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O Estado brasileiro tem como um de seus objetivos, o de ter uma sociedade justa e
igualitária, conforme disposto no Art. 3º, I e III da CF. E uma das formas para atingir
esses objetivos, é a correta arrecadação de tributos, para que cada pessoa custeie os
gastos do Estado de acordo com sua capacidade. Pois não seria racional, colocar o
custeio do Estado sobre aqueles que são menos favorecidos financeiramente. Agindo
dessa forma a tributação seria usada como uma maneira de distanciar a condição
financeira entre as pessoas da sociedade, conservando os pobres em sua situação de
pobreza e fazendo os mais abastados financeiramente cada vez mais ricos.

Outrossim, na busca do ideário substanciado na sociedade justa e igualitária, seria


de mister a implantação de uma tributação progressiva sobre a renda e o patrimônio,
efetivando assim o princípio da capacidade contributiva, além da aplicação do princípio
da seletividade na tributação indireta. Pois todos esses princípios concretizam a
justiça fiscal

Entretanto, as pesquisas indicam que o Brasil é um dos países com maiores níveis
de desigualdade no mundo, e revelam que o atual sistema tributário seria um dos
fatores que reforçam o referido statu quo ante.

Dentro desse contexto, torna-se importante perquirir e refletir sobre as injustiças


imersas no sistema tributário brasileiro que corroboram com essas desigualdades
sociais, e, além disso, mostrar os caminhos para alcançar e trazer mais justiça em
prol da sociedade.

Deveras, é cediço que a matéria concernente à justiça fiscal tem ocupado o palco
da história, bem como afigura-se presente no Congresso Nacional e em toda mídia,
aliás, com toda a razão, porquanto traduz interesse público de grau máximo.

Ademais, não se pode olvidar que entre nós há grande questionamento acerca da
elevada carga tributária, agravada pela ausência de serviço público por parte do Estado,
donde, dentre outras vicissitudes o nosso sistema hospeda inegável concentração de
riqueza e grava os menos aquinhoados com mais intensidade, a exemplo do peso da
tributação do consumo.

De conseguinte, se o Estado tributasse quem tem mais renda, por exemplo, teria
mais recursos para concretizar os direitos sociais, assim como a educação, saúde,
habitação, transporte e segurança pública, assegurando, outrossim, aos mais carentes
a renda necessária ao mínimo existencial.
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Devido à necessidade de o Estado prestar serviços públicos e manter seu patrimônio,


é indispensável gerar receitas para custear suas atividades, sendo a tributação a sua
principal fonte de arrecadação. Assim, as receitas tributárias obtidas por meio de
prestações pecuniárias compulsórias, decorrentes do poder estatal sobre o patrimônio
do particular, têm como uma de suas principais finalidades manter o funcionamento
da máquina estatal.

Esse poder de instituir tributos pertence somente ao Estado e decorre de sua


soberania e do princípio da supremacia do interesse público, em que interesses
particulares são sacrificados em prol do bem comum, sendo um limite ao direito
de liberdade e de propriedade privada. Desta forma, como o exercício do poder de
tributar do Estado colide com direitos fundamentais, entrando na esfera do particular
para retirar parcela de sua riqueza, deve ser exercido com estrita observância de
princípios e regras constitucionais para não ocorrer abusos.

A propósito, merece lembrada a lição de Paulsen (2014, p. 15), ao sublinhar que


ao longo da história o poder de imposição na seara tributária como a arrecadação
pode render margem à ocorrência de abusos e arbitrariedades, envolvendo confisco,
violência e restrição a direitos. Assim, por tais motivos históricos, busca-se utilizar
a tributação não apenas com finalidades meramente arrecadatórias, mas sim com a
finalidade de assegurar o exercício de direitos fundamentais.

Desta forma, de acordo com Costa (2014, p. 568) surge, então, a visão humanista da
tributação, que é a adequação da arrecadação a garantia de direitos públicos subjetivos.
Assim, a tributação não serve apenas para gerar receitas, mas constitui também um
instrumento para alcançar os objetivos fundamentais da República, previstos no
Artigo 3º da Constituição Federal, entre eles, a construção de uma sociedade livre,
justa e solidária e erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais e
regionais (COSTA, 2014, p. 568)

Essa visão humanista da tributação ganhou destaque com a Constituição de 1988,


após o surgimento do Estado Social e Democrático de Direito em que os direitos
fundamentais passam a ganhar mais relevância, e que de acordo com Paulsen (2012,
p. 12) a pessoa humana passa, então, a exercer um papel central.

Portanto, surge daí um dever do Estado de utilizar o tributo não com objetivos
meramente fiscais, mas para atingir finalidades econômicas e sociais, passando a ser
um meio de implementação de políticas públicas, promoção de direitos fundamentais
e de regulação da economia. Com efeito, um dos caminhos para alcançar esse objetivo
consiste na utilização de técnicas de progressividade de tributos, a qual poderia produzir
receitas suficiente para instrumentar o Estado no sentido de promover medidas para
salvaguardar o mínimo existencial dos cidadãos (BARROS, 2010, P. 68-70).

Assim, os princípios exercem papel central no Sistema Tributário, regendo a


atuação do Estado para conseguir tais objetivos, bem como limitando o poder estatal
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tendo como contrapartida a proteção dos direitos de liberdade e propriedade. Porém,


dentro de um contexto de justiça fiscal deve-se dar destaque a dois princípios, o da
capacidade contributiva e o da isonomia, que de acordo com Torres (2011, p. 89)
são os primordiais garantidores dos direitos fundamentais subordinados à ideia de
justiça, uma vez que tem como uma de suas finalidades a redução das desigualdades.

Tais princípios se complementam, pois de acordo com Carrazza (2017, p. 104)


é o Princípio da Capacidade Contributiva que “concretiza no âmbito dos impostos
a igualdade tributária e a justiça fiscal”. Em verdade, o aludido princípio se conjuga
com o postulado da isonomia previsto no Artigo 150, II da CF, o qual, insularmente
considerado seria um “princípio vazio” que deve ser complementado por outras
normas e princípios da Ordem Constitucional Tributária que direciona a atuação do
Estado, conforme defende Segundo (2012, p. 120).

Já o fundamento da capacidade contributiva se encontra no Artigo 145 da


Constituição Federal, § 1º que diz que “Sempre que possível os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte (...)”.
Essa expressão “sempre que possível” quer dizer que a capacidade contributiva pode
ser excetuada dependendo da personalização de cada imposto, ou “se há necessidade
utilizar o imposto com finalidades extrafiscais” (AMARO, 2005, p. 139).

Mas não quer dizer que sua aplicação seja facultativa, pois na verdade, de acordo
com Jardim (2013, p.100) ela deve orientar a tributação em geral: impostos, taxas,
contribuições e empréstimos compulsórios, mesmo que seja mais evidente na tributação
sobre a renda e o patrimônio. Pois naqueles em não é possível se auferir diretamente
quanto cada um pode contribuir, como na tributação indireta, a concretização da
capacidade contributiva é feita por meio do Princípio da Seletividade, que faz com
que o tributo seja inversamente proporcional à essencialidade do bem, atenuando a
regressividade de tais tributos indiretos (AMARO, 2005, p. 140-142).

Nesse caso, por exemplo, através da seletividade, o IPI e o ICMS são utilizados
como instrumentos de intervenção na economia, em que a suas alíquotas são variadas,
podendo chegar até zero pela essencialidade dos produtos industrializados, e das
mercadorias e serviços, ou até mesmo, aplicando uma alíquota elevada para itens
considerados supérfluos (CARRAZZA, 2017, p. 115-119).

Assim, tanto a seletividade, aplicada nos tributos indiretos, quanto a progressividade,


aplicada nos diretos, são técnicas de quantificação de tributos, ou mesmo de acordo com
Torres (2011, p. 89) são subprincípios que aumentam a concretização da capacidade
contributiva, e são usadas pelo legislador de acordo com a necessidade de cada tributo
ou de acordo com a ordem constitucional.

