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CRFB Lei
Essa linha é temporal. A CRFB, como visto, não criou os tributos, mas apenas trouxe as
regras de competência para que os entes os criassem. Por isso a competência tributária se
esgota na lei. O exercício da competência tributária se dá exatamente no momento em que a
lei instituidora ou majorante for promulgada, pois ali o legislador efetivou a parcela do poder
de tributar, conforme outorga da CRFB.
Somente após a edição da lei, passa-se a se desenvolver a capacidade tributária ativa,
calcada na lei, quando ocorrerem os fatos geradores e as obrigações tributárias decorrentes
daquela lei. Serão desenvolvidas, neste ponto, as atividades de fiscalização, arrecadação,
administração tributária e etc, mas nunca a instituição ou majoração de tributos.
A competência tributária é uma atividade legislativa, enquanto que a capacidade
tributária ativa é uma atividade administrativa. A atividade legislativa é discricionária, pelo que
a competência tributária é discricionária; ao contrário, o administrador só age de forma
vinculada, não escolhendo de quem, o quê, quando ou quanto cobra: a lei traça os meios de
sua atuação.
Veja que a competência tributária é discricionária porque é dado ao legislador o juízo
de conveniência e oportunidade em editar ou não a lei tributária, instituir (ou majorar) ou não
o tributo. A competência tributária decorre diretamente da CRFB; o exercício da capacidade
tributária ativa decorre diretamente da lei.
Pela literalidade do dispositivo do art. 7º, só pode haver delegação da capacidade tributaria
ativa para uma pessoa jurídica de direito PÚBLICO.
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Refere-se à CF de 1967.
ente. E que ente de direito público seria esse? Pode ser outro ente da federação, por
exemplo: o Município pode delegar para União ou vice versa. Esta delegação de um ente da
federação para outro, é feita por convênio – (art. 100, IV, do CTN)
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:
(...)
Segundo o art. 153, § 4º, III c/c o art. 158, II, da CRFB, o ITR poderá ser arrecadado
pelo Município, mediante celebração de convênio, em troca de receber 100% do valor
recolhido:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
(...)
(...)
(...)
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Ver Lei 11.250, de 27/12/2005 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11250.htm .
Neste caso, em que ocorra a delegação, quem poderá ajuizar a ação de execução fiscal?
Este tema é bem controvertido. O posicionamento majoritário, inclusive do E.STJ, é no sentido
de que a execução fiscal deve ser ajuizada pelo ente que detém a capacidade, senão haveria
insegurança jurídica para o contribuinte.
E contra quem o contribuinte deverá ajuizar ação para discussão do tributo delegado?
Mais uma vez esse tema apresenta diversas discussões doutrinarias e jurisprudenciais, mas o
E. STJ firmou entendimento no mesmo sentido da execução fiscal: o polo passivo da ação
deverá composto pelo ente com capacidade tributária ativa.
Exemplo:
1. Taxa cobrada por agência reguladora
2. Contribuições profissionais cobradas por autarquias
3. Delegação ao INSS para arrecadar contribuições previdenciárias (não ocorre mais por
conta da criação SUPER RECEITA).
Os bancos possuem mera função de caixa, recebem e imediatamente repassam os valores. Isso
tem uma implicação pratica: não existe a possibilidade de ajuizamento de ação de consignação
em pagamento contra o banco se ele recusar a receber o tributo. Isso ocorre porque a ação
depende da relação jurídica tributaria, a qual o banco não integra.
O posicionamento que prevalece na doutrina, apesar de não ser pacifico, é que o exercício da
competência tributária é facultativo (Luciano Amaro e Roque Carrazza). Isso significa que o
ente pode não exercer sua competência tributária ou exercê-la em parte.
O Exemplo de não exercício mais comum é o do Imposto sobre Grandes Fortunas: IGF, art.
153, VII, da CRFB:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
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VII – grandes fortunas, nos termos da lei complementar .
(...)
Seria possível que um Município cobrasse o IPTU apenas dos prédios não – residenciais?
Segundo a doutrina majoritária, seria possível. Além disso, não fere o princípio da isonomia.
OBS: Outra coisa seria a criação de isenções somente para prédios residenciais. Vejamos.
A competência tributária já foi exercida, logo, não há mais facultatividade. Para conceder a
isenção, portanto, depende da justificativa e do caso em questão. A Lei de Responsabilidade
Fiscal condiciona a isenção a uma respectiva contraprestação. O art. 11, da LRF (LC 101/2000),
menciona que a responsabilidade refere-se à instituição (criação) e arrecadação de tributos
previstos constitucionalmente.
