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DIREITO TRIBUTÁRIO – Parte 1

Prof. Diego Degrazia


DIREITO TRIBUTÁRIO
Prof. Diego Degrazia
Edital

DIREITO TRIBUTÁRIO: 1. Competência Tributária. 2. Limitações Constitucionais do Poder de Tri-


butar. 2.1. Imunidades. 2.2. Princípios Constitucionais Tributários. 3. Conceito e Classificação
dos Tributos. 4. Tributos de Competência da União. 4.1. Imposto sobre a Importação. 4.2. Im-
posto sobre a Exportação. 4.3. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. 4.4. Imposto so-
bre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. 4.5. Imposto sobre Produtos Industrializados.
4.6. Imposto sobre Operações Financeiras. 5. Contribuições Sociais. 5.1. Contribuição para o
Pis/Pasep. 5.2. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins. 5.3. Contri-
buição Social sobre o Lucro Líquido. 5.4. Contribuições sociais previstas nas alíneas "a", "b" e
"c" do parágrafo único do art.11 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, e as instituídas a título
de substituição. 5.5. Contribuições por lei devidas a terceiros (art.3º, § 1º, da Lei n. 11.457, de
16 de março de 2007). 5.6. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico. 6. Tributos de
Competência dos Estados. 7. Tributos de Competência dos Municípios. 8. Simples. 9. Legislação
Tributária. 9.1. Constituição 9.2. Emendas à Constituição. 9.3. Leis Complementares. 9.4. Leis
Ordinárias. 9.5. Leis Delegadas. 9.6. Medidas Provisórias. 9.7. Tratados Internacionais. 9.8. De-
cretos. 9.9. Resoluções 9.10. Decretos Legislativos 9.11. Convênios 9.12. Normas Complemen-
tares. 10. Vigência da Legislação Tributária. 11. Aplicação da Legislação Tributária. 12. Interpre-
tação e Integração da Legislação Tributária. 13. Obrigação Tributária Principal e Acessória. 14.
Fato Gerador da Obrigação Tributária. 15. Sujeição Ativa e Passiva. Solidariedade. Capacidade
Tributária. 16. Domicílio Tributário. 17. Responsabilidade Tributária. Conceito. 17.1. Responsa-
bilidade dos Sucessores. 17.2. Responsabilidade de Terceiros. 17.3. Responsabilidade por Infra-
ções. 18. Crédito Tributário. Conceito. 19. Constituição do Crédito Tributário. 19.1. Lançamen-
to. Modalidades de Lançamento. 19.2. Hipóteses de alteração do lançamento. 20. Suspensão
da Exigibilidade do Crédito Tributário. Modalidades. 21. Extinção do Crédito Tributário. Modali-
dades. 22. Pagamento Indevido. 23. Exclusão do Crédito Tributário. Modalidades. 24. Garantias
e Privilégios do Crédito Tributário. 25. Administração Tributária. 25.1. Fiscalização. 25.2. Dívida
Ativa. 25.3. Certidões Negativas.

BANCA: ESAF
CARGO: Auditor Fiscal
Direito Tributário

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, TRIBUTO:


CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO. SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO

Soberania

D
Poder de Tributar

Poder de
Tributar
Poder absoluto dentro de
um território; Poder de fato de Poder de tributar,
exigir uma juridicamente
contraprestação. delimitado.

Competência
Soberania
Tributária

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“Ao poder tributário juridicamente delimitado e, sendo o caso, dividido dá-se o nome de
competência tributária.”*
* Hugo de Brito Machado. Curso de Direito Tributário

Soberania

Poder de Tributar
Constituição Federal de 1988
Direito Tributário.
Competência Tributária
DD Competência
“Competência para instituir
tributária é a prerrogativa atribuída Tributos é diferente
pela Constituição de
às entidades da Federação
Diego
para instituírem
Degrazia seus respectivos tributos.”*
Competência para LEGISLAR sobre tributos.
* Francisco Leite. Direito Tributário. Teoria e Prática. Revista dos Tribunais.

Competência para instituir Tributos é diferente de Competência para LEGISLAR sobre tributos.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;

...

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I - importação de produtos estrangeiros;
DD
Diego
Degrazia

A Constituição Federal institui tributos?


NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A Constituição Federal NÃO institui tributos!

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Direito Tributário.

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Competência para instituir Tributos é diferente de
Competência para LEGISLAR sobre tributos.
CF delimita a competência para a instituição dos tributos
Competência para instituir Tributos é diferente de Competência para LEGISLAR sobre tributos.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;

...

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I - importação de produtos estrangeiros;
DD
Diego
Degrazia
A Constituição, por sua vez, ao deferir aos entes políticos a competência para instituir tributos
o faz de forma específica, realçando quais as possibilidades aceitas e limitando, por meio de
imunidades e normas específicas, a competência tributária.
1) Indelegável. Isto é, apenas o ente que possui a competência expressa na Constituição pode
instituir aquele tributo. Olhem só o que o Código Tributário diz sobre isso:

CTN
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do
artigo 18 da Constituição.
2) Imprescritível. Mesmo que o ente tributante não exerça a competência tributária ele não
perde o direito de exercê-la.
3) Facultativa. No âmbito do direito tributário, o exercício da competência é uma faculdade
do ente. Ele pode instituir ou não os tributos de sua competência.*

LRF:
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão
e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da federação.

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Competência para instituir Tributos.

1) Competência Comum.
2) Competência Privativa.
3) Competência Residual.
4) Competência Extraordinária.

Competência Comum → Art. 145, II, III.


Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
...
•• taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,
de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição;
•• contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Competência Privativa → Art. 153, I a VIII.


Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I – importação de produtos estrangeiros;
•• exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
•• renda e proventos de qualquer natureza;

Direito Tributário.
ESTADOS e DF MUNICÍPIOS
UNIÃO

Art. 155 da CF/88 Art. 156 da CF/88


Art. 153 da CF/88

II, IE, IPI, IOF, ITR, IR e IGF ICMS, IPVA e ITCMD ISS, IPTU e ITBI

DD
Diego
Degrazia

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Competência Privativa ou Exclusiva da União.


Impostos.
Contribuições Especiais*
Empréstimos Compulsórios.

Competência Residual da União → Art. 154, I.


Art. 154. A União poderá instituir:
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição;
Competência Residual da União.
Lei Complementar;
Não cumulativos;
FG e BC distintos dos existentes.
Competência Residual da União.
Impedir o Bis in idem e a Bitributação.
Bis in idem – quando o mesmo ente institui tributos diferentes em face do mesmo fato gerador
(não há vedação).
Bitributação – entes diferentes instituem tributos sobre o mesmo fato gerador (vedado).
Competência Residual da União.

Só para impostos?
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
...
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

Competência Extraordinária da União → Art. 154, II.


Art. 154. A União poderá instituir:
...

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II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou
não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação.
Competência para instituir Tributos.
Competência Cumulativa – DF e União – artigo 147.

Competência Cumulativa.
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for
dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os
impostos municipais.
Competência tributária
x
Capacidade Tributária Ativa
CTN
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do
artigo 18 da Constituição.
Capacidade tributária: capacidade de figurar no polo ativo da relação jurídico tributária.
Cobro, fiscalizo e tenho privilégios processuais.

Exemplo de capacidade tributária na CF/88


Art. 153 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (ITR)
I – será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de
propriedades improdutivas;
II – não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário
que não possua outro imóvel;
III – será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde
que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.

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Direito Tributário.

Atribuída pela CF
Competência
Tributária Instituição do tributo

Indelegável
Direito Tributário.

DD
Diego
Degrazia
Função de cobrar e fiscalizar

Capacidade
Figurar no polo ativo da relação
Tributária

Delegável a outra PJDP

DD
Diego
Degrazia
A função de arrecadar pode ser atribuída a pessoa jurídica de direito privado?
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do
§ 3º do artigo 18 da Constituição.
...
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado,
do encargo ou da função de arrecadar tributos.

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Direito Tributário.
COMPETÊNCIA CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVIDADE DE
TRIBUTÁRIA ATIVA ARRECADAÇÃO
§ Outorgada pela § Atividade administrativa § Mera atividade de
Constituição § Pode ser delegada a PJ de recebimento
§ Atividade legislativa Direito Público § Não integra a relação
§ Indelegável § Pode revogar por ato tributária
§ Apenas entes políticos unilateral § Pode ser exercida por PJ
§ Exercício facultativo. § Compreende os privilégios de Direito Privado
processuais

Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência


legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições
dosDEstados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto
D Lei.
nesta Diego
Degrazia
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras
pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que
tenham sido atribuídos.
Art. 158. Pertencem aos COMPETÊNCIA
Municípios: TRIBUTÁRIA
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA
ATIVIDADE DEARRECADAÇÃO
ATIVIDADE DEARRECADAÇÃO
§ Prevista na CF § Atividade administrativa § Mera atividade de
Previstalegislativa
§ § Atividade na CF Atividadeaadministrativa Mera atividade de
...
§ § DELEGÁVEL PJ de § recebimento
§ § Atividade legislativa
INDELEGÁVEL DELEGÁVEL
§ Direito Públicoa PJ de § recebimento
Não integra a relação
INDELEGÁVEL
§ § Apenas entes § Direito Público
Revogada por ato Não integra a relação
§ tributária
Apenas entes
§ políticos Revogada por ato
§ unilateral § tributária
Pode ser exercida por
III – cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade
§ políticos
Exercício facultativo,
§ sobExercício facultativo,
a ótica do D. Trib.
§ unilateral os
Compreende
Compreende
§ privilégios os
processuais
Pode
§ PJ de ser exercida
Direito Privado por
PJ de Direito Privado

de veículos automotores licenciados em seus territórios;


sob a ótica do D. Trib. privilégios processuais

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Questões

1. (Analista de controle externo – ACE – MDIC 2. (Analista Tributário da Receita Federal-


– 2012) 2012)
Competência Tributária é a parcela de po- Analise as proposições a seguir e assinale a
der fiscal que as pessoas políticas que com- opção correta.
põem a Federação recebem diretamente
da Constituição para instituir, cobrar e ad- I – Se a Constituição atribuir à União a com-
ministrar os tributos a ela atribuídos. Sobre petência para instituir certa taxa e deter-
a Competência Tributária, julgue os itens minar que 100% de sua arrecadação per-
abaixo, e em seguida assinale a opção cor- tencerá aos Estados ou ao Distrito Federal,
respondente. caberá, segundo as regras de competência
previstas no Código Tributário Nacional, a
Embora tal competência seja indelegável, a essas unidades federativas a competência
lei permite a delegação das funções de arre- para regular a arrecadação do tributo.
cadar ou fiscalizar tributos a outras pessoas
jurídicas de direito público. II – Embora seja indelegável a competência
tributária, uma pessoa jurídica de direito
O produto da arrecadação do Imposto de público pode atribuir a outra as funções de
Renda retido na fonte dos servidores esta- arrecadar e fiscalizar tributos.
duais e municipais, embora pertença aos
respectivos Estados e Municípios, não retira III – É permitido, sem que tal seja conside-
da União sua competência legislativa e re- rado delegação de competência, cometer a
gulamentadora em relação a este tributo, uma sociedade anônima privada o encargo
tampouco as funções de fiscalizar e exigir de arrecadar impostos.
o pagamento quando não tenha havido re- a) As duas primeiras afirmações são corre-
tenção. tas, e errada a outra.
A mesma pessoa política detentora da com- b) A primeira é correta, sendo erradas as
petência de instituir, arrecadar e adminis- demais.
trar determinado tributo é também aquela c) As três são corretas.
competente para conceder isenções dele, d) A primeira é errada, sendo corretas as
sem exceções. demais.
e) As três são erradas.
O não exercício da competência tributária
por determinada pessoa política autoriza a
União a exercitar tal competência.
a) Há apenas um item correto.
b) Há apenas dois itens corretos.
c) Há apenas três itens corretos.
d) Todos os itens estão corretos.
e) Todos os itens estão incorretos.

