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Direito Constitucional

Tributário
A eficácia tributária no ordenamento jurídico brasileiro

Professor: João Paulo Lacerda


Fontes do Direito Tributário

Fontes materiais – Leva à origem da formação das normas jurídicas (a causa e a finalidade de uma determinada
norma)

Elementos fáticos e concretos da vida humana em determinada coletividade que dão ensejo à criação das normas
jurídicas – Morais / Históricas / Religiosas / Políticas / Econômicas

Necessidades da sociedade que o Estado identifica como sendo objetivos a serem atendidos em sua
atividade – Leva a produção de determinada norma - Poder Legislativo (leis) / Poder Executivo
(decretos)
Fontes formais – Fornecem o próprio sistema normativo aplicável àquela determinada área do Direito - CF/88 /
Leis complementares e ordinárias / Tratados (ratificados) / Decretos / Instruções normativas / Portarias

Legislação tributária e normas complementares - A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os


tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte,
sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes - Art. 96 CTN

Normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos – Art. 100 CTN

Del Vecchio
"A lei é o pensamento jurídico deliberado e consciente, formulado por órgãos especiais, que representam a vontade
predominante numa sociedade”
Observação: A forma legal típica para a criação de tributos é a lei ordinária. Porém, as normas gerais em matéria
tributária são sempre veiculadas por lei complementar - Art. 146, III CF/88 - Lei Complementar nº 87/1996, que trata do
ICMS, a Lei Complementar nº 116/2003 do ISS

Observação: Quando a CF/88 estabelece a reserva de lei complementar para a instituição de um tributo, esta norma
deverá ser respeitada, sob pena de incorrer a criação do tributo em vício de forma - quórum qualificado para sua
aprovação (maioria absoluta) – Art. 146 CF/88 Empréstimos compulsórios - Art. 148CF/88
b) Novos impostos da União não previstos – competência residual - Art.
154, I, CF/88
Lei complementar imposta pela
c) Novas contribuições sociais “residuais” de seguridade social não
CF/88 para a criação de tributos
previstas - Art. 195, § 4º CF/88
Empréstimos compulsórios - Art. 148CF/88
Novos impostos da União não previstos – Competência residual -
Lei complementar imposta pela CF/88 Art. 154, I, CF/88
para a criação de tributos Novas contribuições sociais “residuais” de seguridade social
não previstas - Art. 195, § 4º CF/88
Imposto sobre grandes fortunas - Art. 153, VII CF/88

Observação: O tributo criado por lei ordinária poderá ser alterado por lei complementar, mas o inverso nem sempre será
possível, caso se esteja diante de uma matéria reservada constitucionalmente a essa espécie normativa.
STF: Repercussão geral - entende que, se uma lei complementar regular, no todo ou em parte, matéria que não lhe
seja reservada, aí sim poderá uma lei ordinária alterar tais dispositivos “Inexistência de relação hierárquica entre
lei ordinária e lei complementar. Questão exclusivamente constitucional, relacionada à distribuição material entre as
espécies legais. [...]. 4. A LC 70/91 é apenas formalmente complementar, mas materialmente ordinária, com relação aos
dispositivos concernentes à contribuição social por ela instituída. RE 377.457

Medida Provisória - EC nº 32/2001 - Art. 62 § 2º CF/88 previsão expressa de cabimento de MP para instituir ou
majorar impostos, exceto os previstos nos Arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II CF/88

STF: Entende pela possibilidade de que uma MP, por possuir força de lei, crie ou majore tributo, desde que tal
tributo não se submeta à reserva de lei complementar, uma vez que as MPs não podem versar sobre matéria reservada
à lei complementar (Art. 62, § 1º, III). ADI 1.417-MC / ADI 1.667-MC / RE 700.160 AgR / RE 636.319 AgR/ AI
623.157 AgR

Tratados internacionais - Acordo internacional - Art. 98 CTN

Decreto – Ato baixado pelo chefe do Poder Executivo para a regulamentação da lei, tratando dos detalhes nela
omitidos, muito utilizado para estabelecer as obrigações acessórias tributárias
Medida Provisória - EC nº 32/2001 - Art. 62 § 2º CF/88 previsão expressa de cabimento de MP para instituir ou
majorar impostos, exceto os previstos nos Arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II CF/88

Lei delegada – Ato normativo, do Poder Executivo, em forma de lei, por delegação do Legislativo em casos de
emergência
Decreto legislativo – Ato do Congresso Nacional, aprovando Tratados, Atos ou Convenções internacionais firmados
pelo Presidente da República

Resolução - Deliberação que o Poder Legislativo toma fora do processo de elaboração das leis, embora com força de
lei
Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas - Caráter infralegal - Orientação geral aos
contribuintes / Instrução aos funcionários públicos do Fisco - circulares, ordens de serviço, portarias, instruções
Pergunta: Os usos e costumes podem se opor a legislação tributária?
Geraldo Ataliba
“O Estado não surpreende seus cidadãos; não adota decisões inopinadas que os aflijam”

