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Pontos.
III. Progressividade eh uma sistemática de alíquotas própria dos impostos pessoais porque deriva
da capacidade contributiva, que só pode ser medida por caracteristicas pessoais.
A doutrina tributária faz, com correto empenho, uma distinção entre os impostos de natureza real e
de natureza pessoal. Os primeiros s o aqueles em que se toma em considera o apenas a coisa
sobre a qual recai o tributo, sem levar em conta as condi es particulares dos contribuintes. J os
segundos s o aqueles em que s o sopesadas as qualidades individuais dos contribuintes para a
gradua o do tributo.
A progressividade eh uma sistemática de alíquotas muito própria pra os impostos que olham
para o sujeito, não para a coisa. Para que na cobrança de um imposto real possa se adotar a
mesma sistemática da progressividade, haveria de se justi car isto mediante o reconhecimento, na
coisa real, de critérios subjetivos próprios a fazer incidir sobre o valor da coisa algum critério
pessoal que possa hierarquizar, para ns de progressividade, o sujeito passivo tributário.
As alíquotas aumentam em função do valor da base de calculo, onerando mais quem mais pode.
Será que somente o valor do bem comprado já eh su ciente para fazer essa distinção que dobra a
alíquota em questão?
A lei municipal chega a uma conclus o quanto respectiva condi o nanceira do sujeito tributário
apenas pela presun o de que determinado valor do bem adquirido faz mais ou menos capaz para
ns de tributação o comprador.
A conclusão lógica dada pela lei municipal municipal que dobra a alíquota é a de que quanto maior
a express o econ mica do valor do imóvel, maior ser , necessariamente, a capacidade
contributiva do sujeito passivo.
Súmula 656/STF
É inconstitucional a lei municipal que estabelece alíquotas progressivas sobre o ITBI com base no
valor venal do imóvel.
De modo que a regra ca para impostos pessoais, excetuando poucos casos de impostos reais,
como IPTU: Se fez a alteração em relação a progressividade do IPTU com a EC 29/2000,
também o legislador o zesse para o ITBI (art. 156, parágrafo primeiro, incisos I e II).
Quando diz “sempre que possível”, faz parecer dizer: o princípio da capacidade contributiva incide
sobre todos os impostos que terão, sempre, caráter pessoal. Na verdade, o “sempre que
possível” diz, necessariamente, que existem impostos que NÃO são pessoais, de modo que a
parte segunda do texto, ao dizer “a esses objetivos”, diz respeito ao objetivo DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA de que a cobrança, sempre que for possível, nos impostos
pessoais, incidam sobre a capacidade contributiva do sujeito passivo.
Essa avaliação, como sugere o texto constitucional, busca relação no patrimônio, rendimentos e
atividades econômicas do contribuinte, ou seja, critérios subjetivos. De modo que, ao menos me
parece claro, a capacidade contributiva toma como paradigma de graduação do imposto a
capacidade econômica efetiva do contribuinte, de modo comprovado, demonstrado, não sendo
su ciente uma presunção de capacidade contributiva a partir do valor do imóvel adquirido.
Não ha essa presunção necessariamente porque pode o adquirente ter efetuado o pagamento do
pre o vista ou prazo, com recursos pr prios ou mediante nanciamento, pode ter adquirido o
im vel para moradia ou para investimento, dentre outras circunst ncias, todas alheias ao fato
gerador. Ali s, comum que, na aquisi o de im veis, o adquirente fa a grandes esfor os para
realizar a opera o, de modo que a efetiva capacidade contributiva meramente presumida, mas
n o necessariamente real, podendo a opera o, inclusive, estar associada assun o de vultosas
d vidas.
Se fosse poss vel aferir a capacidade econ mica do contribuinte, simplesmente, pelo valor dos
bens ou direitos transmitidos no caso do ITCD, n o haveria qualquer raz o para obstar a
progressividade de outros impostos de natureza real, a exemplo do ISS, ICMS ou IOF, desde que
se partisse da mesma premissa, qual seja, a de que, quanto mais elevada a express o monet ria
da base impon vel, tanto maior a capacidade econ mica do
sujeito passivo, racioc nio que n o se a gura juridicamente consistente, principalmente para ns de
segurança jurídica.
Essa interven o do Estado no dom nio econ mico, por meio da extra scalidade, com o objetivo
de redistribuir a riqueza das pessoas, em uma estrutura federal como a nossa, somente pode ser
levada a efeito pela Uni o, exatamente, para evitar a ocorr ncia de graves distor es no plano
nacional, de modo que também há isso contra a lei municipal.
A progressividade, prevista no § 1o do art. 145, aplic vel aos impostos de natureza pessoal, o
constituinte admitiu-a, pontualmente, para alguns impostos reais, sempre buscando a obten o de
efeitos extra scais, como por exemplo o desestímulo a terras ociosas e especulação imobiliária.
Diante dessa inconstitucionalidade, deve-se utilizar a menor alíquota prevista pela legislação
municipal.
PARA POSSÍVEL RÉPLICA.
I. Se alegarem a mudança jurisprudencial pelo raciocínio do RE n. 562.045/RS (STF/2013) diz
que a autorização para a progressividade está implicitamente autorizada pelo Princípio da
Capacidade Contributiva. Mas tratou propriamente do ITCMD.
Sobre herança, na mesma linha do IGF, porque a transmissão da herança nao eh onerosa e,
portanto, importa claro ganho nanceiro. A transmissão de bem imóvel nao. Muitas vezes a pessoa
se endivida para comprar um imóvel.
Não pode incidir propriamente sobre o caso por motivos de segurança jurídica.
Esse imposto, o ITBI, diferente do ITCMD, tem caráter diretamente incompatível com a ideia de
progressividade decorrente da capacidade contributiva do contribuinte.
Basta veri car que, por vezes, uma pessoa abastada herda algo de pequeno valor, ao passo que
algu m de posses modestas aquinhoado com bens de consider vel express o econ mica. H
casos, por demais conhecidos, em que as d vidas do herdeiro superam, em muito, o pr prio valor
dos bens herdados.
H sempre efetivo acr scimo patrimonial, mediante transfer ncia sem contrapartida.