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SUMÁRIO
1 – Introdução
1.1 – Definição de tributo
1.1.1 – Prestação Pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir
1.1.2 – Prestação Compulsória
1.1.3 – Que não constitui sanção de ato ilícito
1.1.4 – Instituída em lei
1.1.5 – Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
1.2 – Tributos em espécie
1.2.1 – A natureza jurídica das espécies tributárias
1.2.2 – Os impostos
1.2.3. – As Taxas
1.2.4 – As Contribuições de Melhoria
1.2.5 – Os Empréstimos Compulsórios
1.2.6 – As Contribuições Especiais
1.3 – Classificações dos tributos
1 – INTRODUÇÃO
Há, atualmente, diversos doutrinadores definindo tributo, cada qual com a visão
que mais aproxima de sua realidade.
“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Observe que a lei que cria um tributo qualquer exigirá que o mesmo seja pago
em dinheiro – moeda. Por força do referido dispositivo – art. 156, XI do CTN – o que se
permite, portanto, é a entrega de um bem ao invés da prestação pecuniária.
Há de se notar pelo dispositivo do artigo 3º do CTN que o pagamento seja “em
moeda” OU “cujo valor nela se possa exprimir”. Não há, aqui, que se falar em derrogação
da forma de pagamento em pecúnia, muito pelo contrário, o que se vê é uma extensão
do referido dispositivo, ao permitir que, na impossibilidade de quitação através de
moeda, que o mesmo seja feito por um meio que, através dela, se possa exprimir.
Sabe-se que o Estado, para obter receitas para a consecução de seus objetivos,
necessita captar recursos/dinheiro na sociedade. Existem, basicamente, duas formas
de obtenção de receitas: originária e derivada. O que difere uma da outra é que na
primeira o Estado abre mão de todas as prerrogativas de direito público que lhe é
inerente e, tal como o particular, obtém receitas patrimoniais. É um tipo de receita em
que há manifestação de vontades, entre um particular e o Estado, que assim celebram
um contrato, como por exemplo um contrato de aluguel. Observe que o Estado não é
obrigado a locar um bem próprio, mas, se o faz, é por pura manifestação de vontade.
Paga-se tributo por que a lei manda, e não por que há manifestação de vontade.
Tributo e multa jamais podem ser confundidos. Aquele não significa alguma
punição em virtude de alguma infração cometida. Pagar tributo jamais decorrerá do fato
de que o contribuinte possa ter infringido determinada norma jurídica.
Talvez seja o ponto que mais diferencie tributo e multa. Muito embora ambos
integrem a receita derivada do Estado, a multa é aquilo que tributo está proibido de ser,
expressamente: pena, sanção.
Imagine que você aufira renda em virtude de alguma atividade exercida. Nascerá
para você, então, o dever de pagar Imposto de Renda (IR), já que há uma previsão na
lei dispondo que, aqueles que auferirem renda, terão que pagar o imposto sobre a renda.
Agora imagine que você aufira renda em virtude de uma atividade exercida que
seja ilícita ou criminosa, por exemplo, o tráfico de drogas. Observe que, ainda que a
atividade seja ilícita, o que se está tributando é a renda auferida em virtude da atividade
exercida. Não há aqui punindo o ato com o tributo, jamais, mesmo por que a punição
virá nas outras esferas, tais como penal e/ou civil. Na verdade, a cobrança tem de
ocorrer porque o fato gerador aconteceu, e este deve ser interpretado abstraindo da
validade jurídica dos atos praticados – artigo 118, I do CTN.
Pois bem, em razão disso, tributo somente poderá ser instituído – leia-se,
também, criado -, mediante lei, seja ela ordinária ou complementar. Poderá fazer as
vezes da lei, de igual forma, e com as peculiaridades a ela inerentes, a própria Medida
Provisória.
Uma ressalva vale ser feita: não se admite exceção com relação à legalidade no
que tange à criação de tributos, contudo, há exceções para que haja a alteração de
alíquotas mediante ato do poder executivo, que será estudado detalhadamente no
tópico reservado ao princípio da legalidade.
Pela análise do dispositivo acima citado, não pode-se chegar à conclusão de que
a Constituição Federal restringe as espécies tributárias somente a três, mas, de melhor
sorte, atribui competência para que todos os entes integrantes da administração pública
direta institua, simultaneamente, as três ali delimitadas.