E é nisso que a justiça fiscal se resume, utilizando-se de tais técnicas com base na
solidariedade para que haja a redistribuição de riqueza. Assim, de acordo com Barros
(2010, p. 103) a justiça fiscal significa a redução das desigualdades e maximização
da capacidade contributiva, fazendo com os mais ricos arquem com os custos do
Estado proporcionalmente mais que os pobres.
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Por óbvio, não faria sentido o Estado impor uma carga tributária que ao invés de
atenuar, acentue as desigualdades. Desta forma, O Estado tem o dever de instituir tributos
de forma progressiva ou seletiva de forma que assegure as mesmas oportunidades a
todos, e fazendo com que a maior parte da arrecadação venha da tributação sobre o
patrimônio e renda, visto é possível se auferir a capacidade contributiva. Pois caso
contrário a tributação pode se tornar mais pesada sobre quem tem menores condições,
concentrando mais a riqueza.

Por derradeiro, cumpre ressaltar que tanto a progressividade, como a seletividade,


têm por eixo a graduação da base de cálculo de forma escalonada e ascendente,
sendo que a primeira leva em conta a dimensão da grande tributável, ao passo que
a segunda considera o grau de maior ou menor essencialidade da coisa tributada em
relação à maioria da população.

A título de ilustrar o assunto, a progressividade, por exemplo, consta da tabela


do imposto sobre a renda das pessoas físicas, enquanto a seletividade, dentre outras
hipóteses, integra a tributação do ICMS, gravando com percentuais – alíquotas –
maiores as mercadorias supérfluas e alíquotas menores as mercadorias necessárias
ou indispensáveis a todos, assim como alimentos, dentre outras.

Diante do dever do Estado de utilizar o tributo não apenas com finalidades


arrecadatórias, mas tendo em vista o cumprimento de objetivos constitucionais,
quais sejam, a construção de uma sociedade justa e igualitária, e a promoção social,
é necessário analisar a carga tributária brasileira e como ocorre a sua distribuição,
contrasteando a sua efetivação com os objetivos de justiça fiscal.

A carga tributária é definida como a relação entre o total do dinheiro arrecadado


pelo governo, por meio de tributos, e o Produto Interno Bruto (PIB), que é a riqueza
que o país produz no período de um ano.

Destarte, no ano de 2018 o PIB do Brasil alcançou o patamar de 6.8 trilhões de


reais, o qual conjugado com uma arrecadação tributária de 2.3 trilhões, implica numa
carga de 33.8%, portanto acima do Reino Unido que é de 32.5%, bem como Canadá,
31.9 e Estados Unidos, 26.5%, na exata conformidade com o gráfico abaixo.
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Gráfico 1: Com base em dados da Receita Federal e da OCDE


(OCDE Revenue Statistics 2017)
Carga tributária no Brasil e países selecionados da OCDE (2015)

Fonte: Carga Tributária no Brasil (2016, p.9)

Nem se diga que há países com carga equivalente ou até mais elevada, o que é
verdade, a exemplo de Dinamarca, Suécia e outros, os quais, diferentemente do Brasil
prestam serviços públicos de primeira qualidade, donde o cidadão não precisa gastar
com saúde, transporte, escolas etc.

Aqui, ao revés de alhures, gastamos muitíssimo e consoante comum sabença não


há nenhuma contrapartida, pois, em regra, o serviço público é da pior qualidade,
sobretudo em áreas vitais, assim como segurança, saúde, educação, transporte e
habitação, dentre outras.

A carga tributária brasileira poderia ser reduzida se houvesse um corte de despesas


absurdas, a exemplo de um trilhão praticamente perdido com dívidas de seguridade
social, ou centenas de bilhões a título de juros da dívida, ou outras centenas de bilhões
em face de isenções e imunidades, sem contar supersalários e incontáveis fringe
benefits em prol de determinados segmentos do Poder Público.

Verdade seja, ao lado das observações acima transcritas, seria de mister, em


qualquer hipótese, reduzir a tributação do consumo e gravar com mais intensidade a
renda, o capital e o patrimônio, como forma de realizar a justiça fiscal e a consecução
do bem comum.
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A tributação sobre o consumo, também chamada de indireta, é aquela que onera


o consumidor final, recaindo sobre bens e serviços, ocorrendo uma cisão entre o
contribuinte de direito (aquele que ocupa o polo passivo da obrigação tributária) e
o contribuinte de fato (aquele que suporta economicamente a obrigação) (GASSEN
et al, 2013, p. 215).

No Brasil ela é composta por 4 tributos principais, quais sejam, Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), PIS/Cofins, ambos de competência federal, Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de competência estadual e o
Imposto sobre o Serviço de qualquer Natureza (ISS) de competência municipal.

Ao se analisar tais tributos, observa-se sérias distorções, que de acordo com


Appy (2015, p. 03) são completamente contrários a padrões internacionais, por não
possuírem uma base abrangente, e também por abrigarem incidência cumulativa, como
o ISS e alguns casos do ICMS e do PIS/Cofins, o que acaba prejudicando a eficiência
econômica, dificultando a competitividade e a produção nacional (APPY, P. 03)

Consoante acentua Souza (2018, p. 505) a cumulatividade dos tributos indiretos é


seu principal problema, já que incide em todas as etapas gerando acréscimo ao preço
final. Acontece que o ICMS, o PIS e a Cofins possuem a não-cumulatividade bem
restrita, uma vez que somente há direito ao crédito tributário nas etapas posteriores
se os bens se incorporarem fisicamente à mercadoria final.

Essa característica propicia uma incidência em efeito em cascata, além do fato de


haver diversas legislações, algumas lacunosas, o que dá espaço para divergências e
até restringindo mais a sua aplicação (SOUZA, 2018, p. 505)

Outro grande problema está da adoção da seletividade do ICMS. Este é o imposto


mais importante do país, sendo de competência dos Estados e do Distrito Federal, e
está previsto no Art. 155, II da Constituição Federal, e de acordo com um levantamento
feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação referente ao ano de 2016,
ele representa cerca de 20% da arrecadação total.

Assim por ser um tributo que possui uma arrecadação tão expressiva no cenário
nacional, o legislador deveria ter implementando os comandos constitucionais da
seletividade que, a bem ver, atenua as vicissitudes da inevitável regressividade de
gravames economicamente indiretos.

A questão é que por ser um imposto estadual, as alíquotas variam conforme o Estado,
já que é este que as estabelecem por meio de suas legislações. Cabe assinalar que nem
sempre o legislador do ICMS cumpre o postulado constitucional da seletividade, a
exemplo, dentre outros, da alíquota máxima sobre a energia elétrica conforme adotada
no Estado e São Paulo, fato absurdo que não requer um esforço de sobremão para
aquilatar que a única percentagem correta seria a alíquota mínima.
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Demais disso, ao lado do aspecto objetivo da essencialidade, há casos dotados


de algum subjetivismo, o que pode ensejar diferenças tributárias nas múltiplas
unidades da federação. De todo o modo, segundo preconiza Godoi (2017, p. 553) há
geralmente um padrão adotado pelos estados de três médias de alíquotas: em torno
de 25%, para itens supérfluos, 17% para as mercadorias em gerais, e 9-12% para os
itens mais essenciais.

O problema é que de maneira geral, conforme afirma Godoi (2017, p. 554) nas
legislações estaduais, os itens considerados essenciais abrangem mais produtos da
cesta básica, deixando de fora produtos de higiene e limpeza. E principalmente o
fato de que a alíquota da energia elétrica é muitas vezes superior a itens considerados
supérfluos. Pois ainda, de acordo com o autor, mesmo que haja em alguns estados
uma faixa de isenção relativa a um baixo consumo de energia elétrica, ainda assim
não torna justificável a cobrança de uma alíquota superior a itens como perfumes e
cosméticos, já que se trata de um item essencial (GODOI, 2017, p.554).

