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TARIFAS PÚBLICAS

Tarifas Publicas

Aprende-se costumeiramente nos bancos escolares que taxa é a modalidade de tributo cuja hipótese
de incidência está diretamente ligada a uma contraprestação estatal, diretamente referida ao contribu-
inte, enquanto as tarifas seriam preço público, isto é, o que o estado, ou quem lhe faça às vezes, co-
braria em retorno a um serviço de natureza pública prestado.

Essas lições, embora valiosas, não são suficientes para que se determine, de maneira segura, o re-
gime jurídico entre um e outro instituto. De fato, é comum nos depararmos com dúvidas a respeito,
por exemplo, da classificação da conta de energia elétrica, ou o da passagem de ônibus. Deveras,
mesmo na doutrina parece haver confusão generalizada quando se trata desta questão. Ela é fruto,
crê-se, da notável tendência moderna em se especializar cada vez mais. Assim, os tributaristas não
estudam as tarifas porque as tarifas pertenceriam à seara do direito administrativo, enquanto os admi-
nistrativistas não estudam as taxas porque elas seriam matéria do direito tributário. Como resultado
do desconhecimento que este desinteresse científico provoca, surge, desnecessariamente, uma inse-
gurança para administradores e cidadãos.

Entretanto, sendo o estado brasileiro democrático de direito (art. 1º, da constituição federal de 1988),
se deve reconhecer como direito subjetivo fundamental do contribuinte, a certeza sobre o que o es-
tado está a cobrar, assegurando-os, para que, ao menos, possa adotar remédio jurídico adequado
para se defender, quando necessário. Por isso que se nota que tanto mais seguros e efetivos serão
os direitos subjetivos dos indivíduos enquanto contribuintes quanto mais delimitado for o poder de tri-
butar de que é titular o estado.

Nesse contexto, é que se apresentam os princípios constitucionais tributários com dupla função, a sa-
ber: de um lado limitar a atuação estatal de, compulsoriamente, exigir tributos de seus subordinados
e, de outro, assegurar verdadeiros direitos subjetivos aos contribuintes, oponíveis ao próprio estado,
sujeito ativo da relação jurídica tributária.

Discorrendo sobre a importância delimitadora dos princípios tributários em um estado democrático de


direito, por promoverem a segurança jurídica dos indivíduos frente ao estado, roque antonio carrazza
nos ensina que: “o legislador (federal, estadual, municipal ou distrital), ao tributar, encontra, pois, per-
feitamente iluminado, no texto supremo, o caminho que pode validamente percorrer. A tributação só
pode desenvolver-se com apoio na constituição.

Como sabemos, o tributo é exigido iure imperii, isto é, a partir de um ato de autoridade, sem que, para
seu surgimento, concorra a vontade do contribuinte. Ora, é justamente a constituição, com seus gran-
des princípios, que mantém ação de tributar dentro do estado-de-direito.

(...) Noutras palavras: o tributo, de algum modo, esgarça o direito de propriedade. Ora, na medida em
que o direito de propriedade é constitucionalmente protegido, o tributo só será válido se, também ele,
deitar raízes na constituição”.

É, portanto, pelo fato da relação jurídica tributária prescindir da vontade do indivíduo para a sua for-
mação que deve ser, especialmente, com mais atenção e rigor que em outros ramos do direito, deli-
mitada por normas, sejam elas regras, sejam elas princípios.

pelos motivos acima expostos, pode-se afirmar que o direito público não pode admitir a existência de
conceitos vagos, o que só contribuiria para o aumento da insegurança jurídica dos contribuintes, no
lado mais fraco da relação jurídica tributária. Daí a importância de se conceituar e diferenciar, com o
máximo de precisão possível, o que é taxa e o que é tarifa, posto que tarifas não são tributos e muitas
taxas são cobradas como se fossem tarifas, com o intuito de ficarem livres das limitações constitucio-
nais atinentes aos tributos.

Noção de Taxa

de acordo com o artigo 145, da constituição federal de 1988, a união, os estados, o distrito federal e
os municípios podem instituir taxas, em razão de (1) exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos
a sua disposição.

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De início, cabe destacar que a hipótese de incidência dessa espécie tributária só pode consistir em
prestação de serviço público ou exercício do poder de polícia, por limitação do próprio texto constitu-
cional. Assim, reveste-se de inconstitucionalidade a taxa que apresenta em seu antecedente qualquer
outra situação que não as supra referidas.

Também podemos extrair desse dispositivo constitucional que a instituição de uma taxa corresponde
sempre a uma prestação estatal diretamente dirigida ao contribuinte. É, portanto, um tributo vincu-
lado. Nos dizeres de roque antonio carrazza: “podemos dizer que taxas são tributos que têm por hipó-
tese de incidência uma atuação estatal diretamente referida ao contribuinte.

Esta atuação estatal – consoante reza o art. 145, ii, da cf (que traça a regra-matriz das taxas) – pode
consistir ou num serviço público, ou num ato de polícia”.Decorre dessa constatação que o regime jurí-
dico das taxas é regido pelo princípio da retributividade, vale dizer, deve traduzir uma contraprestação
paga ao estado em razão da limitação de direitos e liberdades subjetivas do indivíduo (taxa de polí-
cia) ou da prestação de serviço público específico e divisível(taxa de serviço).

Para tanto, podemos afirmar que a base de cálculo da taxa deve traduzir o custo do estado com o
exercício do poder de polícia ou a prestação do serviço público, não havendo espaço para obtenção
de lucro com a cobrança dessa espécie tributária. Em outras palavras: a instituição e a cobrança de
taxa serve para que o estado, unicamente, reponha os cofres públicos pelo gasto experimentado pela
atividade estatal diretamente dirigida ao indivíduo.

Oportuna a lição de carrazza, neste sentido: “(...) Ao contrário do que acontece com os impostos, as
pessoas políticas não podem criar taxas com o fito exclusivo de carrear dinheiro para os cofres públi-
cos. Além disso, na medida em que o pagamento das taxas está vinculado à prestação de um dado
serviço público ou à prática de um determinado ato de polícia, elas devem estar voltadas a seu cus-
teio, e não de outros serviços ou atos de polícia, que não alcançam o contribuinte (ou que a ele não
estão disponibilizados, no caso dos serviços públicos). Ainda dentro desta linha de raciocínio, não é
dado ao poder público manipular abusivamente os serviços públicos ou as diligências que levam ao
exercício do poder de polícia, só para incrementar receitas”.

seguindo na explicação do tema, carrazza expõe que quando o § 2º, do art. 145, da constituição fede-
ral(7), diz que “as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos”, não só interdita às ta-
xas terem a mesma base de cálculo dos impostos já existentes, como também, e com maior impor-
tância, proíbe que na fixação de bases de cálculo de taxas sejam levados em conta índices de tributa-
ção típicos dos impostos, como, v.g., a renda, a despesa, o patrimônio etc.

Conclui ainda o referido autor o pensamento acima da seguinte forma: “portanto, a base de cálculo
das taxas só poderá dimensionar o custo do ‘exercício do poder de polícia’ (no caso das taxas de po-
lícia) ou dos ‘serviços públicos específicos e divisíveis’ (no caso das taxas de serviço), sem qualquer
alusão à condição do contribuinte (v.g., seus rendimentos, o volume das operações mercantis que
presta, seu patrimônio líquido etc.).

Do contrário, ter-se-á base de cálculo ‘própria de imposto’ (e, não, ‘própria de taxa’) e, nesta medida,
manifestamente inconstitucional, por falta de nexo lógico com a hipótese de incidência do tributo”.

logo, se deve o estado por meio da cobrança de taxa tão-somente suprir seus cofres na exata medida
do gasto que experimentou com o exercício do poder de polícia ou com a prestação do serviço pú-
blico (hipóteses de incidência possíveis), não pode obter lucro com essa espécie de tributo.

Pela importância dessa afirmação para o desenvolvimento do presente estudo, urge que explicitemos
a ideia aqui lançada: a taxa é regida pelo princípio da retributividade, ou seja, deve traduzir uma con-
traprestação paga ao estado em razão da limitação de direitos e liberdades subjetivas (taxa de polí-
cia) ou da prestação de serviço público específico e divisível (taxa de serviço); e, exatamente, por
isso o estado não pode obter lucro com a sua cobrança, mas, ao contrário, repor, apenas, seus cofres
pelo gasto experimentado com a atuação estatal diretamente dirigida ao contribuinte.

Eis os contornos constitucionais da referida espécie tributária, os quais não podem ser ignorados pelo
legislador das pessoas políticas de direito público, sob pena de violação dos direitos subjetivos dos
indivíduos frente ao poder de tributar do qual é titular o estado.

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Noção de Tarifa

comumente, emprega-se o termo tarifa para designar a cobrança que nos é imposta pela utilização
de água potável, energia elétrica, telefone, transporte público coletivo etc.

De início, cumpre ressaltar que o nomen iuris não gera realidade jurídica, mas, sim, o regime jurídico.
Tratando da questão da classificação dos tributos, é essa, aliás, a norma que se extrai do inc. I, do
art. 4º, do código tributário nacional: “a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: i - a denominação e demais ca-
racterísticas formais adotadas pela lei”.

