceitar o
pedido do Município iria contra o modelo de repartição de receitas previsto na Constituição
Federal.
Tese fixada: Como o recurso extraordinário do Município foi julgado sob o rito da repercussão
geral e havia inúmeros outros processos sobrestados, o STF definiu uma tese sobre o tema que
valerá para os casos semelhantes:
É constitucional a concessão regular de incentivos, benefícios e isenções fiscais
relativos ao Imposto de Renda e Imposto sobre Produtos Industrializados por parte
da União em relação ao Fundo de Participação de Municípios e respectivas quotas
devidas às Municipalidades. STF. Plenário. RE 705423/SE, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847).
19. COFINS
19.1. Instituições financeiras e majoração de alíquota da COFINS – (Info 905) – Concursos
Federais!!!
19.3. O valor retido em razão do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS –
(Info 762) – Tema polêmico!
O valor retido em razão do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS, sob
pena de violar o art. 195, I, “b”, da CF/88.
Obs: nesse julgado participaram vários Ministros que já se aposentaram. Assim, o tema poderá
ser alterado no futuro. Por enquanto, vale o que foi decidido.
STF. Plenário. RE 240785/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/10/14 (Info 762).
20.2. A contribuição social do empregador rural sobre a receita bruta, prevista no art. 25 da Lei
8.212/91, com redação dada pela Lei 10.256/2001, é constitucional – (Info 859)
20.3. Mesmo antes da EC 20/98, a contribuição social a cargo do empregador incidia sobre
quaisquer ganhos habituais do empregado – (Info 859) – IMPORTANTE!!!
EC 20/98: Vale ressaltar que a redação atual do inciso I do art. 195 da CF/88 foi dada pela EC
20/98:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício; (Incluído pela EC 20/98);
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela EC 20/98)
c) o lucro; (Incluído pela EC 20/98)
Lei 8.212/91: Esta Lei trata sobre o custeio da Previdência Social e, no seu art. 22, regulamenta o
art. 195, I, da CF/88:
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do
disposto no art. 23, é de:
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a
qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos
que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua
forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os
adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços,
nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de
trabalho ou sentença normativa.
Valor adicional para o caso de instituições financeiras: Ocorre que a Lei 8.212/91 decidiu cobrar
das instituições financeiras, além da contribuição de 22% prevista no art. 22, I, um "extra", um
adicional de mais 2,5% incidente sobre a folha de salários, na forma do § 1º do art. 22, cuja redação
é a seguinte:
Art. 22 (...) § 1º No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes
autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada
abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é
devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base de
cálculo definida nos incisos I e III deste artigo.
Atenção: Não compete ao Poder Judiciário substituir o legislador na escolha das atividades que
terão alíquotas diferenciadas relativamente à contribuição social. Em outros termos, a CF/88
autorizou que as alíquotas pudessem ser diferenciadas e a escolha de quais empresas se
enquadram nesta situação cabe ao legislador, que o fez na Lei 8.212/91. A escolha legislativa em
onerar as instituições financeiras e entidades equiparáveis, com alíquota diferenciada para fins de
custeio da seguridade social, é compatível com a Constituição.
21. CONTRIBUIÇÕES
21.1. As contribuições devidas ao Sebrae, à Apex e à ABDI com fundamento na Lei nº 8.029/90
continuam válidas mesmo após a Emenda Constitucional 33/2001 – (Info 992)
As contribuições devidas ao Sebrae, à Apex e à ABDI com fundamento na Lei nº 8.029/90 foram
recepcionadas pela Emenda Constitucional 33/2001.
STF. Plenário.RE 603624/SC, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
j. 23/09/20 (Repercussão Geral – Tema 325) (Info 992).
21.2. CSLL: A CSLL é constitucional – (Info 916) – Apenas alguns concursos federais!
É constitucional a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), instituída pela Lei nº
7.689/88, sendo também constitucionais as majorações de alíquotas efetivadas pela Lei nº
7.856/89, por obedecerem à anterioridade nonagesimal.
Por sua vez, a ampliação da base de cálculo, conforme o art. 1º, II, da Lei nº 7.988/89, a fim de se
compatibilizar com a anterioridade nonagesimal, só pode ser efetivada a partir do ano base de
1990.
STF. Plenário. RE 211446 ED-ED/GO, Rel. Min. Luiz Fux, j. 20/9/18 (Info 916).
OBS:
CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é um tributo federal instituído pela Lei
7.689/88. A Lei 7.689/88 foi fruto da MP 22/88. Veja o que diz o art. 1º da Lei:
Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas,
destinada ao financiamento da seguridade social.
Fundamento constitucional:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre: (...)
c) o lucro;
Características principais da CSLL:
Tributo de competência da União;
É tributo pessoal, direto, proporcional, complexivo e com finalidade fiscal;
Fato gerador: é o lucro das pessoas jurídicas (por isso, é assemelhado ao imposto de
renda);
Base de cálculo: é o valor do resultado do exercício (“lucro líquido”), antes da provisão
para o imposto de renda;
Contribuintes: pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhes são equiparadas
pela legislação tributária.
Lançamento: lançamento por homologação;
Destinação: a arrecadação da CSLL é destinada ao financiamento da seguridade social;
Aplicam-se à CSLL, no que couber, as disposições da legislação do imposto de renda
referentes à administração, ao lançamento, à consulta, à cobrança, às penalidades, às
garantias e ao processo administrativo.
Tão logo foi instituída a CSLL, iniciou-se uma discussão a respeito de sua constitucionalidade.
Vários argumentos eram invocados, dentre eles, o de que tal contribuição somente poderia ter
sido instituída por meio de lei complementar. Pergunta: o que decidiu o STF? A CSLL é
constitucional? SIM. O STF, ainda em 1992, decidiu que a CSLL é constitucional. O Tribunal,
contudo, fez uma ressalva e afirmou que o art. 8º da Lei 7.689/88 era inconstitucional. Isso
porque a Lei 7.689/88 entrou em vigor em 16/12/1988 e o art. 8º dizia que seria possível cobrar o
CSLL já no ano de 1989 com base no que a pessoa jurídica lucrou em 1988:
Art. 8º A contribuição social será devida a partir do resultado apurado no período-
base a ser encerrado em 31 de dezembro de 1988.
Assim, esse art. 8º violou o princípio da irretroatividade, contido no art. 150, III, “a”, da CF/88,
“que proíbe que a lei que institui tributo tenha, como fato gerador deste, fato ocorrido antes do
início da vigência dela” (STF. Plenário. RE 146733, Rel. Min. Moreira Alves, j. 29/06/1992).
Em 2007, o STF, em sede de ADI, confirmou a constitucionalidade da CSLL: STF. Plenário. ADI
15, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 14/06/2007.
Lei 7.856/89: Em 25/9/89, o Presidente da República publicou a MP 86/89 (posteriormente
convertida na Lei 7.856/89) prevendo que a partir do exercício financeiro de 1990,
correspondente ao período-base de 1989, a alíquota da CSLL deveria passar para 10%. O STF
afirmou que essa alteração foi constitucional porque respeitou os 90 dias exigidos pelo art. 195, §
6º, da CF/88 (princípio da anterioridade nonagesimal ou anterioridade mitigada):
Art. 195 (...)