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na
gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos
os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Veja que este dispositivo impõe obrigação de instituição dos tributos da respectiva
competência, contrariando a discricionariedade desta atividade legislativa. Entenda: a LC
101/00 diz respeito à atividade administrativa da tributação, ou seja, à capacidade tributária
ativa, decorrente das leis instituidoras – e não à atividade do legislador. O emprego do termo
instituição, por sua vez, subverteu os objetivos da lei, fazendo-a interferir na atividade
legislativa, na competência tributária. Por isso, suscitou-se a inconstitucionalidade desse artigo
perante o STF, justamente nestes termos aqui expostos, pela agressão à discricionariedade do
exercício da competência tributária. Ainda não há posicionamento do STF sobre o tema.
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Que nunca foi editada; daí o não-exercício da competência.
Por isso, a questão da facultatividade do exercício da competência tributária é extremamente
controvertida. A posição adotada pela Fazenda é de que o referido artigo é inconstitucional.
Para esta tese, a facultatividade tem sede constitucional, especialmente no art. 145, caput, da
CRFB, quando diz que a União, Estados, Município e o Distrito Federal poderão instituir os
seguintes tributos (...). Além dele, o art. 148, que também se refere ao termo “poderá”.
I - impostos;
Por certo, o verbo “poder” traz a ideia de facultatividade. Esta corrente é defendida por Roque
Antonio Carrazza e por Edwaldo de Britto. Isso é importante como defesa do ente fazendário;
vejam que o parágrafo único do mesmo art. 11 prevê uma sanção para seu descumprimento:
proibição de recepção de transferências voluntárias. Isto, para Municípios pequenos, é fatal.
São titulares da competência tributária as entidades federativas para as quais a CRFB outorgou
tal competência, ou seja, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.
Mesmo que pareça simples, o assunto sugere discussões. Como exemplo, a questão das
agências reguladoras. Tidas por autarquias especiais, as agências podem estabelecer as
contribuições para seu custeio. Considerando-se (veja que o tema é controvertido) que essas
contribuições sejam tributos, as agências teriam competência tributária?
A questão é bastante intrincada, e como não se viu questionamento acerca disso na
jurisprudência, é importante, ainda, defender-se a tese de que apenas aos entes federativos
foi outorgada competência tributária.
CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
INCADUCÁVEL Algo é incaducável quando não há qualquer prazo estipulado para a sua
implementação, para seu exercício. Como a competência tributária é
atividade legislativa discricionária, não se impõe prazo para seu exercício.
FACULTATIVA O ente que recebe a competência pode ou não exercê-la, como visto e
enfatizado, pois é atividade discricionária.
Há, contudo, uma só exceção, um imposto que deve obrigatoriamente
ser instituído: o ICMS, a fim e evitar a denominada “guerra fiscal”. É por
isso que o ICMS deverá ser instituído por convenio, a fim de manter as
alíquotas idênticas.
INDELEGÁVEL Assim como a competência é indelegável, ela também será irrenunciável,
não podendo o outorgado abrir mão de sua competência. Também não
poderá abrir mão dela em favor de outro ente.
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Este é, inclusive, o único caso de bitributação expressamente autorizada, bitributação que é a
tributação, por mais de um ente, sobre o mesmo fato (diferente do bis in idem, que é a mesma entidade
tributando mais de uma vez o mesmo fato).
MODALIDADES DE COMPETÊNCIA
1) Competência Privativa.
ICMS
2) Competência Residual
(...)
(...)
(...)
No caso das contribuições previstas no art. 195, § 4º, existem algumas discussões.
Isso porque, dispositivo remete ao art. 154, I, que traz exatamente esses requisitos listados
acima. A doutrina e jurisprudência passaram a discutir se todos os requisitos são aplicados às
contribuições residuais ou apenas a reserva de lei complementar. O STF, no RE 228321,
entendeu que se deve aplicar o artigo 154, mas apenas de forma adaptada a essas
contribuições, uma vez que o artigo 154 fala de uma outra espécie tributária (impostos). É
preciso observar o requisito da lei complementar, mas o STF entendeu que as contribuições
podem sim ter fato gerador e base de cálculo de outros impostos. O que ela não pode ter é
fato gerador e base de cálculo de uma outra contribuição.