Adverte o dispositivo em comento que o nome ou as características formais do tributo não influem na
sua qualificação jurídica. Em verdade, é a própria constituição federal, ao estabelecer as regras-matri-
zes de incidência e ao classificar os tributos é quem determina a sua natureza jurídica.

Aplicando-se esta lição ao tema em estudo, pode-se afirmar que as correntes confusões entre taxa e
tarifa resolvem-se com a análise do regime jurídico regulador da prestação exigida em concreto, não
importando a denominação que se lhe tenha atribuído. Por essa razão, as constantes incorreções
técnicas dos legisladores e administradores públicos não determinam o regime jurídico a ser aplicado:
o nome não define o regime jurídico regulador da exação, ou melhor, o rótulo não determina o conte-
údo; é o conteúdo que vale.

Feitas essas observações, cabe traçar um breve perfil acerca das tarifas. Ela é prevista na constitui-
ção federal no art. 175, parágrafo único, iii, quando a carta maior traduz o fato de que concessioná-
rias e permissionárias de serviços públicos poderão, para explorarem economicamente o serviço pú-
blico delegado pelo estado, cobrar tarifas.

De início se percebe que a constituição, ao mencionar as tarifas, o faz no tocante a um instituto que
seria cobrado por particulares, quando estes, através de delegação, prestassem um serviço público
qualquer.

Destarte, já é possível afirmar que, quando se fala em tarifas, está-se referindo a uma atividade pú-
blica, prestada por particulares. E justamente por se tratar de pública a atividade, é que esta sofrerá
restrições à livre concorrência, ou seja, há interferência estatal na determinação do valor do produto
oferecido à coletividade – que, no caso, será de interesse de toda a coletividade, porque a lei ou a
constituição o definiram como sendo de natureza pública.

Nota-se, da dicção do caput, do art. 175, parágrafo único, iii, e o art. 21, xii, ambos da constituição fe-
deral, que o estado pode prestar a atividade pública por si mesmo, diretamente, ou transpassar para
terceiros a execução da mesma. No primeiro caso, a cobrança correspondente deve ser uma taxa;
enquanto no segundo, sendo a transferência para terceiros por meio de delegação, trata-se de tarifa.

E quando se tem a transferência por delegação? Dá-se quando o objeto da transferência para ter-
ceiro é serviço ou obra pública privativa do estado, que tanto pode ser por meio de concessão ou per-
missão. Excluem-se, portanto, desse conceito os serviços que, apesar de interesse público, não são
privativos do estado, os quais podem ser executados pela iniciativa privada concorrentemente com o
estado (v.g. Educação).

Nesse caso, a execução por terceiro ocorre via autorização. Os valores cobrados pelos terceiros –
sejam concessionários, sejam permissionários ou autorizatários – são preços públicos, dos quais as
tarifas, existentes tão-somente nas hipóteses de delegação, são espécies - conforme classificação
que será melhor detalhada no item seguinte.

Justifica-se a existência de tarifas na delegação de serviço ou obra pública, pela possibilidade de ob-
tenção de lucro que a cobrança deste instituto proporciona.

Deveras, só se vislumbra lógica no fato de um terceiro assumir a prestação de um serviço público, do


qual não é titular, nem possui qualquer responsabilidade, se for para alcançar lucro com o desempe-
nho dessas atividades. E mais: não passa o terceiro a ser titular da atividade pública. A titularidade
continua sendo do estado, que transfere apenas a tarefa executiva para o terceiro.

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Diferente é a situação de o próprio estado ao prestar o serviço ou a obra: tendo ele como fim último o
alcance do bem comum, e sendo essa finalidade a única razão de sua existência, ao prestar ativida-
des públicas, que são de sua titularidade e responsabilidade direta, não pode visar outra coisa que
não o bem estar de seus indivíduos. Está, portanto, afastado o intuito lucrativo nas hipóteses de o
próprio estado ser o prestador do serviço ou o executor da obra pública.

Reafirmando a ideia defendida: nos casos em que o serviço ou a obra pública é prestada por tercei-
ros seria ilógico pensarmos em taxa, uma vez que estas não permitem a obtenção de lucro e, como
se depreende do regulamento constitucional das delegações, é, via de regra, da essência das con-
cessões e permissões a exploração da atividade pública prestada, o que resulta na busca de lucro.

Permitindo a constituição nos casos de delegação a existência de lucro, como não pode deixar de
ser, então, a toda evidência, não estamos a tratar de taxa, tão pouco de qualquer outro tributo. Será o
caso da existência de tarifa.

Ao transferir para terceiros, alheios ao quadro da administração pública, a prestação de um serviço


público ou a execução de uma obra pública, por meio de delegação, busca o estado aumentar a efici-
ência no desempenho da atividade, enquanto o terceiro visa à exploração da mesma, com o intuito de
lucrar.

Na realidade, toda e qualquer delegação irá traduzir um interesse duplo. Por isso se afirma que as
delegações são, na verdade, uma via de mão dupla.

Por um lado, quer o estado disponibilizar a prestação de um bom serviço público, acreditando que a
pessoa delegada irá fazê-lo melhor do que ele. Daí a obrigação constitucional que possui o delegado
de serviço público, por força do art. 175, parágrafo único, iv, da carta da república, de prestar um ser-
viço adequado.

Coroando a ideia desenvolvida acima estão as palavras de bandeira de mello, valendo transcrevê-las:
“para o concessionário, a prestação do serviço é um meio através do qual obtém o fim que almeja: o
lucro. Reversamente, para o estado, o lucro que propicia ao concessionário é meio por cuja via busca
sua finalidade, que é a boa prestação do serviço”.

Assim, a atração para a prestação da atividade, pelo delegado, será através da possibilidade deste
em explorar o serviço, isto é, da possibilidade constitucional, que possuirão os entes delegados, de
obtenção de lucro através da exploração da atividade, obra ou serviço público. Por aí se justifica, tam-
bém, o disposto no art. 175, parágrafo único, iii, da constituição federal, que dispõe sobre a política
tarifária das concessões e permissões.

Veja-se que a constituição fala em política tarifária. Ou seja, ela expressamente prevê a existência da
chamada “tarifa” – e não taxa -, naqueles casos em que existir delegação. Se a constituição quer e
prevê a existência das tarifas só nos casos de delegação, quem pode querer e sustentar o contrário?

Pela mesma razão, imaginar o reverso seria aceitar ou que o estado, ao prestar diretamente o serviço
ou atividade pública, poderia, licitamente, querer ter lucro, ou que o concessionário e permissionário
de serviços públicos não pudessem tê-lo, amarrados que estariam ao regime tributário.

Some-se aos argumentos acima, ainda, o fato indisputável e já afirmado alhures de que não pode a
constituição, aceitar que a proteção do cidadão, em face das imposições tributárias do estado, seja
mitigada por conceitos indeterminados.

Com base no exposto, podemos ousar conceituar tarifa como sendo o preço, e não tributo, cobrado
por pessoa qualquer – excluídas as de direito público – que explore, mediante delegação, coisa pú-
blica, sendo permitida a obtenção de lucro, sujeito, entretanto, ao controle estatal na fixação dos valo-
res.

Noção de preço público em sentido amplo e de preço público em sentido estrito

entende-se por preço público em sentido amplo o valor cobrado pela prestação de uma atividade de
interesse público qualquer, privativa ou não do estado, desde que prestada diretamente por uma pes-
soa jurídica de direito privado, estando sujeita a restrições na livre fixação do seu valor.

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É o que ocorre quando o estado transfere a prestação de serviços (obras) públicos para terceiros, por
meio de concessão, permissão ou autorização, ou quando o estado cria uma pessoa jurídica de di-
reito privado para prestar o serviço público ou explorar a atividade econômica de interesse do estado.

Somente os casos de concessão e permissão referem-se a serviços (obras) públicos privativos do es-
tado, ocorrendo, portanto, delegação; já a autorização dá-se em relação a serviços de interesse pú-
blico, que podem ser concorrentemente prestados pela iniciativa privada.

Averbe-se, por oportuno, que a autorização nada mais é que a anuência da administração em possi-
bilitar o exercício de serviço de interesse público. Aqui, não se delega nada, permite-se. As matérias
sujeitas à autorização não são privativas do estado, mas, por se tratarem de setores importantes da
sociedade, sujeitar-se-ão a um regime que poderá sofrer restrições quanto a livre-iniciativa e livre-
concorrência. São os casos, por exemplo, da saúde, educação, instituições financeiras etc.

No gênero preço público, que envolve as hipóteses de concessão, permissão e autorização, insere-se
a tarifa, que é a modalidade de preço público cobrado nas duas primeiras, ou seja, nos casos de de-
legação de serviços ou obras públicas. Por isso, afirma-se ser o preço público o gênero do qual a ta-
rifa é uma das espécies. Aos valores cobrados das atividades autorizadas, cuja prestação pela inicia-
tiva privada é assegurada “livremente”, desde que satisfeitas certas condições, denominamos de
preço público em sentido estrito.

Cabe neste ponto frisar o que já se disse, nas palavras de bandeira de mello: “só há concessão de
serviço público quando o estado considera o serviço em causa como próprio e como privativo do po-
der público”(20). Complementando o raciocínio: só se fala em concessão e, consequentemente, em
tarifa, quando o serviço é privativo do estado.