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
Isso porque entre 22/09/1989 até 01/01/1990 passaram-se mais que 90 dias. Veja:
Tratando-se de lei de conversão da MP nº 86, de 25 de setembro de 1989, da data da
edição desta é que flui o prazo de noventa dias previsto no art. 195, § 6º, da CF, o
qual, no caso, teve por termo final o dia 24 de dezembro do mesmo ano,
possibilitando o cálculo do tributo, pela nova alíquota, sobre o lucro da recorrente,
apurado no balanço do próprio exercício de 1989. STF. Plenário. RE 197790, Rel.
Min. Ilmar Galvão, j. 19/2/97.
Lei 7.988/89: Outra discussão envolvendo a CSLL foi decorrente da Lei 7.988/89. O art. 1º, II, da
Lei 7.988/89 ampliou a base de cálculo da CSLL. O problema foi que a Lei 7.988/89 entrou em
vigor em 29/12/89 e disse que esse aumento já levaria em consideração o período-base de 1989. O
STF, então, decidiu que isso era inconstitucional porque violava a anterioridade nonagesimal
anterioridade mitigada) consagrada no art. 195, § 6º, da CF/88. Nesse sentido: STF. Plenário. RE
183119, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgado em 20/11/1996.
21.3. É constitucional a lei que extinguiu a contribuição sindical obrigatória – (Info 908) –
IMPORTANTE!!!
Custeio das entidades sindicais: Com o objetivo de garantir o seu custeio, a CF/88 assegurou às
entidades sindicais duas contribuições diferentes. Veja:
Art. 8º (...)
IV — a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria
profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em
lei;
Desse modo, apesar de a redação do inciso ser um pouco truncada, é possível perceber que ele fala
em duas espécies de contribuição:
1) Contribuição fixada pela assembleia geral (destacada na primeira parte);
2) Contribuição prevista em lei (destacada na segunda parte).
Confira as diferenças que EXISTIAM entre elas:
Contribuição CONFEDERATIVA Contribuição SINDICAL
Prevista na 1ª parte do art. 8º, IV, da Prevista na 2ª parte do art. 8º, IV, da
CF/88. CF/88.
Também chamada de “contribuição de Também chamada de “imposto
assembleia”. sindical”, expressão incorreta porque
não é imposto.
NÃO é tributo. ERA considerada um TRIBUTO.
ERA uma contribuição parafiscal (ou
especial).
Fixada pela assembleia geral do Era instituída por meio de lei
sindicato (obrigação ex voluntate). (obrigação ex lege).
É VOLUNTÁRIA. ERA COMPULSÓRIA.
A contribuição confederativa é ERA paga por todos aqueles que
considerada como voluntária porque faziam parte de uma determinada
somente é paga pelas pessoas que categoria econômica ou profissional,
resolveram (optaram) se filiar ao ou de uma profissão liberal, em favor
sindicato. do sindicato representativo da mesma
A contribuição confederativa de que categoria ou profissão ou, inexistindo
trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é este, à Federação correspondente à
exigível dos filiados ao sindicato mesma categoria econômica ou
respectivo (SV 40): profissional.
Súmula vinculante 40: A contribuição Não havia jeito: se o indivíduo fosse
confederativa de que trata o artigo 8º, metalúrgico, p. ex., ele tinha que
IV, da Constituição Federal, só é pagar a contribuição sindical, mesmo
exigível dos filiados ao sindicato que não fosse filiado ao sindicato.
respectivo. ERA um tributo.
O que fez a Lei 13.467/17? A Lei 13.467/17, conhecida como “Reforma Trabalhista”, alterou os
dispositivos da CLT que tratavam sobre a contribuição sindical com o objetivo de fazer com que
ela deixasse de ser compulsória e passasse a ser FACULTATIVA. Vamos comparar os principais
dispositivos sobre o tema que foram alterados:
CLT
Antes da Lei 13.467/2017 Depois da Lei 13.467/2017
Art. 578. As contribuições devidas aos Art. 578. As contribuições devidas aos
Sindicatos pelos que participem das sindicatos pelos participantes das
categorias econômicas ou profissionais categorias econômicas ou profissionais
ou das profissões liberais ou das profissões liberais
representadas pelas referidas representadas pelas referidas
entidades serão, sob a denominação entidades serão, sob a denominação de
do "imposto sindical", pagas, contribuição sindical, pagas, recolhidas
recolhidas e aplicadas na forma e aplicadas na forma estabelecida neste
estabelecida neste Capítulo. Capítulo, desde que prévia e
expressamente autorizadas.
Art. 579. A contribuição sindical é Art. 579. O desconto da contribuição
devida por todos aqueles que sindical está condicionado à
participarem de uma determinada autorização prévia e expressa dos que
categoria econômica ou profissional, participarem de uma determinada
ou de uma profissão liberal, em favor categoria econômica ou profissional,
do sindicato representativo da mesma ou de uma profissão liberal, em favor
categoria ou profissão ou, inexistindo do sindicato representativo da mesma
este, na conformidade do disposto no categoria ou profissão ou, inexistindo
art. 591. este, na conformidade do disposto no
art. 591 desta Consolidação.
Art. 582. Os empregadores são Art. 582. Os empregadores são
obrigados a descontar da folha de obrigados a descontar da folha de
pagamento de seus empregados, pagamento de seus empregados
relativa ao mês de março de cada ano, relativa ao mês de março de cada ano a
o imposto sindical por estes devido contribuição sindical dos empregados
aos respectivos sindicatos. (...) que autorizaram prévia e
expressamente o seu recolhimento aos
respectivos sindicatos. (...)
Art. 587. O recolhimento da Art. 587. Os empregadores que
contribuição sindical dos optarem pelo recolhimento da
empregadores efetuar-se-á no mês de contribuição sindical deverão fazê-lo
janeiro de cada ano, ou, para os que no mês de janeiro de cada ano, ou,
venham a estabelecer-se após aquele para os que venham a se estabelecer
mês, na ocasião em que requeiram às após o referido mês, na ocasião em que
repartições o registro ou a licença para requererem às repartições o registro ou
o exercício da respectiva atividade. a licença para o exercício da respectiva
atividade.
Veja, portanto, que o legislador alterou todos os dispositivos que dispunham sobre a contribuição
sindical como sendo algo obrigatório, passando a ser tratada como um pagamento facultativo.
ADI: Algumas entidades sindicais ingressam com ADIs contra essas alterações. Nas ações, as
entidades alegaram, dentre outros argumentos, que:
A contribuição sindical foi recepcionada pela Constituição de 1988 como sendo uma
contribuição parafiscal (art. 149 da CF/88), ou seja, um tributo;
O art. 146, III, “a”, da CF/88 prevê que a instituição de tributos parafiscais e suas
definições, espécies, bases de cálculo, fatos geradores e contribuintes devem ser feitas por
meio de lei complementar. Ocorre que a Lei 13.467/17 é uma lei ordinária, de modo que
teria havido uma inconstitucionalidade formal;
Além disso, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical foi promovida pela Lei
13.467/17 que tratou sobre vários outros assuntos. Para as entidades, isso não seria
possível porque o art. 150, § 6º, da CF/88 exige explicitamente que a matéria seja regulada
por meio de lei tributária específica:
Art. 150 (...)
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só
poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que
regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo
ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.