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3. (Auditor-Fiscal da Receita Federal – 2012) c) o não exercício da competência pode
acarretar sua transferência a outro ente
Sobre competência concorrente da União, político independentemente de acordo
Estados, Distrito Federal e Municípios, assi- prévio nesse sentido.
nale a opção incorreta. d) a competência para a instituição do im-
a) A competência, privativa ou concor- posto extraordinário é exclusiva dos es-
rente, para legislar sobre determinada tados e dos municípios.
matéria, não implica automaticamente e) no tocante aos impostos, o exercício da
a competência para a instituição de tri- competência é partilhado entre os en-
butos. tes políticos.
b) Os entes federativos somente podem
instituir os impostos e as contribuições 5. (Procurador da Fazenda Nacional – 2015)
que lhes foram expressamente outorga- Sobre a competência tributária prevista no
dos pela Constituição. CTN, assinale a opção incorreta.
c) Os Estados-membros podem instituir
apenas contribuição que tenha por fi- a) Os tributos cuja receita seja distribuída,
nalidade o custeio do regime de previ- no todo ou em parte, a outras pessoas
dência de seus servidores. jurídicas de direito público pertencem à
d) Norma que pretendesse fixar alíquota competência legislativa daquela a que
mínima igual à da contribuição dos ser- tenham sido atribuídos.
vidores titulares de cargos efetivos na b) A competência tributária, salvo exce-
União, para a contribuição a ser cobra- ções, é indelegável, podendo a atri-
da pelos Estados, pelo Distrito Federal buição das funções de arrecadar ou
e pelos Municípios de seus servidores, fiscalizar tributos, ou de executar leis,
para o custeio, em benefício destes, do serviços, atos ou decisões administrati-
regime previdenciário, seria inconstitu- vas em matéria tributária, ser conferida
cional por contrariar o pacto federativo. de uma pessoa jurídica de direito públi-
e) A expressão “regime previdenciário” de co a outra.
seus servidores, a ensejar a instituição c) A atribuição da função de arrecadar ou
de contribuição pelos Estados-mem- fiscalizar tributos, conferida por uma
bros, não abrange a prestação de servi- pessoa jurídica de direito público a ou-
ços médicos, hospitalares, odontológi- tra, pode ser revogada, a qualquer tem-
cos e farmacêuticos. po e unilateralmente, pela pessoa que a
tenha conferido.
4. (Especialista em regulação Civil – 2016) d) A atribuição das funções de arrecadar
tributos pode ser cometida a pessoas
A Constituição Federal estabelece taxati- jurídicas de direito privado.
vamente a competência tributária de cada e) A atribuição das funções de executar
ente político, dessa forma, relativamente ao leis, serviços, atos ou decisões adminis-
assunto, podemos dizer: trativas em matéria tributária, conferi-
a) o exercício por um ente político de com- da por uma pessoa jurídica de direito
petência atribuída constitucionalmente público a outra, também confere as ga-
a outro é possível havendo acordo en- rantias e os privilégios processuais que
tre os entes políticos envolvidos. competem à pessoa jurídica de direito
b) a competência pode ser exercida a público que a cometeu.
qualquer tempo, não sendo limitada a
prazo.

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Receita Federal VIP (Auditor Fiscal) – Direito Tributário – Prof. Diego Degrazia

6. (Analista Tributário da RFB – 2009)


O art. 154, inciso I, da Constituição Federal,
outorga à União o que se costuma chamar
de competência tributária residual, permi-
tindo que institua outros impostos que não
os previstos no art. 153. Sobre estes impos-
tos, é incorreto afirmar que:
a) Estados e Municípios não possuem
competência tributária residual.
b) Terão de ser, necessariamente, não-cu-
mulativos.
c) Não poderão ter base de cálculo ou fato
gerador próprios dos impostos já discri-
minados na Constituição Federal.
d) Caso sejam instituídos por meio de me-
dida provisória, esta deverá ser conver-
tida em lei até o último dia útil do exer-
cício financeiro anterior ao de início de
sua cobrança.
e) Para a instituição de tais impostos, há
que se respeitar o princípio da anterio-
ridade.

Tranquilinho?

Gabarito: 1. B 2. D 3. D 4. B 5. B 6. D

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Conceito de Tributo
Estudo da Constituição é necessário
pois é ela que traz a autorização para Constituição
a instituição de tributos.

Constituição NÃO INSTITUI TRIBUTO. Leis

Sistema de Kelsen Infralegais

Art. 146, III,a

CTN art. 3º Mas afinal de contas o que vem a ser


esse tal de Tributo?
Infralegais

D
Art. 3º D Diegoé toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
Tributo
Degrazia
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.
Tributo é GÊNERO.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
I – impostos;
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Imposto;

Taxa;

Teoria Tripartida Contribuição


de Melhoria.
Os tributos são aqueles delimitados no artigo
145 da Constituição Federal.

Art. 145. A União, os Estados,


CTN o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e
tributos:
DD contribuições de melhoria.
Diego
I – impostos; Degrazia

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Sistema Constitucional Tributário

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir os seguintes tributos:
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I - impostos;
Fato do Contribuinte

Sistema Constitucional Tributário

Art. 145. A União,Art. 16. Imposto


os Estados, é o tributo
o Distrito cuja obrigação
Federal tem
e os Municípios poderão
por fato gerador uma situação independente de
instituir os seguintes tributos:
qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.
I - impostos;
D D Diego
Degrazia
Sistema ConstitucionalAbstrato
Tributário Hipótese de incidência

I - impostos;
FG
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
Concreto Fato da vida

DD
Diego
Degrazia Não vinculado- Atividade Específica

Tributo Sistema Constitucional Tributário

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito


Vinculado Federal
– atividade e os Municípios
específica
DD poderão instituir os seguintes tributos:
Diego
Degrazia que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
§ 1º Sempre
impostos;do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
I - econômica
capacidade
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos
Sistema e as atividades
Constitucional econômicas do contribuinte
Tributário
Pessoal e os Municípios
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal
poderão instituir os seguintes tributos:
Imposto
I - impostos;
Real
DD
Diego
Degrazia Fiscal

Imposto

Extrafiscal
DD
Diego
Degrazia

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Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,


efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,
ao contribuinte ou postos a sua disposição;
de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição;
Sistema Constitucional Tributário
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
Exercício do Poder de Polícia: Taxa de Polícia
instituir os seguintes tributos:
Taxas
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
DD efetiva ou potencial,Utilização,
de serviços
efetiva oupúblicos
potencial deespecíficos e divisíveis,
serviços públicos: prestados
Taxa de Serviço
Diego
ao contribuinte ou postos a sua disposição;
Degrazia

Não vinculado - Atividade Específica

Tributo
DD
Diego Vinculado – Atividade Específica
Degrazia

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
Note-se que só se pode cobrar taxa de polícia pelo efetivo exercício desse poder.
Entretanto, o STF tem presumido o exercício do poder de polícia quando existente órgão
fiscalizador, mesmo sem a realização da efetiva fiscalização in loco.
Algumas taxas de polícia Constitucionais, na avaliação do STF:
1) Taxa de Fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários;
2) Taxa de fiscalização e controle de serviços públicos Delegados;
3) Taxa de Fiscalização de Anúncios.

Súmula 665
É constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários instituída
pela Lei 7.940/89.

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EMENTA: (1) Ação Direta de Inconstitucionalidade. (2) Art. 1º, II, da Lei nº 11.073, de 30.12.1997,
que acrescentou os §§ 7º e 8º ao art. 6º da Lei nº 8.109, de 1985, do Estado do Rio Grande do
Sul; Art. 1º, VI, da Lei nº 11.073, de 1997, que inseriu o inciso IX na Tabela de Incidência da Lei
nº 8.109, de 1985; Decreto estadual nº 39.228, de 29.12.1998, que regulamentou a incidência
da taxa impugnada. (3) Alegada violação aos arts. 145, II e 145, § 2º, da Constituição. (4) Taxa
de Fiscalização e Controle de Serviços Públicos Delegados, instituída em favor da Agência
Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul – AGERGS,
autarquia estadual. (5) O faturamento, no caso, é apenas critério para incidência da taxa, não
havendo incidência sobre o faturamento. Precedente (RE 177.835, Rel. Min. Carlos Velloso) (6)
Improcedência da ação direta quanto aos dispositivos legais e não conhecimento quanto ao
Decreto nº 39.228, de 1988.
(ADI 1948, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 04/09/2002, DJ 07-
02-2003 PP-00020 EMENT VOL-02097-02 PP-00394)
EMENTA: TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE. TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS
(TFA). CONSTITUCIONALIDADE. De presumir-se a efetividade da fiscalização exercida pelos
agentes da Municipalidade de Belo Horizonte, uma das maiores do País, no controle da
exploração e utilização da publicidade na paisagem urbana, com vista a evitar prejuízos à
estética da cidade e à segurança dos munícipes. De outra parte, não há confundir as dimensões
do anúncio, critério estabelecido para o cálculo da taxa devida, com a área do imóvel de sua
localização, elemento componente da base de cálculo do IPTU, para fim de identificação do bis
in idem vedado pela Constituição. Recurso conhecido e provido.
(RE 216207, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 02/03/1999, DJ 25-
06-1999 PP-00030 EMENT VOL-01956-06 PP-01259 RTJ VOL-00170-01 PP-00351)
Sistema Constitucional Tributário

Serviços públicos;

Específicos; Sei QUE estou


pagando por
determinado serviço
Taxas
de Divisíveis; Sem QUEM está
Serviço
pagando por
determinado serviço.
Prestados;

Ou colocados à disposição.
DD
Diego
Degrazia
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I – utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;

concurseiro.vip 21
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II – específicos, quando possam ser destacados em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III – divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.

SÚMULA VINCULANTE 41
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Art. 145. (...)
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Art. 77. ..
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a impôsto nem ser calculada em função do capital das emprêsas.

SÚMULA 595
É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo
seja idêntica à do imposto territorial rural.

Súmula Vinculante 19
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento
ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal

Súmula Vinculante nº 29
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de
cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma
base e outra.

Taxa pelo Serviço de Prevenção e Combate à incêndios

SÚMULA 549
A Taxa de Bombeiros do Estado de Pernambuco é constitucional, revogada a Súmula nº 274.

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TAXA DE COMBATE A INCÊNDIO – INADEQUAÇÃO


CONSTITUCIONAL. Descabe introduzir no cenário tributário, como obrigação do contribuinte,
taxa visando a prevenção e o combate a incêndios, sendo imprópria a atuação do Município em
tal campo.
(RE 643247, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2017,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-292 DIVULG 18-12-2017 PUBLIC
19-12-2017)

Tese
A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo
da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a
viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de
Sistema Constitucional Tributário
obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Valorizar
Despesa da Obra

Limite

Valor acrescido

Valor total da obra 100 mil. Valor valorizado no meu


imóvel 1000. São 200 imóveis atingidos na mesma
DD região com a valorização igual. Limite 500 reais.
Diego
Degrazia

concurseiro.vip 23
Natureza Jurídica do Tributo

CTN
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é
determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características


formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua


arrecadação.

Natureza Jurídica do Tributo

Não
Imposto
Como O FG é
atividade Sim
definir a específica
Sim
natureza A atividade é Taxa
relacionada ao
exercício de
jurídica? contribuinte?
poder de
polícia?

A atividade é A atividade é Sim


obra de que prestação ou
decorre disponibilização
valorização de serviço
imobiliária? Não público
Sim
Contribuição
de Melhoria

Natureza Jurídica do Tributo

24 concurseiro.vip
Constituição Federal de 1988: Sistema Constitucional Tributário

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, “b”.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. ↓
Anterioridade

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Art. 149. Compete exclusivamente


Sistema Constitucional à União instituir
Tributário
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e
de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que
alude o dispositivo.
LC institui normas Legalidade e
gerais. Anterioridade

Contribuições sociais e

D
anterioridade mitigada

Sistema Constitucional TributárioContribuições


Especiais

Contribuições de
Contribuições
Contribuições Intervenção no
Corporativas – Art. COSIP – Art. 149-A
Sociais – Art. 149 Domínio Econômico
149
– Art. 149

De Seguridade Outras Contribuições


Social Contribuições Sociais Gerais Art.
Art. 195, I a IV Sociais 195, §4° 240

DD
Diego
Degrazia
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150,
I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica.

Imposto;

Taxa;

Contribuição de
Melhoria;

Teoria Pentapartida Contribuições


Especiais;
Os tributos são aqueles delimitados na
Constituição Federal. Empréstimos
Compulsórios.
Art. 145: Imposto, Taxa e CM.

DD Art. 148: empréstimos compulsórios.


Diego
Degrazia Art. 149: Contribuições especiais.