A contrario sensu, não caberia cogitar de concessão, nem, portanto, tarifa, quando terceiro presta
serviços de saúde ou de educação, já que nem uma nem outra destas atividades se constituem em
serviços privativos do estado. Há, nesse caso, autorização, sendo o valor cobrado preço público em
sentido estrito.

De acordo com referido autor, quando essas atividades são desempenhadas diretamente pelo es-
tado, submetem-se ao regime próprio dos serviços públicos, mas seu desempenho é “livre” para os
particulares, desde que preenchidas as condições previstas na constituição federal e em leis e/ou
normas específicas.

Da mesma maneira, não há como se falar em delegação, e, portanto, tarifa, nos casos em que o es-
tado cria a pessoa jurídica para prestar o serviço público ou explorar a atividade econômica. Entre-
tanto, também não será possível afirmar-se que nestes casos se cobre taxa, porque, sabe-se, que
tanto as estatais prestadoras de serviço público e, principalmente, aquelas exploradoras de atividade
econômica, podem ter, como fim lícito (porém não o único), o lucro.

Outra, e mais importante, diferença entre as tarifas e preços públicos em sentido estrito, e que a res-
trição imposta àquela primeira modalidade de preço público será maior do que nesta última.

Deveras, pelo fato de que, nas tarifas, tem-se a prática de um serviço privativo do estado por particu-
lares, o controle estatal do valor dos preços cobrados poderá ser muito mais rígido, já que, em sendo
o serviço privativo do poder público, ele, necessariamente, deverá ser accessível a todos.

Daí decorre, inclusive, o princípio da modicidade das tarifas. Disto resulta que, para aumentar o valor
das tarifas, o concessionário ou permissionário tem que obter, antes, a necessária aquiescência do
poder que delegou a atividade, enquanto que, no preço público em sentido estrito, por não se tratar a
atividade de privativa do estado, não existe o princípio da modicidade do valor a ser cobrado, já que a
atividade exercida não precisa ser accessível a todos, o que resulta num controle mais flexível pela
administração, que se limitará, quando tanto, a fixar tetos máximos de aumento de preços ou a invali-
dar aumentos abusivos – não sendo necessário ao autorizado, outrossim, a requestar qualquer per-
missão para promover o aumento do serviço prestado.

Importante ressaltar que a restrição à livre concorrência é característica dos preços públicos em geral,
posto que decorre da natureza pública do serviço ou obra, seja privativa do estado (delegação), seja
tão-somente de interesse público (autorização). Conclui-se, portanto, que sempre que se falar em

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preço público em sentido amplo (tarifas + preço público em sentido estrito) o terceiro poderá sofrer
restrições quanto ao valor do produto, do bem, do serviço.

Pelo estudo desenvolvido até aqui pode-se estabelecer algumas premissas, a saber:

Taxa, como espécie de tributo que é, jamais pode admitir a possibilidade de lucro, existindo o direito
tributário para proporcionar segurança jurídica ao administrado; é, portanto, prestação compulsória;

Preço público é gênero dentro ao qual se encartam tanto tarifa como preço público em sentido estrito,
é cobrado quando o particular exerce tarefa mediante autorização ou delegação, é delegação; é-lhe
ínsita a ideia de possibilidade de lucro;

A tarifa é espécie de preço público, cobrada nos casos de delegação, só pode ser majorada com au-
torização do poder delegante, e é regida pelo princípio da modicidade do valor, apesar de também
ser-lhe possível – e necessário até, para que a delegação tenha valor para o delegado da atividade –
a intenção, com a sua cobrança, do lucro;

4) preço público em sentido estrito é espécie de preço público, cobrada nos casos de autorização de
serviço ou atividade, seu regime jurídico é diferente do das tarifas pelo fato de não estar adstrito ao
princípio da modicidade do preço cobrado, nem da necessidade de permissão do poder autorizador
para o aumento de seu valor nominal.

Exemplos de Taxas, Tarifas e Preços Públicos e Sentido Estrito

uma vez estabelecidas, em linhas gerais, as noções básicas de taxa, tarifa e preço público em sen-
tido estrito, passa-se à apreciação de casos concretos, a fim de classificar os valores cobrados em
cada um deles em uma dessas categorias.

Tome-se os exemplos do valor cobrado a título de custas judiciais; do valor cobrado por agências re-
guladoras (v.g., anatel); bem como do valor estipulado como contraprestação pela expedição de al-
vará de prefeitura municipal para facultar a ocupação de logradouro público (como a instalação de
bancas na calçada). Nestes casos, como é serviço público prestado por pessoa jurídico de direito pú-
blico, tratar-se-á de taxa.

Imagine-se ainda, a cobrança de bilhetes para o acesso aos ônibus, ou a cobrança de iluminação, ou
ainda, a cobrança de telefone, água e esgoto. Nestes casos, como sói acontecer, como a prestação
do serviço público é operada por concessionárias, cuidar-se-á de tarifa. Também nos casos de pedá-
gio, e também no caso dos cartórios judiciais, delegados que são de função pública.

No caso da cobrança de mensalidades por parte de escolas privadas, ou ainda no caso do carnê de
seguros, e também no caso da cobrança das “taxas” ou “tarifas” bancárias, como se tratam de servi-
ços autorizados – já que de interesse público – estar-se-á defronte a um preço público em sentido es-
trito.

Por fim, afigure-se o caso do valor cobrado para a postagem de uma carta. Tratar-se-á de um preço
público em sentido estrito, eis que os correios tiveram sua criação determinada por lei, para a presta-
ção deste serviço público, tratando-se, em verdade, de pessoa jurídica de direito privado criado pelo
estado (empresa pública), prestadora de serviço público, sendo impossível de se cogitar, no caso, em
concessão ou permissão.

Conclusões

levados em consideração as singelas ilações acima, pode-se extrair as seguintes conclusões:

1. O direito público deve se preocupar, sobremaneira, com a atividade de tributação do estado, não
podendo admitir a existência de conceitos vagos, o que só contribuiria para o aumento da insegu-
rança jurídica dos contribuintes, o lado mais fraco da relação jurídica tributária. Daí a importância de
se conceituar e diferenciar, com o máximo de precisão possível, o que é taxa e o que é tarifa, posto
que tarifas não são tributos e muitas taxas são cobradas como se fossem tarifas, com o intuito de fi-
carem livres das limitações constitucionais atinentes aos tributos.

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2. De acordo com o regime constitucional das taxas, a instituição dessa espécie tributária corres-
ponde sempre a uma prestação estatal diretamente dirigida ao contribuinte. Trata-se, portanto, de um
tributo vinculado, somente podendo apresentar como hipótese de incidência a limitação de direitos e
liberdades subjetivas do indivíduo (taxa de polícia) ou a prestação de um serviço público específico e
divisível (taxa de serviço).

3. Dessa premissa decorre que a taxa é regida pelo princípio da retributividade, vale dizer, deve o es-
tado por meio de sua cobrança tão-somente suprir seus cofres na exata medida do gasto que experi-
mentou com o exercício do poder de polícia ou com a prestação do serviço público, não podendo ob-
ter lucro com essa espécie tributária.

4. Para atender ao princípio da retributividade, observa com propriedade carrazza que a base de cál-
culo da taxa deve dimensionar o custo da atividade prestada pelo estado, sem qualquer alusão à con-
dição do contribuinte (v.g., seus rendimentos, o volume das operações mercantis que presta, seu pa-
trimônio líquido etc.). Atende-se, assim, ao comando inserto no § 2º, do art. 145, da constituição fede-
ral, que não só interdita às taxas terem a mesma base de cálculo dos impostos já existentes, como
também proíbe que na fixação de bases de cálculo de taxas sejam levados em conta índices de tribu-
tação típicos dos impostos.

5. Diante das incorreções terminológicas de legisladores e administradores públicos, não raras são às
vezes em que taxas são cobradas como se tarifas fossem, e vice-versa. Por essa razão, devemos
sempre verificar o regime jurídico informador da exação, a fim de estabelecer sua correta natureza
jurídica, para o que não importa a denominação utilizada. O rótulo, portanto, não determina o conte-
údo; é o conteúdo que vale.

6. As tarifas são previstas no art. 175, parágrafo único, iii, da cf, e dizem respeito ao preço cobrado
pelo delegado de serviço público ao administrado como maneira de exploração econômica da ativi-
dade delegada. Sua diferença essencial em relação às taxas – além, claro, de não se constituírem
em tributos – reside no fato de que elas admitem validamente a presença do elemento lucro, sem o
qual, aliás, não haveria a exploração econômica do serviço delegado.

7. As tarifas são uma espécie do gênero preço público. Por preço público entende-se aquele preço
que pode sofrer restrição quanto à livre fixação do valor do produto, por parte do vendedor, graças ao
fato de que, ou são atividades privativas do estado, que podem ser exercidas por particulares no caso
de delegação, ou são atividades de interesse público, que podem, não obstante, serem exercidas li-
vremente pelos particulares, mediante autorização, como será o caso, por exemplo, da educação.

8. Nos casos de autorização, tem-se a cobrança do preço público em sentido estrito. O preço público
em sentido estrito se diferenciará da tarifa, cobrada nos casos de delegação, porque o seu regime ju-
rídico é mais flexível do que aquela, fato este evidenciado na desnecessidade de permissão prévia
para se aumentar o valor de um preço público em sentido estrito, e pela ausência do princípio da mo-
dicidade do preço, presente no caso das tarifas.

