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Direito Tributário contributiva.

Por fim, na terminologia mais correta, se fala em requisitos de


existência e de validade. A criação por lei, portanto, não é requisito de existência,
12 de agosto de 2016​________________________________________________
assim o tributo continuará existindo – sendo um tributo inconstitucional.

Conceito de Tributo [artigo 3º, CTN (Lei 5.172 de 1966)]


O que o CTN ressalta é que o tributo deve ser instituído por lei para ser

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela constitucional. O tributo instituído em lei está ligado ao critério compulsório. O CTN
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada poderia ter falado em apenas compulsoriedade, pois esta decorre da imposição da
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” lei, decorrendo do poder de império do Estado. Essa é a síntese do que é o tributo,
pois não é uma vontade da população, mas uma imposição do Estado. Nesse
A importância de estabelecer o conceito de tributo paira na aplicação legal. sentido, a gênese da obrigação integra o critério de validade do tributo, sendo
Assim, se “algo” não for delimitado no conceito de tributo, não serão aplicadas as válido e constitucional o tributo criado por lei.
leis tributárias. O conceito de tributo, portanto, serve para dizer se algo é ou não é
um tributo de forma a determinar, ou não, a aplicação das leis tributárias. É prestação pecuniária compulsória que não constitui sanção de ato ilícito.
Significa dizer que o legislador, com tal característica do tributo, tirou do conceito e
É instituído em lei. – Inicialmente tem-se que uma taxa criada por portaria não é da aplicação geral do direito tributário as multas. A multa tem dois elementos
um tributo, pois não se amolda à característica da gênese da obrigação do principais do conceito, quais sejam: é prestação pecuniária constituída em lei,
conceito de tributo, uma vez que não teve sua instituição por lei; não tendo sido mas, por ser sanção a ato ilícito, não é tributo.
observado, portanto, o princípio da legalidade tributária. O Supremo, por sua vez,
diz que uma taxa criada por portaria é um tributo inconstitucional. O entendimento Mas e o caso da multa tributária? A multa tributária é um tributo ou não?
do STF é no sentido de que a instituição por lei é um requisito de validade, mas Bom, existem multas tributárias e multas administrativas. As primeiras não são
não um requisito de existência. Assim, essa taxa criada por portaria não se amolda tributos, mas são obrigações tributárias, sendo até disciplinada pelo Código
ao conceito descrito no artigo terceiro do CTN. Então como deve ser o conceito de Tributário Brasileiro, portando, afiguram-se como peculiares.
tributo?
Questão da tributação de atos ilícitos. Se o código diz que tributo é prestação
Na realidade, são vários os critérios de validade estabelecidos na doutrina, por que não constitui sanção de ato ilícito, seria possível tributar ato ilícito? [Exemplo:
exemplo: respeitar a capacidade contributiva e irretroatividade. Entretanto, os traficante que comercializa mercadorias ilícitas. (A atividade criminosa dá ensejo à
critérios de validade não devem integrar o conceito de tributo. Na Itália, todavia, é incidência de alguns tributos como ICMS, COFINS, PIS, IRPF?) - Situação do Al
muito importante o requisito da capacidade contributiva, tanto o é que a Capone. Como dizer no caso concreto se o tributo é, ou não, sanção de ato ilícito.
capacidade contributiva está plasmada na legislação italiana expressamente. A questão é se o fato gerador da obrigação tributária é ato lícito ou não. Ele tem
Muitos autores brasileiros defendem que o tributo deve respeitar essa capacidade que ser lícito para que seja possível tributar.
É cobrado de modo vinculado. Tal característica tem a ver com o modo de pagamento. O problema é que os emolumentos vão para o tabelião e
atuação da Administração Pública, circunscrito na observância de que só pode não para o poder público, não havendo, portanto, geração de receita
cobrar o que está previsto em lei pelo fato gerador. Tal atribuição visa evitar pública. Os emolumentos são a remuneração do tabelião registrador e
condutas pessoais e discricionárias do agente público. A relevância da qualificação essa remuneração será fato gerador do tributo do Imposto de Renda
como ato vinculado é a designação de como deve ocorrer; é elemento acessório e [Apenas a título de aprofundamento, há certa discussão quanto à
pedagógico. possibilidade de incidência do ISS, ou seja, da incidência de dois
tributos sobre o mesmo fato gerador – O STF entende que são
Por fim, vale salientar que as características mais importantes do conceito do devidas as cobranças de IRPF e ISS nos emolumentos.]
tributo são: é prestação compulsória no seu nascimento e não é sanção de ato
ilícito. CUSTAS: são determinadas em juízo como taxa judiciária e têm que
ser fixadas em lei. É prestação compulsória na gênese da sua
Os impostos são todos tributos, mas há alguns dotados de peculiaridades, a obrigação.
saber:
PEDÁGIO: Há muita discussão quanto a isso, mas a doutrina é
CONTRIBUIÇÃO PARA O FGTS: ​Apesar de ser prestação pacífica no sentido de reconhecer que se trata de prestação
compulsória prevista em lei – estando o empregador obrigado a pecuniária. A discussão, todavia, paira em torno de se seria
recolher – e não sendo sanção de ato ilícito, o STF diz que não é compulsória ou não. A discussão encontra similitude no direito de
tributo, pois há outros elementos que o Supremo entende como passagem e tem entendimento majoritário no mesmo sentido, qual
essenciais e, nesse caso, indica que a contribuição para o FGTS não seja: é compulsória quando inexiste caminho diverso possível, ou seja,
gera receita pública, sendo mero direito dos trabalhadores. No que o “encravamento” seja absoluto. O STF entende que não é taxa
conceito do CTN não há menção à necessidade de tributo gerar ou tributo, mas encontra barreira no artigo 150 da CF, inciso V que
receita pública, embora seja razoável considerar tal entendimento. trazia em sua redação uma premissa de que era tributo.
Logo, de acordo com o entendimento, a contribuição para o FGTS não
é tributo, pois o tributo deve gerar receita pública. [Problemática da EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: O STF chegou a assentar o
contribuição criada pela LC 110/2001 – adicional de 40% como multa entendimento na súmula 418, mas a súmula perdeu a eficácia com o
rescisória. O adicional de 10% da multa rescisória é tributo, pois gera Resp de 88 no qual se fixou o entendimento de que é um tributo.
receita pública (contribuição social).]
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (INCLUÍDA A PREVIDENCIÁRIA):
EMOLUMENTOS: entende-se que são tributos, pois são compulsórios salário-educação, COFINS, etc. É tributo, tem os requisitos e gera
no sentido de que a execução do ato desejado subordina-se ao receita pública. Hoje em dia é pacífico na doutrina, embora o STF
vacile neste quesito, estabelecendo que até a EC 08 de 77 era tributo, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado
dessa data da Emenda até 04/10/1988 não era e com a promulgação ao contribuinte ou posto à sua disposição.”
CF passou a ser entendida como tributo novamente. Contudo, o CTN
permanece inalterado desde sua criação em 1966, no que tange ao CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA: (artigo 81, CTN). A contribuição de

