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TRIBUTÁRIO E CÓDIGO DE
PROCESSO TRIBUTÁRIO
AULA 5
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A regra-matriz de incidência define a incidência de um tributo,
descrevendo fatos e estipulando os sujeitos da relação. Quando falamos de
incidência de uma norma tributária, estamos nos referindo à subsunção de um
fato (fato jurídico tributário) ao desenho normativo da hipótese. Ou seja, só existe
obrigação tributária quando realizamos, no plano concreto, o fato jurídico
tributário.
Como já vimos, a regra-matriz de incidência é composta da hipótese de
incidência e do consequente tributário. A hipótese de incidência descreve
abstratamente o fato jurídico tributário, sendo fracionada em critério material
(descrição da situação reveladora de riqueza relacionada a uma ação humana),
espacial (local de ocorrência do fato) e temporal (momento de ocorrência do
fato). Já o consequente tributário descreve a obrigação tributária, pode ser
fracionado em critério pessoal (sujeito ativo e sujeito passivo) e critério
quantitativo (base de cálculo e alíquota).
Assim, com base em tais critérios doutrinários, passamos à análise dos
principais impostos instituídos por municípios, estados, Distrito Federal e União,
lembrando que o Distrito Federal tem competência para a instituição de impostos
municipais e estaduais.
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O IPTU tem como base de cálculo o valor venal do imóvel. O contribuinte
poderá ser possuidor a qualquer título – o titular do seu domínio útil ou o
proprietário do imóvel.
Conforme a redação do art. 156, parágrafo 1º, da Constituição Federal, o
IPTU pode ter alíquotas progressivas, tanto em virtude do valor venal do imóvel,
tratando-se de progressividade fiscal, quanto por conta da localização e do uso
do imóvel, tratando-se de progressividade mista.
Ademais, as duas modalidades de progressividade foram inseridas pela
Emenda Constitucional n. 29, de 13 de setembro de 2000. Antes, a única
modalidade possível era a extrafiscal. Trata-se de progressividade que não visa,
“em um primeiro momento, a arrecadação, mas sim estimular ou desestimular
condutas”.
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As diretrizes constitucionais do ICMS são encontradas, genericamente,
no art. 155, II, da Constituição Federal, que assim estabelece: “Compete aos
Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior” (Brasil, 1988).
Notamos que a lei maior estabelece que o ICMS será de competência dos
estados e do Distrito Federal, o que possibilita a esses entes a faculdade de
instituir ou dispor sobre essa exação, mediante lei ordinária.
No entanto, cabe ressaltar que a União também está autorizada, pela
Constituição Federal (art. 147 e art. 154, II) a criar esse imposto, de forma
excepcional e em todo o território nacional.
A competência da União é uma entre tantas outras particularidades
existentes nesse imposto estadual.
A Constituição Federal, ao estabelecer o ICMS, aglutinou impostos
diferentes, dando-lhes a mesma nomenclatura – ou seja, fatos econômicos
distintos passaram a constituir hipóteses de incidência de uma única exação.
Segundo Roque Antonio Carrazza (2007), há pelo menos cinco impostos
diferentes albergados na sigla ICMS: a) imposto sobre operações mercantis
(operações relativas à circulação de mercadorias); b) imposto sobre serviços de
transporte interestadual e intermunicipal; c) imposto sobre serviços de
comunicação; d) imposto sobre produção, importação, circulação, distribuição ou
consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos e de energia elétrica;
e) imposto sobre extração, circulação, distribuição ou consumo de minerais.
Ainda segundo o autor, por mais que tais impostos estejam aglutinados
em uma única exação, apresentam hipóteses de incidência e bases de cálculo
completamente diferentes. A aglutinação só é possível porque as referidas
hipóteses apresentam um núcleo central em comum.
Ademais, o contribuinte poderá ser toda pessoa, física ou jurídica, que
realiza, de forma habitual ou em grande volume, caracterizando intuito comercial,
operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal, e também de comunicação, mesmo que as
operações de início sejam feitas no exterior.