Qual a diferença entre taxa e tarifa?

Os tributos em geral fazem parte da vida cotidiana dos brasileiros desde os mais simples serviços até
às mais complexas transações. Todos eles possuem base legal, em respeito ao princípio da legali-
dade que é previsto na constituição federal, o que significa que há limites para tributar, ou seja, o po-
der público só pode se inserir no patrimônio do contribuinte até onde a lei permite.

O tributo é uma prestação pecuniária de caráter compulsório, instituída por lei e que é cobrada por
meio do lançamento, não podendo ser considerada uma espécie de multa. Imposto, taxa, contribui-
ção de melhoria, empréstimo compulsório e contribuição parafiscal são espécies de tributos.

A taxa é instituída pelo estado, ou seja, união, estado, município ou distrito federal, motivo pelo qual é
um tributo que se refere a uma atividade pública e não privada. Existe apenas duas modalidades de
taxa, a de serviço, que corresponde a prestação de um serviço indivisível e público específico, e a de
polícia, que corresponde ao efetivo poder de fiscalização do estado.

Assim, taxa não pode ser confundida com tarifa, já que essa segunda ocorre por meio de contrato e é
voluntária, não sendo, portanto, compulsória. Também não se trata de um serviço essencial, podendo

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cada cidadão escolher se submeter a ela ou não. É o caso, por exemplo, da tarifa de ônibus. Ade-
mais, a tarifa consiste em o preço de venda de um bem que é exigido pelas empresas prestadoras de
serviços públicos.

O regime jurídico da taxa é definido pelo direito público, ao passo que o regime da tarifa corresponde
ao do direito privado. Nas tarifas pode-se dizer que há a liberdade de contratá-las ou não, mas o
mesmo não ocorre com as taxas, já que é compulsória a submissão aos efeitos tributários.

Por fim, ressalta-se que o traço mais importante para diferenciar uma taxa de um tributo não consiste
se o serviço é compulsório ou facultativo, mas sim se a atividade é exercida diretamente pelo poder
público. Se houver clara vinculação do serviço com o desempenho de função do estado, haverá taxa.
Por outro lado, se houver desvinculação com o estado e não existir nenhum óbice para desempenho
da atividade por parte de um ente particular, haverá tarifa.

Taxa

Taxa é um valor que se paga à contraprestação de um serviço. No âmbito público pode se atribuir
aos serviços públicos prestados pelo estado aos contribuintes. Exemplos de taxa são a taxa de lixo
urbano, a taxa de confecção do transporte, taxa de emissão de documentos, entre outras já conheci-
das por todos.

Imposto

Imposto é basicamente um tributo determinado por imposição por um estado aos seus contribuintes.
Nem sempre o imposto significa contraprestação de um serviço por parte do estado, contudo os im-
postos são taxados sobre bens, serviços ou renda como no caso do imposto de renda. Não pagar um
imposto pode acarretar penalizações econômicas, civis e penais.

Tarifa

Tarifa é um valor que pode ser cobrado contraprestação de um serviço. Tanto empresas públicas
como privadas usam as tarifas para definir o valor dos seus serviços. As tarifas bancarias por exem-
plo são um dos tipos comumente usados no nosso cotidiano. Significam uma remuneração sobre o
serviço que o usuário está recebendo.

Taxa e tarifa nos serviços públicos essenciais e conseqüências jurídicas face ao código de de-
fesa do consumidor

Com a privatização dos serviços públicos essenciais (água, coleta de esgotos, energia elétrica, telefo-
nia e outros), abriu-se a discussão a respeito da cobrança por estes serviços, sob égide do código de
defesa do consumidor, que está completando onze anos de vigência.

Iniciou-se, assim, a discussão sobre a legalidade da cobrança de taxas e tarifas, consumação mí-
nima, manutenção, disponibilidade, e outros institutos controvertidos. Antes de entrar no mérito da di-
ferença entre taxas e tarifas, é preciso definir o que é serviço público, o que é serviço público essen-
cial, como se classificam e a que título serão remunerados. Serviço público, nas palavras do profes-
sor celso antônio bandeira de mello 1 é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade
material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administra-
dos, prestado pelo estado ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de direito público.

Ii - da classificação dos serviços públicos

Os serviços públicos, não somente os essenciais, se subdividem em dois grandes grupos, segundo o
administrativista helly lopes meirelles. No primeiro grupo temos os serviços públicos prestados de
forma abstrata, difusa, à toda coletividade, sem particularização ou individualização da prestação, são
chamados "uti universi", de utilização ou utilidade universal. São eles, a educação, a saúde pública, a
iluminação pública, a segurança pública, a limpeza pública, coleta de lixo, calçamento e outros. Estes
serviços são indelegáveis, constituindo assim um monopólio do estado, afinal serão remunerados por
via necessariamente tributária. O tributo em questão será o imposto, que é genérico, sem qualquer
vinculação à prestação de qualquer serviço público.

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TARIFAS PÚBLICAS

Em contrapartida, existem serviços cuja prestação é especifica, mensurável, individual, ou seja, se


apresenta de forma concreta ao usuário, o que gerará um direito subjetivo de prestação. A fruição
destes serviços não será homogênea para todos os usuários, que poderão utiliza-los em intensidades
diversas, de acordo com a necessidade de cada um. São serviços como energia elétrica, telefonia,
gás, água encanada e transporte coletivo. Eles são específicos, que significa dizer que são prestados
de uma forma autônoma, destacada e são também divisíveis, em que o uso efetivo ou potencial pode
ser aferido individualmente. Estes serviços serão remunerados por taxas de serviços (que diferem
das taxas de polícia) ou por também por tarifas (também chamadas de preços), já que este tipo de
serviço público pode ser objeto de delegação.

A definição e o rol de serviços públicos essenciais não se encontram no código do consumidor, nem
na constituição federal. Esta última, por sua vez institui em seu art. 9°, o direito de greve e disciplinou
em seu parágrafo único que a lei definirá os serviços essenciais. Consideram-se serviços públicos es-
senciais aqueles definidos no art. 10 da lei nº 7.783/89, a lei de greve.

São serviços cujo princípio da continuidade é mais ainda mais evidente, ou seja, não podem ser inter-
rompidos, devido ao grande prejuízo, quiçá irreparável, pela não prestação, ainda que em caso de
greve, que é o objeto da referida lei. São serviços cuja interrupção pode comprometer a sobrevivên-
cia, a saúde e a segurança (art. 11 da lei 7.783/89), inclusive essa interrupção configura o delito de
"paralisação de trabalho de interesse coletivo" 3 (art. 201 do código penal). São eles os serviços de
água, energia elétrica, gás, combustíveis, saúde, distribuição de medicamentos e alimentos, funerá-
rio, transporte coletivo, captação e tratamento de esgoto, tráfego aéreo, compensação bancária, tele-
comunicações, guarda de materiais radioativos e nucleares e processamento de dados referentes a
esses serviços.

Iii – da definição de taxa e tarifa

Da taxa

Taxa é um tributo, previsto no art. 145, ii da cf, portanto, instituída unilateralmente pelo estado, com-
pelindo o particular a efetuar seu pagamento, quando há uma atuação específica do estado, seja na
restrição (poder de polícia) ou no acréscimo de um direito (serviço público).

Serão objeto de taxas de acordo com o art. 77 do código tributário nacional, os serviços:

Quando utilizados de forma efetiva ou potencial (art. 79, i, "a" e "b") e

Quando forem específicos e divisíveis.

O festejado professor aliomar baleeiro 2, esclareceu a respeito das taxas que

"taxa é o tributo cobrado de alguém que se utiliza de serviço público especial e divisível, de caráter
administrativo ou jurisdicional, ou o tem à sua disposição, e ainda quando provoca em seu benefício,
ou por ato seu, despesa especial dos cofres públicos" (negritei), afirmando que

"a taxa é a contraprestação de serviço público, ou de benefício feito, posto à disposição, ou custeado
pelo estado em favor de quem a paga, ou por este provocado."

Passemos à definição de serviço público de utilização efetiva, potencial, específico e divisível.

Utilização efetiva é quando o usuário realmente frui o serviço. Neste caso, a taxa só poderá incidir se
houver fruição efetiva e comprovada. A taxa de serviço fruído decorre da facultatividade da utilização
do serviço pelo o contribuinte, ou seja, ele não será compelido a utiliza-lo. São serviços como o de
telefonia, transporte coletivo e gás, por exemplo. Ao estado não interessa obrigar o contribuinte a ter
telefone em casa ou a utilizar o ônibus para ir ao trabalho, logo a incidência do tributo taxa só ocor-
rerá mediante a utilização real do serviço.

Utilização potencial é quando a simples disponibilidade do serviço ao contribuinte autorizará a tributa-


ção, ou seja, será a taxa por serviço fruível. São os serviços, que por força legal, serão de utilização
compulsória, ou seja, os quais o estado compele os administrados a utilizar, através do pagamento. A
lei irá impor a compulsoriedade sempre que o interesse público, constitucionalmente, o exigir, ou seja,
quando a utilização for imprescindível.