A alteração legislativa teria violado direitos fundamentais previstos no art. 5º da CF/88,
especialmente quando ela fala em acesso à Justiça, em direito ao contraditório e à ampla
defesa e à assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos. Além disso, teria afrontado também os direitos à educação, à saúde, à
alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à segurança. Isso porque os
sindicatos oferecem assistência judiciária integral e gratuita para os trabalhadores
carentes e esses serviços eram custeados com a contribuição sindical obrigatória. Sem essa
verba, os sindicatos não poderão mais oferecer essa assistência, o que representa um
enorme retrocesso social.
O que o STF decidiu? A ADI foi julgada procedente? O fim da obrigatoriedade da contribuição
sindical viola a Constituição Federal? NÃO. A ADI foi julgada improcedente e o STF decidiu
que:
São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei 13.467/17
(Reforma Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da contribuição sindical
e condicionaram o seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados.
STF. Plenário. ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux,
julgado em 29/6/2018 (Info 908).
Dispor sobre o fim da obrigatoriedade sindical não significa tratar sobre normas gerais de
tributário: No âmbito formal, o STF entendeu que o assunto tratado pela Lei 13.467/17 (fim da
obrigatoriedade da contribuição sindical) não pode ser considerado como norma geral de direito
tributário. Logo, o fim da obrigatoriedade sindical não precisava ter sido veiculado por meio de
lei complementar por não se enquadrar na exigência do art. 146, III, “a”, da CF/88, como
argumentavam as entidades sindicais:
Art. 146. Cabe à lei complementar: (...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;
Acabar com a obrigatoriedade da contribuição sindical não exige lei específicas: O § 6º do art. 150
da CF/88 exige lei específica para conceder subsídio, isenção, reduzir base de cálculo e conceder
outros “benefícios fiscais”. A Lei 13.467/17 não disciplinou nenhum desses benefícios fiscais.
Logo, não se exigia a edição de uma lei específica.
Livre associação profissional ou sindical: Sob o ângulo material, o STF lembrou que a
Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é
obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato (art. 8º, V). O princípio constitucional da
liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se associar a
uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente com essa representação. Não se
pode admitir que o texto constitucional, de um lado, consagre a liberdade de associação,
sindicalização e expressão e, de outro, imponha uma contribuição compulsória a todos os
integrantes das categorias econômicas e profissionais.
CF/88 não impõe que a contribuição sindical seja obrigatória: “A contribuição sindical não foi
constitucionalizada no texto magno”. O que o STF quis dizer com essa frase: não há qualquer
comando na Constituição dizendo que deverá ser instituída uma contribuição sindical
compulsória, com natureza de tributo, em favor dos sindicatos. O inciso IV do art. 8º da CF/88
prevê que a lei poderá instituir uma contribuição sindical, mas sem mencionar que deva ser
obrigatória.
Contribuição confederativa é a principal fonte de custeio dos sindicatos: Analisando o inciso IV
do art. 8º, o STF afirma que fica claro que a contribuição sindical, na forma da lei, é uma fonte de
custeio (fonte de receita) subsidiária das entidades sindicais. A principal fonte de custeio é a
contribuição confederativa, instituída em assembleia geral.
Modelo de gestão sindical é uma decisão política: A discussão a respeito do modelo de gestão
sindical a ser adotado no Brasil é eminentemente política, cujo protagonista é o Congresso
Nacional. O STF deve ser autocontido, de forma a respeitar as escolhas políticas do Legislativo.
Sistema sindical moderno: Ademais, a reforma trabalhista buscou a evolução de um sistema
sindical centralizador, arcaico e paternalista para um modelo mais moderno, baseado na
liberdade. O modelo de contribuição compulsória não estimulava a competitividade e a
representatividade, levando a um verdadeiro negócio privado, bom apenas para sindicalistas. A
sistemática anterior criou um associativismo com enorme distorção representativa. No Brasil, são
quase 17 mil sindicatos, enquanto em outros países apenas algumas centenas. A contribuição
compulsória vinha gerando oferta excessiva e artificial de associações sindicais, o que configura
perda social em detrimento dos trabalhadores. Esse número estratosférico de sindicatos não se
revertia em aumento do bem-estar de nenhuma categoria. Nesse contexto, as entidades sindicais
frequentemente se engajam em atividades políticas, lançando e apoiando candidatos,
conclamando protestos e mantendo estreitos laços com partidos políticos. Ocorre que o discurso
político é o núcleo por excelência da liberdade de expressão. Ao exigir que indivíduos financiem
atividades políticas com as quais não concordam, por meio de contribuições compulsórias a
sindicatos, o regime anterior certamente vulnerava a garantia fundamental da liberdade de
expressão, protegida pelo art. 5º, IV, da Constituição. Por sua vez, a nova sistemática leva a um
novo pensar da sociedade sobre como lidar com as categorias econômicas e trabalhistas e com as
formas de atuação na sociedade, sem depender necessariamente do Estado. Os sindicatos
passarão a ser sustentados por contribuições voluntárias, do mesmo modo que as demais
associações.
Votos vencidos: Ficaram vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Dias Toffoli, para
quem as alterações legislativas são inconstitucionais formal e materialmente.
É constitucional a contribuição adicional de 2,5% (dois e meio por cento) sobre a folha de
salários instituída para as instituições financeiras e assemelhadas pelo art. 3º, § 2º, da Lei nº
7.787/89, ainda que considerado o período anterior à EC 20/98.
STF. Plenário. RE 599309/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 6/6/18 (repercussão geral) (Info
905).
Se uma empresa se autoqualifica como prestadora de serviços, a ela deverá ser aplicada a
majoração de alíquota estabelecida para o cálculo da contribuição ao Finsocial.
STF. Plenário. RE 193924 ED-EDv/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, j. 16/5/18 (Info 902).
21.6. É inconstitucional o art. 2º da Lei 11.000/04 quando delega aos conselhos profissionais a
competência para definir as anuidades sem parâmetro legal – (Info 844) – (Anal. Judic./TRERJ-
2017) (TJSC-2019)
É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem
parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e
econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização
desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 704292/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/10/16 (repercussão geral) (Info 844).
OBS:
NOÇÕES GERAIS SOBRE AS ANUIDADES COBRADAS PELOS CONSELHOS
PROFISSIONAIS
Qual é a natureza jurídica dos Conselhos Profissionais (exs.: CREA, CRM, COREN, CRO etc.)?
Os Conselhos Profissionais possuem natureza jurídica de autarquias federais.
Anuidades: Os Conselhos podem cobrar um valor todos os anos dos profissionais que integram a
sua categoria. A isso se dá o nome de anuidade (art. 4º, II, da Lei nº 12.514/2011).
Qual é a natureza jurídica dessas anuidades? Tais contribuições são consideradas tributo, sendo
classificadas como “contribuições profissionais ou corporativas”.
Fato gerador: O fato gerador das anuidades é a existência de inscrição no conselho, ainda que por
tempo limitado, ao longo do exercício (art. 5º da Lei nº 12.514/2011).
Competência: A execução fiscal, nesse caso, é de competência da Justiça Federal, tendo em vista
que os Conselhos são autarquias federais (Súmula 66 do STJ).
Essa previsão é constitucional? NÃO. O STF entendeu que o art. 2º, caput e o § 1º da Lei nº
11.000/2004 são inconstitucionais. Vamos entender os motivos.