Só para se ter uma ideia, Godoi (2017, p.554) cita o caso de Minas Gerais que
possui uma alíquota de energia elétrica para consumidores residenciais de 30%, e
fazendo o cálculo da inclusão da sua própria base de cálculo a porcentagem chega
a ser 42%. E já nesse mesmo Estado, a alíquota para itens supérfluos como joias e
perfumes, é de 25%. E, segundo o autor, esse mesmo caso se repete em vários outros
Estados, que possuem a alíquota da energia elétrica próximo aos 30%, como o caso
de São Paulo que é de 25%.

O problema é que no Brasil, os setores que são responsáveis pela maior parte de
arrecadação do ICMS, cerca de 33% de acordo com Godoi (2017, p. 556), são os
denominados “blue chips”1 tributários: combustíveis, energia elétrica e comunicações.
Os três possuem alíquotas elevadíssimas apesar de serem considerados essenciais.
E isso ocorre principalmente por causa da guerra fiscal, para compensar benefícios
que os estados concedem.

A expressão guerra fiscal é o nome dado para a competição que os estados fazem
entre si, para atrair investidores, oferecendo a eles benefícios fiscais, em troca de ali se
estabelecerem. A grande questão é que se o estado concede muitos benefícios ele terá
menos arrecadação do que o previsto, e assim de acordo com Godoi (2017, p. 557) ele
precisará de alguma forma, recompor a sua receita. E essa recomposição acontecerá
por meio da adoção de “pesadíssimas alíquotas sobre os blue chips (energia elétrica,
telecomunicações e combustíveis), cujo setor apresenta baixo índice de sonegação”
(GODOI, 2017, p. 558).

Rezende (2009, p. 24-25) mostra que entre o período de 1997 até 2007, a taxa
de arrecadação do ICMS do setor primário e secundário (aqueles que se beneficiam
com a guerra fiscal) praticamente não se alterou, mesmo com as fortes oscilações da

1
  “Blue chips” é um termo utilizado a ações da Bolsa de valores de empresas grandes e consolidadas no mercado. Tal termo
é empregado no direito tributário ao setor de telecomunicações, combustível e energia elétrico devido à alta arrecadação
que tais setores trazem facilmente para o estado.
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economia, enquanto a arrecadação do ICMS sobre as blue chips cresceu de forma


rápida. Em 2007, por exemplo, esses três setores (energia, telecomunicações e
combustível) corresponderam a mais da metade da arrecadação do ICMS do país, na
qual em quase todos os estados equivaliam a pelo menos 45% da receita (REZENDE,
2009, p. 12-14).

Desta forma, observa-se que as legislações estaduais do ICMS não são elaboradas
tendo em vista a capacidade contributiva e a seletividade, pois para os Estados
torna-se muito mais fácil utilizar-se da tributação sobre o consumo, principalmente
sobre os setores de energia elétrica, telecomunicação e combustível, já que é uma
arrecadação certa.

Outrossim, segundo a óptica do Professor Eduardo Jardim a chamada guerra fiscal


é inerente ao Pacto Federativo, porquanto traduz uma prerrogativa inalienável da
autonomia imersa nessa foram de Estado, razão pela qual, a cogitada federalização
do ICMS afigura-se incompatível com o Estado Federal.

Com efeito, o Professor Eduardo Jardim que subscreve o presente Estudo obtempera
que a chamada guerra fiscal predatória não é uma decorrência da autonomia das
unidades federativas, mas uma consequência inexorável das distorções da partilha
de receitas da União em prol de Estados e Municípios que privilegia determinadas
Regiões e Estados, possibilitando, por exemplo, que um dado Estado favorecido
abra mão do ICMS, uma vez que as suas despesas orçamentarias serão pagas com
os repasses dos Fundos de Participação.

A propósito, a versão original da referida partilha tem por origem a Lei Complementar
No 62, de 28 de dezembro de 1989 que, em seu Artigo 2º, incisos I e II, estabeleciam
que os repasses provenientes da arrecadação do Imposto de Renda e do IPI seriam
distribuídos na proporção de 85% para as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
restando apenas 15% para as Regiões sul e Sudeste.

O mencionado diploma legal foi alterado pela Lei Complementar Nº 143, de 17


de julho de 2013, a qual criou uma tabela que mantem descompassos inconciliáveis
com a harmonia da Federação, ad exemplum do percentual de 9,3962 para o Estado
da Bahia e tão somente 1,000 para o Estado de São Paulo, justamente o que produz
a maior parcela das arrecadação tributária.

Em relação ao IPI, embora ele seja não cumulativo e a sua seletividade ser bem
notória, o seu problema está na adoção de diferentes alíquotas reduzindo a eficiência
econômica, por deixar muito complexo o pagamento para as empresas.

Assim, ao se analisar a tributação indireta no país de forma geral, verifica-se


que não há uma preocupação do Estado em arrecadar de acordo com princípios
constitucionais. E, por não haver essa preocupação, surgem cada vez mais leis
objetivando apenas a arrecadação, que acabam deixando o sistema mais complexo,
e onerando mais o consumidor final.
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Nesse sentido, Souza (p. 506, 2018), defende que o fato de tais tributos incidirem
sobre a mesma base, porém instituídos por diferentes esferas de governo é um
problema, pois faz com que essa “quantidade de tributos, aliada à complexidade das
leis, torna muito difícil o controle e a fiscalização, tanto para empresários, como para
os responsáveis pela aplicação da lei tributária”. Assim, de acordo com o mesmo
autor, tais aspectos tornam o sistema complexo, oneroso e caótico, gerando demandas
tanto na esfera administrativa, quanto judiciária, além de gastar excessivo tempo e
dinheiro (SOUZA, 2018, p. 507)

Gassen et al (2013, p.15), por sua vez, também afirma que o fato de ter muitas
legislações (federais, estaduais e municipais) faz com que haja uma baixa coordenação
dos entes federativos, tornando um sistema mais caro, acarretando um acréscimo ao
preço final do produto, tudo em detrimento do consumidor final.

A falta de coordenação entre as unidades federativas tende a agravar o problema,


pois são aproximadamente 5.670 municípios a legislarem sobre o ISS, bem como
27 estados a produzirem leis sobre o ICMS, senão também a União Federal a editar
normas sobre IPI, PIS e COFINS, Pois os municípios podem editar leis sobre o ISS,
além de 27 estados que fazem leis sobre o ICMS, aliados às normas federais sobre IPI,
PIS,COFINS e CIDE, o que torna o sistema extremamente complexo e ininteligível,
consoante argutamente captado por SOUZA ( 2018,p. 506).

Outrossim, afora a existência de um universo sobremodo amplo de legislações em


flagrante dissintonia, convém pontuar que a arrecadação vinda predominantemente
do consumo é bastante criticada, uma vez que não efetiva o princípio da capacidade
contributiva.

Desta forma, não deve haver uma concentração de tributos sobre o consumo,
pois embora possua uma função redistributiva através da aplicação do Princípio
da Seletividade, de acordo com AVI-YONAH (2006, p.20) ela deixa de atingir a
renda não consumida, o que acaba favorecendo às classes mais ricas, e, portanto,
acentuando a desigualdade.

Em consonância com o disposto no Artigo 153, inciso III, da Constituição Federal,


o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza é de competência privativa
da União, na trilha, aliás, de todos os tributos do Sistema Constitucional Tributário,
na dimensão em que as pessoas políticas são dotadas de competência exclusiva e
indelegável.

Cumpre ressaltar que o referido gravame deve ser informado pelos critérios da
generalidade, universalidade e progressividade, conforme quer o Artigo 153, § 2º,
inciso I, do mesmo Texto Magno. A generalidade significa que o tributo deve abranger
todas as pessoas físicas ou jurídicas que realizarem o fato jurídico do referido imposto,
guardando harmonia com o primado da igualdade. Já a universalidade compreende
todas as rendas e proventos sujeitando-os à incidência, excetuadas as hipóteses de
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isenções e imunidades estabelecias em lei e no Diploma Excelso. Finalmente, a


progressividade é caracterizada por alíquotas ou percentagens escalonadas de forma
crescente em função da faixa de renda ou proventos, realizando, assim, os desígnios
da capacidade contributiva.