conceito de tributo plasmado no artigo 3º. Por tal razão, diz-se que é melhoria tem como fato gerador a valorização imobiliária para o contribuinte

preciso analisar a doutrina e a jurisprudência com muito mais afinco decorrente de uma obra pública, ou seja, há uma atividade estatal: obra

que a mera letra de lei tributária. pública e um fato ligado ao contribuinte: a valorização imobiliária. A lógica
figura-se na obtenção específica de benefício em virtude de obra pública.
❖ ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
“A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo
IMPOSTO: (artigo 16, CTN) há definição expressa do conceito de tributo. Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
Assim, imposto é todo tributo que tem fato gerador diferente da atividade estatal. atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de
que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
O imposto tem por fato gerador uma atividade realizada pelo contribuinte. realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
Promove, em linhas gerais, o funcionamento dos serviços ​uti universi​, financiando resultar para cada imóvel beneficiado.”
as atividades estatais. Para diferenciar as espécies, aconselha-se observar o fato
gerador e se há vinculação a uma atividade estatal anterior com o fato gerador. Espécies controvertidas quanto à classificação:

“Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação A discussão que se enfrenta é se tais espécies são autônomas ou devem
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao integrar o rol acima listado (imposto, taxa e contribuição tributária). As espécies
contribuinte.” controvertidas são:

TAXA: (artigo 77, CTN). A taxa, por sua vez, tem por fato gerador uma EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO​ (artigo 15, CTN)
atividade estatal, mais precisamente, o exercício do poder de polícia ou pela
prestação de serviço público, ou seja, por fiscalização ou serviço nos termos “Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir
empréstimos compulsórios:
da CF;
I - guerra externa, ou sua iminência;
“As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como
atender com os recursos orçamentários disponíveis;
fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder contribuição e o imposto é a afetação para fins específicos. Essa é a posição mais
aquisitivo.
acertada, pois há regulamentação e tratamento diferente, devendo se falar,
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do portanto, em espécies, autônomas.
empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for
aplicável, o disposto nesta Lei.”
Para conciliar o artigo 5º do CTN com essa posição do STF, entende-se que

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS (sociais, corporativas e interventivas * tal dispositivo resta-se superado em face da CF 88. Outros rebatem tal argumento
previdenciária) – artigo 217, CTN. com o artigo 145, CF, mas entendem que tal dispositivo não é classificativo, sendo
meramente exemplificativo.
“As disposições desta Lei, notadamente as dos arts 17, 74, § 2º e 77,
parágrafo único, bem como a do art. 54 da Lei 5.025, de 10 de junho de 1966, ❖ NATUREZA JURÍDICA

não excluem a incidência e a exigibilidade.”


A natureza jurídica extrai-se da análise do fato gerador. Conforme o artigo 4º,
No âmbito geral, há doutrinadores que designam classificações bipartite e Se o fato gerador é a existência de propriedade, não é taxa, é imposto.
tripartite. Vejamos:
A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
o Pontes de Miranda e Becker – apenas dividem os tributos em
duas classes, quais sejam: imposto e taxa; I - a denominação e demais características formais adotadas
pela lei;
o O CTN, em seu artigo 5º, adotou a teoria tripartite ao estabelecer
três espécies: imposto, taxas e contribuição de melhoria. II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Para tentar classificar o empréstimo compulsório dentro das espécies E o artigo 145, §2º, CF estabelece diferenças entre as taxas e impostos,

estabelecidas no CTN, a doutrina estabeleceu o entendimento no sentido de que é justamente por serem tributos com fatos geradores distintos.

um imposto restituível. E, no mesmo sentido, indica que há impostos finalísticos,


§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
ou afetados a fins específicos, assim, enquadra-se a contribuição especial. A
contribuição especial é um tributo finalístico, tem uma finalidade específica relativa
Entretanto, apesar desses contornos, há controvérsias: existe tributo com fato
a uma afetação da receita a despesa específica.
gerador igual e base de cálculo diferente. O que prevalece, nesses casos, é a
base de cálculo para determinar as espécies. Vale salientar que existem dois
A doutrina do STF, por sua vez é quinquipartite, ou seja, o empréstimo e a
significados para fato gerador, a saber: hipótese incidente da norma e fato
contribuição especial são espécies autônomas. Assim, a diferença entre imposto e
tributário, o mais usual é o segundo conceito.
empréstimo compulsório é o fato deste último ser restituível e a diferença entre a

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