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Questões

QUESTÕES ESAF

7. (Analista Técnico da Previdência Social – c) nem toda prestação pecuniária previs-


MPOG – 2012) ta em lei constitui tributo, mas somen-
te aquelas que reúnam o conjunto dos
Quanto ao conceito de tributo pode-se afir- requisitos previstos na definição de tri-
mar, exceto: buto, consoante o Código Tributário Na-
a) a cobrança do tributo é atividade ple- cional.
namente vinculada, não deixando mar- d) o Estado exige os tributos compulsoria-
gem à discricionariedade do agente pú- mente das pessoas, portanto, a obriga-
blico. ção de pagar tributos não decorre da
b) tributo é prestação pecuniária em moe- vontade do contribuinte, sendo esta,
da ou cujo valor nela se possa exprimir. aliás, irrelevante nessa matéria.
c) o tributo é prestação que não pode se e) embora sendo uma obrigação de direi-
constituir em sanção de ato ilícito. to público, absolutamente indisponível
d) o tributo só pode ser criado por lei, mas por parte da administração, admite-se,
existem exceções como os impostos de desde que haja a respectiva previsão le-
importação e o imposto sobre produtos gal, a delegação dessa obrigação a ou-
industrializados, que podem ser criados tras pessoas jurídicas, como empresas
por decreto. públicas e sociedades de economia mis-
e) o dever de pagar o tributo é imposto ta.
pela lei, independentemente da vonta-
de das partes envolvidas. 9. (Planejamento e Orçamento – 2015)
Sobre o conceito de tributo, suas classifica-
8. (Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro – ções e suas espécies, é correto afirmar que
2010)
a) tributo é, legal e constitucionalmente,
O conceito de tributo, nos termos do Có- toda prestação pecuniária compulsória,
digo Tributário Nacional, traz as seguintes em moeda ou cujo valor nela se possa
conclusões, exceto: exprimir, ainda que constitua sanção de
a) o poder de tributar é prerrogativa do ato ilícito, instituída em lei e cobrada
Poder Público, que o faz para custear mediante atividade administrativa ple-
suas ações no interesse da sociedade. namente vinculada.
b) não constituindo sanção por ato ilícito, b) a natureza jurídica específica do tributo
pouco importa para a legislação do im- é, legal e constitucionalmente, deter-
posto sobre a circulação de mercadorias minada pelo fato gerador da respectiva
e serviços, por exemplo, a origem lícita obrigação, sendo irrelevantes para qua-
ou ilícita de determinadas mercadorias, lificá- la tanto denominação e demais
desde que reste configurada a hipótese características formais adotadas pela lei
de incidência do referido tributo, qual quanto a destinação legal do produto
seja, a circulação dessas mercadorias, da sua arrecadação.
para que possa ele ser exigido.

concurseiro.vip 27
c) as espécies tributárias são, legal e cons- 11. (Analista de Comércio Exterior – 2012)
titucionalmente, imposto, taxa, contri-
buição de melhoria, contribuição social, Segundo a definição de tributo presente no
contribuição de intervenção no domínio Código Tributário Nacional, uma de suas
econômico, contribuição de interesse características é a de não constituir sanção
de categoria econômica ou profissional por ato ilícito. Assim sendo, julgue como
e contribuição de iluminação pública. Falso (F) ou Verdadeiro (V) os itens a seguir
d) a espécie tributária “taxa” pode ter e assinale a opção correta.
como fato gerador, legal e constitucio- I – Ainda no caso de furto de sinal por “clo-
nalmente, o exercício regular do poder nagem”, o ICMS – Imposto sobre Circulação
de polícia ou a utilização, efetiva ou po- de Mercadorias e Serviços – é devido sobre
tencial, de serviço público específico e o serviço de telefonia móvel onerosamente
divisível, prestado ao contribuinte ou contratado de operadora por usuário.
posto à sua disposição, desde que, em
qualquer caso, a respectiva base de cál- II – A renda obtida com o tráfico de drogas
culo não seja idêntica àquelas que cor- deve ser tributada, já que o que se tributa
respondam a qualquer espécie de im- é o aumento patrimonial, e não o próprio
posto. tráfico.
e) denomina-se como tributo indireto
III – No caso de importação ilícita, reconhe-
aquele que comporte, por sua nature-
cida a ilicitude e aplicada a pena de perdi-
za, transferência do respectivo encargo
mento, não poderá ser cobrado o imposto
financeiro da tributação desde o deno-
de importação, já que “importar mercado-
minado contribuinte de fato para sobre
rias” é elemento essencial do tipo tributá-
o denominado contribuinte de direito.
rio.
10. (MI – Geólogo – 2012) IV – As vendas inadimplidas equivalem às
vendas canceladas para fins de incidência
Com relação a aspectos jurídicos de defesa tributária, eis que no sistema tributário na-
civil, indique qual espécie tributária permi- cional, embora tenha consagrado o regime
te, mediante lei complementar, atender a de competência como a regra geral de apu-
despesas extraordinárias decorrentes de ca- ração dos resultados, o inadimplemento
lamidade pública. constitui hipótese de cancelamento de ven-
a) Imposto. da, e não tendo ingressado a receita de ven-
b) Taxa. da, não há que se falar em tributação.
c) Empréstimo Compulsório. a) F, V, V, F
d) Contribuição e Intervenção no Domínio b) V, V, V, F
Econômico. c) F, V, V, V
e) Contribuição Social. d) V, F, V, F
e) V, V, F, F

Gabarito: 7. D 8. E 9. D 10. C 11. B

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TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL. INADIMPLÊNCIA DOS USUÁRIOS. FURTO


DE SINAL (CLONAGEM).INCIDÊNCIA DO TRIBUTO.
1. O fato gerador do ICMS na telefonia é a disponibilização da linha em favor do usuário que
contrata, onerosamente, os serviços de comunicação da operadora. A inadimplência e o
furto por “clonagem” fazem parte dos riscos da atividade econômica, que não podem ser
transferidos ao Estado.
2. Nos termos do art. 118 do Código Tributário Nacional, o descumprimento da operação de
compra e venda mercantil não tem o condão de malferir a ocorrência do fato gerador do
ICMS.
3. Inexiste previsão legal que permita a compensação tributária de ICMS em serviços de
telefonia móvel inadimplidas, ou cujo sinal foi furtado por “clonagem” do aparelho celular.
4. “A exigência tributária não está vinculada ao êxito dos negócios privados.” (REsp 956.842/
RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, julgado em 20.11.2007, DJ 12.12.2007, p. 408.)
5. Não compete ao Estado zelar pelo cumprimento da obrigação dos consumidores; cabe, no
caso, à prestadora dos serviços buscar, pela via própria, o recebimento de seus créditos.
6. Precedentes: AgRg no REsp 1.132.852/SP, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma,
julgado em 23.3.2010, DJe 6.4.2010; AgRg no REsp 987.299/RS, Rel. Min. Denise Arruda,
Primeira Turma, julgado em 7.10.2008, DJe 29.10.2008; REsp 953.011/PR, Rel. Min. Castro
Meira, Segunda Turma, julgado em 25.9.2007, DJ 8.10.2007, p. 255.
Recurso especial improvido.
(REsp 1189924/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/05/2010, DJe 07/06/2010)
TRIBUTÁRIO. APREENSÃO DE MERCADORIAS. IMPORTAÇÃO IRREGULAR. PENA DE PERDIMENTO.
CONVERSÃO EM RENDA.
1. Nos termos do Decreto-lei nº 37/66, justifica-se a aplicação da pena de perdimento
se o importador tenta ingressar no território nacional, sem declaração ao posto fiscal
competente, com mercadorias que excedem, e muito, o conceito de bagagem, indicando
nítida destinação comercial.
2. O art. 118 do CTN consagra o princípio do “non olet”, segundo o qual o produto da atividade
ilícita deve ser tributado, desde que realizado, no mundo dos fatos, a hipótese de incidência
da obrigação tributária.
3. Se o ato ou negócio ilícito for acidental à norma de tributação (= estiver na periferia da
regra de incidência), surgirá a obrigação tributária com todas as conseqüências que lhe são
inerentes. Por outro lado, não se admite que a ilicitude recaia sobre elemento essencial
da norma de tributação.
4. Assim, por exemplo, a renda obtida com o tráfico de drogas deve ser tributada, já que o
que se tributa é o aumento patrimonial e não o próprio tráfico. Nesse caso, a ilicitude é
circunstância acidental à norma de tributação. No caso de importação ilícita, reconhecida
a ilicitude e aplicada a pena de perdimento, não poderá ser cobrado o imposto de
importação, já que “importar mercadorias” é elemento essencial do tipo tributário.
Assim, a ilicitude da importação afeta a própria incidência da regra tributária no caso
concerto.

concurseiro.vip 29
5. A legislação do imposto de importação consagra a tese no art. 1º, § 4º, III, do Decreto-
Lei 37/66, ao determinar que “o imposto não incide sobre mercadoria estrangeira (...) que
tenha sido objeto de pena de perdimento”.
6. Os demais tributos que incidem sobre produtos importados (IPI, PIS e COFINS) não ensejam
o mesmo tratamento, já que o fato de ser irregular a importação em nada altera a incidência
desses tributos, que têm por fato gerador o produto industrializado e o faturamento,
respectivamente.
7. O art. 622, § 2º, do Regulamento Aduaneiro (Decreto 4.543/02) deixa claro que a “aplicação
da pena de perdimento” (...) “não prejudica a exigência de impostos e de penalidades
pecuniárias”.
8. O imposto sobre produtos industrializados tem regra específica no mesmo sentido (art.
487 do Decreto 4.544/02 – Regulamento do IPI), não dispensando, “em caso algum, o
pagamento do imposto devido”.
9. O depósito que o acórdão recorrido determinou fosse convertido em renda abrange, além
do valor das mercadorias apreendidas, o montante relativo ao imposto de importação (II),
ao imposto sobre produtos industrializados (IPI), à contribuição ao PIS e à COFINS.
10. O valor das mercadorias não pode ser devolvido ao contribuinte, já que a pena de
perdimento foi aplicada e as mercadorias foram liberadas mediante o depósito do valor
atualizado. Os valores relativos ao IPI, PIS e COFINS devem ser convertidos em renda, já
que a regra geral é de que a aplicação da pena de perdimento não afeta a incidência do
tributo devido sobre a operação.
11. O recurso deve ser provido somente para possibilitar a liberação ao contribuinte do valor
relativo ao imposto de importação.
12. Recurso especial provido em parte.
(REsp 984.607/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/10/2008,
DJe 05/11/2008)
EMENTA TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. COFINS/PIS. VENDAS INADIMPLIDAS. ASPECTO
TEMPORAL DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. REGIME DE COMPETÊNCIA. EXCLUSÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO COM AS HIPÓTESES DE CANCELAMENTO DA
VENDA. ...
3. No âmbito legislativo, não há disposição permitindo a exclusão das chamadas vendas
inadimplidas da base de cálculo das contribuições em questão. As situações posteriores
ao nascimento da obrigação tributária, que se constituem como excludentes do crédito
tributário, contempladas na legislação do PIS e da COFINS, ocorrem apenas quando fato
superveniente venha a anular o fato gerador do tributo, nunca quando o fato gerador
subsista perfeito e acabado, como ocorre com as vendas inadimplidas.
4. Nas hipóteses de cancelamento da venda, a própria lei exclui da tributação valores que,
por não constituírem efetivos ingressos de novas receitas para a pessoa jurídica, não são
dotados de capacidade contributiva.

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5. As vendas canceladas não podem ser equiparadas às vendas inadimplidas porque,


diferentemente dos casos de cancelamento de vendas, em que o negócio jurídico
é desfeito, extinguindo-se, assim, as obrigações do credor e do devedor, as vendas
inadimplidas – a despeito de poderem resultar no cancelamento das vendas e na
consequente devolução da mercadoria -, enquanto não sejam efetivamente canceladas,
importam em crédito para o vendedor oponível ao comprador.
6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
(RE 586482, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/11/2011, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-119 DIVULG 18-06-2012 PUBLIC 19-06-2012
RDDT n. 204, 2012 , p. 149-157 RT v. 101, n. 923, 2012, p. 691-706)

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Questões

12. (Analista de Comércio Exterior – 2012) d) Apenas III e IV estão corretos.


e) Todos os itens estão corretos.
Sobre as taxas, espécie tributária prevista
pelo art. 145, inciso II da Constituição Fede- 13. (Agente de Fazenda – SMF-RJ – 2010)
ral, julgue os itens abaixo e a seguir assinale
a opção correta. As taxas, no direito tributário, são espécies
tributárias que decorrem, entre outros fatos
I – O texto constitucional diferencia as taxas geradores, do exercício regular do poder de
decorrentes do exercício do poder de polí- polícia. Sobre estes, julgue os itens a seguir:
cia daquelas de utilização de serviços espe-
cíficos e divisíveis, facultando apenas a es- I – entende-se por regular o poder de polí-
tas a prestação potencial do serviço público. cia quando desempenhado por órgão com-
petente, nos limites da lei, observando de-
II – O Supremo Tribunal Federal entende vido processo legal, e exercida sem desvio
como específicos e divisíveis, e passíveis de ou excesso de poder;
tributação por meio de taxa, os serviços pú-
blicos de coleta, remoção e tratamento ou II – a exigência da taxa em decorrência do
destinação de lixo ou resíduos provenientes exercício do poder de polícia não mais exige
de imóveis, desde que essas atividades se- a concreta fiscalização por parte dos órgãos
jam completamente dissociadas de outros competentes, ou seja, a simples regulação
serviços públicos de limpeza realizados em de certas atividades por meio de atos nor-
benefício da população em geral ( uti uni- mativos também caracteriza o exercício
versi) e de forma indivisível. desse poder;
III – Preços de serviços públicos e taxas não III – a atuação fiscalizadora do Estado, em ri-
se confundem, porque estas, diferentemen- gor, visa ao interesse da coletividade e não
te daqueles, são compulsórias e têm sua co- ao do contribuinte da taxa, isoladamente. É
brança condicionada à prévia autorização or- este, porém, que provoca a atuação do Es-
çamentária, em relação à lei que as instituiu. tado, sendo isso que justifica a imposição
da taxa;
IV – A taxa, enquanto contraprestação a
uma atividade do Poder Público, não pode IV – exercendo o poder de polícia, o Estado
superar a relação de razoável equivalência impõe restrições aos interesses individuais
que deve existir entre o custo real da atu- em favor do interesse público, conciliando
ação estatal referida ao contribuinte e o esses interesses.
valor que o Estado pode exigir de cada con-
tribuinte, considerados, para esse efeito, os Estão corretos:
elementos pertinentes às alíquotas e à base a) apenas os itens I e III.
de cálculo fixadas em lei. b) apenas os itens I, III e IV.
a) Apenas I, II e IV estão corretos. c) todos os itens estão corretos.
b) Apenas I, III e IV estão corretos. d) apenas os itens III e IV.
c) Apenas II e IV estão corretos. e) apenas os itens II, III e IV.