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TARIFAS PÚBLICAS

A saúde pública, por exemplo, é um valor relevante, que torna obrigatório o uso do serviço de água
encanada e coleta de lixo. Isso significa que ainda que o contribuinte terá que pagar por eles ainda
que não use de fato, já que o tributo incide ainda mesmo sem utilização efetiva, como forma de com-
pelir sua fruição.

Significa dizer que se trata de um serviço obrigatório por imposição legal, que só admitirá a cobrança
por taxa, não por tarifa. A esse respeito leciona roque antonio carrazza 3:

"a taxa, que, nascida da lei sobre ser compulsória, resulta de uma atividade estatal desenvolvida de-
baixo de um regime de direito público, e relacionada, "direta e imediatamente", ao contribuinte. Sendo
tal atividade realizada por imperativo de lei, não pode fazer nascer um simples preço (uma contra-
prestação). Sem dúvida, eis aí duas colocações antitéticas, pois, se a atividade vem a lume por deter-
minação legal, não se opera em conseqüência de uma contraprestação."

Outra diferenciação a ser feita quanto aos serviços públicos, para o estudo da taxa, é quanto ao cará-
ter de especificidade e divisibilidade. Serviço público específico é aquele prestado a uma categoria
delimitada de usuários. Está previsto no art 79, inciso ii do ctn, que define "consideram-se específi-
cos os serviços públicos quando passam a ser destacados em unidades autônomas de intervenção,
de utilidade ou de necessidade públicas",isso quer dizer que serviço específico é aquele que é pres-
tado de forma própria, não genérica.

Serviço divisível é aquele que pode ser mensurado, medido, ter sua quantidade aferida por algum ins-
trumento, ser prestado de forma individualizada ao usuário. Está capitulado no art. 79, iii do ctn. En-
tendem-se divisíveis, os serviços quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada
um dos usuários.

Dessa constatação, deriva o unânime reconhecimento da inconstitucionalidade da taxa de iluminação


pública, também denominada, no município de campo grande, como tarifa de conservação e manu-
tenção da rede de iluminação pública. O serviço de iluminação pública, quando cobrado através de
taxa ou tarifa, constitui uma legítima excrescência jurídica.

Isto porque esse serviço não apresenta os requisitos legais de especificidade e divisibilidade. A ca-
rência destes requisitos já foi reconhecida inúmeras vezes pelo supremo tribunal federal, além do tri-
bunal de justiça do estado de mato grosso do Sul, que a seu turno, entendeu que:

A taxa de iluminação pública, por ser embasada em um critério de generalidade, não pode subsistir
como taxa, visto colidir com o art. 145, ii, da constituição federal, devendo ser tais encargos suporta-
dos por toda a comunidade por meio de impostos." (reexame n. 55.4670/97 - ponta porã -rel. Des.
Nelson mendes fontoura).

A taxa ou tarifa de iluminação pública comportava-se como se fosse um "quase- imposto", afinal era
cobrada pela prestação de um serviço, que não era nem específico, nem divisível e pior, era cobrado
dos usuários-consumidores de energia elétrica no município de campo grande-ms, ou seja, bastava
receber energia elétrica para ter que pagar a taxa, ainda que na rua não houvesse iluminação pú-
blica, da mesma forma que o proprietário de um imóvel urbano paga o imposto predial territorial ur-
bano mesmo que não tenha asfalto no seu bairro.

Ocorre que essa cobrança acabou se incorporando novamente ao ordenamento jurídico, mas sob a
forma de contribuição, denominada “contribuição para custeio do serviço de iluminação pública”, atra-
vés da emenda constitucional n. 39/2002, que acrescentou ao texto constitucional o art. 149-a, autori-
zando os municípios e o distrito federal a instituírem a cobrança, por meio de lei própria, facultando
inclusive, que seja cobrado em conjunto com o consumo de energia elétrica, embutida no valor total
da fatura.

A presente inclusão já era praticada quando se tratava de taxa, perpetuando os prejuízos ao consu-
midor, visto que não se poderá separar o débito proveniente da relação de consumo do débito fiscal,
já que a não satisfação deste último só pode ser penalizada através de ação de execução fiscal, e o
que certamente ocorrerá será a nefasta e ilegal prática da suspensão do fornecimento do serviço,
como forma de pressionar o usuário a pagar a contribuição, que a seu turno não tem o condão de ge-
rar inadimplência em relação ao serviço de energia elétrica.

Da tarifa

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TARIFAS PÚBLICAS

Tarifa, também conhecida como preço público, é o valor cobrado pela prestação de serviços públicos
por empresas públicas, sociedades de economia mista, empresas concessionárias e permissionárias
de serviços públicos (art. 2° e 3° do código de defesa do consumidor). Aqui, o estado também presta
serviço público, mas por meio dos órgãos da administração indireta, ao contrário do tributo taxa, co-
brado pelos órgãos da administração direta, que podem, inclusive, celebrar contratos administrativos
para a prestação de serviços taxados. Tarifa é um instituto típico de direito privado, existente em uma
relação de consumo, em que há a autonomia da vontade, a liberdade de contratar e de discutir cláu-
sulas e condições de contrato, ou seja, do pacta sunt servanda.

A relação entre o estado e o contribuinte é de império. Ele pode constituir o particular de forma unila-
teral na relação jurídica tributária, sem a aquiescência daquele. O estado irá impor a cobrança de ta-
xas de serviço (de fruição compulsória) ainda que o particular não o deseje receber. Já na relação de
consumo, que é obrigatoriamente relação contratual, ambas as partes estarão, em tese, no mesmo
patamar, sem a prevalência de uma sobre a outra. O que significa a possibilidade de o particular re-
cusar o recebimento do serviço, e assim, não terá que pagar, pois não recebeu, não contratou.

A doutrina de helly lopes meirelles é clara "dentre os preços, os mais importantes são os públicos ou
tarifas, cobrados pela utilização de bens ou serviços públicos. As tarifas remuneratórias distinguem-
se das taxas porque não são compulsórias, mas cobradas somente dos usuários que os utilizem efe-
tivamente, se e quando entenderem fazê-lo, ao passo que as taxas são devidas pelo contribuinte
desde que o serviço, de utilização obrigatória, esteja à sua disposição."

As tarifas são preços praticados pelo estado através de empresas públicas ou sociedades de econo-
mia mista ou empresas particulares, que receberam delegação do estado, através de contrato de
concessão ou permissão, para executar um serviço público. Este último tipo ganha maior destaque no
estudo das tarifas, visto que a maioria dos serviços públicos essenciais é prestada por empresas pri-
vadas. As delegações de serviço público poderão feitas em duas modalidades: a concessão e a per-
missão, que são regidas pelas leis n.°. 8.897/95 e n.° 9.074/95 e pelos arts. 22, xxvii e 175 da cf, que
prescrevem:

"art. 22. Compete privativamente à união legislar sobre (...)

Xxxvii – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações


públicas diretas, autárquicas e funcionais da união, estados, distrito federal e municípios, obedecendo
ao disposto no art. 37,xxi, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos
do art. 173, §1°, iii."

"art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
missão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá
sobre: i – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão; ii – os direitos dos usuários; iii – política tarifária; iv - a obriga-
ção de manter serviço adequado."

Iv - das delegações de serviço público

Vejamos seus conceitos. Concessão é o instituto mediante o qual o estado atribui a terceiro o exercí-
cio de um serviço público (nunca sua titularidade, que é intransferível), que será prestado em nome
próprio, por conta e risco do concessionário, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo
poder público, mas sob a garantia contratual de um equilíbrio econômico e financeiro, cobrado geral-
mente por meio de tarifas e com prazo determinado de duração .

As tarifas cobradas dos usuários por essas empresas serão definidas no processo de licitação. O va-
lor das mesmas não pode ser alterado unilateralmente, mas sim mediante autorização do poder pú-
blico, que irá analisar suas planilhas de custos, de forma a não comprometer a saúde financeira da
concessionária.

Esse equilíbrio econômico e financeiro significa um equilíbrio entre os deveres e os encargos da em-
presa concessionária. Em relação às tarifas, significa dizer que a concessionária irá fixar seus preços
de forma a atingir o fim de lucro, mas que não será seu fim principal. Embora legítima a pretensão do
lucro, não deverá se sobrepor ao dever de prestação do serviço público com eficiência e continui-

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TARIFAS PÚBLICAS

dade, afinal a empresa não poderá deixar de investir na melhoria do serviço, para diminuir seus cus-
tos. Significa dizer, em caso extremo, que deverá a concessionária cumprir seus deveres contratuais,
ainda que experimentando a ruína financeira.

Neste caso, caberá ao estado amortizar eventuais prejuízos que a empresa vier a sofrer, subsidiá-la
(o que colabora também para garantir tarifas módicas) ou intervir na mesma.

Outro instituto importante é o da permissão, que pode ser definida como a delegação de um serviço
público, a título precário, mediante licitação e através do chamado contrato de adesão, conforme exi-
gência da lei n.° 8.987/95, feita pelo poder público à pessoa física ou jurídica que demonstre capaci-
dade para seu desempenho, por sua conta e seu risco. O prazo aqui não é determinado, e embora a
permissão seja a titulo precário, poderá o permissionário pleitear indenização da administração
quando a mesma promover a rescisão unilateral do contrato.