Diante disso, seria de se esperar que o imposto sobre a renda fosse a maior fonte
de arrecadação do Estado, o que não ocorre, porquanto a sua expressão arrecadatória
representa apenas 19,97% da carga tributária total,2 e 6,47% do PIB, de acordo com
dados de 2016.

A propósito, um simples compulsar da tabela do imposto sobre a renda da pessoa


física, por exemplo, revela a existência de graves distorções, em que a alíquota
máxima do Brasil correspondente a 27,5% é muito baixa, já que a média dos outros
países é 40%. Além disso, a renda marginal em que se aplica a alíquota máxima é
em média quase US$ 200 mil no ano, e no Brasil ela é aplicada a partir de US$ 31
mil. Ou seja, o valor que incide a alíquota máxima é muito pequeno e próximo das
outras. (INTROÍNI et al., 2018, p. 257)

Sobremais, a tabela do imposto de renda está muito defasada, pois em 1996


diante da crise fiscal existente na época e da enorme dívida pública, ela permaneceu
congelada sem reajustes até o ano de 2001. E após esse momento, os reajustes que
teve não foram suficientes para cobrir a inflação. Desta forma, um estudo feito pelo
Sindifisco (2018, p. 4)3 mostra que a defasagem média da tabela é de 88,4%, e os
principais prejudicados disso são as pessoas de baixa renda.

Vejamos um exemplo do descompasso do apontado reajuste em relação ao limite


de isenção, o qual, quanto menor, culmina por tributar cada vez mais pessoas de baixa
renda. Destarte, o referido estudo demonstra que se houvesse a correta correção, hoje
o limite de isenção seria de R$ 3.556,56, ou seja, R$ 1.652,58 de diferença. Já em
relação ao valor incidente da alíquota máxima, com a correção, seria de R$ 8.837,92.
por isso que o estudo conclui que a “não correção integral da tabela faz com que
muitos daqueles que não ganharam mais ou mesmo ganharam menos, paguem mais”
(SINDIFISCO, 2018, p.10).

No mesmo sentido, Introíni et al (2018, p. 271) alega que as alíquotas efetivas


médias das rendas maiores são menores do que as alíquotas efetivas médias das baixas
rendas, de tal forma que, o Imposto de Renda da Pessoa Física só é progressivo em
relação àqueles que recebem de 30 a 40 salários mínimos, sendo regressivo a partir
disso (INTROÍNI et al., p. 271).

Ao demais, não se pode olvidar que a legislação do imposto sobre a renda proíbe
a dedução de uma série de despesas necessárias à vida, à saúde, à educação e à
habitação, dentre outras, configurando, assim, um despudor sob o ponto de vista
ético e uma manifesta inconstitucionalidade.

2
  Carga tributária no Brasil 2016, (2017)
3
  A defasagem do Imposto de Renda da Pessoa Física, 2018.
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Deveras, o referido imposto somente poderia gravar a renda líquida, jamais a


renda parcialmente bruta, tanto que a vedação à dedução com despesas relativas a
medicamentos, escolas e livros em valores integrais e aluguel, por exemplo, infirma
o conceito de renda liquida que é a única grandeza susceptível de tributação.

No caso da tributação sobre a renda da pessoa jurídica, o Brasil não está tão abaixo
da média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Entrementes, a legislação hospeda uma série de impropriedades, a
exemplo da distinção no tratamento conforme a sua fonte, além de haver a isenção dos
lucros e dividendos dos sócios e dos acionistas, e do benefício fiscal dos juros sobre o
capital próprio. Ademais, os rendimentos sujeitos à tributação exclusiva (rendimentos
de capital) são tributados com alíquotas mais favoráveis que variam de 15 e 22,5%,
o que, ao revés de tornar a tributação progressiva, tende a configurá-la regressiva.

Ao versar sobre esse modelo de regressividade, Fernandes et al, (2017, p. 298)


explica que os ganhos do capital podem ser divididos em três categorias: juros de
depósitos e títulos, realização de ganhos a partir de propriedades reais ou ações e
por fim, lucros e dividendos. O problema, de acordo com Fernandes et al (2017, p.
298) é que os rendimentos do capital estão entre os mais ricos, e desta forma não faz
sentido ser aplicado alíquotas mais benéficas.

Outrossim, merece censurar a isenção da distribuição de lucros e dividendos,


uma vez que as disposições desse jaez destoam privilegiam um grupo de pessoas,
na medida em que o sócios e acionistas auferem rendimentos não tributáveis, ao
contrário dos demais cidadãos que são tributados normalmente, tudo em flagrante
contramão do postulado da igualdade e da justiça fiscal.

Não se pode deslembrar que a criticável prerrogativa ora exposta contempla,


também, as pessoas jurídicas compostas por profissionais liberais, pelo que força
é depreender que a legislação do imposto sobre a renda estabelece um tratamento
implacável com relação aos rendimentos do trabalho assalariado e também quanto
aos proventos de qualquer natureza, enquanto, de outro lado, estipula vantagens
incompatíveis com o princípio da igualdade, da generalidade e da universalidade.

O principal fundamento dessa desoneração seria a bitributação, porém de acordo


com Introíni et al. (2018, p. 274), tal argumento não se sustenta, uma vez que a
bitributação se refere a tributo incidente sobre o mesmo contribuinte e o mesmo fato
gerador por dois entes diferentes, o que não é o caso, ainda mais que o patrimônio
da Pessoa Jurídica é distinto da pessoa física.

Já em relação aos juros sobre o capital próprio (JSCP), trata-se de uma maneira
da empresa dividir seus lucros entre os sócios, sendo permitido à Pessoa Jurídica
deduzir do lucro total tributável esse valor repassado. Isso também seria uma forma
de reduzir os tributos pagos pela pessoa jurídica, favorecendo a renda do capital, na
qual o Brasil é o único que possui esse benefício, o qual se afigura reprochável por
todas as luzes.
67

Desta forma, Lettieri (2017, p. 138) alega que o fato do sistema tributário ser mais
favorável à renda do capital do que à renda do trabalho potencializa a concentração
de riqueza, uma vez que ao analisar dados da Receita Federal, verificou que quem
recebe mais de 320 salários mínimos por mês possui uma riqueza líquida de R$ 37,3
milhões, ou seja, 623 vezes a riqueza de dos que ganham de 3 a 5 salários mínimos
(R$ 59.865,08). Assim, de acordo com o autor, “quem recebe uma renda mensal em
média 80 vezes superior a outro indivíduo consegue acumular uma riqueza que é
623 vezes superior a este”.

No mesmo sentido, ao analisar os dados relativos a distribuição da renda declarada


por faixas de salário mínimo mensal, divulgados pela Receita Federal no ano de
2015, Letieri ( 2017, p. 134 ) mostra que 28.433 declarantes que possuem renda
mensal superior a 320 salários mínimos, tiveram em média uma renda anual de R$
9,6 milhões, dentre os quais, 71% (R$ 6,8 milhões) são de rendimentos isentos e só
9% (R$ 866 mil) de rendimentos tributáveis. Já as 8.192.252 de pessoas que possuem
renda mensal de 3 a 5 salários mínimos, que tiveram em média uma renda anual
de R$ 33,5 mil, 86% foram de rendimentos tributáveis e apenas 9% (R$ 3 mil) de
rendimentos isentos. (LETTIERI, 2017, p. 134)

Essa análise demonstra a desigualdade do Imposto de Renda, que de acordo


com os mesmos dados divulgados pela Receita Federal,4 31% dos rendimentos
equivalem às rendas isentas e não tributáveis (R$ 737,17 bilhões), dentre as quais
R$ 256,16 bilhões (34,75%) são dos lucros e dividendos, R$ 64,07 bilhões (8,69%)
de rendimentos de sócio de empresa de pequeno porte, R$ 62,78 bilhões (8,52%) de
doações e heranças, R$ 48,73 bilhões (6,61%) da parcela da aposentadoria de quem
tem mais que 65 anos, R$ 42,40 bilhões (5,75%) dos lucros na alienação de bens e
direitos de pequeno valor, e por fim, R$ 41, 28 bilhões de incorporações de Reserva
ao Capital ou Bonificações em Ações (LETTIERI, 2017, p. 116)

É dizer, para Letieri (2017, p.116) “à exceção do 13º salário e outras rubricas pouco
relevantes financeiramente, todas as demais fontes de rendimento que são favorecidas
com tributação menor na fonte ou são isentas se referem a rendas do capital”.