Critérios para se respeitar o princípio da legalidade tributária? Dessa forma, é possível que uma
lei tributária autorize que um ato infralegal defina alguns aspectos relacionados com o tributo que
está sendo tratado. A isso o Min. Dias Toffoli chama de "diálogo com o regulamento". Vale
ressaltar, contudo, que este diálogo com o regulamento deve ocorrer respeitando-se três
parâmetros: subordinação, desenvolvimento e complementariedade.
Art. 2º da Lei 11.000/04 não atendeu a esses parâmetros : O art. 2º da Lei 11.000/04 estabeleceu a
possibilidade de os Conselhos de fiscalização fixarem livremente o valor das anuidades pagas.
Houve, portanto, um diálogo com o regulamento com o objetivo de otimizar os princípios da
capacidade contributiva e da isonomia, permitindo que os próprios Conselhos defina, no caso
concreto, o valor das anuidades de acordo com os níveis superior, técnico e auxiliar.
Porém, o que se observa é que a Lei conferiu uma autorização muito ampla e genérica, não
impondo limites de "subordinação" e de "complementariedade" para o regulamento. Com isso, a
Lei 11.000/04 criou situação de instabilidade institucional, deixando ao puro arbítrio do
administrador o valor da exação. Não há previsão legal de qualquer limite máximo para a fixação
do valor da anuidade.
Percebe-se que a definição do valor do tributo, um poder outorgado pelo povo para o Parlamento,
foi inteiramente delegada, sem critérios, para os conselhos de fiscalização que são entidades
autárquicas eminentemente administrativas e destituídas de poder político (legitimação
democrática).
Para o contribuinte, surge uma situação de intranquilidade e incerteza por não saber o quanto lhe
poderá ser cobrado; para o fisco, significa uma atuação ilimitada e carente de controle.
Desse modo, o grau de indeterminação do art. 2º da Lei 11.000/04 foi tão grande que violou a
reserva legal, consagrada pelo art. 150, I, da CF/88. Isso porque a remessa ao ato infralegal não
pode resultar em desapoderamento do legislador para tratar de elementos tributários essenciais. O
legislador não pode abrir mão de todos os critérios em prol do regulamento.
Para que o art. 2º da Lei 11.000/04 respeitasse o princípio da legalidade seria indispensável que ele
previsse o limite máximo do valor da exação, ou os critérios para calculá-lo, o que não ocorreu na
espécie.
Majoração das anuidades em patamar superior ao teto fixado em lei: Da mesma forma que é
vedado aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas fixar em abstrato as
contribuições anuais, também é proibido que eles, a pretexto de atualização monetária, aumentem
as anuidades em patamar superior ao teto fixado em lei. Entendimento contrário possibilitaria a
efetiva majoração do tributo por ato infralegal, em nítida ofensa ao art. 150, I, da CF/88.
Obs: em razão de não possuir natureza jurídica de autarquia, a OAB não está vinculada a esses
valores, podendo fixar anuidade em patamares superiores.
O STF já decidiu que a Lei 12.514/11 é constitucional e que respeita os princípios da capacidade
contributiva, da vedação ao confisco e da legalidade. Para maiores informações, veja: STF.
Plenário. ADI 4697/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 06/10/16 (Info 842).
22. PRESCRIÇÃO
22.1. Prazo prescricional e tributo declarado inconstitucional – (Info (906)
Caso concreto: STF decidiu que determinada contribuição tributária era inconstitucional. Não
houve modulação dos efeitos.
Contribuinte ajuizou ação pedindo a repetição do indébito, ou seja, a restituição dos valores
pagos.
O debate envolve o prazo prescricional para essa pretensão.
No momento em que o contribuinte ajuizou a ação, o entendimento do STJ era no sentido de
que o prazo prescricional tinha início a partir da data da declaração de inconstitucionalidade da
exação pelo STF no controle concentrado, ou de resolução do Senado Federal, no controle
difuso.
Ocorre que, durante o curso da ação, o STJ promoveu revisão abrupta de sua jurisprudência
para considerar que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o transcurso do prazo
prescricional ocorre a partir do recolhimento indevido, independentemente da data da decisão
do STF ou da Resolução do SF (REsp 435.835/SC).
Com a aplicação do novo entendimento do STJ, o contribuinte – que já estava com a sua ação
em curso – teria seu pedido rejeitado por força da prescrição.
O STF, contudo, não concordou com a aplicação imediata do novo entendimento do STJ aos
processos em curso. Para o Supremo, isso representa retroação da regra de contagem do prazo
prescricional às pretensões já ajuizadas, em afronta ao princípio da segurança jurídica e aos
postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança legítima, sobre os quais se assenta o próprio
Estado Democrático de Direito.
A modificação na jurisprudência em matéria de prescrição não pode retroagir para considerar
prescrita pretensão que não o era à época do ajuizamento da ação, em respeito ao
posicionamento anteriormente consolidado.
Toda inflexão jurisprudencial que importe restrição a direitos dos cidadãos deve observar certa
regra de transição para produção de seus efeitos, levando em consideração os comportamentos
então tidos como legítimos, porquanto praticados em conformidade com a orientação
prevalecente, em homenagem aos valores e princípios constitucionais.
STF. 2ª T. ARE 951533/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. acórdão o Min. Dias Toffoli, j.
12/6/18 (Info 906).
O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo por não
restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos
contribuintes e, assim, não constituir sanção política.
STF. Plenário. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 3 e 9/11/16 (Info 846).
OBS:
O que é um protesto de título? Protesto de título é o ato público, formal e solene, realizado pelo
tabelião, com a finalidade de provar a inadimplência e o descumprimento de obrigação constante
de título de crédito ou de outros documentos de dívida.
Quais são as vantagens do credor realizar o protesto? Existem inúmeros efeitos que decorrem do
protesto, no entanto, as duas principais vantagens para o credor são as seguintes:
a) Serve como meio de provar que o devedor está inadimplente;
b) Funciona como uma forma de coerção para que o devedor cumpra sua obrigação
sem que seja necessária uma ação judicial (como o protesto lavrado gera um abalo
no crédito do devedor, que é inscrito nos cadastros de inadimplentes, a doutrina
afirma que o receio de ter um título protestado serve como um meio de cobrança
extrajudicial do débito; ao ser intimado do protesto, o devedor encontra uma forma
de quitar seu débito).
Qual é o objeto do protesto? O que pode ser protestado? Segundo o art. 1º da Lei nº 9.492/97:
Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o
descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.
O que é um documento de dívida? É todo e qualquer meio de prova escrita que comprove a
existência de uma obrigação líquida, certa e exigível.
Protesto extrajudicial de certidão de dívida ativa (CDA) e posição inicial do STJ : Como a Lei
9.492/97 inovou o tratamento jurídico sobre o tema e permitiu, em seu art. 1º, que o protesto fosse
realizado não apenas sobre títulos, como também com relação a outros documentos de dívida,
iniciou-se uma intensa discussão acerca da possibilidade e conveniência do protesto da certidão
de dívida ativa da Fazenda Pública.
Lei 12.767/2012: A fim de espancar quaisquer dúvidas, foi publicada a Lei 12.767/12 incluindo um
parágrafo único ao art. 1º da Lei 9.492/97 e permitindo, expressamente, o protesto de certidões da
dívida ativa. Confira:
Art. 1º (...)
Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida
ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas
autarquias e fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 12.767/2012)
Desse modo, foi incluída expressa previsão do protesto de CDA na Lei nº 9.492/97.
2) A Fazenda Pública já dispõe de um meio ágil de cobrança, que é a execução fiscal (Lei
6.830/80). Logo, ela não precisa do protesto. Diante disso, conclui-se que o protesto de
CDA pela Fazenda tem como único propósito funcionar como meio coativo de cobrança
da dívida tributária, procedimento esse que revela verdadeira "sanção política", que não é
admitida pelo ordenamento jurídico brasileiro.
A ADI foi acolhida? A previsão do protesto de CDA viola a Constituição Federal? NÃO. É o que
foi decidido no Info 846.
Pertinência temática e contrabando legislativo: Realmente, o STF, ao julgar a ADI 5127/DF, fixou
o entendimento de que, durante a tramitação de uma MP, os parlamentares só podem apresentar
emendas caso estas possuam pertinência temática com a proposta original. Vamos relembrar o
que foi decidido:
Durante a tramitação de uma medida provisória no Congresso Nacional, os
parlamentares poderão apresentar emendas? SIM, no entanto, tais emendas deverão
ter relação de pertinência temática com a medida provisória que está sendo
apreciada. Assim, a emenda apresentada deverá ter relação com o assunto tratado
na medida provisória. Desse modo, é incompatível com a Constituição a
apresentação de emendas sem relação de pertinência temática com medida
provisória submetida à sua apreciação. A inserção, por meio de emenda
parlamentar, de assunto diferente do que é tratado na medida provisória que
tramita no Congresso Nacional é chamada de "contrabando legislativo", sendo uma
prática vedada. STF. Plenário. ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o
acórdão Min. Edson Fachin, j. 15/10/15 (Info 803).
Ocorre que o STF, ao julgar esta ADI 5127/DF acima, decidiu modular os efeitos da decisão.
Assim, a Corte afirmou que esse entendimento só deverá valer para as medidas provisórias que
forem convertidas em lei depois da decisão da ADI 5127/DF. As medidas provisórias que foram
aprovadas antes da ADI 5127/DF, mesmo que nelas tenha havido contrabando legislativo, não
serão julgadas inconstitucionais (por razões de segurança jurídica).
É como se o STF tivesse dado uma chance ao Congresso Nacional e, ao mesmo tempo, feito um
alerta: o que já foi aprovado não será declarado inconstitucional, porém não faça mais isso. Dessa
forma, a decisão do STF contrária ao “contrabando legislativo” (ADI 5127/DF) teve eficácia
prospectiva. A MP 577/2012, que resultou na Lei 12.767/2012 permitindo o protesto de CDA, foi
aprovada antes do mencionado precedente, motivo pelo qual não padece de vício de
inconstitucionalidade formal.
Sanção política (cobrança do tributo por vias oblíquas): Antes de enfrentar o argumento da
autora, é preciso relembrar em que consiste a chamada "sanção política". A Fazenda Pública
deverá cobrar os tributos em débito mediante os meios judiciais (execução fiscal) ou extrajudiciais
(lançamento tributário) legalmente previstos. O Fisco possui instrumentos legais para satisfazer
seus créditos. Justamente por isso, a jurisprudência entende que a Administração Pública não
pode proceder à cobrança do tributo por "meios indiretos", impedindo, cerceando ou dificultando
a atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte devedor. Quando isso ocorre, os Tribunais
afirmam que o Poder Público aplicou “sanções políticas”, ou seja, formas “enviesadas de
constranger o contribuinte, por vias oblíquas, ao recolhimento do crédito tributário” (STF ADI
173). Exs.: apreensão de mercadorias, não liberação de documentos, interdição de
estabelecimentos.
Desse modo, sanções políticas, em matéria tributária, são restrições e impedimentos impostos
pelo Fisco às atividades desenvolvidas pelos contribuintes com a finalidade de, indiretamente,
forçá-los ao pagamento do tributo. Existem quatro exemplos de sanções políticas reconhecidas
em súmulas do STF e STJ:
Súmula 70-STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio
coercitivo para cobrança de tributo.
Para que seja considerada sanção política, a medida deverá ser desproporcional/irrazoável : A
tese central defendida pela autora da ADI foi a de que o protesto da CDA pelo fisco constitui
“sanção política” – pois seria uma medida extrajudicial que restringe de forma desproporcional os
direitos fundamentais dos contribuintes ao devido processo legal, à livre iniciativa e ao livre
exercício profissional – imposta, de forma indireta, para pressioná-los a quitar seus débitos
tributários. O STF não concordou com o argumento. Para Min. Barroso, o simples fato de o Poder
Público adotar medidas coercitivas ou que restrinjam direitos dos contribuintes como forma de
cobrar o tributo não significa que isso seja considerado como uma sanção política. Exige-se,
além disso, que tais restrições sejam desproporcionais, irrazoáveis. No caso do protesto de CDA,
apesar de ele acabar impondo uma restrição ao contribuinte (o devedor ficará com nome
"negativado", terá mais dificuldades para conseguir obter empréstimos etc.), esta medida não foi
considerada desproporcional ou irrazoável.
Ademais, não configura uma “sanção política”, já que não constitui medida coercitiva indireta que
restrinja, de modo irrazoável ou desproporcional, direitos fundamentais dos contribuintes, com o
objetivo de forçá-los a quitar seus débitos tributários. Tal instrumento de cobrança é, portanto,
constitucional.
Não são proibidos mecanismos extrajudiciais de cobrança: Realmente, a execução fiscal constitui
o mecanismo próprio (típico) de cobrança judicial da Dívida Ativa. Apesar disso, não podem ser
considerados proibidos os mecanismos extrajudiciais de arrecadação tributária. O protesto é um
instrumento extrajudicial que pode ser empregado para a cobrança dos valores inscritos na dívida
ativa, com expressa previsão legal, nos termos do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 9.492/97.
Não há, assim, qualquer incompatibilidade entre a execução fiscal e o protesto da CDA. Eles são
até mesmo complementares. Frustrada a cobrança pela via do protesto, o executivo fiscal poderá
ser normalmente ajuizado pelo Fisco. Ressalta-se, ainda, que em relação à cobrança de créditos de
pequeno valor, o protesto será, muitas vezes, a única via possível. Isso porque um processo de
execução fiscal tem elevado custo e com frequência não vale a pena economicamente propor a
ação para cobrar dívidas de baixo montante. Assim, diversas Fazendas Públicas optaram por
autorizar o não ajuizamento de execuções fiscais nos casos em que o custo da cobrança judicial
seja superior ao próprio valor do crédito. Nestas hipóteses, o protesto da CDA é medida de
fundamental importância e que atende ao interesse público.
Abusos poderão ser corrigidos pelo Poder Judiciário: Ressalta-se, por fim, que nas hipóteses de má
utilização do protesto de CDA, permanecem os juízes de 1º grau e os demais tribunais do País
com a prerrogativa de promoverem a revisão de eventuais atos de protesto que, à luz do caso
concreto, estejam em desacordo com a CF/88 e com a legislação tributária, sem prejuízo do
arbitramento de uma indenização compatível com o dano sofrido pelo administrado. Desse modo,
o protesto de CDA é uma prática compatível com a Constituição Federal, mas os abusos poderão
ser corrigidos pelo Poder Judiciário.