Essas empresas ao receberem a delegação do poder público sofrerão a fiscalização de suas ativida-
des, principalmente, através de uma espécie de autarquia, as chamadas "agências de regulação". Es-
sas agências foram criadas por lei com o fim de normatizar a prestação dos serviços públicos delega-
dos e harmonizar os interesses do estado, das empresas delegatárias e dos usuários dos serviços.
As principais agências são: a anp – agência nacional do petróleo (lei de criação 9.478/97), a anatel –
agência nacional de telecomunicações (lei 9.472/97) e a aneel - agência nacional de energia elétrica
(lei 9.427/96)

A existência de agências representa que a quebra do monopólio estatal não significou, em absoluto, a
liberação total do mercado de serviços públicos, pois serão elas as responsáveis pela fiscalização do
setor, impondo normas para a prestação, além de interferir na fixação dos preços.

V – das conseqüências jurídicas da cobrança de tarifas em face do código de defesa do consumidor

Ficou esclarecido no item ii que os serviços públicos remunerados por taxas encerram uma relação
tributária, em que o contribuinte é submetido ao poder de império do estado, que terá o condão de
determinar a conduta do particular. Os serviços remunerados por tarifas se referem a relações consu-
meristas, baseadas na liberdade e na vontade de contratar. A legislação aplicada neste caso será o
código de defesa do consumidor (lei 8.078/90).

A esse respeito, o ministério público do estado de são paulo, através do centro de apoio operacional
das promotorias de defesa do consumidor, editou a súmula de estudos n.º. 6, para dirimir a dúvida
que havia sobre os casos de incidência do código na prestação de serviços públicos. A referida sú-
mula assinalou que:

"são objeto de tutela pelo código do consumidor, e de atribuição das promotorias de justiça do consu-
midor, os serviços públicos prestados "uti singuli" e mediante retribuição por tarifa ou preço público,
quer pelo poder público diretamente, quer por empresas concessionárias ou permissionárias, sobre-
tudo para os efeitos do seu art. 22.

Não o são, porém, os serviços públicos prestados "uti universi" como decorrência da atividade precí-
pua do poder público e retribuído por taxa ou pela contribuição a título de tributos em geral. Nesse
caso, tais serviços poderão ser objeto de inquérito civil e ação civil pública pelo ministério público,
mas por intermédio do setor de defesa dos direitos do cidadão" (junho/92 - atualizada em maio/96)

A defesa do consumidor é prestigiada pela constituição, principalmente através dos art. 5°, xxxii (dos
direitos e garantias individuais) e art. 170, v (relativo à ordem econômica) revela a importância da tu-
tela das relações de consumo para a consecução dos objetivos constitucionais elencados no art. 3º
da cf, que são, em síntese, construir uma sociedade mais justa, propícia ao desenvolvimento indivi-
dual e coletivo. O consumidor, em especial o de serviços públicos essenciais, é naturalmente vulnerá-
vel face ao fornecedor, que não raro, lhe impõe ônus abusivos e ilegais para fornecer o serviço de
que tanto o usuário necessita.

O código de defesa do consumidor (lei federal n. 8.072/90) é uma norma cogente, de ordem pública e
interesse social, portanto os direitos tutelados e nele contidos são indisponíveis, prevalecendo
mesmo em vista da vontade das partes. É também uma legislação especial, ou seja, prevalece sobre
normas gerais outras para disciplinar as relações de consumo, quando houver, como por exemplo as
normas civilistas de direito das

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TARIFAS PÚBLICAS

Obrigações, em nome do princípio "lex specialis revogat legi generali".

Assim, pode-se concluir que a ação direta de inconstitucionalidade 2591/2001, proposta pela confe-
deração nacional do sistema financeiro propor uma ação direta de inconstitucionalidade, produzida
pelo eminente jurista ives gandra martins, tem, "em tese", poucas chances de ser julgada procedente.
A finalidade da referida adin é demonstrar que o serviço bancário não pode considerado como rela-
ção de consumo por vício de inconstitucionalidade formal, pelo simples fato de o art. 192 da cf pres-
crever que matérias bancárias devem ser disciplinadas por lei complementar e não ordinária como é
o cdc. Ocorre que, conforme o parágrafo acima, o código consumerista prevalece sobre as demais
legislações sempre que presente a relação de consumo, ainda mais, porque o serviço bancário, é ex-
pressamente previsto no código, em seu art. 3º, §2º, in verbis:

"art. 3º..;

§ 1º...;

§ 2º - serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,

Mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo


as decorrentes das relações de caráter trabalhista."

(negritei)

Após esta pequena intervenção, é momento de adentrar no tema.

As empresas estatais são submetidas ao regime de direito privado em relação à sua atividade fim,
com a conseqüente cobrança de tarifas como contraprestação. Esse fato não se alterou com as priva-
tizações ocorridas, assim como o usuário permaneceu em seu papel de consumidor.

As empresas estatais sempre praticaram muitos abusos, acobertados pela inexistência de um orde-
namento jurídico capaz de defender o usuário de suas iniqüidades. A maioria das estatais, prestadora
de serviços públicos essenciais conviveram por pouco tempo com o cdc. Com o surgimento do có-
digo, o consumidor passou a contar com um instrumento poderoso para sua defesa em face aos abu-
sos praticados e para garantir a prestação eficiente dos serviços públicos essenciais.

Infelizmente, a privatização não trouxe a revolução nos serviços públicos que era esperada. As práti-
cas comerciais abusivas não cessaram por parte das empresas concessionárias e permissionárias,
que prevalecem da necessidade do serviço e, em geral, do monopólio para enriquecer-se as custas
do consumidor, sem prestar um serviço adequado e muitas vezes com amparado das agências de
regulação, que deveriam fiscaliza-las e puni-las nestes casos. Para o código, os serviços públicos es-
senciais terão que ser adequados, eficientes, seguros e contínuos, nos termos do art. 22, art 6°, x, do
cdc e art. 6°, parágrafo único da lei 8.987/95. O que se constata é que o código trata com maior rigor
o fornecedor de serviços públicos, o que é uma verdade. Esse rigor deriva da prevalência do inte-
resse público, da população, sobre o interesse do fornecedor. O desrespeito às características exigi-
das do serviço público e de outros deveres para com o consumidor gerarão uma série de conseqüên-
cias, em especial, e é o que interessa a este trabalho, para a cobrança de tarifas. Serão abordadas
as principais e mais relevantes.

A instituição de tarifa mínima, por exemplo, é uma gravíssima conseqüência do desrespeito ao princí-
pio da boa-fé nas relações de consumo (art. 6°, iv do cdc), pois impõe ao usuário uma contrapresta-
ção desproporcional. Algumas empresas fornecedoras impõem ao usuário o pagamento de um valor
mínimo em sua fatura, caso nada consuma, ou ainda se o consumo ficar abaixo do valor fixado, unila-
teralmente, como mínimo. Seria razoável essa imposição diante de uma justa causa, devidamente
comprovada. Ocorre que nada justifica, por exemplo, o pagamento de uma franquia mensal de pulsos
para a empresa de telefonia, ainda que não consumidos, assim como a imposição de um consumo de
10 m³ de água se o consumidor estiver viajando.

Mais grave ainda é o fato de isso ser permitido pelas agências reguladoras ou órgãos congêneres,
como por exemplo, o dnaee (departamento nacional de águas e energia elétrica), órgão autor da por-
taria 222/87, que em seu art. 42, dispõe sobre os valores mínimos de cada grupo de consumidores,

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TARIFAS PÚBLICAS

sendo monofásicos (30 kwh), bifásico (50 kwh) e trifásico (100 kwh). Na verdade, deveriam estes or-
ganismos velar pela devida, adequada, continua, eficiente prestação do serviço e também não permi-
tir abusos nas cobranças aos usuários.

Esse abuso tem nome. Chama-se "venda casada" em limite quantitativo (art. 39, i do cdc), ou seja
para receber o serviço, o consumidor é obrigado a receber, pelo menos, a quantidade mínima. A justi-
ficativa apresentada pelas empresas concessionárias é que precisam prover à manutenção do sis-
tema de fornecimento, ou seja, precisam mantê-lo disponível ao usuário, já que isto representa a pró-
pria prestação do serviço, o que é falso, pois tal fato é decorrência lógica da própria atividade desen-
volvida pela companhia, além de ser corolário da concessão do serviço público.

O fornecedor que adota essa prática está se comportando como se fosse o próprio estado, agindo
com base em seu poder de império, obrigando ao pagamento de taxas por serviço fruível. Que fique
bem claro. O serviço que é cobrado pela sua mera disponibilidade, ou seja, por potencialidade de
uso, só pode ser remunerado por taxas, jamais por tarifas. A tarifa decorre de preço, é disciplinada
pelo regime de direito privado, não pelo direito público, onde se encontra o direito tributário, que insti-
tuiu a cobrança de taxas.

O dever de eficiência e adequação do serviço público nos revela que disponibilidade é obrigação do
fornecedor e, obviamente, é condição de prestação, afinal, serviços como telefonia fixa, água enca-
nada e energia elétrica precisam vir até o consumidor. A empresa precisa trazer suas instalações até
o usuário para que possa recebe-lo. Diferentemente dos serviços bancários que podem ser prestados
sem que a instituição financeira precise ir até o consumidor.