Pode-se dizer, portanto, que, com relação aos impostos, trata-se de um fato
gerador não vinculado. O que obriga o sujeito passivo ao pagamento de impostos, não
é um fazer por parte do Estado, e, sim, um ter ou agir por parte do devedor.
Corrobora o que foi dito o disposto no artigo 16 do CTN: “Imposto é o tributo cuja
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte”.
Vê-se que as taxas podem ser instituídas nos exatos termos do artigo 145, II da
CF. Isso quer dizer que, o ente político, para instituir taxa, precisa exercer um poder de
polícia ou disponibilizar um serviço público específico e divisível, dirigido ao contribuinte.
O que fora visto acima, no que tange as classificações dos tributos quanto ao
fato gerador, é à luz da corrente tripartite, que o CTN deixou bastante claro.
Uma análise pormenorizada destas duas espécies será feita no tópico específico
de cada uma delas.
1.2.2 – Os impostos
Assim, podemos dizer que a Constituição Federal não cria tributo algum; o que
faz é distribuir competência; desenhar um modelo de tributação, para que,
posteriormente, cada ente crie os tributos desenhados na Carta Magna.
Cada ente político, se desejar, irá criar os respectivos tributos mediante lei
ordinária, que é a regra para instituição de tributos. Pode fazer as vezes da lei ordinária
a Medida Provisória, que é considerado ato normativo de igual hierarquia.
Ressalva há de ser feita com relação ao IPVA. Este teve previsão constitucional
somente em 67, ou seja, um ano depois de editado o CTN. Assim, como não há previsão
no CTN com relação ao IPVA, cabe, a cada Estado membro, exercer o que se denomina
de competência legislativa plena, pois a União deixou de editar normais gerais sobre a
matéria. Tem, portanto, previsão no artigo 24, §3º da CF.
1.2.3 – Taxas
Como se vê pela própria dicção do artigo 145, II da CF, bem como pelo artigo 77
do CTN, não há dúvidas de que as taxas são devidas em virtude de uma atuação por
parte do Estado, ou seja, podem ser caracterizadas como tributos retributivos ou
contraprestacionais.
Sendo assim, dois fatos podem dar ensejo à instituição das taxas, quais sejam:
1) exercício do poder de polícia; e 2) a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível.
É de se deixar claro que, muito embora seja a polícia federal quem emita o
passaporte, paga-se taxa não pelo fato de ser polícia, mas sim pelo fato de que este
exercício do poder de polícia é, coincidentemente, exercido pela polícia federal.
Ora, se o Estado enxerga o contribuinte, nada mais justo que cobre, somente
deste contribuinte, o serviço que está sendo prestado. Não é lógico, nem justo, imaginar
que determinado sujeito se beneficie de um serviço do Estado que seja sustentado com
o dinheiro de toda a sociedade.
Quanto ao fato gerador, dito anteriormente, não resta dúvida alguma de que seja
vinculado, ou seja, paga-se taxa em razão o exercício do poder de polícia ou pela
utilização, seja efetiva ou potencial, de serviço público, na qual se estabelece quanto o
quem irá pagar.
Ora, desta feita, chega-se à conclusão de que, em princípio, as taxas são tributos
de arrecadação não vinculada, restando obrigatório, portanto, a vinculação somente no
tocante às custas e emolumentos judiciais.
Súmulas vinculantes:
Súmulas:
Referido tributo tem fundamento no fato de que seria injusto o Estado utilizar a
receita advinda dos impostos – que todos os contribuintes pagaram – e financiar obras
que trouxessem um resultado de aumento patrimonial a determinado grupo de pessoas.
Assim, a contribuição de melhoria tem por finalidade ressarcir o Estado pelo valor gasto
com as obras, evidenciando-se, portanto, como um tributo de caráter contraprestacional.
Assim, tem-se que a cobrança esbarra no limite total e no limite individual. Por
limite total entende-se que o ente que realizou a obra não poderá cobrar a título de
tributo mais do que efetivamente gastou com a realização da obra, pois, do contrário,
geraria um enriquecimento sem causa por parte do próprio Estado, o que não se admite.
Por limite individual, entende-se que o ente, ao cobrar o referido tributo, tem de
se ater ao acréscimo patrimonial experimentado pelo contribuinte, não podendo exceder
a este. Ora, injusto seria pagar título de contribuição de melhoria num valor maior que
aquela valorização do imóvel. E mais: a parcela que excedesse tal valor individual não
configuraria contribuição de melhoria, pois, se cobrada de forma compulsória,
caracterizaria, sim, um imposto, já que não haveria vinculação a alguma atividade do
ente político.