Assim, não faz sentido que as isenções privilegiem mais aqueles que estão
no topo da pirâmide social, e por isso que Morgan (2017, p. 251) defende que é
necessário “remover as isenções regressivas sobre lucros e dividendos que encorajam
o comportamento de procura de renda, e aplicar a tabela do Imposto de Renda da
Pessoa Física a todos os rendimentos retidos atualmente”.

  Grandes números das declarações do Imposto de Renda das Pessoas Físicas- Ano Calendário 2014, Exercício 2015. Centro
4

de Estudos Tributários e Aduaneiros – CETAD. Brasília: setembro, 2016. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.
gov.br/dados/receitadata/estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/estudos-e-estatísticas/11-08-2014-grandes-numeros-dirpr/
gn_irpf_ac2014.pdf>. Acesso em: 24 de set. 2018
68

O tributo sobre a propriedade exerce um papel muito importante na redistribuição


de renda, já que nele é possível se aplicar o princípio da capacidade contributiva, com
oportunidade de tributar quem possui maior riqueza. No mesmo sentido, sustenta
Jiménez (2017, p. 72-73), por exemplo, que o imposto sobre propriedade imóvel é o
mais importante para obtenção de recursos para os estados (governos subnacionais)
já que “possui uma base tributária imóvel e não se esgota ao longo do tempo”. Porém
a sua arrecadação é bem pequena quando comparada a países pertencentes a OCDE
(JIMÉNEZ, 2017, p. 72-73).

Portanto, o imposto sobre a propriedade imóvel no Brasil (IPTU), conforme


disposto no Art. 156, I, da CF, é de competência dos municípios. E, com base em
dados disponibilizados pelo Ministério da Fazenda, Cesare (2018, p. 370) mostra
que dos anos 2000 a 2016 as arrecadações representaram somente 0,42% e 0,52% do
valor do PIB brasileiro. Tal autora diz que “isto equivale a entre 5% e 6% da receita
recorrente dos municípios” (CESARE, 2018, p. 370).

Entre os motivos para esse quadro de baixa representação do IPTU na tributação


nacional é o fato de ter má administração da arrecadação por parte do Estado, como
“iniquidades nas avaliações dos imóveis para fins tributários, omissões do cadastro
imobiliário, e falta de ações eficientes para a arrecadação e cobrança do tributo”,
conforme destacado por Cesare (2018, p. 370).

Entretanto, se o IPTU já não é um imposto de grande importância para o custeio


dos cofres públicos, muito menos é o ITR. O ITR é um imposto de competência da
União, que é cobrado e fiscalizado pelos municípios, conforme determina o Art. 153,
§4º, inciso III da CRFB.

Em um vasto território que se tem no Brasil, a sua arrecadação é bem baixa.


Segundo Cesare (2018, p. 370), o ITR representa apenas 0,01% a 0,02% do PIB
brasileiro, sendo irrelevante no cenário nacional. Assim “é preocupante a ausência
de tributação da propriedade rural no país. Além de a legislação vigente ser obsoleta,
não existe qualquer integração entre a política de integração dos imóveis urbanos e
rurais” (CESARE, 2018, p. 370).

Há também que se atentar para outro imposto muito importante que é o imposto
causa mortis e doação (ITCMD) tendo em vista a sua possibilidade redistributiva e, até
certo ponto, democrática. Pois como explica Mélo e Campos (2016, p. 333-335), após
a Segunda Guerra Mundial o imposto sobre a propriedade teve seu enfraquecimento,
devido ao pensamento que surgiu na época para haver menos burocratização e menos
intervenção do Estado na economia. Esse pensamento neoliberal influenciou para
que as alíquotas sobre doações e herança caíssem.

O problema, como defende Mélo e Campos (2016, p. 335) é que quando a tributação
sobre o patrimônio não é progressiva, a tendência é que a riqueza vá passando de
geração em geração, fazendo com que ela se mantenha nas mãos dos herdeiros de
69

pessoas abastadas, resultando no privilégio exacerbado para o poder econômico e


até mesmo político. Pode-se utilizar o exemplo da França, que foi demonstrado por
Piketty (2014, p. 393), na qual, no século XIX, o patrimônio herdado representava
cerca de 90 % de todo o patrimônio da França. Assim, quando uma pessoa nasce numa
família com alta renda, ao herdar todo o patrimônio, a tendência é que esse herdeiro
vá só o aumentando, até que comece haver uma alta concentração de renda. E uma
vez que há uma fortuna, de acordo com Piketty (2014, p. 429) elas se multiplicam
rapidamente, sem que haja necessariamente trabalho, “além de qualquer justificação
racional possível em termos de utilidade social” (PIKETTY, 2014, p.432).

Assim, nesse sentido, Piketty (2014, p. 429) exemplifica com o caso de Bill
Gates (fundador da Microsoft). Entre 1990 e 2010 sua fortuna passou de 4 bilhões
para 50 bilhões de dólares, e ao mesmo tempo, a de Liliane Bettencourt (herdeira da
L’Oreal, fundada por seu pai) foi de 2 bilhões para 25 bilhões de dólares, sem que
ela tenha trabalhado. Portanto, casos como o do Bill Gates que “fazem fortunas do
nada” representam uma parcela pequena dos detentores de patrimônio, de acordo
com Piketty (2014, p. 429), já que dados mostram como ocorreu na França, em que
o patrimônio herdado equivale a quase todo o patrimônio existente do país.

Assim, as fortunas são passadas de pai para filho, aumentando consideravelmente.


E é aí que entra a importância do tributo causa mortis, cujo perfil tipológico afigura-se
vocacionado à redistribuição de riqueza. Assiste razão, portanto a Mélo e Campos, ao
dizer que a tributação dos impostos causa mortis e doação homenageiam o princípio
democrático, porquanto impede que o simples nascimento de alguém em uma família
abastada, não seja o único fator determinante para a cristalização do poder econômico
e político (Mélo e Campos, 2016, p. 335)

O asserto pode ser ilustrado com os dados da Receita Federal, segundo os quais
aqueles que recebem mais de 320 salários mínimos por mês passam a terceiros,
geralmente através de doações e heranças a familiares, um valor equivalente a R$
113.918,92 por ano, e já aqueles que recebem de 3 a 5 salários mínimos transferem
apenas R$ 918,50. Assim, na visão de Lettieri (p. 143), estes transmitem 124 vezes
a menos, sustentando, portanto, o argumento de Piketty (2014, p. 369), para quem
as riquezas vindas de herança, sem necessidade de trabalhar, crescem mais rápido
do que as riquezas vindas do trabalho, não prevalecendo a ideia da meritocracia.

Com esses exemplos utilizados pode-se notar que se a tributação se dá de maneira


indevida, aumentando as desigualdades e mantendo os indivíduos da sociedade
afastados uns dos outros. Cabe destacar, também, que os impostos sobre o patrimônio
são dotados de significativa potencialidade redistributiva pelo simples fato de tributar
mais aqueles que têm mais, impedindo que ao longo do tempo haja uma grande
concentração de riqueza.

No Brasil, o imposto sobre doação e herança, é de competência dos Estados e do


Distrito Federal, e assim como dispõe o inciso IV, do Parágrafo 1º do Artigo 155 da
CF, esse imposto “terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal”. E o
70

Senado, por meio da resolução Nº 9 de 1992, disciplina que as alíquotas do ITCMD


devem ser limitadas a 8%.