Gabarito: 7. D 8. E 9. D 10. C 11. B 12. E 13. C

concurseiro.vip 33
Direito Tributário.

Soberania

Poder de Tributar.
Constituição

Competência Tributária.

Imunidades / Princípios

IMUNIDADES

Não há FG;

Não há
Incidência;
Imunidade
Não há
competência.
CF/88
DD
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
Diego
Degrazia
(...)
I – propriedade de veículos automotores.

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Universo dos Veículos

Lei nº 8.115/85
Art. 1º Fica instituído o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), nos termos
desta Lei
Art. 2º O imposto, devido anualmente ao Estado, tem como fato gerador a propriedade de veículo
automotor.

Campo  de   Campo  de  Não  


Incidência   Incidência  

concurseiro.vip 35
Universo  

Campo  de    não  incidência  

Campo  de  Incidência  

Hipótese  de  Incidência:  


Propriedade  de  Veículos  Automotores  

Lançamento  

Fato  Gerador   Obrigação  Tributária  

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

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Universo  

Campo  de    não  incidência  

Carro  da  União  

Campo  de  Incidência  

Não  incidência  

Imunidade  x  isenção  x  não  incidência  

Não  incidência  

Incidência  

Imunidade  x  isenção  x  não  incidência  

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Não  incidência  

Incidência  

Isenção  

Imunidade  x  isenção  x  não  incidência  

Não  incidência  

Incidência   Imunidade  

Isenção  

Imunidade  x  isenção  x  não  incidência  

São elas, nas palavras de Francisco Leite Duarte: “assim, quanto ao seu destinatário, as
imunidades podem ser objetivas, subjetivas ou mistas; quanto ao fato de decorrerem ou não de
princípios (origem), se classificam em imunidades ontológicas e imunidades políticas; quanto
à dependência de norma para lhe dar completude, são condicionadas ou incondicionadas.
Quanto ao alcance são classificadas em imunidades gerais e específicas.”
Duarte, Francisco Leite. Direito Tributário: teoria e prática – 2.
Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. Página 272.

Imunidades quanto ao destinatário.


É objetiva a imunidade que se aplica a determinados bens, rendas ou serviços. Na imunidade
objetiva não importa quem é o sujeito. Nesse tipo de imunidade, a competência do ente
tributante é afastada em face do objeto a ser tributado.

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É o caso da imunidade dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão (art.
150, VI, d) por exemplo:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI – instituir impostos sobre:
...
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
De outra banda, na imunidade subjetiva ou pessoal a tributação é afastada em razão do sujeito
que realiza o ato.
É o caso, por exemplo, da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a) onde os entes públicos
estão com seus patrimônios, rendas e serviços imunes à instituição de impostos.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Já as imunidades mistas combinam características das duas anteriores, sendo determinante
para sua implementação não só a característica do sujeito como também o fato, bem ou
situação previstos na norma imunizante.
Tome-se como exemplo a imunidade do ITR sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,
quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (art. 153,
§ 4º).
Temos um critério objetivo, a pequena gleba rural mas também um critério subjetivo, qual seja,
a exploração pelo proprietário.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
...
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
...
II – não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando
as explore o proprietário que não possua outro imóvel;

concurseiro.vip 39
Imunidades quanto à origem

Ontológicas ou políticas
Se necessariamente decorrentes de princípios constitucionais, as imunidades são classificadas
como ontológicas.
Por serem corolários desses princípios constitucionais, as imunidades ontológicas não
decorrem necessariamente de dispositivos expressos, podendo estar, inclusive, implícitas no
corpo constitucional.
Tome-se como exemplo a imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a) onde pelo próprio
conceito de Federação, ou seja, pela necessária realização do princípio federativo há o
impedimento da instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços dos entes
políticos.
Se, por outro lado, as imunidades são instituídas para proteger determinado princípio, serão
consideradas imunidades políticas, razão pela qual a doutrina considera as imunidades dos
templos de qualquer culto, das entidades sindicais de trabalhadores, entre outras, nesta
categoria.
Nesse aspecto decorrem de normas necessariamente expressas no texto constitucional.
Note que a diferença reside especificamente na decorrência necessária ou não de um princípio.

Imunidades quanto à dependência de norma para lhe dar completude.

Condicionadas ou incondicionadas
As imunidades são classificadas nesse ponto, segundo a doutrina tradicional, como
condicionadas pois necessitam de lei integrativa infraconstitucional para fruição de alguns de
seus aspectos ou incondicionadas quando autoaplicáveis, sem qualquer necessidade de lei
para sua total implementação.
Assim, normas incondicionadas seriam de eficácia plena e de aplicabilidade imediata,
enquanto as normas condicionadas seriam de eficácia limitada, de acordo com a posição do
STF em julgado antigo no qual analisou a fruição do benefício no que tange ao imposto de
renda:
EMENTA: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. PROVENTOS. BENEFICIÁRIOS COM IDADE SUPERIOR
A SESSENTA E CINCO ANOS. ART. 153, § 2º, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. LEI Nº 7.713/88. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de
Segurança 22.584 (Sessão do dia 17.04.97), proclamou entendimento no sentido de que o art.
153, § 2º, II, da Constituição Federal, ao estabelecer que o imposto de renda “não incidirá, nos
termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão,
pagos pela previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja renda total seja constituída,
exclusivamente, de rendimentos do trabalho”, não é auto-aplicável, estando a depender de lei

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que fixará os termos e os limites dessa não-incidência. E, até que advenha a lei regulamentando
o exercício desse direito, continuam válidos os limites e restrições fixados na Lei nº 7.713/88
com suas posteriores alterações. Recurso extraordinário conhecido, mas improvido.
(RE 200485, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 09/12/1997, DJ 20 –
03 – 1998 PP – 00011 EMENT VOL – 01903 – 06 PP – 01087)
Temos como exemplo de normas imunizatórias condicionadas a referente à vedação da
instituição de impostos sobre as instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos,
expressa no art. 150, VI, c da Constituição Federal, o qual impõe para a concessão do benefício
que sejam atendidos os requisitos da lei.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI – instituir impostos sobre:
...
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;

Imunidades quanto ao seu alcance.


Imunidades podem ser, quanto ao alcance ou amplitude, caracterizadas como genéricas ou
gerais e específicas ou tópicas.
As denominadas genéricas – que se aplicam não só a todos os impostos sobre o patrimônio,
renda e serviço como também a todos os entes políticos – se concentram, de acordo com a
melhor doutrina, no art. 150, VI da Constituição Federal, e seus parágrafos § 2º, § 3º e § 4º.
As imunidades específicas, por sua vez, como a própria classificação informa, relacionam-se
apenas a um ente político e a um tributo.
Estão dispersas pelo corpo constitucional e podem aparecer em face de uma contribuição
especial (art. 195,§ 7º) ou até de uma taxa (art. 5º, XXXIV, a), por exemplo.

Imunidade Tributária Recíproca

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

concurseiro.vip 41
Tal imunidade, como se vê, além de genérica é eminentemente subjetiva, ontológica,
Direito  Tributário  
incondicionada e relacionada aos Entes Políticos da Federação.

Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garan7as  asseguradas  


ao  contribuinte,  é  vedado  à  União,  aos  Estados,  ao  
Distrito  Federal  e  aos  Municípios:  
 
VI  -­‐  ins7tuir  impostos  sobre:  
 
a)  patrimônio,  renda  ou  serviços,  uns  dos  outros;  

Imunidade  Recíproca  

Na dicção do STF “a referência a patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, contida na alínea
em comento, tem o alcance de afastar a cobrança de todo e qualquer imposto”.
IMPOSTO – IMUNIDADE RECIPROCA – Imposto sobre Operações Financeiras. A norma da
alinea “a” do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal obstaculiza a incidencia reciproca
de impostos, considerada a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Descabe
introduzir no preceito, a merce de interpretação, exceção não contemplada, distinguindo os
ganhos resultantes de operações financeiras.
(AI 175133 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Segunda Turma, julgado em 05/03/1996, DJ
26 – 04 – 1996 PP – 13128 EMENT VOL – 01825 – 05 PP – 01021)

ADI 939
2. – o princípio da imunidade tributaria reciproca (que veda a União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns
dos outros) e que é garantia da Federação (art. 60, par. 4., inciso I,e art. 150, VI, “a”, da C.F.);
Não obstante tudo, não se pode confundir aqui a incidência relativa ao contribuinte de fato
com aquela atrelada ao contribuinte de direito.
A imunidade protege os entes políticos no que diz com impostos diretos e quando este é
contribuinte de direito de impostos indiretos:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRI-
BUTÁRIO. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA ILUMINAÇÃO
PÚBLICA. ICMS. IMUNIDADE INVOCADA PELO MUNICÍPIO.
IMPOSSIBILIDADE. 2. A jurisprudência do Supremo firmou-se no
sentido de que a imunidade de que trata o artigo 150, VI, a, da CB/88,
somente se aplica a imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou
renda do próprio Município. 3. Esta Corte firmou entendimento no

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sentido de que o município não é contribuinte de direito do ICMS,


descabendo confundi-lo com a figura do contribuinte de fato e a
imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato. Agravo
regimental a que se nega provimento.
(AI 671412 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado
em 01/04/2008, DJe – 074 DIVULG 24 – 04 – 2008 PUBLIC 25 – 04 –
2008 EMENT VOL – 02316 – 11 PP – 02262 RF v. 104, n. 399, 2008, p.
292 – 294)
Situação peculiar ocorre, porém, quando da importação realizada pelo ente político. Em tal
caso, confunde-se a situação de contribuinte de direito com a de contribuinte de fato, atraindo,
para a Suprema Corte, a proteção da imunidade.
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIO-
NAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO DE CIRCULAÇÃO DE
MERCADORIAS E SERVIÇOS. ICMS. IMPORTAÇÃO. IMUNIDADE RECÍ-
PROCA. APLICABILIDADE A MUNICÍPIO NA HIPÓTESE DE O ENTE FEDE-
RADO OCUPAR POSIÇÃO PRÓPRIA DE CONTRIBUINTE (IMPORTADOR).
RISCO À
LIVRE-INICIATIVA E À CONCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE PROVA. A
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição aplica-
se às operações de importação de bens realizadas por municípios,
quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o
“contribuinte de direito” e o “contribuinte de fato”). Compete ao ente
tributante provar que as operações de importação desoneradas estão
influindo negativamente no mercado, a ponto de violar o art. 170 da
Constituição. Impossibilidade de presumir risco à livre-iniciativa e à
concorrência. Agravo regimental ao qual se nega provimento.
A  vedação   do  inciso  
Limitações   VI,  "a",  
ao  poder   de  
(AI éT  ributar  
518405 extensiva  
AgR, Relator(a):às  Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma,
julgado em 06/04/2010, DJe – 076 DIVULG 29 – 04 – 2010 PUBLIC 30 –
quias  e  às  fundações  ins=tuídas   04 – 2010 EMENT e  man=das  
VOL – 02399 – 08 PP – 01694)
oder  Público,  
Mas não no  
só qosue  
entes se  políticos
refere  gozam ao  pdaatrimônio,  
referida proteção.à   O próprio texto constitucional,
e  aos  serviços,   vinculados  
protege, além a  suas  
daqueles, entidades dafiadministração
nalidades   pública indireta, por força da redação de
seu art. 150, § 2º.
ciais  ou  às  delas  decorrentes.  
§ 2º A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Autarquias;  

+  
Administração   Administração   Fundações;  
Pública  Direta  -­‐   Pública  Indireta  
Órgãos   -­‐  En=dades   Empresas  Públicas;  
Sociedades  de  Economia  mista.  

o concurseiro.vip 43
razia
Releva destacar que a literalidade do texto constitucional não abrange outras entidades da
administração indireta como as empresas públicas e as sociedades de economia mista que
geralmente estão relacionadas com a exploração de atividades econômicas.
Essa visão decorre da redação do art. 150, § 3º que impõe que as disposições sobre a imunidade
tributária recíproca não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com
exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
§ 3º As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda
e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas
aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de
preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar
imposto relativamente ao bem imóvel.
Desse modo, é curial ter em mente algumas decisões do STF que, a despeito da literal redação
constitucional, estendeu as benesses da imunidade tributária recíproca a outras entidades da
administração pública indireta, em especial às empresas públicas.
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS:
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE
ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO.
I. – As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem
atividade econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço
público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela
imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a.
II. – R.E. conhecido em parte e, nessa parte, provido.
(RE 407099, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 22/06/2004, DJ 06
– 08 – 2004 PP – 00062 EMENT VOL – 02158 – 08 PP – 01543 RJADCOAS v. 61, 2005, p. 55 – 60
LEXSTF v. 27, n. 314, 2005, p. 286 – 297)
Tal decisão, mesmo que decorrente de uma interpretação extensiva, utilizou como parâmetro
um ponto principal: a prestação de um serviço tipicamente público, obrigatório e exclusivo do
Estado a merecer a imunidade.
Partindo desse leading case, a Corte Maior adotou a mesma posição no que diz com a Casa da
Moeda do Brasil e com a INFRAERO, de acordo com os julgados relacionados:
EMENTA: Casa da Moeda do Brasil (CMB) – empresa governamental delegatária de serviços
públicos – emissão de papel moeda, cunhagem de moeda metálica, fabricação de fichas
telefônicas e impressão de selos postais – regime constitucional de monopólio (CF, art. 21,
VII) – outorga de delegação à CMB, mediante lei, que não descaracteriza a estatalidade do
serviço público, notadamente quando constitucionalmente monopolizado pela pessoa política
(a União Federal, no caso) que é dele titular – a delegação da execução de serviço público,
mediante outorga legal, não implica alteração do regime jurídico de direito público, inclusive