Não se pode admitir uma cobrança pelo simples fato de as instalações terem sido implantadas na re-
sidência do consumidor, afinal elas podem ser desligadas, desativadas quando o consumidor se tor-
nar inadimplente. O terminal telefônico de um assinante pode ser repassado a outro usuário. O que
nos revela que as instalações pertencem à empresa e não ao consumidor, sem as quais ela não po-
deria prestar seu próprio serviço, da mesma forma que não poderia fazê-lo sem a devida manuten-
ção.

Outro mito é que a disponibilidade seja efetiva prestação de serviço. Não é. O fato de a empresa de
águas instalar cavalete, tubulação e hidrômetro em uma residência e, é claro, manter água da rede e
o hidrômetro não girar não se pode falar em prestação efetiva, mas sim potencial, pois a água "pode-
ria" ser utilizada. Ocorre que este verbo "poderia" está conjugado no futuro do pretérito, o que signi-
fica possibilidade, não efetividade. Prestação efetiva será o uso e o gozo de fato do serviço. Não é
segredo que tais serviços são de relevante valor social e de grande interesse público, o que poderia
ensejar a imposição de uma fruição obrigatória, só que isso deve ser previsto em lei, jamais presu-
mido.

A disponibilidade do serviço não é luxo, mas sim condição de prestação, pois não há como, por
exemplo, comprar energia elétrica em um supermercado, é preciso que a fornecedora promova a ins-
talação do serviço, e que o mesmo possa ser utilizado a qualquer momento e em qualquer quanti-
dade. Não se pode confundir. O fornecedor tem o dever de prestação e o usuário tem a faculdade de
o utilizar. Ocorre que ainda não fosse público, o dever de prestação do serviço subsiste, nos termos
do art. 39, ix do cdc, que proíbe a recusa de fornecimento de serviço a quem se disponha a pagar por
ele.

A cobrança de valores mínimos constitui verdadeira cláusula abusiva, pois impõe ao usuário uma
obrigação desproporcional, ferindo os princípios da boa-fé e do equilíbrio (não igualdade) das partes
nas relações de consumo. Esclarece o art. 51, iv e §1º, iii:

"art. 51 - são nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas

Contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

Iv - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em des-


vantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

§ 1º - presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

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TARIFAS PÚBLICAS

Iii - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo


do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso." (negritei)

Num raciocínio inverso, isto é, admitindo-se a cobrança de tarifa mínima, ou de manutenção como
forma de custear a disponibilidade do serviço, se verifica que a concessionária (ou permissionária)
jamais poderia suspender o fornecimento do serviço, sua única alternativa para receber sua contra-
prestação pecuniária será através de ação de cobrança e, no caso de pessoas carentes, o fornecedor
deveria cobrar do estado, que é o titular do serviço que ele presta..

Cumpre informar que prestação contínua é um dever para as empresas delegatárias, está nas nor-
mas legais e nos contratos de concessão. Significa dizer que a prestação deve ser adequada e efi-
caz, nos termos dos arts. 6º, x e 22 do cdc. É comum, por exemplo, a existência de ar nas tubula-
ções, visto que a água é bombeada dos reservatórios, o que gera um refluxo natural, no entanto esse
ar é contabilizado pelo hidrômetro e o ar, que sempre foi de graça, passa a ser cobrado como se
fosse a água não consumida pelo usuário e, é claro, caso o consumidor instale algum equipamento
para eliminar o ar acaba sendo multado pela concessionária. Além deste fato, ainda tem o usuário de
conviver com a falta de água em certos bairros e horários, e mesmo assim tendo que pagar a mesma
e absurda taxa mínima, só lhe restando contestar em juízo.

A suspensão do fornecimento do serviço público, o chamado "corte", viola flagrantemente o princípio


da continuidade do serviço público.

Há que se ponderar que o corte é praticado pelo fornecedor como forma de proteção de sua proprie-
dade privada, que é garantida pelo art. 170 da constituição, que também prevê a proteção do consu-
midor, o que mostra que ambas as proteções não são, em absoluto, conflitantes, ou seja, são harmô-
nicas, desde que o

Fornecedor não prevaleça de seu poder econômico para praticar abusos contra a o consumidor.

O corte é previsto no art. 6º da lei n.º 8.987, § 3º, inciso ii, verbis :

"toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento


dos usuários, conforme estabelecido nesta lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. (...)

§ 3º não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em emergência ou após


prévio aviso, quando:

Ii - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade."

(negritei)

A empresa não pode efetuar cortes, pois não se pode confundir o dever de prestação da empresa
(princípio da universalização) como a compulsoriedade da fruição. Esta última não existe quando o
serviço é tarifado, o primeiro sim, logo, o fornecedor deve prestar obrigatoriamente o serviço, sendo
facultado seu uso pelo consumidor e corte inadmitido.

O consumidor pode utilizar o serviço quando e quanto quiser, podendo ainda escolher de quem rece-
ber o serviço, se houver pluralidade de fornecedores, sendo vedado qualquer tipo de imposição de
pagamento ou interrupção por inadimplemento

O corte, se fosse permitido, não poderia ser feito sem prévia comunicação ao consumidor, inclusive
oportunizando novamente a ele a quitação do débito como forma de escapar à sanção. O dever de
notificar o consumidor é previsto nos regulamentos expedidos pelas agências de regulação, cuja au-
sência constitui cláusula abusiva, por permitir o cancelamento unilateral do contrato (art. 51, xi do
cdc).

No entanto, há empresas que para cumprir seu dever de notificação prévia, aproveitam para embutir
tarifas abusivas. É o caso da tarifa de reaviso, que é a "cobrança da cobrança", ou seja, caso o con-
sumidor não pague na data do vencimento, é reavisado alguns dias depois, daí se não quitar dentro
de um outro prazo sofrerá o corte e ainda terá que pagar a tarifa de reaviso na conta do mês se-

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guinte. Essa conduta é vedada pelo art. 51, xii do cdc, que proíbe que a fornecedor transfira ao con-
sumidor os custos da cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja assegurado contra
aquele. Não menos surpreendente é a previsão do dnaee, através do o art. 85, da portaria nº. 466/97.

O referido artigo diz, em seu parágrafo quinto, que "a cobrança do serviço previsto no inciso viii deste
artigo, só poderá ser feita se o reaviso contiver, no mínimo, o nome do consumidor, a data de venci-
mento, o número da conta e o valor total a pagar e for apresentado no endereço da unidade consumi-
dora, após o decurso de 5 (cinco) dias do vencimento da conta."

Outro inaceitável e ilegal abuso do direito de corte é a imposição de tarifa de religamento, pois ela re-
presenta a criação de um obstáculo para o uso de um serviço considerado de utilidade pública, es-
sencial, o que significa que deve ser universal, ou seja, fornecido obrigatoriamente a todos que quei-
ram utiliza-lo. O consumidor ao quitar o débito que originou seu corte não deveria pagar mais nada,
não pode ser cobrado para a religação das instalações, que aliás sequer lhe pertencem. A religação
não constitui efetiva prestação de serviço público, não há consumação alguma, mas sim o restabele-
cimento da disponibilidade, que como já exposto, jamais pode ser cobrada, por ser um dever e ser
condição de prestação.

O contrato de prestação de serviço público é bilateral, sinalagmático, com deveres para ambas as
partes. Exigir a manutenção da prestação de um serviço, cujo contrato é de trato sucessivo, para um
inadimplente contumaz é ferir o princípio da razoabilidade, da mesma forma que o seria se o corte
ocorresse sem aviso prévio.

O corte fere vários princípios constitucionais. Fere o princípio da solidariedade (art. 3°, i, da constitui-
ção federal), fere o dever de inclusão social dos desfavorecidos (art. 3°, iii), pois ao negar a prestação
de um serviço essencial, como a água, está sendo promovida a exclusão, a discriminação e margina-
lização, o que ataca, por conseqüência, a garantia de dignidade humana (art. 1°, iii, da cf)e a função
social da propriedade (art. 5°, xxiii, da cf).

Outra legislação importante que reforça a proibição do corte é o código de processo civil, através de
seu art. 620, prescreve "quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz man-
dará que o faça pelo modo menos gravoso para o devedor". E não se conhece nada mais gravoso
que o corte.

O corte é sempre vedado, o que significa dizer que quando não houver pagamento o serviço deverá
ser prestado, pois viola o fornecedor ao cortar o serviço tornará ainda mais inviável a possibilidade de
pagamento, especialmente se for o usuário um estabelecimento comercial. O que se espera na rela-
ção entre consumidor e fornecedor é uma parceria, não um confronto, deve haver colaboração mútua
para a consecução dos fins do contrato. Esse dever de boa-fé da mesma forma que veda o corte,
também veda o direito de a escola não renovar a matricula do aluno inadimplente no semestre se-
guinte (art. 5° da lei 9.870/99).

Em suma, são estas as nefastas conseqüências da imposição de tarifa mínima, mas felizmente, os
tribunais já vêm consagrando o entendimento de que a cobrança de tarifa mínima, além de absurda é
ilegal. O desembargador do tribunal de justiça do rio de janeiro, paulo césar salomão asseverou
que "acabou o abuso das concessionárias que insistiam na cobrança de consumos fictícios, basea-
dos em vetustos e inconstitucionais decretos" e quanto ao dever de obrar apenas o consumo efetivo
afirmou "é tão obvio que não se entende como ainda possa ser discutido" (apelação cível 20.063/99).