Por mais baixa que seja a alíquota desse imposto, atualmente apenas dez estados
brasileiros usam a alíquota máxima.5 O Estado de São Paulo, por exemplo, segundo
o Art. 16 da Lei 10.705 de 2000, utiliza a alíquota fixa de 4%. Há outros Estados,
como o Amazonas (Art. 119 da LCE Nº 19/97), em que essa alíquota fixa chega a ser
apenas de 2%. Ante essas observações, é forçoso reconhecer que o aludido ITCMD
poderia produzir arrecadação mais expressiva para os cofres públicos.

Outro tributo muito importante no cenário brasileiro é o IPVA (Imposto sobre a


Propriedade de Veículos Automotores), que apresenta um quadro bastante interessante.
Como já citado acima, o IPVA se encontra disposto constitucionalmente no Art. 155,
III, e, como este dispositivo diz, o IPVA é de competência estadual. As alíquotas desse
imposto variam entre 1% a 4% do valor do bem (CARVALHO JÚNIOR, 2018, p.
428), e segundo decisão do STF- Supremo Tribunal Federal (Recurso Extraordinário
379572 RJ)6 a incidência do referido gravame recai tão somente os veículos de
circulação terrestre, não incidindo, pois, sobre embarcações marítimas e aeronaves.

Conforme diz Carvalho Júnior (2018, p. 427), baseado em dados disponíveis pelo
FMI (Fundo Monetário Internacional), no ano de 2015, o IPVA representou 0,56%
de PIB Brasileiro. Tal valor, apesar de parecer insignificante, é na verdade muito alto
quando comparado com outros países.

Na verdade, se compararmos a relação do IPVA com o PIB, o Brasil possui o sexto


maior IPVA do mundo, ficando empatado com Austrália e Noruega e atrás somente
da Áustria, Dinamarca e Indonésia, que possui o maior imposto sobre automóveis
do mundo, sendo que este imposto representa em torno de 1% do PIB deste país
(CARVALHO JÚNIOR, 2018, p. 427).

Nota-se que no Brasil o IPVA é um imposto grandemente regressivo pois afeta


mais fortemente as famílias mais pobres. A bem ver, de acordo com Carvalho Júnior
(2018, p. 431), o gasto com IPVA corresponde a 2,8% da renda de quem recebe até
R$ 1.300, e só 0,6% de quem possui uma renda maior do que R$ 19.300,00, sendo,
portanto, altamente regressivo. Assim, deve haver alterações no IPVA para que ele
passe a atingir menos as famílias mais pobres e tributar mais as famílias mais ricas.

E diante de tudo isso a baixa representatividade da tributação sobre o patrimônio


no cenário tributário brasileiro, força é concluir que para custear os gastos públicos

5
  Bahia (Art. 9º da Lei 4.826 de 1989); Ceará (Art. 16 da Lei Nº 15.812 de 2015); Goiás (Art. 78 da Lei 11.651 de 1991);
Mato Grosso (Art. 19 da Lei Nº 7.850 de 2002); Paraíba (Art. 6º da Lei 5.123 de 1989); Pernambuco (Anexo único da Lei Nº
13.974 de 2009); Rio de Janeiro (Art. 3º da Lei Nº 7786 de 2017); Santa Catarina (Art. 9 da Lei Nº 13.136 de 2004); Sergipe
6
  Recurso Extraordinário. Tributário. 2. Não incide Imposto de Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) sobre embarcações
(Art. 155, III, CF/88 e Art. 23, III e § 13, CF/67 conforme EC 01/69 e EC 27/85). Precedentes. 3. Recurso extraordinário
conhecido e provido. (STF - RE: 379572 RJ, Relator: GILMAR MENDES, Data de julgamento: 11/04/2007, Tribunal
Pleno, Data de publicação: DJe-018 DIVULG 31-01-2008 PUBLIC 01-02-2008 EMENT VOL-02305-04 PP-00870)
71

ter-se-á que recorrer a outras maneiras de tributação, ou seja, a regressiva, indo de


contramão aos princípios constitucionais.

Impende observar que a cogitada majoração de tributos sobre o patrimônio, se


adotada, teria que ser precedida de um ajuste e de um redutor dos gravames incidentes
sobre o consumo, sob pena de termos uma inaceitável elevação de carga tributária e
não um desejado aprimoramento do sistema.

As reflexões trazidas à colação revelam que o Brasil possui um dos maiores


índices de desigualdade social no mundo, conforme um estudo feito pelo Programa
das Nações Unidas (PNUD, 2017, p.33) em 2016. Noutro estudo sobre o assunto,
o economista Marc Morgan (2017, p. 2), o WID (Wealth & Income Data bases),
aponta que houve pouca evolução na distribuição de renda no Brasil nesses últimos
anos, verifica-se que há necessidade de serem tomadas medidas de emergência para
reduzir esse quadro grave.

É claro que diante dessas injustiças sociais, o sistema tributário não é o principal
meio para isso, uma vez que há instrumentos mais efetivos como o gasto social. Mas
ainda assim, ele pode ser um instrumento eficaz do Estado no auxílio da redistribuição
de riqueza, uma vez que nos países da OCDE os sistemas tributários conseguiram uma
redução média de 35%, e na Finlândia e Áustria, por exemplo, reduziu-se à metade
após uma tributação progressiva combinada com os gastos sociais (INTROÍNI et
al., 2018, p. 246).

Mas o que ocorre no Brasil é que o sistema tributário onera mais as classes de
baixa renda, pois de acordo com a OXFAM (2017, p. 48), os 10% mais ricos pagam
somente em média 21% de sua renda em tributos, das quais 10% são de tributos
indiretos, enquanto os 10% mais pobres pagam 32% de sua renda, sendo 28% em
tributos indiretos. Assim, o relatório da OXFAM declara que o Sistema Tributário
reforça as desigualdades. Nesse cenário, ao revés de representar um instrumento para
redistribuir a riqueza, a tributação entre nós tende a concentrá-la ou simplesmente
não a mantê-la como está, o que contraria os princípios constitucionais. (Oxfam,
2017, p. 44).

Os fatores que determinam essas distorções do sistema tributário, ocorrem de


acordo com OXFAM (2017) por 4 motivos: “perda de progressividade nas faixas
de renda mais altas do imposto de renda, má distribuição da carga entre impostos
diretos e indiretos, baixa tributação do patrimônio e elisão e evasão fiscais” (OXFAM,
2017, p. 44)

Em verdade, no Brasil, a maior parte da arrecadação vem da tributação sobre


bens e serviços, representando 49,7% do valor total da receita tributária de acordo
com dados da OCDE do ano de 2015, o que se comparado com outros países é uma
72

porcentagem alta, tendo em vista que a média da tributação sobre o consumo em tais
países é equivalente a 32,4 %, conforme mostra a tabela a seguir:

Tabela 1- Composição da carga tributária por tipos


de impostos em (%) – OCDE e Brasil, 2015.

Fontes: Oliveira (2017, p. 112) com base em dados da OCDE7

Os países possuem uma arrecadação do imposto de renda em média de 30 e 40%,


o patrimônio entre 5 e 10%, e o consumo entre 20 e 30%, predominando, portanto,
a arrecadação sobre a renda. Por sem dúvida, uma maior arrecadação sobre bens e
serviços torna o sistema regressivo já que o valor destes são repassados ao consumidor
final não sendo aplicado o princípio da capacidade contributiva, além do fato que

7
  Tabela 1- Fontes: Oliveira (2017, p. 112) com base em dados da OCDE
73

de acordo com Zockun (2017, p. 24) a propensão para consumir é maior nas classes
baixas, cerca de 2,28 vezes maior do que as classes altas, o que acaba onerando mais.

E mesmo que houvesse uma efetiva aplicação do princípio da seletividade nos


tributos indiretos, ainda assim não se justificaria a sua predominância na arrecadação,
já que os benefícios concedidos em virtude da seletividade alcançam tanto pobres
como ricos. (ZOCKUN, 2017, p. 24-29)

Entretanto, a justificativa de haver uma predominância sobre o consumo no Brasil,


foi o surgimento de uma onda neoliberal nos anos 90, em que se passou a tributar
menos a renda e o patrimônio sob o fundamento do desenvolvimento econômico.