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o de direito tributário, que incide sobre referida atividade – consequente extensão, a essa
empresa pública, em matéria de impostos, da proteção constitucional fundada na garantia
da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, “a”) – o alto significado político-jurídico
dessa prerrogativa constitucional, que traduz uma das projeções concretizadoras do princípio
da federação – imunidade tributária da Casa da Moeda do Brasil, em face do ISS, quanto às
atividades executadas no desempenho do encargo que, a ela outorgado mediante delegação,
foi deferido, constitucionalmente, à União Federal – doutrina (REGINA HELENA COSTA, “inter
alios”) – precedentes – recurso de agravo improvido.
(RE 610517 AGR, relator(a): min. Celso de mello, segunda turma, julgado em 03/06/2014,
acórdão eletrônico dje – 120 divulg 20 – 06 – 2014 public 23 – 06 – 2014)
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA
BRASILEIRA DE INFRA-ESTRUTURA AEROPORTUÁRIA – INFRAERO. EMPRESA PÚBLICA.
IMUNIDADE RECÍPROCA. ARTIGO 150, VI, “A”, DA CB/88.
1. A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária – INFRAERO, empresa pública
prestadora de serviço público, está abrangida pela imunidade tributária prevista no artigo 150,
VI, “a”, da Constituição.
2. Não incide ISS sobre a atividade desempenhada pela INFRAERO na execução de serviços de
infra-estrutura aeroportuária, atividade que lhe foi atribuída pela União [artigo 21, XII, “c”, da
CB/88]. Agravo regimental a que se nega provimento.
(RE 524615 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 09/09/2008, DJe –
187 DIVULG 02 – 10 – 2008 PUBLIC 03 – 10 – 2008 EMENT VOL – 02335 – 07 PP – 01451 RTJ VOL
– 00207 – 02 PP – 00826)
Evoluindo nesse quesito, a Corte se deparou em 2013 com questão relacionada ao exercício
de atividade pelos Correios em concorrência com a iniciativa privada, anteriormente não
apreciada.
Relembre-se que o motivo principal para a imunidade tributária recíproca abarcar a empresa
pública era justamente a prestação de um serviço tipicamente público, obrigatório e exclusivo
do Estado, ou seja, o serviço postal.
Ao avaliar os argumentos trazidos, a Corte entendeu que as atividades em concorrência com a
iniciativa privada proporcionavam uma espécie de “subsídio cruzado” a financiar as atividades
exclusivamente públicas de serviço postal e imunizou de forma integral as atividades da
empresa pública:
Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo, entre empresas públicas
prestadoras de serviço público e empresas públicas exploradoras de atividade. Precedentes.
4. Exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a
iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da
imunidade prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário
conhecido e provido.

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(RE 601392, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 28/02/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL – MÉRITO DJe – 105 DIVULG 04 – 06 – 2013 PUBLIC 05 – 06 – 2013)
Não bastasse a avaliação extensiva dada aos correios, seguindo na mesma linha de raciocínio,
o STF tem estendido o beneplácito da imunidade tributária recíproca também a algumas
sociedades de economia mista, em especial àquelas que se revelam como “instrumentalidades
estatais”, ou seja, instrumentos de atuação do estado em área exclusiva de serviços públicos;
sem fins lucrativos e com a composição do capital social majoritariamente público.
Em 2011 reconheceu a condição à CODESP e traçou ali os paradigmas necessários ao
deferimento do benefício a casos similares:
EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
CONTROLADA POR ENTE FEDERADO. CONDIÇÕES PARA APLICABILIDADE DA PROTEÇÃO
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRAÇÃO PORTUÁRIA. COMPANHIA DOCAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO (CODESP). INSTRUMENTALIDADE ESTATAL. ARTS. 21, XII, f, 22, X, e 150,
VI, a DA CONSTITUIÇÃO. DECRETO FEDERAL 85.309/1980. 1. IMUNIDADE RECÍPROCA.
CARACTERIZAÇÃO. Segundo teste proposto pelo ministro-relator, a aplicabilidade da imunidade
tributária recíproca (art. 150, VI, a da Constituição) deve passar por três estágios, sem prejuízo
do atendimento de outras normas constitucionais e legais: 1.1. A imunidade tributária recíproca
se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais
imanentes do ente federado, cuja tributação poderia colocar em risco a respectiva autonomia
política. Em conseqüência, é incorreto ler a cláusula de imunização de modo a reduzi-la a
mero instrumento destinado a dar ao ente federado condições de contratar em circunstâncias
mais vantajosas, independentemente do contexto. 1.2. Atividades de exploração econômica,
destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, devem ser
submetidas à tributação, por apresentarem-se como manifestações de riqueza e deixarem a
salvo a autonomia política. 1.3. A desoneração não deve ter como efeito colateral relevante
a quebra dos princípios da livre-concorrência e do exercício de atividade profissional ou
econômica lícita. Em princípio, o sucesso ou a desventura empresarial devem pautar-se por
virtudes e vícios próprios do mercado e da administração, sem que a intervenção do Estado
seja favor preponderante. 2. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EXPLORAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ADMINISTRAÇÃO PORTUÁRIA. CONTROLE ACIONÁRIO MAJORITÁRIO DA UNIÃO. AUSÊNCIA DE
INTUITO LUCRATIVO. FALTA DE RISCO AO EQUILÍBRIO CONCORRENCIAL E À LIVRE-INICIATIVA.
Segundo se depreende dos autos, a Codesp é instrumentalidade estatal, pois: 2.1. Em uma
série de precedentes, esta Corte reconheceu que a exploração dos portos marítimos, fluviais e
lacustres caracteriza-se como serviço público. 2.2. O controle acionário da Codesp pertence em
sua quase totalidade à União (99,97%). Falta da indicação de que a atividade da pessoa jurídica
satisfaça primordialmente interesse de acúmulo patrimonial público ou privado. 2.3. Não há
indicação de risco de quebra do equilíbrio concorrencial ou de livre-iniciativa, eis que ausente
comprovação de que a Codesp concorra com outras entidades no campo de sua atuação. 3.
Ressalva do ministro-relator, no sentido de que “cabe à autoridade fiscal indicar com precisão
se a destinação concreta dada ao imóvel atende ao interesse público primário ou à geração de
receita de interesse particular ou privado”. Recurso conhecido parcialmente e ao qual se dá
parcial provimento.
(RE 253472, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA,
Tribunal Pleno, julgado em 25/08/2010, DJe – 020 DIVULG 31 – 01 – 2011 PUBLIC 01 – 02 –
2011 EMENT VOL – 02454 – 04 PP – 00803 RTJ VOL – 00219 – 01 PP – 00558)

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Assim, podemos destacar do respectivo julgado as seguintes premissas para a aplicação


da imunidade também às sociedades de economia mista, quando caracterizadas como
instrumentalidades estatais:
1.1. A imunidade tributária recíproca se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados na
satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado, cuja tributação poderia
colocar em risco a respectiva autonomia política.
1.2. Atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio
do Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, por apresentarem-se como
manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política.
1.3. A desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da
livre-concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita.
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇO PÚBLICO DE ÁGUA E
ESGOTO.
APLICABILIDADE. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que a sociedade de
economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto é abrangida pela imunidade
tributária recíproca, nos termos da alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal.
Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido. (RE 631309 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,
Segunda Turma, julgado em 27/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe – 081 DIVULG 25 – 04 –
2012 PUBLIC 26 – 04 – 2012)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE.
1. A saúde é direito fundamental de todos e dever do Estado (arts. 6º e 196 da Constituição
Federal). Dever que é cumprido por meio de ações e serviços que, em face de sua prestação pelo
Estado mesmo, se definem como de natureza pública (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestação
de ações e serviços de saúde por sociedades de economia mista corresponde à própria atuação
do Estado, desde que a empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de lucro. 3. As
sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social
seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea “a” do inciso
VI do art. 150 da Constituição Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com
repercussão geral.
(RE 580264, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. AYRES BRITTO,
Tribunal Pleno, julgado em 16/12/2010, REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 192 DIVULG 05 –
10 – 2011 PUBLIC 06 – 10 – 2011 EMENT VOL – 02602 – 01 PP – 00078)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA (ART. 150,
VI, A DA CONSTITUIÇÃO). IMÓVEL UTILIZADO PARA SEDIAR CONDUTOS DE TRANSPORTE DE
PETRÓLEO, COMBUSTÍVEIS OU DERIVADOS. OPERAÇÃO PELA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. –
PETROBRÁS. MONOPÓLIO DA UNIÃO. INAPLICABILIDADE DA SALVAGUARDA CONSTITUCIONAL.
1. Recurso extraordinário interposto de acórdão que considerou tributável propriedade imóvel
utilizada pela Petrobrás para a instalação e operação de condutos de transporte de seus
produtos. Alegada imunidade tributária recíproca, na medida em que a empresa – agravante
desempenha atividade sujeita a monopólio. 2. É irrelevante para definição da aplicabilidade
da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não

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sujeita a monopólio estatal. O alcance da salvaguarda constitucional pressupõe o exame (i) da
caracterização econômica da atividade (lucrativa ou não), (ii) do risco à concorrência e à livre-
iniciativa e (iii) de riscos ao pacto federativo pela pressão política ou econômica. 3. A imunidade
tributária recíproca não se aplica à Petrobrás, pois: 3.1. Trata-se de sociedade de economia
mista destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, pessoas de direito
público e privado, e a salvaguarda não se presta a proteger aumento patrimonial dissociado
de interesse público primário; 3.2. A Petrobrás visa a distribuição de lucros, e, portanto,
tem capacidade contributiva para participar do apoio econômico aos entes federados; 3.3.
A tributação de atividade econômica lucrativa não implica risco ao pacto federativo. Agravo
regimental conhecido, mas ao qual se nega provimento.
(RE 285716 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010,
DJe – 055 DIVULG 25 – 03 – 2010 PUBLIC 26 – 03 – 2010 EMENT VOL – 02395 – 04 PP – 00892)
Para finalizar o ponto, ainda convém ressaltar que importante decisão do STF quanto à
imunidade recíproca, a qual versa sobre sua aplicação à OAB:
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.
IMUNIDADE RECÍPROCA. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. SECCIONAL. APLICAÇÕES
FINANCEIRAS. INVESTIMENTOS. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS – IOF.
ABRANGÊNCIA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO.
PLENA VINCULAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. A imunidade tributária
gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil é da espécie recíproca (art. 150, VI, a da
Constituição), na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado (defesa
da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de direito, dos direitos humanos,
da justiça social, bem como a seleção e controle disciplinar dos advogados). 2. A imunidade
tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O
reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade
fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado
desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário
e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Natureza plenamente vinculada do lançamento
tributário, que não admite excesso de carga. Agravo regimental ao qual se nega provimento.
(RE 259976 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 23/03/2010,
DJe – 076 DIVULG 29 – 04 – 2010 PUBLIC 30 – 04 – 2010 EMENT VOL – 02399 – 07 PP – 01409
De toda forma, não confunda a imunidade conferida a OAB como autarquia de regime especial,
com base no art. 150, VI, a, à sua Caixa de Assistência dos Advogados.
Por não se revelar instrumentalidade estatal, mas sim de entidade destinada a prover benefícios
pecuniários e assistenciais a seus associados a Caixa, ne visão do STF, não goza de imunidade.
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, VI, A DA
CONSTITUIÇÃO. CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS. INAPLICABILIDADE. 1. A Caixa de
Assistência dos Advogados, instituída nos termos dos arts. 45, IV e 62 da Lei 8.906/1994, não
desempenha as atividades inerentes à Ordem dos Advogados do Brasil (defesa da Constituição,
da ordem jurídica do Estado democrático de direito, dos direitos humanos, da justiça social
Também não lhe compete privativamente promover a representação, a defesa, a seleção e
a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil). Trata-se de entidade
destinada a prover benefícios pecuniários e assistenciais a seus associados. 2. Por não se revelar

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instrumentalidade estatal, a Caixa de Assistência dos Advogados não é protegida pela imunidade
tributária recíproca (art. 150, VI, a da Constituição). 3. A circunstância de a Caixa de Assistência
integrar a estrutura maior da OAB não implica na extensão da imunidade, dada a dissociação
entre as atividades inerentes à atuação da OAB e as atividades providas em benefício individual
dos associados. Recurso extraordinário conhecido e ao qual se dá provimento.
(RE 233843, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/12/2009, DJe
– 237 DIVULG 17 – 12 – 2009 PUBLIC 18 – 12 – 2009 EMENT VOL – 02387 – 06 PP – 01011 RT v.
99, n. 893, 2010, p. 162 – 164 LEXSTF v. 32, n. 373, 2010, p. 161 – 165)