Posição do STJ sobre o tema: Atualmente, é pacífico também no STJ que é válido o protesto de
CDA. Veja trechos da ementa do julgado que foi o leading case naquele Tribunal:
(...) 4. No regime instituído pelo art. 1º da Lei 9.492/97, o protesto, instituto bifronte
que representa, de um lado, instrumento para constituir o devedor em mora e
provar a inadimplência, e, de outro, modalidade alternativa para cobrança de
dívida, foi ampliado, desvinculando-se dos títulos estritamente cambiariformes para
abranger todos e quaisquer "títulos ou documentos de dívida". Ao contrário do
afirmado pelo Tribunal de origem, portanto, o atual regime jurídico do protesto não
é vinculado exclusivamente aos títulos cambiais. (...)
6. Dada a natureza bifronte do protesto, não é dado ao Poder Judiciário substituir-se
à Administração para eleger, sob o enfoque da necessidade (utilidade ou
conveniência), as políticas públicas para recuperação, no âmbito extrajudicial, da
dívida ativa da Fazenda Pública. (...)
9. A Lei das Execuções Fiscais disciplina exclusivamente a cobrança judicial da
dívida ativa, e não autoriza, por si, a insustentável conclusão de que veda, em
caráter permanente, a instituição, ou utilização, de mecanismos de cobrança
extrajudicial. (...)
13. A possibilidade do protesto da CDA não implica ofensa aos princípios do
contraditório e do devido processo legal, pois subsiste, para todo e qualquer efeito, o
controle jurisdicional, mediante provocação da parte interessada, em relação à
higidez do título levado a protesto. (...)
16. A interpretação contextualizada da Lei 9.492/97 representa medida que
corrobora a tendência moderna de intersecção dos regimes jurídicos próprios do
Direito Público e Privado. A todo instante vem crescendo a publicização do Direito
Privado (iniciada, exemplificativamente, com a limitação do direito de propriedade,
outrora valor absoluto, ao cumprimento de sua função social) e, por outro lado, a
privatização do Direito Público (por exemplo, com a incorporação — naturalmente
adaptada às peculiaridades existentes — de conceitos e institutos jurídicos e
extrajurídicos aplicados outrora apenas aos sujeitos de Direito Privado, como, e.g., a
utilização de sistemas de gerenciamento e controle de eficiência na prestação de
serviços). (...)
STJ. 2ª Turma. REsp 1126515/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
03/12/2013 (Info 533).
"A cada aquisição tributada de insumo, o adquirente registra como crédito o valor do tributo
incidente na operação. Tal valor é um "direito" do contribuinte, consistente na possibilidade
de recuperar o valor incidente nas operações subsequentes (é o "IPI a recuperar"). A cada
alienação tributada de produto, o alienante registra como débito o valor do tributo incidente
na operação. Tal valor é uma obrigação do contribuinte, consistente no dever de recolher o
valor devido aos cofres públicos federais ou compensá-los com os créditos obtidos nas
operações anteriores (trata-se do "IPI a recolher"). Periodicamente, faz-se uma comparação
entre os débitos e créditos. Caso os débitos sejam superiores aos créditos, o contribuinte deve
recolher a diferença aos cofres públicos. Caso os créditos sejam maiores, a diferença pode ser
compensada posteriormente ou mesmo, cumpridos determinados requisitos, ser objeto de
ressarcimento." (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário esquematizado. São
Paulo: Método, 2016, p. 586).
Feito esse esclarecimento, imagine a seguinte situação hipotética: Determinada indústria adquiriu
matéria-prima para sua produção, pagando R$ 110 mil. Desse total, R$ 10 mil foi de IPI. Ao final
do período, como a empresa não utilizou estes créditos, ela formulou junto à Receita Federal um
pedido de ressarcimento de créditos do IPI. O Fisco reconheceu administrativamente que os
créditos eram devidos, mas só efetuou a restituição após 16 meses, contados do deferimento do
pedido de ressarcimento, sem qualquer justificativa para este atraso. Ao realizar a restituição, o
Fisco pagou apenas o valor original, ou seja, sem incidência de correção monetária. A Receita
invocou a Súmula 411 do STJ ("É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há
oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco"). Segundo
argumentou a Administração Tributária, não houve resistência de sua parte em reconhecer o
aproveitamento do crédito. O que existiu foi apenas uma demora na restituição, mas não no
deferimento do pedido. A empresa não concordou com a argumentação e ingressou com ação
requerendo o pagamento da correção monetária.
Assim, apesar de a Súmula 411 do STJ não falar expressamente em "demora" (mora), este
enunciado é aplicado por analogia também para os casos em que o Fisco aceita prontamente o
pedido de aproveitamento ou restituição, mas demora injustificadamente para efetivar na prática.
Segundo entendimento do STJ, a correção monetária deve ser feita pela taxa SELIC.
Vale ressaltar, ainda, que o STF fixou uma tese geral sobre o tema, de forma que não abrange
apenas a situação do IPI, mas também de outros tributos sujeitos à mesma sistemática de
restituição, como é o caso do ICMS e da COFINS.
É INCONSTITUCIONAL a lei que exija que a empresa em débito com a Fazenda Pública tenha
que oferecer uma garantia (ex: fiança) para que possa emitir notas fiscais. Tal previsão
configura “sanção política” (cobrança do tributo por vias oblíquas), o que viola as garantias do
livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (art. 5º, XIII), da atividade econômica (art. 170,
parágrafo único) e do devido processo legal (art. 5º, LIV).
STF. Plenário. RE 565048/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2014 (Info 748)
Este dever fundamental de pagar tributos existe porque o Estado possui obrigações para com as
pessoas e estas somente podem ser atendidas se houver arrecadação. Assim, o Poder Público
precisa fornecer saúde, educação, segurança, direitos sociais e isso é custeado, em sua grande
parte, pelos recursos arrecadados com os tributos.
O dever fundamental de pagar tributos está previsto na CF/88? SIM. Esta é a opinião do Ministro
Gilmar Mendes. Em seu voto, ele afirma que tal dever está previsto no art. 145, § 1º, que tem a
seguinte redação:
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos
e as atividades econômicas do contribuinte.
Isso tem grande importância para o debate acadêmico sobre o tema e poderá também ser cobrado
na sua prova. Por essa razão, fique atento. Confira o trecho do Informativo que transcreve as
palavras do Ministro: "É cediço que há o dever fundamental de pagar tributos, entretanto os meios
escolhidos pelo Poder Público devem estar jungidos à necessidade da medida, à adequação e à
proporcionalidade, em sentido estrito, de restringir os meios de adimplemento em caso de cobrança judicial,
as quais não estão presentes na apreciação da legislação ora questionada. O Estado brasileiro baseia-se em
receitas tributárias. Um texto constitucional como o nosso, pródigo na concessão de direitos sociais e na
promessa de prestações estatais aos cidadãos, deve oferecer instrumentos suficientes para que possa fazer
frente às inevitáveis despesas que a efetivação dos direitos sociais requer. O tributo é esse instrumento.
Considera-se, portanto, a existência de um dever fundamental de pagar impostos. No caso da Constituição,
esse dever está expresso no § 1º do art. 145."