É por isso que, embora em 1988 a Constituição Federal tenha previsto mudanças
nos tributos obedecendo os Princípios de Progressividade e Igualdade, Oliveira
(2018, p. 118) destaca que a Constituição deixou isso para se concretizar no campo
infraconstitucional, o que não ocorreu já que os legisladores estavam mais preocupados
com o crescimento econômico.

Assim foram realizadas diversas reformas tributárias em nome do desenvolvimento,


como a isenção dos lucros de dividendos e a redução na arrecadação do imposto de
renda da pessoa física, que acabaram privilegiando as classes mais favorecidas da
sociedade. Essa política deu margem à elevação da tributação do consumo sempre
que o Estado tivesse necessidade de recompor o seu orçamento, o que, no dizer de
Lettieri (2017, p. 108) torna-se mais fácil e invisível.

Por esse motivo é que, nos anos de 1995 e 2002, a tributação sobre o consumo
cresceu cerca de 138% com a finalidade de compensar todas essas renúncias fiscais
e a dívida pública advinda do plano real (INTROÍNI et al, 2018, p. 267).

Acontece que todos esses esforços do Estado para reformar o Sistema Tributário
Brasileiro em nome do desenvolvimento econômico, de acordo com Introíni et al (2018,
p. 268), não trouxeram resultados, uma vez que houve pouco crescimento na economia
nesse período, e entre os anos de 1996 e 2003 caíram os níveis de investimento.
Oliveira (2018, p. 122) destaca ainda o fato de que não seria necessário conceder
tantas vantagens para atrair investimentos já que nessa época, com a globalização,
muitas multinacionais exportavam suas bases tributáveis para paraísos fiscais.

Assim, todos esses fenômenos fizeram com que o sistema tributário se tornasse
regressivo. E por isso se não houver mudanças, os objetivos fundamentais e a justiça
fiscal não serão alcançados.

Piketty (2014, p. 501) defende a ideia que, para os países adequarem seus sistemas
com o fenômeno da globalização para que não haja extrema desigualdade, o estado
social e o imposto progressivo sobre a renda devem desempenhar um papel central.
74

Entretanto, além disso, para ele o instrumento ideal seria a criação de um imposto
mundial sobre o capital.

Pois embora ele considere uma utopia, já que é muito difícil todos os países o
aceitarem, a criação de um imposto único sobre o capital seria de extrema utilidade.
Tal imposto serviria para haver um cadastro financeiro mundial que proporcionaria
uma “transparência democrática e financeira sobre os patrimônios e ativos detidos
pelos indivíduos em escala internacional” (PIKETTY, 2014, p. 504).

Pois isso combateria as consequências trazidas pela globalização como a evasão e a


elisão fiscal, por meio de um pré-cadastro em que se calcularia a renda e o patrimônio
líquido de cada indivíduo e posteriormente registraria essas informações junto às
autoridades financeiras mundiais para se estabelecer transmissões automáticas de
informações bancárias entre os países.

E mesmo que ainda se trate de uma utopia, Piketty (2014, p. 502) defende que
seria “perfeitamente possível perseguir essa instituição ideal em etapas, a começar por
colocá-la em prática em escala continental ou regional e organizar cooperação entre
os instrumentos regionais”. Uma forma de aplicar ao Brasil seria através do Imposto
sobre Grandes Fortunas, que possui a competência autorizada pela Constituição
Federal, mas não é exercitada.

Um imposto sobre capital, para Piketty (2014, p. 504) serviria apenas como um
complemento modesto na escala do Estado Social Moderno, já que ele não serve para
financiá-lo, mas apenas para que sejam aplicadas pequenas alíquotas com a finalidade
de regular o capitalismo para que não haja divergência ilimitada de desigualdades
(PIKETTY, 2014, p. 504).

Além do mais, a renda de quem tem patrimônios muito elevados não tem uma
definição certa, já que para Piketty (2014,p. 511), por exemplo, uma pessoa que tem
um patrimônio de 10 bilhões de euros, seu patrimônio cresce numa ordem de 6-7%
ao ano, só que o que a renda que ela tira dele para financiar seus gastos pessoais é
muito baixa comparada ao seu tamanho, e a renda que sobra disso fica se acumulando.
Como é o caso de Liliane Bettencourt, já mencionada, que possuiu a maior fortuna
da França, na qual seu imposto de renda declarado nunca passou de 5 milhões de
euros anuais (pouco mais de um décimo de milésimo de sua fortuna de 30 bilhões
de euros no ano de 2013).

Assim, o imposto sobre o capital serviria para medir a capacidade contributiva


de tais pessoas. E deve-se ressaltar ainda que em uma análise feita por Iara (2015, p.
4 ) de 15 países da União Europeia, constatou-se que a riqueza é mais concentrada
do que a renda, concluindo de que uma tributação sobre a riqueza seria mais justa
pois atenuaria a acumulação de capital, e consequentemente a desigualdade de ativos
(IARA, 2015, p. 23)

Entretanto, no Brasil, vários projetos foram submetidos para apreciação no


Congresso Nacional para a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas - IGF, mas
75

apenas dois deles foram apreciados. Um dos projetos, o PLP 162/1989, foi rejeitado
em 2000 pela Comissão de Tributação e Finanças da Câmara, e outro, o PLS 128/2008,
foi rejeitado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado em 2010 (CARVALHO
JÚNIOR e PASSOS, 2018, p. 475). Conforme Carvalho Júnior e Passos (2018, p.
476), os motivos dados pelos congressistas para a não instituição do IGF é a “baixa
arrecadação, alto custo administrativo e a extinção em diversos países europeus”.

Mas, para Calixte (2018, p. 495) “As razões políticas para a inexistência da efetiva
criação do IGF no Brasil são auto evidentes, dada a profunda relação que o poder
econômico mantém com seus representantes políticos no parlamento.”

O IGF (Imposto Sobre Grandes Fortunas), no mundo, geralmente é conhecido


como Wealth Tax, o Imposto Sobre Riqueza Líquida. Esse imposto geralmente é
calculado sobre a riqueza líquida de certo indivíduo, ou seja, o patrimônio do mesmo,
deduzidos os ônus e dívidas, e pode incidir sobre pessoas físicas ou famílias, mas
alguns países tributam também pessoas jurídicas (CARVALHO JÚNIOR, 2018, 457).

Geralmente as críticas feitas sobre a instituição do IGF seriam de que o imposto


é muito caro administrativamente, tendo pouca arrecadação, e que isso atingiria
negativamente a parte econômica de um país, e que teria também um problema de
bitributação pela base de cálculo recair sobre bens já tributados, como por exemplo,
o IPTU, ITR e IPVA (CARVALHO JÚNIOR e PASSOS, 2018, p. 484).

Por outro lado, segundo a doutrina de Carvalho Júnior e Passos, por exemplo,
os que defendem a criação do IGF invocam os exemplos de países em que esse
imposto deu certo, casos de Luxemburgo e Suíça que arrecadaram, respectivamente,
1,8% e 1% do PIB. Ademais, o referido posicionamento doutrinal se contrapõe aos
argumentos contrários à imposição do IGF em relação ao acoimado impacto econômico
ao dizer que “a literatura econômica tem demonstrado que os impostos sobre o
patrimônio líquido de pessoas físicas são os menos deletérios à atividade econômica
se comparados com os impostos sobre salários e sobre a produção” (CARVALHO
JÚNIOR e PASSOS, 2018, 484).

Sobre a bitributação Carvalho Júnior e Passos (2018, p. 484). defende que a base
de cálculo pode ser tida como a riqueza como um todo, e que a Súmula Vinculante
29 do STF diz que é constitucional a base de cálculo que englobe um elemento ou
mais de outro tributo. Além do fato que para Piketty (2014, p. 502) os impostos
sobre o patrimônio têm o problema de não se basearem nos ativos financeiros, mas
apenas nos imobiliários.