Então, tomando por base uma linha do tempo, tem-se que o ente que quiser
instituir o tributo, precisa, antes de tudo, elaborar um edital – artigo 82 do CTN, depois
publicar uma lei – anterior à obra, é claro -, depois realizar a obra, para depois verificar
a valorização imobiliária e, por fim, efetuar o lançamento e cobrança do tributo.
Com relação à discussão sobre ser ou não uma espécie tributária, já não
prospera mais. A uma por que se encaixa perfeitamente ao disposto no artigo 3º do
CTN, que nada diz de destinação de receita, se obrigatório ou não a definitividade do
ingresso de dinheiro nos cofres públicos. Em segundo, estão sendo tratados no capítulo
destinado aos princípios constitucionais tributários.
No que tange à competência para sua instituição, certo é que se trata de uma
competência privativa/exclusiva da União para instituí-los. Logo, a Constituição Federal
não outorgou competência para os Estados, DF ou Municípios. Então, somente a União
detém a competência.
Observe, por fim, que o artigo 148 da CF elenca duas situações que autorizam
a instituição de empréstimos compulsórios. Já o artigo 15 do CTN elenca três situações
autorizadoras. A terceira situação expressa no artigo 15, III do CTN determina a
instituição baseada na “conjuntura que exija a absorção temporária do poder aquisitivo”.
O STF entende que a devolução tem que se dar da mesma forma em que se deu
o seu recolhimento. Ora, se tributo é pago em dinheiro, a devolução também será.
A Constituição trata desta espécie tributária de forma genérica nos artigos 149 e
149-A, assim dispondo:
Outro ponto que merece destaque é que, se criado tal regime próprio, e instituída
a contribuição previdenciária, não há que se falar em abrangência às outras áreas da
seguridade social, a saber: saúde e assistência social.
Pelo dispositivo, extrai-se que o Poder Público intervirá nas atividades do setor
privado; intervenção esta que gerará custos, para aquele, em virtude desta atividade.
Neste diapasão, surgiu uma contribuição, a fim de ajudar nos custos que o Poder
Público terá para exercer esta função. A esta contribuição deu-se o nome de
contribuição de intervenção no domínio econômico.
Quem deve pagar esta contribuição são as empresas que, de certa forma, são
alvo da fiscalização/desenvolvimento promovido pelo Poder Público.
Sendo assim, o Poder Público institui tributo a fim de que a receita proveniente
seja vertida a favor de tais instituições, que exercem função de notório interesse público.
Com relação a anuidade devida à OAB, persiste, ainda hoje, certa controvérsia
jurisprudencial. Em princípio, existem os conselhos acima citados e a OAB, não
integrante do mesmo grupo.
Tal EC 39/02 veio para consertar o erro cometido ao instituir a taxa de iluminação
pública, rechaçada pelo STF. Referida matéria é, inclusive, sumulada (súmula 670: “o
serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa)”. Além disso, é
a previsão da SV 41: “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa”.
De forma geral, referida contribuição pode ser instituída mediante lei ordinária,
pois a obrigatoriedade do uso de lei complementar aplica-se somente para os impostos
– art. 146, III, a, da CF. Assim, os Municípios e o DF não estão obrigados a um teto com
relação a BC, FG e contribuintes.
São tributos não vinculados os impostos, vez que o que legitima a cobrança
deles é um ter ou um agir por parte do contribuinte. O ente tributante não precisa fazer
absolutamente nada para o sujeito passivo.
Mister fazer uma ressalva com relação às taxas. Em regra, não há uma previsão
constitucional quanto ao destino da arrecadação – se vinculada ou não. No entanto, há
uma situação da obrigatoriedade da vinculação das receitas das taxas judiciais, que são
as custas e emolumentos, na forma do disposto no artigo 98, §2º da CF.
Cada espécie tributária tem uma finalidade, quer seja fiscal, extrafiscal ou
parafiscal.
Por fim, o tributo cuja finalidade seja parafiscal aplica-se àqueles tributos em que
o sujeito ativo, sendo titular da competência tributária, atribui, a pessoa diversa – pessoa
jurídica de direito público, obrigatoriamente -, a capacidade tributária ativa, ou seja,
delega as funções de arrecadar, fiscalizar e executar.
Com relação à competência dos Estados e do DF, está enumerada no art. 155
da CF. No que tange aos impostos Municipais, estão dispostos no art. 156 da CF.