É importante ressaltar que, quando a lei maior faz referência à circulação
de mercadorias, ela utiliza uma figura jurídica. Nesse contexto, o conceito jurídico
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de circulação pressupõe a ocorrência da mudança de titularidade da mercadoria,
e não uma mudança meramente física.
Sobre a base de cálculo e a alíquota, elas servem, combinadas, para
dimensionar a materialidade do tributo, determinando o valor da prestação
pecuniária. Nesse sentido, caberá ao Senado Federal, através de resolução,
estabelecer as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e
de exportação. É possível ainda que o Senado estabeleça alíquotas mínimas
nas operações internas.
Entretanto, nas operações que destinam mercadorias ou serviços para
consumidores finais localizados em outros estados, deve ser adotada alíquota
interestadual. Caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto
correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a
alíquota interestadual, de acordo com o disposto no art. 155, parágrafo 2º, VII,
da Constituição.
Vale ainda destacar que o ICMS está sujeito à não cumulatividade (art.
155, parágrafo 2º da CF e art. 19 da LC n. 87/1996) e à seletividade (art. 155,
parágrafo 2º da CF).
Por não cumulatividade, entende-se que o ICMS será compensado em
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou à prestação de serviços
de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicação, com o montante
cobrado nas operações anteriores por ele ou por outro estado. Vale destacar que
esse princípio, em casos de isenções ou não-incidência, não implica crédito para
compensação com o montante devido nas operações seguintes, acarretando
anulação do crédito relativo às operações anteriores.
Já a seletividade tem como função orientar a estipulação das alíquotas
diferenciadas de ICMS, utilizando por base a seletividade, em função da
essencialidade do produto. Esse princípio justifica a redução da carga tributária
dos produtos considerados essenciais.
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TEMA 4 – IMPOSTOS FEDERAIS
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4.2 Imposto de renda – IR
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condição jurídica ou da nacionalidade da fonte, da sua origem, da forma de
percepção ou da existência de título ou contrato escrito.
A alíquota será de 15% sobre o lucro, com adicional de 10% sobre a
parcela do lucro que exceder R$20.000,00.
Quanto ao critério temporal, o IRPJ será determinado por períodos
trimestrais de apuração, compreendidos nos dias 31 de março, 30 de junho, 30
de setembro e 31 de dezembro de cada ano. Ou ainda, por opção do
contribuinte, o lucro poderá ser apurado anualmente.
Quanto ao critério pessoal, o sujeito ativo é a União Federal, enquanto o
sujeito passivo são as pessoas jurídicas de direito privado domiciliadas no país,
sejam quais forem os seus fins, a sua nacionalidade ou os participantes de seu
capital. as filiais, as sucursais, as agências ou as representações no país das
pessoas jurídicas com sede no exterior; e os comitentes domiciliados no exterior,
quanto aos resultados das operações realizadas por seus mandatários ou
comissários no país, conforme art. 159 do Decreto n. 9.580/2018.
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TEMA 5 – DEMAIS IMPOSTOS FEDERAIS
Tais impostos devem ser instituídos por lei ordinária. Eles não se
submetem à anterioridade, ou seja, a sua cobrança é imediata. Ademais, as suas
alíquotas podem ser alteradas por decreto do Poder Executivo (art. 153,
parágrafo 1º, CF).
NA PRÁTICA
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL.
EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS.
DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO
ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. Inviável a apuração do ICMS tomando-se cada mercadoria ou
serviço e a correspondente cadeia, adota-se o sistema de apuração
contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês,
considerando-se o total de créditos decorrentes de aquisições e o total
de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise
contábil ou escritural do ICMS.
2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade aplicado ao
ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição
da República, cumprindo-se o princípio da não cumulatividade a cada
operação.