Diversos Estados editaram leis estaduais prevendo que o Poder Executivo pode utilizar os
valores constantes dos depósitos judiciais não apenas relacionados com processos em que os
Estados sejam parte, mas também oriundos de outros feitos em que estejam litigando somente
particulares. Tais leis estão sendo questionadas por meio de ADIs. É o caso, por exemplo, da
Lei 21.720/15, do Estado de Minas Gerais.
O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são
inconstitucionais por violarem:
1) O princípio da separação dos poderes.
2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88).
3) A LC federal 151/15 apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto de
depósitos vinculados a processos em que os entes federados sejam parte.
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/09/16 (Info 841).
OBS:
Depósitos judiciais: Todos os valores em dinheiro que ficam à disposição da Justiça enquanto o
processo não se encerra são depositados em uma conta bancária em nome do Poder Judiciário. A
isso chama-se de depósito judicial. Exs: João ingressa com ação de consignação em pagamento em
face de Pedro, depositando em juízo R$ 100 mil reais. Maria ajuíza execução contra Antônio e
consegue a penhora on line de R$ 200 mil. Tais valores ficarão em depósito judicial e, quando o
juiz autorizar, eles poderão ser levantados pela parte vencedora, devidamente atualizados.
Lei complementar federal 151/15: Como se sabe, o Brasil vem passando por uma crise econômica e
os Estados e Municípios têm enfrentado enormes dificuldades para pagar suas despesas,
especialmente com precatórios. Diante disso, uma das medidas encontradas pelo Governo para
contornar esse problema foi o de permitir que o Poder Executivo estadual utilize parte dos valores
que estão nos depósitos judiciais. Para tanto, foi editada a LC 151/2015, que prevê,
resumidamente, o seguinte:
Dos valores que estão na conta do Poder Judiciário como depósito judicial, deve-se
identificar aqueles que sejam oriundos de processos nos quais os Estados, o DF e os
Municípios sejam parte.
Desses valores, 70% poderá ser transferido para a conta única do Tesouro do Estado, do
Distrito Federal ou do Município.
Os 30% restantes ficarão como um fundo de reserva, a fim de serem utilizados para o
pagamento dos valores devidos à outra parte, caso o Estado, o DF ou o Município perca a
causa.
Obs: poderá o Estado, o Distrito Federal ou o Município utilizar até 10% da parcela que lhe for
transferida para constituição de Fundo Garantidor de PPPs ou de outros mecanismos de garantia
previstos em lei, dedicados exclusivamente a investimentos de infraestrutura.
Leis estaduais: Ocorre que, antes da LC 151/15, diversos Estados já haviam editado leis estaduais
prevendo que o Poder Executivo poderia utilizar os valores constantes dos depósitos judiciais não
apenas relacionados com processos em que o Estado fosse parte, mas também oriundos de outros
feitos em que estivessem litigando somente particulares. Em outras palavras, os Estados poderiam
utilizar indistintamente os valores dos depósitos judiciais. Tais leis estão sendo questionadas por
meio de ADIs propostas pelo Procurador Geral da República.
É o caso, por exemplo, da Lei 21.720/2015, do Estado de Minas Gerais.
O que o STF vem decidindo? O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório, que
tais leis estaduais são inconstitucionais pelos seguintes motivos:
1) Violam o princípio da separação dos poderes. Segundo já decidiu o STF, cumpre
ao Poder Judiciário a administração e os rendimentos referentes à conta única de
depósitos judiciais e extrajudiciais. Atribuir ao Poder Executivo essas funções
contraria o disposto no art. 2º da CF/88, que afirma a interdependência -
independência e harmonia - entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (STF.
Plenário. ADI 3458, Rel. Min. Eros Grau, j. 21/02/08).
2) Ofendem a iniciativa privativa da União. A Lei que versa sobre depósitos
judiciais é de competência legislativa privativa da União, por tratar de matéria
processual, nos termos do art. 22, I, da CF/88 (STF. Plenário. ADI 2909, Rel. Min.
Ayres Britto, j. 12/05/10).
3) Contraria a LC federal 151/15. A lei federal apenas autoriza o levantamento de
70% dos valores que sejam objeto de depósitos vinculados a processos em que os
entes federados sejam parte (art. 2º).
27.2. Inconstitucionalidade das leis estaduais que permitem que o Estado utilize tais verbas –
(Info 809)
Diversos Estados têm editado leis complementares estaduais prevendo que o Poder Executivo
pode utilizar os valores constantes dos depósitos judiciais não apenas relacionados com
processos em que os Estados fossem parte, mas também oriundos de outros feitos em que
estivessem litigando somente particulares. Tais leis estão sendo questionadas por meio de
ADIs propostas pelo Procurador Geral da República. É o caso, por exemplo, da LC 42/15, do
Estado da Bahia.
O STF tem entendido, ainda em um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são
inconstitucionais por violarem:
1) O princípio da separação dos poderes.
2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88).
3) A LC federal 151/15 apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto de
depósitos vinculados a processos em que os entes federados sejam parte.
STF. Plenário. ADI 5409 MC-Referendo/BA, Rel. Min. Edson Fachin, j. 25/11/15 (Info 809).
A Lei de Responsabilidade Fiscal, cumprindo o que determina o art. 169 da CF/88, estabelece,
em seus arts. 19 e 20, valores máximos que a União, os Estados/DF e os Municípios poderão ter
gastar com despesas de pessoal.
É inconstitucional lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados
pelos arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade (LC 101/2000).
O art. 169 da CF/88 determina que a despesa com pessoal da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
Esta lei complementar de que trata a Constituição é uma lei complementar nacional que, no
caso, é a LC 101/2000.
A legislação estadual, ao fixar limites de gastos mais generosos, viola os parâmetros
normativos contidos na LRF, e, com isso, usurpa a competência da União para dispor sobre o
tema.
STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 10/3/2016 (Info 817).
OBS:
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF): A Lei Complementar nº 101/2000 estabelece normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Ela é popularmente conhecida
como "Lei de Responsabilidade Fiscal".
Limites de gastos com pessoal: A LRF estabelece valores máximos que a União, os Estados/DF e
os Municípios poderão gastar com despesas de pessoal (despesas com servidores públicos). A Lei
prevê esses limites por força de uma determinação contida no art. 169 da CF/88: “A despesa com
pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá
exceder os limites estabelecidos em lei complementar”.
Quais são os limites previstos na LRF? Tais limites estão fixados nos arts. 19 e 20 da LRF e podem
ser assim resumidos:
“A expressão ‘não poderá exceder’, presente no artigo 169 da CF/88, conjugada com o caráter
nacional da lei complementar ali mencionada, assentam a noção de marco negativo, imposto a
todos os membros da Federação, no sentido de que os parâmetros de controle de gastos ali
estabelecidos não podem ser ultrapassados, sob pena de se atentar contra o intuito de preservação
do equilíbrio orçamentário (receita/despesa) consagrado na norma.
Com vistas ao atendimento dessa finalidade, eventual acréscimo normativo promovido pelo
Estado-membro, voltado ao enrijecimento do controle de despesas, não se mostra, a princípio,
incompatível com a Constituição Federal." (STF. Plenário. ADI 4426, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 09/02/2011).