A "venda casada" também se manifesta na cobrança dos serviços ao usuário, que é feita de uma
forma global, ou seja, todos os serviços e cobranças são incluídos na mesma fatura, ou seja, a em-
presa impede o consumidor de destacar do pagamento as cobranças ilegais, só restando ao consu-
midor consignar o que entende justo e discutir o restante. Isso fere o princípio da informação, da boa-
fé (ao dificultar a defesa do consumidor), obrigando-lhe a se submeter, sob pena de sofrer cortes (que
neste caso serão ilegais, pois a inadimplência é justificável) e o consumidor pode ainda ter seu nome
lançado nos bancos de dados do serasa, sofrendo assim inúmeros outros contratempos. Esses expe-
dientes desonestos utilizados para cobrar tarifas ilegais constituem o delito de cobrança abusiva 4
(artigo 71 e 42 do cdc), cabendo ao consumidor lesado a repetição do indébito em dobro (art. 42, pa-
rágrafo único), sem prejuízo das sanções penais cabíveis ao representante legal da empresa.

Outra questão relevante é quanto ao reajuste das tarifas. Já foi visto no item ii que as tarifas não po-
dem ser reajustadas unilateralmente pela empresa concessionária ou permissionária, mas sim de

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acordo com as determinações expostas no contrato de concessão (art. 9°, §2° da lei 8.987). Em ge-
ral, a revisão é feita através de proposta, que poderá ou não ser aprovada pelo poder público respon-
sável pela delegação, como por exemplo a recente solicitação de reajuste das tarifas de transporte
coletivo, no município de campo grande.

Caso tenha algum prejuízo, a fornecedora deverá socorrer-se de outros meios administrativos ou judi-
ciais em face do estado, diretamente.

O reajuste unilateral, ou seja, em desacordo com as normas da concessão ou permissão, será nulo, e
o a reajuste desarrazoado será ilegal, podendo ser objeto de ação civil pública (art. 1, ii da lei
7.345/85 – "danos materiais e morais causados ao consumidor") para impedir a cobrança majorada e
obter a repetição do indébito para os consumidores que já foram lesados com o pagamento indevido,
por infringência do art. 39, x do código consumerista, que assevera:

"art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos e serviços:

X – Elevar sem justa causa o preço de produtos e serviços;"

A constituição federal também veda o aumento arbitrário do lucro, que é a motivação e o reflexo do
aumento injustificado no preço das tarifas, por disposição expressa inserida no art. 173, § 4°, in ver-
bis:

"a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros’.

O consumidor deve ser perfeitamente esclarecido a respeito das tarifas que está pagando, e previa-
mente. O código de defesa do consumidor impõe aos fornecedores de serviços, dentre outros, o de-
ver de informação prévia e suficiente da prestação, para que possa exigir do consumidor o paga-
mento do serviço. Este dever deve ser aliado à obrigação de provar a prestação do serviço. É direito
básico do consumidor obter "informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta da quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem"

O dever de informação se reflete, por exemplo, na cobrança de pulsos excedentes, que nunca são
discriminados perfeitamente pela empresa, que tem o dever legal de demonstrar o consumo do usuá-
rio e não ele, através do instituto da inversão do ônus da prova (art. 6, viii). As tarifas bancárias, em
alguns casos, também não são perfeitamente esclarecidas, ou melhor, só são quando já lançadas na
conta do consumidor, bem ao estilo "pague primeiro, Discuta depois".

A ofensa ao princípio da informação e também ao da livre escolha do consumidor ocorre quando há a


prestação de serviço não solicitado (art. 39, iii do cdc), como por exemplo, a insistência das empresas
de telefonia em fornecer serviços adicionais sem previa aquiescência do consumidor, como o caso
dos 0900 (disque-amizade e congêneres), que é disponibilizado sem o menor controle, sem que te-
nha sido solicitado.

Neste caso, a tarifa não pode ser cobrada, será o serviço considerado "amostra grátis", nos termos do
art. 39, parágrafo único do referido diploma legal. Retomando o item anterior, a distinção entre taxa e
tarifa, há que mencionar o abuso cometido nas cobranças pelo serviço de água encanada, que inclui
a cobrança de tarifa de esgoto, que é um serviço não divisível, portanto impossível de ser cobrado
por tarifas. Além da venda e da cobrança casada, que é o ato de condicionar o recebimento de um
serviço ao recebimento (e pagamento) de outro, está havendo a cobrança feita de forma uma por dois
serviços submetidos a regimes jurídicos diversos. A cobrança de esgoto não pode ser feita sequer
por taxas, dado o caráter universal de sua prestação e, ainda que o fosse (ou até por tarifas) só seria
possível se houver tratamento para o esgoto, visto que sua simples coleta não importa uma prestação
efetiva por parte da empresa fornecedora.

Essas são as principais conseqüências da cobrança das tarifas em face do código de defesa do con-
sumidor. As tarifas são questões não apenas administrativas, mas principalmente consumeristas, pois
derivam de relação de consumo. O desrespeito aos direitos desses usuários em relação ao paga-
mento de tarifas se apresenta sob a forma de cláusulas abusivas. Essas cláusulas são chamadas
abusivas por imporem ônus desproporcionais ao consumidor.

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Os contratos de adesão (art. 54, caput do cdc) constituem terreno fértil para a criação dessas cláusu-
las, também chamadas leoninas, quando muito abusivas, visto que eles são apresentados pelo forne-
cedor ao consumidor, sem que este tenha o poder de discutir e alterar seus termos. É o chamado
contrato-padrão, modalidade preferida das grandes empresas, que lidam com consumo de massa,
sem condição ou intenção, principalmente, de particularizar ou diferenciar os termos contratuais para
cada um dos inúmeros usuários.

"todo contrato é previsão, e em todo contrato há margem de oscilação do ganho e da perda, em ter-
mos que permitem o lucro ou prejuízo. Ao direito não podem afetar estas vicissitudes, desde que
constritas nas margens do lícito.

Mas, quando é ultrapassado um grau de razoabilidade que o jogo da concorrência livre tolera, e
é atingido o plano de desequilíbrio não pode omitir-se o homem do direito, e deixar que em nome da
ordem jurídica, e por amor ao princípio da obrigatoriedade do contrato um dos contratantes leve o ou-
tro à ruína completa, e extraia para si o máximo benefício". (negritei).

A dimensão das cobranças indevidas ou ilegais de tarifas assume dimensão maior quando ultrapassa
a esfera da lesão individual. É o mais comum, afinal o fornecedor que lesa um consumidor, lesa mi-
lhares de outros. Daí decorre a importância da tutela dos direitos desses consumidores, em especial,
a tutela coletiva, que é disciplinada nos art. 81 e 82 do cdc, que prevê a defesa dos direitos difusos
(cujos titulares são indeterminados), os coletivos (cujo titular é um grupo ou categoria) e os individuais
homogêneos (os de origem comum).

Vi – conclusão

Este trabalho tem como missão conceituar os serviços públicos essenciais, suas subdivisões em ser-
viços de fruição universal e individual, sendo estes últimos subdivididos em de fruição efetiva e frui-
ção potencial e a forma como serão remunerados.

Os serviços universais serão remunerados por impostos gerais, dado a impossibilidade de mensura-
ção e aferição do aproveitamento individual, o que não ocorre, por sua vez com os serviços específi-
cos e divisíveis, que podem ser remunerados pelo estado, diretamente, ou por meio de entes que
dele receberam delegação, através de contratos de concessão ou de permissão.

Os serviços tarifados encerram relação de consumo, sendo regidos pelo código de defesa do consu-
midor, que coíbe uma série de práticas abusivas perpetradas pelas empresas fornecedoras, que pre-
valecem de seu poderio econômico e da necessidade dos serviços prestados para obrigar o paga-
mento de consumo mínimo, tarifas de reaviso, religação e outras tão ilegais e inaceitáveis quanto es-
sas.

O código exige (art. 22) que s serviços públicos essenciais devem ser prestados de forma eficiente,
adequada, segura, universal, continua e segura. Assim, episódios como o do racionamento de ener-
gia, o "apagão" revelam o descaso das empresas fornecedoras e do estado, que pouco ou nada in-
vestem na prestação de serviços públicos de qualidade e acessíveis à toda a população.

Essa exigência de prestação não rima, em absoluto com imposição ao consumidor, ou seja, os servi-
ços públicos submetidos ao regime de tarifas não podem ser obrigatórios, ou seja, tem o consumidor
plena liberdade de escolha de fornecedores (se houver mais de um) ou ainda a de não receber o ser-
viço, quando por exemplo, prefere perfurar um poço artesiano a solicitar o abastecimento de água en-
canada. As empresas é que nunca reconheceram essa liberdade.

Compreender bem estes controvertidos institutos é peça fundamental na formação da consciência do


consumidor, do usuário de serviços públicos, ou seja, do cidadão, que merece ser respeitado, e ja-
mais agredido da forma como vem sendo quando o que quer é apenas usufruir o seu direito.

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