3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha
a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir
todo ele na definição de faturamento aproveitado por este Supremo
Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para
incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da
Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições
sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser
enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial
decorrente do regime de não cumulatividade em determinado
momento da dinâmica das operações.
4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da
contribuição ao PIS e da COFINS. (RE 574706, Relator(a): CÁRMEN
LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-223 DIVULG
29-09-2017 PUBLIC 02-10-2017)
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(RE 592.616 – Tema 118/STF), não foi determinada a suspensão do
julgamento dos processos que versem sobre o tema. O C. Supremo
Tribunal Federal, no RE 574706 – Tema 069, submetido à sistemática
prevista no art. 543-B do CPC/73, art. 1036 do CPC/15, firmou a tese
no sentido de que: O ICMS não compõe a base de cálculo para a
incidência do PIS e da COFINS. Por identidade de razões, esse
entendimento deve ser estendido ao ISS. A orientação firmada pelo
STF aplica-se tanto ao regime cumulativo, previsto na Lei 9.718/98,
quanto ao não cumulativo do PIS/COFINS, instituído pelas Leis
10.637/02 e 10.833/03. A alteração promovida pela Lei nº 12.973/14 no
art. 3º da Lei nº 9.718/98, identificando o conceito de faturamento com
aquele previsto no art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598/77 para a receita
bruta – o resultado da venda de bens e serviços e de demais operações
relativas ao objeto social do contribuinte – em nada altera a conclusão
alcançada pelo STF, permanecendo incólume a incidência do
PIS/COFINS sobre a receita operacional, nos termos então dispostos
pela Lei nº 9.718/98 antes da novidade legislativa. Incabível a
modulação dos efeitos nos termos estabelecidos pelo julgamento dos
embargos de declaração opostos no RE 574.706. A modulação no
Tema 69/STF teve como base a data do julgamento do RE 574.706,
que versa exclusivamente sobre o ICMS. A aplicação desse limite
temporal exige a identidade material entre o presente caso e a tese de
repercussão geral. Ainda que as questões relativas ao ISS versem
sobre a mesma tese aplicada ao ICMS, pende a apreciação do RE
592.616. A data do reconhecimento da repercussão geral no RE
592.616 remonta à 09/10/2008, não havendo ainda decisão definitiva.
Logo, necessário aguardar o pronunciamento do STF acerca de
eventual modulação dos efeitos e de qual marco temporal será adotado
naquele recurso extraordinário. O entendimento do C. STJ, no
julgamento do ERESP 116.183/SP, 1ª Seção, Min. Adhemar Maciel,
DJ de 27.04.1998, é no sentido de que: No que se refere a mandado
de segurança sobre compensação tributária, a extensão do âmbito
probatório está intimamente relacionada com os limites da pretensão
nele deduzida. Tratando-se de impetração que se limita, com base na
súmula 213/STJ, a ver reconhecido o direito de compensar (que tem
como pressuposto um ato da autoridade de negar a
compensabilidade), mas sem fazer juízo específico sobre os elementos
concretos da própria compensação, a prova exigida é a da “condição
de credora tributária”, também perfilhado por esta E. Sexta Turma, nos
termos do acórdão proferido na AMS 0000922-62.2017.4.03.6002, de
voto vencedor do Des. Federal Johonsom di Salvo, j. 19/04/2018; DJ
14/05/2018. No caso em espécie, a condição de credora tributária
exsurge do objeto social da apelada-impetrante, consistente em
atividades do ramo de serviços. O contribuinte faz jus à compensação
administrativa, observada a prescrição quinquenal, após o trânsito em
julgado da ação (art. 170-A do CTN), com atualização dos valores
mediante aplicação da taxa Selic (art. 39, § 4º, da Lei 9.250/1995) e
observância do disposto no art. 74 da Lei 9.430/1996 e demais
dispositivos vigentes na data da propositura da ação. É ressalvado ao
contribuinte o direito de proceder a essa compensação em
conformidade com as normas posteriores, desde que atendidos os
requisitos próprios (REsp 1.137.738/SP – Tema 265 dos recursos
repetitivos). A análise e exigência da documentação necessária para
apuração do valor do ISS e a sua correta exclusão, bem como os
critérios para a efetivação da compensação cabem ao Fisco, nos
termos da legislação de regência, observando-se a revogação do
parágrafo único do art. 26 da Lei 11.457/2007, pelo art. 8º da Lei 13.670
de 30 de maio de 2018, que também incluiu o art. 26-A da Lei
11.457/2007, elucidando a aplicabilidade do disposto no art. 74 da Lei
9.430/96, com vedação da compensação com as contribuições
previdenciárias nele mencionadas. Apelação da União e remessa
oficial parcialmente providas. (TRF 3ª Região, 3ª Turma, ApelRemNec
– APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA – 5009526-
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79.2021.4.03.6100, Rel. Desembargador Federal LUIS CARLOS
HIROKI MUTA, julgado em 29/04/2022, Intimação via sistema DATA:
05/05/2022)
CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.