Assim, nada impede que um Estado-membro edite uma lei estadual prevendo que o limite total
de gastos com pessoal naquela unidade da Federação será de 50% da receita corrente líquida. Isso
estará de acordo com o art. 169 da CF/88.
Vamos agora imaginar uma situação um pouco diferente: Determinado Estado-membro previu na
LDO que o limite máximo de gastos com pessoal seria de 60% da receita corrente líquida. Até aí,
tudo bem, já que está de acordo com o art. 19, II, da LRF. Ocorre que a lei estadual alterou os
limites que cada "Poder" pode gastar, fixando o seguinte:
Executivo: 47,5%
Legislativo (e TCE): 4,5%
Judiciário: 6%
MPE: 2%
Desse modo, perceba que a lei estadual reduziu o percentual que o Executivo pode gastar com
pessoal, mas em compensação aumentou o limite do Legislativo (a LRF prevê um máximo de 3% e
a lei estadual fixou 4,5%).
Diante disso, indaga-se: essa lei estadual é válida? NÃO. Ressalte-se que, no caso, não há um
mero conflito de legalidade (lei estadual x LRF). A lei estadual, ao afrontar os limites de gastos
com pessoal previstos na LRF, ofendeu diretamente o texto constitucional, qual seja, o art. 169 da
CF/88.
O art. 9º da Lei 7.990/89 previu que os Estados deveriam repassar aos Municípios 25% dos
royalties recebidos pela exploração dos recursos naturais (petróleo, recursos hídricos para
produção de energia elétrica e recursos minerais) em seu território.
De acordo com esse dispositivo, esses 25% seriam divididos entre todos os Municípios do
respectivo Estado (e não apenas entre os Municípios onde há exploração desses recursos
naturais.
Para o STF, essa previsão é constitucional e está em harmonia com o § 1º do art. 20 da CF/88.
STF. Plenário. ADI 4846/ES, Rel. Min. Edson Fachin, j. 9/10/19 (Info 955).
30. ORÇAMENTO
30.1. LC federal deve fixar os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde, não podendo norma
de Constituição estadual ou lei orgânica prever esses percentuais – (Info 938)
A LC federal 141/12 fixa os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde.
O art. 11 desta Lei estabelece que as Constituições dos Estados ou as Leis Orgânicas dos
Municípios podem fixar valores mais altos do que o previsto na LC 141/12 de repasses em prol
da saúde.
O STF julgou inconstitucional esse art. 11 da LC 141/2012 porque, segundo o art. 198, § 3º, I, da
CF/88, os percentuais mínimos que os Estados, DF e Municípios são obrigados a aplicar na
saúde devem estar previstos em lei complementar federal editada pelo Congresso Nacional,
não podendo isso ser delegado para os Estados/DF e Municípios.
Além disso, o STF afirmou que são inconstitucionais normas da Constituição Estadual que
prevejam percentuais de aplicação mínima na saúde em patamares diferentes daquele fixado
pela Lei complementar federal.
STF. Plenário. ADI 5897/SC, Rel. Min. Luz Fux, j. 24/4/19 (Info 938).
31. ORÇAMENTO PÚBLICO
31.1. É inconstitucional norma estadual que destina recursos do Fundo de Participação dos
Estados para um determinado fundo de desenvolvimento econômico – (Info 906)
São inconstitucionais as normas que estabelecem vinculação de parcelas das receitas tributárias
a órgãos, fundos ou despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art. 167, IV, da
Constituição Federal.
Caso concreto: STF julgou inconstitucional o art. 226, § 1º da Constituição do Estado do Rio de
Janeiro, que criou o Fundo de Desenvolvimento Econômico e a ele destinou recursos
provenientes do Fundo de Participação dos Estados.
STF. Plenário. ADI 553/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 13/6/2018 (Info 906).
31.2. Expropriação de recursos administrados pelo poder público estadual – (Info 869)
O Estado do Rio de Janeiro vive uma grave crise econômica, estando em débito com o
pagamento de fornecedores e atraso até mesmo no pagamento da remuneração dos servidores
públicos. Os órgãos e entidades também estão sem dinheiro para custear os serviços públicos.
Diante disso, diversas ações (individuais e coletivas) foram propostas, tanto na Justiça comum
estadual como também na Justiça do Trabalho, pedindo a realização desses pagamentos. Os
órgãos judiciais estavam acolhendo os pedidos e determinando a apreensão de valores nas
contas do Estado para a concretização dos pagamentos.
Neste cenário, o Governador do Estado ajuizou ADPF no STF com o objetivo de suspender os
efeitos de todas as decisões judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª Região que tenham determinado o
arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação de valores das contas administradas
pelo Estado do Rio de Janeiro.
O STF afirmou que esse conjunto de decisões representa uma usurpação das competências
constitucionais reservadas ao Poder Executivo (a quem cabe exercer a direção da administração)
e ao Poder Legislativo (a quem compete autorizar a transposição, remanejamento ou
transferência de recursos de uma categoria de programação para outra, ou de um órgão para
outro). Logo, isso significa uma ofensa ao art. 2º, art. 84, II e art. 167, VI e X, da Constituição
Federal.
Diante desse cenário, o STF determinou a suspensão dos efeitos das decisões que tenham
determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora ou a liberação de valores das contas
administradas pelo Estado do Rio de Janeiro e que tenham recaído sobre recursos escriturados,
com vinculação orçamentária específica ou vinculados a convênios e operações de crédito,
valores de terceiros sob a administração do Poder Executivo e valores constitucionalmente
destinados a municípios, devendo, ainda, ser devolvidos os recursos que ainda não tenham
sido repassados aos beneficiários dessas decisões judiciais.
STF. Plenário. ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, j. 14/6/17 (Info 869).
O Estado de Goiás, por meio de emenda à Constituição Estadual (ECs 54 e 55/2017), instituiu
um regime de contenção de gastos, que foi denominado de “Novo Regime Fiscal do Estado de
Goiás” (NRFG). Por força do NRFG, houve uma limitação, até 31 de dezembro de 2026, dos
gastos correntes da Administração Pública estadual, no âmbito dos três poderes e demais
órgãos autônomos.
Foi ajuizada uma ADI contra essas emendas constitucionais e o STF, por maioria, concedeu
medida cautelar para:
• suspender a eficácia do art. 113, § 8º, da Constituição do Estado de Goiás:
Art. 113. A despesa com pessoal ativo e inativo do Estado e dos Municípios não
poderá exceder os limites globais estabelecidos em lei complementar federal.
§ 8º Na verificação do atendimento pelo Estado dos limites globais estabelecidos
na lei complementar federal, mencionado no caput deste artigo, não serão
computadas as despesas com os pensionistas e os valores referentes ao imposto de
renda retidos na fonte dos servidores públicos estaduais.
Essas exclusões trazidas pelo § 8º do art. 113 não estão previstas na Lei de Responsabilidade
Fiscal, editada com base no art. 169 da CF/88.
Com a fórmula adotada pelo art. 45 do ADCT da CE/GO (vincular o teto de gastos com saúde e
educação ao total de despesas do exercício anterior), a Administração fica desobrigada de
promover acréscimo dos valores direcionados a essas áreas caso haja um aumento de receita.
Logo, isso viola a regra de vinculação do art. 198, § 2º, II, e art. 212, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 6129/GO, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 11/9/2019 (Info 951).