Arrendamento e cessão de uso de bem público

Repercussão Geral – Temas 385 e 437


Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu
possuidor a qualquer ptulo.
TRIBUTÁRIO. IPTU. NULIDADE DO ACÓRDÃO. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CONSTITUCIONAL DO
MUNICÍPIO. MATÉRIAS DE CUNHO CONSTITUCIONAL QUE REFOGE AO ÂMBITO DE APRECIAÇÃO
DESTA CORTE. CONTRIBUINTE. POSSUIDOR POR RELAÇÃO DE DIREITO PESSOAL. ART. 34 DO
CTN.
1. A apontada nulidade do aresto recorrido, por ausência de fundamentação e cerceamento
de defesa, refoge ao âmbito de apreciação desta Corte. O mesmo se pode dizer no concernente
às alegações acerca da competência tributária constitucional do Município. O recurso especial
limita-se ao exame de normas infraconstitucionais.
2. Ausência de prequestionamento do disposto no verbete sumular 239/STF. Incidência das
Súmulas 282 e 356/ STF 3. O IPTU é imposto que tem como contribuinte o proprietário, o titular
do domínio útil ou o possuidor por direito real, que exerce a posse com animus domini.
4. O cessionário do direito de uso é possuidor por relação de direito pessoal e, como tal, não é
contribuinte do IPTU do imóvel que ocupa.
5. Inaplicabilidade da Súmula 239 do STF.
6. Recurso especial conhecido em parte e improvido.
(REsp 696.888/RJ, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/03/2005, DJ
16/05/2005, p. 325)
IMUNIDADE – SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA ARRENDATÁRIA DE BEM DA UNIÃO – IPTU.
Não se beneficia da imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, inciso VI, alínea “a”,
da Constituição Federal a sociedade de economia mista ocupante de bem público.
(RE 594015, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/04/2017,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 188 DIVULG 24 – 08 – 2017
PUBLIC 25 – 08 – 2017)

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Tese
A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da Constituição não se estende a empresa
privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica
com fins lucrativos.
Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município.
IPTU – BEM PÚBLICO – CESSÃO – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Incide o imposto
Predial e Territorial Urbano considerado bem público cedido a pessoa jurídica de direito
privado, sendo esta a devedora.
(RE 601720, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 19/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL –
MÉRITO DJe – 200 DIVULG 04 – 09 – 2017 PUBLIC 05 – 09 – 2017)

Tese
Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica
de direito privado, devedora do tributo.

Imunidade dos templos de qualquer culto (imunidade religiosa)

Mesmo sendo laico, o estado brasileiro assegura, como direito fundamental inserto art. 5º, VI,
o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de cultos e suas liturgias.
Assim, por opção política, o disposto no art. 150, VI, b, veda à União, aos Estados, ao DF e aos
Municípios a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI – instituir impostos sobre:
...
b) templos de qualquer culto;
Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente subjetiva, política,
incondicionada e relacionada aos templos de qualquer culto.
De acordo com o magistério de Francisco Leite Duarte, “a tributação do patrimônio, da renda e
dos serviços relacionados às entidades religiosas se constituiria numa política fiscal incompatível
com o direito e garantia individual que é a liberdade do exercício de cultos religiosos, razão
porque a imunidade estabelecida para os templos de qualquer culto, estabelecida no art.
150, VI, b, não se resume somente aos prédios destinados ao culto e liturgias (templo), mas
também a todos os impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda e serviços relacionados
com as finalidades essenciais daquelas entidades, sendo, igualmente uma imunidade
subjetiva.”

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Duarte, Francisco Leite. Direito Tributário: teoria e prática – 2. Ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2015.
Como dito acima, da redação do art. 150, § 4º da Constituição Federal, retira-se que a
imunidade compreende apenas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as
atividades essenciais dos templos de qualquer culto.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio,
a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas.
Entretanto, isso não impede a imunidade das rendas obtidas de imóveis alugados, desde que
direcionadas ao financiamento de suas atividades essenciais.
EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de qualquer culto.
Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as
finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, “b” e § 4º, da Constituição. 3. Instituição
religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade
prevista no art. 150, VI, “b”, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto,
mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados com as finalidades essenciais
das entidades nelas mencionadas”. 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor
interpretativo das alíneas “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação
entre as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso extraordinário provido
(RE 325822, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002, DJ 14 – 05 – 2004 PP – 00033 EMENT VOL – 02151 – 02
PP – 00246)
Também nessa alínea do inciso VI do artigo 150, o STF acabou adotando uma posição extensiva,
ao entender que a imunidade ali prevista abrangeria os cemitérios que se organizam como
extensões das entidades religiosas, desde que se dediquem exclusivamente às atividades
funerárias ou religiosas e não tenham fim lucrativo.
Por óbvio, se tais entidades objetivarem finalidade lucrativa, afastada estará a benesse.
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU.
ARTIGO 150, VI, “B”, CB/88. CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO. 1. Os
cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos
pela garantia contemplada no artigo 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da
incidência de IPTU em relação a eles. 2. A imunidade aos tributos de que gozam os templos de
qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o texto da Constituição
é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e 150, VI, “b”. 3. As áreas da incidência e da
imunidade tributária são antípodas. Recurso extraordinário provido.
(RE 578562, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2008, DJe – 172
DIVULG 11 – 09 – 2008 PUBLIC 12 – 09 – 2008 EMENT VOL – 02332 – 05 PP – 01070 RTJ VOL –
00206 – 02 PP – 00906 LEXSTF v. 30, n. 358, 2008, p. 334 – 340)

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Há, ainda, caso onde o STF entendeu que se a entidade não professa qualquer religião os
simples encontros para tratar de assuntos específicos, como é o caso da maçonaria, não atrai a
proteção da imunidade.
Ementa: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150,
VI, C, DA CARTA FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO – PROBATÓRIO.
SÚMULA 279 DO STF. ART. 150, VI, B, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIA DO
TERMO “TEMPLOS DE QUALQUER CULTO”. MAÇONARIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO EM PARTE E, NO QUE CONHECIDO, DESPROVIDO. I – O
reconhecimento da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal exige
o cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei. II – Assim, para se chegar-se à conclusão se
o recorrente atende aos requisitos da lei para fazer jus à imunidade prevista neste dispositivo,
necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos. Incide, na
espécie, o teor da Súmula 279 do STF. Precedentes. III – A imunidade tributária conferida pelo
art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à maçonaria,
em cujas lojas não se professa qualquer religião. IV – Recurso extraordinário parcialmente
conhecido, e desprovido na parte conhecida.
(RE 562351, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 04/09/2012,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe – 245 DIVULG 13 – 12 – 2012 PUBLIC 14 – 12 – 2012)

Imunidade dos partidos políticos, sindicatos de trabalhadores, entidades de


educação e assistência sem fins lucrativos

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI – instituir impostos sobre:
...
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente subjetiva, política, condicionada
e relacionada aos partidos políticos, suas fundações, às entidades sindicais dos trabalhadores e
às instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos.
De acordo com o disposto no art. 150, § 4º, compreende apenas o patrimônio, a renda e os
serviços quando relacionados com as atividades essenciais das entidades.
Na visão da jurisprudência, tal disposição não afeta a imunidade das entidades desde que,
como mencionado, os recursos obtidos pelas entidades sejam destinados a suas finalidades
essenciais.

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É o caso do aluguel de imóvel a particular, inclusive cristalizado em súmula vinculante em 2015,


e aquele obtido com a exploração de serviço de estacionamento em imóvel de ente abrangido
pela imunidade.

SÚMULA VINCULANTE 52
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer
das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.
EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO. INSTITUIÇÃO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIÇO CALCULADO SOBRE O
PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE.
Ilegitimidade. Eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de
estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio das atividades
desta, está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob destaque. Precedente da
Corte: RE 116.188 – 4. Recurso conhecido e provido.
(RE 144900, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 22/04/1997, DJ 26 –
09 – 1997 PP – 47494 EMENT VOL – 01884 – 02PP – 00412)
Não bastasse isso, o STF possui entendimento no qual exonera a incidência inclusive de
impostos indiretos, se a entidade imune é o contribuinte de direito do tributo.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 – EDv/SP, fixou entendimento
segundo o qual as entidades de assistência social são imunes em relação ao ICMS incidente
sobre a comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150, VI, “c” da
Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas improvidos.
(RE 186175 ED – EDv, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 23/08/2006,
DJ 17 – 11 – 2006 PP – 00048 EMENT VOL – 02256 – 04 PP – 00642 RT v. 96, n. 857, 2007, p. 185
– 187 LEXSTF v. 29, n. 337, 2007, p. 227 – 232 RDDT n. 137, 2007, p. 166 – 168)

Imunidade Condicionada

Em que pese toda a excepcionalidade das situações anteriormente estudadas, o principal ponto
de controvérsia do dispositivo está na necessidade de regulamentação, por lei, de requisitos
para sua obtenção.
É que, por ser imunidade condicionada, requer para sua fruição plena integração
infraconstitucional por meio de lei.
Como se sabe, a visão do Supremo, no que diz com a reserva de lei complementar, passa
necessariamente pela previsão no texto constitucional de tal espécie normativa, caso que,
como se observa, não ocorre na parte final do dispositivo ora estudado.
Menciona-se no art. 150, VI, c os requisitos da lei.

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI – instituir impostos sobre:
...
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
Por outro lado, quando a Constituição fala em regulamentação de imunidades – como espécie
de limitação ao poder de tributar – exige, expressamente, a norma complementar, ao talante
do disposto em seu art. 146, II:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
...
II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
Tendo isso por base, muito se discutiu se as entidades beneficentes deveriam observar
requisitos de lei ordinária ou complementar para fins de obtenção da imunidade.
IMUNIDADE – DISCIPLINA – LEI COMPLEMENTAR. Ante a Constituição Federal, que a todos
indistintamente submete, a regência de imunidade faz-se mediante lei complementar.
(RE 566622, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe – 186 DIVULG 22 – 08 – 2017
PUBLIC 23 – 08 – 2017)

Tema
32 – Reserva de lei complementar para instituir requisitos à concessão de imunidade tributária
às entidades beneficentes de assistência social.

Tese
Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar.
Superada a questão, resta saber qual é a lei complementar aplicável ao tema da materialidade.
Com efeito, na inexistência de norma complementar específica, adotaram-se as regulações
do Código Tributário Nacional, que, como se sabe, recepcionado foi pela ordem de 1998 com
estatura de lei complementar.
“Importa, ademais, reafirmar que a imunidade tributária deferida às entidades de assistência
social sem fins lucrativos somente compreende o patrimônio, a renda e os serviços relacionados
com as suas finalidade essenciais (CF, artigo 150, VI, “c”). Mesmo assim, o reconhecimento
desse direito está condicionado à observância dos preceitos contidos no incisos I a III do artigo

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14 do Código Tributário Nacional. Resulta desse modo que o favor constitucional não é absoluto
e o seu deferimento, mesmo em face dos objetivos institucionais da entidade, previstos em
seus atos constitutivos (CTN, artigo 14, § 2º), poderá ser suspenso quando não cumpridas as
disposições legais (CTN, artigo 14, § 1º).” (excerto do voto condutor do Min. Mauricio Correa,
por ocasião do julgamento, pelo Plenário do STF, do RE 202.700 – DF, em 08/11/2001)
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes
requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer capítulo;
II – aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade
competente pode suspender a aplicação do benefício.
Por derradeiro, convém enfrentar ainda a situação das entidades fechadas de previdência
complementar.
Com efeito, a imunidade conferida às instituições de assistência social, sem fins lucrativos, não
alcança todas as entidades privadas de previdência social.
Para que o ponto fique claro, é curial entender a distinção entre Seguridade Social e Previdência
Social.
A Seguridade Social é termo mais amplo que abarca não só a previdência social, mas também a
assistência social e a saúde.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social.
Com se vê, o artigo 150, VI, c da Constituição apenas menciona, para fins de imunidade, as
entidades de assistência social. Note que são conceitos distintos.
Até por isso, o STF entende que, regra geral, as entidades de previdência social não estão
abrangidas pela imunidade ali explicitada, mantendo posição delimitada anteriormente à
promulgação da Constituição de 1988:
– Entidade de previdência privada. Sendo mantida por expressiva contribuição dos empregados,
ao lado da satisfeita pelos patrocinadores, não lhe assiste o direito ao reconhecimento
da imunidade tributária, prevista no art. 19, III, “c”, da Constituição de 1967, visto não se
caracterizar, então, como instituição de assistência social. Recurso extraordinário de que, por
maioria, não se conhece.
(RE 136332, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, Primeira Turma, julgado em 24/11/1992, DJ
25 – 06 – 1993 PP – 12641 EMENT VOL – 01709 – 03 PP – 00493 RTJ VOL – 00150 – 02 PP –
00597)

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Reavaliando a disciplina com base na Lei Maior vigente, o Supremo manteve o entendimento
anterior mas com uma exceção: igualou as entidades fechadas de previdência complementar
privada às entidades de assistência social quando cobertos alguns requisitos que as
equiparariam, qual sejam,
1) finalidade não lucrativa;
2) sem qualquer contribuição do empregado.
Note o seguinte julgado a seguir:
IMUNIDADE – ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Na dicção da ilustrada maioria,
entendimento em relação ao qual guardo reservas, o fato de mostrar-se onerosa a participação
dos beneficiários do plano de previdência privada afasta a imunidade prevista na alínea “c” do
inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal. Incide o dispositivo constitucional, quando os
beneficiários não contribuem e a mantenedora arca com todos os ônus. Consenso unânime do
Plenário, sem o voto do ministro Nelson Jobim, sobre a impossibilidade, no caso, da incidência
de impostos, ante a configuração da assistência social
(RE 259756, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 28/11/2001, DJ 29
– 08 – 2003 PP – 00021 EMENT VOL – 02121 – 17 PP – 03493)

Imunidade dos livros jornais e periódicos (imunidade cultural)

Imunidade estabelecida no art. 150, VI, d, define que é vedado à União, aos Estados, ao DF e
aos Municípios instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão.
Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente objetiva, política, incondicionada
e relacionada aos livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
A base valorativa de tal imunidade política é a proteção da livre manifestação do pensamento e
da expressão da atividade intelectual, artística e científica; da livre comunicação e do acesso à
informação, todos direitos fundamentais elencados no art. 5º da Constituição Federal.
Por estar classificada como imunidade objetiva, não se cobra o imposto em face de operações
realizadas com seus objetos, como em uma saída de livros por exemplo. Aí não irá incidir o
ICMS.
Ademais, como está o objeto abrangido pela imunidade, não pode o intérprete restringir a sua
aplicação em face de qualquer valoração de seu conteúdo.