MANDADO DE SEGURANÇA. PIS E COFINS. BASES DE CÁLCULO.
INCLUSÃO DO ISS. IMPOSSIBILIDADE. VALOR PASSÍVEL DE
EXCLUSÃO. IMPORTÂNCIA DESTACADA NA NOTA FISCAL DE
SAÍDA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. COMPENSAÇÃO.
LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO ENCONTRO DE DÉBITOS E
CRÉDITOS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. MANUAL DE CÁLCULOS
DA JUSTIÇA FEDERAL. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. REMESSA
OFICIAL PARCIALMENTE PROVIDA.
1. Válida a aplicação do prazo prescricional de 5 (cinco) anos da Lei
Complementar 118/2005 às ações ajuizadas a partir de 09/06/2005
(RE 566.621/RS, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie,
repercussão geral, maioria, DJe 11/10/2011).
2. O ISS, imposto dtrf4e competência dos Municípios e do Distrito
Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constante da
lista anexa à Lei Complementar 116/2003 e, assim como o ICMS, está
embutido no preço dos serviços praticados, o que autoriza a aplicação
do mesmo raciocínio adotado para a exclusão do ICMS da base de
cálculo do PIS e da COFINS para fundamentar a exclusão do ISS das
bases de cálculos das mencionadas exações.
3. O STF, sob a sistemática de repercussão geral, no julgamento do
RE 574.706/PR, firmou o entendimento no sentido de que o valor
arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do
contribuinte e, dessa forma, não pode integrar as bases de cálculo da
contribuição para o PIS e da COFINS, que são destinadas ao
financiamento da seguridade social.
4. No tocante ao ISS a ser excluído das bases de cálculo do PIS e da
COFINS, registre-se que o entendimento fixado pela Suprema Corte
na Sessão Extraordinária de 13/05/2021, em exame de embargos de
declaração no RE 574.706/PR, é no sentido de que o ICMS passível
de exclusão das bases de cálculo do PIS e da COFINS é aquele
incidente sobre a operação, ou seja, o destacado na nota fiscal de
saída, e não o efetivamente recolhido pelo contribuinte.
5. A compensação deve ser realizada conforme a legislação vigente na
data do encontro de contas e após o trânsito em julgado, tendo em
vista o disposto no art. 170-A do CTN (REsp 1.164.452/MG, julgado na
sistemática do art. 543-C do CPC/1973).
6. Atualização monetária do indébito nos termos do Manual de Cálculos
da Justiça Federal. 7. Apelação não provida. Remessa oficial
parcialmente provida. (AMS 1004958-22.2021.4.01.4200, JUIZ
FEDERAL JOÃO CARLOS COSTA MAYER SOARES (CONV.), TRF1
- OITAVA TURMA, PJe 13/05/2022 PAG.)
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
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