Jurisprudência tributária - Aplicação da norma para revelação da situação prática e concreta no exercício da
jurisdição em decisões harmónicas dos tribunais

Observância ao Art. 927 CPC

Repercussão Geral - STF em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão
constitucional nele versada não oferecer repercussão -Art. 1.035 CPC
Necessariamente haverá Repercussão geral sempre que o recurso - Impugnar decisão contrária a súmula
ou precedente do STF e Questionar decisão de inconstitucionalidade de tratado ou lei federal - Art. 1035
CPC
Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos – Matéria de Direito com afetação em julgamento - Art. 1.036 CPC

Competências tributárias
Instituir tributos / Legislar / Fiscalizar / Cobrar

União
Estados
Distrito Federal

Municipios
Observação: A competência para instituir tributos e legislar é indelegável, mas é permitida a
delegação das funções fiscalizatória e arrecadatória de tributos - Art. 7º, caput, CTN
Exemplo: Contribuições de interesse das categorias profissionais, instituídas pela União mas que têm sua fiscalização e
cobrança delegada às autarquias conhecidas como Conselhos Profissionais (Crea, CRM, Coren)

Exceção: Admite que a delegação da capacidade tributária ativa ocorra em relação a pessoas jurídicas de direito
privado

Exemplo: Serviços sociais autônomos que auxiliam na promoção de finalidades coletivas e sociais relevantes, podendo
eles mesmos fiscalizar e arrecadar algumas das contribuições em seu favor - SESI / SENAI

STJ: [...] O representante do SESI encontra-se investido das atribuições de fiscalização e arrecadação direta da
contribuição adicional [...]. REsp 1.555.158

STJ: Súmula nº 396 - Certas entidades sindicais (Confederação Nacional da Agricultura) – pessoas jurídicas de direito
privado – possuem legitimidade ativa para cobrar a contribuição sindical quando esta ostentava natureza tributária
Pergunta: A contribuição sindical na esfera trabalhista é obrigatória?
Resposta: A contribuição sindical deixou de ser obrigatória e de ter natureza tributária a partir da Reforma
Trabalhista da Lei nº 13.467/2017 - Art. 578
Exemplo: Serviços sociais autônomos que auxiliam na promoção de finalidades coletivas e sociais relevantes, podendo
eles mesmos fiscalizar e arrecadar algumas das contribuições em seu favor - SESI / SENAI
Vertical – Federal / Estadual / Municipal
Poder Financeiro e Tributário
Horizontal – Legislativo / Executivo / Judiciário

Poder de legislar sobre finanças e tributos – Arts. 24 e 145 a 156


A CF/88 estabelece Poder de administrar os tributos e finanças no Art. 21
Poder de julgar Art. 102 - Poder Judiciário
Competência tributária em sentido estrito – Para instituir tributos e legislar sobre eles

Competência exclusiva ou privativa - Somente determinada pela esfera federativa - União, Estado, Distrito Federal
ou Município, podem exercê-la cada um em sua esfera de atuação

Exemplo: Compete à União legislar privativamente sobre II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, Empréstimo Compulsório,
Contribuições Sociais, Profissionais e de Intervenção no Domínio Econômico

Exemplo: Compete aos Estados legislar sobre ITCMD, ICMS e IPVA


Exemplo: Compete aos Municípios legislar sobre IPTU, ITBI e ISS

Competência comum - É o poder que tanto uma esfera como a outra podem exercer. São áreas em que cada ente
federado pode exercer plenamente a competência tributária para instituir certos tributos, e legisla-los
A União tem competência comum com os Estados e Municípios para legislar sobre taxas, contribuições de
melhoria e contribuições dos servidores públicos de cada ente (art. 145, II e III; 149 e 149, § 1º CF/88

Exemplo: Taxa de serviços públicos federal - Lei Federal + Taxa de serviços públicos estadual - Lei Estadual
Competência residual - É exclusiva da União, mediante lei complementar, para criar
impostos além daqueles - Arts. 153 e 154, I, bem como outras contribuições sociais para a
seguridade social - Art. 195, § 4º CF/88

Exemplo: Imposto de Importação / Imposto de Exportação de produtos nacionais / Imposto de produtos industrializados
/ Imposto por Operações de Crédito / Imposto sobre grandes fortunas / Imposto sobre propriedade rural

Competência extraordinária - Reservada para a União, na situação extrema de guerra - Art. 154, II CF/88

Exemplo: Caso de iminência de Guerra Externa

Competência comum - É o poder que tanto uma esfera como a outra podem exercer. São áreas em que cada ente
federado pode exercer plenamente a competência tributária para instituir certos tributos, e legisla-los
A União tem competência comum com os Estados e Municípios para legislar sobre taxas, contribuições de
melhoria e contribuições dos servidores públicos de cada ente (art. 145, II e III; 149 e 149, § 1º CF/88

Exemplo: Taxa de serviços públicos federal - Lei Federal + Taxa de serviços públicos estadual - Lei Estadual

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