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Ademais,  como   está  o  objeto  
Limitações   abrangido   pela  
Receita Federal
ao  poder   VIP i(Auditor
de  Tributar  munidade,   não  pTributário
Fiscal) – Direito ode  o  –intérprete  
Prof. Diego Degrazia

restringir  a  sua  aplicação  em  face  de  qualquer  valoração  de  seu  conteúdo.  
 

ICMS  
IPI  
II  

D  
D   Diego
Degrazia
RE 221.239/SP
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI, “D” DA CF/88. “ÁLBUM DE
FIGURINHAS”. ADMISSIBILIDADE.
1. A imunidade tributária sobre livros, jor-
nais, periódicos e o papel destinado à sua im-
pressão tem por escopo evitar embaraços ao
exercício da liberdade de expressão intelectu-
al, artística, científica e de comunicação, bem
como facilitar o acesso da população à cultu-
ra, à informação e à educação.
2. O Constituinte, ao instituir esta benesse,
não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou
didático, à relevância das informações divul-
gadas ou à qualidade cultural de uma publica-
ção.
3. Não cabe ao aplicador da norma constitu-
cional em tela afastar este beneficio fiscal ins-
tituído para proteger direito tão importante
ao exercício da democracia, por força de um
juízo subjetivo acerca da qualidade cultural
ou do valor pedagógico de uma publicação
destinada ao público infanto-juvenil. 4. Re-
curso extraordinário conhecido e provido.

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IMUNIDADE – LISTAS TELEFÔNICAS – ANÚNCIO E PUBLICIDADE.
O fato de as edições das listas telefônicas
veicularem anúncios e publicidade não
afasta o benefício constitucional da imuni-
dade. A inserção visa a permitir a divulga-
ção das informações necessárias ao servi-
ço público a custo zero para os assinantes,
consubstanciando acessório que segue a
sorte do principal.
Precedentes: Recurso Extraordinário
nº 101.441/ RS, Pleno, Relator Ministro
Sydney Sanches, RTJ nº 126, página 216 à
257, Recurso Extraordinário nº 118.228/SP,
Primeira Turma, Relator Ministro Moreira
Alves, RTJ nº 131, página 1.328 à 1.335, e
Recurso Extraordinário nº 134.071 – 1/SP,
Primeira Turma, Relator Ministro Ilmar Gal-
vão, Diário da Justiça de 30 de outubro de
1992.
RE 183403 / SP – SÃO PAULO IMUNIDADE – IMPOSTOS –
LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL DESTINADO À
IMPRESSÃO – APOSTILAS.
O preceito da alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da Carta da
República alcança as chamadas apostilas, veículo de transmissão de
cultura simplificado.

RE 213094 / ES – ESPÍRITO SANTO


EMENTA: TRIBUTÁRIO. ENCARTES DE PROPAGANDA
DISTRIBUÍDOS COM JORNAIS E PERIÓDICOS. ISS. ART.
150, VI, d, DA CONSTITUIÇÃO.
Veículo publicitário que, em face de sua natureza pro-
pagandística, de exclusiva índole comercial, não pode
ser considerado como destinado à cultura e à educa-
ção, razão pela qual não está abrangido pela imunida-
de de impostos prevista no dispositivo constitucional
sob referência, a qual, ademais, não se estenderia, de
qualquer forma, às empresas por eles responsáveis,
no que concerne à renda bruta auferida pelo serviço
prestado e ao lucro líquido obtido. Recurso não conhe-
cido.

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Decorre também da redação constitucional a imunidade ao papel destinado a impressão dos


livros, jornais e periódicos.
Neste quesito, o STF não tem vazado julgamentos tão extensivos.
Aqui a regra é a limitação da benesse apenas ao papel e aos materiais a ele relacionados, como
os filmes e papéis fotográficos necessários à impressão de jornais e periódicos.
O ponto de partida dessa interpretação é a expressa menção apenas ao papel no dispositivo
constitucional.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI – instituir impostos sobre:
...
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
IMUNIDADE – IMPOSTOS – LIVROS – JORNAIS E PERIÓDICOS – ARTIGO 150, INCISO VI, ALÍNEA
"D", DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A razão de ser da imunidade prevista no texto constitucional,
e nada surge sem uma causa, uma razão suficiente, uma necessidade, está no interesse da
sociedade em ver afastados procedimentos, ainda que normatizados, capazes de inibir a
produção material e intelectual de livros, jornais e periódicos. O benefício constitucional
alcança não só o papel utilizado diretamente na confecção dos bens referidos, como também
insumos nela consumidos com são os filmes e papéis fotográficos.
(RE 174476, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 26/09/1996, DJ 12-12-1997 PP-65580 EMENT VOL-01895-04 PP-
00616)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. JORNAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. C.F., art. 150, VI,
d. I. – O Supremo Tribunal Federal decidiu que apenas os materiais relacionados com papel
(papel fotográfico, papel telefoto, filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados,
para imagens monocromáticas, papel fotográfico p/fotocomposição por laser) é que estão
abrangidos pela imunidade tributária do art. 150, VI, d, da C.F. II. – Precedentes do STF: RREE
190.761-SP e 174.476-SP, Ministro F. Rezek p/acórdão; RREE 203.859-SP e 204.234-RS, Ministro
M. Corrêa p/acórdão, Plenário, 11.12.96. Voto vencido do Min. C. Velloso, que entendia
cabível a imunidade tributária em maior extensão. III. – R.E. conhecido e provido.(RE 178863,
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 25/03/1997, DJ 30-05-1997 PP-
23210 EMENT VOL-01871-04 PP-00690)
EMENTA: ICMS. Tinta para impressão de jornal. Não ocorrência de imunidade tributária.
– Esta Corte já firmou o entendimento (a título exemplificativo, nos RREE 190.761, 174.476,
203.859, 204.234 e 178.863) de que apenas os materiais relacionados com o papel – assim,
papel fotográfico, inclusive para fotocomposição por laser, filmes fotográficos, sensibilizados,
não impressionados, para imagens monocromáticas e papel para telefoto – estão abrangidos
pela imunidade tributária prevista no artigo 150, VI "d", da Constituição. – No caso, trata-se de
tinta de impressão de jornal, razão por que o acórdão recorrido, por não ter esse insumo como
abrangido pela referida imunidade, e, portanto, não ser ele imune ao ICMS, não divergiu da

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jurisprudência desta Corte. Recurso extraordinário não conhecido.(RE 216857, Relator(a): Min.
MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 05/12/1997, DJ 27-03-1998 PP-00025 EMENT
VOL-01904-09 PP-01892)

Súmula 657
A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Extraia-se da Constituição Federal, em interpretação teleológica e
integrativa, a maior concretude possível. IMUNIDADE – “LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O
PAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSÃO” – ARTIGO 150, INCISO VI, ALÍNEA “D”, DA CARTA DA
REPÚBLICA – INTELIGÊNCIA. A imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é
ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos. A referência, no preceito, a papel
é exemplificativa e não exaustiva.(RE 202149, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 26/04/2011, DJe-195 DIVULG
10-10-2011 PUBLIC 11-10-2011 EMENT VOL-02605-01 PP-00101 RTJ VOL-00220-01 PP-00510
RDDT n. 198, 2012, p. 194-199)
EMENTA: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA – PRESSUPOSTOS FORMAIS DE SUA UTILIZAÇÃO –
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL QUE SE CONSOLIDOU, POSTERIORMENTE,
EM SENTIDO OPOSTO AO DO ACÓRDÃO EMBARGADO – DIVERGÊNCIA DE TESES CONFIGURADA
– CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO SIGNIFICADO E ALCANCE DO INSTITUTO DA IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA (CF, ART. 150, VI, “d”) – LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DE TRIBUTAR –
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA DO PRECEITO EM REFERÊNCIA (PRECEDENTES) – ADMISSIBILIDADE
DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA – SUCUMBÊNCIA RECURSAL (CPC, ART. 85, § 11) – NÃO
DECRETAÇÃO, NO CASO, ANTE A INADMISSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO EM VERBA HONORÁRIA,
POR TRATAR-SE DE PROCESSO DE MANDADO DE SEGURANÇA (SÚMULA 512/STF E LEI Nº
12.016/2009, ART. 25) – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.(RE 202149 EDv-AgR, Relator(a):
Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 04/06/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
123 DIVULG 20-06-2018 PUBLIC 21-06-2018)

Imunidade tributária e maquinário para impressão de livros


A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d” (1), da Constituição Federal (CF), não abarca
o maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, deu provimento ao agravo
regimental.
A Turma entendeu que a imunidade tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação
do pensamento, da cultura e da produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a
qualquer material assimilável a papel utilizado no processo de impressão e à própria tinta
especial para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são
assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade
constitucional do referido artigo da Constituição, na linha do que decidido no RE 202.149.

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Vencido o ministro Marco Aurélio (relator), que negou provimento ao agravo. Para o relator,
a imunidade tributária não alcança somente o papel destinado à impressão, mas também os
insumos utilizados.
(1) CF: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI – instituir impostos sobre: [..] d)
livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.”
ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 29.5.2018. (ARE-1100204)

INFORMATIVO STF 904 – Junho de 2018


AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
PREVISTA NO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INTERPRETAÇÃO AMPLA E
IRRESTRITA. INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA SOBRE IMPORTAÇÃO DE MÁQUINA
AUTOMÁTICA GRAMPEADEIRA. POSSIBILIDADE. 1. A regra imunizante constante do art.
150, VI, d , da Constituição Federal não pode ser interpretada de modo amplo e irrestrito. 2.
Inexiste imunidade relativa a tributos incidentes sobre a importação de máquina automática
grampeadeira. 3 . Agravo interno a que se dá provimento.(ARE 1100204 AgR, Relator(a): Min.
MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma,
julgado em 29/05/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-116 DIVULG 12-06-2018 PUBLIC 13-06-
2018)
Ementa: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA PREVISTA
NO ART. 150, VI, “D”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INTERPRETAÇÃO AMPLA E IRRESTRITA.
INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA SOBRE IMPORTAÇÃO DE TINTA E CHAPAS DE
GRAVAÇÃO DESTINADAS À PUBLICAÇÃO DE JORNAL. POSSIBILIDADE. 1. A regra imunizante
constante do art. 150, VI, d da Constituição Federal não pode ser interpretada de modo
amplo e irrestrito. 2. Inexiste imunidade relativa a tributos incidentes sobre a importação de
tintas e chapas de gravação destinadas à publicação de jornal. 3. Agravo interno a que se
nega provimento. Não se aplica o art. 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015, tendo em
vista que o julgado recorrido foi publicado antes da vigência da nova codificação processual.
(AI 735816 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em
23/03/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-069 DIVULG 10-04-2018 PUBLIC 11-04-2018)
Para finalizar o tema, convém ainda mencionar que em decisão recente, de março de 2017, o
STF passou a entender que os livros, jornais e periódicos publicados em meio eletrônico estão
abrangidos pela imunidade do art. 150, Vi, d.
Note, antes porém, a esclarecedora decisão monocrática no RE 416.579/RJ que negava a
extensão da imunidade.

RE 416579 / RJ – RIO DE JANEIRO – 2009


Dado que o suporte |sico que funciona como mídia (“cd-rom”) não se confunde e não pode ser
assimilado ao papel, o acórdão recorrido contrariou a orientação fixada por esta Corte (cf., e.g.,
o AI 530.958, rel. min. Cezar Peluso, decisão monocrática, DJ de 31.03.2005 e o RE 497.028, rel.
min. Eros Grau, decisão monocrática, DJe 223 de 26.11.2009).