Já em relação ao custo administrativo, Carvalho Júnior e Passos (2018, p. 484)


assevera que devido ao grande avanço tecnológico e a grande facilidade de acesso
a bases de dados, eles seriam bem menores. E pode-se deduzir pela lógica que a
cobrança do tributo, nesse cenário tecnológico seria também muito mais efetiva,
e evitaria que indivíduos tentassem ludibriar o fisco tentando esconder sua riqueza
da Receita. E também, já existem trabalhos feitos com dados da Receita Federal
que demonstram que seu potencial arrecadatório seria de 0,25% do PIB, utilizando
76

alíquotas de 0,5 a 1% em patrimônios maiores que 1 milhão (CARVALHO JÚNIOR


e PASSOS 2018, p. 485).

Pode-se então notar que o IGF faz nascer um acalorado debate com opiniões
diferentes, mas que, devido ao seu grande potencial, merece ser discutido. Piketty (2014,
p. 505), por exemplo, diz que “se nenhuma política dessa natureza for implementada,
o risco de progressão sem limites da participação das fortunas mais elevadas na
riqueza mundial parece ser muito grande”.

Eduardo Jardim, de seu turno, contrapõe-se ao IGF por entender que trata-se
de um imposto sobre a renda ou sobre o patrimônio, que são objeto de incidência
por tributação específica e, a mais disso, abriga vaguidades conceptuais, a teor do
significado de grandes fortunas, bem como por ser um gravame de inexpressivo
potencial arrecadatório e que pode afugentar capitais e investimentos, como ocorreu
na França à época do Governo do Presidente Miterrrand (2010, p. 59 e seguintes).

Outra medida que merece ser destacada para a melhoria do Sistema Tributário
Brasileiro seria aumentar a arrecadação sobre o patrimônio. E uma das formas de se
fazer isso é aumentar a representatividade do ITCMD, elevando a alíquota máxima
de 8% para entre 15 ou 20%.

Já em relação ao IPTU, e ao ITR, para aumentar a sua representatividade, Mélo e


Campos (2016, p. 342) defende a necessidade de atualização das plantas dos prédios
urbanos. Nesse sentido Cesare (2018, p. 390) também recomenda a atualização dos
valores dos imóveis para fins de IPTU, com prazo máximo de 4 anos, e que a atual
competência da União, em relação ao ITR, seja transferida para os municípios,
havendo uma cobrança mais produtiva.

Em se tratando do IPVA, seu maior problema, é o fato dele ter um impacto muito
maior nos gastos das famílias de mais baixa renda do que nas famílias mais abastadas,
já que embarcações e aeronaves não são tributadas, embora devessem sê-lo. Só para
ter uma ideia da importância dessa medida, de acordo com Carvalho Júnior (2018,
p. 428), baseado em dados da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), no ano
de 2016 o Brasil possuía cerca de 10.000 aeronaves particulares. Se fosse levado
em conta que cada aeronave teria um valor médio de R$ 5 milhões de reais, ter-se-ia
uma base de cálculo total de R$ 50 bilhões de reais, resultando numa arrecadação
de R$ 1 bilhão de reais, um valor importante no cenário nacional.

Em relação à renda, que poderia representar a maior fonte de arrecadação do


Estado, deveria haver isonomia no tratamento, independente da fonte. Merece ser
citada a lição de Morgan que propugna pela aplicação da tabela do imposto de renda
da pessoa física a todos os rendimentos, através da incorporação dos ganhos de capital
e juros de aplicações financeiras a ela, além disso teria que remover as isenções de
lucros e dividendos (2017, p. 251).

Digna de registro, também, é a reflexão de Oxfam (2017, p. 51), segundo a


qual se fossem retiradas as isenções de lucros e dividendos, e os juros sobre capital
77

próprio a arrecadação poderia aumentar em carca de R$ 60 bilhões por ano, valor


equivalente “a duas vezes o orçamento federal para o Programa Bolsa Família, ou
aproximadamente três vezes o orçamento federal para a educação básica, e quase
60 vezes o que se aloca para educação infantil” (OXFAM, 2017, p.51)

Outra medida importante, de acordo com Introíni et al seria a atualização da tabela


do imposto de renda, com alíquotas marginais mais altas para o topo da pirâmide
social, além de desoneração substancial para pessoas de baixa renda (com o valor
aproximado de R$ 4 mil por mês) e pequenos empresários (2018, p. 278). Afirma,
ademais, que por meio de simulações realizadas verifica-se que as sugestões ora
apresentadas no tocante à reforma da tributação sobre a renda, seria possível arrecadar
duas ou três vezes a mais do que a arrecadação atual.

Já em relação à tributação sobre o consumo, tendo em vista ser muito complexa


e ser a maior fonte de arrecadação, a maioria dos autores defende que deve haver
uma grande reforma na criação de um modelo mais simples, que é a adoção do IVA
– Imposto sobre o Valor Agregado, como utilizado na Europa. De acordo com Souza
(2018, p. 507) poderia ser criado um IVA incidente sobre todas as operações que
envolvam bens e serviços juntamente com um Imposto Seletivo que incidiria apenas
sobre produtos não essenciais. Ambos os tributos (IVA e IS) serviriam de substituição
ao IPI, PIS, Cofins, CIDE, ICMS e ISS (SOUZA, 2018, p. 507)

Souza (2018, p. 513) defende que o IVA ideal é aquele que possui uma ou poucas
alíquotas, na qual, se adotaria uma alíquota geral de em torno de 23% e uma reduzida
em torno de 12%, com uma ampla base de tributação. A propósito, uma pesquisa feita
pela OCDE, mostra que o IVA deve ser o mais amplo possível e com um número
mínimo de isenções, para que assim diminua os custos da fiscalização e haja uma
maior arrecadação (GODOI, 2017, p. 564).

Portanto, todas essas medidas seriam para fazer com que o tributo fosse menos
pesado para as classes menos favorecidas da sociedade, de forma que o indivíduo
contribuísse para o custeio do Estado segundo a sua capacidade. Em veras, todas
essas distorções no Sistema Tributário fazem com que quem pague a conta sejam as
pessoas de baixa renda, e por isso que Oliveira (2018, p. 128) destaca a importância
de haver uma reforma na maneira que o Estado arrecada seus recursos a fim de se
alcançar a justiça fiscal e para o desenvolvimento econômico do país. Ouçamo-lo, pois:

Sem essa reforma mais ampla, o sistema tributário continuará operando, tal
como vem-se verificando desde a sua transformação em mero instrumento
de ajuste fiscal voltado para saciar os ganhos da riqueza financeira, como um
sistema que, além de altamente complexo devido às constantes mudanças
das regras tributárias, da invasão de bases tributárias de uma por outras
esferas governamentais e de mudanças rotineiras de sua legislação, sempre
com o objetivo de aumentar a arrecadação, atua como força contrária ao
crescimento econômico, à equidade e ao equilíbrio federativo. (OLIVEIRA,
2018, p. 128)
78

Desta forma o Sistema Tributário Brasileiro deve ser revisto de maneira a dar mais
efetividade à capacidade contributiva e à seletividade, princípios tão importantes para
a promoção da Justiça Fiscal. Pois agindo desta forma, desoneraria as pessoas com
menor capacidade, tornando mais efetiva e justa a atividade estatal.

Diante de todos os dados demonstrados, verifica-se a existência de enormes


distorções no atual sistema de arrecadação do Estado, na dimensão em que onera
intensamente as classes menos favorecidas da sociedade. Tal fato decorre de
descompassos e privilégios concedidos aos mais ricos, além da ineficiência de
arrecadação em alguns setores, e da alta complexidade do Sistema Tributário, pelo
que, força é dessumir que a arrecadação de tributos não dá a devida importância à
concretização de princípios constitucionais, e consequentemente, à justiça fiscal.

Ao final, não é demasia reafirmar que a tributação gravosa do consumo representa


uma das maiores vicissitudes da tributação entre nós, pois a maior fonte de arrecadação
do Estado vem da tributação indireta, e isso se dá por causa da baixa representatividade
da tributação sobre a renda e o patrimônio no país, o que o faz recorrer a essa forma
de tributação para recompor a sua receita.

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