COMPETÊNCIA RESIDUAL
UNIÃO
IMPOSTOS (ART. 154, I) CONTRIBUIÇÕE SOCIAIS
LEI COMPLEMENTAR
LEI COMPLEMENTAR (STF - RE 228.31)
PRINCÍPIO DA NÃO - CUMULATIVIDADE
NÃO APRESENTAR A MESMA BASE DE CÁLCULO DE OUTRA
NÃO APRESENTAR MESMA BASE DE CÁLCULO DE OUTRO CONTRIBUIÇÃO
IMPOSTO
3) COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
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Cumular com o art. 149, caput:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,(...).
A terceira modalidade é a competência extraordinária, que pode ser definida como aquela
atribuída à União para criação de impostos em caso de guerra externa (ou em sua iminência).
Tem previsão expressa no art. 154, II, da CRFB.
Art. 154. A União poderá instituir:
(...)
4) COMPETÊNCIA COMUM
A competência comum é aquela atribuída aos entes da federação para a criação de tributos de
acordo com sua competência administrativa. Logo, ela está intimamente ligada à competência
administrativa.
Os tributos que se encaixam nesta modalidade são as taxas e as contribuições de melhorias.
É possível a cobrança de vários tributos em razão desta competência comum, quando existir
uma prestação conjunta de serviços?
Exemplo: fiscalização sanitária realizada pelos três entes; fiscalização ambiental (muito
cobrado em provas), eventual obra realizada na Baia de Guanabara pelos três entes da
federação.
Primeira corrente: a primeira corrente entende que o contribuinte pode ficar sujeito a mais de
uma incidência, desde que haja mais de uma atuação efetiva por parte dos entes. O
fundamento desta corrente é de que a CRFB previu a competência comum para todos os
entes, autorizando esta pluralidade de cobranças (neste sentido – Bernardo Ribeiro de Moraes
e a Fazenda Pública quando atua em juízo). Este também é o posicionamento atual do STF,
vide RE602089 (referente à fiscalização ambiental) e RE685213 (referente à taxa de vigilância
sanitária).
Segunda corrente: a segunda corrente entende que somente um ente pode cobrar, pena de
haver bitributação. Para esta corrente, não pode haver pluralidade de cobranças sobre a
mesma hipótese. O problema, então, diz respeito a qual ente que poderá fazer tal cobrança.
Neste ponto, esta segunda corrente se subdivide, sendo que o entendimento majoritário é no
sentido de se averiguar qual é o interesse público predominante na situação in concreto. Se o
interesse público prevalente for nacional, por exemplo, quem cobra é a União. O STF até 2014
adotava esta corrente e entendia que, em caso de dúvida sobre qual o interesse prevalente,
deveria prevalecer o interesse do ente “maior”,
No entanto, como já mencionado, atualmente o STF tem seguido a primeira corrente,
entendendo que pode haver a dupla ou tripla cobrança, sem que isso caracterize bitributação:
TRIBUTÁRIO. TAXA DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. EXAÇÕES COBRADAS PELA UNIÃO E PELO ÓRGÃO
ESTADUAL. BITRIBUTAÇÃO DESCARACTERIZADA. CONFISCO. RAZÕES RECURSAIS INSUFICIENTES PARA
CONCLUIR PELA DESPROPORCIONALIDADE OU PELA IRRAZOABILIDADE DA COBRANÇA.
É condição constitucional para a cobrança de taxa pelo exercício de poder de polícia a competência do
ente tributante para exercer a fiscalização da atividade específica do contribuinte (art. 145, II da
Constituição).
Por não serem mutuamente exclusivas, as atividades de fiscalização ambiental exercidas pela União e
pelo estado não se sobrepõem e portanto, não ocorre bitributação. (RE 602.089)
OBS: Como regra geral, ambos são vedados (posição majoritária, especialmente na
doutrina). No entanto, existem alguns casos que são exceções, em que a CRFB admite estes
fenômenos. Vejamos:
a) ICMS extraordinário: bitributação (em relação ao ICMS);
b) IR extraordinário: bis in idem (em relação ao IR);
c) Contribuições de seguridade social: poderá ser bis in idem ou bitributação, já que o
STF autorizou a União a instituí-las sobre bases de cálculo de impostos;
d) Empréstimo compulsório sobre a guerra: bis in idem
e) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL): bis in idem, pois ela tem o mesmo
fato gerador do IR;
f) CIDE-combustíveis: poderá ser bis in idem (em relação ao II) ou bitributação (em
relação ao ICMS).