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Como dito acima, em que pese essa visão, tendo em conta a atual situação fática existente,
com o incremento e a evolução dos meios virtuais de propagação da cultura, o STF acabou por
reavaliar o tema em repercussão geral:
EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO.
PRETENDIDA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA A RECAIR SOBRE LIVRO ELETRÔNICO. NECESSIDADE
DE CORRETA INTERPRETAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL QUE CUIDA DO TEMA (ART. 150,
INCISO IV, ALÍNEA D).
MATÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS, A REPERCUTIR NA ESFERA DE
INTERESSE DE TODA A SOCIEDADE. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL.
(RE 330817 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 20/09/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe – 192 DIVULG 28 – 09 – 2012 PUBLIC 01 – 10 – 2012)
A nova posição jurisprudencial se coaduna com uma visão teleológica da norma imunizatória.
E, até por isso, atribui imunidade também aos suportes exclusivos para a leitura e
armazenamento de livros eletrônicos, como o CD e o e-reader. Note a redação extraída do
sítio do STF sobre o recente julgado:
Em votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que livros
eletrônicos e os suportes próprios para sua leitura são alcançados pela imunidade tributária
do artigo 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal. Os ministros negaram provimento
aos Recursos Extraordinários (REs) 330817 e 595676, julgados em conjunto na sessão desta
quarta-feira (8). Para o colegiado, a imunidade tributária a livros, jornais, periódicos e ao
papel destinado a sua impressão deve abranger os livros eletrônicos, os suportes exclusivos
para leitura e armazenamento, além de componentes eletrônicos que acompanhem material
didático.

RE 330817 RG / RJ – RIO DE JANEIRO


“A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico
(e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo”.

RE 595676 / RJ – RIO DE JANEIRO


“A imunidade da alínea d do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal alcança componentes
eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos”

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Imunidade das obras musicais e literomusicais

Essa é uma inovação trazida pela Emenda Constitucional nº 75/2013.


A referida EC introduziu no texto constitucional a alínea “e” ao inciso VI do art. 150:
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil
contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/
ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na
etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
A norma estabelece que não poderão incidir impostos sobre determinados tipos de fonogramas
ou videofonogramas musicais produzidos no Brasil. Organizando os requisitos temos que serão
imunes:
1) fonogramas e videofonogramas musicais desde que;
2) produzidos no Brasil;
3) contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ ou;
4) obras musicais ou literomusicais em geral interpretadas por autores brasileiros;
5) salvo na replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Como se vê, tal imunidade além de genérica é eminentemente mista, política, incondicionada
e relacionada a fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham.
Há que se ressaltar que a norma imunizante é considerada mista por parte relevante da
doutrina concurseira, mas que existem vozes divergentes – como a de Eduardo Sabbag – que a
consideram apenas objetiva com interessantes argumentos:
“Nesse passo, é fácil perceber que a imunidade musical é objetiva, e não subjetiva, significando
que apenas os objetos afetos à arte musical (fonogramas e videofonogramas; CDs e DVDs) serão
protegidos e não as próprias pessoas responsáveis pela produção dessa arte (v.g., os artistas e
grupos musicais).”
Sabbag, Eduardo. Manual de Direito Tributário – 6ª Edição – São Paulo: Saraiva, 2014. Página 386.

Por ser norma relativamente recente no sistema constitucional, não há manifestação


sobre o tema dos tribunais superiores, estando pendente de julgamento desde 2014 a ADI
5058 interposta pelo Estado do Amazonas que alega ser inconstitucional a instituição de tal
imunidade.
Para finalizar o tema, crucial entender a parte final do dispositivo que exclui do âmbito da
imunidade a replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Ou seja, quando da produção pela indústria de CD ou DVD virgem, haverá a incidência normal.
Note que no caso do vinil ou de fitas cassetes, não há essa exceção.

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Imunidades específicas

Sobre o tema em questão, apenas iremos estudar algumas das imunidades assim classificadas.
Inobstante isso, convém apenas apontar no quadro resumo as diversas imunidades tratadas
pela Constituição Federal.
De qualquer forma é curial estar ciente que mesmo quando a Constituição menciona “isenção”,
“não incidência” e outros termos similares, diante da desoneração constitucional temos que
classifica-la como imunidade.

Base Tributo
Imunidade
Constitucional alcançado
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
Art. 5º, XXXIV b) a obtenção de certidões em repartições públicas, Taxas
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal;
Custas judiciais,
Art. 5º, LXXIII Ação Popular, salvo comprovada má-fé com natureza de
taxa.
a) o registro civil de nascimento para os reconhecidamente Emolumentos,
Art. 5º, LXXVI pobres. com natureza de
b) a certidão de óbito para os reconhecidamente pobres. taxa.
Custas judiciais
Ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, e emolumentos,
Art. 5º, LXXVII
os atos necessários ao exercício da cidadania com natureza de
taxas.
Contribuições
sociais e de
Art. 149, §2º, I Receitas decorrentes de exportação. intervenção no
domínio econô-
mico
Art. 153, §3º, III. Exportação de produtos industrializados IPI
Pequenas glebas rurais, assim definidas em lei, desde que
Art. 153, §4º, II exploradas pelo proprietário e que este não possua outro ITR
imóvel
Todos os Tributos
Ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
Art. 153, §5º salvo IOF e a
instrumento cambial
extinta CPMF

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a) sobre operações que destinem mercadorias para o


exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no
exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores;
b) sobre operações que destinem a outros Estados
Art. 155,§2º, X petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e ICMS
gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas
modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens
de recepção livre e gratuita;
a transmissão de bens ou direitos incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital,
nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de
Art. 156, §2º, I fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, ITBI
salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do
adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
operações de transferência de imóveis desapropriados
Art. 184, §5º Impostos
para fins de reforma agrária
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de Contribuição
Art. 195, II
previdência social previdenciária
Contribuições
para o
entidades beneficentes de assistência social que atendam
Art. 195, §7º financiamento
às exigências estabelecidas em lei.
da seguridade
social
Art. 226,§1º Celebração do Casamento Civil Taxa

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Questões

14. (Especialista em Regulação – ANAC – 2016) sobre fonogramas e videofonogramas


musicais produzidos no Brasil conten-
Quanto à imunidade tributária, assinale a do obras musicais ou literomusicais de
opção correta. autores brasileiros compreende a etapa
a) Os templos de qualquer culto são imu- de replicação industrial de mídias ópti-
nes a todos os tributos. cas de leitura a laser.
b) A imunidade dos partidos políticos al- e) dentre as imunidades tributárias figura
cança impostos e taxas. o impedimento à instituição de impos-
c) A imunidade das entidades educacio- tos sobre o patrimônio, a renda e os
nais é descaracterizada pela cobrança serviços relacionados com as finalida-
de mensalidades. des essenciais das entidades sindicais,
d) A imunidade dos livros, dos jornais e mas somente daquelas relacionadas
dos periódicos é subjetiva. aos trabalhadores.
e) O sujeito passivo imune não é dispen-
sado do cumprimento de obrigações 16. (RFB – AUDITOR – 2012)
acessórias. No tocante à imunidade tributária recípro-
ca, assinale o único item que não corres-
15. (Planejamento e orçamento – 2015) ponde ao entendimento do STF acerca do
Sobre as limitações constitucionais ao po- tema.
der de tributar, é incorreto afirmar que: a) Sociedade de economia mista prestado-
a) no vigente sistema tributário nacional, ra de serviço público de água e esgoto.
as limitações constitucionais ao poder b) Sociedades de economia mista pres-
de tributar estão configuradas como tadoras de ações e serviços de saúde,
princípios constitucionais tributários, cujo capital social seja majoritariamen-
imunidades tributárias e normas regu- te estatal.
ladoras do exercício da competência tri- c) Empresa pública a quem a União atribui
butária. a execução de serviços de infraestrutu-
b) dentre as imunidades tributárias figura ra aeroportuária.
o impedimento à instituição de impos- d) Empresa pública encarregada de man-
tos por uma pessoa jurídica de direito ter o serviço postal.
público sobre o patrimônio, renda ou e) Caixa de Assistência aos Advogados,
serviços de outras pessoas jurídicas de vinculada à Ordem dos Advogados do
direito público. Brasil.
c) dentre as imunidades tributárias figura
o impedimento à instituição de impos- 17. (MDIC – Analista de Comércio Exterior –
tos sobre o patrimônio, a renda e os 2012)
serviços relacionados com as finalida- Sobre a imunidade recíproca, que é a veda-
des essenciais dos templos de qualquer ção constitucional à instituição e cobrança,
culto. por parte das pessoas políticas tributantes,
d) a imunidade tributária concernente ao de impostos sobre patrimônio, renda e ser-
impedimento à instituição de impostos viços uns dos outros, podemos afirmar que:

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a) a imunidade tributária gozada pela Or- c) a imunidade constitucional recíproca al-
dem dos Advogados do Brasil não é da cança as empresas públicas prestadoras
espécie recíproca, na medida em que a de serviço público, bem como as em-
OAB desempenha atividade própria de presas públicas que exercem atividade
Estado. econômica em sentido estrito.
b) no caso de sociedades de economia d) a imunidade tributária recíproca diz res-
mista controladas pela União, é rele- peito aos impostos, não alcançando as
vante para definição da aplicabilidade contribuições.
da imunidade tributária recíproca a cir- e) a imunidade tributária recíproca aplica-
cunstância de a atividade desempenha- -se às operações de importação de bens
da pela empresa estar ou não sujeita a realizadas por municípios, quando o
monopólio estatal. ente público for o importador do bem
c) a imunidade tributária recíproca não é (identidade entre o ‘contribuinte de di-
extensiva às autarquias, no que se refe- reito’ e o ‘contribuinte de fato’)
re ao patrimônio, à renda e aos serviços
vinculados a suas finalidades essenciais 19. (SMF-RJ – Agente de Fazenda – 2010)
ou às delas decorrentes.
d) as sociedades de economia mista pres- Analisando os institutos da imunidade e da
tadoras de ações e serviços de saúde, isenção, julgue os itens a seguir:
cujo capital social seja majoritariamen- I. a isenção é uma limitação legal do âmbi-
te estatal, gozam da imunidade tributá- to de validade da norma jurídica tributária,
ria recíproca. que impede que o tributo nasça ou faz com
e) a imunidade tributária recíproca aplica- que surja de modo mitigado (isenção par-
-se, inclusive, às taxas. cial);

18. (SMF-RJ – Fiscal de Rendas – 2010) II. a imunidade é o obstáculo criado por
uma norma da Constituição que impede a
Sobre a imunidade constitucional recípro- incidência de lei ordinária de tributação so-
ca, que veda a instituição e a cobrança de bre determinado fato, ou em detrimento de
impostos pelos entes tributantes sobre o determinada pessoa, ou categoria de pesso-
patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos as;
outros, é incorreto afirmar que:
III. ambos os institutos, imunidade e isen-
a) a imunidade tributária recíproca alcan- ção, levam ao mesmo resultado: o não pa-
ça apenas as finalidades essenciais da gamento de tributo. Porém, os meios pelos
entidade protegida. O reconhecimento quais isso ocorre são totalmente diferentes.
da imunidade tributária às operações A imunidade dá-se por meio da Constitui-
financeiras não impede a autoridade ção, a isenção por meio de lei (ordinária ou
fiscal de examinar a correção do pro- complementar);
cedimento adotado pela entidade imu-
ne. Constatado desvio de finalidade, a IV. a violação de dispositivo que contém
autoridade fiscal tem o poderdever de isenção importa em ilegalidade e não em in-
constituir o crédito tributário e de to- constitucionalidade;
mar as demais medidas legais cabíveis
V. é incorreto afirmar-se que a imunidade é
b) a imunidade tributária recíproca é ex-
uma forma qualificada de não incidência.
tensiva às autarquias, no que se refere
ao patrimônio, à renda e aos serviços Estão corretos apenas os itens:
vinculados a suas finalidades essenciais
ou às delas decorrentes. a) I e II.

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b) I, II, III e IV.


c) II, IV e V.
d) I, II e IV.
e) III, IV e V.

20. (RFB – Auditor – 2005)


No tocante às imunidades tributárias con-
feridas às instituições de assistência social
sem fins lucrativos, só uma afirmação não
pode ser feita:
a) É subordinada, entre outros, ao requi-
sito de que apliquem integralmente no
País os seus recursos na manutenção de
seus objetivos institucionais, ou de ou-
tros que com estes guardem semelhan-
ça.
b) Somente alcançam as entidades fecha-
das de previdência social privada se não
houver contribuição dos beneficiários.
c) Não excluem a atribuição, por lei, às
instituições de assistência social, da
condição de responsáveis pelos tributos
que lhes caiba reter na fonte.
d) Não dispensa tais entidades do cumpri-
mento de obrigações tributárias acessó-
rias, como a de manterem escrituração
de suas receitas e despesas em livros
revestidos de formalidades capazes de
assegurar sua exatidão.
e) Ainda quando alugado a terceiros, per-
manece imune ao IPTU o imóvel per-
tencente a tais instituições, desde que
o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades essenciais de tais entidades.

Gabarito: 14. E 15. D 16. E 17. D 18. C 19. B 20. A

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