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DIREITO TRIBUTÁRIO I
DIREITO TRIBUTÁRIO – Bibliografia: Ricardo Alexandre. 12ª Ed. Editora JusPodivm. 2018
1 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Assim, na ausência de norma geral da União sobre IPVA, cada Estado exerceu
a competência legislativa plena, com base no art. 24, § 3º da CF.
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funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em
matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII -
assistência jurídica e Defensoria pública; IV - proteção e integração social das
pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI -
organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
Sobre o CTN, o mesmo foi editado como lei ordinária, todavia, recepcionado
pela CF/88 (nova ordem constitucional) com status de lei complementar – Teoria
da Recepção – tem o mesmo status da espécie legislativa exigida pela nova
Carta para disciplinar a matéria (normas gerais, materialmente compatíveis com
a Constituição). Obviamente, só pode ser alterado ou revogado por LC. Sobre
lei complementar o art. 146 da CF/88.
A Constituição Federal não cria tributos, apenas outorga competência para que
os entes políticos o façam por meio de leis próprias. Assim, é o poder
constitucionalmente atribuído de editar leis que instituam tributos.
É o poder de instituir o tributo, por lei própria com a necessária observância às
limitações constitucionais às normas gerais editadas pela União.
Sanção institucional: art. 11, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF):
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Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de
arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões
administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito
público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - propriedade de veículos automotores.
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Lista absolutamente exaustiva em relação aos Estados, DF e Municípios.
Inexistem Territórios no Brasil atualmente, mas podem ser criados (art. 18. § 2º
da CF). Não são entes políticos, não tem o status de membros da federação. Os
impostos estaduais caberiam à União, bem como os impostos municipais,
caso o Território não seja dividido em Municípios. O mesmo aconteceria em
relação aos demais tributos estatuais e municipais.
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1.2.1.3 – BITRIBUTAÇÃO E bis in idem
bis in idem – significado: “duas vezes sobre a mesma coisa”; quando o mesmo
ente tributante edita diversas leis instituindo múltiplas exigências tributárias
decorrentes do mesmo fato gerador.
Exceções:
2 – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
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que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.”
Todo o ato normativo que verse sobre matéria tributária integra a denominada
“legislação tributária”.
2.1 LEIS
Devem ser entendidos todos os atos normativos com “força de lei” (medidas
provisórias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções do Senado
Federal), exceto os tratados internacionais.
Principio da Legalidade Tributária – CF/88 (Art. 150, I) c/c CTN (art. 9º)
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f) as hipóteses de exclusão, suspensão, e extinção de créditos
tributários ou de dispensa ou redução de penalidades.
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(sanção ou veto). Em matéria tributária, aprovam os tratados internacionais
firmados pelo Presidente da República (CF/88, art. 59, VI).
2.1.4 – DECRETOS-LEIS
A CF/88 não previu tal modalidade normativa, que foram substituídos pelas
medidas provisórias. Em virtude da teoria da recepção, ainda existem vários
decretos-leis em vigor, alguns versando sobre matéria tributária.
Previsto no art. 84, VIII e art. 49, I, da CF. Para incorporar o tratado ao direito
interno, imprescindível o cumprimento das etapas:
Tal regra deve ser a base de interpretação do art. 98, do CTN, segundo o qual
“os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”.
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2.1.6 – OS DECRETOS
Segundo o art. 100 do CTN são normas complementares das leis, dos tratados e
das convenções internacionais e dos decretos:
Em resumo:
c) a lei é eficaz, apta para gerar efeitos imediatos pretendidos pelo legislador;
também não foi declarada inconstitucional (STF – controle concentrado), nem
suspensa pelo Senado Federal após ADIN tramitada no STF (controle difuso).
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2.2.2 – VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NO CTN
Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam
extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta
ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.
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“Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos
geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja
ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do
artigo 116”.
Fatos geradores:
PARECER JURÍDICO
LEI N° 3697/2018
(Projeto de Lei nº 027/2018 de autoria do Executivo)
(...)
Eis, portanto, o princípio constitucional da irretroatividade tributária, regra geral que verbaliza
que a lei tributária não se aplica a fatos geradores anteriores à data de sua publicação, ou seja, a lei
atinge somente fatos presentes e futuros.
Entretanto, há que se analisar a regra especial prevista no art. 106, do CTN, simetricamente
prevista no Código Tributário Municipal, art.21, no sentido de que a lei pode ser aplicada a ato ou fato
pretérito. Vejamos o CTN:
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b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta
de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente
ao tempo da sua prática.”
Note-se do inciso I que se a lei for para interpretar algo e essa interpretação não enseja punição, a
lei retroagirá. Entretanto, se a nova lei, mesmo que seja expressamente interpretativa, porém traga alguma
punição, não retroagirá.
Já em relação ao tema penalidade, no restante do artigo, de frisar que, se um ato que era
considerado infração, deixa de ser considerado pela lei nova, há a retroatividade da lei, desde que o
mesmo ainda não tenha sido definitivamente julgado.
Isso não tem nenhuma relação com a alíquota. Se em 2015 era uma alíquota de 3% e o
contribuinte não pagou; e em 2016 a alíquota passou a ser de 2%, continua o contribuinte sendo
obrigado a pagar 3%. Deve-se olhar quando o fato gerador ocorreu. Apenas as penalidades é que
podem retroagir, e não as alíquotas.
Se, por ventura, o contribuinte pagou a multa e depois sobreveio penalidade mais benéfica, não
tem como reaver o valor pago, uma vez que o pagamento já foi efetuado e se encontra definitivamente
julgado.
Outro exemplo: se o contribuinte recorreu da multa, e enquanto estava sob análise seu recurso
(administrativo ou judicial), sobreveio norma mais benéfica em relação à tal penalidade, a norma
retroagirá para beneficiar o mesmo. Por sua vez, se o contribuinte não pagou a multa (e não entrou com
recurso administrativo ou judicial) e depois sobreveio penalidade mais benéfica, aplica-se a mais
benéfica.
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Por fim, é importante cuidar para não confundir a retroatividade em benefício do
contribuinte: isso não existe no Direito Tributário. Como já enfatizado nas linhas acima, a norma
apenas retroagirá em casos de penalidades, e ainda, é necessário que as mesmas estejam sob recurso
ou que ainda, não tenham sido pagas.
Pelo exposto, consoante fundamentação supra, não sobejam razões para conceder, no caso, a
restituição da diferença requerida, o que implicaria violação ao princípio constitucional da irretroatividade
da lei tributária; tampouco se imiscui a situação às exceções previstas no art. 106 do Código Tributário
Nacional e art. 21 do Código Tributário Municipal. Não se vislumbra, portanto, nenhuma violação ao art.
92 do Código Tributário Municipal (pagamento indevido).
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